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Aula 4 - Método e técnicas de pesquisa em ciências humanas

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Método e técnicas de pesquisa em ciências humanas
Ciência:
Veracidade dos fatos…
… verificabilidade (elemento distintivo)
Devem ser verificáveis:
As operações mentais e as técnicas que tornaram possíveis chegar a uma verdade factual.
Vale dizer: o método tem que ser demonstrado e determinado
Referência bibliográfica da aula:
GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1995, p. 27-50.
Diversidade metodológica
Diversas áreas do conhecimento, diversos métodos
Ciências sociais: 
Diversas abordagens, diversos métodos
“…surge o interesse em classificá-los”
O métodos gerais das ciências sociais
Segundo Gil, são métodos gerais:
O hipotético-dedutivo
O dialético
O fenomenológico
O método 
hipotético-dedutivo
Karl Popper
Superação dos métodos dedutivos e indutivos
Supera: 
o formalismo, 
a “tautologia” 
e o “apriorismo” do dedutivismo 
O método 
hipotético-dedutivo…
Também supera:
A fragilidade da verdade obtida por indução
Essa fragilidade está em que a verdade afirmada por indução depende da realidade empírica
Mas esta mesma realidade permite afirmar o contrário daquela primeira verdade, sem contradição lógica.
Amanhã o sol pode não nascer…
David Hume: uma forte oposição ao método indutivo
Observação: uma proposição é intrinsecamente verdadeira (formalmente verdadeira), quando a afirmação de seu contrário implica contradição lógica
҈ Exercício para “loucos”: 
Dada a proposição:
 “Eu estou mentindo sempre”. 
Prove que ela é falsa ou verdadeira
Ou, tomando as duas sentenças seguintes em conjunto, prove que ambas são falsas ou verdadeiras: 
A sentença seguinte é falsa.
A sentença anterior é verdadeira. 
Karl Popper
Problemas da indução: 
os fenômenos particulares empiricamente observados recobrem um universo finito de objetos
Mas a “verdade” por indução pretende enunciar-se sobre um universo infinito. 
Outro problema: a indução cai no apriorismo, justamente o que se criticava na dedução… 
“A lógica da investigação científica” (1935, Karl Popper)
Problemas da indução:
Partindo do finito, postula uma “verdade” sobre o infinito, o qual passa a ser o critério da verdade sobre o finito (e é isso o apriorismo). 
Ver pag. 30
Proposta de Popper…
Por exemplo: uma pesquisa sobre a violência pode partir da hipótese de que a redução do número de homicídios em São Paulo não se deve a uma redução da violência, mas a uma nova reconfiguração da criminalidade (em termos de crime organizado, p. ex.).
Essa é uma hipótese válida e, ou, sustentável, que pode ser testada.
Mas somente uma pesquisa social metódica poderá confirmá-la ou não.
…o método hipotético-dedutivo (H-D) – ou indutivo-dedutivo.
Enquanto o método indutivo leva a generalizações a partir dos fenômenos particulares,
este método (H-D) parte de hipóteses válidas e sustentáveis, confirmadas ou deduzidas num universo real particular
A dialética como método
Princípios comuns de toda abordagem dialética
Unidade dos contrários e dos opostos.
Nesta mesma Unidade os contrários e opostos se “confrontam” e desse confronto emerge o desenvolvimento da própria unidade dialética.
Transformação ou passagem do quantitativo ao qualitativo (ex. da família ao Estado, passando pelo clã, pelos “conselhos” locais etc.; ou da semente à árvore...)
Negação da negação: cada estágio nega a negação do anterior e o supera (Hegel)
Ela pode dizer respeito:
1. A uma filosofia da natureza (Hegel e vários outros)
2. A uma lógica do pensamento que compreende processos históricos (Hegel e Marx) e conflitos sociais (Marx)
3. Método de investigação da realidade (ciências sociais)
Método H-D 
X 
Método Dialético
A oposição entre esses dois métodos está em que o primeiro prioriza a quantidade, apreensível através de uma lógica formal,
Enquanto o segundo valoriza a qualidade, o processo histórico, a contrariedade e os conflitos qualitativos de uma Unidade
Observação: o método hipotético-dedutivo de Popper foi desenvolvido num contexto de fortes debates no campo das filosofias das ciências, na primeira metade do século XX. 
A preocupação maior era como resolver o “problema de Hume”, isto é, o problema da indução em ciência. Trata-se de uma questão muito debatida entre os positivistas lógicos, a maior parte deles membros da chamada Escola de Viena.
É um debate que, na verdade, teria muito pouco a dizer às ciências humanas… 
O método fenomenológico
Edmund Husserl (1859-1938)
Nem dedutivo, nem empírico
Analisa o objeto como imediatamente dado… 
…à consciência
Mas não se trata de uma consciência subjetiva: 
o importante é o que ocorre entre uma consciência do sujeito e o objeto com o qual ela se depara e não pode negar, porque ele se impõe a ela. 
Impõe-se a ela, a consciência, não porém “apesar dela”, mas justamente através dela.
Certezas positivas das ciências
X
“consciência doadora originária”
Regra do método: “voltar às próprias coisas”, isto é, àquilo que é dado a uma consciência, o fenômeno.
Donde a fenomenologia:o estudo do fenômeno.
Pois de certo modo, o fenômeno já é a coisa-em-si
Método fenomenológico
Ciências dos fatos, ciências eidéticas
Fatos e essências andam juntos…
Essências são permanentes
Fazer ciência é captar o que há de essencial nos fatos
Ou seja, captar a essência por traz das aparências: essa seria a maior utilidade da fenomenologia, enquanto método, às pesquisas sociais. 
É como em Marx, portanto; com a diferença de que as essências em Marx não são permanentes… 
Métodos específicos em Ciências Sociais
Experimental: pouco utilizado; não só devido a questões éticas, mas sobretudo por contas das limitações da experimentação com “objetos” complexos e dinâmicos.
Ex.: 
“Experimento Milgram”; 
“A teoria dos sete graus de separação” 
Observacional: trata-se do mais difundido método em ciências sociais, utilizado em praticamente todas as pesquisas sociais, mesmo quando outros métodos específicos estão em prática
O “Experimento Milgram”. Universidade de Yale, 1961.
40 voluntários; pessoas comuns; “professores”, “alunos” e um “cientista” coordenadores.
Resultado: 65% dos voluntários continuaram a dar choques em “alunos”, quando estes erravam as respostas às perguntas que lhe eram feitas pelo “professor”.
Só uma pequena minoria recusou-se a continuar com o choques, abandonando a sala de experimentos. Destes, ninguém denunciou o experimento às autoridades públicas… 
Métodos específicos em ciências sociais…
Comparativo. Também é largamente utilizado, embora seja considerado um tanto superficial em relação aos outros. 
Exemplos: 
nas filas e aglomerações públicas, qual a distância mantida entre as pessoas, em países da América latina e países da Europa central?
Ou: como funcionam os sistemas 45eleitorais democráticos em diferentes países
Ou ainda: como se dá o comportamento individual em espaços públicos em diferentes cidades ou países
Estatístico: utiliza a teoria estatística da probabilidade.
Clínico: apoia-se em dados obtidos na clínica, no momento da relação intersubjetiva entre “médico” e “paciente” 
13
O quadro de referência teórico
Funcionalismo:
Herbert Spencer (1820-1903)
Émile Durkheim (1858-1917)
B. Malinowski (1884-1942)
São necessidades essenciais as orgânicas e as psíquicas. 
As formações culturais e sociais devem, portanto, servir à satisfação dessas necessidades
O organismo vivo como modelo explicativo
Radcliffe-Brown (1881-1955)
Funções estruturais
Florestan Fernandes (1930-
O método “funciona”, qualquer que seja a ideologia do pesquisador 
Note-se que é algo diferente de “referencial teórico”.
Teorias: sistema dedutivo formado por um conjunto de hipóteses tomadas como premissas.
Proporcionam um conjunto de conceitos com os quais o pesquisador irá trabalhar
Teoria ou método? (p.37) 
Estruturalismo
Ferdinand Saussure
(1857-1913).
Claude Lévy-Strauss (1908-2009):
Sistema, conjunto de elementos cujo significado particular só é compreensível quando referido ao sistema estrutural a que pertence
A estrutura, porém, não é a soma dos elementos do conjunto:
Os elementos são positividades, presenças; a estrutura é uma realidade ausente, que se torna presente ao pesquisador através da análise das relações necessárias dos elementos do conjunto.
Estes são realidade estruturada.
Contudo, o que é o estruturante? 
Sistema
Conjunto de elementos inter-relacionados
Presença e ausência
Estrutura, estruturado e estruturante
“Operador oculto” ?
Sociologia compreensiva
Max Weber (1864-1920)
O sentido da ação
Atribuição subjetiva de significado
Compreender é captar o sentido e o significado de uma ação social
Exemplo: o caçador, a espingarda e a caça
Tipo ideal: uma construção racional do pesquisador a partir de evidências recorrentes em certos comportamentos sociais
Trata-se modelos que servem de referência para a compreensão de casos particulares
Observação: há outros quadros de referência teórica possíveis.
Assim, embora o autor não trate da questão, o próprio marxismo pode ser um desses quadros.
Da mesma forma, o “pós-modernismo” pode ser outro deles.
“A pesquisa social”
É a pesquisa que busca o conhecimento de uma determinada realidade social ou de um determinado fenômeno social, empregando para isso certos métodos racionais, certos referenciais teóricos e certas técnicas racionais de pesquisa.
Suas finalidades podem ser teóricas (científicas ou acadêmicas) ou práticas (políticas ou profissionais)
Há pesquisa social “pura” e “aplicada”
Obs.: esta divisão não recobre, completamente, a divisão entre “ciências humanas” e “ciências humanas aplicadas”. 
O que é pesquisa social?
Qual a sua finalidade?
Existe pesquisa social pura?
Tipos de pesquisa
Exploratória:
Uma “primeira aproximação”
A “primeira etapa” de pesquisa ampla sobre um tema ou “objeto” muito genérico
Descritiva:
Caracterização e identificação de um fato ou fenômeno social, com vistas ao estabelecimento de relações entre variáveis 
Exemplo hipotético: entre os conservadores paulistanos, 90% pertencem à faixa etária de 40 a 60 anos) 
Observação: uma pesquisa descritiva pode ser mais do que isso, quando ela busca compreender a natureza da relação entre as variáveis que ela identificou
A pesquisa explicativa
(Tipos de pesquisa…)
Explicativa:
Busca a causa dos fenômenos ou fatos sociais
Trata-se do tipo de pesquisa considerado o mais científico
***
 
 A pesquisa-ação e a pesquisa participante têm sido uma resposta tanto ao “cientificismo” (empirismo e objetivismo) quanto “senso comum”
 
 Thiollent: pesquisadores e participantes envolvidos numa pesquisa cujo objetivo é, através da compreensão do fenômeno, a resolução de um problema coletivo
 Pesquisa participante:
 É aquela que, antes de tudo, tem um objetivo emancipatório. Por isso seus “objetos” de estudo são principalmente os grupos sociais mais “carentes” ou “excluídos” 
 
A questão da objetividade:
Modelo clássico (separação entre “sujeito” e “objeto”)
X
Pesquisa-ação ou participante (envolvimento entre “sujeito” e “objeto”)

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