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A FRAGILIDADE DAS FRONTEIRAS DO BRASIL: RISCOS DE INSTABILIDADE E DE TRÁFICO DE ARMAS E DROGAS

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A FRAGILIDADE DAS FRONTEIRAS DO BRASIL: RISCOS DE INSTABILIDADE E DE TRÁFICO DE ARMAS E DROGAS
Localizado na porção centro-oriental do continente sul-americano e banhado a leste pelo oceano Atlântico, o Brasil possui 23.086 km de fronteiras, sendo 7.367 km marítimas e 15.719 km terrestres. A fronteira com o oceano Atlântico estende-se da foz do rio Oiapoque, ao norte, na divisa do Amapá com a Guiana Francesa, até o arroio Chuí, ao sul, no limite do Rio Grande do Sul com o Uruguai. Com exceção do Chile e do Equador, todos os países da América do Sul fazem fronteira com o Brasil. Ao norte estão Guiana Francesa, Suriname, Guiana e Venezuela; a noroeste, Colômbia; a oeste, Peru e Bolívia; a sudoeste, Paraguai e Argentina; e ao sul, o Uruguai. 
Policiamento e fiscalização: A Polícia Federal é a responsável pela vigilância das fronteiras brasileiras. Fazem parte de suas atribuições a fiscalização de entrada e saída de pessoas no país, o controle dos meios de transporte que fazem o tráfego internacional, e a investigação e o combate dos crimes nacionais ou transnacionais que ocorram ou tenham início na faixa de fronteira: o tráfico de drogas, de armas, de mulheres e crianças; furtos e roubos de veículos; crimes contra a fauna e a flora, como a exploração ilegal de madeira e a biopirataria.
Ao longo de toda a fronteira há apenas 23 postos oficiais de fiscalização da Polícia Federal, da Receita Federal e do Ministério da Saúde. Entre os muitos problemas que as falhas na vigilância fronteiriça trazem ao Brasil estão os estrangeiros clandestinos no país, a entrada de drogas e armas e a evasão de divisas e riquezas nacionais. A falta de maior controle dos rios e do espaço aéreo da Amazônia possibilita que embarcações e aeronaves ilegais trafiquem drogas, armas e até animais silvestres.
O Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam) – projeto que prevê o controle terrestre, aéreo e fluvial da região com base em informações e imagens obtidas por sistemas de radar – começa a ser implantado no segundo semestre de 1998 pela empresa norte-americana Raytheon Company. Previsto para entrar em funcionamento até 2002, ele deverá identificar pistas e vôos clandestinos, auxiliar no combate ao contrabando e ao narcotráfico, além de fazer o mapeamento dos principais problemas e das riquezas naturais da região.
No sul do país, uma das questões mais danosas é o contrabando e o tráfico de drogas e armas na fronteira do Brasil com o Paraguai. A Polícia Federal calcula que cerca de 40 mil pessoas atravessem diariamente a Ponte da Amizade – ligação entre a cidade brasileira de Foz do Iguaçu e a paraguaia Ciudad del Este – sem nenhum tipo de controle. Os principais produtos contrabandeados do Paraguai são bebidas, perfumes, cigarros e produtos eletrônicos. Eles chegam ao Brasil por meio dos sacoleiros (pessoas que compram e os revendem) e, em maior escala, transportados por caminhões ou avião.
 “A estrutura que eles têm é muito grande, então, eles têm batedores, olheiros, sistema de comunicação. E eles usam todas as formas para passar”, explicou o delegado Chang Fan, da Polícia Federal do MS.
E não é nem um pouco difícil entrar no Brasil. O posto da Receita Federal separa o Paraguai de Mundo Novo, no Mato Grosso do Sul. Quem chega do Paraguai, obrigatoriamente, deveria passar pela fiscalização. Mas existe um atalho, um jeitinho fácil de fugir do controle da Receita Federal.
Às 9h40 a equipe de reportagem começou a percorrer esse trajeto por uma estradinha de terra que fica a 200 metros do posto de fiscalização. Só levou 20 minutos para que o atalho fosse percorrido. É só dar uma volta no posto.
Em apenas 15 quilômetros, são cinco passagens clandestinas, as chamadas cabriteiras. Para piorar, o inspetor-chefe de Mundo Novo disse que, em março, perdeu o reforço de oito funcionários por corte de despesas. “Não há condições de fiscalizar todos os veículos. Então, é uma conta simples: mais servidores, fiscalização mais efetiva”, destacou.
Da fronteira com o Paraguai para a passagem com a Bolívia. Corumbá é uma das mais perigosas portas de entrada de cocaína e muamba.
O posto da Receita Federal brasileira está bem na divisa, mas é muito fácil sair da Bolívia e entrar no Brasil sem passar pela fiscalização.
A equipe de reportagem parou em um mercadinho de Porto Quijarro, na Bolívia, e comprou três quilos de açúcar.
Dobrando uma esquina, fica o atalho para o Brasil. É uma trilha no mato. E acredite: área do Exército brasileiro. Uma passagem bem curtinha, que não deu 200 metros. Exatamente a 50 metros da fiscalização.
Se fossem três quilos de cocaína, já teriam ingressado em território brasileiro.
É uma aglomeração de sacoleiros e do atalho sai de tudo, dia e noite. O fiscal da Receita no local diz que não pode fazer nada: “Não, aqui eu não posso sair, porque é abandono de posto”, contou.
São apenas 27 postos de fiscalização da Receita Federal para quase 17 mil quilômetros de fronteira que separam 11 estados brasileiros de 10 países.
E de um extremo ao outro por onde a equipe passou, em 45 dias de viagem, uma situação se repetiu: salas vazias, sem ninguém. Mesmo uma sala de vigilância, o prédio estava completamente vazio. Foi o posto de Barra do Quaraí, que separa o Rio grande do Sul do Uruguai.
O segurança só cuida das instalações. De repente, aparece Alfredo Siqueira, fiscal da Receita na região faz dez anos. “Sempre foi precária assim a fiscalização”, disse.
Essa região do Rio Grande Sul é rota de contrabando de agrotóxicos chineses. Do outro lado, o gerente garante entrega em qualquer lugar do país. “Se comprar 100, 200 quilos, vai passando, de 30 quilos, de 40 quilos, dependendo de como está o controle. Isso não é nenhum problema”.
“O perigo é o crime ambiental, o perigo à saúde pública. Não tem nenhuma autorização da Anvisa, nem nada, nem menos do Ministério da Agricultura”, declarou o fiscal da Receita Federal Udilberto Lobo.
O preço da fronteira aberta entre Tabatinga e a vizinha Letícia, na Colômbia, é muitas vezes pago com a própria vida. Um pedaço da Amazônia manchado pela violência dos cartéis de cocaína.
Execuções a tiros, crimes sob encomenda. A maior parte dos assassinatos em Tabatinga é cometida por matadores de aluguel, que raramente são presos pela facilidade que eles têm de fugir para a Colômbia.
A polícia deles, pelo menos, marca presença na avenida que liga as cidades. Do nosso lado, um posto da PM, desativado faz mais de dez anos.
“O crime foi exatamente aqui, nesse local. O rapaz tomou três tiros e morreu na hora. O assassino saiu correndo e fugiu. Foi embora para Colômbia”, lembrou um policial.
O pistoleiro a serviço do tráfico foi identificado e perseguido. O policial estava a apenas três metros do assassino, e não pôde prendê-lo, porque o colombiano já estava pisando na Colômbia. “Fica uma sensação muito ruim. Tem que fazer cumprir a lei, e você não pode fazer isso. Uma sensação de impotência”, contou ele.
A Polícia Federal informou que a fiscalização em Tabatinga nem sempre é feita na fronteira, mas no aeroporto e no porto fluvial da cidade. E que faz operações para prender quem foge da fiscalização pelas estradas vicinais.
O Exército declarou que irá reforçar o patrulhamento para impedir a passagem de pessoas pela trilha em Corumbá.
A Receita Federal afirmou que administra os escassos recursos para atender à demanda que não para de crescer no controle das fronteiras.
Nesta segunda, em Porto Velho, secretários de Segurança da Região Norte se reuniram com integrantes das Forças Armadas para propor melhorias no controle das fronteiras da região.

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