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SISTEMA NERVOSO - Milena Sá e Bárbara Menezes Página 1 SISTEMA NERVOSO Milena Sá e Bárbara Menezes Células do sistema nervoso: NEURÔNIOS: responsáveis pelas funções de recepção e transmissão do impulso nervoso de e para o SNC. A maioria é constituída por corpo celular (soma), dendritos múltiplos e um único axônio. O corpo celular possui o citoplasma perinuclear, apesar da maior parte do citoplasma estar nos prolongamentos. Núcleo grande, em geral esférico ou ovoide, de localização central e é comum a presença de nucléolo bem definido. O pericárdio (citoplasma do soma) tem REG abundante e polirribossomos dispersos. Corpúsculos de Nissl são grumos de REG e polirribossomos empilhados corados com corantes básicos. REG ausente no cone de implantação do axônio. Possui abundante REL disperso por todo o citoplasma. Complexo de Golgi presente na região justanuclear, acredita-se que sejam responsáveis por empacotamento de substâncias neurotransmissoras. Numerosas mitocôndrias estão dispersos por todo o citoplasma do soma, dendritos e axônio. Grânulos de melanina são um tipo de inclusão encontrado no soma em alguma regiões do SNC, tendo função desconhecida e sendo acumulado, provavelmente, como subproduto da síntese de alguns neurotransmissores. A lipofucsina é um grânulo castanho-amarelado, de forma irregular, comum no citoplasma de neurônios de adultos mais idosos e acredita-se que seja remanescente da atividade enzimática dos lisossomos. . O citoesqueleto neuronal conta com neurofibrilas percorrendo todo o citoplasma do soma e dos prolongamentos. Composto por microtúbulos, neurofilamentos e microfilamentos. Dendritos recebem estímulos de outra célula nervosa. A maioria possui dendritos múltiplos, geralmente como um ramo único curto que se ramifica várias vezes em ramos cada vez menores. Possui organelas, menos complexo de Golgi (CG). Há mitocôndrias abundantes. Espinhas localizadas na superfície de alguns dendritos permitem formar sinapses com outros neurônios. Essas espinhas diminuem com a idade ou nutrição deficiente. Axônios transmitem impulso para outros neurônios, células musculares e glandulares. Não possui REG nem ribossomos, tendo poucas organelas. Origina-se do corpo celular no cone de implantação como prolongamento único, delgado, que se estende pelo corpo celular por distâncias maiores que as dos dendritos. Espessura está relacionada com velocidade de condução, maiores velocidades nos maiores diâmetros. A espessura é constate em cada tipo de neurônio. Cone de implantação não possui ribossomos nem REG e contem muitos microtubulos e neurofilamentos (regulação da espessura do axônio). Segmento do começo do axônio até bainha de mielina chama-se segmento inicial. A transmissão do impulso é muito mais rápida nos neurônio mielínicos que nos amielínicos. No transporte axonal, aquele que ocorre do soma para a porção terminal é o transporte anterógrado; sendo o sentido oposto chamado de transporte retrógrado. Esses transportes são cruciais para as relações tróficas dentro do axônio, para a relação entre neurônios e SISTEMA NERVOSO - Milena Sá e Bárbara Menezes Página 2 músculos e glândulas, distribui material necessário para a condução nervosa, síntese de neurotransmissores, garante manutenção geral do citoesqueleto. O anterógrado (quinesina ou cinesina) é usado para translocação de organelas, vesículas, macromoléculas, enzimas para síntese de neurotransmissores. No retrógrado (dineína), blocos de construção de proteínas, de neurofilamentos, subunidade de microtúbulos, materiais captados por endocitose retornam no axônio para o corpo celular. Classificação morfológica: 1. Bipolares: possuem dois prolongamentos que saem do soma – um dendrito e um axônio. Gânglios vestibulares, cocleares e epitélio olfativo. 2. Unipolares: somente um prolongamento sai do corpo celular, se dividindo em dendrito (arborizado) e axônio. Gânglios da raiz dorsal e alguns gânglios dos nervos cranianos. 3. Multipolares: mais comum, possuem vários arranjos em seus dendritos múltiplos e um único axônio. Presentes em todo o sistema nervoso e, em sua maioria, nos neurônios motores. Classificação funcional: 1. Sensitivos (aferentes): recebem informação sensitiva de suas terminações dendriticas e conduzem para o SNC, onde são processados. 2. Motores (eferentes): originam-se no SNC e conduzem impulsos para os músculos, glândulas e outros neurônios. 3. Interneurônios: localizados totalmente dentro do SNC, interligam e integram, estabelecendo redes de circuitos neuronais entre neurônios sensitivos e motores e outros interneurônios. Aumento de neurônios na evolução foi, em sua maioria, de interneurônios. Células da neuroglia. Astrócitos: são as maiores células da glia, sendo divididos em protoplasmáticos (substância cinzenta do SNC, prolongamentos curtos e mais numerosos) e fibrosos (substância branca do SNC, prolongamentos longos e menos numerosos). Possuem filamentos citoplasmáticos bem definidos constituídos pela proteína ácida fibrosa glial, exclusiva dos astrócitos. Os astrócitos agem capturando íons e restos metabólicos dos neurônios, tais como íons, atuam como tecido cicatricial, contribuem no metabolismo energético, reforçam a barreira hematoencefálica. Oligodendrócitos: menores, com menor número de prolongamentos que os astrócitos. Se localizam tanto na substância branca quanto na cinzenta do SNC, citoplasma denso, núcleo relativamente pequeno, REG abundante, mts ribossomos livres e mitocôndrios, CG bem desenvolvido. São responsáveis pela produção e manutenção da mielina em torno dos axônios do SNC. Um oligodendrócito pode envolver vários axônios. Micróglia: pequenas, escuras, assemelham-se levemente aos oligodendrócitos. Citoplasma escasso, núcleo oval a triangular, prolongamentos irregulares curtos. Espinhas também cobrem o corpo celular e seus prolongamentos. Funciona como fagócitos removendo SISTEMA NERVOSO - Milena Sá e Bárbara Menezes Página 3 fragmentos e estruturas lesadas do SNC. Quando ativadas, servem como apresentadoras de antígenos e secretam citocinas. Derivadas da medula óssea. Células Ependimárias: células epiteliais de colunares baixas a cuboides, que revestem os ventrículos encefálicos e o canal medular. Seu citoplasma contem abundantes mitocôndrios e feixes de filamentos intermediários. Em algumas regiões são ciliadas, o que facilita o movimento do líquido cefalorraquidiano (LCR). Células de Schwann: localizadas no SNP, onde envolvem os axônios. Podem formar coberturas mielínicas ou amielínicas sobre os axônios. São células achatadas, cujo citoplasma contém um núcleo achatado, pequeno CG e algumas mitocôndrias. A mielina é o plasmalema da célula de Schwann, formando a bainha enrolando várias vezes em torno do axônio. Ao longo da bainha, ocorrem interrupções, expondo o axônio em intervalos regulares, interrupções chamadas de nódulos de Ranvier. Cada nódulo representa uma interface entre as bainhas de mielina de duas células de Schwann diferentes localizadas ao longo de um axônio. Os axônios do SNP que estão envolvidos por uma única camada de membrana plasmática de células de Schwann e pelo seu citoplasma são chamados de amielínicos. Uma única célula de Schwann pode envolver vários neurônios amielínicos. GERAÇÃO E CONDUÇÃO DOS IMPULSOS NERVOSOS Neurotransmissores: São moléculas sinalizadoras que são liberadas ao nível das membranas pré-sinápticas e que ativam receptores nas membranas pós-sinápticas. Neuromoduladores ou Neuro-hormônios: atuam em receptores associados às proteínas G ou receptores do tipo quinases, que ativam um segundomensageiro (mais lentas). Já os neurotransmissores atuam em receptores diretamente associados aos canais iônicos, funcionando como primeiro mensageiro (mais rápidas). Três grupos de neurotransmissores (neuromoduladores): 1) Pequenas moléculas transmissoras (principais: acetilcolina; aminoácidos – glutamato, aspartato, glicina, e Gaba; aminas biogênicas – monoaminas: serotonina e catecolaminas: dopamina, noradrenalina e adrenalina), neuropeptídios (peptídeos opióides: encefalinas e endorfinas; peptídeos gastrointestinais; hormônios hipotalâmicos de liberação e de inibição; hormônios armazenados e liberados pela neurohipófise: hormônio antidiurético e ocitocina) e gases (óxido nítrico – NO e monóxido de carbono- CO). 2 e 3 geralmente são neuromoduladores. CORRELAÇÕES CLÍNICAS: Doença de Parkinson: relacionada à ausência de dopamina em algumas regiões do encéfalo, caracteriza-se pela rigidez muscular, tremor constante, bradicinesia (movimentos lentos) e, finalmente, uma face semelhante a uma máscara e dificuldade de realizar movimentos voluntários. SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO Nervos periféricos + Corpos celulares fora do SNC. SISTEMA NERVOSO - Milena Sá e Bárbara Menezes Página 4 Nervos periféricos: são feixes de fibras nervosas (axônios) localizados fora do SNC e envolvidos por vários envoltórios de tecido conjuntivo. Estes feixes apresentam componentes sensitivos e motores. Envoltórios de tecido conjuntivo: incluem o epineuro (é a camada mais externa, composto por tec. conj. denso não modelado, rico em fibras colágenas e contendo espessas fibras elásticas), perineuro (é a camada intermediária) e endoneuro (é a camada mais interna, é composto por tec. conj. frouxo; por uma camada de fibras reticulares – produzida pelas células de Schwann; fibroblastos, macrófagos. Está em contato com a lâmina basal das células de Schwann). Classificação funcional dos nervos: As fibras nervosas podem ser divididas em: fibras sensitivas (aferentes) e fibras motoras (eferentes). As raízes sensitivas e motoras da medula espinal se unem para formar os nervos espinais que contêm ambos os tipos de fibras. Velocidade da condução: A velocidade de condução das fibras nervosas periféricas depende da extensão da sua mielinização. Condução saltatória (fibras mielínicas): o potencial de ação salta de um nodo de Ranvier para outro. Condução contínua (fibras amielínicas – sem bainha de mielina e sem nodos): é mais lenta e requer mais energia. SISTEMA NERVOSO MOTOR SOMÁTICO E SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO São divisões do componente motor das fibras. O somático fornece impulsos motores aos músculos esqueléticos, enquanto que o autônomo fornece impulsos motores aos mm. lisos das vísceras, m. cardíaco, e as células secretoras. Componente motor do sistema nervoso somático: os corpos celulares dos neurônios do sistema nervoso somático localizam-se nos núcleos motores dos nervos cranianos incluídos no encéfalo, ou nos cornos ventrais da medula espinal. Estes neurônios são multipolares, e seus axônios deixam o encéfalo ou a medula espinal e se dirigem até os mm. esqueléticos através dos nervos cranianos ou espinais. Estabelecem sinapses através de placas motoras. Sistema nervoso autônomo: Ao contrário do anterior (um neurônio originado no SNC atua diretamente sobre o órgão efetor), possui dois neurônios entre o SNC e o órgão efetor. Fibras pré-ganglionares (mielínicas, saem do corpo celular no SNC até o gânglio autônomo) e fibras pós-ganglionares (amielínicas, saem do gânglio para terminarem em um órgão efetor). Subdividido em: sistema nervoso simpático e parassimpático. Sistema nervoso simpático: seu efeito é preparar o corpo para “luta-ou-fuga”, também conhecido por segmento toracolombar por originar-se dos segmentos da medula espinal torácica e da medula espinhal lombar superior (T1 a L2). Prepara o corpo para a ação através do aumento da respiração, da pressão sanguínea, da frequência cardíaca e do fluxo sanguíneo, dilatação das pupilas. Funciona na vasoconstrição Sistema nervoso parassimpático: seu efeito é preparar o corpo para “descansar ou digerir”, também conhecido como segmento craniossacral por originar-se no encéfalo e nos segmentos sacrais da medula (S2 a S4). É antagônico ao anterior. Funciona como secretomotor. Produz homeostase. SISTEMA NERVOSO - Milena Sá e Bárbara Menezes Página 5 Geralmente, as fibras pré-ganglionares do simpático são curtas e as pós são longas e o parassimpático é o contrário. GÂNGLIOS São agregados de corpos celulares de neurônios localizados fora do SNC. Gânglios sensitivos: abrigam os corpos celulares de neurônios (unipolares ou pseudo- unipolares) sensitivos. Estão associados aos nervos cranianos V, VII, IX e X e a cada um dos nervos espinais originados da medula espinal. É envolvido por uma delgada capsula de tecido conjuntivo composto por colágeno, contínua com o epineuro das raízes nervosas. Gânglios autônomos: alojam os corpos celulares de nervos autônomos pós-ganglionares. São motores na função porque causam a contração dos mm. liso e cardíaco ou a secreção glandular. SISTEMA NERVOSO CENTRAL Constituído pelo encéfalo e pela medula espinal, consiste em substância branca e cinzenta, sem elementos de tecido conjuntivo interpostos. A substância branca (abundância de mielina) é constituída por fibras nervosas mielínicas, juntamente com algumas fibras amielínicas e células neurogliais. Já a substância cinzenta (ausência de mielina) consiste em agregados de corpos celulares de neurônios, dendritos, e porções amielínicas dos axônios, bem como células neurogliais. A substância cinzenta no encéfalo está localizada na periferia (córtex), do cérebro e cerebelo, enquanto que a branca se encontra abaixo do córtex e ao redor dos gânglios da base. Na medula espinal é o inverso, a branca está localizada na periferia enquanto que a cinzenta está mais profundamente (letra H- H medular). Meninges: são as três coberturas de tecido conjuntivo do encéfalo e da medula espinal. Dura- máter (+ externa, + densa), aracnoide (intermediária) e pia-máter (+interna). Dura-máter: é um tec. conj. denso modelado constituído por duas camadas intimamente justapostas (dura-máter periosteal + dura-máter meníngea). A periosteal é mais externa e constituída por células osteoprogenitoras, fibroblastos, e feixes de fibras colágenas organizadas que estão frouxamente presas à superfície interna do crânio, exceto nas suturas e na base do crânio, onde a adesão é firme. Bem vascularizada. A meníngea é constituída por fibroblastos que apresentam citoplasma intensamente corado, prolongamentos alongados, núcleos ovoides, e camadas laminares de delgadas fibras colágenas. Esta camada também contém pequenos vasos sanguíneos. Uma camada de células internas à meníngea, chamada de camada de células limitantes, é constituída por fibroblastos achatados que apresentam longos prolongamentos que são ocasionalmente aderidos uns aos outros por desmossomas e junções do tipo gap. Ausência de fibras colágenas. SISTEMA NERVOSO - Milena Sá e Bárbara Menezes Página 6 A dura-máter espinal forma um tubo contínuo a partir do forame magno do osso occipital até o segundo segmento do sacro (não está aderida a coluna vertebral). O espaço epidural, o espaço entre a dura-máter e as paredes ósseas do canal vertebral, é preenchido por tec. adiposo unilocular epidural e por um plexo venoso. Aracnóide: é avascular, embora passem vasos através dela. Constituída por fibroblastos, colágeno e algumas fibras elásticas. Tem duas regiões: Porção membranosa – membrana achatada em contato com a dura-máter. Porção trabeculada: maisprofunda, composta por células trabeculares da aracnoide frouxamente arranjadas. Espaço subaracnóide: entre a porção membranosa e a pia- máter. Espaço subdural: interface entre a dura-máter e a aracnoide (aparece somente como consequência de hemorragia subdural, quando o sangue forçaa separação dessas duas camadas). A interface entre a aracnoide e a pia-máter é difícil de ser distinguida – chamadas de pia-aracnóide. Pia-máter: É altamente vascularizada e está em íntimo contato com o encéfalo e com a medula espinal. É composta por uma delgada camada de fibroblastos, delgadas fibras colágenas e fibras elásticas. É completamente separada do tecido nervoso subjacente pelas células neurogliais. CORRELAÇÕES CLÍNICAS: Meningiomas: são tumores de crescimento lento das meninges. Meningite: é uma inflação das meninges resultante da infecção bacteriana ou viral no LCR, pode levar a lesões no encéfalo, com perda de audição, perda de capacidade de aprendizado, e morte, se não tratada. Barreira Hematoencefálica: existe entre o sangue, que transporta substâncias específicas para o tecido nervoso do SNC, e este último. Esta barreira é estabelecida por células endoteliais que revestem os capilares contínuos que atravessam o SNC (devido sua presença, o trafico vesicular é praticamente restrito ao transporte mediado por receptores.). CORRELAÇÕES CLÍNICAS: esta barreira não permite a passagem de muitos antibióticos, drogas terapêuticas e certos neurotransmissores (ex: dopamina). Comprometê-la irá acumular toxinas e metabólitos estranhos no ambiente extracelular. Plexos coroides: Composto por pregas da pia-máter contendo tecido conjuntivo frouxo rico em capilares fenestrados e revestidas por um epitélio simples cúbico no interior dos ventrículos encefálicos. Produz mais da metade do líquido cérebro-espinal (LCE) ou líquor, que preenche os ventrículos encefálicos e o canal central da medula. O LCE banha o SNC à medida que ela circula através do espaço subaracnóide. Líquido cérebro-espinal: circula pelo espaço subaracnóide, pelo sistema perivascular e pelo canal central da medula. Tem baixo teor de proteínas, mas é rico em íons de sódio, potássio e cloreto. Importante para atividade metabólica do SNC e como amortecedor para a proteção do SNC. SISTEMA NERVOSO - Milena Sá e Bárbara Menezes Página 7 CORRELAÇÃO CLÍNICA: hidrocefalia – diminuição da absorção do LCE gerando um intumescimento do tecido encefálico que leva ao aumento da cabeça no feto, retardando as funções mentais e musculares e a morte. Córtex cerebral: é responsável pelas funções de aprendizado, memória, integração sensorial, análise das informações e iniciação das respostas motoras. É dividido em 6 camadas, a mais superficial encontra-se logo abaixo da pia-máter e a mais profunda é limitada pela s. branca do cérebro. (ver camadas p.220) Córtex cerebelar: é a camada de s. cinzenta localizada na periferia do cerebelo; é responsável pelo equilíbrio, pelo tônus muscular e pela coordenação muscular. É subdividido em três camadas (ver. 221).
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