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DIREITO CONSTITUCIONAL I Professor Evandro Gomes egomes@fgz.com.br / 98854-9014 Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2015 Página 1 Data: 23.02.15 AULA 1 ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS CONSTITUIÇÕES ESTRUTURA DA CONSTITUIÇÃO CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES A primeira constituição criada foi a Magna Carta, de 1215 da Inglaterra, cujo objetivo era limitar a função do poder estatal do rei. ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA CONSTITUIÇÃO 1º - Elemento limitador – Serve para limitar a atuação do poder estatal (Art. 5º caput da CRFB/88) – “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes”. - 2º - Elemento orgânico – É a forma de a constituição organizar o Estado ( Art. 18 da CRFB/88) – “A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição”. 3º - Elemento socioideológico – É aquele que fixa uma ideologia estatal, ou seja, o espírito que a constituição deseja conduzir a sociedade – (Art. 3º da CRFB/88 – Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. 4º Elemento de estabilização constitucional – É aquele que prevê direito a constituição de determinados casos o Estado intervir dentro da própria estrutura do Estado, quando há instabilização constitucional. Intervenção federal-Art. 34; estado de defesa-Art.136; estado de sítio- Art.137). Obs.: Segurança Jurídica serve para dar confiabilidade do Estado aos seus administrados.- Quando Estado julga, está julgado (coisa julgada); se o Estado concede o direito, o direito pertence a pessoa (direito adquido); se os tramites necessário ocorrem de acordo com o Estado, nada mudará (ato jurídico perfeito) – Esses tres elementos são as exteriorizações da segurança jurídica – LINDB. Art. 6º - A lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. DIREITO CONSTITUCIONAL I Professor Evandro Gomes egomes@fgz.com.br / 98854-9014 Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2015 Página 2 ESTRUTURA DA CONSTITUIÇÃO A constituição é estrutura da seguinte forma: Preâmbulo, Parte Permanente (art. 1º ao art. 250) e Parte Temporária (ADCT – Ato das Disposições Constitucionais Transitórias). O ADCT é um conjunto de normas constitucionais temporárias ou excepcionais, que tem natureza jurídica de norma constitucional, sendo, portanto, objeto de emenda constitucional. O Preâmbulo é a carta de intenções, é o que o poder constituinte queria com a nova constituição. Diferente da ADCT o Preâmbulo não é norma constitucional e, sendo assim, não pode ser objeto de emenda constitucional, isto é, não pode ser alterado por emenda constitucional. Ele ainda não é obrigatório nas constituições, embora todas as constituições brasileiras o tiveram. Por não ser norma constitucional não pode ser utilizado como parâmetro. Mesmo contando a palavra Deus no Preâmbulo, não tira a laicidade do Estado. CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES 1) Quanto ao conteúdo: a) Formal – Aquela que traz normas de conteúdo constitucional e outros assuntos diversos. (CRFB/88). b) Material – Aquela que traz apenas normas constitucionais. 2) Quanto à forma a) Escrita – É aquela que tem o seu texto reduzido ao termo. (CRFB/88). b) Não escrita – É aquela que é pautada nos usos e costumes. Em regra é uma constituição principiológica. 3) Quanto ao modo de elaboração a) Dogmática – É aquela fruto de um trabalho legislativo específico. (CRFB/88). b) Histórica – É aquela que vem através de uma evolução histórica ao longo do tempo. 4) Quanto à origem a) Promulgada – É aquela com base num processo legislativo democrático. (CRFB/88). b) Outorgada – É aquela imposta pelo governante, determinando que a partir de então aquela será a constituição. c) Cesarista (Bonapartite) – É aquela que é inicialmente imposta pelo governante, e após é submetida a apreciação do povo através de um referendo. d) Pactuada – É aquela que é fruto de um acordo entre forças políticas. 5) Quanto a sua extensão a) Analítica – É uma constituição prolixa, extensa. (CRFB/88). b) Sintética – É aquela constituição que prevê um número reduzido de artigos. Costuma ser uma constituição principiológica. DIREITO CONSTITUCIONAL I Professor Evandro Gomes egomes@fgz.com.br / 98854-9014 Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2015 Página 3 6) Quanto a sua função a) Garantista – É aquela que visa defender os direitos fundamentais. b) Dirigente – É aquela que além de visar os direitos fundamentais, também visa dirigir o Estado para um determinado destino. O que caracteriza uma constituição dirigente é aquela pautada em normas programáticas. Normas programáticas são normas que fixam deveres estatais para alcançar os objetivos previstos na constituição. No caso da constituição brasileira os objetivos estão previstos no artigo 3º. (CRFB/88). 7) Quanto à sistemática a) Unitária – É aquela constituição em que todo o seu texto constitucional está encontrado em um único documento. b) Variada – É aquela em que o seu texto constitucional está fragmentado em vários documentos diferentes. c) Bloco de constitucionalidade – É aquela em que a constituição possui um texto principal, mas admite outros textos em apenso, fazendo parte do mesmo documento. (CRFB/88). 8) Quanto ao sistema da constituição a) Principiológica – É aquela que somente contém princípios. b) Preceitual – É aquela que preponderam normas, ou seja, traz mais normas do que princípios. (CRFB/88). 9) Quanto à essência a) Semântica – É aquela constituição que esconde a realidade do Estado. Em regra, é criada mediante outorga. b) Nominal – É aquela constituição pautada em resolver os problemas futuros. c) Normativa – É aquela constituição pautada em resolver os problemas atuais sem esconder os problemas do Estado. A Constituição Brasileira de 1988 quando foi promulgada foi constituída com base nominal, mas atualmente é uma constituição normativa. (CRFB/88). ========================================= / / ====================================== Data: 02.03.15 AULA 2 EFICÁCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS Classificação das Normas Constitucionais 1) Norma de Eficácia Plena – É aquela norma constitucional que produz todos os seus efeitos, não podendo ser restringida; não sendo passível de restrição por norma infraconstitucional e nem necessitando de complementação. Constituição Federal/88 Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição. § 1º - Brasília é a Capital Federal. Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 2de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro. DIREITO CONSTITUCIONAL I Professor Evandro Gomes egomes@fgz.com.br / 98854-9014 Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2015 Página 4 2) Norma de Eficácia Contida – É aquela norma que produz todos os seus efeitos, mas é passível de ser restringida por lei infraconstitucional. 3) Norma de Eficácia Limitada – São aquelas que para produção ampla de seus efeitos necessitam de norma infraconstitucional para que venham complementá-las. Assim sendo, enquanto não existir a legislação infraconstitucional elas não produzirão efeitos integrais, por isso sua aplicabilidade é indireta, mediata e reduzida. Elas se dividem em: Norma de Eficácia Limitada de Princípio Programático e Norma de Eficácia Limitada por Princípio Institutivo. Norma de Eficácia Limitada de Princípio Programático – São aquelas que caracterizam uma espécie de constituição – a constituição dirigente. As normas de eficácia limitada por princípio programático são aquelas que fixam programas estatais, com o objetivo de dirigir o país para um determinado objetivo. Entende-se a melhor doutrina que a norma de eficácia limitada de princípio programática cria o direito subjetivo porque o Estado tem o dever de zelar pelo mínimo existencial (o mínimo que a pessoa precisa para viver). Constituição Federal/88 Art. 133. O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei. Lei 9.099/95 - Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e dá outras providências. Art. 9º Nas causas de valor até vinte salários mínimos, as partes comparecerão pessoalmente, podendo ser assistidas por advogado; nas de valor superior, a assistência é obrigatória. Constituição Federal/88 Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações. Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. DIREITO CONSTITUCIONAL I Professor Evandro Gomes egomes@fgz.com.br / 98854-9014 Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2015 Página 5 Norma de Eficácia Limitada por Princípio Institutivo – São aquelas normas que produzem poucos efeitos porque precisam de uma complementação, ou seja, elas por si só não fazem nada. Obs. 1: Toda norma de eficácia limitada por princípio institutivo que não tiver uma lei a complementando será considerada uma lei inconstitucional, e essa inconstitucionalidade se dará por omissão (ato que se abstém de fazer), devido o Congresso Nacional não ter editado a lei complementar. Sempre que houver inconstitucionalidade por omissão serão aplicados dois institutos jurídicos; poderão ser aplicados: ADIn por Omissão (Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão) ou Mandado de Injunção. Obs. 2: Todo tributo é uma norma de eficácia limitada. A ADIn por Omissão só pode ser proposta por um dos 9 legitimados pelo art. 103 da Constituição Federal, cuja decisão fará com que informe a Casa Legislativo a sua omissão. Constituição Federal/88 Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica; Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar. Constituição Federal/88 Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade: I - o Presidente da República; II - a Mesa do Senado Federal; III - a Mesa da Câmara dos Deputados; IV a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; V o Governador de Estado ou do Distrito Federal; VI - o Procurador-Geral da República; VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; VIII - partido político com representação no Congresso Nacional; IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. DIREITO CONSTITUCIONAL I Professor Evandro Gomes egomes@fgz.com.br / 98854-9014 Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2015 Página 6 O Mandado de Injunção, diferentemente da ADIn, tem efeitos concretistas; além de informar ao Legislativo a sua omissão, sana o problema temporariamente (Mandados de Injunção nº 708 e nº 712) propostos para discutir a omissão legislativa do artigo 37, inciso VII; cuja decisão do STF informou ao Legislativo Federal a sua omissão. Assim, esses mandados de injunção autorizou que a lei geral de greve (somente para celetistas) será aplicada por analogia aos agentes públicos. Obs.: Diferença entre Norma de Eficácia Contida e Norma de Eficácia Limitada. A Norma de Eficácia Contida produz seus efeitos, mas, é passível de ser restringida por norma infraconstitucional e a Norma de Eficácia Limitada, por si só, não consegue produzir todos os seus efeitos. 4) Norma de Eficácia Absoluta – É a norma que produz todos os seus efeitos e não é passível de ser suprimida ou abolida, apenas ampliada. 5) Norma de Eficácia Exaurida – É aquela norma que já produziu todos os seus efeitos no mundo jurídico. Obs.: A doutrina minoritária entende que os artigos 2º e 3º da ADCT não é norma de eficácia exaurida, pois, por não serem cláusulas pétreas são passíveis de serem emendadas. Constituição Federal/88 Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica;Constituição Federal/88 Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: § 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I - a forma federativa de Estado; II - o voto direto, secreto, universal e periódico; III - a separação dos Poderes; IV - os direitos e garantias individuais. Atos das Disposições Constitucionais Transitórias - ADCTR Art. 2º. No dia 7 de setembro de 1993 o eleitorado definirá, através de plebiscito, a forma (república ou monarquia constitucional) e o sistema de governo (parlamentarismo ou presidencialismo) que devem vigorar no País. Art. 3º. A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral. DIREITO CONSTITUCIONAL I Professor Evandro Gomes egomes@fgz.com.br / 98854-9014 Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2015 Página 7 HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL Hermenêutica Constitucional nada mais é do que a forma de interpretar a Constituição, pautada em uma linguagem técnica – hermenêutica e interpretação são expressões sinônimas. MÉTODOS – Existem quatro métodos: 1) Método jurídico ou Hermenêutico Clássico – este método é o mesmo método de interpretação das leis. E divide-se em: Gramatical – Compõe-se da análise do valor semântico das palavras empregadas no texto, da sintaxe, da pontuação etc.. de acordo com Eduardo Espínola expõe que a letra em si é inexpressiva; a palavra, como conjunto de letras ou combinações de sons, só tem sentido pela ideia que exprime, pelo pensamento que encerra, pela emoção que desperta. Lógico – Pressupõe vontade e raciocínio. O texto legislativo exige os subsídios da logica para a sua interpretação. A interpretação do Direito deve elvar em consideração as finalidades das normas jurídicas. Sistemático – Este método considera os métodos gramatical e logico, consiste na pesquisa do sentido e alcance das expressões normativa, considerando-as em relação a outras expressões contidas na ordem jurídica mediante comparações como distinguir regra de exceção, do geral do particular etc. Histórico – Este método dedica-se a investigação das origens do Direito de uma sociedade especifica ou de todos os povos, com a preocupação de estudar o desenvolvimento das instituições e dos sistemas. Teleológico – Consiste no estudo dos fins colimados pela lei. Investiga os fins que a lei visa atingir ou alcançar. 2) Tópico Problemático – O interprete parte de um problema para se chegar a uma norma constitucional. 3) Hermenêutico Concretizador – O interprete parte de uma pré-compreensão da norma para fazer um circulo hermenêutico. 4) Normativo Estruturante – é o método hermenêutico mais utilizado. Parte do princípio de uma distinção entre texto e norma. Texto é o que esta positivado e norma é a interpretação do texto pautado na técnica hermenêutica. 5) Obs.: Ao analisar o art. 52, inciso X da CR chegou a seguinte conclusão: Compete ao Supremo Tribunal Federal criar resolução suspensiva cabendo ao Senado Federal apenas a sua cumpricidade. Constituição Federal/88 Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal; DIREITO CONSTITUCIONAL I Professor Evandro Gomes egomes@fgz.com.br / 98854-9014 Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2015 Página 8 Obs.: O texto constitucional não se confunde com a norma constitucional, sendo o texto apenas a ponta do iceberg. PRINCÍPIOS HERMENÊUTICOS 1) Princípio da Unidade – Ao interpretar a Constituição deve-se levar em conta que ela é um todo coerente e coeso, devendo o intérprete procurar harmonizar todas as suas normas de forma a não estabelecer contradições. 2) Princípio da Concordância Prática – É o princípio que nasce do princípio da unidade e visa solucionar o conflito aparente entre normas constitucionais. 3) Princípio do Efeito Integrador – Este princípio diz que havendo conflito entre normas deve ser utilizada a norma que integre a Constituição ás politicas públicas adotadas. 4) Princípio da Justeza ou Conformidade Funcional – Este princípio visa coibir o intérprete para que ele não altere as competências trazidas pela Constituição. 5) Princípio da Eficiência ou Máxima Efetividade – O intérprete deve buscar a maior eficácia das normas constitucionais, em especial as normas programáticas. 6) Princípio da Força Normativa da Constituição – Este princípio visa inibir o intérprete no sentido de fazer com que este busque uma longevidade das normas constitucionais, evitando assim, as suas emendas. 7) Princípio da Presunção da Constitucionalidade – Este princípio visa presumir que os atos, as leis, os tratados e as emendas são constitucionais até que se prove o contrario em razão do princípio da presunção da constitucionalidade, a menos que seja declarada inconstitucional, principalmente, através de uma ADIn (Ação Direta de Inconstitucionalidade). 8) Princípio da Supremacia da Constituição – Com base na pirâmide de Kelsen os atos e as leis devem buscar o seu termo de validade na Constituição e não o contrário. RESPOSTA DO CASO CONCRETO DA AULA 1 Caso 1 – Tema: Classificação das constituições A Constituição de 1988 desenhou em seu texto um Estado de bem-estar social, consagrando princípios próprios do modelo liberal clássico de forma conjugada com outros, típicos do modelo socialista. Esse pluralismo principiológicos se faz sentir ao longo de todo o texto constitucional, especialmente no art. 170, CRFB, que adota a livre iniciativa como princípio da ordem econômica, sem desprezar, no entanto, o papel do Estado na regulação do mercado. Considerando tal constatação, responda: DIREITO CONSTITUCIONAL I Professor Evandro Gomes egomes@fgz.com.br / 98854-9014 Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2015 Página 9 a) Como o pluralismo principiológicos pode favorecer a estabilidade da CRFB/88? Resposta: Essa conciliação de princípios liberais com princípios socialistas é capaz, num primeiro momento, de acomodar os anseios das diversas correntes sociais, favorecendo a ideia de uma democracia pluralista e, num segundo momento, propicia uma maior estabilidade da Constituição diante de possíveis mudanças – geralmente cíclicas – de ideologia no governo. Essas seriam as vantagens mais significativas dessa conciliação principiológica. b) Diante de tal característica, como a doutrina classificaria a CRFB/88? Conteúdo: Formal – Porque traz normas de conteúdo constitucional e outros assuntos diversos Forma: Escrita – Devido ter o seu texto reduzido ao termo. Modo de elaboração: Dogmática – Porque é fruto de um trabalho legislativo específico. Origem: Promulgada – Fruto de um processo legislativo democrático. Extensão: Analítica – Devido ser prolixa, extensa. Função: Dirigente – Visa os direitos fundamentais e também visa dirigir o Estado para um determinado destino. Sistemática: Bloco de constitucionalidade – Porque possui um texto principal, mas admite outros textos em apenso, fazendo parte do mesmo documento. Sistema da constituição: Preceitual – Porque preponderam normas, ou seja, traz mais normas do que princípios. Sua essência: Normativa – Devido ser pautada em resolver os problemas atuais sem esconder os problemas do Estado. A constituição Brasileira de 1988 quando foi promulgada foi constituída com base nominal, mas atualmente é uma constituição normativa.========================================= / / ====================================== Data: 09.03.15 AULA 3 FENÔMENOS CONSTITUCIONAIS Recepção, Repristinação e Desconstitucionalização. Todas as normas procuram o seu termo de validade na Constituição, mas nem todas as leis são constitucionais. Há duas hipóteses da lei está de acordo com a Constituição: ela pode ser constitucional ou pode ser recepcionada. Lei recepcionada e lei constitucional dizem está de acordo com a Constituição, a diferença entre elas é o marco temporal (1988). DIREITO CONSTITUCIONAL I Professor Evandro Gomes egomes@fgz.com.br / 98854-9014 Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2015 Página 10 Toda lei criada após a Constituição de 1988 são constitucionais. Já as leis criadas antes da Constituição de 1988 e forem compatíveis com a constituição serão chamadas de leis recepcionadas. Recepção – É o instituto jurídico que determina a compatibilidade de determinada lei criada antes da Constituição em vigor com a constituição vigente. Se essa lei não for compatível com a Constituição ela será chamada de lei Não Recepcionada. Se ela for compatível com a Constituição será chamada de Lei Recepcionada. Repristinação – A lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. Desconstitucionalização – Na vigência da nova Constituição, dispositivos da constituição anterior são mantidos no ordenamento jurídico, mas perdem seu status de norma constitucional e viram norma infraconstitucional. ========================================= / / ====================================== PODER CONSTITUINTE AULA 4 Poder Constituinte é o poder que o Estado tem de criar ou modificar uma Constituição. Existem dois gêneros de poder constituinte: Poder constituinte Originário e poder Constituinte Derivado. Poder Constituinte Originário – É o poder que o Estado tem de criar uma Constituição, cujas caraterística são inicial e incondicionado. Inicial porque inicia um novo ciclo no ordenamento jurídico. Incondicionado porque não sofre qualquer limitação dos seus dispositivos, dos seus textos ou de suas normas constitucionais. Obs. A doutrina mundial já diz que o poder constituinte originário sofre mitigação; vedação ao retrocesso dos direitos fundamentais. Poder constituinte Derivado – Diferentemente do Poder constituinte Originário, o Poder Constituinte Derivado se submete o que a Constituição permite. Ele possui duas subespécies: Poder Constituinte Derivado Decorrente e Poder Constituinte Derivado Reformador. Poder Constituinte Derivado Decorrente – É o que possibilita os estados membros a criarem a sua própria constituição. Tendo como guardião da constituição estadual o Tribunal de Justiça de cada estado membro. No Brasil há 26 constituições estaduais, porém, o distrito Federal possui uma lei orgânica com natureza jurídica de constituição estadual. Poder Constituinte Derivado Reformador – É aquele poder que a própria Constituição previu para alterar o seu texto constitucional. Ou seja, é o que permite que o Legislativo Federal Decreto Lei nº 4.657/42 – LINDB Art. 2º - Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. § 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. DIREITO CONSTITUCIONAL I Professor Evandro Gomes egomes@fgz.com.br / 98854-9014 Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2015 Página 11 venha alterar a constituição em vigor através de uma PEC (Projeto de emenda Constitucional). Obs.: Um Projeto de Emenda Constitucional precisa ser aprovado nas duas casas do Congresso Nacional, ou seja, tanto na Câmara dos Deputados Federais quanto no Senado Federal, duas vezes e em dois turnos em cada casa legislativa, e pela maioria mínima de 3/5 Característica do Poder Constituinte Derivado Condicionado – Porque a sua forma é pré-estabelecido na Constituição Limitado – Porque a própria Constituição veda o que ele pode ou não fazer e quando ele pode ou não fazer. Revisão Constitucional A revisão constitucional foi um instituto trazido para o Brasil em 1988 e inserido nos artigos 2º e 3º da ADCT Constituição Federal/88 Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; II - do Presidente da República; III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. § 1º - A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio. § 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. § 3º - A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem. § 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I - a forma federativa de Estado; II - o voto direto, secreto, universal e periódico; III - a separação dos Poderes; IV - os direitos e garantias individuais. § 5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa. Atos das Disposições Constitucionais Transitórias - ADCTR Art. 2º. No dia 7 de setembro de 1993 o eleitorado definirá, através de plebiscito, a forma (república ou monarquia constitucional) e o sistema de governo (parlamentarismo ou presidencialismo) que devem vigorar no País. Art. 3º. A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral. DIREITO CONSTITUCIONAL I Professor Evandro Gomes egomes@fgz.com.br / 98854-9014 Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2015 Página 12 Poder Constituinte Difuso = Mutação Constitucional É uma forma de se alterar a Constituição. Diferentemente das demais formas que visam alterar o texto constitucional, o Poder Constituinte Difuso visa alterar a norma constitucional, ou seja, não visa a alteração do texto e sim alterar a interpretação do texto constitucional. No artigo 52, inciso X da Constituição, onde se lê compete ao Senado Federal criar resolução suspensiva, o STF entendeu que se trata do Supremo tribunal Federal, isto é, compete privativamente ao Supremo tribunal Federal criar resolução suspensiva. RESPOSTA DO CASO CONCRETO DA AULA 2 Caso 1 – Tema: Aplicabilidades das normas constitucionais Numa audiência no Juizado Especial Cível, em cujo processo o autor pleiteava uma reparação por danos morais no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais), o advogado da empresa demandada, com amparo no art. 133 da Constituição da República, pleiteou a extinção do processo sem apreciação de mérito (CPC, art. 267, IV), sob o fundamento de que o advogado é essencial à administração da justiça. O autor, mesmo não tendo formação jurídica, ofereceu defesa alegando que a Lei n.º 9.099/95 lhe garantia a possibilidade de postular em juízo sem assistênciade defensor técnico. Diante de tal hipótese, considerando a aplicabilidade do art. 133, CRFB, seria correto afirmar que a Lei n.º 9.099/95 padece de vício de inconstitucionalidade? Resposta: Mesmo considerando a aplicabilidade do art. 133, CRFB, a Lei n.º 9.099/95 não padece de vício de inconstitucionalidade. Devido o artigo 133 da Constituição ser uma norma de eficácia contida. Norma de eficácia contida é aquela norma que produz todos os seus efeitos, mas é passível de ser restringida por lei infraconstitucional. O artigo 133 da CRFB traz em seu texto constitucional a seguinte expressão “nos limites da lei”. Norma de eficácia contida traz as expressões “na forma da lei”, “conforme a lei”, “nos limites da lei”. Caso 2 – Tema: Recepção A Emenda Constitucional nº 1/69 permitia a criação, em sede de Lei infraconstitucional, de monopólios estatais. Com o advento da Constituição da República de 1988, a possibilidade de criação de monopólios por lei não foi mais contemplada. À luz da teoria da recepção, é possível sustentar a manutenção de monopólios estatais criados em sede infraconstitucional pelo ordenamento pretérito e não reproduzidos pela Constituição de 1988? Resposta: À luz da teoria da recepção é possível sustentar a manutenção de monopólios estatais. A ADPF 46 – STF mantém monopólio dos Correios para correspondências pessoais. Por seis votos a quatro, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) declarou que a Lei 6.538/78, que trata do Constituição Federal/88 Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal; DIREITO CONSTITUCIONAL I Professor Evandro Gomes egomes@fgz.com.br / 98854-9014 Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2015 Página 13 monopólio dos Correios, foi recepcionada e está de acordo com a Constituição Federal. Com isso, cartas pessoais e comerciais, cartões-postais, correspondências agrupadas (malotes) só poderão ser transportados e entregues pela empresa pública. Por outro lado, o Plenário entendeu que as transportadoras privadas não cometem crime ao entregar outros tipos de correspondências e encomendas. (http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=111512). Recepção é a verificação da compatibilidade da lei anterior com a Constituição. RESPOSTA DO CASO CONCRETO DA AULA 3 Caso 1- Tema: Interpretação Constitucional Ronaldo, militar do exército, estava matriculado no Curso de Direito numa Universidade Particular de Pernambuco, quando foi transferido ex oficio da Unidade sediada em Boa Viagem para a Unidade localizada no Município do Rio de Janeiro. Por conta do seu deslocamento e da necessidade de dar continuidade aos estudos na Cidade do Rio de Janeiro, o militar solicitou à Sub-reitoria de Graduação da UERJ, transferência do curso de Direito da referida Universidade Particular para o mesmo curso na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com base na Lei n° 9.536/97. O pedido do militar foi indeferido pela Sub-reitora da UERJ, com fulcro no ato normativo interno desta Universidade (Deliberação n° 28/2000), o qual regula esta matéria, uma vez que a Universidade de origem do militar era uma instituição de ensino superior particular. O militar impetra mandado de segurança alegando, em sua defesa, os seguintes argumentos: I - que o seu direito está amparado pelo parágrafo único do artigo 49 da Lei Federal n° 9536/97 – dispositivo este que regulamenta o parágrafo único da Lei Federal n° 9.394/96 (estabelece as diretrizes e bases da educação nacional); II - que a norma restritiva do art. 99 da Lei 8.112/90 (entidades congêneres) não se aplica aos militares; III - que o ato normativo n° 28/2000, no qual o sub-reitor se baseou para indeferir o pedido de transferência, “tem vício de ilegalidade a negativa de matrícula”, pois contraria o conteúdo da Lei nº 9536/97, uma vez que a Lei federal não exige o caráter congênere entre instituições de ensino; Diante da situação acima descrita, questiona-se: qual a interpretação constitucional mais adequada para a solução deste conflito? Resposta: A questão já foi examinada ADI nº 3.224, onde decidiu que para transferência de instituição de ensino dever-se-á observar o caráter congênere das instituições sob pena da violação do princípio da isonomia e da impessoalidade e do mérito ao acesso as universidades públicas. DIREITO CONSTITUCIONAL I Professor Evandro Gomes egomes@fgz.com.br / 98854-9014 Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2015 Página 14 Caso 2- Tema: Princípio da razoabilidade O Estado do Tocantins publicou edital no Diário Oficial do Estado de concurso público para o preenchimento de vagas para o cargo de policial. Uma das provas é a realização de testes físicos e um dos testes exige que os candidatos façam a seguinte atividade: “Flexões abdominais: consiste em o candidato executar exercícios abdominais, por flexão de braços, deitado em decúbito ventral, em um maior número de repetições dentro de suas possibilidades, no período de um minuto, obedecendo à tabela de pontuação abaixo: ...” Em função da redação incoerente do texto desse teste, o Estado publicou uma errata do edital no mesmo órgão oficial de imprensa, duas semanas antes de iniciarem as provas, com a seguinte redação: “Flexões abdominais: consiste em o candidato executar exercícios abdominais, por flexão de tronco, em decúbito dorsal em um maior número de repetições tocando os cotovelos nos joelhos ou coxas, no período de um minuto.” Como os candidatos já haviam se inscrito na prova no momento da percepção do equívoco da referida redação, muitos deles se consideraram surpreendidos, no dia da realização desse teste físico, pois não tomaram conhecimento da errata do edital. Alguns desses, que não conseguiram passar na prova de esforço físico, ingressaram com mandado de segurança com a alegação de que esse teste deve ser desconsiderado como critério de aprovação, pois foi incluído após as inscrições, apenas duas semanas antes do começo das provas e porque não foi publicado num jornal de grande circulação para que todos tivessem a chance de tomar conhecimento da modificação. Assim, alegam que houve ofensa ao princípio da razoabilidade. A quem assiste razão no caso? Dê os fundamentos jurídicos cabíveis (fundamentos normativos, jurisprudenciais e doutrinários). Resposta: A razão consiste para o Estado do Tocantins. Pois embora houvesse o vicio – erro material. Quando se lê flexão de abdome entende-se pela explicação do que se dizia que era flexão de abdome que na verdade tratava-se em flexão de braços. Embora o nome não fosse condizente com a atividade proposta estava escrito no próprio edital como seria feito a flexão de abdome, portanto, o erro material não tem o condão de trazer vício ao edital. RESPOSTA DO CASO CONCRETO DA AULA 4 Caso 1 – Tema: Cláusulas Pétreas ou Superconstitucionais Tramita no Congresso Nacional proposta de Emenda Constitucional convocando uma nova Revisão Constitucional nos moldes do artigo 3º da ADCT. A referida proposta de Emenda Constitucional prevê a realização de Referendo para a entrada em vigor dos dispositivos alterados pela Assembleia Revisora. É legítima tal proposta? Resposta: A questão é polêmica. Segundo a doutrina majoritária sustenta que o artigo 3º da ADCT é norma de eficácia exaurida, uma vez que ela já produziu os seus efeitos e tal dispositivo é uma cláusula pétrea implícita. No entanto há uma corrente que nega que o dispositivo seja uma cláusula pétrea e que seu texto poderia ser alterado por emenda Constitucional.DIREITO CONSTITUCIONAL I Professor Evandro Gomes egomes@fgz.com.br / 98854-9014 Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2015 Página 15 Caso 2 - Tema: Poder Constituinte Decorrente A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, no exercício do Poder Constituinte Derivado Decorrente inseriu no texto da Constituição Estadual norma que assegurava aos candidatos aprovados em concurso público, dentro do número de vagas obrigatoriamente fixado no respectivo edital, o direito ao provimento no cargo no prazo máximo de cento e oitenta dias, contado da homologação do resultado. É Constitucional a o artigo 77, VII da Constituição do Estado do Rio de Janeiro? Resposta: O artigo 77, inciso VII da Constituição do Estado do Rio de Janeiro foi declarado inconstitucional. O Supremo Tribunal Federal, através da ADIn 2.931-2 que por maioria declarou a inconstitucionalidade deste inciso. Uma vez que a Constituição do Estado não pode estabelecer um prazo menor do que está estabelecido na Constituição Federal. Decisão O Tribunal, por maioria, julgou procedente a ação para declarar a inconstitucionalidade do inciso VII do artigo 77 da Constituição do Estado do Rio de Janeiro, nos termos do voto do relator, vencidos os Senhores Ministros Março Aurélio, Celso de Mello e Sepúlveda Pertence. Votou o Presidente, Ministro Nelson Jobim. Ausente, justificadamente, o Senhor Ministro Eros Grau. Plenário, 24.02.2005. ======================================== / / ==================================== Data: 16.03.15 AULA 5 TEORIA GERAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS E DOS DIREITOS HUMANOS Conceito: Os Direitos Fundamentais são conceituados como direitos subjetivos, assentes do direito objetivo positivado num texto constitucional ou não, com aplicação das pessoas com o Estado ou na sociedade. Natureza Jurídica: Perspectiva Subjetiva – Os direitos fundamentais conferem aos titulares a pretensão a que se adote um determinado comportamento, positivo ou negativo, em respeito à dignidade da pessoa humana. Perspectiva Objetiva – Os direitos fundamentais compõem a base da ordem jurídica, sendo este condição de legitimação do Estado Democrático de Direito. DIREITO CONSTITUCIONAL I Professor Evandro Gomes egomes@fgz.com.br / 98854-9014 Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2015 Página 16 Positivação – Art. 5º, §2º, CRFB/88 – Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja arte. Desta forma, o rol dos direitos fundamentais não é taxativo. CF/88 – Art. 5º, § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Direito Fundamental – Tem natureza jurídica declaratória, ou seja, norma de conteúdo declaratório (art. 5º, XV) Garantia Fundamental – Tem natureza jurídica assecuratória, ou seja, norma de conteúdo assecuratório (habeas Corpus – art. 5º, LXVIII) A garantia fundamental tem apenas um objetivo: garantir que o direito fundamental não seja violado. (Ex.: Habeas Corpus – garante o direito de locomoção; Habeas Data – garante o direito de informação; Mandado de Segurança – garante o direito liquido e certo (não precisa de dilação probatória, ou seja, não precisa de prova); e, Mandado de Injunção – garante a pessoa um determinado direito não regulamentado pela legislação). Constituição Federal de 1988 Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantido-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País, a inviolabilidade do direito a vida, a liberdade, a igualdade, a segurança e a propriedade, nos termos seguintes: § 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. Constituição Federal de 1988 Art. 5º - Todos soa iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantido-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País, a inviolabilidade do direito a vida, a liberdade, a igualdade, a segurança e a propriedade, nos termos seguintes: XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; Constituição Federal de 1988 Art. 5º - Todos soa iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantido-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País, a inviolabilidade do direito a vida, a liberdade, a igualdade, a segurança e a propriedade, nos termos seguintes: LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; DIREITO CONSTITUCIONAL I Professor Evandro Gomes egomes@fgz.com.br / 98854-9014 Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2015 Página 17 Classificação dos Direitos Fundamentais segundo a CF/88 Direitos e garantias individuais e coletivos – art. 5º. (Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantido-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País, a inviolabilidade do direito a vida, a liberdade, a igualdade, a segurança e a propriedade, nos termos seguintes) Direitos sociais – art. 6º ao art. 11. – (Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.) Direitos de nacionalidade – art. 12 e art. 13. (Art. 12. São brasileiros: I – natos, II – naturalizados) Direitos políticos e partidos políticos – art. 14 e art. 17. (Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: I – plebiscito (consulta popular prévia); II – referendo (consulta popular após a criação da lei); III - iniciativa popular). Classificação Doutrinária Direitos de 1ª Dimensão – São aqueles que primeiro surgiram. São chamados também de direitos individuais ou liberdades públicas. O Estado tem o dever principal de não fazer. Direitos de 2ª Dimensão – São os direitos sociais. Ex.: Saúde, educação, trabalho, etc. o Estado tem o dever positivo de fazer. Direitos de 3ª Dimensão – São os chamados metaindividuais, transindividuais. Ex.: direitos difusos e coletivos. Na CF/88 o direito de meio ambiente sadio, art. 225. =================================== / / ======================================= Constituição Federal de 1988 Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. DIREITO CONSTITUCIONAL I Professor Evandro Gomes egomes@fgz.com.br / 98854-9014 Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias– 2015 Página 18 Data: 23.03.15 (Continuação) AULA 5 ALGUNS IDENTIFICAM OS DIREITOS DE QUARTA DIMENSÃO. EXISTEM DUAS POSIÇÕES: Uma corrente minoritária reconhecem a 4ª Dimensão. Dentro dessa corrente minoritária há duas doutrinas, uma majoritária e outra minoritária: 1ª) Majoritária – Decorrem da evolução da ciência. Ex.: Clonagem; transgênicos. 2ª) Minoritária – (Paulo Bonavides, Sarlet) – Direitos ligados à democracia. Ex.: Plebiscito, referendum. CLASSIFICAÇÃO DOS STATUS DE JELLINEK Status negativo: O Estado tem o dever de não fazer (liberdades públicas). Status positivo: O Estado tem o dever de fazer (direitos sociais). Status ativo: É a possibilidade de interferir nas decisões do Estado (direitos políticos). Status passivo: É aquele em que a pessoa tem um dever imposto com relação ao Estado (art. 229, CF/88). TITULARIDADE Pessoas – Segundo o STF, pelo princípio da Universalidade, todos que estão no território brasileiro, domiciliado ou não no Brasil, até mesmo o apátrida, são titulares de direitos fundamentais. Animais – Os animais, como bens de uso comum do povo ou bens semoventes passíveis de direitos reais, não são sujeitos de direitos fundamentais. Obs.: A 1ª Grande Onda – Não distinguir pessoas em razão da sua raça (abolição ao racismo). A 2ª Grande Onda – Não distinguir pessoas em razão do sexo (sexismo). A 3ª Grande Onda – Não distinguir animais (humanos e animais) em razão da sua espécie (especismo). Constituição Federal de 1988 Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade. Constituição Federal de 1988 Art. 5º - Todos soa iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantido-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País, a inviolabilidade do direito a vida, a liberdade, a igualdade, a segurança e a propriedade, nos termos seguintes: DIREITO CONSTITUCIONAL I Professor Evandro Gomes egomes@fgz.com.br / 98854-9014 Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2015 Página 19 Pessoa Jurídica é titular de direitos fundamentais? Sim. Pessoa Jurídica é titular de alguns direitos fundamentais. Obs.: Alguns direitos são específicos da pessoa jurídica (Ex.: Nome empresarial). STF – A pessoa jurídica de direito público também é titular de alguns direitos fundamentais (Gilmar Mendes). Ex.: Municípios. Obs.: Alguns direitos são incompatíveis com a natureza da pessoa jurídica (Ex.: liberdade de locomoção). STF – Não cabe habeas corpus em favor de pessoa jurídica. Embrião é titular de direitos fundamentais? O STF julgou, depende do embrião: No ventre materno – É titular de alguns direitos constitucionais, sobretudo, essencialmente sobre a vida. Fora do ventre materno – Não são titulares de direitos fundamentais e, por isso, a lei de biossegurança é constitucional. O morto é titular de direitos fundamentais? É titular de alguns direitos fundamentais. STJ – Imagem, dignidade da pessoa humana. Características dos Direitos Fundamentais Historicidade – Decorrem de uma evolução histórica. Ao longo do tempo ganha-se mais direitos fundamentais. Universalidade – Pertence a todos. Ou seja, todos tem direitos fundamentais. Concorrência – Podem ser usufruídos simultaneamente. Relatividade – Não são absolutos. Ex.: a vida (a própria declarada); liberdade de religião (se a sua religião consiste em sacrificar crianças para oferecer a deuses, usar drogas, não haverá liberdade de religião). Obs.: Quando dois princípios entrarem em colisão, usa-se o princípio da concordância prática. É o princípio que nasce do princípio da unidade e visa solucionar o conflito aparente entre normas constitucionais. Obs.: Parte da doutrina identifica alguns direitos ABOLUTOS. Exemplo: art. 5º, III, CF/88 (Vedação à tortura). Constituição Federal de 1988 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; DIREITO CONSTITUCIONAL I Professor Evandro Gomes egomes@fgz.com.br / 98854-9014 Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2015 Página 20 Inalienabilidade – Não se pode renunciar aos direitos fundamentais. Vinculação aos três poderes – Vinculação aos três poderes: 1. Legislativo: Leis devem respeitar os direitos fundamentais; deve regulamentar os direitos fundamentais previstos na CF/88. Proibição do retrocesso – se o legislador já regulamentou um direito fundamental, não pode revogar esse regulamentação. Ex.: CDC. 2. Executivo: Todos os seus atos devem respeitar os direitos fundamentais. 3. Judiciário: Fiscalizam os demais poderes quanto ao respeito dos direitos fundamentais (Ex.: anulação de licitação, lei inconstitucional); decisões devem respeitos os direitos fundamentais. Existe uma Teoria Norteamericana: Teoria do Cenário da Bomba Relógio. Eficácia dos Direitos Fundamentais Vertical – É a relação entre o Estado e as pessoas. Ex.: A vida, a propriedade, a saúde, a educação. Horizontal – É a aplicação dos direitos fundamentais nas relações privadas, esse tema deve ser visto como cautela em razão do princípio da autonomia privada. Aqui é relação pessoa-pessoa. Mediata ou Indireta – Os direitos fundamentais se aplicam às relações privadas por meio de lei infraconstitucional. Ex.: O Código Penal. Imediata ou Direta – Os direitos fundamentais se aplicam às relações privadas sem necessidade de lei infraconstitucional, ou seja, é o artigo da CF se aplicando diretamente nas Relações Privadas. Ex.: STF – Para se excluir um associado de uma associação, deve-se respeitar o contraditório. Na relação empregado/empregador, deve-se respeitar a intimidade – Caso da Lingerie. Na relação empregado/empregador, deve-se respeitar a igualdade – Caso Air France. ======================================== / / ==================================== AULA 6 DIREITO À VIDA Vida (art. 5º, caput, CF) – Há duas acepções: Constituição Federal de 1988 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: DIREITO CONSTITUCIONAL I Professor Evandro Gomes egomes@fgz.com.br / 98854-9014 Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2015 Página 21 Direito a uma vida digna. Direito de continuar vivo (o direito de não ser morto). No Brasil somente há pena de morte em caso de guerra declarada e em duas hipóteses: Genocídio provado por militar em período de guerra ou traição a pátria. O Pacto de São José da Costa Rica determina que seja desde a concepção. Exemplos de tutela da vida intrauterina: Aborto é crime; Alimentos gravídicos. Exceções ao direito à vida A Constituição Federal admite a pena de morte em caso de guerra declarada (art. 5º, XLVII). Obs.: Código Penal Militar e Código de Processo Penal Militar. O Código Penal prevê duas hipóteses de aborto legal: 1. Aborto necessário (salvar a vida da gestante). 2. Aborto sentimental (gravidez oriundade estupro). 3. Aborto do feto anencefálico: O CP considera crime. Há discussão no STF – ADPF 54. O Código Brasileiro de aeronáutica permite o abate de aeronaves hostis (“lei do abate”). Eutanásia – Causa a morte por piedade (Ex.: “menina de ouro”). Homicídio privilegiado – é fato típico (art. 121, §1º, CP) – Relevante valor moral. Decreto-Lei Nº 2.848/40 – Código Penal Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos. § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. Constituição Federal de 1988 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XLVII - não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis; DIREITO CONSTITUCIONAL I Professor Evandro Gomes egomes@fgz.com.br / 98854-9014 Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2015 Página 22 Ortotanásia – Causa a morte por omissão (Ex.: desligar os aparelhos hospitalares) – é fato atípico. Resolução 1.805 do Conselho Nacional de Medicina. IGUALDADE Igualdade Formal – Consiste em dar a todos o mesmo tratamento. Igualdade Material – Consiste em dar aos desiguais um tratamento desigual na medida de sua desigualdade. A igualdade material é a que deve ser buscada. Exemplos: Inclusão e Acessibilidade Ações Afirmativas – São políticas públicas destinadas a certos grupos historicamente desprestigiados. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE Princípio da Legalidade Art. 5º, II, CF – Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. Está é no sentido amplo, Lei, Medida Provisória, decreto, etc. Princípio da Reserva Legal Algumas matérias só podem ser disciplinadas por meio de lei. Esta lei é no sentido estrito legislativo. Ex.: Direito Penal. Princípio da Reserva Legal, tipos: Absoluta: a lei vai regular integralmente a norma constitucional. Relativa: além da lei, atos infralegais poderão regulamentar a norma constitucional. Simples: a norma constitucional não fixa uma finalidade especifica da lei. Qualificada: a norma constitucional fixa as diretrizes da norma regulamentadora. ======================================== / / ==================================== O foro por prerrogativa da função Imunidade parlamentar Serviço militar obrigatório (art. 143) Idade para aposentadoria entre homem e mulher Lei 11.340/06 Maria da Penha DIREITO CONSTITUCIONAL I Professor Evandro Gomes egomes@fgz.com.br / 98854-9014 Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2015 Página 23 Data: 30.03.15 CONTINUAÇÃO DA AULA ANTERIOR VEDAÇÃO A TORTURA Art. 5º, III – Ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante. A tortura é crime equiparado a hediondo. São eles TTT (Tráfico, Tortura e Terrorismo) – Lei 9.455/97 (Lei da Tortura). São vedadas: Anistia, Graça, Fiança. É imprescritível? Não. Segundo a CF é prescritível. Uma vez que a Constituição só prevê dois crimes imprescritíveis: O racismo e o de grupos armados contra o Estado Democrático. OFENSA À HONRA Art. 5º, X – São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; Havendo ofensa à honra é assegurada indenização por danos morais e materiais e direito de resposta (este deverá ser proporcional ao agravo – quem foi ofendido tem o direito de responder no mesmo veículo, no mesmo local e no mesmo tempo em que ocorreu a ofensa). ======================================== / / ==================================== RESPOSTA DOS CASOS CONCRETOS DO PLANO DE AULA 5 Caso 1 - A União Brasileira de Artesãos, sociedade civil sem fins lucrativos, por decisão de sua diretoria determinou a exclusão de alguns de seus sócios sem garantia da ampla defesa e do contraditório. Entendendo que os direitos fundamentais assegurados pela Constituição não vinculam somente os poderes públicos, estando também direcionados à proteção dos particulares nas relações privadas, tais sócios buscam tutela jurisdicional no sentido de invalidar a referida decisão. Diante do que dispõe o art. 5º, XIX, CRFB, poderia o Poder Judiciário invalidar a decisão da diretoria da entidade? Resposta: Sim. Ela versa sobre a eficácia dos direitos fundamentais das relações privadas, ou seja, fala sobre a eficácia horizontal. REsp. 201819 – Relator Ministro Gilmar Mendes. EFICÁCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS NAS RELAÇÕES PRIVADAS. As violações a direitos fundamentais não ocorrem somente no âmbito das relações entre o cidadão e o Estado, mas igualmente nas relações travadas entre pessoas físicas e jurídicas de direito privado. Assim, os direitos fundamentais assegurados pela Constituição vinculam diretamente não apenas os poderes públicos, estando direcionados também à proteção dos particulares em face dos poderes privados. OBS: Esse recurso refere-se a União Brasileira de Compositores e a relatora foi Ellen Gracie. DIREITO CONSTITUCIONAL I Professor Evandro Gomes egomes@fgz.com.br / 98854-9014 Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2015 Página 24 Caso 2 – A ABRATI – Associação Brasileira das Empresas de Transporte Rodoviário Intermunicipal, Interestadual e Internacional de Passageiros - ajuizou Ação Direta de Inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal onde pedia a declaração de inconstitucionalidade da Lei 8.899/1994. Tal norma assegura o direito ao passe livre às pessoas portadoras de deficiência, desde que comprovadamente carentes, no sistema de transporte coletivo interestadual. Segundo a ABRATI, a norma viola os seguintes dispositivos constitucionais: art. 1ª, IV; art. 5º, XXII; art. 170, II e art. 195, § 5º. Alega, em síntese, violação do direito de propriedade e da livre iniciativa, direitos fundamentais que devem ser protegidos pelo Supremo Tribunal Federal. Em parecer, o Procurador-Geral da República manifestou-se pela improcedência da ação, uma vez que a Constituição consagra como Direito Fundamental a proibição de discriminação e a norma em xeque procura realizar a efetiva inclusão social dos deficientes físicos com carências econômicas, razão pela qual, numa ponderação entre os direitos em conflitos estes deveriam prevalecer em detrimento do direito à propriedade. Analise o conflito acima, assinalando se a Lei 8.899/1994 deve realmente ser declarada inconstitucional. Para a solução deste caso procure utilizar a técnica da ponderação de interesses. Resposta: Em 2007, o Brasil assinou, na sede das Organizações das Nações Unidas, a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, comprometendo-se a implementar medidas para dar efetividade ao que foi ajustado. A Lei n. 8.899/94 é parte das políticas públicas para inserir os portadores de necessidades especiais na sociedade e objetiva a igualdade de oportunidades e a humanização das relações sociais, em cumprimento aos fundamentos da República de cidadania e dignidade da pessoa humana. O Tribunal, por unanimidade e por maioria julgou-a improcedente,vencido o Senhor Ministro Março Aurélio. Votou o Presidente, Ministro Gilmar Mendes. Ausentes, justificadamente, os Senhores Ministros Celso de Mello, Joaquim Barbosa e Eros Grau. Falaram: pela requerente, o Dr. Flávio Botelho Maldonado e, pela Advocacia-Geral da União, o Ministro José Antônio Dias Toffoli. Plenário, 08.05.2008. (ADIn 2649). RESPOSTA DO CASO CONCRETO DO PLANO DE AULA 6 Caso – A Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro abriu edital para concurso público para provimento de vagas para Primeiro-tenente, médio e dentista, do seu quadro de oficiais de saúde. De acordo com as regras do edital seriam admitidos apenas candidatos do sexo masculino, uma vez que a Polícia Militar, por sua natureza de ser uma polícia de confronto, poderia diferenciar quanto ao gênero na contratação de seus oficiais. Inconformada com a restrição do edital, Alethéia Maria, dentista regularmente inscrita no CRO (Conselho Regional de Odontologia) e com mais de dez anos de experiência na área de saúde, procura seu escritório de advocacia em busca de uma orientação jurídica quanto a legalidade do edital da PMERJ. É constitucional a restrição imposta pelo edital do concurso? Resposta: A restrição imposta pelo edital do concurso é inconstitucional, a discriminação aqui apresenta clara violação ao princípio da razoabilidade e da igualdade entre gêneros masculino e feminino. DIREITO CONSTITUCIONAL I Professor Evandro Gomes egomes@fgz.com.br / 98854-9014 Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2015 Página 25 RESPOSTA DO CASO CONCRETO DO PLANO DE AULA 7 Caso – Num sábado à noite um cidadão recebe a visita de um Oficial de Justiça que havia se dirigido até sua residência com o fim de citar sua esposa, que se encontrava enferma e acamada. Preocupado com o estado de saúde de sua mulher, o cidadão não permitiu a entrada do Oficial de Justiça em sua casa, e quando este tentou ingressar forçosamente, foi repelido com um empurrão. Foi o cidadão então indiciado pelo crime de desobediência (art. 330, Código Penal). O Juiz de primeira instância o absolveu, entendendo ter o agente agido com inexigibilidade de conduta diversa, em face do exposto no art. 5º, XI da Constituição da República. No entanto, provendo apelo do Ministério Público, o Tribunal de Justiça reformou a decisão de primeiro grau, entendendo que o autor atuou com violência contra agente público competente que executava ordem com amparo legal. Ressaltou o Tribunal que o Oficial de Justiça encontrava-se de posse de mandado de citação que continha autorização expressa para cumprimento em domingo ou em dia útil, em horário diverso do estabelecido no caput do art. 172 do Código de Processo Civil, nos termos do § 2º deste mesmo artigo, condenando-o assim nas penas do crime de desobediência. Dessa decisão do Tribunal de Justiça o advogado interpôs Recurso Extraordinário, pedindo a reforma da decisão do TJ com o restabelecimento da sentença de 1º grau. Analise tecnicamente as possibilidades de sucesso desse recurso, conforme a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Resposta: Posicionamento do STF, REx. nº 460880-4, que diz basicamente que houve inegável violação ao preceito ao o art. 5º, inciso XI, CF/88, tal dispositivo constitucional é claro ao afirmar que só pode entrar forçosamente na casa de pessoa com ordem judicial durante o dia. O mandado judicial possibilitava o oficial de justiça citação da ré na sua casa em qualquer horário, é claro que isso não poderia se dar em horário noturno, sob pena do ato por inconstitucionalidade. Sendo assim, não houve desobediência, e o recurso extraordinário deve prosperar. A garantia constitucional do inciso XI do artigo 5º da Carta da Republica, a preservar a inviolabilidade do domicílio durante o período noturno, alcança também ordem judicial, não cabendo cogitar de crime de resistência. ======================================== / / ==================================== REVISÃO DA PROVA AV1 1) Para que serve uma constituição? Limitar a atuação do poder estatal (elemento limitador); Organizar o Estado (elemento orgânico); Conduzir a sociedade para um objetivo (elemento socioideológico) e; Estabilizar o Estado quando há instabilização constitucional, através de Intervenção federal, estado de defesa ou estado de sítio (elemento de estabilização constitucional). 2) Quando será utilizada a estabilização constitucional? Será utilizada em três oportunidades: Intervenção Federal; Estado de Defesa e Estado Sítio. DIREITO CONSTITUCIONAL I Professor Evandro Gomes egomes@fgz.com.br / 98854-9014 Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2015 Página 26 3) O que é o Neoconstitucionalismo? Nada mais é do que a elevação dos direitos fundamentais a uma categoria supranacional. 4) Dê pelo menos 8 classificações da constituição brasileira: Formal – Porque traz normas de conteúdo constitucional e outros assuntos diversos Escrita – Devido ter o seu texto reduzido ao termo. Dogmática – Porque é fruto de um trabalho legislativo específico. Promulgada – Fruto de um processo legislativo democrático. Super rígida – De difícil alteração de suas normas constitucionais. Analítica – Devido ser prolixa, extensa. Dirigente – Visa os direitos fundamentais e também visa dirigir o Estado para um determinado destino. Bloco de constitucionalidade – Porque possui um texto principal, mas admite outros textos em apenso, fazendo parte do mesmo documento. Preceitual – Porque preponderam normas, ou seja, traz mais normas do que princípios. Normativa – A constituição nasceu nominal, se preocupando com os problemas do futuro, mas, agora é normativa, por se pautar em resolver os problemas atuais sem esconder os problemas do Estado. A constituição Brasileira de 1988 quando foi promulgada foi constituída com base nominal, mas atualmente é uma constituição normativa. 5) Como se altera uma constituição? Através de emenda constitucional. 6) O que é uma norma de eficácia limitada? São aquelas que para produção ampla de seus efeitos necessitam de norma infraconstitucional que as venham complementar, enquanto não existir a legislação infraconstitucional elas não produzirão efeitos integrais, por isso sua aplicabilidade é indireta, mediata e reduzida. Se dividem em: norma de eficácia limitada por princípio programático – São aquelas que caracterizam uma espécie de constituição – a constituição dirigente. E norma de eficácia limitada por princípio institutivo – São aquelas normas que produzem poucos efeitos porque precisam de uma complementação, ou seja, ela por si só não fazem nada. 7) O que é o Princípio da Unidade? Ao interpretar a Constituição deve-se levar em conta que ela é um todo coerente e coeso, devendo o intérprete procurar harmonizar todas as suas normas de forma a não estabelecer contradições. 8) É possível existir duas normas de direito fundamental que entrem em conflito? Como se resolve isto? Sim, é possível. E se resolve pelo Princípio da Concordância Prática – É o princípio que nasce do princípio da unidade e visa solucionar o conflito aparente entre normas constitucionais. 9) Quais são as categorias de direitos fundamentais existentes? Em regra são três categorias de direitos fundamentais existentes: primeira dimensão, visa defender os direitos individuais e liberdades públicas; segunda dimensão: visa defender os direitos sociais e; terceira dimensão: visa defender os direitos difusos. E a quarta dimensão defendida pela corrente minoritária possui dois posicionamentos: há quem defenda que é oriundo da ciência e há quem defenda que são os direitos da democracia.DIREITO CONSTITUCIONAL I Professor Evandro Gomes egomes@fgz.com.br / 98854-9014 Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2015 Página 27 10) O que é uma norma de eficácia exaurida? É aquela que já produziu todos os seus efeitos no ordenamento jurídico. 11) Os artigos 2º e 3º da ADCT, qual a sua classificação quanto a eficácia das normas? Norma de eficácia exaurida. 12) É possível fazer uma alteração da constituição modificando os artigos 2º e 3º da ADCT? Não. Porque os artigos 2º e 3º da ADCT são considerados cláusulas pétreas implícitas. Embora há quem defenda que não são cláusulas pétreas e portanto passiveis de alteração. 13) Quem é o Poder Constituinte Difuso? Em regra existem dois poderes constituintes: o originário e o derivado. O terceiro é utilizado como difuso ou mutação constitucional, que é a alteração da interpretação constitucional sem alteração de texto. 14) Quais são as características do Poder Constituinte Originário? São duas: inicial, porque inicia um novo ordenamento jurídico e incondicional, porque não sofre qualquer limitação. No entanto, a doutrina mundial já diz que o poder constituinte originário sofre mitigação, ou seja, uma limitação que é a vedação ao retrocesso de direitos fundamentais. 15) O que é uma cláusula pétrea? É aquela norma que não é passível de ser suprimida ou abolida, somente pode ser alterada para ser ampliada. 16) Quais são as características dos direitos fundamentais? Inalienável, porque não pode dispor dela; Imprescritível, porque não prescreve pelo decurso do tempo; Histórico, porque decorrem de uma evolução histórica e ao longo do tempo ganha-se mais direitos fundamentais; Universal, porque pertence a todos, ou seja, todos têm direitos fundamentais; Concorrente, porque podem ser usufruídos simultaneamente e Relativo, porque não são absolutos. Com exceção a vedação a tortura, que um direito fundamental absoluto. 17) O que é o Poder Constituinte Derivado? Ele se divide em duas espécies: Poder Constituinte Derivado Reformador é aquele que permite alteração da constituição e, Poder Constituinte Derivado Decorrente é aquele que permite que os estados criem suas próprias constituições. Os estados tiveram 30 dias para criarem suas constituições. 18) Qual a diferença entre Eutanásia e Ortotanásia? A eutanásia causa a morte por piedade; e a ortotanásia causa a morte por omissão. 19) O Código Penal em vigor hoje no Brasil foi objeto de ADIn para discutir sua constitucionalidade ou inconstitucionalidade, qual será a decisão proferida pelo STF no que concerne a ADIn para discutir a constitucionalidade ou não do código penal? O Código Penal não é constitucional, porque só se discute constitucionalidade de norma que ingressou no ordenamento jurídico após a constituição. Se ele é anterior a Constituição se discute se ele foi recepcionado. 20) Qual é a diferença entre texto e norma constitucional? Texto é o que está escrito; norma é o que se interpreta do texto. 21) Como a constituição divide os direitos fundamentais? Direitos e garantias individuais e coletivos – art. 5º.; Direitos sociais – art. 6º ao art. 11.; Direitos de nacionalidade – art. 12 e art. 13.; Direitos políticos e partidos políticos – art. 14 e art. 17. DIREITO CONSTITUCIONAL I Professor Evandro Gomes egomes@fgz.com.br / 98854-9014 Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2015 Página 28 22) O que é isonomia? Consiste em dar aos desiguais um tratamento desigual na medida de sua desigualdade. 23) Quais são as formas admitidas na Constituição atual de mitigação ao direito a vida? Pena de morte em caso de guerra declarada; aborto (necessário; sentimental e bebês anencéfalos); e, lei do abate. 24) O que é uma Constituição Cesarista? É uma constituição, outorgada em princípio, mas é submetida ao povo para referendar. 25) O que é uma norma de eficácia absoluta? É aquela que não pode ser suprimida, apenas ampliada (cláusulas pétreas). 26) Quais as características do Poder Constituinte Derivado? Condicionado e Limitado. 27) Qual é o princípio hermenêutico da máxima efetividade? O intérprete deve buscar a maior eficácia das normas constitucionais, em especial as normas programáticas. 28) Qual a diferença entre direito fundamental e garantia fundamental? Direito fundamental tem natureza jurídica declaratória e garantia fundamental tem natureza jurídica assecuratória. Na prática, o direito fundamental é aquele posto e a garantia fundamental é a defesa desse direito. 29) O que é o direito de liberdade de locomoção? É o direito de ir, vir e permanecer. 30) O que é mutação constitucional? É a alteração da interpretação da norma constitucional sem alterar o texto. 31) Quais são as 4 hipóteses de limitação do Poder Constituinte Derivado Reformador? Material, são aquelas matérias que não podem ser suprimidas; Circunstancial, são circunstâncias nas quais não podem emendar a constituição; Formal, é o procedimento mais rigoroso para alteração; e, Implícita não pode ser alterada as regras de alteração da constituição e nem intitular o poder constituinte. 32) Onde estão previstas as cláusulas pétreas? No art. 60, parágrafo 4º da constituição. 33) Qual é a forma de Estado do Brasil? É possível alterar a forma de Estado do Brasil? Forma Federativa. Não pode alterar a forma de Estado do Brasil, por ser cláusula pétrea. (art. 60, parágrafo 4º, I). 34) Qual é o sistema de governo do Brasil? É passível de alteração? Presidencialista. É passível de alteração. 35) Qual é a forma de governo no Brasil? É passível de alteração? República. Não pode ser alterada por ser uma cláusula pétrea implícita. 36) O que é o fenômeno da recepção? É a verificação da compatibilidade da lei anterior com a constituição. 37) O que é repristinação? É quando a lei revogada volta a vigorar por ter a sua lei revogadora revogada. 38) O que é norma de eficácia contida? É aquela norma que produz todos os seus efeitos, mas é passível de ser restringida por lei infraconstitucional. DIREITO CONSTITUCIONAL I Professor Evandro Gomes egomes@fgz.com.br / 98854-9014 Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2015 Página 29 39) Quando o Estado tem o dever de fazer alguma coisa, esse dever se classifica em qual estado de Jellinek? Positivo, em regra são os direitos sociais. E quando tem o deve de não fazer, em regra são os direitos individuais e de liberdade pública. 40) Pessoa jurídica tem direito fundamental? Animal tem direito fundamental? Morto tem direito fundamental? Pessoa jurídica tem direitos fundamentais, próprios da pessoa jurídica. Animal não tem direito fundamental porque a natureza jurídica do animal é de coisa. Morto tem direito fundamental. 41) O que é eficácia vertical dos direitos fundamentais? É a relação do Estado e a pessoa. 42) O embrião tem direito fundamental? Depende. Se tiver vida intrauterina tem direito fundamental. Porque atualmente o Brasil adota a teoria concepcionista. 43) Pessoa jurídica de direito público tem direito fundamental? Sim, tem direitos fundamentais. 44) O poder executivo deve respeitar os direitos fundamentais? Sim. Porque dentro das características dos direitos fundamentais, tem vinculação aos três poderes. 45) Qual é o único direito fundamental que não é relativo, e sim, absoluto? Vedação a tortura. 46) Qual a diferença de legalidade para reserva legal? Legalidade, em sentido amplo é a Lei, Medida Provisória, decreto, etc.; Reserva legal em sentido estrito, somente a lei. 47) Para que serve um Habeas Corpus? Um Habeas Corpus é uma medida assecuratória que visa defender o direito de locomoção pautado no sentido de ir, vir e permanecer.
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