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Capítulo 1 Conceitos Básicos de Estatística 
Estatística Básica José Carlos Saraiva 
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CAPÍTULO 1 
Conceitos Básicos de Estatística 
 
 
 
1.1 Introdução 
 
O que modernamente se conhece como Ciências Estatísticas, ou simplesmente Estatística, 
é um conjunto de técnicas e métodos de pesquisa que, entre outros tópicos envolve o planejamento 
do experimento a ser realizado, a coleta qualificada dos dados, a inferência, o processamento, a 
análise e a disseminação das informações. A Estatística tem por objetivo fornecer métodos e 
técnicas para lidarmos, racionalmente, com situações sujeitas a incertezas. 
 A palavra Estatística derivou-se de “Status” (Estado) e significava um conjunto de 
descrições e dados relativos ao Estado, representando assim, uma poderosa ferramenta para os 
administradores. 
 A História nos informa que cerca de 3000 anos AC, os babilônios, chineses e egípcios já 
realizavam processos de contagem com as populações (censos). O motivo principal que originava 
aqueles censos permanece até os dias atuais, a taxação de impostos. A Bíblia exemplifica 
levantamentos populacionais em Israel objetivando descobrir pessoas aptas para a guerra. Um dos 
levantamentos estatísticos mais completos que se tem notícia (considerando a época) foi realizado 
no século XI na Inglaterra por determinação de Guilherme “o conquistador”, no qual deveriam estar 
incluídas informações sobre terras, empregados, animais existentes, forma de uso da terra, entre 
outras, tudo para servir de base para o cálculo de impostos. 
 Na Idade Média colhiam-se informações, geralmente com finalidades tributárias ou bélicas. 
A partir do século XVI começaram a surgir as primeiras análises sistemáticas de fatos sociais, como 
batizados, casamentos e funerais. Por volta do século XVIII, as tabelas tornaram-se mais 
completas, surgiram as primeiras representações gráficas e o cálculo das probabilidades, e a 
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Estatística deixou de ser uma simples catalogação de dados numéricos para se tornar uma nova 
ciência. 
 
1.2 População ou Universo Estatístico 
 
O conjunto da totalidade dos indivíduos sobre o qual se faz uma inferência recebe o nome 
de população ou universo, isto é, população é o conjunto constituído por todas as unidades 
experimentais (ou observacionais) que apresentem pelo menos uma característica comum. 
Exemplo 1. População de discentes da UNIGRANRIO, cujos elementos são os alunos que 
estudam nessa universidade. 
Exemplo 2. População dos clientes atendidos pela transportadora São Mateus em 2010, cujos 
elementos são as os clientes atendidos por esta empresa. 
Exemplo 3. População de funcionários do sexo masculino com mais de 40 anos, motoristas e 
habilitados em categoria “E” na filial de Itaquaquecetuba - SP, cujos elementos são pessoas que se 
baseiam nesta localidade e com as características citadas acima. 
 
1.3 Amostra 
 
A amostra pode ser definida como um subconjunto, isto é, uma parte da população, através 
da qual se faz um juízo ou inferência sobre as características da população. 
 
Exemplo 4. Em um restaurante, não precisamos comer todos os tipos de carnes disponíveis, para 
conseguirmos chegar à conclusão de que a comida é de boa qualidade. 
 
Exemplo 5. Em uma cidade, basta analisarmos uma parte das pessoas para sabermos se nela 
existe uma epidemia. 
 
Exemplo 6. Em uma eleição, os institutos de pesquisa entrevistam uma parte dos eleitores para 
saber as intenções de votos. 
 
1.4 Variável 
 
Variável é, convencionalmente, o conjunto de resultados possíveis de um fenômeno. 
Tratando-se do conceito de variável, em Estatística, é possível distingui-la em duas categorias: 
 
 
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Qualitativa: quando seus valores são expressos por atributos. Podem ser nominais ou ordinais. 
1. Variáveis Nominais: Não existe uma ordenação dentre as categorias. 
Exemplo 7. Cor dos olhos (pretos, castanhos, azuis, etc.). 
 
2. Variáveis Ordinais: Existe uma ordenação entre as categorias. 
Exemplo 8. Classe social (alta, média ou baixa). 
 
Quantitativa: quando seus valores são expressos por números.Podem ser contínuas ou 
discretas. 
1. Variáveis Contínuas: Assumem valores em uma escala contínua, para quais valores 
fracionários fazem sentido. 
Exemplo 9. Peso corporal (75,8kg, 53,68kg, etc.). 
 
2. Variáveis Discretas: Assumem apenas valores inteiros. 
Exemplo 10. Número de filhos de um casal (1 filho, 2 filhos, 3 filhos, etc.). 
 
1.5 Apresentação dos Dados em Tabelas 
 
Tabela é um quadro que resume informações. Existem algumas normas do IBGE (Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística) para a construção de tabelas, as quais, em função dos 
objetivos práticos deste curso, não serão rigidamente seguidas das tabelas. Tendo-se em vista que 
a tabela deverá ser uma forma objetiva de se apresentar o comportamento de variáveis, o que se 
deve buscar são representações simples que possibilitem ao observador a compreensão do 
fenômeno em estudo1. Uma tabela deve apresentar a seguinte estrutura: 
 
• Título – deve conter o suficiente para que sejam respondidas as seguintes questões: O que 
está representando?, Onde ocorreu? e Quando ocorreu? 
 
• Corpo – é representado por linhas e colunas dentro dos quais serão registrados as 
informações e os dados numéricos. 
 
• Rodapé – é reservado para observações pertinentes a tabela, bem como para o registro e a 
identificação da fonte dos dados. 
 
 
1 Para o leitor que desejar se aprofundar no tema, consulte <http://www.ibge.gov.br>. 
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Séries Estatísticas: Denominamos série estatística a qualquer coleção de dados referentes a 
uma mesma ordem de classificação. As séries estatísticas são geralmente divididas em: séries 
temporais, séries geográficas e séries específicas. 
 
• Séries Temporais: Caracterizam-se por apresentar o tempo variável, mantendo-se fixos o 
local e a espécie. 
Exemplo 11. 
Tabela 1: Número de rotas de entrega realizadas pela Transportadora 
São Mateus (base Itaquaquecetuba – SP) no período Fev-Ago / 2010 
 
Meses Número de atendimentos 
Fev 1045 
Mar 2780 
Abr 2781 
Mai 2833 
Jun 2724 
Jul 447 
Ago 1853 
Total 14463 
 Fonte: Transportadora São Mateus. Dados fictícios. 
 
• Séries Geográficas: São aquelas em que o fator geográfico (local) varia, permanecendo 
fixos o tempo e a espécie.Exemplo 12. 
Tabela 2: Estabelecimentos de saúde existentes da Região Norte, 
segundo as Unidades da Federação - 2002 
 
Região Norte Número de Estabelecimentos 
Acre 345 
Amapá 221 
Amazonas 882 
Pará 2147 
Rondônia 764 
Roraima 242 
Tocantins 536 
Total 5137 
 Fonte: Anuário Estatístico do IBGE (2004): Diretoria de Pesquisas, Coordenação de 
 População e Indicadores Sociais, Pesquisa de Assistência Médico-Sanitária 1992/2002. 
 
• Séries Específicas: Têm por características variar o fator especificativo (fenômeno), 
enquanto permanecem fixos tempo e o local. 
 
Exemplo 13. 
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Tabela 3: Número de atendimentos, de acordo com o tipo de disfunção, 
 na Clínica-Escola de Fisioterapia da UNIGRANRIO, em Agosto / 2005 
 
Tipo de disfunção Número de atendimentos 
Músculo-Esquelético 1414 
Nervosa 375 
Respiratória 46 
Vascular 18 
Total 1853 
 Fonte: Clínica-Escola de Fisioterapia da UNIGRANRIO. Dados cedidos pelo Prof. 
 Paulo Cesar Cotecchia Salgueiro. 
 
1.6 Apresentação dos Dados em Gráficos 
 
Um gráfico estatístico é uma forma de apresentação dos dados estatísticos, cujo objetivo 
inicial é o de produzir em geral, uma interpretação mais rápida do fenômeno em estudo. A 
representação gráfica de um fenômeno deve obedecer a certos requisitos fundamentais: 
• Simplicidade – o gráfico deve ser destituído de detalhes de importância secundária, 
que possam levar o observador a uma análise errônea. 
• Clareza – o gráfico deve possibilitar uma correta interpretação dos valores 
representativos do fenômeno em estudo. 
• Veracidade – o gráfico deve sempre expressar a verdade sobre o fenômeno em 
estudo. 
 
Comentário: Os principais gráficos usados para a representação de uma série estatística são: 
gráfico em linhas, gráfico em barras verticais ou horizontais, gráfico em setores. A representação 
gráfica das séries estatísticas tem por finalidade principal representar os resultados obtidos, 
permitindo obter conclusões sobre a evolução do fenômeno ou sobre como se relacionam os 
valores da série. Não há uma maneira única de representar graficamente uma série estatística. A 
escolha do gráfico mais apropriado ficará a critério do analista. Contudo, os elementos simplicidade, 
clareza e veracidade devem ser considerados durante a elaboração de um gráfico. Os exemplos 
abaixo foram construídos com o auxílio do Microsoft Excel: 
 
 
 
 
 
 
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Exemplo 14. Gráfico em Linhas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Exemplo 15. Gráfico em Barras Horizontais 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Exemplo 16. Gráfico em Setores 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Número de atendimentos na Clínica-Escola da Unigranrio no 
período Fev-Ago / 2005
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago
Meses
N
úm
er
o
 
de
 
at
en
di
m
en
to
s
Fonte: Clínica-Escola de Fisioterapia da UNIGRANRIO 
Estabelecimentos de saúde existentes da Região Norte, 
segundo as Unidades da Federação - 2002
0 500 1000 1500 2000 2500
Tocantins
Roraima
Rondônia
Pará
Amazonas
Amapá
Acre
Es
ta
do
s 
da
 
R
eg
iã
o
 
No
rt
e
Estabelecimentos de saúde
Fonte: Anuário Estatístico do IBGE (2004) 
Número de atendimentos, de acordo com o tipo de disfunção, na 
Clínica-Escola de Fisioterapia da Unigranrio, em Agosto / 2005
Músculo-Esquelético
Nervosa
Respiratória
Vascular
Fonte: Clínica-Escola de Fisioterapia da UNIGRANRIO 
 
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1.7 Atividades 
Exercício 1. Procure na literatura ou na internet exemplos de tabelas e gráficos referentes a 
variáveis ligadas à área de Ciências Contábeis. 
 
Exercício 2. Em um levantamento no ano de 2005, na Clínica-Escola de Fisioterapia da 
UNIGRANRIO, com uma amostra de 54 pacientes, observou-se as seguintes características: sexo, 
idade, local de lesão, número de atendimentos, início do tratamento* e satisfação com relação ao 
atendimento*. 
 Sexo Idade 
Local da 
Lesão** 
Número de 
atendimentos 
Início do 
tratamento 
Satisfação 
1 F 37 Joelho 51 Jul Sim 
2 M 43 Ombro 14 Jun Sim 
3 M 31 Joelho 8 Set Sim 
4 F 67 Coluna 9 Jan Sim 
5 M 27 Coluna 9 Out Sim 
6 F 72 Ombro 15 Set Sim 
7 F 38 Coluna 8 Abr Sim 
8 M 63 Ombro 42 Out Não 
9 M 20 Ombro 23 Jul Sim 
10 F 62 Joelho 16 Fev Sim 
11 F 65 Joelho 3 Out Sim 
12 M 01 Joelho 14 Ago Sim 
13 M 67 Joelho 7 Jul Sim 
14 M 58 Ombro 10 Mar Sim 
15 M 60 Joelho 7 Set Sim 
16 F 32 Ombro 10 Jun Sim 
17 M 02 Não ortopédico 13 Abr Não 
18 M 63 Ombro 11 Nov Sim 
19 F 69 Joelho 8 Jan Sim 
20 M 10 Não ortopédico 6 Nov Sim 
21 F 73 Ombro 10 Mai Não 
22 F 52 Joelho 11 Ago Sim 
23 F 72 Coluna 16 Mar Sim 
24 M 40 Coluna 24 Abr Sim 
25 F 39 Coluna 10 Nov Sim 
26 M 54 Não ortopédico 21 Mai Sim 
27 M 12 Não ortopédico 6 Dez Sim 
28 F 66 Não ortopédico 37 Mar Sim 
29 F 52 Não ortopédico 19 Set Sim 
30 M 71 Joelho 23 Fev Sim 
31 F 46 Não ortopédico 13 Dez Sim 
32 F 07 Não ortopédico 13 Abr Sim 
33 F 39 Não ortopédico 19 Nov Sim 
34 F 46 Não ortopédico 13 Jan Não 
35 F 36 Não ortopédico 19 Set Sim 
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36 F 43 Não ortopédico 53 Out Sim 
37 M 69 Joelho 8 Mar Sim 
38 M 45 Coluna 38 Ago Sim 
39 F 51 Coluna 22 Jun Sim 
40 M 60 Joelho 13 Abr Sim 
41 F 49 Coluna 7 Dez Sim 
42 M 49 Joelho 8 Fev Sim 
43 M 64 Não ortopédico 9 Jun Sim 
44 F 39 Coluna 31 Nov Não 
45 F 57 Ombro 25 Fev Sim 
46 M 25 Joelho 24 Dez Sim 
47 F 20 Coluna 14 Mai Sim 
48 F 54 Joelho 18 Jul Sim 
49 M 36 Ombro 2 Abr Sim 
50 F 51 Coluna 13 Ago Sim 
51 F 27 Coluna 33 Jun Sim 
52 M 33 Coluna 7 Set Sim 
53 F 60 Joelho 5 Abr Sim 
54 F 49 Coluna 33 Out Sim 
 Fonte: Clínica-Escola de Fisioterapia da UNIGRANRIO. Dados cedidos pelo Prof. Paulo Cesar Cotecchia Salgueiro. 
 * Variáveis fictícias geradas para fins de exemplificação. 
 ** Os casos não ortopédicos incluem lesões neurológicas e centro periféricas. 
 
(a) Classifique as variáveis. 
(b) Construa tabelas para cada uma das variáveis. 
(c) Usando o Excel, represente graficamente cada tabela do item (b).