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de norma e analogia. Características Não precisam estar expressos em lei para existir. Exprimem o “espírito do sistema jurídico”, como diz Orlando Gomes. São histórico-concretos: variam conforme a sociedade e o tempo. Alguns exemplos vêm do Direito Romano: Honeste vivere (viver honestamente) Alterum non laedere (não lesar o outro) Suum cuique tribuere (dar a cada um o que é seu) Opinião de Orlando Gomes Os princípios gerais são ideias jurídicas que o juiz usa quando a lei e a analogia falham. Não são valores universais ou metafísicos (como no Direito Natural), mas sim construções do Direito Positivo. Somente ganham força vinculante quando são reconhecidos pela lei ou jurisprudência. Portanto, não são fontes formais do Direito, a menos que o sistema os reconheça dessa forma. Doutrinadores relevantes Orlando Gomes – enfatiza o caráter concreto e histórico dos princípios gerais. Miguel Reale – via princípios como pilares da tridimensionalidade do Direito (fato, valor e norma). Norberto Bobbio – destaca a importância dos princípios para a unidade do ordenamento. justiça do caso concreto, ou seja, a justiça além da letra fria da lei. Não se opõe à justiça legal, mas a completa, ajustando a aplicação da norma às peculiaridades da realidade. Função: Atua como uma forma de temperar o rigor excessivo das normas, conforme o brocardo latino: summum jus, summa injuria (máximo de justiça pode gerar máxima injustiça). Três formas de decisão envolvendo equidade Com equidade: respeita os princípios de justiça subjacentes à norma. Por equidade: julgador decide com base em sua consciência de justiça, sem se prender estritamente à norma (ex: art. 723 do CPC/2015). Utilizando a equidade como meio supletivo: para interpretar ou integrar lacunas na lei (ex: art. 85, § 8º do CPC/2015). Doutrinadores Tércio Sampaio Ferraz: equidade é uma forma de intuição racionalizada das exigências de justiça. Luis Recaséns Siches: A equidade é a base de toda interpretação jurídica. Critica a ideia de que o legislador possa impor uma única forma de interpretação. Destaca a importância do “logos de lo humano” (razão vital e histórica). Maria Helena Diniz: equidade funciona como uma válvula de segurança, ajustando a norma quando ela entra em conflito com a realidade. Advertência Importante A equidade não deve ser usada para negar a aplicação da lei de forma irresponsável. Délio Maranhão alerta: o juiz deve aplicar a equidade dentro dos limites da norma, e não como desculpa para criar um “novo direito”. Sistemas Jurídicos Sistemas Jurídicos Ambos os sistemas, ainda que distintos em sua origem e estrutura, influenciam- se mutuamente. Sistema Romano-Germânico Adotado no Brasil e em vários países da Europa Continental. Caracteriza-se pela positivação do direito: o centro do sistema são as leis escritas. A Constituição é a norma máxima, seguida pelas leis infraconstitucionais. O juiz aplica a lei com base técnica e interpretação doutrinária, não estando vinculado a decisões anteriores nem às de tribunais superiores (na visão tradicional). Contudo, o Novo CPC (2015) trouxe maior valorização dos precedentes, o que revela influência do common law. Sistema Anglo-saxão Vigente na Inglaterra e nos Estados Unidos, baseia-se fortemente na jurisprudência. As leis são mais escassas e os princípios constitucionais são vagos, ganhando forma nos julgados. Juízes têm papel mais político, frequentemente eleitos, sendo a prática mais sociológica que técnica. Precedentes obrigatórios (stare decisis): Vinculam tribunais inferiores e o próprio tribunal que os criou. O essencial é a ratio decidendi – o princípio jurídico que fundamenta a decisão. Os precedentes têm caráter perpétuo, podendo ser retomados mesmo após muitos anos, desde que úteis ao caso. precedentes qualificados no Novo CPC, o Brasil vem incorporando práticas típicas do common law. Isso pode representar um movimento de transição ou hibridização entre os sistemas. Ainda assim, a base do sistema brasileiro permanece codificada e hierarquizada, com a Constituição no topo. Código Civil Código Civil �Conceito “Civil” = relativo ao cidadão. Direito Civil: ramo do Direito Privado que regula relações entre pessoas (físicas ou jurídicas), família, obrigações e bens (posse e propriedade). Origem Histórica Roma Antiga: jus civile (direito dos cidadãos), jus naturale (direito da natureza), jus gentium (direito dos estrangeiros). Corpus Juris Civilis: compilação do Direito Romano por Justiniano (séc. VI). Glosadores e Pós-Glosadores: juristas que interpretaram e adaptaram o Direito Romano à realidade da Idade Média e Moderna. Contribuições fundamentais para a técnica jurídica moderna. Conteúdo do Código Civil Estrutura do Código Civil Brasileiro (2002) 🔹 Parte Geral Regras básicas sobre: Pessoas, Bens e Fatos jurídicos 🔸 Parte Especial: Direito das Obrigações (arts. 233 a 965) Direito de Empresa (arts. 966 a 1.195) – novidade do CC/2002 Direito das Coisas (arts. 1.196 a 1.510) Direito de Família (arts. 1.511 a 1.783) Direito das Sucessões (arts. 1.784 a 2.027) Novos paradigmas do CC brasileiro 3.1. SISTEMA ABERTO; 3.2. CLÁUSULAS GERAIS; 3.3. CONCEITOS LEGAIS INDETERMINADOS; 3.4. MITIGAÇÃO DA CONCEPÇÃO PRIVATISTA DE DIREITO CIVIL Teoria Geral do Direito Privado Teoria Geral do Direito Privado A Teoria Geral do Direito Privado estuda os princípios, conceitos e estruturas fundamentais que organizam as relações entre os particulares (pessoas físicas e jurídicas), ou seja, entre cidadãos comuns, empresas, etc., sem a interferência direta do Estado como autoridade soberana. Exemplo: contratos, casamentos, heranças, propriedade, etc. Princípios do Direito Privado Autonomia da vontade As partes podem livremente estabelecer as regras dos seus contratos, dentro da lei. Ex: duas pessoas podem combinar livremente como será feito um contrato de prestação de serviços. Igualdade entre as partes Nenhuma das partes tem poder sobre a outra. Boa-fé objetiva As pessoas devem agir com honestidade, lealdade e respeito às expectativas legítimas do outro. Função social dos direitos Um direito só faz sentido se tiver utilidade para a coletividade. Ex: a propriedade não pode ser usada de forma abusiva, prejudicando a vizinhança Sujeitos do Direito Privado Pessoa Natural (física) Todo ser humano com personalidade jurídica (desde o nascimento com vida). Capacidade: aptidão para exercer direitos e cumprir deveres. Pessoa Jurídica Entidade com existência legal e personalidade própria (ex: empresas, ONGs, igrejas). Dividem-se em direito público (ex: municípios) e direito privado (ex: sociedades empresárias). Fatos, Atos e Negócios Jurídicos Fato Jurídico Todo acontecimento que produz efeitos no mundo do Direito, com ou sem vontade humana. Ex: nascimento, morte, tempestade que destrói um galpão. Ato Jurídico Ato praticado com intenção de produzir efeitos jurídicos. Ex: um contrato de aluguel. Negócio Jurídico Tipo de ato jurídico que depende da vontade das partes e é mais complexo. Ex: compra e venda, doação, casamento. Patrimônio, Bens e Obrigações 🔹 Patrimônio Conjunto de bens e dívidas de uma pessoa. 🔹 Bens Tudo aquilo que pode ter valor econômico. Classificação importante: bens móveis e imóveis, fungíveis e infungíveis, consumíveis e inconsumíveis. 🔹 Obrigações Relação entre credor e devedor, onde alguém se compromete a cumprir uma prestação (dar, fazer ou não fazer algo). Direitos Reais e Pessoais Direitos Reais Direitos Pessoaiso cidadão, mas ensina como usar as leis existentes. A LC-95/98 serve para garantir clareza, precisão e ordem nos textos legais. Originalmente, a LINDB tinha apenas 19 artigos. • Porém, ela foi ampliada por leis posteriores, especialmente pela Lei nº 13.655/2018, que acrescentou os artigos 20 a 30, com o objetivo de orientar a atuação dos agentes públicos e a interpretação do Direito Público, especialmente no âmbito da Administração Pública, do Controle e do Judiciário. A incidência universal da LINDB conta com algumas exceções: No campo do direito penal e no campo do direito tributário: somente se admite a analogia como mecanismo de integração das normas in bonam partem. Técnica Legislativa e Técnica Legística Técnica Legislativa: São os métodos e normas para escrever leis de forma clara, correta e sistemática. Técnica Legística: Trata do conteúdo das leis — a preocupação com a política legislativa, objetivos e impactos. Importância: Facilitar a compreensão e a aplicação correta das leis. Processo de Elaboração de Leis As leis precisam passar por um processo formal para existir: 1 Iniciativa Proposta de criação 2 Discussão e deliberação Debates e votações no Legislativo. 3 Sanção Aprovação pelo Poder Executivo. 4 Promulgação Oficialização da nova lei. Se faltar uma etapa, a lei pode ser considerada inexistente. Estrutura Art 121, CP Preceito primário: "Matar alguém." Preceito secundário: "Pena: reclusão de 6 a 20 anos." Estrutura da Lei segundo a LC- 95/1998 Uma lei deve ser organizada, seguindo este modelo: Ementa Resumo da lei Preâmbulo Informações introdutórias Parte normativa Artigos, incisos, alíneas, parágrafos Estrutura da LINDB Bloco Tema Artigos Vigência e Interpretação da Lei Como a lei entra em vigor e deve ser entendida 1º - 6º Direito Internacional Privado Aplicação de leis estrangeiras e conflitos de normas 7º - 19 Atuação Estatal Moderna Responsabilida de e segurança jurídica na atuação do Estado 20 - 30 Objeto da LINDB Regular a vigência, interpretação, aplicação e integração das normas jurídicas. É aplicável em todos os ramos do Direito (civil, penal, administrativo etc.). Existência A lei existe quando cumpre o processo legislativo corretamente. Se não cumpre, é como se nunca tivesse existido no mundo jurídico. Validade A lei válida precisa ser compatível com a Constituição. Validade Formal: Correto procedimento de criação. Validade Material: Conteúdo conforme a Constituição. Exemplo: Uma lei estadual criando crime seria materialmente inválida, pois crime é competência da União (art. 22, CF). Vigência Vigência é o período em que a lei está em vigor. Começa após a publicação, normalmente com prazo de 45 dias (vacatio legis). LC-95/1998: Prefere indicar claramente a data de início da vigência para dar segurança jurídica. Eficácia Refere-se à capacidade da lei de produzir efeitos. Pode haver: Eficácia técnica (aptidão jurídica para produzir efeitos). Eficácia social (se a sociedade realmente cumpre a lei). Vigor É também chamado de força da norma. Tem relação com a força vinculante da norma, ou seja, à impossibilidade de os sujeitos subtraírem-se ao seu império. Não se confunde nem com a vigência nem com a eficácia, pelo fato de que, no vigor, o que se verifica é a realização efetiva de resultados jurídicos. Assim, uma norma já revogada (ou seja, não mais vigente) pode continuar sendo aplicada em juízo, se disser respeito a situações consolidadas sob sua vigência, fenômeno que se denomina ultratividade da norma. Revogação e Repristinação Revogação Extinção da vigência de uma lei. Modalidade de Revogação Quanto a extensão: Total (ab-rogação): a lei inteira é revogada. Parcial (derrogação): só parte da lei é revogada. Quanto ao modo de revogação: Revogação Expressa: a nova lei diz que revoga a anterior. Revogação Tácita: a nova lei é incompatível com a anterior, mesmo sem mencionar isso. LC-95/98 proibiu revogação tácita genérica: hoje o legislador deve dizer exatamente o que está revogando. Repristinação Reviver uma lei antiga que havia sido revogada. Só acontece se houver previsão expressa. Antinomias e Solução de Conflitos entre Leis Quando duas leis entram em conflito, resolvemos com critérios: Conflito Critério Lei posterior vs. anterior Lex posterior derogat priori (a nova prevalece) Lei especial vs. geral Lex specialis derogat generali (a especial prevalece) Lei superior vs. inferior Lex superior derogat inferiori (a superior prevalece) Em casos complexos, prevalece o critério da hierarquia. Outras Questões Importantes Conhecimento e Obrigatoriedade da Lei Art. 3º da LINDB: "Ninguém pode alegar desconhecimento da lei." Mesmo sem conhecer a lei, todos devem cumpri-la. Desuso Mesmo uma lei que "cai em desuso" continua válida, até ser formalmente revogada. Validade no Espaço Princípio da Territorialidade: a lei vale no território brasileiro. Princípio da Nacionalidade: certas leis continuam a valer para brasileiros, mesmo fora do Brasil (ex.: voto no exterior, crimes internacionais). Ide norma e analogia. Características Não precisam estar expressos em lei para existir. Exprimem o “espírito do sistema jurídico”, como diz Orlando Gomes. São histórico-concretos: variam conforme a sociedade e o tempo. Alguns exemplos vêm do Direito Romano: Honeste vivere (viver honestamente) Alterum non laedere (não lesar o outro) Suum cuique tribuere (dar a cada um o que é seu) Opinião de Orlando Gomes Os princípios gerais são ideias jurídicas que o juiz usa quando a lei e a analogia falham. Não são valores universais ou metafísicos (como no Direito Natural), mas sim construções do Direito Positivo. Somente ganham força vinculante quando são reconhecidos pela lei ou jurisprudência. Portanto, não são fontes formais do Direito, a menos que o sistema os reconheça dessa forma. Doutrinadores relevantes Orlando Gomes – enfatiza o caráter concreto e histórico dos princípios gerais. Miguel Reale – via princípios como pilares da tridimensionalidade do Direito (fato, valor e norma). Norberto Bobbio – destaca a importância dos princípios para a unidade do ordenamento. justiça do caso concreto, ou seja, a justiça além da letra fria da lei. Não se opõe à justiça legal, mas a completa, ajustando a aplicação da norma às peculiaridades da realidade. Função: Atua como uma forma de temperar o rigor excessivo das normas, conforme o brocardo latino: summum jus, summa injuria (máximo de justiça pode gerar máxima injustiça). Três formas de decisão envolvendo equidade Com equidade: respeita os princípios de justiça subjacentes à norma. Por equidade: julgador decide com base em sua consciência de justiça, sem se prender estritamente à norma (ex: art. 723 do CPC/2015). Utilizando a equidade como meio supletivo: para interpretar ou integrar lacunas na lei (ex: art. 85, § 8º do CPC/2015). Doutrinadores Tércio Sampaio Ferraz: equidade é uma forma de intuição racionalizada das exigências de justiça. Luis Recaséns Siches: A equidade é a base de toda interpretação jurídica. Critica a ideia de que o legislador possa impor uma única forma de interpretação. Destaca a importância do “logos de lo humano” (razão vital e histórica). Maria Helena Diniz: equidade funciona como uma válvula de segurança, ajustando a norma quando ela entra em conflito com a realidade. Advertência Importante A equidade não deve ser usada para negar a aplicação da lei de forma irresponsável. Délio Maranhão alerta: o juiz deve aplicar a equidade dentro dos limites da norma, e não como desculpa para criar um “novo direito”. Sistemas Jurídicos Sistemas Jurídicos Ambos os sistemas, ainda que distintos em sua origem e estrutura, influenciam- se mutuamente. Sistema Romano-Germânico Adotado no Brasil e em vários países da Europa Continental. Caracteriza-se pela positivação do direito: o centro do sistema são as leis escritas. A Constituição é a norma máxima, seguida pelas leis infraconstitucionais. O juiz aplica a lei com base técnica e interpretação doutrinária, não estando vinculado a decisões anteriores nem às de tribunais superiores (na visão tradicional). Contudo, o Novo CPC (2015) trouxe maior valorização dos precedentes, o que revela influência do common law. Sistema Anglo-saxão Vigente na Inglaterra e nos Estados Unidos, baseia-se fortemente na jurisprudência. As leis são mais escassas e os princípios constitucionais são vagos, ganhando forma nos julgados. Juízes têm papel mais político, frequentemente eleitos, sendo a prática mais sociológica que técnica. Precedentes obrigatórios (stare decisis): Vinculam tribunais inferiores e o próprio tribunal que os criou. O essencial é a ratio decidendi – o princípio jurídico que fundamenta a decisão. Os precedentes têm caráter perpétuo, podendo ser retomados mesmo após muitos anos, desde que úteis ao caso. precedentes qualificados no Novo CPC, o Brasil vem incorporando práticas típicas do common law. Isso pode representar um movimento de transição ou hibridização entre os sistemas. Ainda assim, a base do sistema brasileiro permanece codificada e hierarquizada, com a Constituição no topo. Código Civil Código Civil �Conceito “Civil” = relativo ao cidadão. Direito Civil: ramo do Direito Privado que regula relações entre pessoas (físicas ou jurídicas), família, obrigações e bens (posse e propriedade). Origem Histórica Roma Antiga: jus civile (direito dos cidadãos), jus naturale (direito da natureza), jus gentium (direito dos estrangeiros). Corpus Juris Civilis: compilação do Direito Romano por Justiniano (séc. VI). Glosadores e Pós-Glosadores: juristas que interpretaram e adaptaram o Direito Romano à realidade da Idade Média e Moderna. Contribuições fundamentais para a técnica jurídica moderna. Conteúdo do Código Civil Estrutura do Código Civil Brasileiro (2002) 🔹 Parte Geral Regras básicas sobre: Pessoas, Bens e Fatos jurídicos 🔸 Parte Especial: Direito das Obrigações (arts. 233 a 965) Direito de Empresa (arts. 966 a 1.195) – novidade do CC/2002 Direito das Coisas (arts. 1.196 a 1.510) Direito de Família (arts. 1.511 a 1.783) Direito das Sucessões (arts. 1.784 a 2.027) Novos paradigmas do CC brasileiro 3.1. SISTEMA ABERTO; 3.2. CLÁUSULAS GERAIS; 3.3. CONCEITOS LEGAIS INDETERMINADOS; 3.4. MITIGAÇÃO DA CONCEPÇÃO PRIVATISTA DE DIREITO CIVIL Teoria Geral do Direito Privado Teoria Geral do Direito Privado A Teoria Geral do Direito Privado estuda os princípios, conceitos e estruturas fundamentais que organizam as relações entre os particulares (pessoas físicas e jurídicas), ou seja, entre cidadãos comuns, empresas, etc., sem a interferência direta do Estado como autoridade soberana. Exemplo: contratos, casamentos, heranças, propriedade, etc. Princípios do Direito Privado Autonomia da vontade As partes podem livremente estabelecer as regras dos seus contratos, dentro da lei. Ex: duas pessoas podem combinar livremente como será feito um contrato de prestação de serviços. Igualdade entre as partes Nenhuma das partes tem poder sobre a outra. Boa-fé objetiva As pessoas devem agir com honestidade, lealdade e respeito às expectativas legítimas do outro. Função social dos direitos Um direito só faz sentido se tiver utilidade para a coletividade. Ex: a propriedade não pode ser usada de forma abusiva, prejudicando a vizinhança Sujeitos do Direito Privado Pessoa Natural (física) Todo ser humano com personalidade jurídica (desde o nascimento com vida). Capacidade: aptidão para exercer direitos e cumprir deveres. Pessoa Jurídica Entidade com existência legal e personalidade própria (ex: empresas, ONGs, igrejas). Dividem-se em direito público (ex: municípios) e direito privado (ex: sociedades empresárias). Fatos, Atos e Negócios Jurídicos Fato Jurídico Todo acontecimento que produz efeitos no mundo do Direito, com ou sem vontade humana. Ex: nascimento, morte, tempestade que destrói um galpão. Ato Jurídico Ato praticado com intenção de produzir efeitos jurídicos. Ex: um contrato de aluguel. Negócio Jurídico Tipo de ato jurídico que depende da vontade das partes e é mais complexo. Ex: compra e venda, doação, casamento. Patrimônio, Bens e Obrigações 🔹 Patrimônio Conjunto de bens e dívidas de uma pessoa. 🔹 Bens Tudo aquilo que pode ter valor econômico. Classificação importante: bens móveis e imóveis, fungíveis e infungíveis, consumíveis e inconsumíveis. 🔹 Obrigações Relação entre credor e devedor, onde alguém se compromete a cumprir uma prestação (dar, fazer ou não fazer algo). Direitos Reais e Pessoais Direitos Reais Direitos Pessoais(Obrigacionais) Relação direta com a coisa (ex: propriedade, usufruto). Relação entre pessoas (ex: contrato de compra e venda). Oponível a todos (erga omnes). Oponível só entre as partes. Evolução do Direito Privado Idade Antiga e Roma: forte proteção à propriedade e à autonomia da vontade. Idade Moderna (liberalismo): destaque ao contrato e à liberdade econômica. Idade Contemporânea: equilíbrio entre autonomia e proteção do mais vulnerável (ex: consumidor, empregado). A Teoria Geral do Direito Privado é a base para compreender como o Direito regula as relações entre pessoas comuns. Sem entender seus princípios, sujeitos, fontes e institutos, fica difícil avançar nos estudos de Direito Civil, Empresarial, Contratual, entre outros. Unificação do Direito Privado Unificação do Direito Privado é o processo de reunir em um único código jurídico as normas que tratam das relações privadas, especialmente as do Direito Civil e do Direito Comercial (ou Empresarial). O Direito Privado era dividido em: Direito Civil (1916) – relações comuns entre pessoas (família, propriedade, contratos). Direito Comercial (1850) – relações empresariais (atividade mercantil, sociedades, títulos de crédito). O Código Civil de 2002 unificou o Direito Privado Teoria do Direito Civil Teoria do Direito Civil Definição Direito Civil como ramo do direito que disciplina todas as relações jurídicas da pessoa, seja uma com as outras (físicas e jurídicas) envolvendo relações familiares e obrigacionais ou com as coisas (propriedade e posse). Também chamado de direito comum, pois regem relações entre particulares, é o conjunto de regras que disciplina a vida das pessoas desde a concepção até a morte, e ainda depois dela. Objetivo Buscar a compreensão dos fundamentos e princípios que orientam a aplicação do direito privado em casos concretos, afim de garantir a segurança jurídica e a proteção dos direitos das partes envolvidas. Origem No Brasil, colônia de Portugal até 1822, por muitos anos aplicaram-se as Ordenações do Reino, dentre elas, as Ordenações Filipinas. Logo após a Independência, em 1823, foi promulgada pelo governo imperial “[...] uma lei que mantinha em vigor no território brasileiro as Ordenações Filipinas e toda a legislação Portuguesa anterior a 25 de abril de 1821, enquanto não se organizasse um novo código civil e desde que não fossem especialmente alteradas por outra lei.” (ROBERTO, 2011, p. 54). A organização de uma legislação cível própria que coadunasse com a situação brasileira era tão necessária que a Constituição de 1824 (Constituição do Império) determinou no art. 179, XVIII, que “organizar-se-há (sic) quanto antes um Código Civil, e Criminal, fundado nas sólidas bases da Justiça e Equidade.” (BRASIL, 1824). Após anos de tramitação, em 1916 foi promulgado o primeiro Código Civil brasileiro, sendo inspirado nos códigos civis da França e da Alemanha. Continha uma premissa ideológica de base patrimonialista e individualista. Em 2002, após a conclusão dos estudos feitos pela comissão formada por Miguel Reale, surgiu um novo Código Civil. Reale e sua comissão tiveram como ponto de partida o Código de 1916 e apresentaram a proposta de um novo Código em 1975. Após diversas revisões e procedimentos de tramitação, a Lei n.º 10.406 foi aprovada em 10 de janeiro de 2002 e continua em vigor até os dias atuais. O código Civil é a verdadeira Constituição do Direito Privado História do Direito Civil História do Direito Civil Direito Romano Institutas Pessoas, Coisas e ações Direito Francês (C Napoleão) Pessoas Bens e modos de aquisição Direito Germânico (Alemão) Parte Geral Parte Especial O direito civil passou por um processo de reconstrução de suas bases. Houve uma mudança de perspectiva em seu traço ideológico Início da codificação do Direito Civil (1804) Surge o Código Civil Francês (Napoleônico). Centralidade no patrimônio como foco das relações jurídicas. Ideologia: o código seria imutável, perene e resolveria todos os conflitos sociais (visão universalista e técnica). Codificação no Brasil (Século XIX – início do XX) Em 1850, o Brasil inicia seu processo de codificação. Clóvis Beviláqua elabora o anteprojeto do Código Civil em 1899. O Código Civil Brasileiro é aprovado em 1916 e entra em vigor em 1917 (CC/16). Influência direta do modelo francês. Acreditava-se que o código resolveria as questões sociais. Transformações sociais no século XX Avanços tecnológicos, revoluções sociais, movimentos feministas, guerras. Essas transformações tornam o modelo codificado insuficiente para tratar da complexidade das novas relações sociais. O "caso das codificações" Após a 1ª Guerra Mundial na Europa e a partir da década de 1930 no Brasil, o código perde o status de resolver todos os litígios. Início da descentralização do Direito Civil, com o surgimento das leis especiais. De um monossistema a um polissistema O CC/16 passa a coexistir com leis específicas: Ex.: CDC, ECA, Lei de Registros Públicos, Lei de Investigação de Paternidade. Surge o conceito de polissistema jurídico: múltiplas fontes normativas convivendo. Criação do novo Código Civil (CC/02) “O ser” Miguel Reale começa a redigir o anteprojeto em 1969 (em plena ditadura). Em 1997, é modernizado com base na CF/88. Apesar do contexto de descrença na codificação, o Código Civil de 2002 é aprovado e entra em vigor em 11/01/2003. Mudança na autonomia privada Antes: autonomia da vontade (liberdade absoluta de contratar, baseada no individualismo). Hoje: autonomia privada – limitada pelos princípios constitucionais e pelo dirigismo contratual (intervenção do Estado). A vontade contratual não é mais soberana: ela deve ser avaliada à luz da dignidade a da pessoa humana. A constitucionalização do Direito Civil A constitucionalização do Direito Civil Resumo Direito Civil evoluiu de um modelo patrimonialista e técnico para um sistema que coloca a pessoa humana no centro. Passamos de um Direito centrado em normas frias para um Direito Civil comprometido com valores constitucionais e justiça social. A dignidade humana se tornou o pilar central da interpretação civil contemporânea. Processo já presente em constituições anteriores, mas consagrado pela CF/88. A CF/88 se torna o vetor central de interpretação de todo o Direito Civil. Ocorre a "emigração" dos institutos civis fundamentais (como contrato, propriedade, família, empresa) para a lógica constitucional. CONSTITUIÇÃO FEDERAL – NORMA SUPREMA DO ESTADO, NORMA NORMARUM; DESCODIFICAÇÃO – MICROSSISTEMAS; DIREITO CIVIL CONSTITUCIONAL; Eficácia horizontal dos direitos fundamentais, ex: o CDC está ao lado do CC, não é menos ou mais importante. Princípios fundamentais do CC/02 (influência constitucional) O Código de 2002 é orientado por três grandes princípios (Miguel Reale): SOCIALIDADE O Direito Civil deve promover o bem comum e a função social dos institutos jurídicos (como propriedade, contratos, etc). ETICIDADE Valoriza a boa-fé objetiva, confiança e lealdade nas relações privadas. OPERABILIDADE Sistema mais flexível e aberto, com cláusulas gerais (como função social e boa-fé), permitindo adaptação ao caso concreto. LINDB & LC-95/88LINDB & LC-95/88 Introdução Por que estudar a LINDB e a LC-95? A LINDB é um conjunto de regras fundamentais que orienta como as leis devem ser criadas, aplicadas, interpretadas e integradas no Brasil. Já a LC-95/1998 fixa padrões de técnica legislativa para a organização e redação das leis. Essência: A LINDB não cria direitos e deveres diretamente parao cidadão, mas ensina como usar as leis existentes. A LC-95/98 serve para garantir clareza, precisão e ordem nos textos legais. Originalmente, a LINDB tinha apenas 19 artigos. • Porém, ela foi ampliada por leis posteriores, especialmente pela Lei nº 13.655/2018, que acrescentou os artigos 20 a 30, com o objetivo de orientar a atuação dos agentes públicos e a interpretação do Direito Público, especialmente no âmbito da Administração Pública, do Controle e do Judiciário. A incidência universal da LINDB conta com algumas exceções: No campo do direito penal e no campo do direito tributário: somente se admite a analogia como mecanismo de integração das normas in bonam partem. Técnica Legislativa e Técnica Legística Técnica Legislativa: São os métodos e normas para escrever leis de forma clara, correta e sistemática. Técnica Legística: Trata do conteúdo das leis — a preocupação com a política legislativa, objetivos e impactos. Importância: Facilitar a compreensão e a aplicação correta das leis. Processo de Elaboração de Leis As leis precisam passar por um processo formal para existir: 1 Iniciativa Proposta de criação 2 Discussão e deliberação Debates e votações no Legislativo. 3 Sanção Aprovação pelo Poder Executivo. 4 Promulgação Oficialização da nova lei. Se faltar uma etapa, a lei pode ser considerada inexistente. Estrutura Art 121, CP Preceito primário: "Matar alguém." Preceito secundário: "Pena: reclusão de 6 a 20 anos." Estrutura da Lei segundo a LC- 95/1998 Uma lei deve ser organizada, seguindo este modelo: Ementa Resumo da lei Preâmbulo Informações introdutórias Parte normativa Artigos, incisos, alíneas, parágrafos Estrutura da LINDB Bloco Tema Artigos Vigência e Interpretação da Lei Como a lei entra em vigor e deve ser entendida 1º - 6º Direito Internacional Privado Aplicação de leis estrangeiras e conflitos de normas 7º - 19 Atuação Estatal Moderna Responsabilida de e segurança jurídica na atuação do Estado 20 - 30 Objeto da LINDB Regular a vigência, interpretação, aplicação e integração das normas jurídicas. É aplicável em todos os ramos do Direito (civil, penal, administrativo etc.). Existência A lei existe quando cumpre o processo legislativo corretamente. Se não cumpre, é como se nunca tivesse existido no mundo jurídico. Validade A lei válida precisa ser compatível com a Constituição. Validade Formal: Correto procedimento de criação. Validade Material: Conteúdo conforme a Constituição. Exemplo: Uma lei estadual criando crime seria materialmente inválida, pois crime é competência da União (art. 22, CF). Vigência Vigência é o período em que a lei está em vigor. Começa após a publicação, normalmente com prazo de 45 dias (vacatio legis). LC-95/1998: Prefere indicar claramente a data de início da vigência para dar segurança jurídica. Eficácia Refere-se à capacidade da lei de produzir efeitos. Pode haver: Eficácia técnica (aptidão jurídica para produzir efeitos). Eficácia social (se a sociedade realmente cumpre a lei). Vigor É também chamado de força da norma. Tem relação com a força vinculante da norma, ou seja, à impossibilidade de os sujeitos subtraírem-se ao seu império. Não se confunde nem com a vigência nem com a eficácia, pelo fato de que, no vigor, o que se verifica é a realização efetiva de resultados jurídicos. Assim, uma norma já revogada (ou seja, não mais vigente) pode continuar sendo aplicada em juízo, se disser respeito a situações consolidadas sob sua vigência, fenômeno que se denomina ultratividade da norma. Revogação e Repristinação Revogação Extinção da vigência de uma lei. Modalidade de Revogação Quanto a extensão: Total (ab-rogação): a lei inteira é revogada. Parcial (derrogação): só parte da lei é revogada. Quanto ao modo de revogação: Revogação Expressa: a nova lei diz que revoga a anterior. Revogação Tácita: a nova lei é incompatível com a anterior, mesmo sem mencionar isso. LC-95/98 proibiu revogação tácita genérica: hoje o legislador deve dizer exatamente o que está revogando. Repristinação Reviver uma lei antiga que havia sido revogada. Só acontece se houver previsão expressa. Antinomias e Solução de Conflitos entre Leis Quando duas leis entram em conflito, resolvemos com critérios: Conflito Critério Lei posterior vs. anterior Lex posterior derogat priori (a nova prevalece) Lei especial vs. geral Lex specialis derogat generali (a especial prevalece) Lei superior vs. inferior Lex superior derogat inferiori (a superior prevalece) Em casos complexos, prevalece o critério da hierarquia. Outras Questões Importantes Conhecimento e Obrigatoriedade da Lei Art. 3º da LINDB: "Ninguém pode alegar desconhecimento da lei." Mesmo sem conhecer a lei, todos devem cumpri-la. Desuso Mesmo uma lei que "cai em desuso" continua válida, até ser formalmente revogada. Validade no Espaço Princípio da Territorialidade: a lei vale no território brasileiro. Princípio da Nacionalidade: certas leis continuam a valer para brasileiros, mesmo fora do Brasil (ex.: voto no exterior, crimes internacionais). I