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Ação_- Teoria_e_Procedimento

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ação: teoria e 
procedimentos
Autor: Humberto DAllA bernArDinA De PinHo
ColAborAção: márCiA GArCiA
ROTEIRO DE CURSO
2008.2
2ª eDição
Sumário
Ação: Teoria e Procedimentos
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................................ 04
AULA 01: DIREITO PROCESSUAL CIVIL: EVOLUÇÃO HISTÓRICA, CONCEITO, FONTES E NORMA PROCESSUAL. ......................................... 10
AULA 02. AÇÃO: TEORIAS, CARACTERÍSTICAS, CONCEITO, CONDIÇÕES, ELEMENTOS E ESPÉCIES. .......................................................... 22
AULA 03. PROCESSO: CONCEITO, ESPÉCIES, TEORIAS. ...................................................................................................................... 30
AULA 04. PRESSUPOSTOS E QUESTÕES PROCESSUAIS ...................................................................................................................... 37
AULA 05. MOVIMENTO DE ACESSO À JUSTIÇA: AS ONDAS RENOVATÓRIAS E O DIREITO BRASILEIRO; OS SUBPRINCÍPIOS DO ACESSO; O PRO-
CESSO JUSTO; A JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL. .............................................................................................................................. 44
AULA 06. AS REFORMAS NO PROCESSO CIVIL BRASILEIRO; CICLOS DE REFORMAS; OS FILTROS AO ACESSO À JUSTIÇA; A EMENDA CONSTITU-
CIONAL 45/04; O PACTO POR UM JUDICIÁRIO MAIS RÁPIDO E REPUBLICANO; O PRINCÍPIO DA DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO (ART. 5º, 
INCISO LXXVIII DA CONSTITUIÇÃO DE 1988). ................................................................................................................................... 51
AULA 07. PROCESSO DE CONHECIMENTO; PROCEDIMENTO COMUM (SUMÁRIO E ORDINÁRIO) E ESPECIAL (DE JURISDIÇÃO CONTENCIOSA E 
VOLUNTÁRIA); PROCESSO INDIVIDUAL (LITISCONSÓRCIO E INTERVENÇÃO DE TERCEIROS) E PROCESSO COLETIVO; UMA VISÃO SISTEMÁTI-
CA DOS PROCEDIMENTOS PREVISTOS NO CPC E NA LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE. .............................................................................. 58
AULA 08. PETIÇÃO INICIAL: COMPETÊNCIA, REQUISITOS, DESPACHO LIMINAR, INÉPCIA E EMENDA DA PETIÇÃO INICIAL. ..................... 70
AULA 09. DESPACHO LIMINAR DE CONTEÚDO POSITIVO E NEGATIVO. SENTENÇA LIMINAR (ART. 285-A). .............................................. 81
AULA 10. ASPECTOS ECONÔMICOS E ÉTICOS DO PROCESSO: CUSTAS, HONORÁRIOS, VALOR DA CAUSA, IMPUGNAÇÃO AO VALOR DA CAUSA E 
PROCURAÇÃO. .............................................................................................................................................................................. 87
AULA 11. TUTELAS DE URGÊNCIA; TUTELA ANTECIPADA (ARTS. 273, 461 E 461-A); TUTELA CAUTELAR (ART. 796); TUTELA INIBITÓRIA. . 94
AULA 12. ATOS DE COMUNICAÇÃO PROCESSUAL; CITAÇÃO; ESPÉCIES DE CITAÇÃO; INTIMAÇÃO; CARTAS (PRECATÓRIA, ROGATÓRIA E DE 
ORDEM). .................................................................................................................................................................................... 104
AULA 13. RESPOSTA DO RÉU; CONTESTAÇÃO; PRINCÍPIO DA EVENTUALIDADE; REVELIA; EXCEÇÕES; RECONVENÇÃO. .......................... 114
AULA 14. PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES...................................................................................................................................... 126
AULA 15. JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO PROCESSO; AUDIÊNCIA PRELIMINAR (ART. 331); SANEAMENTO. ............................ 132
AULA 16. PROVAS; TEORIA GERAL E ESPÉCIES; INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA; PRINCÍPIO DA CARGA DINÂMICA DA PROVA; PODER INS-
TRUTÓRIO DO JUIZ; A PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS. .......................................................................................................... 139
AULA 17. PROVAS EM ESPÉCIE; DEPOIMENTO PESSOAL; CONFISSÃO; EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO OU COISA; PROVA DOCUMENTAL; PROVA 
TESTEMUNHAL; PROVA PERICIAL; INSPEÇÃO JUDICIAL. ................................................................................................................. 149
AULA 18. AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO. .................................................................................................................... 160
AULA 19. SENTENÇA; REQUISITOS; LIMITAÇÃO OBJETIVA E SUBJETIVA; ESPÉCIES. ........................................................................... 165
AULA 20. COISA JULGADA; PRECLUSÃO; COISA JULGADA FORMAL E MATERIAL; RELATIVIZAÇÃO DA COISA JULGADA. .......................... 174
AULA 21. O CUMPRIMENTO DA SENTENÇA E A LEI Nº. 11.232/05. .................................................................................................... 184
AULA 22. A INFORMATIZAÇÃO DO PROCESSO E A LEI Nº. 11.419/06. ................................................................................................ 193
AULA 23. A DESJUDICIALIZAÇÃO DE PROCESSOS SEM LIDE; A LEI Nº 11.441/07; SEPARAÇÃO, DIVÓRCIO, INVENTÁRIO E PARTILHA EXTRAJU-
DICIAIS. ..................................................................................................................................................................................... 201
AULA 24. OS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS ESTADUAIS E FEDERAIS ................................................................................................... 209
AULA 25. OS NOVOS RUMOS DO PROCESSO CIVIL BRASILEIRO; O AFASTAMENTO DO SISTEMA HERMÉTICO DO CIVIL LAW E DO SUPERADO 
PARADIGMA ITALIANO; A APROXIMAÇÃO COM O SISTEMA COMMON LAW; A DOUTRINA DO PRECEDENTE E AS SÚMULAS VINCULANTE 
(LEI Nº. 11.417/06) E IMPEDITIVA DE RECURSO (LEI Nº. 11.276/06). ............................................................................................... 216
4FGV DIREITO RIO
açãO: TEORIa E pROcEDImEnTOs
introdUção
1. VISÃO GERAL DA DISCIPLINA
O Direito Processual Civil é um ramo da Ciência Jurídica e uma das áreas do Di-
reto Público que estabelece as normas que disciplinam o exercício do Poder Estatal 
na prestação da jurisdição, que pode ser conflituosa ou não. Esse conjunto de nor-
mas visa estabelecer a efetividade da tutela jurisdicional, discriminando as atuações 
das partes e do Estado-Juiz, desde a concepção da ação, e definindo vários elemen-
tos que deverão reger a prestação jurisdicional, visto que o exercício da jurisdição 
deve obedecer a regras que viabilizem a concretização das garantias dos indivíduos 
prescritas na Constituição.
O Código de Processo Civil é hábil a reger questões de Direito Privado (ci-
vil e empresarial), Público (tributário, internacional, militar etc.), além do Direito 
Previdenciário e Trabalhista, garantindo elementos formadores do devido processo 
legal.
Destaque-se que o estabelecimento de normas disciplinadoras do processamento 
das ações decorre de tempos alhures. Desde o período colonial no Brasil, quando 
da divisão geográfica em Municípios concebeu-se como divisão administrativa, já 
havia o exercício da jurisdição na solução de conflitos.
Naquela oportunidade, regiam o nosso sistema as leis processuais dos coloniza-
dores. Eram as Ordenações Filipinas, cujo processo civil era descrito no Livro V e 
que vigeram no Brasil até o advento do Código Civil em 1916, já que este código 
também cuidava de algumas questões processuais. Em 1939 foi finalmente editado 
o Código Brasileiro de Processo Civil, seguido do ainda vigente Código de Ritos, 
introduzido à sistemática nacional em 1973 por meio da Lei nº 5.869.
Apesar de o nosso Código em vigor ser o mesmo de 1973, muitas modificações 
foram inseridas ao texto normativo, em especial nos últimos anos, dando início ao 
chamado ciclo de reformas, que serão minuciosamente estudadas.
Antes, porém, muitas questões serão observadas na cadeira de Direito Proces-
sual Civil, tais como a evolução histórica, a conceituação, as fontes do direito, a 
compreensão da jurisdição,a norma processual, a interpretação da mesma e toda a 
estrutura da teoria geral do processo civil, sua importância e localização no mundo 
jurídico.
Será necessária a compreensão da eficácia das normas em razão do tempo e do 
espaço, bem como sua interpretação em razão do Direito Interno e Internacional, 
além das observâncias às regras de garantias individuais, a analogia, os costumes e 
regras gerais do direito na aplicação da norma.
Passada esta fase inaugural, deveremos compreender como o Estado é provo-
cado a prestar jurisdição, que é por meio da ação, um direito constitucionalmente 
garantido, mas que deve obedecer a critérios estabelecidos para que a ação seja 
constituída de forma regular e válida. Para tanto haverá um estudo conceitual da 
teoria da ação.
5FGV DIREITO RIO
açãO: TEORIa E pROcEDImEnTOs
A doutrina estabelece critérios genéricos e específicos da ação, bem como esta é 
formada por partes legitimadas individuais ou coletivas, que se apresentem tão-logo 
proposta a ação, ou mesmo em momento posterior, e ainda há elementos econômi-
cos relativos a ação que são de suma importância na fixação (por exemplo, do Juiz 
competente para apreciar a causa).
É, portanto, inegável a importância da compreensão da teoria da ação seguida 
do estudo do processo, sua conceituação, teoria e natureza jurídica. O processo é 
dividido em três categorias: o de conhecimento (ou cognitivo), o cautelar e o de 
execução. Dentro do ciclo de reformas do CPC destacado logo no início desta 
apresentação geral, o processo de execução sofreu importantíssima modificação em 
razão da Lei nº 11.232/05, que será tema de estudo mais adiante, quando do exame 
do tema cumprimento de sentença.
Como dito, alguns elementos são inerentes ao exercício do direito de ação. Estes 
são os pressupostos processuais, tais como a capacidade da parte de estar em juízo 
e de ser parte naquele determinado processo. Durante o estudo desse tema serão 
conhecidos os institutos da litispendência e da coisa julgada, além da convenção 
de arbitragem, que torna absoluta a competência para a apreciação do conflito nos 
termos da Lei de arbitragem (Lei nº 9.307/96).
Outro tema de suma importância que será abordado nos nossos encontros será 
o acesso à Justiça, que é um direito garantido constitucionalmente. Veremos que, 
conjugado a esse direito, o processo deve ser justo. Nesta linha seguem regras inter-
nacionais, como na Convenção Européia de Direitos do Homem, e manifestações 
de doutrinadores, que serão estudadas para a perfeita compreensão de tema tão 
vasto e abstrato.
A doutrina leciona diversos entendimentos, muitas vezes até contrastantes, acer-
ca de fórmulas capazes de solucionar os impasses que comprometem o acesso à 
Justiça ou mesmo o alcance ao dito processo justo. Nesse mesmo passo, ocorrem 
diversas reformas legislativas que buscam atenuar a morosidade da Justiça, tida por 
alguns como a grande vilã da adequada prestação jurisdicional.
Passadas estas ponderações, vocês poderão conhecer a materialização do direito 
de ação, que ocorre por meio da petição inicial ou exordial. Também serão conhe-
cidos os tipos procedimentais, as relações de jurisdição contenciosa e voluntária, os 
tipos processuais em razão do valor da causa, em razão das partes que podem ser 
individuais ou coletivas, compreendendo as diferenças entre uma ação individual 
com pluralidade de parte e uma ação coletiva.
A petição inicial é um instrumento formal que deve respeitar regras na sua elaboração 
sob pena de ser rejeitada. Essas considerações inerentes à regularidade do instrumento 
petitório, cuja falta, dependendo da hipótese, poderá ser sanada ou ser insanável.
Tão-logo proposta a ação, o juiz observará a petição inicial quanto a esses requisi-
tos e se manifestará por meio do chamado despacho liminar, que poderá determinar 
a citação do réu, mandar o autor emendar a inicial, sanando algum vício ou mesmo 
rejeitar liminarmente a petição. Aspectos econômicos como o valor da causa são 
imprescindíveis à fixação da competência, à fixação dos honorários sucumbenciais 
etc., podendo ser impugnados.
6FGV DIREITO RIO
açãO: TEORIa E pROcEDImEnTOs
Esses requisitos estão relacionados às condições da ação, aos pressupostos pro-
cessuais, à competência do Juiz para apreciar a demanda etc. Portanto, a primeira 
manifestação judicial pode ser o despacho positivo ou negativo. Nesse estudo, mais 
uma vez será destacada a questão do ciclo de reformas processuais, visto que neste 
momento o Estado-Juiz poderá prolatar a chamada sentença liminar, autorizada 
pelo novel artigo 285-A do CPC.
Antes que o réu seja chamado a se manifestar no processo, o juiz poderá apreciar 
outras questões decorrentes das chamadas tutelas de urgência. Muitas vezes, a de-
mora natural da prestação jurisdicional poderá comprometer que seja assegurado o 
objeto em questão, autorizando, de acordo com a avaliação do caso concreto, que 
o julgador conceda os efeitos da tutela jurisdicional antecipadamente, antes mesmo 
de ouvir as alegações do réu.
Passada esta fase processual, inicia-se a comunicação do réu, que pode ser reali-
zada por meio de cartas precatórias, rogatórias ou de ordem, como serão estudados. 
A citação é um momento muito importante no processo, eis que qualquer vício na 
realização da mesma acarretará a nulidade dos atos praticados. A citação pode ser 
postal ou por meio de Oficial de Justiça, conforme o caso, como é disciplinado no 
CPC. Na mesma aula, estudaremos a intimação, que é um ato corrente durante o 
trâmite processual e também poderá ser feita por via postal ou por OJA, buscando 
dar ciência dos atos do processo, os termos do mesmo etc.
O réu chamado se manifestar no processo poderá apresentar várias modalidades 
de respostas, apresentando questões que modifiquem a relação processual por meio 
da inclusão de outras pessoas, por meio de alegações que modifiquem, impeçam ou 
extingam o direito alegado pelo autor, por meio de requerimento de modificação 
do juízo pelo qual tramitará o processo ou mesmo permanecer inerte, o que gerará 
a revelia e os efeitos que dela decorrerão.
Após a manifestação do réu o juiz deverá tomar as providências preliminares, 
como a especificação das provas, avaliará as questões apresentadas pelo réu, determi-
nando que sejam sanadas as irregularidades apontadas pelo réu, quando for possível, 
podendo julgar a ação conforme o estado do processo.
Veremos que este julgamento poderá ser no sentido de desde logo extinguir o 
processo ou de julgar a lide antecipadamente nas hipóteses em que ocorrer a revelia, 
ou o objeto da demanda não necessitar de produção de prova em audiência ou for 
unicamente de direito. Não ocorrendo qualquer dessas hipóteses, veremos que será 
designada a audiência preliminar e passaremos ao estudo desta.
Outra importante abordagem será o tema “provas”. Nesta aula estudaremos a 
teoria geral e as espécies de provas. Será de suma importância a compreensão da 
inversão do ônus da prova, que é uma exceção à regra geral do Código de Processo 
Civil. Compreenderemos os princípios da carga dinâmica da prova e o poder ins-
trutório do juiz.
Existem várias espécies de prova, o depoimento pessoal, a confissão, a exibição 
de documentos ou de coisa, as provas documental, testemunhal, pericial e a inspe-
ção judicial. Veremos que as leis extravagantes viabilizam algumas particularidades 
na realização da prova. Conheceremos ainda a possibilidade de produção de prova 
7FGV DIREITO RIO
açãO: TEORIa E pROcEDImEnTOs
em momento anterior, que será assegurado por meio de medida cautelar de produ-
ção antecipada de provas.
Uma nova etapa processual se inicia por meio da Audiência de Instrução e Julga-
mento, a AIJ. Conheceremos os elementos que constituem a mesma, que é regida 
por princípios e engloba diversos atos processuais de forma quase simultânea. Nela 
ocorrerãodepoimentos de peritos, das testemunhas, produção de prova oral, deba-
tes, podendo até mesmo haver a sentença.
Estudados todos estes temas inerentes à formação do processo para que o juiz 
possa dar sua decisão com base nos elementos que constituem os autos, chegaremos 
ao ato que põe termo ao processo, a sentença que gera diversos efeitos no mundo 
jurídico. A sentença é composta de elementos obrigatórios, como o relatório, a 
fundamentação, a parte dispositiva e a assinatura. Conheceremos a razão da neces-
sidade de cada um desses elementos e as conseqüências do não-atendimento a esses 
elementos inerentes à validade da sentença.
Um dos efeitos jurídicos da sentença é gerar a coisa julgada, oportunidade em que 
estudaremos a preclusão e a distinção entre esta e aquela. A coisa julgada ocorrerá, 
como veremos, quando não couber mais recurso da decisão judicial, e pode ser material 
ou formal e ter limites objetivos e subjetivos. O ponto que merecerá muita atenção diz 
respeito à relativização da coisa julgada e deverá ser estudado com muito empenho.
Voltando ao ciclo de reformas, antes do advento da Lei nº 11.232/05, uma vez 
prolatada a sentença e ocorrido o trânsito em julgado, o credor teria que iniciar o 
processo de execução para ver cumprida a determinação da sentença judicial. Com 
a inovação legislativa, foi abolido o processo de execução para fazer cumprir as de-
cisões judiciais, que agora se opera por meio de simples petição e dá início à fase de 
cumprimento de sentença.
Outra importante inovação decorre da Lei nº 11.419/06, que inseriu no nosso 
cotidiano forense a possibilidade de autos processuais virtuais, sentenças, decisões, 
assinaturas digitais, recursos, intimações e até citações por meio do e-process, visto 
que regulamenta as formas de processamento digital, o que já vinha ocorrendo na 
prática, por exemplo, em alguns juizados estaduais e federais.
Outra legislação recente que alterou substancialmente os procedimentos das 
ações sem lide, a Lei nº 11.441/07 disciplina a chamada desjudicialização de ações 
como separações, divórcios, inventários e partilhas extrajudiciais. São mecanismos 
que buscam desafogar a sobrecarregada Justiça, viabilizando a celeridade dos feitos 
em que não haja conflito, mas somente o necessário reconhecimento oficial que 
torne de direito as questões muitas vezes já existentes de fato.
Outra questão que será tratada é sobre os juizados especiais estaduais e federais. 
São os chamados microssistemas, que têm funcionamento muito peculiar, pelo pro-
cedimento especial sumaríssimo, e muitas questões regidas por enunciados e súmu-
las para adequar o ideal do legislador à prática dos doze anos, desde a entrada em 
vigor da Lei nº 9.099/95 e, posteriormente, da Lei nº 10.259/01. Muitas impor-
tante questões serão tratadas para entender os funcionamento dos JECs idealizados 
na Constituição de 1988 e regidos por princípios específicos dos juizados especiais 
de cunhos normativo e doutrinário.
8FGV DIREITO RIO
açãO: TEORIa E pROcEDImEnTOs
Por fim, chegaremos à última aula, em que faremos uma reflexão acerca dos 
novos rumos do processo civil brasileiro e da aproximação do nosso sistema ao com-
mon law, em decorrência do afastamento do sistema italiano e da civil law. Será a 
oportunidade para pôr em debate a questão das súmulas vinculantes e impeditivas 
de recurso, regidas pelas Leis nº 11.417/06 e nº 11.276/06, respectivamente.
2. OBJETIVOS GERAIS DA DISCIPLINA
Com o estudo dos temas supracitados, os alunos serão capazes de compreender 
a evolução histórica do processo civil, os princípios, as garantias, o direito de ação, 
o processo, a materialização do direito de ação, os requisitos da petição inicial, 
compreender os elementos da relação processual, enfim, uma abordagem histórica, 
conceitual e prática do processo de conhecimento e das formas de provocação do 
Estado a prestar jurisdição.
Ao fim desta disciplina, o aluno estará apto a elaborar a peça inaugural adequada 
a cada procedimento com pleno conhecimento da competência para apreciar aque-
la demanda em razão do valor ou da matéria. Igualmente terá conhecimento das 
medidas emergenciais que podem ser avocadas a fim de garantir a antecipação dos 
efeitos da tutela.
Conhecerá ainda o papel do juiz e do réu numa demanda, o limite de atuação da-
quele enquanto eqüidistante e desse enquanto demandado, que poderá trazer elemen-
tos que modifiquem parcial ou integralmente o curso da demanda. Terá conhecimento 
do julgamento de forma liminar, em sede de AIJ, ou após o esgotamento de todos os 
atos inerentes ao procedimento seja comum ou especial. Conhecerá ainda a importân-
cia da instrução probatória na construção do processo e no convencimento do juiz. 
Por fim, o aluno terá conhecimento de todas as reformas implementadas na siste-
mática nacional inerentes ao conteúdo deste programa, tais como a sentença liminar, 
o processo virtual, os processos desjudicializados, o cumprimento de sentença, as sú-
mulas vinculantes e impeditiva de recurso, tudo em prol de conferir ao aluno o conhe-
cimento do processo cognitivo consoante o ciclo de reformas processuais, juntamente 
com a perfeita percepção dos mecanismos de acesso a justiça e de processo justo.
3. METODOLOGIA
A metodologia do nosso estudo será a participativa, conforme a seguir:
Introdução: Case no intróito de cada aula correspondente à temática proposta 
de estudo daquele encontro para instigar os debates com base na argumentativa 
comum oriunda das experiências;
Desenvolvimento: No momento seguinte à problematização e aos debates será 
dado início à exposição teórico-conceitual dos tópicos propostos visando à evolução 
da argumentativa anterior para aquele pautada na fundamentação jurídica;
9FGV DIREITO RIO
açãO: TEORIa E pROcEDImEnTOs
Fechamento: As aulas serão finalizadas com os comentários acerca do material de 
apoio ao final de cada aula, tais como as decisões dos Tribunais, posições doutriná-
rias, autos processuais e questões de concurso sobre o tema.
4. FORMA DE AVALIAÇÃO
As avaliações serão feitas por meio de provas escritas com questões discursivas e 
objetivas a critério do professor, destacando que haverá o empenho em buscar ques-
tões de concursos públicos que abordem a temática do conteúdo do programa.
Serão duas avaliações, e uma terceira para aqueles alunos que não tenham obtido 
a média para aprovação. O conteúdo das provas será cumulativo e, assim, abordará 
qualquer matéria lecionada até a data da prova, mesmo que já tenha sido tema de 
discussão em prova anterior.
 
10FGV DIREITO RIO
açãO: TEORIa E pROcEDImEnTOs
aULa 01: direito processUaL ciViL: eVoLUção HistÓrica, conceito, 
Fontes e norma processUaL.
CASO
O legislador, quando da elaboração da norma, pode deixar de prever determi-
nadas situações que no caso concreto terão que ser dirimidas pelo aplicador da lei. 
Para isto, o Código Civil prevê na Lei de Introdução (art. 4º da LICC), que em 
casos de omissão na norma o juiz deverá decidir conforme os costumes, a analogia 
e os princípios gerais do direito. 
Com base nesta afirmativa, reflita sobre a seguinte hipótese:
Maria propõe ação buscando a exclusão de seu ex-cônjuge da partilha de divór-
cio, em razão do fato de o mesmo ter matado o pai da autora e esta não querer que 
o ex-cônjuge desfrute de forma indireta da herança que recebeu. Maria fundamenta 
seu pedido no argumento de que, por ter sido o ex-cônjuge o autor do homicídio 
de seu pai e por ser parente do de cujus por afinidade, estaria excluído do direito 
sucessório. 
“Normas não são textos nem o conjunto deles, mas os sentidos construídos a 
partir da interpretação sistemática de textos normativos. Daí se afirmar que os dispo-
sitivos se constituem no objeto da interpretação; e as normas, no seu resultado”. 
ÁVILA, Humberto. Teoria dos Princípios, 2ª ed. Malheiros: SãoPaulo, 2003, p. 
22.
“Afirmar, porém, que o Estado, no franco exercício da função jurisdicional, sem-
pre aplica o direito ao caso em controvérsia, solucionando o litígio, é temeridade, 
pois nem sempre o direito é aplicado conforme deveria ser. A sentença injusta existe 
e é uma realidade processual. Em conseqüência, não se pode incluir no conceito de 
‘jurisdição’ a aplicação do direito, embora seja esta uma de suas finalidades. Finali-
dade, porém, que, nem sempre alcançada, não deve figurar nos exatos termos de um 
conceito. Para que se alcance, portanto, satisfatória definição de jurisdição, deve-se 
levar em conta apenas seu fim imediato, qual seja, a composição dos litígios, a solu-
ção dos casos controvertidos. Litígios, pelo menos, em eventualidade”. 
SANTOS, Ernane Fidélis dos. Manual de Direito Processual Civil, 9ª ed. São 
Paulo: Saraiva, 2003, p. 7. 
11FGV DIREITO RIO
açãO: TEORIa E pROcEDImEnTOs
LEGISLAÇÃO – CóDIGO CIVIL
“Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo 
vínculo da afinidade”.
“Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários: I – que houve-
rem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa deste, 
contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou 
descendente”.
QuESTÃO
Diante do caso e dos textos supracitados, reflita sobre a pertinência da interpre-
tação da norma nos termos avocados por Maria.
NOTA AO ALUNO
1. EVOLuÇÃO HISTóRICA
Fixamos nossa volta ao passado no período que se inicia com o descobrimento 
do Brasil. Nesse período, ganhava grande relevo a figura do Município, concebido 
como núcleo administrativo implantado em território brasileiro. Nele, o exercício da 
jurisdição era desempenhado através dos juízes ordinários ou da terra, cuja nomeação 
se dava por escolha de “homens bons”, numa eleição desvinculada dos interesses da 
Coroa, que, buscando sua representação, nomeava os chamados “juízes de fora”.
Quando da criação das Capitanias Hereditárias, impunha-se aos donatários a 
incumbência de reger as questões judiciais provenientes de suas terras, poder este 
limitado tanto pelas leis advindas do Reino como pelas, então denominadas, Cartas 
Forais. A autoridade jurisdicional máxima fazia-se presente na figura do Ouvidor-
Geral.
Durante o período colonial, o Brasil era regido pelas leis processuais portuguesas, 
como não poderia deixar de ser, visto que Brasil e Portugal formavam um Estado 
único. Vigoravam, nesta época, as Ordenações Filipinas, que dispunham de forma 
quase completa, sobre a administração pública. O processo civil foi regulado em seu 
livro III, composto por 128 capítulos, abrangendo os procedimentos de cognição, 
execução, bem como os recursos. 
As Ordenações Filipinas, que permaneceram em vigor mesmo após a indepen-
dência brasileira, foram de grande importância para o direito brasileiro e com uma 
estrutura bastante moderna, eram compostas por cinco livros, dentre os quais o 
terceiro tratava da parte processual civil. 
Apesar da vigência das Ordenações Filipinas, o Brasil também era regido, nesta 
época, pelas Cartas dos donatários, dos governadores e ouvidores e, ainda, pelo 
poder dos senhores de engenho, que faziam sua própria justiça ou influenciavam a 
12FGV DIREITO RIO
açãO: TEORIa E pROcEDImEnTOs
justiça oficial, ora pelo prestígio que ostentavam, ora pelo parentesco com os ma-
gistrados.
Com a proclamação da independência em 07 de setembro de 1822, tornou-se 
necessária uma reestruturação da ordem jurídica interna, o que foi alcançado atra-
vés da Carta Constitucional de 1824, com a introdução em nosso ordenamento de 
inovações e princípios fundamentais, principalmente no campo criminal, em que a 
necessidade de mudanças se fazia mais evidente, tais como a abolição da tortura e 
de todas as penas cruéis. 
Por outro lado, verificou-se a consagração da divisão dos poderes e o estabelecimen-
to da harmonia destes com o Poder Moderador, buscando garantir os direitos ditados 
pela Carta Magna, assim como a composição e independência do Poder Judiciário. Es-
tipulou-se ainda a necessidade e a obrigatoriedade de um juízo conciliatório prévio1.
Todavia, apesar da nova ordem constitucional que surgiu nesse momento, as Or-
denações Filipinas e demais normas jurídicas de origem portuguesa não perderam 
vigência, pois o Decreto de 20 de outubro de 1823, adotando-as como lei brasileira, 
determinou que só seriam revogadas as disposições contrárias à soberania nacional 
e ao regime brasileiro.
Assim, atendendo às exigências da Carta Constitucional, no campo processual 
penal, tivemos a promulgação do Código de Processo Criminal em 1832, que, 
rompendo com a tradição portuguesa, inspirou-se nos modelos inglês (acusatório) 
e francês (inquisitório), fornecendo ao legislador brasileiro elementos para a elabo-
ração de um sistema processual penal misto. 
Além disso, o novo Código também trazia, em um título único composto por 
vinte e sete artigos, a “disposição provisória acerca da administração da justiça civil”, 
simplificando o processo civil ainda regulado pelas Ordenações Filipinas.
Em 1850, logo após a edição do Código Comercial, entraram em vigor os Regu-
lamentos nº 737 (considerado o primeiro diploma processual brasileiro) e 738, que 
disciplinavam, respectivamente, o processo das causas comerciais e o funcionamen-
to dos tribunais e juízes do comércio.
O direito processual civil, contudo, permaneceu regulado pelas disposições das 
Ordenações e suas posteriores modificações, levando o governo a promover, em 
1876, uma Consolidação das Leis do Processo Civil, com força de lei, que ficou 
conhecida como Consolidação Ribas, em virtude de sua elaboração a cargo do Con-
selheiro Antônio Joaquim Ribas.
Proclamada a República, o Regulamento 737 foi estendido às causas cíveis, man-
tendo-se a aplicação das Ordenações e suas modificações aos casos de jurisdição 
voluntária e de processos especiais. 
Após o advento da Constituição de 1891, no entanto, conferiu-se aos Estados a 
possibilidade de legislar sobre matéria processual, aumentando o espectro de com-
petência antes pertencente somente à União Federal, após o que várias leis foram 
promulgadas, regulamentando as mais diversas questões processuais. 
Em 1º de janeiro de 1916, foi editado o Código Civil Brasileiro, tratando 
não só das questões de direito material, mas também de algumas processuais. No 
Rio de Janeiro, então Distrito Federal, veio à luz o Código Judiciário de 1919, 
1 BaRBOsa mOREIRa, José 
carlos. Breve noticia sobre la 
conciliación en el proceso civil 
brasileño. In: Temas de direito 
processual: quinta série. são 
paulo: saraiva, 1994, p. 95. Inte-
ressante transcrevermos aqui os 
arts. 161 e 162 da constituição 
do Império, que estabeleciam, 
respectivamente, a tentativa 
prévia de conciliação como 
pressuposto de constituição vá-
lida do processo e a atribuição 
de competência ao juiz de paz 
para tentar promovê-la. “Art. 
161. Sem se fazer constar, que se 
tem intentado o meio da reconci-
liação, não se começará Processo 
algum. Art. 162. Para este fim 
haverá juizes de Paz, os quaes 
serão electivos pelo mesmo tem-
po, e maneira, por que se elegem 
os Vereadores das Camaras. Suas 
attribuições, e Districtos serão 
regulados por Lei”.
13FGV DIREITO RIO
açãO: TEORIa E pROcEDImEnTOs
promulgado pela Lei nº 1.580 de 20 de janeiro, seguido pelo Código de Processo 
Civil do Distrito Federal, de 31 de dezembro de 1924, e devidamente promulga-
do pelo Decreto nº 16.751.
Finalmente, a Carta de 1934 consagrou a unificação processual, atribuindo no-
vamente a competência para legislar em matéria processual exclusivamente à União, 
o que foi mantido pela Constituição de 1937, em seu artigo 16, inciso XVI, possi-
bilitando assim a edição do Código Brasileiro de ProcessoCivil, através do Decreto 
nº 1.608, de 18 de setembro de 1939.
A unificação processual se justificava pela necessidade de uma normatização uni-
forme ante o grande número de leis existentes em cada Estado e que, há muito, se 
faziam obsoletas e incapazes de satisfazer o objetivo primordial do processo civil, 
qual seja, o de tutelar efetivamente os direitos dos particulares. 
Não obstante, o artigo 1º do Código deixou à apreciação de lei especial a regu-
lamentação de algumas matérias específicas, tais como as desapropriações, as ações 
trabalhistas e os litígios entre empregados e empregadores.
O Código de 1939 teve o mérito de se inspirar nas mais modernas doutrinas 
européias da época, introduzindo importantes inovações em nosso ordenamento 
processual, como o princípio da oralidade e a combinação do princípio disposi-
tivo e do princípio do juiz ativo, permitindo uma maior agilidade nos procedi-
mentos. 
Chegamos, assim, ao atual Código de Processo Civil, introduzido em nosso or-
denamento jurídico pela Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, e baseado no 
anteprojeto de autoria de Alfredo Buzaid. 
O CPC de 1973 permanece em vigor até hoje. Contudo, sofreu inúmeras altera-
ções, sobretudo a partir do início da década de noventa do século XX. Teve início aí 
a chamada Reforma Processual, processo fragmentado em dezenas de pequenas Leis 
que se destinam a fazer mudanças pontuais e ajustes “cirúrgicos”.
2. CONCEITO
Tradicionalmente, e para fins meramente didáticos, a doutrina classifica o Direi-
to, tal como o concebemos, em dois grandes ramos: público e privado.
Enquanto no ramo privado subsistiria uma relação de coordenação entre os su-
jeitos integrantes da relação jurídica, como no direito civil, no direito comercial e 
no direito do trabalho, no público prevaleceria a supremacia estatal face aos demais 
sujeitos.
Nessa linha de raciocínio, o direito processual, assim como o constitucional, o 
administrativo, o penal e o tributário, constituiriam ramos do direito público, visto 
que suas normas, ditadas pelo Estado, são de ordem pública e de observação cogen-
te pelos particulares, marcando uma relação de poder e sujeição dos interesses dos 
litigantes ao interesse público. 
Todavia, essa dicotomia entre público e privado é apenas utilizada para sistemati-
zação do estudo, pois, modernamente, entende-se que está superada a denominada 
14FGV DIREITO RIO
açãO: TEORIa E pROcEDImEnTOs
summa divisio, tendo em vista que ambos os ramos tendem a se fundir em prol da 
função social perseguida pelo Direito.
Assim sendo, fala-se hoje em constitucionalização do direito.
Dessa forma, abandonada a visão dicotômica ultrapassada, podemos definir o 
direito processual como o ramo da ciência jurídica que trata do conjunto de regras 
e princípios que regulamentam o exercício da função jurisdicional do Estado.
3. A JuRISDIÇÃO
A jurisdição constitui a forma estatal, por excelência, de composição de litígios, 
embora não seja a única. A sociedade desde os tempos longínquos convive com diver-
gências que geram os conflitos, os juridicamente chamados de lides. Para solucionar 
esta resistência à negociação, o Estado, que veda a autotutela, manifesta-se por meio da 
jurisdição, cuja regência se operará por meio dos ritos estabelecidos pelo legislador.
Importante destacar que a partir do séc. XIV, a jurisdição tornou-se a forma pre-
dominante de resolução de conflitos monopolizada pelo Estado, por intermédio do 
Poder Judiciário, ao lado das funções legislativa e administrativa. 
Palavra que vem do latim jurisdictio (que etimologicamente significa dizer o di-
reito), a jurisdição tem como fim último a pacificação social e consiste em um poder 
e dever do Estado, pois, se por um lado corresponde a uma manifestação do poder 
soberano do Estado, impondo suas decisões de forma imperativa aos particulares, 
por outro, corresponde a um dever que o Estado assume de dirimir qualquer con-
flito que lhe venha a ser apresentado. 
Assim, à medida que o Estado, vedando a justiça privada, retira do indivíduo a 
possibilidade de buscar por suas próprias forças a resolução dos conflitos, assume, 
em contrapartida, o poder-dever de solucioná-los com justiça, uma vez que a perpe-
tuação de pretensões insatisfeitas e controvérsias pendentes de resolução constituiria 
fonte de intensa perturbação da paz social. 
Por conseguinte, a função jurisdicional é concebida, segundo Chiovenda, como 
a função do Estado que tem por escopo a atuação da vontade objetiva e concreta da 
lei, mediante a substituição de uma atividade privada por uma atividade pública; 
ou, consoante Carnelutti, como a função estatal de justa composição de lides, en-
tendida esta última como o conflito de interesses qualificado pela pretensão de uma 
parte e resistência de outra.
Pode ser definida ainda de acordo com a posição adotada pela doutrina brasilei-
ra, que procura relacionar os conceitos supracitados como sendo a função de atuar 
a vontade objetiva da lei, com a finalidade de obter a justa composição da lide.
Assim, o processo civil traduz-se numa técnica de solução imperativa de conflitos, 
o monopólio estatal em dirimir controvérsias por meio do exercício da jurisdição, 
capitaneada pelo Estado-Juiz, que é quem decide, seguida dos auxiliares da Justi-
ça, em que todos exercem o poder estatal. O Direito Processual Civil, por sua vez, 
cuidará de estabelecer as regras destinadas a reger como se operará este exercício da 
jurisdição na solução dos conflitos sociais. 
15FGV DIREITO RIO
açãO: TEORIa E pROcEDImEnTOs
Para distinguir as formas de solução de conflitos, a doutrina tradicionalmente 
as classifica em autodefesa, autocomposição e heterocomposição. Esta última poderia 
ser feita pelo Estado (jurisdição) ou por um particular, em certos casos específicos 
permitidos pela Lei (arbitragem). 
A autodefesa (ou autotutela) seria a forma mais primitiva de resolução de conflitos. 
Utilizava-se da força física contra o adversário para vencer sua resistência e satisfazer 
uma pretensão. Remonta ao Código de Hamurabi, que consagrou a Lei de Talião 
– “olho por olho, dente por dente” – que impunha o revide na mesma medida que a 
injustiça praticada, sendo utilizada, principalmente, no combate aos criminosos. 
Por não garantir a justiça, mas somente a vitória do mais ousado sobre o mais 
tímido, tal prática foi vedada pelos Estados modernos. Nesse sentido, um passo 
muito importante foi a garantia do due process of law, cuja origem remonta à Magna 
Carta (1215), pois esta impedia que qualquer pessoa fosse privada de seus bens ou 
de sua liberdade sem que fosse observado o devido processo legal, ficando proibida, 
portanto, a autotutela. 
Além dessa garantia, hoje prevista em nosso ordenamento jurídico no artigo 5º, 
inciso LIV, da Constituição Federal, temos também a regra do artigo 345 do Có-
digo Penal, que caracteriza a autotutela como ilícito penal, ao tipificar o crime de 
exercício arbitrário das próprias razões. 
Todavia, o Estado permite a autodefesa em situações excepcionais, tais como: na 
legítima defesa no âmbito penal (art. 25, CP); no desforço possessório conferido ao 
possuidor turbado (art. 1210, §1º, CC/02); no direito de retenção do locatário (art. 
578, CC/02) e do depositário (art. 644, CC/02); bem como no direito de greve, 
garantido constitucionalmente (art. 9º, CF) no âmbito do direito do trabalho. 
A autocomposição está presente de forma residual no direito moderno. Represen-
ta forma primitiva, porém mais evoluída de composição de litígios que a autode-
fesa. Trata-se de solução parcial (por ato dos sujeitos em conflito) na qual as partes 
chegam a um acordo quanto à existência ou inexistência de um direito, seja pela 
renúncia, pela transação (concessões recíprocas) ou mediante o reconhecimento da 
pretensão alheia, pondo fim ao conflito de interesses existente. 
Talmétodo não desapareceu dos ordenamentos jurídicos modernos, sendo con-
sentido e até mesmo estimulado em muitas situações (desde que se trate de direitos 
disponíveis ou de reflexos patrimoniais de direitos indisponíveis – v.g.: direito a ali-
mentos), embora subsistam críticas quanto à aparente espontaneidade do sacrifício 
próprio, bem como quanto à desvantagem para a parte mais fraca, resultante de dis-
paridades econômicas ou de uma interpretação errônea ou incompleta do direito.
Em nosso ordenamento, a autocomposição pode ocorrer extra ou endoprocessu-
almente, isto é, antes da instauração do processo ou durante a sua pendência, sendo 
que, na segunda hipótese, os incisos II, III e V do artigo 2692, do CPC, prevêem a 
extinção do processo com a resolução do mérito.
O Juízo Arbitral é uma modalidade de heterocomposição (julgamento do litígio 
por terceiro escolhido consensualmente pelas partes) também voltada à fixação de 
existência ou inexistência de um direito. Diferencia-se da conciliação porquanto 
esta, além de consistir em meio alternativo de autocomposição induzida, permite 
2 a Lei nº 11.232 de 2005 modi-
ficou a redação do caput do art. 
269, limitando-se a dizer que 
nos casos elencados “haverá 
resolução do mérito”, pois nem 
sempre o processo se extingue 
através de decisão impositiva. 
as sentenças que resolvem o 
mérito do processo, apreciando 
o objeto do pedido posto em 
juízo, são denominadas defini-
tivas. Já as sentenças terminati-
vas são aquelas em que não há 
resolução do mérito, pois não 
chegam a apreciar o chamado 
objeto da demanda.
16FGV DIREITO RIO
açãO: TEORIa E pROcEDImEnTOs
apenas que um terceiro imparcial conduza as partes a um acordo, nada mais poden-
do fazer se isso se mostrar inviável.
Já no caso da arbitragem, não havendo possibilidade de acordo entre as partes, 
caberá ao árbitro impor a sua decisão solucionando a controvérsia, tendo em vista 
terem as partes acordado previamente que se submeteriam àquilo que por ele viesse 
a ser decidido (Lei n° 9.307/96).
No que concerne à Jurisdição, importante destacar que a partir do séc. XIV 
tornou-se a forma predominante de resolução de conflitos monopolizada pelo Es-
tado, por intermédio do Poder Judiciário, ao lado das funções legislativa e admi-
nistrativa. 
Palavra que vem do latim jurisdictio (que etimologicamente significa dizer o di-
reito), a jurisdição tem como fim último a pacificação social e consiste em um poder 
e dever do Estado, pois, se por um lado, corresponde a uma manifestação do poder 
soberano do Estado, impondo suas decisões de forma imperativa aos particulares, 
por outro, corresponde a um dever que o Estado assume de dirimir qualquer con-
flito que lhe venha a ser apresentado. 
Assim, à medida que o Estado, vedando a justiça privada, retira do indivíduo a 
possibilidade de buscar por suas próprias forças a resolução dos conflitos, assume, 
em contrapartida, o poder-dever de solucioná-los com justiça, uma vez que a perpe-
tuação de pretensões insatisfeitas e controvérsias pendentes de resolução constituiria 
fonte de intensa perturbação da paz social. 
Por conseguinte, a função jurisdicional é concebida, segundo Chiovenda, como 
a função do Estado que tem por escopo a atuação da vontade objetiva e concreta da 
lei, mediante a substituição de uma atividade privada por uma atividade pública; 
ou, consoante Carnelutti, como a função estatal de justa composição de lides, en-
tendida esta última como o conflito de interesses qualificado pela pretensão de uma 
parte e resistência de outra.
Pode ser definida ainda de acordo com a posição adotada pela doutrina brasilei-
ra, que procura relacionar os conceitos supracitados como sendo a função de atuar 
a vontade objetiva da lei, com a finalidade de obter a justa composição da lide.
O processo, por sua vez, é o instrumento de que se utiliza o Estado para, no exer-
cício da função jurisdicional, resolver os conflitos de interesses apresentados pelas 
partes.
Além do método estatal de resolução de litígios (jurisdição), hoje se fala também 
nos equivalentes jurisdicionais, ou seja, nos meios mediante os quais se obtém a 
solução de conflitos com a participação direta dos litigantes ou através de um parti-
cular desprovido de poder jurisdicional.
 
3.1. Correntes unitarista e dualista da ciência processual 
Distinguem-se, na doutrina, duas correntes acerca da sistematização do direito 
processual: a que acredita na unidade de uma teoria geral do processo (unitarista) e 
a que sustenta a separação entre a ciência processual civil e a penal, por constituírem 
ramos dissociados, com institutos peculiares (dualista).
17FGV DIREITO RIO
açãO: TEORIa E pROcEDImEnTOs
No entanto, a posição mais adequada, a nosso ver, é a que entende pela existência 
de uma única Teoria Geral do Processo, tendo em vista que a ciência processual, seja 
penal, civil, ou até mesmo trabalhista, obedece a uma estrutura básica, comum a 
todos os ramos, fundada nos institutos jurídicos da ação, da jurisdição e do processo.
Longe de pretender afirmar a unidade legislativa, a Teoria Geral do Processo 
permite uma condensação científica de caráter metodológico, elaborando e coorde-
nando os mais importantes conceitos, princípios e estruturas do direito processual.
Importante destacar que novos e modernos Diplomas, como a Lei Maria da 
Penha – Lei nº 11.340/06, que visa a prevenir e reprimir a violência doméstica, 
adotam a sistemática de juízos híbridos, sugerindo a criação de varas especializadas, 
com competência civil e criminal, de modo a facilitar o acesso à justiça e conferir 
proteção mais efetiva à vítima de tais situações de violência3.
Dessa forma, o estudo da Teoria Geral do Processo é fruto da autonomia cientí-
fica alcançada pelo direito processual e tem como enfoque o complexo de regras e 
princípios que regem o exercício conjunto da jurisdição, pelo Estado-Juiz; da ação, 
pelo demandante (e da defesa, pelo demandado); bem como os ensinamentos acer-
ca do processo, procedimento e pressupostos.
4. FONTES DO DIREITO PROCESSuAL BRASILEIRO
As fontes de direito em geral podem ser conceituadas como os meios de pro-
dução, expressão ou interpretação da norma jurídica. Assim, as normas de direito 
processual emanam das fontes que inspiram este ramo do direito e podem ser clas-
sificadas em formais e materiais. 
Fontes formais são aquelas que detêm força vinculante e constituem o próprio di-
reito positivo. A fonte formal, por excelência, do direito processual é a Lei lato sensu. 
Em sentido estrito, apontamos, inicialmente, a Constituição Federal, que consagra 
os chamados Princípios Constitucionais Processuais, tais como o Devido Processo 
Legal, a Ampla Defesa e o Contraditório, a Duração Razoável do Processo, bem 
como a Isonomia e a Inadmissibilidade de provas obtidas por meios ilícitos. 
Fontes materiais são as que não possuem força vinculante nem caráter obriga-
tório, mas se destinam a revelar e informar o sentido das normas processuais. São 
assim considerados os princípios gerais do direito, o costume, a jurisprudência 
(entendimento dos tribunais) e a doutrina (ensinamentos dos autores especiali-
zados).
De se registrar que hoje, a figura da súmula vinculante, prevista no artigo 103-A 
da Carta de 1988 e regulada pela Lei nº 11.417/06 torna o precedente judicial fonte 
material do direito nesta hipótese. Trata-se de uma figura híbrida, com característi-
cas de norma abstrata, eis que aplicável a todos, porém surgida a partir de um caso 
específico, e, por isso, também norma concreta entre as partes envolvidas naquele 
litígio.
3 conferir artigos 1º e 33 da Lei 
nº 11.340/06.
18FGV DIREITO RIO
açãO: TEORIa E pROcEDImEnTOs
5. NORMA PROCESSuAL
O Estado é o responsável pela determinação das normas jurídicas, que estabe-
lecem como deve ser a conduta das pessoas em sociedade. Taisnormas podem: a) 
definir direitos e obrigações; b) definir o modo de exercício desses direitos.
As primeiras constituem aquilo que convencionamos chamar de normas jurídicas 
primárias ou materiais. Elas fornecem o critério a ser observado no julgamento de 
um conflito de interesses. Aplicando-as, o juiz determina a prevalência da pretensão 
do demandante ou da resistência do demandado, compondo, desse modo, a lide 
que envolve as partes.
As segundas, de caráter instrumental, compõem as normas jurídicas secundárias 
ou processuais, provenientes do direito público, conforme já ressaltado. Elas deter-
minam a técnica a ser utilizada no exame do conflito de interesses, disciplinando a 
participação dos sujeitos do processo (principalmente as partes e o juiz) na constru-
ção do procedimento necessário à composição jurisdicional da lide.
A eficácia espacial das normas processuais é determinada pelo princípio da territo-
rialidade, conforme expressam os arts. 1o e 1.211, 1ª parte, do CPC4. O princípio, 
com fundamento na soberania nacional, determina que a lei processual pátria é 
aplicada em todo o território brasileiro (não sendo proibida a aplicação da lei pro-
cessual brasileira fora dos limites nacionais), ficando excluída a possibilidade de 
aplicação de normas processuais estrangeiras diretamente pelo juiz nacional.
Devido ao sistema federativo por nós adotado, compete privativamente à União 
legislar sobre matéria processual, conforme determina o art. 22, I, da CF. Não ocor-
re, pois, como nos EUA, em que as leis processuais divergem de um Estado para 
outro. Não obstante, as normas procedimentais estaduais brasileiras podem variar 
de Estado para Estado, uma vez que o art. 24, XI, da CF, outorgou competência 
concorrente à União, aos Estados-membros e ao Distrito Federal, para legislar sobre 
“procedimentos em matéria processual”.
Além disso, ao lado das normas processuais (art. 22, I, da CF) e das procedimentais 
(art. 24, XI, da CF), existem as normas de organização judiciária, que também po-
dem ser ditadas concorrentemente pela União, pelos Estados e pelo Distrito Federal 
(CF/88, arts. 92 e segs., merecendo especial destaque os arts. 96, I, “a”, e 125, § 1.°).
No tocante à eficácia temporal das normas, aplica-se o art. 1.211, 2ª parte, CPC, 
segundo o qual a lei processual tem aplicação imediata, alcançando os atos a serem 
realizados e sendo vedada a atribuição de efeito retroativo. 
No que tange ao início de sua vigência, no entanto, de acordo com o art. 1º da 
Lei de Introdução ao Código Civil, a lei processual começa a vigorar quarenta e cin-
co dias após a sua publicação, salvo disposição em contrário (na prática, é comum 
que se estabeleça a vigência imediata), respeitando-se, todavia, o direito adquirido, 
o ato jurídico perfeito e a coisa julgada, em conformidade com o art 5º, XXXVI, da 
Magna Carta e art. 6°, LICC.
Por fim, quanto à forma de interpretação da norma processual, ou seja, determinar 
seu conteúdo e alcance. Há diversos métodos de interpretação da norma jurídica 
que também podem ser estendidos à norma processual.
4 art. 1o cpc: “A jurisdição civil, 
contenciosa e voluntária, é 
exercida pelos juízes, em todo o 
território nacional, conforme as 
disposições que este Código esta-
belece.” art. 1.211 “Este Código 
regerá o processo civil em todo o 
território brasileiro. (...).”
19FGV DIREITO RIO
açãO: TEORIa E pROcEDImEnTOs
Assim, de maneira resumida, podemos classificá-los em: a) Literal ou gramatical, 
que, como o próprio nome já diz, leva em consideração o significado literal das 
palavras que formam a norma; b) Sistemático, segundo o qual a norma é interpre-
tada em conformidade com as demais regras do ordenamento jurídico, que devem 
compor um sistema lógico e coerente que se estabelece a partir da Constituição; c) 
Histórico, em que a norma é interpretada em consonância com os seus antecedentes 
históricos, resgatando as causas que a determinaram; d) Teleológico, que objetiva 
buscar o fim social da norma, a “mens legis”, ou seja, diante de duas interpretações 
possíveis, o intérprete deve optar por aquela que melhor atenda às necessidades da 
sociedade (art. 5º, LICC); e e) Comparativo, que se baseia na comparação com os 
ordenamentos estrangeiros, buscando no direito comparado subsídios à interpreta-
ção da norma.
Conforme o resultado alcançado, a atividade interpretativa pode ser classifica-
da em: a) declarativa, atribuindo à norma o significado de sua expressão literal; b) 
restritiva, limitando a aplicação da lei a um âmbito mais estrito, quando o legislador 
disse mais do que pretendia; c) extensiva, conferindo-se uma interpretação mais ampla 
que a obtida pelo seu teor literal, hipótese em que o legislador expressou menos do que 
pretendia; d) ab-rogante, quando conclui pela inaplicabilidade da norma, em razão de 
incompatibilidade absoluta com outra regra ou princípio geral do ordenamento.
Acerca dos meios de integração, destacamos que, com o advento do Código 
Francês de Napoleão, em 1804, institui-se a importante regra de que o magistrado 
não mais poderia se eximir de aplicar o direito, sob o fundamento de lacuna na lei. 
Tal norma foi seguida pela maioria dos códigos modernos, sendo também positiva-
da em nosso ordenamento. 
Dessa forma, o art. 126, CPC5, preceitua a vedação ao non liquet, isto é, proíbe 
que o juiz alegue lacuna legal como fator de impedimento à prolação da decisão. 
Para tanto, há de se valer dos meios legais de colmatagem de lacunas, previstos 
no art. 4º, LICC, a saber: a analogia (utiliza-se de regra jurídica prevista para hipó-
tese semelhante), os costumes (que são fontes da lei) e os princípios gerais do Direito 
(princípios decorrentes do próprio ordenamento jurídico). 
Ressalte-se, por fim, que interpretação e integração têm funções comunicantes e 
complementares, voltadas à revelação do direito. Ambas possuem caráter criador e 
permitem o contato direto entre as regras de direito e a vida social.
MATERIAL DE APOIO
Jurisprudência
Texto a seguir extraído de trecho da Decisão proferida no Tribunal de Justiça do 
Estado do Rio Grande do Sul:
“Concordo com o eminente Relator quando diz que o Código Civil de 1916 não 
previu, entre as hipóteses de exclusão elencadas no art. 1.595, a situação ora vertida nos 
5 “art. 126. O juiz não se exime 
de sentenciar ou despachar ale-
gando lacuna ou obscuridade 
da lei. no julgamento da lide 
caber-lhe-á aplicar as normas 
legais; não as havendo, recor-
rerá à analogia, aos costumes e 
aos princípios gerais do direito”.
20FGV DIREITO RIO
açãO: TEORIa E pROcEDImEnTOs
autos, uma vez que excluiu da sucessão, exclusivamente, os herdeiros. (...) No entanto, 
se há omissões na identificação das pessoas integrantes do suporte fático, de tal omissão 
não se ressentem os princípios, que devem sempre ser identificados para serem invo-
cados quando se verifica uma lacuna na lei. Assim, se há omissão de norma legal, deve 
sempre que prevalecer o princípio consagrado pelo legislador que, indiscutivelmente, 
é o de não permitir a quem atenta contra a vida de outrem possa dele receber alguma 
coisa, seja como sucessor, seja como cônjuge ou companheiro do sucessor. Essa é a in-
tenção do legislador e a função da Justiça é exatamente fazer incidir a orientação ditada 
pela lei. Aliás, para isso é que somos juízes, para fazer justiça segundo os princípios que 
regem o sistema jurídico. Não somos, como dizia Montesquieu: la bouche de la loi, 
juízes que simplesmente se limitam a repetir e aplicar a norma contida no elenco legal, 
permitindo que se conviva com a injustiça. Somos Juízes de Direito, integramos um 
Tribunal de Justiça. (...) Então, é o sentido que adoto, aceitando a tese sustentada da 
tribuna de que o meeiro não deixa de ser um legatário ex legis; portanto, aplicando-se 
também a indignidade no caso da sucessão legítima, pode-seconstruir uma nova hipó-
tese de que ali se incluem também outras pessoas que, aproveitando-se diretamente do 
resultado do seu inexplicável gesto, venham a matar os autores da herança”.
(Apelação Cível Nº. 70005798004, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do 
RS, Relator: Luiz Felipe Brasil Santos, Julgado em 09/04/2003).
Doutrina
leitura obrigatória
 GRINOVER, Ada Pellegrini. Modernidade do direito processual brasileiro, O 
Processo em Evolução, Rio de Janeiro, Forense Universitária, 1996, p. 3-19.
leitura complementar
DINAMARCO, Cândido Rangel. Universalizar a tutela jurisdicional, Funda-
mentos do Processo Civil Moderno, tomo II, 4. ed. São Paulo, Malheiros, 
2001, p. 838-875.
MESQUITA, José Ignácio Botelho de. As novas tendências do direito processu-
al: uma contribuição para o seu reexame, Revista Forense, vol. 361, mai/jun 
2002, p. 47-72.
MOREIRA, José Carlos Barbosa. Notas sobre alguns fatores extrajurídicos no 
julgamento colegiado, Temas de Direito Processual: sexta série, São Paulo, Sa-
raiva, 1997, p. 145-172.
WAMBIER, Teresa Arruda Alvim. Fungibilidade de “meios”: uma outra dimen-
são do princípio da fungibilidade, in Aspectos Polêmicos e Atuais dos Recursos 
Cíveis e de Outras Formas de Impugnação às Decisões Judiciais, coordenadores 
Nelson Nery Jr. e Teresa Arruda Alvim Wambier, São Paulo, Revista dos Tri-
bunais, 2001, p. 1.090-1.144. 
21FGV DIREITO RIO
açãO: TEORIa E pROcEDImEnTOs
Sites
Neoconstitucionalismo e constitucionalização do Direito. O triunfo tardio do 
Direito Constitucional no Brasil. Jus Navigandi, Teresina, a. 9, n. 851, 1 nov. 
2005. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=7547
QuESTÕES DE CONCuRSO
OAB/RJ (1ª fase – 32º exame) 
Uma nova lei processual tem vigência:
a) apenas para os processos distribuídos posteriormente à sua publicação e res-
peitando-se o período de vacatio legis.
b) inclusive para os processos em andamento e sempre retroagindo seus efeitos 
aos atos processuais anteriormente realizados.
c) inclusive para os processos em andamento, desde que sejam respeitados, em 
virtude da proteção do ordenamento jurídico ao ato jurídico perfeito, os atos 
processuais já realizados.
d) inclusive para os processos em andamento, desde que sejam respeitados, em 
virtude da proteção do ordenamento jurídico à coisa julgada, os atos proces-
suais já realizados.
22FGV DIREITO RIO
açãO: TEORIa E pROcEDImEnTOs
aULa 02. ação: teorias, caracterÍsticas, conceito, condiçÕes, 
eLementos e espÉcies.
CASO
Helena propôs Ação Possessória com pedido de concessão de medida liminar 
em face de Cássia, que se encontrava de posse ilegal da loja B, situada na Rua das 
Flores, nº. 58, Centro, Rio de Janeiro. Embora Cássia tenha se retirado do imóvel 
antes da prolação da sentença, em contestação a ré confessou o seu esbulho. O juiz 
julga extinto o processo sem resolução do mérito por entender que houve perda 
superveniente de interesse processual. Pergunta-se:
a) Permaneciam as condições para o regular seguimento da demanda, ou o juiz 
agiu corretamente extinguindo o feito por ausência de um dos pressupostos 
de constituição e desenvolvimento válido e regular do processo?
b) O fato de a ré ter confessado o esbulho não seria suficiente para o juiz julgar o 
mérito e extinguir o processo com base no artigo 269, II, do CPC, qual seja, 
quando “o réu reconhecer a procedência do pedido”? 
NOTA AO ALUNO
1. CONSIDERAÇÕES INTRODuTóRIAS
Primeiramente, é mister atentar à multiplicidade de acepções que o termo “ação” 
invoca. Ora empregado como direito, ora como poder, é também definido como pre-
tensão, como exercício de um direito pré-existente e, não raro, é considerado, na prá-
tica forense, como sinônimo de processo, procedimento, ou mesmo autos. Há ainda 
autores que distinguem entre ação de direito material e ação de direito processual.
Consoante os ensinamentos de Ada Pellegrini Grinover6, ação seria o direito 
ao exercício da atividade jurisdicional (ou poder de exigir esse exercício). Invocar 
esse direito implica provocar a jurisdição (provocação necessária, visto que, em 
regra, ela é inerte), o qual se exerce através de um complexo de atos denominado 
processo. 
Trata-se, portanto, de direito à jurisdição – desde que preenchidas algumas con-
dições, como será visto logo adiante – que encontra fundamento constitucional na 
garantia da tutela jurisdicional efetiva (art. 5º, XXXV, CF), uma vez que através 
dela o titular do direito terá acesso à proteção de seu direito material. Vista neste 
sentido, isto é, como direito à jurisdição, a ação é um direito tanto do autor, quanto 
do réu. 
Por isso, quando se afirma que através dela o titular do direito receberá a prote-
ção jurisdicional, pretende-se dizer que essa tutela deve ser outorgada àquela parte 
que a mereça, considerando o direito material aplicável ao caso. E, nesse contexto, 
6 O direito de ação constitucional 
seria o fundamento do direito 
de ação processual, sendo este 
último o único que interessa 
ao processo. GRInOVER, ada 
pellegrini et alli. Teoria Geral 
do Processo, 18ª ed. são paulo: 
malheiros, 2002, p. 256.
23FGV DIREITO RIO
açãO: TEORIa E pROcEDImEnTOs
a ação serve ao interesse público de dar a cada um o que é seu, assegurando a con-
vivência pacífica e harmoniosa em sociedade.
Não obstante, conforme será analisado, a doutrina traçou longo caminho até 
reconhecer a autonomia do “direito de ação”: inicialmente, identificava-o com o 
direito material litigioso; mais tarde, no entanto, surgiu a preocupação em elaborar 
uma disciplina autônoma e independente do direito material que permitisse a dis-
tinção entre o direito material controvertido e o direito de ir a juízo, o que consti-
tuiu relevante conquista para a consolidação da Ciência Processual. 
Nesse contexto, o direito de ação assume também a noção de freio às demandas 
inviáveis de modo a determinar o necessário equilíbrio entre o direito de acesso à 
justiça e a garantia da concreta eficácia dos direitos. 
2. TEORIAS ACERCA DA NATuREZA JuRÍDICA DA AÇÃO
Verificado o conceito de ação como um direito, é na natureza jurídica do insti-
tuto que residem as maiores controvérsias, principalmente em razão da autoridade 
daqueles juristas que formularam as diversas teorias. Desta forma, passemos a uma 
breve análise das construções teóricas que mais se destacaram: 
1) Teoria Imanentista, Civilista, ou Clássica: Segundo a clássica proposição ro-
mana que vigorou até meados do século XIX, a ação era o próprio direito material 
colocado em movimento, a reagir contra a ameaça ou violação sofrida. Não havia 
ação sem direito. Defendia-se a tese da imanência do direito de ação ao direito sub-
jetivo material.
2) Teoria do direito concreto de ação (teoria concreta): Em 1885, Adolph Wach, na 
Alemanha, reconhece em sua obra relativa independência entre o direito de ação e 
o direito subjetivo material. Segundo Wach, a pretensão de tutela jurídica – ação 
– constituiu direito de natureza pública, dirigindo-se contra o Estado, o qual teria a 
obrigação de prestá-la, e contra o demandado, que teria que suportar seus efeitos.
Segundo essa concepção, embora distinto do direito material, o direito de ação 
corresponderia a quem tivesse razão, ou seja, só existiria quando a sentença fosse 
favorável. Nesse sentido, a teoria defendia a existência do direito de ação somente 
quando houvesse uma proteção concreta voltada para um direito subjetivo.
Assim, apesar de sua contribuição para demonstrar a autonomia do direito de 
ação, a teoria foi alvo de críticas não apenas em razão de a improcedência do pedido 
restar inexplicável, pois, nessa hipótese, a natureza do direito exercido pelo autor 
permanecia indefinida, mas também por caracterizar a ação como o direito a uma 
sentença favorável, pois, dessa forma, o réu também teria direitode ação.
3) Teoria da ação como direito potestativo: Representa uma variante da teoria con-
creta, pois também condicionava a existência do direito de ação à obtenção de uma 
sentença favorável. Por conseguinte, sujeita-se às mesmas críticas dirigidas contra 
referida teoria.
Conforme seu defensor, Chiovenda, a ação pode ser definida como o “poder 
jurídico de dar vida à condição para a atuação da vontade da lei”, isto é, o direito de 
24FGV DIREITO RIO
açãO: TEORIa E pROcEDImEnTOs
obter uma atuação concreta da lei em face de um adversário, sem que este possa 
obstar que a atividade jurisdicional se exerça.
A ação, aqui também entendida como direito autônomo, não era tida como um 
direito subjetivo, mas como um direito de poder (direito potestativo), visto que cor-
responderia ao direito do autor de submeter o réu aos efeitos jurídicos pretendidos, 
ou seja, à atuação da vontade concreta da lei. Desse modo, para esta teoria, a ação 
se dirigia contra o réu e não contra o Estado (visão privatista).
4) Teoria da ação como direito abstrato: Formulada pelo alemão Degenkolb e pelo 
húngaro Plósz, define o direito de ação como o direito público que se exerce contra 
o Estado e em razão do qual o réu comparece em juízo. Não se confunde com o 
direito privado argüido pelo autor, sendo concebido com abstração de qualquer 
outro direito. 
O conteúdo primordial desta teoria foi o mérito de reconhecer a existência de 
um direito público, subjetivo, preexistente ao processo e desvinculado do direito 
material ao permitir que o autor, no exercício de seu direito de ação, fizesse apenas 
referência a um interesse seu, levando o Estado a proferir uma sentença por meio da 
atividade jurisdicional, ainda que contrária aos interesses autorais. 
5) Teoria Eclética: É a adotada pelo nosso ordenamento, conforme se depreende 
da leitura do artigo 5º, XXXV texto constitucional e artigos 3º e 267, VI, CPC. Foi 
elaborada por Liebman e tem assento na teoria abstrata, porém com a inclusão de 
uma nova categoria, qual seja, as “condições da ação”, ou condições de admissibili-
dade do provimento sobre a demanda e, portanto, preliminar ao exame do mérito. 
Para Liebman a ação é o “direito ao processo e ao julgamento do mérito”, o qual não 
representa, porém, a garantia de um resultado favorável ao demandante. Segundo 
Liebman, as condições da ação são os “requisitos de existência da ação”. Somente se 
elas estiverem presentes o juiz estará obrigado a julgar o pedido, a fim de acolhê-lo 
ou rejeitá-lo.
Assim, considerando tratar-se de um direito abstrato voltado a provocar o exer-
cício da jurisdição, a ação é defendida como o direito de obter o julgamento do 
pedido, ou seja, a análise do mérito, independentemente do resultado da demanda. 
Trata-se, portanto, de um direito subjetivo instrumental, visto que independente do 
direito subjetivo material, embora conexo a ele.
3. CARACTERÍSTICAS DA AÇÃO
a) Direito subjetivo: Segundo a doutrina dominante, a ação seria um direito 
(como já visto), enquanto para outros ela seria um poder. Os que a entendem 
como poder partem da noção de que direito subjetivo e obrigação represen-
tam situações jurídicas opostas de vantagem e desvantagem que gerariam um 
conflito de interesses. Assim, inexistindo conflito entre Estado e autor, não 
haveria que se falar em direito subjetivo e sim em poder;
b) Direito público: A ação está sempre situada na órbita do direito público, pois 
o exercício desse direito subjetivo desencadeia o desempenho de uma fun-
ção pública monopolizada pelo Estado (jurisdição). Assim, a ação é dirigida 
25FGV DIREITO RIO
açãO: TEORIa E pROcEDImEnTOs
apenas contra o Estado, mas, uma vez apreciada pelo juiz, produzirá efeitos 
na esfera jurídica do réu;
c) Garantido constitucionalmente: Como um direito fundamental contido no art. 
5º, XXXV, assegura o direito ao processo com a atuação do Estado, o direito 
ao contraditório e o direito de influir sobre a formação do convencimento do 
juiz através do garantia do devido processo legal (art. 5º, LIV, CF);
d) Instrumental: Tem por finalidade solucionar uma pretensão de direito material. 
Em virtude da intensa produção doutrinária, essa característica tem assumido 
grande importância no cenário jurídico hodierno que privilegia um processo 
civil de resultados e o considera não como um fim em si mesmo, mas como 
instrumento capaz de garantir a máxima efetividade da tutela jurisdicional. 
4. CONCEITO
Examinadas a natureza jurídica e as características da ação, podemos agora con-
ceituá-la como um direito autônomo (independente da existência do direito mate-
rial), de natureza abstrata e instrumental, pois visa solucionar pretensão de direito 
material, sendo, portanto, conexo a uma situação jurídica concreta.
5. CONDIÇÕES DA AÇÃO
A expressão “condições da ação” reveste-se de certa equivocidade. Frise-se, contudo, 
que, neste trabalho, será ela utilizada para designar os requisitos indispensáveis ao regu-
lar exercício do direito de ação. Afasta-se, desse modo, a lição de Liebman, consoante a 
qual as condições da ação seriam requisitos para a existência de referido direito.
5.1. São condições genéricas:
1) Legitimidade das partes (legitimidade ad causam): Difere da legitimidade ad 
processum, pois aquela é a legitimidade para agir (refere-se àquele que sofreu a lesão) 
e esta é a capacidade processual, ou seja, a capacidade de estar em juízo. 
2) Interesse processual em agir7: Refere-se à necessidade, utilidade e proveito da 
tutela jurisdicional para que o autor obtenha a satisfação do direito pleiteado e jus-
tifica-se na medida em que não convém ao Estado acionar o aparato judicial sem 
que dessa atividade possa ser extraído algum resultado útil. 
Alguns autores entendem que o interesse de agir deve vir representado pelo bi-
nômio necessidade-adequação do provimento judicial solicitado. Nesse sentido, a 
necessidade decorreria da impossibilidade de obter a satisfação do alegado direito 
sem a atuação do Estado (já que o ordenamento veda a autotutela); e a adequação 
da relação existente entre os meios processuais escolhidos e o fim desejado.
3) Possibilidade jurídica do pedido: Previsibilidade pelo direito objetivo da preten-
são manifestada pelo autor, ou seja, é a admissibilidade, em abstrato, do provimento 
7 O interesse de agir processu-
al diferencia-se do interesse 
substancial ou material, que 
diz respeito à relação jurídica de 
direito material argüida. além 
disso, é requisito de todos os di-
reitos processuais e não apenas 
da ação.
26FGV DIREITO RIO
açãO: TEORIa E pROcEDImEnTOs
demandado. Deve ser aferida em dois aspectos, um positivo (pode-se pedir tudo 
aquilo que esteja expressamente previsto em lei) e outro negativo (só se pode pleitear 
o que não seja vedado por lei). O silêncio da lei é interpretado em favor da parte. Esta 
é a posição do direito brasileiro.
5.2. São condições específicas:
Além das mencionadas condições genéricas, que devem estar presentes em todas 
as ações, há que se falar, ainda, nas condições específicas, previstas para determina-
das ações, como por exemplo:
– Mandado de Segurança: sua condição específica é o ajuizamento da ação 
no prazo máximo de 120 dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato 
impugnado (art. 18, Lei n° 1.533/51).
– Ação Rescisória8 (ação especial utilizada para desconstituir a coisa julgada): 
duas são as condições específicas neste caso: o depósito de 5% sobre o valor 
da causa pelo seu autor no momento em que ele propõe a demanda rescisória 
(art. 488, II, CPC) e o ajuizamento da demanda dentro do prazo de dois 
anos contados do trânsito em julgado da decisão (art. 495, CPC).
5.3. Aferição das condições da ação
É de se ressaltar, afinal, que as condições da ação devem ser aferidas in statu as-
sertionis, ou seja, em face da afirmação constante da petição inicial.Isto porque se 
dos fatos afirmados pelo autor não puder vir a resultar o acolhimento do pedido, o 
autor não terá o direito ao exercício da jurisdição sobre o caso concreto, devendo 
ser julgado carecedor de ação.
No entanto a asserção não é suficiente para demonstrar a presença das condições 
da ação. Na verdade, ela deve ser examinada em conjunto com as provas que ins-
truem a petição inicial. É necessário um mínimo de provas a demonstrar a verossi-
milhança das asserções formuladas na petição inicial. Entendimento contrário per-
mitiria a autolegitimação do exercício da ação e criaria a possibilidade de submeter 
o réu ao ônus de defender-se de uma demanda manifestamente inviável.
Contudo, a posição que ainda hoje predomina na jurisprudência é a do exame 
das condições da maneira como estão dispostas na inicial, sem extensão probatória, 
pois, a partir do momento em que o juiz autoriza a produção de provas, já estará 
ingressando no mérito da causa. Não obstante, já se levantam vozes a mitigar a in-
tensidade dessa regra.
Destaque-se que a carência de ação não se confunde com a improcedência do pe-
dido, pois esta implica exame do mérito, impedindo a renovação da ação, enquanto 
aquela, uma vez reconhecida, não obsta a que o autor renove seu pedido através de 
um novo processo que preencha tais condições.
Assim, o exame das condições da ação não trata de um juízo de mérito, mas de 
um juízo sobre questões de direito material a partir da situação fática e concreta 
8 Importante observar que, após 
a Lei nº. 11.280/2006, o art. 489 
do cpc passou a ter a seguinte 
redação: “O ajuizamento da ação 
rescisória não impede o cumpri-
mento da sentença ou acórdão 
rescindendo, ressalvada a con-
cessão, caso imprescindíveis e 
sob os pressupostos previstos em 
lei, de medidas de natureza cau-
telar ou antecipatória de tutela”. 
a redação anterior do referido 
artigo provocava grande dicoto-
mia entre Lei e Jurisprudência, 
na medida em que dispunha 
que a ação rescisória não sus-
pendia a execução. a nova re-
dação promoveu a reconciliação 
entre Lei e Jurisprudência, se-
guindo a tendência de ampliar 
o poder do juiz, ainda que se 
trate de demanda ajuizada com 
o objetivo de desconstituir a 
coisa julgada.
27FGV DIREITO RIO
açãO: TEORIa E pROcEDImEnTOs
relatada pelo demandante como fundamento de sua pretensão, que deve estar acom-
panhada de um mínimo de verossimilhança e provas que evidenciem a possibilidade 
do acolhimento. Isto porque, da mesma forma que é garantido a todos o direito de 
ação, é também assegurado o direito constitucional daquele contra quem a ação é 
exercida de não ser molestado por uma demanda inviável. 
6. ELEMENTOS DA AÇÃO
São elementos da ação as partes, a causa de pedir e o pedido. 
As partes são os sujeitos que figuram respectivamente como autor e como réu 
na relação processual. São aqueles que pedem em relação a quem o provimento 
jurisdicional é pedido. Além da identificação da identidade das partes litigantes, 
é preciso também que se verifique a qualidade com que a pessoa esteja litigando 
(por exemplo, em nome próprio no interesse próprio, em nome próprio no in-
teresse alheio etc.), caso em que, havendo divergência, não haverá identidade de 
parte. 
Numa relação processual podemos encontrar, ainda, os seguintes institutos do 
litisconsórcio (pluralidade de partes numa relação processual) e a intervenção de 
terceiros (ampliação subjetiva da relação processual através do ingresso de pessoas 
no feito sob a condição de terceiros quando os mesmos demonstrarem interesse 
jurídico)9.
Quanto à causa de pedir (ou causa petendi), é o fato jurídico com todas as suas 
circunstâncias que fundamenta a demanda autoral (art. 282, III, do CPC). Divide-
se em causa de pedir próxima e remota10. 
Por fim, o pedido que é o objeto da jurisdição e se divide em imediato e mediato. 
O pedido, como regra no CPC, deve ser certo e determinado (art. 286). Entretanto, 
o próprio legislador admite algumas exceções em hipóteses nas quais, quando do 
início da demanda, tal precisão não puder ser exigida do autor, segundo o princípio 
da razoabilidade. 
O princípio da inércia limita que o julgador se atenha ao que consta no pedido 
quando da prolação de sua sentença. Entretanto, os chamados pedidos implícitos 
(exemplo: os juros legais e a obrigações vincendas em relações de trato sucessivo) 
não estão adstritos àquele princípio.
MATERIAL DE APOIO
Jurisprudência
EMENTA: CONSUMIDOR E SERVIÇO PÚBLICO. FORNECIMENTO 
DE ÁGUA. CORTE. PEDIDO DE RESTABELECIMENTO E REVISÃO DO 
CONTRATO. TERCEIRO. ILEGITIMIDADE AD CAUSAM. Não tem legiti-
midade para pleitear manutenção do serviço de fornecimento de água, e revisão do 
9 sobre esta temática, vide aula 
07. 
10 conferir aula 08.
28FGV DIREITO RIO
açãO: TEORIa E pROcEDImEnTOs
contrato respectivo, aquele que não integra a relação jurídica substancial litigiosa, 
nem comprova a regularidade de sua posse no imóvel. HIPÓTESE DE EXTIN-
ÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. (Apelação Cível Nº. 
70016394231, Vigésima Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: 
Mara Larsen Chechi, Julgado em 28/06/2007).
EMENTA: AÇÃO ANULATÓRIA. PROTESTO INDEVIDO DE DUPLI-
CATA QUITADA. PROTESTO E CADASTRO NEGATIVO REALIZADOS 
EM NOME DA PESSOA JURÍDICA. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL 
PRETENDIDA PELOS SÓCIOS. ILEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM. 
SERASA. ILICITUDE. INDENIZAÇÃO. VALOR. Os sócios de clínica médica 
não estão investidos de legitimidade para postular dano moral por inscrição in-
devida daquela em órgão de restrição ao crédito. A teoria da desconsideração da 
personalidade jurídica tem aplicação apenas em situações excepcionais, conforme 
disposição do art. 50 do Código Civil, visando resguardar o direito de tercei-
ros que contratam com a pessoa jurídica e não o de seus sócios. O dano moral, 
quando decorrente de protesto indevido, é, em regra, presumido, não se exigindo, 
portanto, a comprovação de sua ocorrência efetiva. Na fixação dos danos morais 
devem ser observados os critérios objetivos recomendados pela doutrina e pela 
jurisprudência tais como a condição econômica das partes, a eqüidade, proporcio-
nalidade e razoabilidade na decisão, a extensão do dano e a participação culposa 
do ofensor. Considerando-se, ainda, os parâmetros adotados pela Câmara para 
situações similares, tem-se por justa, para a espécie, a indenização no valor equiva-
lente a 10 (dez) salários mínimos. PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE ATIVA 
ACOLHIDA. APELAÇÃO DA RÉ PROVIDA EM PARTE. APELAÇÃO DOS 
AUTORES DESPROVIDA. (Apelação Cível Nº. 70015931231, Décima Oitava 
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Cláudio Augusto Rosa Lopes 
Nunes, Julgado em 28/06/2007).
LEITuRAS OBRIGATóRIAS
BUENO, Cássio Scarpinella. Curso Sistematizado de Direito Processual Civil, vol. 
1, São Paulo, Saraiva, 2007, p. 328-367.
CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil, vol. 1, 17 ª edi-
ção, Rio de Janeiro, Lumen Juris, 2008, p. 107-124.
DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil, vol. 1, 9ª edição, Salvador, 
Podium, 2008, p. 167-205.
LEITuRAS COMPLEMENTARES
GRECO, Leonardo. A Teoria da Ação no Processo Civil, São Paulo, Dialética, 
2003, na íntegra (73 p.)
29FGV DIREITO RIO
açãO: TEORIa E pROcEDImEnTOs
MARINONI, Luiz Guilherme. Curso de Processo Civil, vol. 1, São Paulo, Revista 
dos Tribunais, 2006, p. 157-303.
SOUSA, José Augusto Garcia de. A nova Lei 11.448/07, os escopos extrajurídi-
cos do processo e a legitimidade da Defensoria Pública para ações coletivas, 
in A Defensoria Pública e os Processos Coletivos, coordenador José Augusto 
Garcia de Sousa, Rio de Janeiro, Lumen Juris, 2008, p. 189-258.
 
30FGV DIREITO RIO
açãO: TEORIa E pROcEDImEnTOs
aULa 03. processo: conceito, espÉcies, teorias. 
CASO
Após um acidente de trânsito, uma

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