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DIREITO PROCESSUAL CIVIL I Aula n. 5 Prof. Doutoranda Me. Mariângela Guerreiro Milhoranza 1 2 - JURISDIÇÃO • Espécies de Jurisdição: • JURISDIÇÃO PENAL E JURISDIÇÃO CIVIL • Em sentido amplo, jurisdição civil abrange todas as causas, excetuadas as de natureza penal, que dizem com a aplicação do Direito Penal através do Processo Penal. 2 2 - JURISDIÇÃO • A jurisdição civil, diz MITIDIERO, “abarca toda aquela que não é penal e não é preciso que se diga isso textualmente, pela continuidade de solução legislativa”. Contudo, o Código de Processo Civil não rege as causas de natureza trabalhista e eleitoral, submetidas à legislação própria. Mas aplica-se não só às causas civis, em sentido estrito, mas também às causas envolvendo matéria comercial, administrativa e tributária. 3 2 - JURISDIÇÃO • Em alguns casos, o Código aplica-se apenas subsidiariamente, como ocorre, por exemplo, no mandado de segurança e nas causas submetidas aos Juizados Especiais, seja da Justiça comum, seja da Justiça federal. A jurisdição penal e a civil não são totalmente estanques, e, assim, o processo penal pode suspender-se, em razão de uma questão prejudicial de natureza civil, conforme dispõem os artigos 92 a 94 do Código de Processo Penal. 4 2 - JURISDIÇÃO • Cabe referir, ainda, a eficácia civil que a sentença condenatória penal pode produzir. Nos termos do artigo 91, I, do Código Penal, constitui efeito secundário da sentença penal condenatória. No cível, procede-se, então, apenas à determinação do quantum debeatur. 5 2 - JURISDIÇÃO • Consoante preceitua o art. 91, I, do Código Penal, o efeito secundário da sentença penal condenatória é tornar certa a obrigação de indenizar o dano resultante do ato lesivo, o dano resultante do crime. Em outras palavras, a uma determinada condenação criminal haverá correlata sentença civil que declare a existência de dano a ser ressarcido, sem, entretanto, determinar o quantum debeatur. 6 2 - JURISDIÇÃO • Art. 91. São efeitos da condenação: I – tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime; II – a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé: • a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito; • b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso. 7 2 - JURISDIÇÃO • Em alguns casos, a sentença criminal absolutória prejudica a pretensão civil. Isso ocorre quando a sentença criminal absolutória declara que o ilícito imputado ao réu não foi praticado (art. 66 do Código de Processo Penal) ou que o réu não foi o autor do delito, ou, ainda, quando afirma uma hipótese de exclusão da ilicitude: o réu em estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal ou exercício regular do direito (art. 65 do Código de Processo Penal). 8 2 - JURISDIÇÃO • Art. 66. Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser proposta quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato. 9 2 - JURISDIÇÃO • JURISDIÇÃO CONTENCIOSA E JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA • Em apertada síntese, pode-se dizer que a jurisdição contenciosa é a que o juiz exerce como terceiro imparcial, em um conflito de interesses entre partes, pessoas físicas ou jurídicas. Na jurisdição voluntária, não há lide, dizendo-se, por isso, que nela também não há partes, mas interessados. 10 2 - JURISDIÇÃO • A ausência de lide e, portanto, de conflito de interesses não exclui a existência de possível controvérsia entre os interessados, relativamente ao interesse único que determina a necessidade de intervenção do Poder Judiciário. 11 2 - JURISDIÇÃO • Art. 1º CPC – A jurisdição civil, contenciosa e voluntária, é exercida pelos JUÍZES, em todo o TERRITÓRIO NACIONAL, conforme as disposições que este Código estabelece. • JUÍZES - A jurisdição, seja ela civil ou penal, contenciosa ou voluntária, é exercida pelos juízes devidamente investidos no cargo. Aplicam-se, aqui, o Princípio da Investidura e as disposições estabelecidas pelo Código de Processo Civil. A Constituição proíbe a existência de juízos e tribunais de exceção (art. 5, XXXVII), consagrando, assim, o chamado “princípio do juiz natural”. 12 2 - JURISDIÇÃO • TERRITÓRIO NACIONAL - Território é a universalidade das terras dentro dos limites de cada Estado. Em termos geográficos, além do território continental representado nos mapas, o conceito de território inclui o espaço aéreo (até uma altitude limite de 600km); o mar territorial (200 milhas contadas a partir da baixa-mar); os navios e aviões em alto-mar; os navios e aviões de guerra em qualquer parte do globo terrestre; as embaixadas e as Colônias. 13 2 - JURISDIÇÃO • O Código de Processo Civil aplica-se em todo o território nacional. Juiz brasileiro aplica Direito material estrangeiro, nos casos de que trata o Direito Internacional Privado. Mas a legislação processual é sempre local. 14 2 - JURISDIÇÃO • Art. 2º. Nenhum juiz prestará a TUTELA JURISDICIONAL senão quando A PARTE OU O INTERESSADO A REQUERER, nos CASOS E FORMA LEGAIS. • TUTELA JURISDICIONAL - “Tutela jurisdicional”, no artigo 2º, é a resposta do Estado-juiz ao pedido do autor, quer o acolha, quer o rejeite. 15 2 - JURISDIÇÃO • REQUERIMENTO DA PARTE OU DO INTERESSADO - A jurisdição é, de regra, uma atividade provocada. Chama-se “ação” o direito de provocar o exercício da jurisdição. Não há jurisdição sem ação. Dois brocardos expressam essa ideia: 16 2 - JURISDIÇÃO • * Nemo judex sine actore – “ninguém é juiz sem autor”. • * Ne procedat judex ex officio – “não proceda o juiz de ofício”. 17 2 - JURISDIÇÃO • Essa ideia está fundamentada no Princípio do Dispositivo, o qual regula as ações de ofício do juiz, tanto no momento de dar início à ação quanto nas fases do decorrer do processo (instrutória e decisória). É garantia de segurança da imparcialidade do juiz e preza pelo equilíbrio e pela paridade de armas das partes. 18 2 - JURISDIÇÃO • Contudo, o artigo 989 do Código de Processo Civil autoriza o juiz a iniciar, de ofício, processo de inventário, no caso de omissão das pessoas legitimadas a requerê-lo. 19 2 - JURISDIÇÃO • CASOS E FORMAS LEGAIS • A referência a “casos e formas legais” consagra o Princípio da Legalidade das Formas, segundo lição de CELSO AGRÍCOLA BARBI 20 2 - JURISDIÇÃO • Trata-se, segundo MITIDIERO, de “princípio que deve ser dosado em sua vigilância sistêmica sempre em conta com o princípio da instrumentalidade das formas, que funciona como verdadeiro equalizador dos valores em jogo nas mais diversas situações processuais concretas”. 21 3 - AÇÃO • 3.1 Conceito de Ação • 3.1.1. Conceito civilista de ação – Segundo Chiovenda, até o início do século vinte, em que pesem as aparentes divergências, adotou- se conceito unitário ou “impuro” de ação. A afirmativa não se aplica à doutrina alemã, mas à italiana e à francesa. 22 3 - AÇÃO • De fato, identifica-se o poder de agir em juízo como uma qualidade do direito material alegado pelo autor. A ação representaria “o direito em estado de guerra, em vez do estado de paz”. • Em suma: A ação representa o próprio direito material; não há ação sem direito; não há direito sem ação que o assegure. A ação se subordina à natureza dodireito. 23 3 - AÇÃO • 3.1.2. Conceito concreto de ação - Seria a ação um direito autônomo. Embora diverso do direito material lesado, só existe quando também exista o próprio direito material a tutelar. A ação é dirigida contra o Estado e contra o adversário, defendido por Wach, Bullow, Hellwig e Chiovenda. 24 3 - AÇÃO • 3.1.3. Conceito abstrato de ação - Opõe-se à da ação como um direito concreto. Nítida separação da ação e do direito material, fazendo-se com que a existência daquela independesse do reconhecimento deste. 25 3 - AÇÃO • A ação é o direito à composição do litígio pelo Estado, que por isso, não depende da efetiva existência do direito material da parte que provoca o atuação do Poder Judiciário. Mesmo quando a sentença nega a procedência do pedido do autor, não deixa de ter havido ação e composição da lide. 26
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