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Bens Principais e Acessórios no Direito

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Bens principais e bens acessórios
Art. 92. Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; acessório, aquele cuja existência supõe a do principal.
Principal é o bem que tem existência própria, autônoma, existe por si. Ex. o solo é bem principal porque existe sobre si.
Acessório é o bem cuja existência depende do principal.Ex, a árvore é acessório, porque sua existência supõe a do solo, onde foi plantada.
A acessoriedade pode existir entre coisas e entre direitos pessoais ou reais; Ex. os contratos de compra e venda são principais. A fiança e a cláusula penal neles estipuladas são acessórios. A hipoteca e outros direitos reais são acessórios em relação ao bem ou contrato principal. 
Observação:
O direito pessoal é o direito do credor contra o devedor, tendo por objeto uma determinada prestação. Os direito pessoais nascem dos contratos entre as pessoas seguindo o princípio do numerus apertus (número aberto). São transitórios, porque extinguem com o cumprimento da obrigação. A obrigação só existe para o sujeito passivo a ela vinculado, pessoa certa e determinada, sobre a qual recai não simplesmente o dever de respeitar o direito de crédito, ma sim a obrigação a uma prestação. 
O direito real é o poder – direto e imediato - do titular sobre a coisa. Têm origem na Lei e seguem o principio do numerus clausus (número limitado) São perpétuos extinguindo apenas por causas expressas na lei (desapropriação, usucapião, perecimento da coisa, renuncia, etc) Caracterizam-se pela existência de uma obrigação passiva universal, imposta a todos os membros da sociedade indistintamente, no sentido de que devem respeitar seu exercício por parte de seu titular ativo. 
Princípio da Gravitação Jurídica
O Acessório segue a existência do Principal, ou seja, um bem atrai um outro para sua órbita, comunicando-lhe seu próprio regime jurídico. O art. 92, CC, traz essa regra implicitamente (no CC/16 ela era expressa). 
Conseqüências do Princípio da Gravitação Jurídica 
1) a natureza do bem acessório é idêntica à do bem principal. Se o solo é imóvel, a árvore a ele anexada também o é. 
2) o acessório seguirá o mesmo destino do principal, ou seja, se o bem principal se perder, o acessório também se perderá. 
3) o proprietário do principal também será o proprietário do acessório.
Obs.: esse Princípio não tem força absoluta, podendo ser relativizado pela autonomia privada (regra geral que pode ser derrogada pela vontade das partes). Ex.: contrato que institui o direito de superfície (vide art. 1.369, CC). 
Classificação dos Bens Acessórios
1) os frutos 
Quanto a natureza
a) naturais, 
b) civis 
c) industriais
Quanto ao estado
Pendentes, 
percebidos 
percipiendo, 
estantes 
consumidos. 
2) os produtos 
3) os rendimentos 
4) as acessões
 Natural (aluvião e avulsão)
b) artificial 
5) as benfeitorias 
a) voluptuárias 
b) úteis
c) necessárias
6) as pertenças
DOS FRUTOS 
São as utilidades produzidas com periodicidade pela coisa principal, cuja percepção mantém intacta a substância do bem. Ex.frutos das árvores, aluguéis, produção de uma fábrica
características: 
periodicidade 
inalterabilidade da substância
separabilidade da coisa principal. 
Classificação dos frutos: 
Quanto à orígem 
Naturais: São os que se desenvolvem e se renovam periodicamente, em virtude da força orgânica ou da própria natureza.(frutos das árvores, os vegetais , as crias de animais.
Industriais: surgem em razão da atuação ou indústria do homem sobre a natureza. ( a produção de uma fábrica) .
Civis: São os rendimentos produzidos pela coisa em virtude de sua utilização por outrem que não o proprietário. (juros, aluguéis)
Quanto ao estado:
Pendentes: enquanto unidos à coisa que os produziu
Percebidos ou colhidos: depois de separados
Estantes: separados e armazenados ou acondicionados para a venda
Consumidos: os que não existem mais porque foram utilizados 
DOS PRODUTOS 
Produtos são as utilidades que se retiram da coisa, diminuindo-lhe a quantidade, porque não se reproduzem periodicamente, como as pedras e os metais, que se extraem das pedreiras e das minas, o petróleo de um poço. 
Como os frutos, os produtos são bens acessórios, cuja existência supõe a do principal, numa relação de dependência. 
Distinção entre fruto e produto 
Distinguem-se o produto e o fruto, haja vista que o primeiro afeta, temporária ou definitivamente, o bem principal, causando-lhe perdas; o segundo, não. 
A distinção entre fruto e produto repercute no enquadramento do exercício de direitos de gozo, com o alcance com que cada um se apresenta na ordem jurídica. 
Ex. A diferença é importante em matéria de usufruto que só dá direito à percepção dos frutos (art.1.394).
Atenção: Segundo Clóvis Bevilaqua, os produtos quando são utilidades provenientes de uma riqueza posta em atividade econômica, seguem a natureza dos frutos, assim o possuidor de boa fé terá direito aos produtos que, neste caso é tratado como fruto.
Ex. Art. 1.232. Os frutos e mais produtos da coisa pertencem, ainda quando separados, ao seu proprietário, salvo se, por preceito jurídico especial, couberem a outrem.
Atenção: As jazidas pertencem À União art. 176 § 2º. 
Art. 95, CC. - A efetividade do negócio não se subordina ao fato de que o fruto ou produto venha a ser separado do bem principal, mas é preciso que o implemento do contrato ocorra mediante a transformação do bem pendente em bem percebido. 
Ex. Posso contratar a alienação de um fruto ou produto ainda pendente
Atenção: O bem pendente (frutos e produtos), pode ser objeto de negócio jurídico, que se exaure com o bem percebido, pela transformação do bem pendente 
DAS PERTENÇAS Art. 93 e 94, CC- 
Pertenças significam os bens que se empregam num imóvel ou móvel (bem principal), sem o objetivo de lhe alterar a substância nem o de se lhe incorporar. São coisas que não formam partes integrantes e também não são fundamentais para a utilização do bem.
Caracterizam-se as pertenças como bens que não constituem parte integrante do bem principal, mas se lhe destinam, de modo duradouro: 
a) ao uso; 
b) ao serviço; 
c) ao aformoseamento. 
Atenção: Emprega-se a pertença num bem, com interesse utilitário, capaz de gerar um resultado, com múltipla natureza, que se diversifica conforme o caso. Ex. um lustre de cristal, um ar-condicionado numa sala de aula .
As pertenças concorrem para oferecer ao bem principal o papel agregador de uma serventia, meramente utilitária ou estética. 
Relevância: o negócio jurídico, ao envolver o bem principal, não abrange as pertenças, salvo se o contrário resultar : (art 94,CC) 
da lei; 
da manifestação de vontade; ou 
das circunstâncias do caso. 
Portanto, no geral, não seguem as pertenças a sorte do principal (princípio da gravitação jurídica), no caso de alienação do bem em que fora empregado, salvo se houver ressalva expressa. 
DAS BENFEITORIAS Art. 96 e 97, CC. 
Considera-se benfeitoria tudo o que se emprega num bem imóvel ou móvel, com a finalidade de salvaguardá-lo ou de embelezá-lo. 
Classificação das benfeitorias: 
Portanto, com base na causa finalística, caracterizam-se ou definem-se as benfeitorias: 
necessárias: têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore.
úteis: aumentam ou facilitam o uso do bem.
voluptuárias: as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou seja de elevado valor.
ATENÇÃO! Essa classificação não tem caráter absoluto, pois uma mesma benfeitoria pode enquadrar-se em uma ou em outra espécie, dependendo das circunstâncias. Uma piscina por exemplo, pode ser considerada uma benfeitoria voluptuária em uma casa ou condomínio, mas útil ou necessária numa escola de natação. 
Benfeitorias necessárias 
Quando se destina à conservação da coisa para impedir que pereça ou se deteriore 
Ex.: despesas para consertar a estrutura, para cura de enfermidade de animais etc. despesas com o cancelamento de uma hipoteca, pagamento deforos ou impostos, liberação de qualquer outro ônus real etc.
Quando visa permitir sua normal exploração 
Ex.: despesas com adubação, esgotamento de pântanos, culturas de toda espécie, máquinas e instalações etc. 
Benfeitorias úteis 
São as que não se enquadram na categoria de necessárias, mas aumentam o objetivamente o valor do bem. Aumentam ou facilitam o uso do bem. Ex.: o acréscimo de um banheiro ou de uma garagem à casa. 
Benfeitorias voluptuárias: 
Só consistem em objeto de luxo e recreio. Ex.: jardins mirantes, fontes, cascatas artificiais, piscinas para mero deleite, bem como aquelas que não aumentam o valor venal da coisa. 
Relevância jurídica da classificação 
No direito de retenção: 
Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis. 
No usufruto: 
Art. 1.392. Salvo disposição em contrário, o usufruto estende-se aos acessórios da coisa e seus acrescidos. 
Art. 1.404. Incumbem ao dono as reparações extraordinárias e as que não forem de custo módico; mas o usufrutuário lhe pagará os juros do capital despendido com as que forem necessárias à conservação, ou aumentarem o rendimento da coisa usufruída.
No Direito das obrigações: 
Art. 453. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção, serão pagas pelo alienante.
Art. 878. Aos frutos, acessões, benfeitorias e deteriorações sobrevindas à coisa dada em pagamento indevido, aplica-se o disposto neste Código sobre o possuidor de boa-fé ou de má-fé, conforme o caso.
No direito das Sucessões:
Art. 2.004. O valor de colação dos bens doados será aquele, certo ou estimativo, que lhes atribuir o ato de liberalidade.
§ 2o Só o valor dos bens doados entrará em colação; não assim o das benfeitorias acrescidas, as quais pertencerão ao herdeiro donatário, correndo também à conta deste os rendimentos ou lucros, assim como os danos e perdas que eles sofrerem.
Distinção entre pertença e benfeitoria 
Não se confunde Pertença com Benfeitoria
Benfeitoria: empregada no bem por um locador que terá ou não o direito à indenização pela melhoria realizada. 
Pertença: empregada no bem pelo proprietário e sua importância se dá no momento da alienação.
DAS ACESSÕES 
Considera-se acessão o fenômeno, natural ou artificial, em decorrência do qual se processa um acréscimo sobre o bem principal, que, assim, o incorpora, com os atributos que lhe são próprios, formando um todo jurídico. 
Diz-se, pois, que a acessão decorre de fenômeno: 
a) natural; 
b) artificial, chamada, também, de industrial ou intelectual.
Acessão natural
Entre as acessões provocadas por fenômeno natural, destacam-se: 
ALUVIÃO - fenômeno causado pelas águas, mediante o qual, gradual e evolutivamente, se acresce ao terreno porção nova de terra, ampliando-se, em conseqüência, a propriedade imobiliária, que se desenha em novos perímetros 
DA AVULSÃO - fenômeno por força do qual se dá deslocamento de uma certa porção de terra que se descola de um terreno juntando-se a outro. 
Na acessão provocada por fenômeno estimulado por artifício do engenho humano, inserem-se as construções e as plantações, que, também, geram a acessão, que se credencia à aquisição da propriedade imobiliária. 
Distinção entre benfeitoria e acessão industrial 
Art. 97. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor.
Benfeitorias: são obras ou despesas feitas em bem já existente
Acessões industriais: são obras que criam coisa nova como a edificação de uma casa.
ATENÇÃO: O Código Civil prevê o direito de retenção somente para a hipótese de sido feita uma benfeitoria útil ou necessária, entretanto a jurisprudência vem reconhecendo o direito de retenção ao possuidor também nos casos de acessões industriais, muito embora acarretem consequências jurídicas diferentes.
BENS QUANTO AO TITULAR DO DOMÍNIO: PÚBLICOS E PRIVADOS
DOS BENS PÚBLICOS
O artigo 99 do Código Civil utilizou o critério da destinação do bem para classificar os bens públicos.
Bens de uso comum ou do povo
Bens de uso especial
Bens dominicais
A) BENS DE USO COMUM: 
São aqueles destinados ao uso indistinto de toda a população. Ex: Mar, rio, rua, praça, estradas, parques (art. 99, I do CC).
O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou oneroso, podendo cobrar pedágio. conforme for estabelecido por meio da lei da pessoa jurídica a qual o bem pertencer (art. 103 CC). Ex: zoológico. 
B) BENS DE USO ESPECIAL: 
São aqueles destinados a uma finalidade específica. São os edifícios onde estão instalados os serviços públicos. Ex: Bibliotecas, teatros, escolas, fóruns, quartel, museu, repartições publicas em geral (art. 99, II do CC). 
C) BENS DOMINICAIS: 
Não estão destinados nem a uma finalidade comum e nem a uma especial. “Constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal ou real, de cada uma dessas entidades” (art. 99, III do CC), representam o patrimônio disponível do Estado, pois não estão destinados e em razão disso, o Estado figura como proprietário desses bens. Ex: Terras devolutas (art 20, II e art. 26,IV da CF/88) e imóveis desocupados.
Os bens dominicais não apresentam nenhuma destinação pública, ou seja, não estão afetados. Assim, são os únicos que não precisam ser desafetados para que ocorra sua alienação. 
A INALIENABILIDADE DOS BENS PÚBLICOS
Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar. 
Regra geral: A inalienabilidade consiste no predicativo que persegue o bem, impedindo-lhe a alienação ou a transferência de domínio, haja vista que, como se lhe veda o alheamento, não pode ser adquirido.
Os bens públicos não podem ser alienados (vendidos, permutados ou doados). Como consequência de sua inalienabilidade são imprescritíveis, impenhoráveis e não são passíveis de oneração.
A regra da inalienabilidade não se aplica, indiferentemente, a todos os bens públicos, porquanto se fraciona em: a) vedação absoluta; b) vedação relativa. 
Há vedação absoluta à alienação quanto aos: 
a) bens públicos de uso comum ; 
b) bens públicos de uso especial. 
A regra da inalienabilidade não é absoluta, a não ser com aqueles bens cuja natureza são insuscetíveis de valoração patrimonial como os mares, as praias, os rios navegáveis, Os suscetíveis de valoração patrimonial podem perder a inalienabilidade pela Desafetação.
AFETAÇÃO E DESAFETAÇÃO 
. 
Afetação consiste em conferir ao bem público uma destinação. 
Desafetação (desconsagração) consiste em retirar do bem de uso comum ou de uso especial aquela destinação anteriormente conferida a ele, transformando-o em bem em dominical para possibilitar a alienação. A Desafetação deve ser feita por lei ou ato administrativo.
Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei. 
Um bem dominical também pode ser afetado, conferindo-lhe a característica da inalienabilidade. 
BENS PÚBLICOS E NÃO SUJEITOS À USUCAPIÃO
Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião. C/C art 183,§2º e 191 da CF/88 
BENS PARTICULARES
Por exclusão, são particulares, todos os outros bens não pertencentes a nenhuma pessoa jurídica de direito público internos, mas à pessoa natural ou jurídica de direito privado. ( art. 98)

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