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DIREITO PROCESSUAL CIVIL I Aula n. 4 Prof. Doutoranda Me. Mariângela Guerreiro Milhoranza 1 I – NOÇÕES GERAIS: DIREITO MATERIAL E DIREITO PROCESSUAL • A Lei 9307/96, regula o procedimento arbitral, de modo bastante completo, por exemplo: • o modo pelo qual se pode atribuir a suspeição do árbitro e também a nulidade da cláusula arbitral • a não obrigatoriedade da intervenção de advogados • permite que todo maior e capaz seja árbitro • faculta ao árbitro pedir ao juízo estatal, providências para a condução de testemunha e deferimento de liminares • disciplina os efeitos da recusa dos depoimentos das partes e firma os a declaração e efeitos da revelia 2 I – NOÇÕES GERAIS: DIREITO MATERIAL E DIREITO PROCESSUAL • prevê, acertadamente, a hipótese de controvérsia sobre direitos indisponíveis de que penda o julgamento da questão posta à arbitragem • estabelece os embargos de declaração para a decisão arbitral • prevê que a postulação de nulidade do laudo arbitral seja procedida em ação própria ou em embargos à execução • limita a atividade do juiz na decretação de nulidade do laudo, sempre que a irregularidade possa ser sanada com novo julgamento arbitral 3 I – NOÇÕES GERAIS: DIREITO MATERIAL E DIREITO PROCESSUAL • fixa o prazo máximo de seis (06) meses para a prolação da decisão arbitral, salvo contratado diferentemente pelas partes (o processo arbitral pode ser objeto de contratação) • não há honorários de sucumbência; contudo – salvo disposição em contrário – o vencido pode ser condenado a pagar as despesas da arbitragem, e ainda ser condenado por litigância de má-fé se for o caso 4 I – NOÇÕES GERAIS: DIREITO MATERIAL E DIREITO PROCESSUAL • O objeto do litígio submetido à arbitragem - • O objeto do litígio somente poderá versar sobre direitos patrimoniais disponíveis (arts. 1o; 25 e 39 da LA). • Do procedimento arbitral • O procedimento arbitral – ou justiça dos árbitros – implica, segundo a LA uma metodologia processual mínima, esta, inclusive, já poderá ter sido desenhada pelas partes na convenção. 5 I – NOÇÕES GERAIS: DIREITO MATERIAL E DIREITO PROCESSUAL • A instituição da arbitragem exige a indicação e aceitação do árbitro • O par. 4o do art. 21 da LA, a semelhança do processo judicial, deverá tentar, previamente, a conciliação das par-tes indutora de um acordo • Caso no curso da arbitragem emergir dúvida sobre a nature-za dos bens, suspende-se o procedimento, remetendo-se as partes à jurisdição para dirimir a questão, caso reconhecida a disponibilidade, renova-se o procedimento (art. 25, LA) 6 I – NOÇÕES GERAIS: DIREITO MATERIAL E DIREITO PROCESSUAL • O procedimento não impede a solução amigável das partes. Ademais, poderão requerer a sentença arbitral declaratória do acordo (art. 28, LA) • É direito das partes, por si mesmas, ou por representantes ou advogados, acompanhar todo o procedimento arbitral (par. 3o, art. 21, LA) 7 I – NOÇÕES GERAIS: DIREITO MATERIAL E DIREITO PROCESSUAL • O rito da arbitragem inclui o depoimento das partes, a oiti-va de testemunhas e a eventual realização de perícias ou outras provas julgadas necessárias, atos que poderão ser realizados de ofício ou a requerimento das partes (art. 22 e parágrafos da LA) • O não atendimento, sem motivo justo, das partes será levado em consideração pelo árbitro quando da sua decisão (par. 3o, art. 22, LA). Sendo resistentes as testemunhas, poderão ser conduzidas, desde que assim determine a autoridade judiciária, prévio o requerimento do árbitro (par. 2o, art. 22, LA) 8 I – NOÇÕES GERAIS: DIREITO MATERIAL E DIREITO PROCESSUAL • O não atendimento, sem motivo justo, das partes será levado em consideração pelo árbitro quando da sua decisão (par. 3o, art. 22, LA). Sendo resistentes as testemunhas, poderão ser conduzidas, desde que assim determine a autoridade judiciária, prévio o requerimento do árbitro (par. 2o, art. 22, LA) 9 I – NOÇÕES GERAIS: DIREITO MATERIAL E DIREITO PROCESSUAL • Os árbitros não têm poderes coercitivos, casos esses sejam necessários, poderão requerer ao Poder Judiciário originariamente competente para julgar a causa (par. 4o, art. 22, LA) 10 I – NOÇÕES GERAIS: DIREITO MATERIAL E DIREITO PROCESSUAL • 1.4. Conceito de Lide e Processo - A prestação jurisdicional passa inexoravelmente pela formação de uma relação jurídico-processual, que pode ser conceituada como um conjunto concatenado de atos formais que levam a dialética e uma consequente conclusão, quando se aplicará a norma objetiva ao caso concreto. 11 I – NOÇÕES GERAIS: DIREITO MATERIAL E DIREITO PROCESSUAL • O exercício dessa atividade jurisdicional se dá através do processo, verdadeiro instrumento da jurisdição, que por seu turno é materializado através do exercício da ação, via petição. • Quando há conflito de interesses entre as partes, este é denominado de lide. 12 I – NOÇÕES GERAIS: DIREITO MATERIAL E DIREITO PROCESSUAL • Ainda que muitos sejam os conceitos dados à lide, Carnellutti deu-lhe conceituação quase dogmática como “o conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida.” • Interesse é a relação entre o homem e os bens. Sujeito do interesse é o homem; o bem, o seu objeto. O trágico está em que os interesses humanos são ilimitados, mas limitados os bens. 13 I – NOÇÕES GERAIS: DIREITO MATERIAL E DIREITO PROCESSUAL • Conflito de interesses - Se duas ou mais pessoas têm interesse pelo mesmo bem, que a uma só possa satisfazer, tem-se um conflito intersubjetivo de interesses ou, simplesmente, um conflito de interesses. • Pretensão - É o ato de se exigir a subordinação do interesse de outrem ao próprio. 14 I – NOÇÕES GERAIS: DIREITO MATERIAL E DIREITO PROCESSUAL • Conceito de Processo – A palavra Processo deriva do latim procedere, verbo que indica a ação de avançar, ir para frente (pro+cedere) e é um conjunto sequencial e particular de atos com um objetivo comum: a prolação da decisão judicial. 15 I – NOÇÕES GERAIS: DIREITO MATERIAL E DIREITO PROCESSUAL • 1.5. Codificação do Processo Civil - No Brasil, mesmo com a declaração da Independência, ainda continuaram a vigorar as leis portuguesas atinentes ao processo. Valiam, então, naquilo em que não fosse contrariada a soberania nacional, as normas processuais civis contidas nas Ordenações Filipinas (Livro III) 1 2, cujo processo ali disciplinado contava com as principais características de ser escrito, detentor de fase rígidas e marcado pelos princípios da iniciativa da parte e do dispositivo. 16 I – NOÇÕES GERAIS: DIREITO MATERIAL E DIREITO PROCESSUAL • Em 25 de novembro de 1850, voltado especialmente para o Direito Comercial, entrou em vigor o Regulamento 737. Tivemos, pois, o primeiro código de processo elaborado no Brasil. • Nesse intervalo de tempo, o processo civil voltava a ter sua disciplina ditada pela legislação portuguesa, pelas Ordenações e suas diversas alterações. Tantas eram essas leis sobre o processo civil, que a Coroa encarregou o Conselheiro Antonio Joaquim Ribas de proceder à “Consolidação das Leis do Processo Civil” 17 I – NOÇÕES GERAIS: DIREITO MATERIAL E DIREITO PROCESSUAL • Mas, a Consolidação de Ribas não foi apenas um trabalho (fruto) de mera compilação. Seu autor foi além, reescrevendo muitas das disposições vigentes. Segundo as palavras do Conselheiro Antonio Ribas, sua Consolidação das leis do processo civil era “uma síntese das teses legislativas, deduzidas do nosso direito, bem como do subsidiário, do romano e do consuetudinário científico.” 18 I – NOÇÕES GERAIS: DIREITO MATERIAL E DIREITO PROCESSUAL • Com a Constituição de 1891, veio a competência da União e dosEstados para legislar sobre direito processual e, então, passamos a ter uma legislação federal de processo e, ao mesmo tempo, códigos de processo em cada um dos estados da federação - na maioria, espelhados no modelo federal -, destacando-se, dentre esses, os códigos de São Paulo e da Bahia. 19 I – NOÇÕES GERAIS: DIREITO MATERIAL E DIREITO PROCESSUAL • Com a Constituição de 1934, a União retoma sua competência plena para legislar sobre processo, decorrendo, daí, a necessidade de um novo Código de Processo Civil, capaz de atender às necessidades e aos reclamos de uma grande nação. 20 I – NOÇÕES GERAIS: DIREITO MATERIAL E DIREITO PROCESSUAL • O CPC/39 (Decreto-lei n. 1.608, de 18.9.1939) • O CPC/73 (Lei n. 5869/73) 21 2- JURISDIÇÃO • A experiência inglesa, recolhida e sistematizada por Montesquieu, e as revoluções americana (1776) e francesa (1789) romperam o núcleo do poder político implantando o princípio da separação dos Poderes. Em vez de um centro único, rei, os três Poderes: o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Ao Poder Legislativo Atribuiu-se a função de elaboração das leis, normas gerais e abstratas. Ao Poder Executivo, a administração do Estado. Ao Poder Judiciário, a jurisdição. 22 2 - JURISDIÇÃO • Nessa linha de pensamento dispõe o art. 2º da Constituição de 1988: "São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. • Em outro passo, diz a Constituição que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”, donde se pode extrair a afirmação a jurisdição, 23 2 - JURISDIÇÃO • função precípua do Poder Judiciário, consiste na apreciação (julgamento) de alegações de lesão a direito, mas não só, porque lhe compete também impedir a consumação de ameaças a direito. Em outras palavras, a tutela dos direitos subjetivos violados ou ameaçados compete ao Poder Judiciário. Art. 5º, XXXV. 24 2 - JURISDIÇÃO • A idéia de jurisdição vai, portanto, além do seu étimo: dizer o direito. Como função atribuída a um dos Poderes do Estado, não se limita à declaração de direitos, mas envolve a execução de suas próprias decisões. Por se tratar de um poder do Estado, apresenta-se como inseparável do “imperium”. 25 2 - JURISDIÇÃO • A jurisdição é atividade estatal, diz Araken de Assis: “Ao proibir os cidadãos de resolverem por si suas contendas, o Estado avocou o poder de resolver os conflitos de interesses, inerentes à vida social, e, correlatamente, adquiriu o dever de prestar certo serviço público, que é a jurisdição. Aos interessados nessa atividade, o Estado reconhece o direito de provocá-la, preventiva ou repressivamente (art. 5º, XXXV, da CF/88).” 26 2 - JURISDIÇÃO • Natureza Jurídica da Jurisdição • 1 - Atividade de substituição - Jurisdição, disse Chiovenda, é a “função do Estado que tem por escopo a atuação da vontade concreta da lei por meio da substituição, pela atividade de órgãos públicos, da atividade de particulares ou de outros órgãos públicos, já no afirmar a existência da vontade da lei, já no torná-la, praticamente, efetiva”. 27 2 - JURISDIÇÃO • 2 – Coisa Julgada - Segundo Allorio, jurisdicional é apenas a sentença que produza certeza jurídica, ou seja, a sentença que faça coisa julgada. Seu ponto de partida é uma lição de Kelsen, no sentido de que as funções do Estado não se distinguem por seus fins (o juízo quanto à finalidade é sociológico), mas apenas pelas formas e conseqüentes efeitos. 28 2 - JURISDIÇÃO • O direito é ciência dos efeitos jurídicos e não haveria interesse em estudar a função jurisdicional como atividade distinta se não fossem diversos os seus efeitos. Ora, a sentença produz um efeito jurídico que lhe é peculiar e que não se encontra em qualquer outro ato: é o efeito declarativo, a coisa julgada material. 29 2 - JURISDIÇÃO • 3 – Lide – Por esta teoria, formulada por Carnelutti, há jurisdição quando há lide. • 4 – Imparcialidade - Conforme Ovídio Araújo Baptista da Silva são características da jurisdição a estatalidade e a imparcialidade. Define-se, assim, a jurisdição como regulação de uma relação interpessoal por um terceiro imparcial. 30 2 - JURISDIÇÃO • Princípios da Jurisdição - Na lição de Humberto Theodoro Junior (Curso de Direito Processual Civil, Vol. I, 45ª edição, editora Forense, 2006, p. 43), os princípios da jurisdição são os seguintes: 31 2 - JURISDIÇÃO • a) o princípio do juiz natural: só pode exercer a jurisdição aquele órgão a que a Constituição atribui o poder jurisdicional. Toda origem, expressa ou implícita, do poder jurisdicional só pode emanar da Constituição, de modo que não é dado ao legislador ordinário criar juízes ou tribunais de exceção, pra julgamento de certas causas, nem tampouco dar aos organismos judiciários estruturação diversa daquela prevista na Lei Magna; 32 2 - JURISDIÇÃO • b) a jurisdição é improrrogável: os limites do poder jurisdicional, para cada justiça especial, e, por exclusão, da justiça comum, são os traçados pela Constituição. Não é permitido ao legislador ordinário alterá-los, nem para reduzi-los nem para ampliá-los.; 33 2 - JURISDIÇÃO • c) a jurisdição é indeclinável: o órgão constitucionalmente investido no poder de jurisdição tem a obrigação de prestar a tutela jurisdicional e não a simples faculdade. Não pode recusar-se a ela, quando legitimamente provocado, nem pode delegar a outros órgãos o seu exercício. 34
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