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Ação Rescisória

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AÇÃO RESCISÓRIA 
 
 
1. Conceito 
 
 De maneira sucinta, Carlos Eduardo Ferraz de Mattos Barros (2011) 
conceitua ação rescisória como 
 
o remédio jurídico que visa reparar a injustiça de uma sentença transitada 
em julgado. De cunho desconstitutivo, visa ela a extinção da imutabilidade 
dos efeitos materiais da sentença de mérito, por alguma das hipóteses 
previstas no art. 485 do CPC. Não suspende ela a executibilidade da 
sentença, a menos que haja concessão de medidas de natureza cautelar ou 
antecipatória da tutela. 
 
Cumpre ressaltar que no novo Código de Processo Civil o antigo art. 485 supra 
citado corresponde ao art. 966. Tais hipóteses serão melhor explicadas no tópico 
referente a requisitos. 
Didier e Cunha (2013) acrescentam ainda que a ação rescisória não é recurso, 
por não estar prevista em lei corno recurso. Além disso, enquanto os recursos 
não formam novo processo, nem inauguram uma nova relação jurídica processual, 
as ações rescisórias geram a formação de nova relação jurídica processual, 
instaurando-se um processo novo. 
 
2. Legitimidade 
 
 Conforme prevê o Novo Código de Processo Civil em seu art. 967, 
 
Têm legitimidade para propor a ação rescisória: 
I - quem foi parte no processo ou o seu sucessor a título universal ou 
singular; 
II - o terceiro juridicamente interessado; 
III - o Ministério Público: 
a) se não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a intervenção; 
b) quando a decisão rescindenda é o efeito de simulação ou de colusão das 
partes, a fim de fraudar a lei; 
c) em outros casos em que se imponha sua atuação; 
IV - aquele que não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a 
intervenção. 
Parágrafo único. Nas hipóteses do art. 178, o Ministério Público será 
intimado para intervir como fiscal da ordem jurídica quando não for parte. 
 
 Cumpre acrescentar que o referido art. 178 trata das hipóteses de 
obrigatoriedade de intervenção do Ministério Público, nos processos que envolvam 
interesse público ou social; interesse de incapaz; e litígios coletivos pela posse de 
terra rural ou urbana. 
 Didier e Cunha (2013) explica que a legitimidade para intentar a ação 
rescisória com fundamento em colusão para fraudar a lei é do Ministério Público, 
entretanto tal legitimidade não é exclusiva, podendo a rescisória, nesse caso, ser 
intentada também por terceiro juridicamente interessado, por uma das partes que 
não participou do conluio ou mesmo por quem fez parte do conluio. 
O brilhante autor acrescenta ainda que é terceiro legitimado aquele que não 
participou do processo originário, mas foi prejudicado do ponto de vista jurídico 
pela decisão nele proferido, ainda que indiretamente, têm legitimidade ativa na 
condição de terceiro prejudicado os que poderiam ter ingressado no processo 
primitivo como assistente e litisconsorte. 
O Código regula expressamente a matéria apenas no que se refere à 
legitimação ativa para a rescisória, não havendo qualquer disposição expressa a 
respeito da legitimação passiva. Didier e Cunha (2013) elucidam sobre o tema 
expondo que todos os partícipes da relação processual oriunda da ação matriz 
devem ser citados, como litisconsortes necessários, já que o acórdão que será 
nela proferido atingirá a esfera jurídica de todos. Se o objeto da ação rescisória 
só disser respeito a algum ou alguns dos participantes do processo originário, 
somente esses devem ser citados como litisconsortes necessários, e não todos. É 
possível, ainda, que seja parte da ação rescisória terceiro que não fez parte da ação 
matriz. Enfim, a legitimidade passiva deve observar o capítulo da decisão que se 
busca rescindir para identificar quem é o titular atual do direito ali certificado, que 
será a parte legítima nessa ação autônoma de impugnação. 
 
3. Competência 
 
 Marcus Vinicius Rios Gonçalves (2011) explica que 
 
a ação rescisória de sentença deve ser proposta perante o Tribunal que 
teria competência para julgar recursos contra ela; se de acórdão, a 
competência será do mesmo Tribunal que o proferiu, mas o julgamento será 
feito por um órgão mais amplo. 
 
 A Constituição Federal estabelece expressamente que compete: a) ao STF 
(CF, art. 102, I, j); b) ao STJ processar e julgar, originariamente, a ação rescisória de 
seus julgados (CF, art. 105, I, e); c) aos Tribunais Regionais Federais processar e 
julgar as ações rescisórias de seus acórdãos e das sentenças dos juízes federais 
das respectivas regiões (CF, art. 108, I, b). 
 Didier e Cunha (2013) explicam que 
 
as decisões de mérito proferidas por juízes de primeira instância são 
desconstituídas, igualmente, por ação rescisória, que deve ser processada 
e julgada pelo tribunal ao qual está vinculado o juízo que proferiu a 
sentença. Assim, proferida a sentença por um juiz federal, a ação 
rescisória será processada e julgada pelo Tribunal Regional Federal ao 
qual este ja vinculado o juiz. Por sua vez, a ação rescisória contra 
sentença de mérito de juiz estadual será processada e julgada perante o 
respectivo tribunal de justiça. No caso de sentença proferida por juiz 
estadual investido de jurisdição federal (109, § 3º, CF/88), a competência 
será do Tribunal Regional Federal da respectiva região. 
 
4. Requisitos 
 
 Marcus Vinícius Rios Gonçalves (2011) afirma que a ação rescisória deve 
atender 
variados requisitos de admissibilidade, que poderiam ser agrupados em 
duas grandes categorias: os comuns a todas as ações, como o 
preenchimento das condições da ação rescisória — possibilidade jurídica do 
pedido, interesse e legitimidade; e os requisitos específicos. 
 
4.1 As condições da ação rescisória 
 
a) Possibilidade jurídica do pedido 
 
As hipóteses de cabimento da ação rescisória estão previstas no art. 966 do 
Novo Código do Processo Civil: 
 
Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida 
quando: 
I - se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou 
corrupção do juiz; 
II - for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente; 
III - resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte 
vencida ou, ainda, de simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar 
a lei; 
IV - ofender a coisa julgada; 
V - violar manifestamente norma jurídica; 
VI - for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo 
criminal ou venha a ser demonstrada na própria ação rescisória; 
VII - obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja 
existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe 
assegurar pronunciamento favorável; 
VIII - for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos. 
§ 1o Há erro de fato quando a decisão rescindenda admitir fato inexistente 
ou quando considerar inexistente fato efetivamente ocorrido, sendo 
indispensável, em ambos os casos, que o fato não represente ponto 
controvertido sobre o qual o juiz deveria ter se pronunciado. 
§ 2o Nas hipóteses previstas nos incisos do caput, será rescindível a 
decisão transitada em julgado que, embora não seja de mérito, impeça: 
I - nova propositura da demanda; ou 
II - admissibilidade do recurso correspondente. 
§ 3o A ação rescisória pode ter por objeto apenas 1 (um) capítulo da 
decisão. 
§ 4o Os atos de disposição de direitos, praticados pelas partes ou por outros 
participantes do processo e homologados pelo juízo, bem como os atos 
homologatórios praticados no curso da execução, estão sujeitos à anulação, 
nos termos da lei. 
 
b) O interesse 
 
Marcus Vinícius Rios Gonçalves (2011) ensina que 
 
só teminteresse em propô-la aquele que puder auferir algum proveito da 
rescisão, alguma melhora de sua situação, caso o julgamento anterior seja 
rescindido, e outro seja proferido em seu lugar. Para isso, é preciso que o 
autor da ação rescisória não tenha obtido o melhor resultado possível no 
processo cujo julgamento se quer rescindir. Flávio Yarshell ensina que “é 
também a partir do que foi julgado no dispositivo da sentença que se 
determina o interesse de agir na ação rescisória, havendo grande 
afinidade desse tema com o do interesse recursal: o que justifica a 
impugnação, de um modo geral, é o julgamento desfavorável e cuja 
modificação possa levar, por alguma forma, a situação mais favorável do 
que aquela imposta à parte ‘sucumbente’”. É possível que ambos os 
litigantes tenham interesse em ajuizá-la, havendo sucumbência recíproca. E 
ambos poderão postular a rescisão com o mesmo fundamento. Assim, por 
exemplo, se a sentença é extra petita, tanto o autor quanto o réu requerer a 
rescisão por essa razão. 
 
c) A legitimidade 
 
 Já comentado no tópico 2 deste trabalho. 
 
 
4.2 Outros requisitos 
 
 Marinoni et al (2015) ensina que para que se admita a ação rescisória, é 
preciso que haja, além das condições da ação e dos pressupostos processuais, 
 
i) decisão que efetivamente aprecie o mérito da demanda, acolhendo ou 
rejeitando, no todo ou em parte, o pedido formulado (art. 966); ii) ocorrência 
de coisa julgada em função da preclusão; iii) presença de uma das causas 
apontadas no art. 966; e iv) não exaurimento do prazo previsto para a ação 
rescisória (art. 975). 
 
4.3 Requisitos Específicos 
 
 O art. 966 do Novo Código do Processo Civil enumera um rol taxativo e não 
comporta ampliações, nem utilização da analogia, para hipóteses que não tenham 
sido expressamente previstas. O cabimento da ação rescisória limita-se a casos 
extraordinários, expressamente enumerados em lei. 
 
a) Prevaricação, concussão ou corrupção do juiz: Tais defeitos constituem tipos 
penais, em que pode inserir-se o juiz e que não podem ser chancelados pela 
incidência da coisa julgada. A prevaricação (art. 319, CP) refere-se à situação em 
que o juiz, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal, retarda ou deixa de 
praticar ato de ofício, ou ainda pratica ato contra disposição expressa de lei. A 
concussão (art. 316, CP) liga-se à exigência pelo magistrado de vantagem, 
pecuniária ou não, indevida em razão de suas funções, para a prática de ato. Por 
fim, a corrupção, que deve ser passiva (art. 317, CP), importa na solicitação ou 
recebimento pelo servidor público em razão de suas funções de vantagem indevida 
ou aceitação quanto à promessa de recebê-la, sem, todavia, exigi-la. Em todos 
esses casos, a conduta ilícita do magistrado além de confirmar um delito, 
compromete a seriedade da prestação jurisdicional e ofende o direito ao juiz natural. 
(MARINONI et al, 2015) 
 
b) Impedimento ou incompetência absoluta do juiz: A falta de capacidade 
subjetiva ou objetiva absoluta do magistrado também é causa de ação rescisória. 
Sendo o juiz absolutamente incompetente (art. 62) ou estando impedido (art. 144) 
para atuar no processo, sua participação viola de tal maneira o ordenamento jurídico 
que o resultado da tutela jurisdicional se torna imprestável, e também aqui por 
ofensa ao direito ao juiz natural. A incompetência relativa (art. 63) e a suspeição do 
juiz (art. 145) são sanadas pela coisa julgada, não podendo ser invocadas para 
revivificar a discussão sobre a decisão prolatada. (MARINONI et al, 2015) 
 
c) Existência de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte 
vencida, ou, ainda, de simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a 
lei: A lei busca impedir que as partes se sirvam do processo para fins ilícitos. Como 
estabelece o art. 142, "convencendo-se, pelas circunstâncias, de que autor e réu se 
serviram do processo para praticar ato simulado ou conseguir fim vedado por lei, o 
juiz proferirá decisão que impeça os objetivos das partes, aplicando, de ofício, as 
penalidades da litigância de má-fé”. O desvirtuamento da função do processo pode 
ser invocado depois de concluído o julgamento do feito por meio da ação rescisória. 
O mesmo se diga quando for verificada a ocorrência de dolo (arts. 145 a 150, CC) 
ou coação (arts. 151 a 155, CC) da parte vencedora em detrimento da outra. Isso 
porque, nesses casos, ou a parte vencedora obstaculiza a adequada participação da 
parte vencida no processo, impedindo suas alegações e produção de provas ou 
mesmo leva o juiz a interpretar a situação litigiosa de forma indevidamente contrária 
à parte vencida. A boa fé constitui norma fundamental do novo processo civil 
brasileiro (art. 5º), daí a razão pela qual nessas circunstâncias impõe-se a 
desconstituição da coisa julgada. (MARINONI et al, 2015) 
 
d) Ofensa à coisa julgada: A coisa julgada impede a rediscussão da sentença. Ora, 
se é assim, em havendo a propositura de uma segunda demanda idêntica à outra 
cuja decisão transitou em julgado, mesmo que essa segunda ação seja julgada (sem 
observância da coisa julgada formada anteriormente), a "coisa julgada" nela formada 
ofende a coisa julgada anterior. Por isso, esse segundo julgamento, embora possa 
transitar em julgado, estará sujeito à desconstituição. A grande questão ocorre no 
conflito dessas coisas julgadas, após o esgotamento do prazo de dois anos existente 
para a propositura da ação rescisória (art. 975). Findo esse prazo, tem-se em tese 
duas coisas julgadas - possivelmente antagônicas - convivendo no mundo jurídico, o 
que certamente não é possível. Parece que, nesses casos, deve prevalecer a 
segunda coisa julgada em detrimento da primeira. Além de a primeira coisa julgada 
não ter sido invocada no processo que levou à formação da segunda, essa sequer 
foi mesmo lembrada em tempo oportuno, permitindo o uso da ação rescisória e, 
assim, a desconstituição da coisa julgada formada posteriormente. É absurdo pensar 
que a coisa julgada, que poderia ser desconstituída até determinado momento, 
simplesmente desaparece quando a ação rescisória não é utilizada. (MARINONI et 
al, 2015) 
 
e) Violação manifesta de norma jurídica: Se, no julgamento, o juiz desrespeita ou 
não observa manifestamente norma jurídica, sua decisão não se encontra 
adequadamente justificada à luz da ordem jurídica, não podendo, por isso, 
prevalecer. A sentença que possui interpretação divergente daquela que é 
estabelecida pela doutrina e pelos tribunais, exatamente pelo fato de que 
interpretações diversas são plenamente viáveis e lícitas enquanto inexistente 
precedente constitucional ou federal firme sobre a questão, não abre ensejo para a 
ação rescisória. A ação rescisória somente é cabível nos casos de ofensa manifesta 
à norma jurídica, valendo para qualquer espécie de norma jurídica, sendo irrelevante 
saber a categoria da norma jurídica em discussão (se constitucional ou 
infraconstitucional). (MARINONI et al, 2015) 
 
f) Fundamento em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo 
criminal ou venha a ser demonstrada na própria ação rescisória: O julgamento 
depende do conhecimento adequado dos fatos da causa. Se o magistrado, ao 
formar seu convencimento sobre os fatos, apóia-se em prova falsa, certamente é 
induzido em erro na sua valoração. Se o erro é relevante, capaz de alterar o 
resultado do julgamento, então caberá ação rescisória fundada na apuração da 
falsidade da prova (art. 966, VI). Entretanto, se a sentença puder sobreviver, ou seja, 
puder ser mantida no seu resultado, ainda que fundada em prova reconhecida como 
falsa, não há razão para a desconstituição da coisa julgada. A prova apontadacomo 
falsa na ação rescisória pode ser assim reconhecida na própria rescisória, ou em 
outro processo civil ou criminal desde que a parte que pode sofrer as consequências 
da falsidade tenha deles participado em contraditório. (MARINONI et al, 2015) 
 
g) Prova nova cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, 
por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável: A existência de prova não 
utilizada (porque desconhecido ou porque dele não se pôde fazer uso), capaz de 
alterar a compreensão dos fatos envolvidos no litígio, pode dar ensejo à ação 
rescisória quando relevante para, por si só, assegurar "pronunciamento favorável" 
(art. 966, VII). Tal prova deve ser capaz de, por si só, gerar resultado favorável ao 
autor da ação rescisória. Essa prova, embora chamada de "prova nova", pode ser 
usada na rescisória quando era ignorada ou não pôde ser usada no processo que 
deu origem à sentença rescindenda, ainda que existente antes dela. (MARINONI et 
al, 2015) 
 
h) Fundamento em erro de fato verificável do exame dos autos: Por fim autoriza- 
-se a rescisão da coisa julgada quando a sentença de mérito esteja calcada em erro 
de fato. Não se trata, aqui, de documento novo nem de prova falsa. Para a admissão 
da rescisória fundada em "erro de fato" é preciso que exista nexo de causalidade 
entre ele e a sentença rescindenda. E necessário, em outras palavras, que um erro 
de fato tenha determinado o resultado da sentença. Afirma-se que "há erro de fato 
quando a decisão rescindenda admitir um fato inexistente ou quando considerar 
inexistente um fato efetivamente ocorrido" (art. 966, §1º, primeira parte), sendo 
"indispensável, em ambos os casos, que o fato não represente ponto controvertido 
sobre o qual o juiz deveria ter se pronunciado” (art. 966, §1º, infine). Portanto, a 
admissão da ação rescisória nesse caso e subordinada aos seguintes requisitos: i) 
que a sentença esteja baseada em erro de fato; ii) que esse erro possa ser apurado 
independentemente da produção de novas provas; iii) que sobre o fato não tenha 
havido controvérsia entre as partes; e iv) que não tenha havido pronunciamento 
judicial sobre o fato. Se o fato foi objeto de cognição mediante prova no curso do 
raciocínio que o juiz empregou para formar seu juízo, não cabe ação rescisória. Mas 
se o fato foi suposto, no raciocínio, como mera etapa para o juiz chegar a uma 
conclusão, a ação rescisória é admissível. (MARINONI et al, 2015) 
 
5. Efeitos 
 
 Diddier e Cunha (2013) enunciam que a ação rescisória, devido ao seu 
caráter constitutivo negativo ou desconstitutivo, produzindo-se efeitos ex tunc, tendo, 
portanto, eficácia retroativa para desfazer tudo que se realizou a partir da sentença 
ou do julgado rescindendo. O renomado autor traz um pronunciamento do STJ para 
bem explicar os efeitos da ação rescisória, trazendo uma exceção à regra: 
 
"Via de regra, a rescisão da sentença de mérito, embora ostente decisão de 
natureza desconstitutiva, tem efeitos ex tunc, ou seja, retroage para 
atingir todas as situações decorrentes da relação jurídica discutida no 
processo original. Excepcionalmente, dada a efetividade da sentença 
transitada em julgado, que repercute no mundo jurídico desde logo, 
devem ser ressalvadas determinadas situações havidas sob a coisa 
julgada até então existente, sobretudo quando envolvem terceiros de 
boa-fé, [...]". (STJ, 1° S., SR n. 3.788-PE, rei. Min. Benedito Gonçalves, 
j. em 14.04.2010, publicado no DJe de 21 .05.2010) 
 
6. Procedimentos 
 
 Adota-se as lições de Marcus Vinícius Rios Gonçalves (2011) para explicar os 
procedimentos da ação rescisória: 
 
a) Petição inicial: 
A petição inicial deve conter os requisitos do art. 282, do CPC, e indicar os 
três elementos da ação: as partes, o pedido e a causa de pedir. Ao formular 
o pedido, o autor poderá cumular a pretensão ao “juízo rescindente” e ao 
“juízo rescisório”, se caso. Nem sempre será o caso de cumulação das duas 
coisas. Haverá aqueles em que bastará rescindir o julgado, sem 
necessidade de proferir outro em substituição, como no caso de segunda 
sentença proferida quando já havia outra anterior, transitada em julgado; há 
outros, ainda, em que o juízo rescisório não poderá ser feito pelo mesmo 
órgão que fez o rescindente, como no caso da rescisão por incompetência 
absoluta do juízo. Mas, como ensina Flávio Yarshell, “conquanto a lei diga 
que ao autor compete, na elaboração da petição inicial, cumular ao pedido 
de desconstituição o de novo julgamento da causa, é de se reputar como 
implícito o pedido relativo ao chamado juízo rescisório, na exata medida da 
procedência o juízo rescindente. Não haveria sentido em se desconstituir a 
decisão de mérito e, a pretexto de que não teria havido pedido de novo 
julgamento, o tribunal interromper aí seu julgamento”. O pedido do juízo 
rescisório está implícito no do juízo rescidente, quando for o caso, e apesar 
da redação do art. 488, I, do CPC. A rescisão pode englobar a sentença 
toda, ou apenas um dos seus capítulos, caso em que somente estes serão 
substituídos pela nova decisão. A causa de pedir deve corresponder a uma 
ou mais das hipóteses do art. 485. (GONÇALVES, 2011) (Grifo nosso – art. 
282 substituído pelo art. 319 do NCPC; art. 485 substituído pelo art. 966 do 
NCPC) 
 
b) Caução: O art. 968, II, obriga o autor a “depositar a importância de cinco por 
cento sobre o valor da causa, que se converterá em multa caso a ação seja, por 
unanimidade de votos, declarada inadmissível ou improcedente”. Sem o depósito, a 
petição inicial será indeferida. Caso a rescisória venha a ser julgada procedente, o 
dinheiro será restituído ao autor. Também haverá restituição se o resultado lhe for 
desfavorável, mas não por unanimidade de votos. Mas não haverá restituição em 
caso de desistência, ou de extinção por abandono. Quando o autor for o Ministério 
Público, pessoa jurídica de direito público ou beneficiário da justiça gratuita, não 
haverá necessidade de caução. A Súmula 175 do STJ estabelece: “Descabe o 
depósito prévio nas ações rescisórias propostas pelo INSS”. Tal solução 
estende-se às demais autarquias e pessoas jurídicas de direito público. 
(GONÇALVES, 2011) 
 
c) Indeferimento da inicial: O art. 968, do NCPC, autoriza o indeferimento da inicial 
nas mesmas situações em que isso ocorre nos outros processos (CPC, art. 330). 
Também haverá o indeferimento se não for recolhida a caução exigida pelo art. 968, 
II, do NCPC. O relator tem poderes para indeferir a inicial, cabendo agravo interno 
ou regimental para o órgão que seria o competente para julgar a ação. Discute-se 
sobre a possibilidade de algum recurso contra o indeferimento da inicial. Não cabe 
apelação, porque não houve sentença, mas acórdão, pois se trata de ação de 
competência originária do tribunal. Só se admitirão eventuais recursos nos 
regimentos internos do tribunal. (GONÇALVES, 2011) 
 
d) Tutela antecipada: O art. 969 do NCPC passou a regulamentar expressamente o 
assunto, ao determinar que “A propositura da ação rescisória não impede o 
cumprimento da decisão rescindenda, ressalvada a concessão de tutela provisória.” 
 
A concessão da tutela de urgência há de ser excepcional, uma vez que há 
sentença ou acórdão transitado em julgado. Para o deferimento é 
indispensável a plausibilidade do pedido de rescisão e o risco de prejuízo 
irreparável ou de difícil reparação, caso o cumprimento da sentença não 
seja suspenso. Cumpre ao relator da ação rescisória apreciar o pedido de 
liminar. (GONÇALVES, 2011) 
 
e) Citação e defesa: O relator determinará a citação dos réus, assinalando-lhes o 
prazo nunca inferior a quinze nem superior a trinta dias.Questão altamente 
controversa é a da aplicação dos arts. 180, 183 e 229 do NCPC, que determinam a 
duplicação do prazo quando os réus forem o Ministério Público, a Fazenda 
Pública, e quando houver litisconsortes com advogados diferentes. A redação do art. 
970 dá a impressão de que não, pois o dispositivo já concede ao juiz certo arbítrio 
na fixação do prazo, facultando-lhe ampliá-lo, conforme o caso, até trinta dias. Mas o 
STF, por sua primeira turma, decidiu que o prazo dos arts. 180 e 183 são aplicáveis 
à ação rescisória, sob o fundamento de que o prazo do art. 970 é legal, e não 
judicial. A citação poderá ser feita pelos meios previstos em lei. Em caso de revelia 
dos réus, não haverá a presunção de veracidade decorrente da revelia, uma vez que 
já existe sentença transitada em julgado. Ainda que o réu não conteste, o autor não 
se exime do ônus de comprovar as hipóteses do art. 966. Além da contestação, o 
réu poderá apresentar exceções rituais, que se processarão na forma do regime 
interno. Admite-se a reconvenção, desde que presentes os requisitos do art. 343 do 
NCPC. Apresentada ou não a resposta, o processo seguirá pelo procedimento 
ordinário. Se houver necessidade de provas, o órgão julgador expedirá carta de 
ordem, determinando ao juiz da comarca onde a prova deva ser produzida, a sua 
realização, com prazo de 45 a 90 dias para a devolução. (GONÇALVES, 2011) 
Concluída a instrução, será aberta vista, sucessivamente, ao autor e ao réu pelo 
prazo de dez dias, para razões finais. Em seguida, os autos subirão ao relator, 
procedendo-se ao julgamento (NCPC, art. 973). 
 
f) A intervenção do Ministério Público: Gonçalves (2011) ensina que o Ministério 
Público intervém em todos os processos de ação rescisória, ainda que não tenha 
intervindo no processo originário, porque há um interesse público que, pela natureza 
da lide, se manifesta sempre nesse tipo de ação. Quando não for parte, o Ministério 
Público atuará como fiscal da lei, manifestando-se na forma do art. 179, do NCPC. 
 
g) O julgamento: Depois de colhidas as manifestações das partes e do Ministério 
Público, a ação rescisória será julgada, na forma do art. 974, do NCPC. Cumprirá ao 
tribunal, em caso de procedência, rescindir a sentença (juízo rescindente) e, se for o 
caso, promover o novo julgamento (juízo rescisório). Também o será, caso haja 
improcedência, ou a rescisória seja considerada inadmissível, mas não por 
unanimidade de votos. Se a improcedência ou rejeição for unânime, o autor perderá 
em favor do réu a caução, a título de multa, nos termos do art. 968, II, do NCPC. 
(GONÇALVES, 2011) 
 
h) O juízo rescisório — a quem cabe fazer: O julgamento da ação rescisória pode 
ser dividido em dois momentos: aquele em que o tribunal verificará se é caso de 
rescindir a sentença ou o acórdão; e o posterior, que depende do acolhimento do 
primeiro, em que se decidirá se é caso de promover o novo julgamento, passando-
se a ele, em caso afirmativo. A rescisória pode ter por objeto sentença ou acórdão. 
Se contra a sentença não foi interposto recurso, ou os recursos interpostos nem 
foram conhecidos, é a sentença que transita em julgado, e a rescisão será dela; se 
contra a sentença foi interposto recurso, conhecido, o acórdão a substituirá, tenha 
ele mantido ou reformado a sentença de primeiro grau. Por isso, é ele que transita 
em julgado e será objeto de rescisão. Cumpre ao órgão julgador da ação rescisória 
proferir o novo julgamento quando for o caso, isto é, quando isso for necessário e 
possível. A competência para proferir o juízo rescisório é do mesmo órgão que fez o 
juízo rescindente, não importante que a rescisão seja de sentença ou de acórdão. 
Rescindida a sentença, não será o juízo que a prolatou quem proferirá outra no seu 
lugar, mas o Tribunal que a rescindiu. Não há ofensa ao duplo grau de jurisdição, 
pois se está diante de um caso de competência originária do tribunal. Ficam 
ressalvados os casos de rescisão por incompetência, em que haverá necessidade 
de remessa ao Tribunal ou ao juízo competentes. (GONÇALVES, 2011) 
 
i) Recurso: 
Se ele padecer de obscuridade, omissão ou contradição, cabem 
embargos de declaração; se julgar procedente a ação e não for unânime, 
cabem embargos infringentes. E eventual recurso extraordinário ou 
ordinário, nos casos dos arts. 102, III e 105, III, da CF. (GONÇALVES, 
2011) 
 
j) Prazo: O art. 975, do NCPC, estabelece que 
 
Art. 975. O direito à rescisão se extingue em 2 (dois) anos contados do 
trânsito em julgado da última decisão proferida no processo. 
 § 1º Prorroga-se até o primeiro dia útil imediatamente subsequente o prazo 
a que se refere o caput, quando expirar durante férias forenses, recesso, 
feriados ou em dia em que não houver expediente forense. 
§ 2º Se fundada a ação no inciso VII do art. 966, o termo inicial do prazo 
será a data de descoberta da prova nova, observado o prazo máximo de 5 
(cinco) anos, contado do trânsito em julgado da última decisão proferida no 
processo. 
§ 3º Nas hipóteses de simulação ou de colusão das partes, o prazo começa 
a contar, para o terceiro prejudicado e para o Ministério Público, que não 
interveio no processo, a partir do momento em que têm ciência da 
simulação ou da colusão. 
 
A Súmula 401 do Superior Tribunal de Justiça acrescenta que “o prazo 
decadencial da ação rescisória só se inicia quando não for cabível qualquer recurso 
do último pronunciamento judicial”. O prazo se justifica por razões de segurança 
jurídica: não seria razoável que, por tempo indefinido, se pudesse desconstituir 
decisão transitada em julgado. Ele tem natureza decadencial, pois a ação é 
desconstitutiva dos julgados anteriores. Aplica-se a regra geral do art. 240, § 1º, do 
NCPC: “A interrupção da prescrição, operada pelo despacho que ordena a citação, 
ainda que proferido por juízo incompetente, retroagirá à data de propositura da 
ação”. Em síntese, se o recurso não é conhecido, a rescisória terá por objeto a 
sentença, mas o seu prazo só contará a partir do trânsito em julgado do acórdão de 
não conhecimento. A contagem do prazo traz problemas quando partes distintas da 
sentença transitarem em julgado em momentos diferentes, quando há apelação 
parcial. O objeto do recurso não transita em julgado, mas a parte incontroversa sim. 
Tem decidido o STJ que: “Se as partes distintas da sentença transitarem em julgado 
em momentos também distintos, a cada qual corresponderá um prazo decadencial 
próprio” (STJ, 6ª Turma, REsp 212.286, rel. Min. Hamilton Carvalhido). Se o objeto 
da rescisória é decisão interlocutória que examina o mérito, o prazo de dois anos 
correrá a partir do momento em que ela transite em julgado, e não somente após o 
julgamento final do processo. (GONÇALVES, 2011) 
 
7. Análise Jurisprudencial 
 
7.1 Caso Procedente 
 
a) Resumo 
 A ação rescisória em análise tem como autor OBRAS SOCIAIS DA ORDEM 
ESPITITUALISTA CRISTA VALE DO AMANHECER e réu AUAD FORTE 
EMPREENDIMENTOS IMOBILIARIOS LTDA, onde o autor, com fundamento no 
artigo 485, incisos V e VI, do CPC, propôs a presente Ação Rescisória em face do 
réu a fim de desconstituir sentença proferida nos autos da Ação de Rescisão 
Contratual c/c Reintegração de Posse movida em seu desfavor. Trata-se de um caso 
em que a juíza da ação rescindenda não se ateve à aplicação da legislação que 
deveria ser aplicada no caso, qual seja, a Lei 6.766/79, que dispõe sobre o 
parcelamento do solo urbano e o Decreto-lei nº 58/37, que dispõe sobre o 
loteamento e venda de imóveis urbanos e rurais. Além disso, a jurisprudência é 
pacífica ao exigir, para o desfazimento do contrato de promessa de compra e venda, 
a prévia interpelação do devedorpara constituí-lo em mora. Nos autos do processo 
rescindido, o aviso de recebimento dos correios não serve de prova de entrega da 
notificação que continha, por lhe faltarem elementos como o carimbo dos correios, 
assinatura e matrícula do carteiro ou comprovante de sua postagem. Logo, não 
havendo a constituição regular de mora, falta à autora o pressuposto válido do 
processo, conforme art. 267, IV, CPC. 
 
b) Tese do autor 
 O autor propôs a ação com fundamento no artigo 485, incisos V e VI, do CPC, 
que trata: V- violar literal disposição da lei, e VI – se fundar em prova, cuja falsidade 
tenha sido apurada em processo criminal, ou seja, provada na própria ação 
rescisória. Alegou-se que a magistrada da ação rescindenda considerou que a 
existência de cláusula resolutiva expressa no referido contrato permite sua rescisão 
automática, sem necessidade de notificação da outra parte, e não se ateve à 
aplicação da legislação que deveria ser aplicada no caso, qual seja, a Lei 6.766/79, 
que dispõe sobre o parcelamento do solo urbano e o Decreto-lei nº 58/37, que 
dispõe sobre o loteamento e venda de imóveis urbanos e rurais. A magistrada 
ignorou, portanto, a previsão das referidas leis quanto à indispensabilidade da prévia 
interpelação do devedor quando a ação pretender a rescisão contratual da promessa 
de compra e venda fundada no inadimplemento, e ignorando, assim, a validade do 
Aviso de Recebimento dos Correios que continha a notificação da devedora, o qual 
carecia de elementos de validade essenciais. Assim, a sentença rescindenda feriu o 
art. 267, IV, do CPC, por lhe faltar pressuposto de constituição válida e regular do 
processo 
 
c) Motivos de deferimento 
 O pedido foi conhecido com base nos termos do art. 485, inciso V, da Lei 
Processual Civil, reconhecendo que a sentença ou acórdão foi proferido contra literal 
disposição de lei. A decisão do juízo foi que a ação de Rescisão Contratual c/c 
Reintegração de Posse rescindenda está fulminada pelos vícios da ausência de 
pressuposto de constituição válida e regular do processo, devendo, pois, ser extinta, 
nos termos do art. 267, inciso IV, do Código de Processo Civil. Assim, a ação 
rescisória foi julgada procedente, vez que demonstrada a violação literal a 
disposição de lei. Os motivos da decisão se baseiam na invalidade do Aviso de 
Recebimento dos Correios que serviu à propositura da ação, insuficiente para 
afirmar que foi encaminhado ao endereço ali constante, conforme detalhado no 
resumo do caso. Logo, o AR apresentado pela autora quando da propositura da 
ação de rescisão contratual não possui o condão de demonstrar, de forma 
inequívoca, que a referida correspondência tenha sido efetivamente enviada ao 
endereço da devedora, não havendo, pois, se falar em constituição em mora. 
Conclui-se, assim, que não havendo a constituição regular da mora, falta à autora o 
pressuposto válido do processo, o que acarreta a extinção do feito, sem resolução 
de mérito, segundo o artigo 267, inciso IV, do Código Processual Civil. 
 
d) Referência 
(TJGO, ACAO RESCISORIA 336749-29.2014.8.09.0000, Rel. DR(A). MARCUS DA 
COSTA FERREIRA, 2A SECAO CIVEL, julgado em 05/08/2015, DJe 1850 de 
18/08/2015) 
 
7.2 Caso Improcedente 
 
a) Resumo 
 A ação rescisória em análise tem como autor o MUNICIPIO DE GOIATUBA e 
como ré LUCIENE ADELIA ROCHA SILVA, onde o autor busca rescindir decisão 
monocrática de Ação de Cobrança proferida pela Desembargadora Beatriz 
Figueiredo Franco. Na ação originária, a ré ajuizou ação de cobrança em desfavor 
do MUNICÍPIO DE GOIATUBA, alegando que é servidora pública municipal, 
ocupante do cargo de gari e, por essa razão, requereu o recebimento do 
adicional de insalubridade, no valor de 40% (quarenta por cento) do seu 
vencimento, relativo aos últimos cinco anos anteriores ao ajuizamento da citada 
demanda. A sentença julgou parcialmente procedente o pedido inicial, para 
condenar o Município Réu a pagar à Autora as prestações vencidas do adicional 
de insalubridade, no importe de 30% (trinta por cento) do seu vencimento, contadas 
a partir da propositura da ação, determinando a inclusão do referido valor em folha 
de pagamento, acrescido de correção monetária e juros de mora de 1% (um por 
cento) ao mês. O Município interpôs apelação cível que foi julgada improcedente. 
Visando rescindir a referida decisão, o MUNICÍPIO DE GOIATUBA aduz que 
houve error in procedendo do magistrado, uma vez que ele julgou 
antecipadamente a lide, sem realizar a perícia judicial necessária ao 
esclarecimento do grau de insalubridade a que estava exposto a Servidora. 
 
b) Tese do autor 
 A fim de rescindir a decisão originária, o MUNICÍPIO DE GOIATUBA aduz 
que houve error in procedendo do magistrado, uma vez que ele julgou 
antecipadamente a lide, sem realizar a perícia judicial necessária ao 
esclarecimento do grau de insalubridade a que estava exposto a Servidora. Salienta 
que houve violação literal de disposição de lei (artigo 485, inciso V, do Código de 
Processo Civil), baseado nas seguintes teses: a)Violação ao artigo 333, inciso I, do 
Código de Processo Civil, o qual estabelece a regra de distribuição do ônus 
probatório; b) Violação à norma regulamentadora nº 15 da Segurança e Medicina 
do Trabalho, que fixa os percentuais e os graus de insalubridade; c) Violação 
ao artigo 195 da Consolidação das Leis Trabalhistas, que determina a 
obrigatoriedade de realização de perícia por um médico do trabalho, ou engenheiro 
do trabalho; e d) Violação ao artigo 145 do Código de Processo Civil, o qual 
preceitua que, quando o fato depender de conhecimento técnico, ou científico, o 
juiz deverá ser assistido por perito nomeado. Para tanto, pugna pela antecipação 
dos efeitos da tutela, para suspender o cumprimento da sentença prolatada na ação 
de cobrança, em trâmite na comarca de Goiatuba. Ao final, pleiteia a rescisão da 
decisão monocrática com fundamento no artigo 485, inciso V, do Código de 
Processo Civil, a fim de que seja declarada nula a sentença, determinando o regular 
prosseguimento da ação de cobrança, com a realização de perícia judicial. 
 
c) Motivos de indeferimento 
 Sobre a acusação que houve error in procedendo do magistrado por julgar 
antecipadamente a lide, sem realizar a perícia judicial necessária ao esclarecimento 
do grau de insalubridade a que estava exposto a Servidora, violando literal 
disposição de lei, conforme preceitua o artigo 485, V, do Código de Processo 
Civil, o juiz faz constar que, apesar de o Município Autor, antes da prolação da 
sentença, ter formulado pedido de produção de prova pericial, tal fato não impede 
que o magistrado julgue antecipadamente a lide. O princípio dispositivo, vigente no 
nosso sistema processual civil, é mitigado, especialmente, pelo artigo 130 do Código 
de Processo Civil, que assim dispõe: “Caberá ao juiz, de ofício ou requerimento da 
parte, determinar as provas necessárias à instrução do processo, indeferindo as 
diligências inúteis ou meramente protelatórias.” Dessa forma, percebe-se que, 
muito embora possa o magistrado determinar a produção de provas que entender 
necessárias à lide, cabe a ele, também, indeferir as que entender inúteis para 
elucidação dos fatos. Nesses termos, a prolação de sentença, sem que tenham sido 
realizadas as provas postuladas pelas partes, não configura cerceamento do 
direito de defesa, ou ofensa ao princípio do contraditório, mas sim, servem para 
incentivar os princípios da celeridade e economia processuais. Vale ressaltarque a realização de perícia para aferir a insalubridade da atividade empreendida 
pela parte Ré, neste caso, resulta desnecessária, tendo em vista a existência de 
prova documental produzida nos autos, revelando que a Servidora desempenha a 
função de gari, bem como a concordância do Autor, quanto a este fato, 
mostrando-se desnecessária a realização de perícia para a caracterização do 
grau de insalubridade. O juiz entende que, além de insalubre, a atividade do gari é 
muito penosa, pois, são obrigados a sair pela cidade em contato direto e 
permanente com tudo que possamos imaginar, desde um simples saco com matéria 
reciclável a animais mortos, fonte de contaminação de doenças. Além disso, a 
prova pericial não teria o condão de modificar o grau de insalubridade devido à 
Ré, uma vez que, a Norma Regulamentadora nº 15, anexo XIV, do Ministério do 
Trabalho determina ser em grau máximo (30% - trinta por cento) o adicional a 
ser pago aos trabalhadores de que se expõem ao lixo urbano. A propósito, veja-se 
o regramento contido no inciso II do parágrafo único do artigo 420 do Código de 
Processo Civil: “Parágrafo único. O juiz indeferirá a perícia quando: II – for 
desnecessária em vista de outras provas produzidas.” Ademais, ressalte-se que, no 
caso, a determinação de dilação probatória seria ofensiva aos princípios da 
celeridade, economia processual e razoável duração do processo. Em face de tais 
fatos, cumpre salientar que, na ação rescisória, a violação literal de lei, delineada 
no inciso V do artigo 485 do Código de Processo Civil, deve ser de tal modo que, o 
julgado rescindendo viole frontalmente a disposição legal. No caso em epígrafe, de 
fato, não era necessária a produção de prova pericial, não havendo como 
reconhecer que houve violação literal de dispositivo de lei, como alega o 
Município Autor. Na hipótese, verifica-se que a pretensão do Autor é somente a 
rediscussão da matéria na qual restou vencido, utilizando-se da ação rescisória 
como sucedâneo recursal, o que não se afigura possível. Destaca-se que a ação 
rescisória não é ferramenta destinada à correção do julgamento (reexame da 
matéria de mérito), reavaliação das provas dos autos, não servindo, tampouco, 
para corrigir injustiças na apreciação da causa. Em face do exposto, o juiz 
declarou improcedente o pedido rescisório, para manter inalterada a decisão 
monocrática rescindenda. 
 
d) Referência 
(TJGO, ACAO RESCISORIA 209937-05.2015.8.09.0000, Rel. DES. FRANCISCO 
VILDON JOSE VALENTE, 2A SECAO CIVEL, julgado em 21/10/2015, DJe 1900 de 
29/10/2015) 
 
8. Referências Bibliográficas 
 
BRASIL. Código Civil. Lei nº 10.406, de 10 de Janeiro de 2002. VadeMecum. São 
Paulo: Saraiva, 2010. 
 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. VadeMecum. São 
Paulo: Saraiva, 2010. 
 
BARROS, Carlos Eduardo Ferraz de Mattos. Teoria Geral do Processo e 
Processo de Conhecimento. 12.ed. São Paulo: Saraiva, 2011. 
 
DIDIER JÚNIOR, Fredie; CUNHA, Leonardo Carneiro da. Curso de Direito 
Processual Civil. 11.ed. Salvador: Editora Juspodivm, 2013. Vol. 3. 
 
GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. Direito Processual Civil Esquematizado. São 
Paulo: Saraiva, 2011. 
 
MARINONI, Luiz Guilherme et al. Novo Curso de Processo Civil. São Paulo: 
Editora Revista dos Tribunais, 2015. Vol. 2. 
 
MEDINA, José Miguel Garcia. Novo CPC: Quadro Comparativo – CPC/1973 > 
CPC/2015. Disponível em: <http://portalprocessual.com/wp-content/uploads/2015/06/ 
quadro-1973-2015-horizontal.pdf>. Acesso em: 10 nov. 2015. 
 
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. 55.ed. Rio de 
Janeiro: Forense, 2014. Vol. I.

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