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Apostila de Direito Constitucional (resumão)

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Apostila de Direito Constitucional 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
2014 
 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
Direito constitucional é o ramo do direito público interno dedicado à análise e 
interpretação das normas constitucionais. Tais normas são compreendidas 
como o ápice da pirâmide normativa de uma ordem jurídica, consideradas Leis 
Supremas de um Estado soberano, e tem por função regulamentar e delimitar 
o poder estatal, além de garantir os direitos considerados fundamentais. O 
Direito constitucional é destacado por ser fundamentado na organização e no 
funcionamento do Estado e tem por objeto de estudo a constituição política 
desse Estado. 
CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO: 
Constituição deve ser entendida como lei fundamental e suprema de um 
Estado, que contém normas referentes à estruturação do Estado, à formação 
dos poderes públicos, forma de governo e aquisição do poder de governar, 
distribuição de competências, direitos, garantias e deveres dos cidadãos. 
Em seu Direito Constitucional Esquematizado, Pedro Lenzadestaca alguns 
sentidos auxiliam a definir o conceito de "Constituição": 
Sociológico 
Em seu sentido sociológico o autor destaca Ferdinand Lassale para quem uma 
Constituição só seria legítima se representasse o efetivo poder social 
refletindo, assim, as forças sociais que constituem o poder. Nos casos em que 
tal não acontece, a constituição seria ilegítima, caracterizando-se como uma 
simples folha de papel. Em resumo, no conceito de Lassale, a Constituição 
seria a somatória dos fatores reais de poder dentro de uma sociedade. 
Político 
Destaca-se aqui a lição de Carl Schmitt. Este faz uma distinção entre 
Constituição e lei constitucional. A Constituição seria a decisão política 
fundamental (estrutura e órgãos do Estado, direitos individuais, vida 
democrática, etc.). Já as Leis Constitucionais, seriam os dispositivos inseridos 
 
 
no documento constitucional, sem conter matéria de decisão política 
fundamental. 
Assim, sendo a Constituição, resultado de uma decisão política ela seria, neste 
sentido, a decisão política do titular do poder constituinte. 
Material 
Sob este aspecto, o que importa verificar para definir uma norma como sendo 
ou não constitucional é o seu conteúdo e não importa a forma como ela foi 
introduzida no texto constitucional. Então, será constitucional aquela norma 
que define e trata das regras estruturais da sociedade (exemplo: CF arts, 5º, 6º 
e 12), seus alicerces fundamentais (formas de Estado: CF Arts 1º c/c 18, 
Governo, órgãos: CF arts 44 a 135, etc). 
Formal 
Aqui não importará tanto o conteúdo da norma, mas a forma como ela foi 
introduzida no ordenamento jurídico. São aquelas normas introduzidas pelo 
poder soberano, através de processo legislativo mais dificultoso, diferenciado 
e solene do que o processo de formação de outras normas do ordenamento. 
Exemplo clássico, frequentemente citado na doutrina, de norma constitucional 
formal encontra-se no artigo 242 § 2º. 
Art. 242 (...) 
§ 2º - O Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, será mantido 
na órbita federal. 
Sob o aspecto material, a presente norma não possui qualquer elemento 
estrutural ou fundamental da sociedade. No entanto, sob o aspecto formal, ela 
é tão constitucional como qualquer outra inserida pelo poder constituinte 
originário. 
 
 
 
CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES: 
Trata-se de tema não uniformemente abordado pelos doutrinadores. Há, 
porém, certo consenso quanto aos critérios abaixo apresentados. 
a) Quanto à forma; 
b) Quanto ao modo de elaboração; 
c) Quanto à origem; 
d) Quanto à estabilidade; 
e) Quanto ao conteúdo; 
f) Quanto à extensão. 
 
A) Quanto à forma: 
1. Escrita 
2. Não escrita 
 Constituição escrita É a constituição formada por um conjunto de regra 
sistematizadas e organizadas em um único documento, estabelecendo 
as normas fundamentais de um Estado. Aquela que assume uma forma 
solene, cerimoniosa, litúrgica, para expressar o modo de ser jurídico de 
determinado Estado, apresentando as regras concernentes à disciplina 
do poder soberano sob a tutela estatal. Trata-se de um diploma jurídico 
no qual são sistematizadas as regras que estruturam os fundamentos 
do Estado. 
 Constituição não escrita Também chamada de costumeira ou 
consuetudinária. É a constituição que, ao contrário da escrita, não traz 
as regras em um único texto solene e codificado. É formada por textos 
esparsos, reconhecidos pela sociedade como fundamentais e baseia-se 
nos usos, costumes, jurisprudências, convenções. Ex. A Constituição da 
 
 
Inglaterra. É aquela cuja forma de exteriorização das regras 
fundamentais do Estado não se expressa por meio de um codex, de um 
documento jurídico-positivo. Sua base de elaboração vem das práticas 
reiteradas num mesmo sentido, gerando a convicção de que tais 
práticas tornam-se obrigatórias na consciência geral da comunidade em 
que ela brota e viceja. Trata-se de um modelo de constituição que não 
revela a essência do aparelho estatal por intermédio de disposições 
dogmáticas, mas que resulta da lenta evolução da experiência histórica 
de determinada nação, fazendo surgir espontaneamente as instituições 
fundamentais do Estado, colocando-as em prática a despeito de 
qualquer solenidade sacramental. 
B) Quanto ao modo de elaboração: 
1. Dogmáticas; 
2. Históricas/Costumeiras. 
 A Constituição dogmática é aquela elaborada por um órgão constituinte 
que confere a forma escrita ao seu produto final, apresentando as 
regras fundamentais concernentes às instituições políticas do Estado de 
modo sistematizado. Apresenta-se como produto escrito e 
sistematizado por um órgão constituinte, à partir de princípios e idéias 
fundamentais da teoria política e do direito dominante. 
 
 A Constituição histórica é aquela elaborada a partir dos usos, costumes 
e tradições de um povo, e que não reclamam a solenização de seus 
preceitos porque estes emergem espontaneamente da lenta evolução 
histórica e consolidação das instituições de Estado. É fruto da lenta e 
contínua síntese da história e tradições de um determinado povo. 
C) Quanto á origem: 
1. Promulgada; 
 
 
2. Outorgada. 
 Constituição promulgada é a que deriva do trabalho de uma Assembleia 
Nacional Constituinte composta por representantes do povo, eleitos 
com a finalidade de sua elaboração, com o propósito de consagrar as 
bases de sustentação do Estado segundo as expectativas e anseios da 
sociedade que a legitima. 
 Constituição outorgada é aquela elaborada e estabelecida sem a 
participação popular, através de imposição do poder da época. São as 
constituições impostas de maneira unilateral, pelo agente revolucionário 
(grupo ou governante), que não recebeu do povo legitimidade para em 
nome dele atuar. 
Considerando o histórico constituinte brasileiro tivemos: 
• Constituição de 1824 - outorgada; 
• Constituição de 1891 - promulgada; 
• Constituição de 1934 - promulgada; 
• Constituição de 1937 - outorgada; 
• Constituição de 1946 - promulgada; 
• Constituição de 1967 - outorgada; 
• Constituição de 1969 - outorgada; 
• Constituição de 1988 - promulgada; 
Embora com as devidas ressalvas doutrinárias, é possível falar-se ainda na 
constituição cesarista, que são aquelas que, não obstante outorgadas, 
depende, da ratificação popular através de referendo. É apresentada ao povo 
uma constituição unilateralmente elaborada, o que evidencia um processo 
especial de outorga política. 
D) Quanto à estabilidade: 
 
 
1. Rígida; 
2. Flexível 
3. Semirrígida 
4. Imutável Entende-se por constituição rígida aquela cujo processo de alteração do 
texto constitucional vigente imprime toda uma dificuldade para a sua 
modificação. Assim, o processo de reforma constitucional passa por um 
ritual solene e cerimonioso criando dificuldades para a alteração do 
texto vigente. Neste modelo de constituição são previstos 
procedimentos especiais para a implementação da reforma 
constitucional, sendo encontradiço, inclusive, o elenco das matérias 
suscetíveis e não suscetíveis a alcance do poder constituinte 
reformador. Esse processo cerimonioso de reforma constitucional marca 
o timbre de distinção entre as leis e a constituição, pois que aquelas 
têm o seu processo de alteração submetido a um procedimento 
ordinário e comum, enquanto nesta a reforma se processa por meio de 
um rito especial e cerimonioso. 
 Constituição flexível (também conhecida como constituição plástica) é 
aquela cujo processo de alteração do texto vigente não se mostra 
dificultoso, admitindo procedimentos ordinários de reforma, tais como 
aqueles implementados para as leis. Neste caso, não existem marcantes 
diferenças entre as regras constitucionais e as legais, pois que o 
processo de alteração dos respectivos diplomas se mostra semelhante. 
Há casos, inclusive, em que a edição de uma lei ordinária chega a ter o 
poder de alterar o regime constitucional vigente. Eis que neste modelo 
de constituição não fica evidenciada a questão da supremacia 
constitucional em sentido formal. 
 Constituição semirrígida é a que contém uma parte rígida e uma flexível 
em sua estrutura, ou seja, é a constituição que de acordo com o teor 
matéria nela esculpido e sujeito à alteração o processo de reforma varia. 
Assim, tratando-se de tema para o qual o constituinte originário 
 
 
entenda de maior envergadura e cuidado, a sua eventual alteração 
processar-se-á mediante expediente especial e solene; caso entenda o 
constituinte originário tratar-se de assunto de cunho não 
essencialmente constitucional, embora consignado no corpo da própria 
constituição, seu processo de reforma dar-se-á por meio de 
procedimento ordinário. Logo, nas constituições semirrígidas existem 
presentes dois mecanismos de alteração da constituição, um mais 
brando e outro mais solene e dificultoso. 
 Imutável – São as constituições onde se veda qualquer alteração, 
constituindo verdadeiras relíquias históricas. 
E) Quanto ao conteúdo: 
1. Material; 
2. Formal. 
 Entende-se por constituição material aquela concebida em sua 
substância, considerando os elementos de regramento essencialmente 
constitucionais. Essa concepção prescinde da forma escrita, pois diz 
respeito à própria ontologia da idéia de constituição. Esse modelo de 
constituição vem plasmado nas formulações conceituais apresentadas 
para o vocábulo constituição, de tal sorte que sua noção se alinha à 
própria formação da ideia de constituição. Se tomada sob a luz das 
constituições escritas, o termo constituição material estará designando 
o fato de que o diploma jurídico escrito adstringe seu corpo de regras 
aos assuntos materialmente constitucionais, ou seja, sua disciplina 
normativa atém-se aos temas concernentes à titularidade e ao exercício 
do poder, aos modos de aquisição, transmissão e extinção do poder, 
aos limites do poder em face dos direitos e garantias fundamentais dos 
cidadãos, bem como aos órgãos que exercem as prerrogativas da 
soberania estatal. Sob a luz das constituições não escritas o conceito de 
constituição material se confunde com a própria noção de constituição, 
pois esta advém da percepção coletiva da existência de regras 
 
 
consuetudinárias concernentes à organização política fundamental do 
próprio Estado. Segundo lições de José Afonso da Silva: ―a constituição 
material é concebida em sentido amplo e em sentido estrito‖. No 
primeiro, identifica-se com a organização total do Estado, com regime 
político. No segundo, designa as normas constitucionais escritas ou 
costumeiras, inseridas ou não num documento escrito, que regulam a 
estrutura do Estado, a organização de seus órgãos e os direitos 
fundamentais. ―Neste caso, só se refere à matéria essencialmente 
constitucional; as demais, mesmo que integrem uma constituição 
escrita, não seriam constitucionais‖. 
 
 Constituição formal é o modelo ou espécie de constituição cuja forma 
de externação é escrita e solene, independentemente da sua 
estabilidade (rígida flexível ou semirrígida). Refere-se ao documento 
formal pelo qual o poder constituinte consagra dogmaticamente seus 
preceitos, princípios e valores. A categorização de uma constituição 
como formal não depende de uma avaliação do conteúdo de suas 
regras, podendo estas ser substancialmente constitucionais ou não. 
Quão mais uma constituição formal limitar as suas regras ao conteúdo 
materialmente constitucional, menor será a extensão de seu conjunto 
normativo; na medida em que a constituição formal se permita abranger 
regras não essencialmente constitucionais, abraçando temas que não 
digam respeito diretamente às instituições e bases políticas 
fundamentais do Estado, bem como à definição de direitos e garantias 
fundamentais dos cidadãos, maior será a extensão do corpo de suas 
regras. Daí a próxima classificação. 
 
F) Quanto á extensão: 
1. Sintéticas; 
 
 
2. Analíticas. 
 São consideradas sintéticas as constituições que limitam o seu 
regramento ao conjunto de temas essencialmente, 
materialmente, substancialmente constitucionais, concentrando-
se na disciplina dos direitos e garantias fundamentais, bem como 
na estrutura do Estado em face de seus órgãos, agentes e 
competências funcionais e institucionais. 
 Analíticas são as constituições que incorporam ao seu conjunto 
de regras a disciplina de temas não contemplados classicamente 
como de essência ou substância constitucional. 
ANALISE: 
1- A Constituição da República pode ser classificada como rígida, em face da 
existência de normas que não podem ser modificadas pelos agentes políticos 
investidos do poder constituinte derivado (cláusulas pétreas). 
2- A Constituição Federal de 1988 (CF) é considerada pela maior parte da 
doutrina constitucionalista como uma constituição rígida. Há, no entanto, visão 
que - atentando para o fato de a CF ter um núcleo imutável, que não se 
submete a modificações nem mesmo por emenda - a classifica como 
superrígida. 
3- Quanto à forma, a CF é uma constituição escrita, pois se acha consolidada 
em usos e costumes, convenções e textos esparsos, bem como na 
jurisprudência formada sobre os temas constitucionais. 
4-Por expressar apenas as regras básicas de organização do Estado e os 
preceitos referentes aos direitos fundamentais, a CF é considerada como uma 
constituição analítica. 
EFICÁCIA E APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS: 
Como regra geral, todas as normas constitucionais apresentam eficácia, 
algumas jurídicas e sociais e outras, apenas jurídicas. 
 
 
Social - A norma está apta para ser efetivamente aplicada a casos concretos. 
Jurídica - Produz efeitos jurídicos na medida em que sua simples edição 
resulta na revogação de todas as normas anteriores que com ela conflitem. 
As tradicionais classificações dadas por José Afonso da Silva em relação à sua 
aplicabilidade são: 
A)Normas Constitucionais de eficácia plena: 
 São aquelas normas da constituição que, no momento em que esta 
entra em vigor, estão aptas a produzir todos os seus efeitos, 
independentemente de norma integrativa infraconstitucional. Têm 
aplicabilidade DIRETA, IMEDIATA e INTEGRAL. 
―São as que receberam do constituinte normatividade suficienteà sua 
incidência imediata. Situam-se predominantemente entre os elementos 
orgânicos da constituição. Não necessitam de providência normativa ulterior 
para sua aplicação. Criam situações subjetivas de vantagem ou de vínculo, 
desde logo exigíveis‖. 
Exemplos: Arts 2º: 14, §2º; 17, §4°;19; 20; 21; 22; 24; 28, caput; 30; 37, III; 
44, parágrafo único; 45, caput; 46, §1º; 51; 52; 60, §3º; 69; 70; 76; 145, §2º; 
155; 156; 201, §§ 5º e 6º; 226, §1; 230, §2º (gratuidade de transporte coletivo 
urbano para os maiores de 65 anos - ADI 3.768, DJ de 26.10.2007), todos da 
CF/88. 
B)Normas Constitucionais de eficácia contida: 
 São aquelas que, embora tenham condições de, quando da promulgação 
da nova constituição, produzir todos os seus efeitos, poderá uma norma 
infraconstitucional reduzir sua abrangência. Exemplos: arts. 5º, VII, VIII, 
XIII, XV, XXIV, XXV, XXVII e XXVIII; 15 IV;... CF/88. A restrição de 
referidas normas constitucionais, pode-se concretizar não só através de 
leis infraconstitucionais, mas também, pela incidência de normas da 
própria constituição, desde que ocorram alguns pressupostos de fato 
 
 
como, por exemplo, a DECRETAÇÃO DE ESTADO DE DEFESA OU DE 
SÍTIO, limitando diversos direitos como os elencados nos arts. 136, §1º 
e 139 da CF/88. Têm aplicabilidade DIRETA, IMEDIATA, POSSIVELMENTE 
NÃO INTEGRAL. 
 C) Normas Constitucionais de eficácia limitada: 
 São aquelas que, de imediato, no momento em que a constituição é 
promulgada (ou diante da introdução de novos preceitos por emenda a 
Constituição, ou na hipótese do art. 5º, §3º), não tem o condão de 
produzir todos os seus efeitos, precisando de uma lei integrativa 
infraconstitucional. São, portanto, de aplicabilidade MEDIATA E 
REDUZIDA. Exemplos: arts. 18, §2º; 22, parágrafo único. Cabe ressaltar 
que, segundo José Afonso da Silva, ―As normas constitucionais de 
eficácia limitada produzem um mínimo efeito, ou, ao menos, o efeito de 
vincular o legislador infraconstitucional aos seus vetores‖. 
Nesse sentido, o referido autor, em sede conclusiva, observa que, estas 
normas têm, ao menos, eficácia jurídica imediata, direta e vinculante já que: 
1.Estabelecem um dever para o legislador ordinário; 
2.Condicionam a legislação futura, com a consequência de serem 
inconstitucionais as leis ou atos que as ferirem; 
3.Informam a concepção do Estado e da sociedade e inspiram sua ordenação 
jurídica, mediante a atribuição de fins sociais, proteção dos valores da justiça 
social e revelação dos componentes do bem comum; 
4.Constituem sentido teleológico para a interpretação, integração e aplicação 
das normas jurídicas; 
5.Condicionam a atividade discricionária da Administração e do Judiciário; 
6.Criam situações jurídicas subjetivas, de vantagens ou de desvantagens. 
 
 
De acordo com essa formulação, normas de eficácia plena são as que 
receberam do constituinte normatividade suficiente à sua incidência imediata e 
independem de providência normativa ulterior para sua aplicação. 
Normas de eficácia contida são as que receberam igualmente normatividade 
suficiente para reger os interesses pertinentes, prevendo , porém meios 
normativos que lhe reduzam a eficácia e aplicabilidade. 
E as de eficácia limitada são as que não receberam do constituinte 
normatividade suficiente para sua aplicação, tarefa essa do legislador 
ordinário. 
ANALISE: 
1) As normas constitucionais de eficácia limitada são desprovidas de 
normatividade, razão pela qual não surtem efeitos nem podem servir de 
parâmetro para a declaração de inconstitucionalidade. 
2) As normas de eficácia contida permanecem inaplicáveis enquanto não advier 
normatividade para viabilizar o exercício do direito ou benefício que 
consagram; por isso, são normas de aplicação indireta, mediata ou diferida. 
3) O livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, desde que 
atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer, é norma 
constitucional de eficácia contida; portanto, o legislador ordinário atua para 
tornar exercitável o direito nela previsto. 
4) As normas que estabelecem diretrizes e objetivos a serem atingidos pelo 
Estado, visando o fim social, ou por outra, o rumo a ser seguido pelo 
legislador ordinário na implementação das políticas de governo, são 
conhecidas como normas programáticas. 
5) Normas de eficácia limitada são aquelas que dependem da edição de outra 
norma da mesma estatura jurídica para que possam produzir efeito. 
6) O dispositivo constitucional que assegura aos idosos a gratuidade dos 
transportes coletivos urbanos constitui norma de eficácia contida. 
 
 
7) Segundo a estrutura escalonada ou piramidal das normas de um mesmo 
sistema jurídico, no qual cada norma busca sua validade em outra, situada em 
plano mais elevado, a norma constitucional situa-se no ápice da pirâmide, 
caracterizando se como norma-origem, porque não existe outra que lhe seja 
superior. 
8) A norma constitucional é uma sobrenorma, porque trata do conteúdo ou das 
formas que as demais normas devem conter, apresentando princípios que 
servem de guias supremos ao exercício das competências dos órgãos. 
PODER CONSTITUINTE: 
Titularidade do poder constituinte: 
O poder constituinte pertence ao povo, que o exerce por meio dos seus 
representantes. 
 ―Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes 
eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição‖ (art.1º, parágrafo único 
da CF). 
Tendo em vista que o Poder Legislativo, Executivo e Judiciário são poderes 
constituídos, podemos concluir que existe um poder maior que os constituiu 
isto, o Poder Constituinte. Assim, a Constituição Federal é fruto de um poder 
distinto daqueles que ela institui. 
Espécies de Poder Constituinte: 
A) Poder Constituinte Originário: 
 Histórico 
 Revolucionário 
B) Poder Constituinte Derivado: 
 Reformador 
 Decorrente 
 
 
 Revisor 
A)Poder Constituinte Originário: 
Também é denominado de poder inicial, genuíno, poder de 1º grau ou poder 
inaugural. É aquele capaz de estabelecer uma nova ordem constitucional, isto 
é, de dar conformação nova ao Estado, rompendo com a ordem constitucional 
anterior. O objetivo fundamental do Poder Constituinte Originário é criar um 
Estado novo, diverso de que vigorava em decorrência da manifestação do 
poder constituinte precedente. 
O Poder Constituinte Originário tem por característica ser: 
 Inicial - pois, instaura uma nova ordem jurídica, rompendo, por 
completo com a ordem jurídica anterior; 
 Ilimitado - pois, não tem que respeitar os limites postos pelo direito 
anterior; 
 Autônomo - visto que a nova estruturação da nova constituição será 
determinada autonomamente, por quem exerce o poder 
constituinte originário; 
 Incondicionado - porque não tem que submeter-se à formas pré-
fixadas de manifestação. 
O Poder Constituinte Originário classifica-se como: 
 Poder Constituinte Originário Histórico: É aquele capaz de editar a 
primeira Constituição do Estado, isto é, de estruturar pela primeira vez 
o Estado. 
 Poder Constituinte Originário Revolucionário: São todos aqueles 
posteriores ao histórico, que rompem com a ordem constitucional 
anterior e instauram uma nova. 
B)Poder Constituinte Derivado: 
Também é denominado de poder instituído, constituído, secundário ou poder 
de 2º grau. Como o próprio nome sugere, o poder constituinte derivado é 
 
 
criado e instituído pelo originário e, sendo assim, está inserido na própria 
constituição federal. 
O poder constituinte derivado tem por característica ser: 
 Derivado- porque retira sua força do poderconstituinte originário; 
 Subordinado- porque se encontra limitado pelas normas expressas e 
implícitas do texto constitucional, às quais não poderá contrariar sob 
pena de inconstitucionalidade. 
 Condicionado- porque seu exercício deve segui as regras previamente 
estabelecidas no texto da Constituição Federal. 
O Poder Constituinte Derivado subdivide-se em: 
a) Poder Constituinte Derivado Reformador: 
O poder constituinte reformador, chamado por alguns de competência 
reformadora, tem capacidade de modificar a Constituição federal, por meio de 
um procedimento especifico estabelecido pelo originário, sem que haja uma 
verdadeira revolução. A manifestação do poder constituinte reformador 
verifica-se através das emendas constitucionais (Arts.59,I e 60 da CF/88); 
b)Poder Constituinte Derivado Decorrente: 
Também foi criado pelo poder constituinte originário. É o poder de que foram 
investidos os estados-membros para elaborar a sua própria constituição 
(capacidade de auto-organização). 
Os Estados são autônomos uma vez que possuem capacidade de: 
• Auto-organização; 
• Autogoverno; 
• Auto administração e auto legislação. 
Mas não são soberanos, pois devem observar a Constituição Federal. ―Os 
Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, 
 
 
observados os princípios desta Constituição‖ (art. 25 da CF). Desta forma, o 
poder constituinte decorrente também encontra limitações. 
O exercício do poder constituinte decorrente foi conferido às Assembleias 
legislativas. ―Cada AssembleiaLegislativa, com poderes constituintes, elaborará 
a Constituição do Estado, no prazo de um ano, contando da promulgação da 
Constituição Federal, obedecidos os princípios desta‖ (art. 11 dos ADCT). 
É importante lembrar que também há o poder reformador para as 
Constituições Estaduais. Estas são alteradas pela Assembleia legislativa, 
através de emendas. 
 Discussão sobre a existência de poder constituinte decorrente nos 
Municípios e Distrito Federal: 
Municípios: A CF/88 concedeu a capacidade de auto-organização aos 
Municípios, ou seja, possibilitou que cada Município tivesse a sua própria Lei 
Orgânica e que esta seria submissa à Constituição Estadual e à Constituição 
Federal. 
Antes de 88, os Municípios de determinado Estado eram regidos por uma 
única Lei orgânica estadual. 
Os Municípios são autônomos, uma vez que possuem capacidade de auto-
organização, autogoverno, auto administração e auto legislação. ―Promulgada 
a Constituição do Estado, caberá à Câmara Municipal, no prazo de seis meses, 
votar a lei orgânica respectiva, em dois turnos de discussão e votação, 
respeitando o disposto na Constituição Federal e na Constituição Estadual‖ 
(art. 11, parágrafo único dos ADCT). 
Como se pode observar, o respeito ao seu conteúdo dar-se-á tanto em relação 
à Constituição estadual como à Federal, obedecendo, desta feita, há dois graus 
de imposição legislativa constitucional. Em virtude disso e trazendo á baila 
entendimento jurisprudencial emanado pelo TJSP, os autores concluem que ―o 
poder constituinte decorrente, conferido aos Estados - membros da Federação, 
não foi estendido aos municípios‖. 
 
 
Distrito Federal: Também é autônomo, uma vez que possui capacidade de 
auto-organização, autogoverno, auto administração e auto legislação. O 
Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger-se-á por Lei 
Orgânica, votada em dois turnos, com interstício mínimo de 10 dias e 
aprovada por 2/3 dos membros da Câmara Legislativa, que a promulgará, 
atendidos os princípios estabelecidos na Constituição Federal (art. 32 da CF). 
Desta forma, muito embora a posição particular ocupada pelo DF na 
Federação, já que sua autonomia é parcialmente tutelada pela União (arts. 
21,XIII e XIV, e 22, XVII), além de acumular competências legislativas 
reservadas tanto aos Estados como aos Municípios (art.32,§1º), a vinculação da 
lei orgânica será diretamente com a CF. 
Assim, na medida em que a derivação é direta em relação á CF, no âmbito do 
Distrito federal, verifica-se a manifestação do poder constituinte derivado 
decorrente, qual seja, a competência que o DF tem para elaborar sua lei 
orgânica (verdadeira constituição distrital) sujeitando-se aos mesmos limites, 
já apontados para os Estados - membros e assim, aplicando-se por analogia, o 
art. 11 do ADCT. 
a) Poder Constituinte Derivado Revisor: 
Também chamado de poder anômalo de revisão ou revisão constitucional 
anômala ou competência de revisão. Foi estabelecida com o intuito de adequar 
a Constituição à realidade que a sociedade apontasse como necessária. 
 O artigo 3º dos ADCT estabeleceu que a revisão constitucional fosse realizada 
após cinco anos, contados da promulgação da Constituição, pelo voto da 
maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral. 
O procedimento anômalo é mais flexível que o ordinário, pois neste segundo 
exige-se sessão bicameral e 3/5 dos votos. 
ANALISE: 
1-O poder de modificar o texto originário da Constituição advém do exercício 
do poder constituinte reformador e do revisor, os quais podem ser 
 
 
manifestados a qualquer tempo, mediante o voto de três quintos de cada casa 
do Congresso Nacional, em dois turnos de votação. 
2-A substituição da União, dos estados, do Distrito Federal (DF) e dos 
municípios por um único ente central somente seria possível por um poder 
constituinte originário. 
3-Cabe emenda à Constituição Federal de 1988 (CF) mediante proposta de 
mais da metade das assembleias legislativas das unidades da Federação, 
manifestando-se, cada uma delas, pela maioria absoluta de seus membros. 
4-O poder constituinte derivado decorrente consiste na possibilidade que os 
estados-membros têm, em virtude de sua autonomia político-administrativa, 
de se auto organizarem por meio das respectivas constituições estaduais, 
sempre respeitando as regras estabelecidas pela CF. 
5-O poder de reforma é criado pelo poder constituinte originário e se 
confunde com ele ao estabelecer o procedimento a ser seguido para as 
alterações constitucionais e as limitações a serem observadas. 
6- O poder de reforma inclui tanto o poder de emenda como o poder de 
revisão do texto constitucional. 
7- O poder de reforma recebe, doutrinariamente, as mais diferentes 
denominações, sendo seus sinônimos as expressões poder constituinte 
derivado ou poder constituinte de segundo grau. 
8-Pode ser objeto de emenda constitucional a proposta tendente a abolir o 
direito de petição aos poderes públicos ou a obtenção de certidões em 
repartições públicas. 
9-O poder constituinte derivado, ou de revisão ou reforma, caracteriza-se por 
ser inicial, autônomo e incondicionado, corporificando-se por meio de 
instrumento denominado emenda constitucional. 
O PREÂMBULO DA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1988: 
 
 
PREÂMBULO CONSTITUCIONAL * 
"Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional 
Constituinte para instituir um Estado democrático, destinado a assegurar o 
exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-
estar; o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de 
uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia 
social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução 
pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte 
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.‖ 
O preâmbulo de uma Constituição pode ser definido como: 
a) Documento de intenções do diploma. 
b) Certidão de origem e legitimidade do novo texto. 
c) Proclamação de princípios. 
Demonstrando:a) A ruptura com o ordenamento constitucional anterior. 
b) O surgimento jurídico de um novo Estado. 
É de tradição em nosso Direito Constitucional e nele deve constar os 
antecedentes e enquadramento histórico da Constituição, bem como suas 
justificativas e seus grandes objetivos e finalidades. 
O preâmbulo, por não ser norma constitucional: 
a) Não poderá prevalecer contra texto expresso da Constituição Federal. 
b) Não poderá ser paradigma comparativo para declaração de 
inconstitucionalidade. 
Por traçar as diretrizes políticas, filosóficas e ideológicas da Constituição, será 
uma de suas linhas mestras interpretativas. 
 
 
PAPEL DO PREÂMBULO NA INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL 
Aceitando-se o preâmbulo como parte integrante da constituição, dela não se 
distinguindo nem pela origem, sentido ou conteúdo, tendo em vista que ele 
derivou da mesma manifestação constituinte originária que aprovou as outras 
normas constitucionais, então o preâmbulo servirá para efeitos de 
interpretação, pois, através dele, sentiremos a influência dos seus princípios 
sobre o restante das disposições que compõem a constituição. 
A natureza jurídica do preâmbulo constitucional 
―o preâmbulo deve sintetizar sumariamente os grandes fins da Constituição, 
servindo de fonte interpretativa para dissipar as obscuridades das questões 
práticas e de rumo para a atividade política do governo.‖ 
Questões: 
1- Em relação ao Poder Constituinte dos Estados-membros, o preâmbulo da 
Constituição Federal deve ser repetido, inclusive a invocação a Deus, pois 
trata-se de norma de reprodução obrigatória. 
2- (MP/GO 2010) 047 - O preâmbulo é o pórtico da Constituição e revela a 
síntese do pensamento do legislador constituinte. Acerca de sua natureza 
jurídica, marque a resposta correta: 
a) Para o STF o preâmbulo constitucional deve ser contado como norma 
constitucional, integrando o articulado constitucional, possuindo eficácia 
jurídica plena. 
b) O preâmbulo na CF/88 é dotado de força normativa cogente, fazendo parte 
da declaração de direitos e, por isso, tomado como cláusula pétrea. 
c) O preâmbulo, por expressa disposição constitucional, tem como finalidade a 
resolução das chamadas lacunas ocultas, que são aquelas decorrentes de erro 
do Poder Constituinte ou de desatualização da Constituição. 
 
 
d) Para o STF o preâmbulo constitucional situa-se no domínio da política e 
reflete a posição ideológica do constituinte. Logo, não contém relevância 
jurídica, não tem força normativa, sendo mero vetor interpretativo das normas 
constitucionais, não servindo como parâmetro para o controle de 
constitucionalidade. 
TÍTULO I DA CRFB 
Dos Princípios Fundamentais 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos 
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático 
de Direito e tem como fundamentos: 
I - a soberania; 
II - a cidadania; 
III - a dignidade da pessoa humana; 
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
V - o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o 
exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta 
Constituição. 
Parágrafo único. ―Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de 
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. 
Fundamentos são os alicerces, as bases ideológicas sobre as quais está 
construída a República Federativa do Brasil. São eles: 
Soberania Um poder político supremo e independente, entendendo-se por 
supremo aquele que não está limitado por nenhum outro na ordem interna e 
por poder independente aquele que, na sociedade internacional, não tem de 
acatar regras que não sejam voluntariamente aceites e está em pé de igualdade 
com os poderes supremos dos outros povos. 
 
 
É a capacidade de editar suas próprias normas, sua própria ordem jurídica, de 
tal modo que qualquer regra heterônoma só possa valer nos casos e nos 
termos admitidos pela própria Constituição. A Constituição traz a forma de 
soberania popular no art. 14. 
Com relação aos indivíduos, as normas sociais são sempre heterônomas, pois 
elas são impostas. Não se trata sequer de uma adesão voluntária a um sistema 
normativo predeterminado, pois a comunidade impõem suas normas tanto a 
quem as aceita espontaneamente quanto a quem as recusa. Nessa medida, 
com relação à sociedade, o direito é um conjunto de regras autônomas, pois 
cada grupo social determina as suas próprias regras jurídicas. Porém, as 
pessoas que integram as sociedades não têm liberdade para escolher as 
normas jurídicas às quais estão submetidas, pois as regras válidas em uma 
dada comunidade são impostas a todos os seus membros, independentemente 
de sua concordância. 
Cidadania é o status da nacionalidade brasileira acrescido dos direitos 
políticos, isto é, do direito de participar do processo político como candidato 
aos cargos do governo ou como eleitor dos governantes. A própria 
Constituição prevê os poucos casos em que acontecem a perda e a suspensão 
dos direitos políticos. 
Dignidade da pessoa humana: o Brasil é estruturado com base na consciência 
de que o valor da pessoa humana, enquanto ser humano é insuperável. Em 
vários artigos a Constituição mostra como pretende assegurar o respeito à 
condição de dignidade do ser humano, como por exemplo, no art. 5º, III, onde 
se lê que ninguém será submetido à tortura ou a tratamento desumano ou 
degradante, ou no art. 6º, onde se encontra uma lista de direitos sociais como 
educação, saúde, alimentação, trabalho, moradia, lazer, segurança, previdência 
social, proteção à maternidade e à infância e assistência aos desamparados. 
Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa: são todos os direitos que 
possibilitam que o exercício das profissões seja realizado com dignidade, entre 
eles, obrigação de uma remuneração justa e condições mínimas para o 
desenvolvimento e a sobrevivência da atividade. A Constituição Federal trata 
 
 
do assunto nos artigos 6º ao 11º, em especial, e em outros artigos dispersos 
em seu corpo. 
Como salienta Paolo Barile, a garantia de proteção ao trabalho não engloba 
somente o trabalhador subordinado, mas também aquele autônomo e o 
empregador, enquanto empreendedor do crescimento do país. 
Pluralismo político: Demonstra a preocupação do legislador constituinte em 
afirmar-se a ampla e livre participação popular nos destinos políticos do país, 
garantindo a liberdade de convicção filosófica e política e, também, 
apossibilidade de organização e participação em partidos políticos. 
O Estado Democrático de Direito, que significa a exigência de reger-se por 
normas democráticas, com eleições livres, periódicas e pelo povo, bem como o 
respeito das autoridades públicas aos direitos e garantias fundamentais, 
proclamando o caput do artigo, adotou, igualmente, no seu parágrafo único, o 
denominado princípio democrático, ao afirmar que ―todo poder emana do 
povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos 
termos desta Constituição‖. 
Questões: 
1- A soberania popular é exercida, em regra, por meio da democracia 
representativa. A Constituição Federal brasileira consagra, também, a 
democracia participativa ao prever instrumentos de participação intensa 
e efetiva do cidadão nas decisões governamentais. 
2- A dignidade da pessoa humana, um dos fundamentos da República 
Federativa do Brasil, apresenta-se como direito de proteção individual 
em relação ao Estado e aos demais indivíduos e como dever 
fundamental de tratamento igualitário dos próprios semelhantes. 
3- De acordo com o princípio federativo adotadono Brasil, os estados-
membros possuem autonomia administrativa e política, sendo vedado a 
eles o direito de secessão. 
4- O povo exerce sua participação direta no poder por intermédio do voto, 
ao eleger os deputados federais, estaduais, distritais e vereadores. 
 
 
5- A forma federativa de estado, caracterizada pela divisão territorial do 
poder, foi gravada na CF como cláusula pétrea. 
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o 
Legislativo, o Executivo e o Judiciário. 
O Poder é Soberano, dividindo – se, apenas, nas funções Legislativa, Judiciária 
e Executiva. Este sistema criou mecanismos de controle recíproco, sempre 
como garantia de perpetuidade do Estado Democrático de Direito. 
Desta forma, ao afirmar que os Poderes são independentes e harmônicos, o 
texto constitucional consagrou, respectivamente, as teorias da ―Separação dos 
Poderes‖ e o sistema de ―Freios e Contrapesos‖. 
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: 
 I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; 
 II - garantir o desenvolvimento nacional; 
 III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades 
sociais e regionais; 
 IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, 
cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. 
Construir uma sociedade livre, justa e solidária é uma criação de origem 
francesa (libertè, igualitè, fraternitè). O termo ―livre‖ nos remonta aos direitos 
de 1ª geração, os direitos de liberdade; o termo ―justa‖ tem ligação com a 
igualdade, que é o postulado dos direitos de 2ª geração; e a solidariedade é 
vinculada à fraternidade, que é o fundamento dos direitos de 3° geração. 
Garantir o desenvolvimento nacional tem relação primariamente econômica, no 
sentido de engrandecer o país para que o mesmo seja um polo industrial, 
comercial, tecnológico e financeiro. 
Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e 
regionais tem relação com o âmbito interno, com o país relacionado a sim 
 
 
mesmo. Isso quer dizer que a República deve erradicar (destruir, desfazer, 
anular) a pobreza e a marginalização (mesmo que seja utópico, deve-se 
buscar) e reduzir (diminuir, minimizar) desigualdades. Temos um país de 
dimensões continentais, e cada estado-membro tem o tamanho de alguns 
países europeus. Reduzir as desigualdades sociais (ricos X pobres) e regionais 
(seca nordestina, enchentes em São Paulo, geadas no sul etc.) também é um 
―norte‖ a ser buscado pela República. 
Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade 
e quaisquer outras formas de discriminação. 
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações 
internacionais pelos seguintes princípios: 
 I - independência nacional; 
 II - prevalência dos direitos humanos; 
 III - autodeterminação dos povos; 
 IV - não intervenção; 
 V - igualdade entre os Estados; 
 VI - defesa da paz; 
 VII - solução pacífica dos conflitos; 
 VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; 
 IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; 
 X - concessão de asilo político. 
 Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração 
econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à 
formação de uma comunidade latino-americana de nações. 
Exercícios: 
 
 
1- É incorreto afirmar que a República Federativa do Brasil tem como 
fundamento: 
a) o pluralismo político; 
b) a cidadania; 
c) a separação dos Poderes; 
d) os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
e) a soberania. 
2- Acerca dos princípios fundamentais e direitos individuais, julgue oitem à 
seguir: 
-Outorgada por uma Assembleia Constituinte, a Constituição Federal de 1988 
(CF) é também classificada como escrita, formal, analítica, dogmática e rígida. 
3- A República, Federação e Presidencialismo são, para a Constituição de 
1988, respectivamente: 
a) Forma de Governo, Forma de Estado, Sistema de Governo, 
b) Forma de Estado, Sistema de Governo, Regime de Governo. 
c) Sistema de Governo, Regime de Governo, Forma de Estado Forma de Estado, 
Regime de Governo, Sistema de Governo. 
d) Forma de Estado, Regime de Governo, Sistema de Governo. 
e) Sistema de Governo, Forma de Estado, Sistema de Estado. 
4- O Estado Federativo tem como características principais: 
a) Eletividade dos mandatários e temporalidade dos mandatos. 
b) Soberania e autonomia dos entes federados. 
c) Divisão de competências entre os entes federados e participação dos 
Estados-membros nas decisões nacionais. 
 
 
d) Representatividade dos mandatários e soberania popular. 
e) Relação rígida entre o Poder Executivo e o Poder Legislativo 
5- O Governo Republicano tem como traços distintivos: 
a) O acesso do povo ao poder. 
b) A divisão de competências entre as entidades federativas. 
c) A eletividade dos mandatários e a transitoriedade dos mandatos eletivos. 
d) A vitaliciedade e a hereditariedade. 
e) A centralização das decisões políticas e administrativas. 
6-São fundamentos da República Federativa do Brasil: 
a) A soberania, a autodeterminação dos povos, a cidadania, a igualdade entre 
os Estados. 
b) A cidadania, a dignidade da pessoa humana, a solução pacífica dos 
conflitos, a soberania. 
c) A soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais 
do trabalho e a livre iniciativa e o pluralismo político. 
d) A soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais 
do trabalho e a livre iniciativa e o pluripartidarismo. 
e) Todas as respostas anteriores estão corretas. 
7- O plebiscito realizado no dia 21 de abril de 1993 teve como assunto: 
a) Forma de Estado e Forma de Governo. 
b) Forma de Governo e Sistema de Governo. 
c) Regime de Governo e Regime Político. 
d) Forma de Governo e Forma de Estado. 
 
 
e) Regime Político e Sistema de Estado. 
8- A Constituição Federal de 1988, pode ser classificada como: 
a) formal, escrita, flexível, promulgada e analítica. 
b) Sintética, promulgada, rígida e dogmática. 
c) Formal, rígida, analítica e histórica. 
d) Formal, escrita, dogmática, democrática, rígida e analítica. 
e) Material, consuetudinária, semi-flexível e analítica. 
TITULO II-DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 
DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 
A CF/88, em seu Título II, classifica o gênero direitos e garantias fundamentais 
em 5 grupos à saber: 
Classificação dos direitos fundamentais: 
1 - direitos individuais e coletivos (art. 5º); 
2 - direitos sociais (arts. 6º à 11 e 193 e ss.); 
3 - direitos à nacionalidade (arts. 12 e 13); 
4 - direitos políticos (arts. 14 a 16); 
5 – partidos políticos (art. 17). 
Evolução dos Direitos Fundamentais (―gerações‖ ou ―dimensões‖ de direitos) 
Direitos Fundamentais de 1ª dimensão: 
 A primeira dimensão se traduz na expressão da liberdade. Esta versa 
sobre direitos civis e políticos de todo o cidadão em relação ao Estado. 
Dá-se a conotação de liberdade perante o Estado. É de onde a ordem 
política liberal se vincula diretamente à primeira dimensão dos direitos 
 
 
fundamentais, traduzindo: os direitos civis e políticos incluindo a livre 
iniciativa e a igual representação política.Conforme anota Bonavides, ―os 
direitos de primeira geração ou direitos de liberdades têm por titular o 
indivíduo, são oponíveis ao Estado, traduzem-se como faculdades ou 
atributos da pessoa e ostentam uma subjetividade que é seu traço mais 
característico;enfim, são direitos de resistência ou de oposição perante 
o Estado‖.É neste sentido que surge o Estado de Direito na versão 
liberal, onde imputa impor limites jurídicos ao poder do Estado. É neste 
sentido que as liberdades individuais e garantias dadas pela 
constituição nulificam as intervenções do Estado de maneira arbitrária e 
desmedida.Dentro desta dimensão destacamos como principais direitos: 
à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade perante a lei, à igualdade 
no que tange às garantias processuais e a participação política. 
Direitos Fundamentais de 2ª dimensão: 
 Certo da evolução dos direitos fundamentais, vislumbramos a fase, ou 
melhor, a dimensão de ações prestacionais do Estado. Nasce nesta 
dimensão a preocupação com a dignidade da pessoa humana, sem 
deixar de lado as conquistas trazidas pela democracia liberal. A 
segunda dimensão dos direitos fundamentais está ligada na 
participação direta do Estado na ascensão social do cidadão, isto 
ocorreu de modo inicial com a constituição mexicana de 1917 e em 
especial a da República de Weimar, na Alemanha em 1919. Estas 
constituições incorporaram os direitos sociais, trabalhistas, culturais e 
econômicos na oferta dos direitos fundamentais.Estes direitos 
representam a esperança da justiça social, e de uma vida mais digna do 
ser humano na sociedade em que participa aliada na idéia de uma 
justiça distributiva e no reconhecimento de direitos dos 
hipossuficientes, em busca de uma igualdade material.Podemos citar 
como exemplo em nossa constituição, os artigos 193 a 203, no que se 
refere à ordem social. Estão inscritos nestes artigos os direitos relativos 
à seguridade social, quem englobam a saúde, previdência e a 
assistência social. 
 
 
 
 
Direitos fundamentais de 3ª dimensão: 
 Então, passadas as duas dimensões iniciais dos direitos fundamentais, 
em inspiração aos ideais da liberdade e igualdade, entramos no 
momento da terceira dimensão dos direitos fundamentais, a que se 
refere aos direitos da fraternidade e de solidariedade. Estes direitos 
transcendem o homem-indivíduo para atingir outros grupos da 
sociedade como, por exemplo: a família, a nação, etc.Estes direitos são 
classificados como direitos coletivos ou difusos. É tido como exemplo 
nos dias atuais, o Código de Defesa do Consumidor, Lei 8078/90, onde 
nesta lei, se reconhece a vulnerabilidade do consumidor face ao 
fornecedor, além de verificar e apontar instrumentos de defesa e 
proteção à parte hipossuficiente da relação de consumo, o consumidor 
(Art. 4, I, CDC).Sendo assim, podemos pautar o direito ao meio 
ambiente sadio, o direito do consumidor, o direito ao desenvolvimento 
econômico sustentável, o patrimônio comum da humanidade, o direito a 
paz, dentre outros desta linha, como fundamentais de terceira 
dimensão. 
Direitos fundamentais de 4ª dimensão: 
 Segundo orientação de Norberto Bobbio, referida geração de direitos 
decorreria dos avanços no campo da engenharia genética, ao colocarem 
em risco a própria existência humana, por meio de manipulação do 
patrimônio genético. Por outro lado, BONAVIDES afirma que são direitos 
de quarta geração o direito à democracia, o direito à informação e o 
direito ao pluralismo. Pois deles depende a concretização da sociedade 
aberta do futuro, em sua dimensão de máxima universalidade, para a 
qual parece o mundo inclinar-se no plano de todas as relações de 
convivência. 
Direitos fundamentais da 5ª dimensão: 
 
 
 O direito à paz foi classificado por KarelVasak como de 3ª 
dimensão.Contudo, Bonavides entende que o direito à paz deva ser 
tratado em dimensão autônoma, chegando a afirmar que a paz é 
axioma da democracia participativa, ou ainda, supremo direito da 
humanidade. 
 
I-DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS(art, 5º) 
―Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros 
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade nos 
termos seguintes:‖ 
 
 
 
FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS 
Conceito de direito individual: 
São os direitos fundamentais do homem-indivíduo, que são aqueles que 
reconhecem a autonomia aos particulares, garantindo a iniciativa e 
independência aos indivíduos diante dos demais membros da sociedade 
política e do próprio Estado. 
Destinatários dos direitos e garantias individuais: 
O art. 5º, caput, da CF/88 estabelece que todos são iguais perante a lei, sem 
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, 
à igualdade, à segurança e a propriedade, nos termos dos seus 78 incisos e 
 
 
parágrafos. Trata-se de um rol meramente exemplificativo, na medida em que 
os direitos e garantias expressos na Constituição não excluem outros 
decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados e 
convenções internacionais em que a República federativa do Brasil seja parte 
(§2º). 
Embora o texto do artigo garanta expressamente aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País o exercício de todos os direitos e garantias 
fundamentais, a interpretação aqui é sistemática e finalística além desta 
proteção ser realizada sem distinção de qualquer natureza. Assim, a proteção 
dos direitos fundamentais é reservada a todos os indivíduos, independente de 
sua nacionalidade ou situação no Brasil. 
A expressão residente no Brasil, segundo Alexandre Moraes, deve ser 
interpretada no sentido de que a Carta Federal só pode assegurar a validade e 
gozo de direitos fundamentais dentro do território brasileiro, não excluindo, 
assim, os estrangeiros em trânsito pelo território nacional. As pessoas jurídicas 
também são beneficiárias dos direitos e das garantias individuais, porque 
reconhece-se às associações o direito à existência. 
DIREITO À VIDA 
O mais fundamental de todos os direitos. Pré-requisito à existência e exercício 
de todos os demais direitos. 
As pessoas têm direito a permanecer vivas e a terem uma vida digna. O Estado 
é responsável pelo direito à vida em sua dupla acepção, ou seja, o direito a 
continuar vivo e o direito de se ter uma vida digna quanto à subsistência. 
O direito à vida diz respeito à própria existência da pessoa humana. A 
Constituição garante a existência digna de todo ser vivo, tendo o próprio 
nascituro seus direitos civis assegurados. Apenas excepcionalmente a 
legislação brasileira admite o fim da vida, por meio da pena de morte em 
estado de guerra declarada, das excludentes de ilicitude penal (legítima 
defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento do dever legal e exercício 
regular de direito e da autorização do aborto nos casos previstos no Código 
Penal). 
 
 
A Constituição proíbe qualquer mecanismo que possa resultar na solução não 
espontânea da vida. 
Assim, a pena de morte não pode ser institucionalizada juridicamente no país. 
A própria pena de morte em caso de guerra declarada está sujeita à condição 
de ser esta mesma guerra declarada pelo Presidente da República. 
De outra maneira a eutanásia e o aborto também são proibidos pelo texto 
constitucional. 
A eutanásia é o fato de uma pessoa — ou alguém por ele — em situação de 
agonia colocar fim à sua própria vida. 
Da mesma forma o aborto. 
Também é fundamental lembrar que os direitos individuais são considerados 
cláusulas pétreas pelo texto do art. 60, §4º, IV da Constituição Federal. 
Direito à existência: consiste no direito de estar vivo, de lutar pelo viver, de 
defender à própria vida, de permanecer vivo; é odireito de não ter 
interrompido o processo vital senão pela morte espontânea e inevitável; 
tentou-se incluir na Constituição o direito a uma existência digna. 
Direito à integridade física: a Constituição além de garantir o respeito à 
integridade física e moral (art. 5º, XLIX), declara que ninguém será submetido a 
tortura ou tratamento desumano ou degradante (art. 5º, III); a fim de dotar 
essas normas de eficácia, a Constituição preordena várias garantias penais 
apropriadas, como o dever de comunicar, imediatamente, ao juiz competente e 
à família ou pessoa indicada, a prisão de qualquer pessoa e o local onde se 
encontre; o dever da autoridade policial informar ao preso seus direitos; o 
direito do preso à identificação dos responsáveis por sua prisão e 
interrogatório policial. 
Direito à integridade moral: a Constituição realçou o valor da moral individual, 
tornando-a um bem indenizável (art. 5º, V e X); à integridade moral do direito 
assume feição de direito fundamental; por isso é que o Direito Penal tutela a 
honra contra a calúnia, a difamação e a injúria. 
 
 
Pena de morte: é vedada; só é admitida no caso de guerra externa declarada, 
nos exatos termos do art. 84, XIX (art. 5º, XLVII, a). 
Eutanásia: é vedado pela Constituição; o desinteresse do indivíduo pela própria 
vida não exclui esta da tutela; o Estado continua a protegê-la como valor social 
e este interesse superior torna inválido o consentimento do particular para que 
dela o privem. 
 
Aborto: a Constituição não enfrentou diretamente o tema, devendo o assunto 
ser decidido pela legislação ordinária, especialmente a penal. 
Tortura: prática expressamente condenada pelo inciso III do art. 5º, segundo o 
qual ninguém será submetido a tortura ou a tratamento desumano e 
degradante; a condenação é tão incisiva que o inciso XLIII determina que a lei 
considerará a prática de tortura crime inafiançável e insuscetível de graça, por 
ele respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-lo, se 
omitirem (Lei 9.455/97). 
DIREITO À PRIVACIDADE 
Conceito e conteúdo: A Constituição declara invioláveis a intimidade, a vida 
privada, a honra e a imagem das pessoas (art. 5º, X); portanto, erigiu, 
expressamente, esses valores humanos à condição de direito individual, 
considerando-o um direito conexo ao da vida. 
Intimidade: se caracteriza como a esfera secreta da vida do indivíduo na qual 
este tem o poder legal de evitar os demais; abrangendo nesse sentido à 
inviolabilidade do domicílio, o sigilo de correspondência e ao segredo 
profissional. 
Vida privada: a tutela constitucional visa proteger as pessoas de 2 atentados 
particulares: ao segredo da vida privada e à liberdade da vida privada. 
Honra e imagem das pessoas: o direito à preservação da honra e da imagem, 
não caracteriza propriamente um direito à privacidade e menos à intimidade; a 
 
 
CF reputa-os valores humanos distintos; a honra, a imagem constituem, pois, 
objeto de um direito, independente, da personalidade. 
Violação à privacidade e indenização: essa violação, em algumas hipóteses, já 
constitui ilícito penal; a CF foi explícita em assegurar ao lesado, direito à 
indenização por dano material ou moral decorrente da violação do direito à 
privacidade. 
DIREITO À IGUALDADE 
Introdução: as Constituições só tem reconhecido a igualdade no seu 
sentidojurídico-formal (perante a lei); a CF/88 abre o capítulo dos direitos 
individuais com o princípio que todos são iguais perante a lei, sem distinção 
de qualquer natureza; reforça o princípio com muitas outras normas sobre a 
igualdade ou buscando a equalização dos desiguais pela outorga de direitos 
sociaissubstanciais. 
Isonomia formal e isonomia material: isonomia formal é a igualdade perante a 
lei; a material são as regras que proíbem distinções fundadas em certos 
fatores; Ex: art. 7º, XXX e XXXI; a Constituição procura aproximar os 2 tipos de 
isonomia, na medida em que não de limitara ao simples enunciado da 
igualdade perante a lei; menciona também a igualdade entre homens e 
mulheres e acrescenta vedações a distinção de qualquer natureza e qualquer 
forma de discriminação. 
O sentido da expressão ―igualdade perante a lei‖: o princípio tem como 
destinatários tanto o legislador como os aplicadores da lei; significa para o 
legislador que, ao elaborar a lei, deve reger, com iguais disposições situações 
idênticas, e, reciprocamente, distinguir, na repartição de encargos e 
benefícios, as situações que sejam entre si distintas, de sorte aquinhoá-las ou 
gravá-las em proporção às suas diversidades; isso é que permite, à legislação, 
tutelar pessoas que se achem em posição econômica inferior, buscando 
realizar o princípio da equalização. 
Igualdade de homens e mulheres: essa igualdade já se contém na norma geral 
da igualdade perante a lei; também contemplada em todas as normas que 
 
 
vedam a discriminação de sexo (arts. 3º, IV, e 7º, XXX), sendo destacada no 
inciso I, do art. 5º que homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, 
nos termos desta Constituição; só valem as discriminações feitas pela própria 
Constituição e sempre em favor da mulher, por exemplo, a aposentadoria da 
mulher com menor tempo de serviço e de idade que o homem (arts. 40, III, e 
202, I a III). 
O princípio da igualdade jurisdicional: a igualdade jurisdicional ou igualdade 
perante o juiz decorre, pois, da igualdade perante a lei, como garantia 
constitucional indissoluvelmente ligada à democracia; apresenta-se sob 2 
prismas: como interdição do juiz de fazer distinção entre situações iguais, ao 
aplicar a lei; como interdição ao legislador de editar leis que possibilitem 
tratamento desigual a situações iguais ou tratamento igual a situações 
desiguais por parte da Justiça. 
Igualdade perante a tributação: o princípio da igualdade tributária relaciona-se 
com a justiça distributiva em matéria fiscal; diz respeito à repartição do ônus 
fiscal do modo mais justo possível; fora disso a igualdade será puramente 
formal. 
Igualdade perante a lei penal: essa igualdade deve significar que a mesma lei 
penal e seus sistemas de sanções hão de se aplicar a todos quanto pratiquem 
o fato típico nela definido como crime; devido aos fatores econômicos, as 
condições reais de desigualdade condicionam o tratamento desigual perante a 
lei penal, apesar do princípio da isonomia assegurado a todos pela 
Constituição (art. 5º). 
Igualdade ―sem distinção de qualquer natureza‖: além da base geral em que 
assenta o princípio da igualdade perante a lei, consistente no tratamento igual 
a situações iguais e tratamento desigual a situações desiguais, é vedado 
distinções de qualquer natureza; as discriminações são proibidas 
expressamente no art. 3º, IV, onde diz que:... promover o bem de todos, sem 
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade, e quaisquer outras formas de 
discriminação; proíbe também, diferença de salários, de exercício de funções e 
 
 
de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor, estado civil ou posse 
de deficiência (art. 7º, XXX e XXXI). 
O princípio da não discriminação e sua tutela penal: a Constituição traz 2 
dispositivos que fundamentam e exigem normas penais rigorosas contra 
discriminações; diz-se num deles que a lei punirá qualquer discriminação 
atentatória dos direitos e liberdades fundamentais, e outro, mais específico 
porque destaca a forma mais comum de discriminação, estabelecendo que a 
prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito a pena 
de reclusão, nos termos da lei. (art. 5º, XLI e XLII). 
Discriminações e inconstitucionalidade: são inconstitucionais as 
discriminaçõesnão autorizadas pela Constituição; há 2 formas de cometer 
essa inconstitucionalidade; uma consiste em outorgar benefício legítimo a 
pessoas ou grupos, discriminando-os favoravelmente em detrimento de outras 
pessoas ou grupos em igual situação; a outra forma revela-se em se impor 
obrigação, dever, ônus, sanção ou qualquer sacrifício a pessoas ou grupos de 
pessoas, discriminando-as em face de outros na mesma situação que, assim, 
permaneceram em condições mais favoráveis. 
DIREITO DE LIBERDADE 
O problema da Liberdade: a liberdade tem um caráter histórico, porque 
depende do poder do homem sobre a natureza, a sociedade, e sobre si mesmo 
em cada momento histórico; o conteúdo da liberdade se amplia com a 
evolução da humanidade; fortalece-se, à medida que a atividade humana se 
alarga. A liberdade opõe-se ao autoritarismo, à deformação da autoridade; 
não, porém, à autoridade legítima; o que é válido afirmar é que a liberdade 
consiste na ausência de coação anormal, ilegítima e imoral; daí se conclui que 
toda a lei que limita a liberdade precisa ser lei normal, moral e legítima, no 
sentido de que seja consentida por aqueles cuja liberdade restringe; como 
conceito podemos dizer que liberdade consiste na possibilidade de 
coordenação consciente dos meios necessários à realização da felicidade 
pessoal. O assinalado o aspecto histórico denota que a liberdade consiste num 
processo dinâmico de liberação do homem de vários obstáculos que se 
 
 
antepõem à realização de sua personalidade: obstáculos naturais, econômicos, 
sociais e políticos; é hoje função do Estado promover a liberação do homem de 
todos esses obstáculos, e é aqui que a autoridade e liberdade se ligam. O 
regime democrático é uma garantia geral da realização dos direitos humanos 
fundamentais; quanto mais o processo de democratização avança, mais o 
homem se vai libertando dos obstáculos que o constrangem, mais liberdade 
conquista. 
Liberdade e liberdades: liberdades, no plural, são formas de liberdade, que 
aqui, em função do Direito Constitucional positivo, distingue-se em cinco 
grupos: 
1) Liberdade da pessoa física; 
2) Liberdade de pensamento, com todas as suas liberdades; 
3) Liberdade de expressão coletiva; 
4) Liberdade de ação profissional; 
5) Liberdade de conteúdo econômico. 
Cabe considerar aquela que constitui a liberdade-matriz, que é a liberdade de 
ação em geral, que decorre do art. 5º, II, segundo o qual ninguém será 
obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. 
Liberdade da pessoa física: é a possibilidade jurídica que se reconhece a todas 
as pessoas de serem senhoras de sua própria vontade e de locomoverem-se 
desembaraçadamente dentro do território nacional; para nós as formas de 
expressão dessa liberdade se revelam apenas na liberdade de locomoção e na 
liberdade de circulação; mencionando também o problema da segurança, não 
como forma dessa liberdade em si, mas como forma de garantir a efetividade 
destas. 
Liberdade de pensamento: é o direito de exprimir, por qualquer forma, o que 
se pense em ciência, religião, arte, ou o que for; trata-se de liberdade de 
conteúdo intelectual e supõe contato com seus semelhantes; inclui as 
 
 
liberdades de opinião, de comunicação, de informação, religiosa, de expressão 
intelectual, artística e científica e direitos conexos, de expressão cultural e de 
transmissão e recepção do conhecimento. 
Liberdade de ação profissional: confere liberdade de escolha de trabalho, de 
ofício e de profissão, de acordo com as propensões de cada pessoa e na 
medida em que a sorte e o esforço próprio possam romper as barreiras que se 
antepõem à maioria do povo; a liberdade anunciada no acima (art. 5º, XIII), 
beneficia brasileiros e estrangeiros residentes, enquanto a acessibilidade à 
função pública sofre restrições de nacionalidade (arts. 12 § 3º, e 37, I e II); A 
Constituição ressalva, quanto à escolha e exercício de ofício ou profissão, que 
ela fica sujeita à observância das qualificações profissionais que a lei exigir, só 
podendo a lei federal definir as qualificações profissionais requeridas para o 
exercício das profissões. ( art. 22, XVI). 
DIREITOS COLETIVOS 
Direito à informação: o direito de informar, como aspecto da liberdade de 
manifestação de pensamento, revela-se um direito individual, mas já 
contaminado no sentido coletivo, em virtude das transformações dos meios de 
comunicação, que especialmente se concretiza pelos meios de comunicação 
social ou de massa; a CF acolhe essa distinção, no capítulo da comunicação 
(220 a 224), preordena a liberdade de informar completada com a liberdade de 
manifestação do pensamento (5º, IV). 
Direito de representação coletiva: estabelece que as entidades associativas, 
quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus 
filiados em juízo ou fora dele (art. 5º, XXI), legitimidade essa também 
reconhecida aos sindicatos em termos até mais amplos e precisos, in verbis: ao 
sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da 
categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas (art. 8, III). 
Direito de participação: distinguiremos 2 tipos; um é a participação direta dos 
cidadãos no processo político e decisório (arts. 14, I e II, e 61, § 2º); só se 
reputa coletivo porque só pode ser exercido por um número razoável de 
 
 
eleitores: uma coletividade, ainda que não organizada formalmente. Outro, é a 
participação orgânica, às vezes resvalando para uma forma de participação 
corporativa, é a participação prevista no art. 10 e a representação assegurada 
no art. 11, as quais aparecem entre os direitos sociais. Coletivo, de natureza 
comunitária não corporativa, é o direito de participação da comunidade (arts. 
194, VII e 198, III). 
Direito dos consumidores: estabelece que o Estado proverá, na forma da lei, a 
defesa do consumidor (art. 5º, XXXII), conjugando isso com a consideração do 
art. 170, V, que eleva a defesa do consumidor à condição de princípio da 
ordem econômica. 
Liberdade de reunião: está prevista no art. 5º, XVI; a liberdade de reunião está 
plena e eficazmente assegurada, não mais se exige lei que determine os casos 
em que será necessária a comunicação prévia à autoridade, bem como a 
designação, por esta, do local de reunião; nem se autoriza mais a autoridade a 
intervir para manter a ordem, cabendo apenas um aviso à autoridade que terá 
o dever, de ofício, de garantir a realização da reunião. 
Liberdade de associação: é reconhecida e garantida pelos incisos XVII a XXI do 
art. 5º; há duas restrições expressas à liberdade de associar-se: veda-se 
associação que não seja para fins lícitos ou de caráter paramilitar; e é aí que se 
encontra a sindicabilidade que autoriza a dissolução por via judicial; no mais 
têm as associações o direito de existir, permanecer, desenvolver-se e 
expandir-se livremente. 
DIREITO DE PROPRIEDADE 
Direito de Propriedade em Geral 
Fundamento constitucional: O regime jurídico da propriedade tem seu 
fundamento na Constituição; esta garante o direito de propriedade, desde que 
este atenda sua função social (art. 5º, XXII), sendo assim, não há como escapar 
ao sentido que só garante o direito de propriedade que atenda sua função 
social; a própria Constituição dá consequência a isso quando autoriza a 
 
 
desapropriação, como pagamento mediante título, de propriedade que não 
cumpra sua função social (arts. 182, § 4º, e 184); existem outras normas que 
interferem com a propriedade mediante provisões especiais (arts. 5º, XXIV à 
XXX, 170, II e III, 176, 177 e 178, 182, 183, 184, 185, 186, 191 e 222). 
Propriedade epropriedades: a Constituição consagra a tese de que a 
propriedade não constitui uma instituição única, mas várias instituições 
diferenciadas, em correlação com os diversos tipos de bens e de titulares, de 
onde ser cabível falar não em propriedade, mas em propriedades; ela foi 
explícita e precisa; garante o direito de propriedade em geral (art. 5º, XXII), 
mas distingue claramente a propriedade urbana (182, § 2º) e a propriedade 
rural (arts. 5º, XXIV, e 184, 185 e 186), com seus regimes jurídicos próprios. 
Propriedade pública: a Constituição a reconhece: - ao incluir entre os bens da 
União aqueles enumerados no art. 20 e, entre os dos Estados, os indicados no 
art. 26; - ao autorizar desapropriação, que consiste na transferência 
compulsória de bens privados para o domínio público; - ao facultar a 
exploração direta de atividade econômica pelo Estado (art. 173) e o monopólio 
(art. 177), que importam apropriação pública de bens de produção. *ver 
também os arts. 65 a 68 do CC; e 20 XI, e 231 da CF. 
PROPRIEDADES ESPECIAIS 
Propriedade autoral: consta no art. 5º, XXVII, que contém 2 normas: a primeira 
confere aos autores o direito exclusivo de utilizar, publicar e reproduzir suas 
obras; a segunda declara que esse direito é transmissível aos herdeiros pelo 
tempo que a lei fixar; o autor é, pois, titular dedireitos morais e de direitos 
patrimoniais sobre a obra intelectual que produzir; os direitos morais são 
inalienáveis e irrenunciáveis; mas, salvo os de natureza personalíssima, são 
transmissíveis por herança nos termos da lei; já os patrimoniais são alienáveis 
por ele ou por seus sucessores. 
Propriedade de inventos, de marcas e indústrias e de nome de empresas: seu 
enunciado e conteúdo denotam, quando a eficácia da norma fica dependendo 
de legislação ulterior: ―que a lei assegurará aos autores de inventos industriais 
 
 
privilégio temporário para sua utilização, bem como a proteção às criações 
industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros 
signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento 
tecnológico e econômico do País‖ (art. 5º, XXIX); a lei, hoje, é a de nº 9279/96, 
que substitui a Lei 5772/71. 
Propriedade-bem de família: segundo o inc. XXVI do art. 5º, a pequena 
propriedade rural, desde que trabalhada pela família, não será objeto de 
penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, 
dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento; possui o 
interesse de proteger um patrimônio necessário à manutenção e sobrevivência 
da família. 
Desapropriação: é a limitação que afeta o caráter perpétuo, porque é o meio 
pelo qual o Poder Público determina a transferência compulsória da 
propriedade particular especialmente para o seu patrimônio ou de seus 
delegados (arts. 5º XXIV, 182 e 184). 
O instituto da desapropriação encontra-se previsto na Constituição Federal, 
distribuídos em diversos artigos: 
O artigo 5º em seu inciso XXIV, por exemplo, trata desta questão: 
Artigo 5º,XXIV- a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por 
necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e 
prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta 
Constituição; 
Também o artigo, 182, §4º trata desta questão: 
 
Art. 182 - A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público 
municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar 
o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar 
de seus habitantes. 
 § 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para 
área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário 
do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu 
adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: 
 
 
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de 
emissão aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, 
em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da 
indenização e os juros legais. 
Importa ainda, citar o artigo 184 da Constituição Federal que trata da 
desapropriação para fins de reforma agrária: 
Art. 184 - Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de 
reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, 
mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula 
de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir 
do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei. 
E o artigo 243 da Constituição Federal que trata da questão do cultivo de 
culturas ilegais ou plantas psicotrópicas: 
 Art. 243 - As glebas de qualquer região do País onde forem localizadas 
culturas ilegais de plantas psicotrópicas serão imediatamente expropriadas e 
especificamente destinadas ao assentamento de colonos, para o cultivo de 
produtos alimentícios e medicamentosos, sem qualquer indenização ao 
proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. 
Parágrafo único - Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em 
decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins será confiscado e 
reverterá em benefício de instituições e pessoal especializados no tratamento e 
recuperação de viciados e no aparelhamento e custeio de atividades de 
fiscalização, controle, prevenção e repressão do crime de tráfico dessas 
substâncias. 
 
LIMITES À RETROATIVIDADE DA LEI (ART. 5º, XXXVI): 
Como regra, conferindo estabilidade às relações jurídicas, o constituinte 
originário dispôs que a lei não prejudicará: 
• Direito adquirido: direito que o seu titular, ou alguém por ele, possa 
exercer, como aquele cujo começo do exercício tenha termo prefixo, ou 
condição preestabelecida inalterável, a árbitro de outrem; 
• Ato jurídico perfeito: Ato já consumado segundo a lei vigente ao tempo 
em que se efetuou; 
 
 
• Coisa julgada: decisão judicial de que não caiba mais recurso. 
ANALISE: 
1-A propriedade poderá ser desapropriada por necessidade ou utilidade 
pública, ou por interesse social, mas sempre mediante justa e prévia 
indenização em dinheiro. 
2-O entendimento do direito constitucional relativo à casa apresenta maior 
amplitude que o do direito privado, de modo que bares, restaurantes e 
escritórios, por exemplo, são locais assegurados pelo direito à inviolabilidade 
de domicílio. 
3-O preceito constitucional que estabelece que ninguém é obrigado a fazer ou 
deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei veicula a noção genérica 
do princípio da legalidade. 
4-O ordenamento constitucional veda o envio compulsório de brasileiros ao 
exterior, que caracterizaria a pena de banimento, assim como proíbe a retirada 
coativa de estrangeiros do território nacional, que caracterizaria a pena de 
expulsão. 
5-A norma constitucional que estabelece que as associações só poderão ser 
compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão 
judicial exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado, tem aplicação 
imediata. 
6-As pessoas jurídicas também são beneficiárias dos direitos e das garantias 
individuais, desde que tais direitos sejam compatíveis com a sua natureza. 
7-A Constituição da República consagra a inviolabilidade do domicílio no 
sentido restrito do local, onde o indivíduo estabelece residência com o ânimo 
definitivo. Não está sujeito à proteção constitucional o consultório profissional 
de um cirurgião-dentista, que prescinde de mandado judicial para efeito de 
ingresso de agentes públicos para efetuarem uma busca e apreensão

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