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DIREITO das COISAS AULA N. 1. PROF. MARIÂNGELA MILHORANZA 1 INFORMAÇÕES GERAIS • Mariângela Guerreiro Milhoranza – Doutoranda em Direito pela PUCRS, Mestre em Direito pela PUCRS, Especialista em Processo Civil pela PUCRS, Advogada e Empresária. • Site Pessoal: www.tex.pro.br – Site Páginas de Direito 2 INFORMAÇÕES GERAIS • Data das Provas: • Verificação Parcial: 9/10/2012 • Verificação Final: 27/11/2012 3 Direito das Coisas • O Direito das Coisas é um conjunto de normas que regem as relações jurídicas concernentes aos bens materiais suscetíveis de apropriação pelo homem. • Coisa é o gênero do qual o bem é uma espécie. Coisa é tudo aquilo que pode ser objeto de relações jurídicas. Nesse sentido, o Direito das Coisas compreende o estudo dos bens materiais corpóreos (móveis ou imóveis). 4 Direito das Coisas • Conforme Clóvis Beviláqua, “o Direito das Coisas é o complexo de normas reguladoras das relações jurídicas referentes às coisas suscetíveis de apropriação pelo homem. Tais coisas são, ordinariamente, do mundo físico, porque sobre elas é que é possível exercer o poder de domínio.” • BEVILÁQUA, Clóvis. Direito das Coisas. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense, p. 11, v. I. 5 Direito das Coisas • O Código Civil de 1916 regulava no direito das coisas os direitos autorais. Já o Código Civil de 2002 não disciplinou esta matéria. Os direitos autorais são tratados por lei específica: Lei n. 9610/98. 6 Direito das Coisas • O Direito das Coisas está legalmente previsto Parte Especial, Livro III, do Código Civil de 2002. • Do Direito das Coisas - art. 1196 ao art. 1510 • Conteúdo do Direito das Coisas: a posse, a propriedade e os direitos reais. 7 I – POSSE • 1.1. – Conceito • Ainda hoje a origem da posse é discutida entre os juristas. • Nesse sentido, duas teorias despontam: a Teoria de Niebuhr e a Teoria de Ihering. 8 I – POSSE • A) Teoria de Niebuhr – a posse surgiu com a distribuição de terras conquistadas pelos romanos. • B) Teoria de Ihering – a posse é consequência de um processo reivindicatório. 9 I – POSSE • Relativamente ao conceito de posse, podemos sintetizar a matéria da seguinte forma: • Posse é o exercício, com autonomia total ou parcial, de alguns dos poderes inerentes à propriedade (usar, fruir, gozar e dispor). • 1.2. – Natureza Jurídica • Posse é fato ou é direito? 10 POSSE • Posse é um fato – Windscheid, Trabucchi, Van Wetter • Posse é um fato e um direito – Savigny, Lafayette, Pothier • Posse é um direito - Ihering 11 I - POSSE • 1.3. – Elementos Constitutivos (dependem da Teoria explicativa adotada – ver 1.5.) • 1.4. - Objeto • A) Coisas Corpóreas • B) Coisas Acessórias se puderem ser destacadas da principal sem alteração de sua substância 12 I - POSSE • C) Coisas Coletivas • D) Direitos Reais de Fruição: Uso, Usufruto, Habitação e Servidão • E) Direitos Reais de Garantia: penhor, anticrese, excluída a hipoteca. • F) Direitos Pessoais Patrimoniais ou de Crédito 13 I - POSSE • 1.5. – Teorias Explicativas • Muitas teorias surgiram procurando explicar qual o significado de posse. • Duas são as principais teorias: TEORIA SUBJETIVA de SAVIGNY e a TEORIA OBJETIVA de IHERING. 14 I - POSSE • TEORIA SUBJETIVA de SAVIGNY • Para Savigny, posse é o poder imediato que tem a pessoa de dispor fisicamente de um bem com a intenção de tê-lo para si e defendê-lo contra a agressão de quem quer que seja. 15 I - POSSE • Nesta teoria existem dois elementos: • a) o elemento material – corpus – que é representado pelo poder físico sobre a coisa • b) o elemento intelectual – animus domini – que é o propósito de ter a coisa como sua. 16 I - POSSE • TEORIA OBJETIVA de IHERING • Segundo Ihering, posse é a exteriorização do domínio, ou seja, a relação exterior intencional, existente, normalmente, entre o proprietário e sua coisa. Por esta teoria, para que exista posse basta que exista o corpus; o animus domini está ínsito no poder de fato exercido sobre a coisa. 17 I - POSSE • Para Ihering, a posse é a relação de fato entre pessoa e coisa para fim de sua utilização econômica, seja para si, seja cedendo-a para outrem. • O nosso Código Civil adotou a TEORIA DE IHERING no (art. 1196). 18 I - POSSE • O art. 1196 não define a posse, mas dá o conceito de possuidor, fornecendo os elementos para extrair-se o conceito legal de posse: • Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade. 19 I - POSSE • 1.6. – Classificação, aquisição, transmissão e perda da posse • A) Classificação – O Capítulo I do Livro III da Parte Especial do Código Civil divide a posse em: • justa ou injusta; • de boa fé ou de má-fé. 20 I - POSSE • A posse injusta é a violenta, clandestina ou precária, a posse justa é o contrário (art. 1.200). A posse violenta nasce da força (ex: invasão de uma fazenda, de um terreno urbano, o roubo de um bem). A posse clandestina é adquirida na ocultação (ex: o furto), às escondidas, e o dono nem percebe o desapossamento para tentar reagir como permite o § 1o do art. 1.210. 21 I - POSSE • A posse precária é a posse injusta mais odiosa porque ela nasce do abuso de confiança (ex: o comodatário que findo o empréstimo não devolve o bem; o inquilino que não devolve a casa ao término da locação). Todas essas três espécies de posse injusta na verdade não são posse, mas detenção (art. 1208). 22 I - POSSE • Posse de boa-fé e posse de má-fé. • A posse é de boa-fé quando o possuidor tem a convicção de que sua posse não prejudica ninguém (1201). 23 I - POSSE • A posse é de má-fé quando o possuidor sabe que tem vício. A posse de boa-fé, embora íntima, admite um elemento externo para facilitar a sua comprovação. Este elemento externo é chamado de “justo título”, ou seja um documento adequado para trazer verossimilhança à boa-fé do possuidor. 24 I - POSSE • (ver parágrafo único do art. 1201; ex: comprar bem de um menor que tinha identidade falsa; outro ex: A aluga uma casa a B e proíbe sublocação; C não sabe de nada, e B subloca a C; C está de boa-fé pois tem um contrato com B, porém sua boa-fé cessa quando A comunicar a C que B não podia sublocar – art. 1202). 25 I - POSSE • Em geral a posse injusta é de má-fé e a posse justa é de boa-fé, porém admite-se posse injusta de boa-fé 26 I - POSSE • (ex: comprar coisa do ladrão, 1203; é injusta porque nasceu da violência, mas o comprador não sabia que era roubada), e posse justa de má-fé (ex: o tutor comprar bem do órfão, o Juiz comprar o bem que ele mandou penhorar, mesmo pagando o preço correto, é vedado pelo art. 497; a posse é justa porque foi pago o preço correto, mas é de má-fé porque tem vício, porque viola a ética, a moral, e a própria lei, afinal o tutor, o Juiz não basta ser honesto, também tem que parecer honesto). 27
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