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Direito Empresarial - Acordao - Marcas

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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Registro: 2015.0000845253
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº 
0047602-35.2010.8.26.0002, da Comarca de São Paulo, em que é apelante EUROMOBILES 
INTERIORES S/A, é apelado CLAMI MÓVEIS E DECORAÇÕES LTDA.
ACORDAM, em 1ª Câmara Reservada de Direito Empresarial do Tribunal de Justiça 
de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de 
conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.
O julgamento teve a participação dos Exmo. Desembargadores FRANCISCO 
LOUREIRO (Presidente) e FORTES BARBOSA.
São Paulo, 11 de novembro de 2015.
Teixeira Leite
RELATOR
 Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
M Apelação nº 0047602-35.2010.8.26.0002 - São Paulo - voto nº 24291 2/6
Voto nº 24291
DIREITO EMPRESARIAL. Propriedade intelectual. Desenho 
industrial. Apelante que obteve regular registro no INPI de 
mesa de sua criação. Pedido de abstenção de fabricação e 
comercialização de produto em que não se comprovou tratar 
de plágio. Mesa comercializada pela apelada que mantem 
características próprias, portanto, tratando-se de produto 
distinto. Recurso desprovido.
Trata-se de apelação contra r. sentença (fls. 
210/213), que julgou improcedente ação de cessação de prática de ato c.c. 
indenização por perdas e danos proposta por Euromobile Interiroes S/A 
contra Clami Móveis e Decorações Ltda, que pretendia a abstenção de 
comercialização de mobiliário (mesa de sala), que entende ser cópia 
daquele que fabrica, sob o fundamento de que, conforme perícia, os 
produtos em análise são distintos e aquele comercializado pela ré, já era 
fabricado antes mesmo do registro do produto da autora.
Inconformada, em suas razões de apelação (fls. 
216/222) a empresa Euromobile Interiroes S/A reitera ser proprietária de 
desenho industrial legitimamente registrado e que a apelada está 
comercializando produto idêntico, conduta que deve ser punida, 
independentemente de ser ela a fabricante, até porque a alegação de que 
terceira empresa já fabricava referido produto antes do registro, não foi 
provado e não pode exonerar a apelada, porquanto esta terceira empresa 
nem sequer é parte neste feito. Afirma que o expert se equivoca em 
salientar que um produto contrafeito é apenas aquele rigorosamente igual 
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
M Apelação nº 0047602-35.2010.8.26.0002 - São Paulo - voto nº 24291 3/6
ao legítimo, isto porque entende que diferenças ínfimas são 
imperceptíveis aos olhos do consumidor, o que, portanto, induz confusão. 
Pede a reforma da r. sentença.
 Contrarrazões às fls. 231/237.
Este é o relatório.
A Propriedade Industrial é o instituto jurídico 
criado para proteger as invenções e os modelos de utilidade (por meio de 
patentes), e das marcas, indicações geográficas e desenhos industriais 
(por intermédio de registros). Os pedidos devem ser dirigidos ao Instituto 
Nacional de Propriedade Industrial INPI.
Registro, portanto, é um título de propriedade 
sobre uma marca ou desenho industrial, outorgado pelo Estado aos 
autores que detenham os direitos sobre a criação. 
Por esse motivo, o titular tem o direito de 
excluir terceiros que, sem sua prévia autorização, manifestou conduta 
relativa à matéria protegida, tal como fabricação, comercialização, 
importação, uso e venda. 
No caso, é incontroverso que a apelante 
depositou pedido de registro de desenho industrial em 28/09/2001, 
pretendendo o privilégio de produção e comercialização de uma mesa de 
sala, o que lhe foi concedido, por intermédio do registro DI 6102909-2, 
em 16/04/02, prorrogado até 28/09/2016 (fls. 31).
Assim, por entender que a apelada estava 
ilicitamente utilizando sua criação intelectual, formulou este pedido de 
abstenção de uso cumulado com indenização, julgado improcedente pelo 
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
M Apelação nº 0047602-35.2010.8.26.0002 - São Paulo - voto nº 24291 4/6
d. Magistrado, decisão esta que entendo deva ser mantida.
Pois bem.
Como cediço, uma vez concedido o registro de 
desenho industrial perante o INPI, não há mais se discutir sua aplicação 
industrial, que existe e deve ser respeitada, afastando assim eventual 
atitude de terceiro atinente à concorrência desleal. 
Entretanto, o que se deve apurar, é se a mesa 
comercializada pela apelada é ou não uma cópia do produto da apelante, 
gerando, por consequência, confusão ao consumidor, diante de seu direito 
de propriedade industrial.
Pois bem.
Com base na manifestação do expert, os 
produtos, embora tenham a mesma finalidade, apresentam diferenças, 
logo se mostrando impossível dizer se tratar de uma cópia, até porque o 
produto em questão, não é daqueles em que se vislumbra uma 
originalidade estanque e, “superproteger a propriedade intelectual é tão 
nocivo quanto sub-protegê-la”, sendo que a superproteção teria efeito 
nocivo já que a “criatividade é impossível sem um rico domínio público e 
mais, ainda hoje, assim como nada desde que dominamos o fogo é 
genuinamente novo: cultura, como ciência e tecnologia, cresce por 
incrementos, cada novo criador construindo sobre o trabalho daqueles 
que vieram antes”.( cf. voto no case White vs. Sansung Eletronics 
America, Inc. , 989 F.2 d 1512, 9th Cir. 1993, citado por Newton 
Silveira no artigo A propriedade Intelectual no Novo Código Civil, 
publicado na obra Princípios do Novo Código Civil Brasileiro e 
Outros Temas, , Ed. Quartier Latin, pág. 505/506, com expressa 
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
M Apelação nº 0047602-35.2010.8.26.0002 - São Paulo - voto nº 24291 5/6
referência de se cuidar de nota retirada da dissertação de mestrado 
de Cláudio Roberto Barbosa, intitulada Relações entre informação 
Propriedade Intelectual, Jurisdição e Direito Internacional, São 
Paulo, 2001).
A propósito, explica Newton Silveira que: “A 
originalidade deve ser entendida em sentido subjetivo, em relação à 
esfera pessoal do autor. Já objetivamente nova é a criação ainda 
desconhecida como situação de fato. Assim, em sentido subjetivo, a 
novidade representa um novo conhecimento para o próprio sujeito, 
enquanto, em sentido objetivo, representa um novo conhecimento para 
toda a coletividade. Objetivamente novo é aquilo que ainda não existia; 
subjetivamente novo é aquilo que era ignorado pelo autor no momento 
do ato criativo.” (Propriedade Intelectual, Ed. Manole).
Nesse rumo, não se vislumbra que a mesa de 
criação da apelada, seja idêntica à da apelante ou, em outras palavras, que 
tenha havido o referido plágio “a concorrência desleal através da cópia 
servil só ocorre quando feito sistematicamente, com intuito de confundir 
a clientela, com a finalidade de desviar a mesma, fazendo-a acreditar 
que um produto ou serviço de um imitador é da mesma origem que a do 
concorrente imitado. Um competidor pratica a concorrência desleal 
quando se aproveita do esforço de outro, que se esmera na difícil tarefa 
de constantemente inovar e se diferenciar no seu segmento 
mercadológico copiando as características não funcionais do negócio, 
produto ou serviço daquele competidor, com o escopo de poupar esforço 
e dinheiro e desviar a clientela alheia, criando confusão na mente do 
consumidor.” (A Concorrência Desleal, texto de Patrícia Carvalho da 
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
M Apelação nº 0047602-35.2010.8.26.0002 - São Paulo - voto nº 24291 6/6
Rocha Porto, Especialistaem Direito da Propriedade Industrial 
UERJ).
No mais, como bem ressaltou o expert, o 
referido móvel, além de não se tratar de produto contrafeito, já era 
fabricado por terceiro em momento anterior á data do registro e a apelada 
nem sequer comercializa mais esse produto.
Portanto, por não comprovada a contrafação 
alegada, o melhor é manter a r. sentença.
Ante o exposto, voto pelo desprovimento do 
recurso.
TEIXEIRA LEITE
Relator

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