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AULAS DE DIREITO CIVIL IV Versão Final - DIREITOS REAIS (PROF ANTONIO CARLOS )

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DIREITO CIVIL IV
DIREITO DAS COISAS
PROFESSOR ANTONIO CARLOS MARQUES DE SOUZA
1
DIREITO DAS COISAS
Semana aula 1
Duas doutrinas buscam a primazia na compreensão dos Direitos Reais. A realista, que considera o Direito Real como o poder imediato na pessoa sobre a coisa, e a personalista, que prega existir nos Direitos Reais uma relação jurídica entre pessoas, como nos Direitos Pessoais.
Características
Apesar de inexistir consenso na doutrina, podemos apontar as seguintes características geralmente enumeradas: a) a oponibilidade erga omnes; b) o direito de seqüela; c) a exclusividade; d) a preferência; a taxatividade.
Nos termos do artigo 1.225 do Código Civil de 2002, são direitos reais a propriedade, a superfície, as servidões, o usufruto, o uso, a habitação, o direito do promitente comprador do imóvel, o penhor, a hipoteca, a anticrese, a concessão de uso especial para fins de moradia e a concessão de direito real de uso.
2
2
DIREITO DAS COISAS
Os direitos reais podem ser classificados em:
A) Quanto à propriedade do bem
- Direitos reais sobre coisa própria: apenas a propriedade.
- Direitos reais sobre coisa alheia: incidem sobre bem de propriedade de outrem. Ex: hipoteca, penhor, servidão etc.
O direitos reais sobre coisa alheia podem ser:    
- direitos reais de gozo ou fruição
 - direitos reais de garantia
 - direito real de aquisição
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DIREITO DAS COISAS
Quanto aos poderes do titular do direito real
- Direitos reais limitados: o proprietário reúne apenas algumas das faculdades inerentes à propriedade;
- Direitos reais ilimitados: o proprietário reúne todas as faculdades inerentes à propriedade (uso, gozo, disposição e reivindicação).
A propriedade é denominada jus in re propria, enquanto os demais direitos reais são também chamados jura in re aliena, ou limitados. A propriedade consiste no direito real mais amplo, derivando os demais da criação de direitos sobre uma ou mais das faculdades da propriedade (usar, gozar, fruir e dispor do bem). Assim, o usufruto, por exemplo, consiste no direito real de usar e fruir do bem.
É importante frisar que a limitação aqui se refere a não concentração dos poderes inerentes à propriedade nas mãos do titular. Sob o ponto de vista de exercício de direitos, todos os direitos, mesmo a propriedade plena, sofrem limitações.
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DIREITO DAS COISAS
 Obrigação propter rem
Obrigações propter rem: obrigações decorrentes de um direito real. Decorrem da lei (ex lege) e não da vontade do titular do direito (ex voluntate). Podem constituir obrigações positivas ou obrigações negativas.
Ônus reais: limitações impostas ao exercício de um direito real.
Obrigações com eficácia real: relações obrigacionais que produzem eficácia erga omnes. Ex: compromisso de compra e venda de imóvel, registrado do cartório imobiliário.
5
DIREITO DAS COISAS
Caso Concreto
Jarbas adquiriu de Jerônimo em julho de 2012 um apartamento localizado na praia de Balneário Camboriu. Após cinco meses morando no imóvel Jarbas foi notificado pelo condomínio para que pagasse as taxas condominiais atrasadas referentes ao período de janeiro de 2011 a junho de 2012. Jarbas contra-notificou o Condomínio afirmando que as taxas condominiais não lhe poderiam ser cobradas, uma vez que à época não era proprietário do imóvel. Pergunta-se: quem tem razão, o Condomínio ou Jarbas? Explique sua resposta e indique nela qual o prazo prescricional para a cobrança dessas taxas.
6
DIREITO DAS COISAS
Questão objetiva 1
Sobre direitos reais e direitos obrigacionais é correto afirmar que:
a.     A expressão Direitos Reais é mais abrangente do que a expressão Direito das Coisas e, por isso, aquela é a expressão adotada pelo Código Civil.
b.     Tanto os direitos reais quanto os direitos obrigacionais são direitos subjetivos não patrimoniais e, por isso, o objeto de suas relações jurídicas são de natureza econômica.
c.     Os direitos obrigacionais são absolutos, ou seja, impõem-se erga omnes; enquanto os direitos reais são relativas e impõem-se inter partes.
d.     Os direitos reais são numerus clausus, sendo vedada a criação de tipos inominados. Os direitos obrigacionais são numerus apertus, podendo a autonomia privada criar tipos inominados.
e.     Os direitos obrigacionais se extinguem com o perecimento da coisa. Os direitos reais permanecem, ainda que o objeto da prestação tenha deixado de existir.
7
DIREITO DAS COISAS
Questão objetiva 2
Sobre as obrigações propter rem é correto afirmar que:
a.     São obrigações que constituem verdadeiros direitos reais, uma vez que existem em função da existência desses. Portanto, o titular do direito real, será o titular da obrigação propter rem.
b.     São obrigações de natureza ambulatória, o que significa afirmar que a titularidade acompanha sempre o direito real, como é o caso da taxa condominial.
c.     Ocorrendo a transferência da coisa sobre a qual incide uma obrigação propter rem esta estará automaticamente extinta.
d.     Renúncia ao direito real libera sempre o renunciante da obrigação propter rem.
e.     Para a caracterização da obrigação propter rem importa identificar quem era o seu titular à época do fato gerador.
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DIREITO DAS COISAS
Semana aula 2
Evolução histórica, conceito e características
Em uma primeira abordagem, a posse pode ser encarada como um fato, enquanto a propriedade consiste num direito. Em outras palavras, a posse é uma situação de fato, enquanto a propriedade é uma situação de direito. Como veremos adiante, em geral ambas coincidem na mesma pessoa, mas nem sempre isso ocorre.
Por outro lado, a posse pode ser considerada a exteriorização da propriedade, seu aspecto visível e palpável no mundo fenomênico (falamos da posse direta). Voltemos ao exemplo dado: por ter me visto com o telefone celular, o observador supôs que eu seria o proprietário do mesmo. E isso se dá, repita-se, porque geralmente posse e propriedade encontram-se enfeixadas nas mãos da mesma pessoa, apesar da coincidência não ser necessária.
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DIREITO DAS COISAS
A posse no direito das coisas:
A posse (tanto de coisa móvel como de coisa imóvel) é situação jurídica de fato apta a, atendidas certas exigências legais, transformar o possuidor em proprietário 
A posse é o exercício de fato, em nome próprio, de um dos poderes inerentes ao domínio.
Teoria subjetiva
A natureza da posse gerou muito dissenso doutrinário. Basicamente, duas principais teorias e seus autores disputaram a hegemonia da matéria: a teoria subjetiva, de Savigny, e a teoria objetiva, de Ihering.
A Teoria de Savigny:
Savigny expôs suas idéias no Tratado da Posse, de 1803. Segundo o autor, a posse resultaria da conjunção de dois elementos: o corpus e o animus. O primeiro seria o elemento material, traduzindo-se no poder físico da pessoa sobre a coisa. O animus, por seu turno, representaria o elemento intelectual, a vontade de ter essa coisa como sua. Ambos os elementos são necessários para a configuração da posse.
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DIREITO DAS COISAS
Teoria objetiva da posse
A teoria de Ihering foi desenvolvida em obras como O Fundamento dos Interditos Possessórios e O Papel da Vontade na Posse. Posteriormente o autor empreendeu um esforço simplificador de suas teorias.
A posse é a exteriorização da propriedade e, por isso, para caracterizar a posse basta o exercício em nome próprio do poder de fato sobre a coisa. É dizer, para que exista a posse, é necessário somente o corpus. Silvio Venosa afirma que, ainda na teoria objetiva, há o animus, mas, neste caso, o elemento volitivo consiste na utilização da coisa tal qual faria o proprietário (anumus tenendi).
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DIREITO DAS COISAS
Teorias da posse e o Código Civil
 Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de alguns dos poderes inerentes à propriedade.
 Distinção entre propriedade, posse e detenção
Posse: exercício do poder de fato em nome próprio, exteriorizando a propriedade e fazendo uso econômico da coisa (animus tenendi ? intenção de usar a coisa tal qual o proprietário).Detenção (posse natural ? possessio naturalis): exercício do poder de fato sobre a coisa em nome alheio. O fâmulo da posse ou detentor é servo da posse, pois mantém uma relação de dependência com o verdadeiro possuidor, obedecendo às suas ordens e orientações. A detenção é também chamada de posse degradada pela lei. O art. 1.198, CC, define o detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com o outro, conserva-se a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.
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DIREITO DAS COISAS
Classificação da posse e suas características
Posse direta e indireta
Quanto ao desdobramento da relação possessória, a posse classifica-se em posse direta e posse indireta. 
Art. 1.197, CC/2002.
Posse direta (imediata)
Posse indireta (mediata
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DIREITO DAS COISAS
A relação possessória, no caso, desdobra-se. O proprietário exerce a posse indireta, em função do seu domínio; o titular do direito real ou pessoal (por exemplo, o locatário) exerce a posse direta. Uma não anula a outra. Ambas coexistem no tempo e no espaço e são posses jurídicas.
Ambos (possuidor direto e indireto) podem invocar proteção possessória contra terceiro. Por outro lado, cada possuidor ? direto e indireto ? pode se socorrer dos interditos possessórios contra o outro, para defender a sua posse, quando se encontre por ele ameaçado.
Os desdobramentos da posse podem ser sucessivos.
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DIREITO DAS COISAS
Um exemplo seria a do proprietário, que constitui usufruto sobre a coisa, transferindo a posse direta e permanecendo com a indireta; em seguida, o usufrutuário aluga a coisa, transferindo a posse direta e permanecendo com a indireta; posteriormente, o locatário subloca a coisa, transferindo a posse direta ao sublocatário e ficando com a indireta.
Posse justa e injusta
Quanto aos vícios, a posse pode ser justa ou injusta.
Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.
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DIREITO DAS COISAS
Continuidade do caráter da posse (art. 1.203, CC)
Inversão do título da posse.
convalescimento da posse precária.
Posse de boa-fé e de má-fé – Art. 1201.
Quanto à subjetividade, a posse pode ser de boa-fé ou de má-fé.
Posse de boa-fé: é aquela cujo possuidor está convicto de que o exercício de sua posse encontra fundamento na ordem jurídica. A boa-fé, aqui, é tomada em seu aspecto subjetivo.
Via de regra, a posse de boa-fé decorre de justo título. Por este motivo, a posse fundada em justo título gera presunção relativa (juris tantum) de boa-fé.
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DIREITO DAS COISAS
Posse de má-fé: o possuidor tem conhecimento do vício que macula a posse. Assim como na posse injusta, a posse de má-fé não pode ser considerada posse jurídica e não goza de proteção contra o legítimo possuidor, para quem o possuidor de má-fé não passa de fâmulo da posse.
Posse originária e posse derivada
A posse é tida como originária quando não há vínculo entre o sucessor e o antecessor da posse, de modo que a causa da posse não é negocial.
A posse é derivada quando há um ato de transferência (da posse, e não necessariamente da propriedade) entre o antecessor e o sucessor. Na posse derivada haverá sempre tradição.
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DIREITO DAS COISAS
 Posse ad interdicta e ad usucapionem
Ad interdicta: posse que pode ser protegida através dos interditos possessórios.
Ad usucapionem: posse que pode ser pressuposto de usucapião.
Composse.
Posse exclusiva é aquela de um único possuidor, pessoa física ou jurídica, que possui sobre a coisa posse direta ou indireta. A posse exclusiva se contrapõe à composse, quando vários possuidores têm, sobre a coisa, posse direta ou posse indireta – Art. 1199.
A composse pode ser:    pro diviso: composse de direito.
                                        pro indiviso: composse de direito e fato.
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DIREITO DAS COISAS
Caso Concreto
João, José e Júlio são compossuidores de uma chácara indivisa localizada na Região Metropolitana de Curitiba. No entanto, em outubro de 2011 João, sem consultar os demais possuidores resolveu cercar uma fração ideal da propriedade, declarando a área como exclusivamente sua. José e Júlio insurgiram-se contra a turbação e solicitaram a retirada da cerca.
a)     Classifique a posse de João sobre a área cercada e explique as classificações escolhidas.
b)     José e Júlio podem ser considerados compossuidores para fins de defesa da área comum pro indiviso? Justifique sua resposta.
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DIREITO DAS COISAS
Questão objetiva 1
Sobre as teorias subjetivista, objetivista e eclética da posse é correto afirmar que:
a.     A teoria objetivista foi desenvolvida Savigny por  e afirma que a posse é um poder de fato sobre a coisa, ou seja, a posse implica a possibilidade de alguém dispor fisicamente de uma coisa (corpus) com intenção de considerá-la sua (animus).
b.     A teoria subjetivista foi desenvolvida por Ihering e afirma que a posse consiste no exercício de algum dos direitos inerentes à propriedade, independente da intenção do possuidor. É, portanto, uma forma de exteriorização da propriedade.
c.     A teoria eclética foi desenvolvida por Saleilles que afirma que a posse contém os elementos corpus e animus, sendo a natureza da coisa ou sua apropriação econômica irrelevantes para determiná-la.
d.     Antes dos estudos de Savigny o animus domni era considerado elemento integrante da posse pela maioria da doutrina.
e.     O Código Civil consagra a teoria objetivista, embora em alguns artigos se possam notar algumas concessões à teoria subjetivista presentes nos arts. 1238 e 1260.
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DIREITO DAS COISAS
Questão objetiva 2
Sobre a classificação da posse, pode-se afirmar que:
a.     No usufruto a posse direta é exercida pelo nu-proprietário.
b.     O adquirente de imóvel não gravado não pode exercer todos os poderes inerentes ao domínio uma vez que sua posse não pode ser considerada plena.
c.     Posse clandestina é a que se obtém sem o conhecimento do possuidor e sorrateiramente e às escondidas.
d.     Posse precária é a que se adquire com a recusa da restituição da coisa, quando esta é entregue para posterior devolução. Trata-se de posse em que o vício se caracteriza no momento de sua aquisição.
e.     A posse de boa-fé não pode em nenhuma circunstância ser convertida em posse de má-fé.
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DIREITO DAS COISAS
Semana aula 3
Efeitos da posse
Dentre os efeitos da posse, destacam-se:
a) percepção de frutos;
b) indenização e retenção por benfeitorias;
c) indenização por prejuízos sofridos;
d) defesa da posse (interditos possessórios);
e) usucapião.
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DIREITO DAS COISAS
Direito aos frutos – Art. 1214 a 1216.
Direito às benfeitorias – Art. 1219 a 1220.
Interditos possessórios – Art. 1210.
Interdito possessório é a denominação genérica que se dá às ações possessórias que visam combater as seguintes agressões à posse:
Esbulho: agressão que culmina da perda da posse. Interdito adequado: reintegração de posse (efeito restaurador). CPC, arts. 926 a 931.
Turbação: agressão que embaraça o exercício normal da posse. Interdito adequado: manutenção de posse (efeito normalizador). CPC, arts. 926 a 931.
Ameaça: risco de esbulho ou de turbação. Interdito adequado: interdito proibitório. CPC, 932 e 933
23
DIREITO DAS COISAS
O fato de o limite entre as formas de agressão da posse serem muito tênues, associado à velocidade com que uma agressão pode se transformar em outra, fez com que a legislação estabelecesse a fungibilidade entre as ações possessórias (art. 920, CPC).
Condições das ações possessórias.
Interesse de agir;
Cumulação de pedidos.
Exceptio domini – Art. 923 CPC.
24
DIREITO DAS COISAS
O art. 928 c/c art. 924, CPC, exige requisitos especiais para a concessão da medida liminar (que poderá ser deferida com ou sem audiência da parte contrária, lembrando que quando o réu for ente de direito público, não é possível a concessão de liminar inaudita altera parte)
Desforço possessório – Art. 1210 §1º.
A doutrina costuma classificar a autotutela da posse em duas espécies:
- desforço imediato: ocorre nos casos de esbulho, em queo possuidor recupera o bem perdido.
- legítima defesa da posse: ocorre nos casos de turbação, em que o possuidor normaliza o exercício de sua posse.
25
DIREITO DAS COISAS
Caso Concreto
Carla e Josefina tinham entre si um contrato de comodato verbal, pelo qual a primeira emprestou à segunda uma casa localizada na Rua da Paz, por prazo indeterminado. Após cinco anos de vigência do contrato, Josefina foi notificada para sua desocupação em trinta dias, Vencido o prazo a comodatária não deixou o imóvel alegando que: o comodato não aceita resilição unilateral e tem direito de retenção porque no imóvel construiu (antes mesmo da notificação para devolução) uma garagem e uma piscina para utilizar nos finais de semana e que ambos lhe geram também direito à indenização. Diante dessa situação pergunta-se: a) Pode o comodante pedir a restituição do bem concedendo prazo ao comodatário para sua desocupação? Explique sua resposta. b) Josefina tem direito à indenização e a retenção pelas obras realizadas? Justifique sua resposta.
26
DIREITO DAS COISAS
Questão objetiva 1
 (SEFAZ RJ 2010) Com relação aos efeitos da posse, analise as afirmativas a seguir.
I.               O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé, tem o direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo.
II.              O possuidor de má-fé sempre responde pela perda ou deterioração da coisa.
III.            O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por sua culpa deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu a má-fé, mas terá direito às despesas de produção e custeio.
 Assinale:
a.     se somente a afirmativa I estiver correta.
b.     se somente a afirmativa II estiver correta.
c.     se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
d.     se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
e.     se todas as afirmativas estiverem corretas. 
27
DIREITO DAS COISAS
Questão objetiva 2
Sobre os efeitos da posse assinale a alternativa correta:
a.     O possuidor de boa-fé somente responde pela perda total ou parcial da coisa quando culpado pela ocorrência.
b.     O possuidor de má-fé tem direito à indenização exclusivamente das benfeitorias necessárias.
c.     O possuidor de boa-fé tem direito de retenção das benfeitorias necessárias.
d.     Havendo acessão durante o período de posse poderá o possuidor pleitear a respectiva indenização do proprietário.
e.     Havendo avulsão poderá o possuidor pleitear a respectiva indenização do possuidor indireto.
28
DIREITO DAS COISAS
Semana aula 4
 Momento de início da posse
Art. 1.204.
Aquisição originária
Aquisição derivada
Meios de tradição da posse.
A tradição real envolve a entrega efetiva e material da coisa. Pressupõe sempre uma causa negocial.
29
DIREITO DAS COISAS
A tradição caracteriza-se como simbólica quando traduzida por atitudes, gestos, condutas indicativas da intenção de transferir a posse.
A tradição pode ser também consensual (alguns autores chamam de tradição ficta.
constituto possessório e da traditio brevi manu.
Acessão de posses
A posse pode também ser adquirida em virtude de sucessão inter vivos ou mortis causa, tanto a título singular quanto universal. É de se observar os seguintes artigos do CC:
Art. 1.206
Art. 1.207.
30
DIREITO DAS COISAS
Extinção da Posse
perda da coisa;
perecimento da coisa;
abandono (derrelição);
transmissão da posse para outra pessoa;
tomada da posse por outrem (v. art. 1.224); 
classificação da coisa como bem fora do comércio.
31
DIREITO DAS COISAS
Caso Concreto
Lucas preparando-se para uma viagem de um mês solicitou ao seu amigo José Carlos que guardasse durante esse período alguns pertences seus, a fim de evitar que fossem perdidos em eventual furto à sua residência. Entre os pertences entregues a José Carlos estavam: um automóvel, uma bicicleta, um computador e um tablet. José Carlos receberá pela guarda dos bens durante o mês da viagem o equivalente a R$ 200,00 (duzentos reais). Enquanto Lucas estava viajando sua irmã procurou José Carlos exigindo que lhe entregasse o computador, pois seria seu. José Carlos afirmou ser impossível a entrega, pois nada tinha lhe sido comunicado por Lucas. Priscila agrediu José Carlos física e verbalmente tentando fazer com que lhe entregasse o computador. Pergunta-se: pode José Carlos fazer uso da autodefesa dos bens? Explique sua resposta.
32
DIREITO DAS COISAS
Questão objetiva 1
(TJPR 2010) A legislação estabelece os modos de aquisição e perda da propriedade, cujo instituto é considerado o mais amplo dos direitos reais, o mais completo dos direitos subjetivos, vez que a grande maioria dos conflitos de interesses envolve disputas de natureza patrimonial. Considerando a matéria acerca do instituto, avalie as seguintes assertivas e escolha a alternativa CORRETA:
I.               A perda da propriedade imóvel pela renúncia se opera desde logo por qualquer modo expresso que indique a vontade do renunciante.
II.              A propriedade imóvel se realiza independentemente de ato translativo do possuidor precedente, se a aquisição não se der pelo modo derivado.
III.            Se não houver entendimento entre os donos de coisas confundidas, misturadas, ou adjuntadas, o resultado do todo será dividido proporcionalmente entre eles, exceto se uma das coisas for a principal, hipótese em que o dono desta sê-lo-á do todo, desde que indenizado pelos demais.
IV.            A propriedade é em certa medida um direito ilimitado e por natureza irrevogável. Contudo, o princípio da irrevogabilidade comporta exceções. A ordem jurídica admite situações nas quais a propriedade torna-se temporária, hipótese em que uma vez implementada a condição resolve-se a propriedade, resolvendo também os direitos reais concedidos na sua pendência.
a.     Apenas as assertivas II e III estão corretas.
b.     Apenas as assertivas II e IV estão corretas.
c.     Apenas a assertiva IV está correta.
d.     Todas as assertivas estão corretas
33
DIREITO DAS COISAS
Questão objetiva 2
Sobre os modos de aquisição e perda da posse, pode-se afirmar que:
a.     Como se sabe, posse é fato e não direito, por isso, o modo de aquisição não influência na caracterização da posse, nem tampouco na proteção possessória. Os modos de aquisição são importantes para a definição do momento em que se iniciou a posse.
b.     Se a coisa alienada, móvel ou imóvel, permanece em poder do alienante ou de terceiro as partes não podem se valer da cláusula constituti, para efeitos de transmissão da posse.
c.     Atos de mera permissão ou tolerância podem induzir a posse, por exemplo, aquele que recebe um código para consultar um artigo está em relação de dependência com o proprietário do livro.
d.     Quem encontra coisa abandonada e sem dono e a mantém sob seu poder de fato não adquire  a propriedade.
e.     Desaparecendo a coisa móvel não desaparece com ela a posse.
34
DIREITO DAS COISAS
Semana de aula 5  PROPRIEDADE EM GERAL
O código civil não definiu a propriedade, informando tão-somente suas características essenciais, quais sejam, uso (ius utendi), gozo (jus fruendi), disposição (jus abutendi) e reivindicação (rei vindicatio), fundada, esta última, no direito de seqüela (art. 1.228, caput). Todavia, a doutrina procura definir a propriedade.
Quando todos os elementos estão nas mãos de uma mesma pessoa, diz-se que a propriedade é plena; se ocorrer o desmembramento, passando um ou algum deles para as mãos de outra pessoa, diz-se a propriedade limitada(exemplo do usufruto).
35
DIREITO DAS COISAS
Poder de reivindicação: a ação reivindicatória
O proprietário tem o poder de reaver a coisa das mãos daquele que injustamente a possua ou detenha. É a ação reivindicatória, tutela específica da propriedade, que possui fundamento no direito de seqüela. A ação de imissão de posse, por exemplo, tem natureza reivindicatória.
A ação reivindicatória é imprescritível, uma vez que a sua pretensão versa sobre o domínio, queé perpétuo, somente se extinguindo nos casos previstos em lei (usucapião, desapropriação etc.).
Embora imprescritível, a reivindicatória pode esbarrar na usucapião, matéria que pode ser alegada pelo réu em sua defesa (v. Súmula 237 do STF). Acolhida a alegação de usucapião, a sentença afastará a pretensão do reivindicante, mas não produzirá efeitos erga omnes. Para tanto, é necessária a propositura de ação de usucapião, com citação de todos os interessados.
36
DIREITO DAS COISAS
Quanto à legitimidade passiva, a ação deve ser movida contra quem está na posse ou detém a coisa, sem título ou causa jurídica. A boa-fé do possuidor não impede a propositura da reivindicatória. Aquele que detém a coisa em nome de terceiro deve nomear este a autoria (CPC, 62). Pode a ação ser proposta contra aquele que deixou de possuir a coisa com dolo, no intuito de dificultar a reivindicação.
A função social da propriedade.
A locução ?função social da propriedade? está relacionada à utilidade conferida ao bem (propriedade enquanto bem), seja ele móvel, imóvel, corpóreo ou incorpóreo. Essa utilidade se dá através do exercício da posse.
37
DIREITO DAS COISAS
Por outro lado, o direito de propriedade, assegurado constitucionalmente como um direito fundamental, apresenta a função social como elemento estrutural (propriedade enquanto direito), de modo que não há proteção constitucional à propriedade exercida em desconformidade com sua função social. Em outras palavras, é essencial que o direito de propriedade seja exercido funcionalizado pela socialidade.
A função social, como a própria etimologia da expressão revela, considera que o Direito tem um compromisso inafastável com a sociedade da qual emana e para qual serve, devendo suas normas guardar coesão com a socialidade.
É com esta ideologia que surge o Código Civil de 2002, que, apoiado em suas diretrizes de eticidade, socialidade e operabilidade, mesmo sem fazer referência à textualidade da expressão, consolida a função social da propriedade nos parágrafos do art. 1.228.
38
DIREITO DAS COISAS
Em se tratando da propriedade rural, a Constituição da República, em seu art. 186, fornece os parâmetros cumulativos da função social.
O art. 2° do Estatuto da Terra também fornece os requisitos cumulativos da função social da propriedade.
A função social está atrelada à utilização do bem, utilização esta que somente é possível através da posse. Assim, em se tratando da propriedade rural, a função social da posse agrária é o elemento distintivo que garante a proteção constitucional e legal do imóvel (ressalte-se que muitas das vezes a posse é desvinculada do direito de propriedade ? ius possessionis x ius possidendi).
As características da propriedade estão indicadas no art. 1.231, CC: a plenitude e a exclusividade.  A essas características a doutrina soma outras três: perpetuidade, elasticidade e oponibilidade erga omnes.
39
DIREITO DAS COISAS
Extensão do direito de propriedade:
A) propriedade móvel: recai sobre a coisa por inteiro, delimitada espacialmente pelos próprios limites materiais da coisa.
B) propriedade imóvel (arts. 1.229 e 1.230, CC): abrange o solo e o subsolo, em altura e profundidade úteis ao proprietário. Não se incluem as jazidas, minas, recursos minerais, energia hidráulica e monumentos arqueológicos (propriedade da União).
Restrições legais de interesse particular e público.
Direitos de vizinhança -  arts. 1.277 ao 1.313.
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DIREITO DAS COISAS
Caso Concreto
Afirmam Eroulths Cortiano Junior e Jussara Maria Leal de Meirelles (2007, p. 27) que ?a propriedade não é, assim, uma qualidade do homem, mas uma necessidade! Ora, se todas as coisas são objeto de um direito de propriedade, todas as coisas têm um proprietário. E até mesmo as eventuais contradições do sistema são resolvidas de maneira simples?. Pergunta-se:
a)     Se todas as coisas têm dono, como explicar a ?res nullius?? Explique sua resposta e nela conceitue ?res nullius?.
b)     O clássico conceito de propriedade atende a demandas modernas? Explique sua resposta.
c)     A função social pode ser considerada elemento estrutural do direito de propriedade? Justifique sua resposta.
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DIREITO DAS COISAS
Questão objetiva 1
(DPE SE 2012) Com relação ao direito de propriedade, direito real por meio do qual o proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa e o direito de reavê-la do poder de quem injustamente a possua ou detenha, assinale a opção correta.
a.     A lei admite a intervenção na propriedade, por meio da desapropriação, sempre que o agente público entendê-la conveniente e necessária aos interesses da administração pública, tendo, nesse caso, o proprietário direito a justa indenização.
b.     Presume-se, até que se prove o contrário, que as construções ou plantações existentes na propriedade sejam feitas pelo proprietário e às suas expensas. Entretanto, aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio, ainda que tenha procedido de boa-fé, perde, em proveito do proprietário, as sementes, plantas e construções.
c.     Caso o invasor de solo alheio esteja de boa-fé e a área invadida exceda a vigésima parte do solo invadido, o invasor poderá adquirir a propriedade da parte invadida, mas deverá responder por perdas e danos, abrangendo os limites dos danos tanto o valor que a invasão acrescer à construção quanto o da área perdida e o da desvalorização da área remanescente.
d.     Uma das formas de aquisição da propriedade de bens móveis ocorre por intermédio da usucapião: segundo o Código Civil brasileiro em vigor, aquele que possuir, de boa-fé, coisa alheia móvel como sua, de forma justa, pacífica, contínua e inconteste, durante cinco anos ininterruptos, adquirir-lhe-á a propriedade.
e.     A propriedade do solo abrange também a do espaço aéreo e subsolo correspondentes, incluindo-se as jazidas, minas e demais recursos minerais, bem como os potenciais de energia hidráulica, mas não os monumentos arqueológicos, os rios e lagos fronteiriços e os que banham mais de uma unidade federativa.
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DIREITO DAS COISAS
Questão objetiva 2
(PGM PB 2012) O Código Civil brasileiro considera fiduciária a:
a.     propriedade resolúvel de coisa móvel infungível que o devedor, com escopo de garantia, transfere ao credor.
b.     propriedade resolúvel de coisa imóvel que o devedor transfere ao credor visando fornecer espécie de garantia real.
c.     propriedade resolúvel de coisa móvel fungível que o devedor, sem escopo de garantia, transfere ao credor.
d.     posse precária de coisa imóvel que o devedor transfere ao credor visando fornecer espécie de garantia real.
e.     posse precária de coisa móvel fungível que o devedor, com escopo de garantia, transfere ao credor.
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DIREITO DAS COISAS
Semana de aula 6 - Aquisição da propriedade imóvel
Registro de título - Art. 1.245. §§1º e 2º, Art. 1.246 e Art. 1.247.
No sistema imobiliário brasileiro, o registro tem natureza aquisitiva do domínio (forma derivada de aquisição da propriedade imóvel). Sem registro, o direito do adquirente não é direito real. A eficáciaerga omnes da propriedade imóvel só é atingida pelo registro, que confere a publicidade necessária à relação dominial.
Finalidade do Registro Imobiliário: conferir publicidade ao estado dos imóveis para que tal estado adquira eficácia perante terceiros.
Atos de Registro de Imóveis.
Matrícula;
Registro;
Averbação;
Prenotação
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DIREITO DAS COISAS
Acessões imobiliárias
Inicialmente cumpre esclarecer que a rigor do Código Civil as acessões são consideradas como formas de aquisição da propriedade imóvel (art. 1.248, CC).
A aquisição por acessão pode ocorrer por   ​- formação de ilhas
aluvião
avulsão
álveo abandonado
construções e plantações
As quatro primeiras formas de acessão são as chamadas acessões naturais. As construções e plantações são consideradas acessões artificiais.
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DIREITO DAS COISAS
Formação de ilhas - Art. 1.249.
Aluvião – Art. 1.250.
Avulsão – Art. 1.251.
Álveo Abandonado – Art. 1.252.
Distinção entre álveo abandonadoe aluvião imprópria.
 Construções e Plantações - Arts. 1.253 a 1.259.
O art. 1.253, em atendimento ao princípio da gravitação jurídica, fixa presunção relativa de propriedade das construções e plantações ao proprietário do imóvel.
As normas contidas nos arts. 1.254 a 1.259 têm utilidade para as hipóteses em que ficar comprovado que o solo e as sementes ou materiais utilizados nas plantações ou construções pertencem a pessoas distintas. A regra geral é a de que o proprietário do imóvel, dada a natureza acessória das plantações/construções com relações ao solo, adquirirá a propriedade das acessões.
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DIREITO DAS COISAS
Caso Concreto
Júlio é proprietário de um terreno cujos limites são demarcados por um pequeno córrego. Em setembro de 2011 obras da Prefeitura Municipal provocaram alteração permanente do curso natural das águas o que promoveu a seca definitiva do leito do córrego. Júlio, curioso por natureza, procura seu escritório, conta-lhe os fatos e lhe pergunta a quem pertencerá o leito do córrego seco: à Prefeitura ou pode incorporar ao seu terreno? Responda fundamentadamente a pergunta.
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DIREITO DAS COISAS
Questão objetiva 1
Sobre a aquisição da propriedade imobiliária, pode-se afirmar que:
a.     O usucapião e a acessão são exemplos de aquisição derivada.
b.     Na aquisição originária o adquirente assume o domínio em lugar do transmitente e nas condições em que a propriedade se encontrava.
c.     Via de regra a aquisição imobiliária se opera pela transcrição do título em cartório do registro público e a mobiliária se faz pela tradição.
d.     Na aquisição a título universal adquire-se um bem ou um conjunto individualizado de bens, mas não a totalidade do Patrimônio. Já na aquisição a título singular o objeto da aquisição é formado pela integralidade de um patrimônio.
e.     Na transmissão de um fundo mercantil ou compra de uma herança a aquisição se dá a título universal.
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DIREITO DAS COISAS
Questão objetiva 2
(MPE SP 2012) A Lei de Registros Públicos (Lei no 6.015/73) estabelece que, apresentado o título ao registro imobiliário, o oficial, havendo exigência a ser satisfeita, a indicará por escrito. O apresentante do título, não se conformando com a exigência do oficial ou não a podendo satisfazer, requererá que o oficial suscite a dúvida imobiliária para o juiz dirimi-la, obedecendo-se o seguinte:
I.               No Protocolo, anotará o oficial, à margem da prenotação, a ocorrência da dúvida.
II.              O oficial dará ciência dos termos da dúvida ao apresentante, fornecendo-lhe cópia da suscitação e notificando-o para impugná-la no próprio cartório de registro de imóveis, no prazo de 15 (quinze) dias, remetendo-se, em seguida, os autos ao juiz.
III.            Impugnada a dúvida com os documentos que o interessado apresentar, será ouvido o Ministério Público, no prazo de 10 (dez) dias.
IV.            Da sentença, poderão interpor apelação, com os efeitos devolutivo e suspensivo, o oficial do cartório de registro, o interessado, o Ministério Público e o terceiro prejudicado.
V.              Transitada em julgado a decisão da dúvida, se for julgada procedente, os documentos serão devolvidos ao apresentante, dando-se ciência da decisão ao oficial, para que a consigne no Protocolo e cancele a Prenotação; se for julgada improcedente, o interessado apresentará, de novo, o título, com o respectivo mandado judicial, para que o oficial proceda ao registro anteriormente negado.
Está correto o que se afirma APENAS em :
a. II, IV e V.
b. I, III, IV e V.
c. I, II e III.
d. I, III e V.
e. III, IV e V.
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DIREITO DAS COISAS
Semana de aula 7 - Usucapião de imóveis
Etimologia da palavra: usus (do latim, uso) + capionem (do latim, aquisição), que significa aquisição pelo uso.
A usucapião é entendida, assim, como a aquisição de direito real através do exercício da posse mansa, pacífica, continuada e duradoura. É sabido que não apenas a propriedade pode ser adquirida através da usucapião, mas outros direitos reais, tais quais a servidão e o uso (usucapião de uso de linha telefônica). Dessa forma, a usucapião transforma um estado de fato (posse) em um estado de direito (propriedade, servidão etc). A usucapião é forma originária de aquisição da propriedade. 
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DIREITO DAS COISAS
Requisitos gerais e específicos
Pessoais.
Reais.
Formais.
Sobre a continuidade, cabe ressaltar a possibilidade de soma de posses para efeito de usucapião.
Em se tratando de usucapião de imóveis, da sentença deve ser extraída carta que será registrada no Cartório de Registro de Imóveis. Ademais, em conformidade com as súmulas 263 e 391, ambas do STF, tanto o possuidor quanto os confinantes devem ser citados pessoalmente para a ação de usucapião.
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DIREITO DAS COISAS
Além desses requisitos genéricos, presentes em todas as espécies de usucapião, algumas modalidades exige requisitos específicos, aplicáveis somente a elas. Assim, por exemplo, na usucapião ordinária, é necessária prova da boa-fé; na usucapião tabular (art. 1.242, parágrafo único, CC, é preciso, além da boa-fé, que o imóvel tenha sido registrado e o registro sido posteriormente cancelado.
Espécies e respectivos prazos          
- Usucapião de imóveis   
 extraordinária – Art. 1.238. e §único.
Ordinária – Art. 1.242 e §único
 especial -
urbana (pro misero) – Art. 1.240
 rural (pro labore) – Art. 1.239.
 coletiva (estatuto da cidade) – Art. 10 da Lei 10.257/2001.
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DIREITO DAS COISAS
Art. 1.240-A – Usucapião por abandono do lar conjugal.
Prazos
Os prazos variam conforme a espécie de usucapião:
- usucapião extraordinária    - art. 1.238, caput: 15 anos
                                             - art. 1.238, parágrafo único: 10 anos.
- usucapião ordinária    - art. 1.242, caput: 10 anos
                                     ​- art. 1.242, parágrafo único: 5 anos.
- usucapião especial     - rural (art. 1.239, CC c/c art. 191, CR/88): 5 anos.
                                      - urbana (art. 1.240, CC c/c art. 183, CR/88): 5 anos.
- usucapião coletiva: 5 anos.
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DIREITO DAS COISAS
Caso Concreto
(MPE AL 2012 adaptada) Manoel casou-se com Joaquina no ano de 2004 e teve com ela dois filhos, Pedro e Luana. O casal adquiriu um pequeno imóvel no bairro de Pitanguinha na cidade de Maceió, com 200 metros de área construída e nele passaram a residir. Além do imóvel, o casal adquiriu dois veículos durante o trâmite da relação conjugal e ambos não possuem outros bens imóveis. Joaquina passou a manter um relacionamento extraconjugal com um companheiro de trabalho e abandonou o marido Manoel no início do ano de 2012, mudando-se para o bairro do Farol, em Maceió. Manoel passou, então, a exercer sem oposição a posse direta com exclusividade sobre o imóvel de propriedade do casal no bairro de Pitanguinha, utilizando-o para sua moradia, bem como de seus filhos Pedro e Luana. Pergunta-se: poderá Manoel adquirir o direito integral desse imóvel? Em caso afirmativo, por quanto tempo teria que exercer a posse sobre o bem? Explique suas respostas.
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DIREITO DAS COISAS
Questão objetiva 1
(MPE SP 2010) Assinale a alternativa correta:
a.     Na usucapião urbana individual, prevista na Lei nº 10.257/01 (Estatuto da Cidade), não é possível levar-se a efeito aquisição de terreno inferior ao mínimo módulo urbano.
b.     A usucapião rural consagrada no artigo 1.239 do Código Civil, que exige a chamada posse trabalho/moradia, não reclamaanimus domini da parte usucapiente.
c.     A usucapião coletiva pode ter como objeto áreas particulares e públicas.
d.     Os bens dominicais, à luz do novo Código Civil Brasileiro, podem ser usucapidos.
e.     Na usucapião coletiva, prevista na Lei nº 10.257/01 (Estatuto da Cidade), como regra geral, a cada possuidor será atribuída, por decisão judicial, igual fração ideal de terreno.
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DIREITO DAS COISAS
Questão objetiva 2
(MPE ES 2010) Com relação à usucapião da propriedade imóvel, assinale a opção correta.
a.     Se um condômino ocupar área comum, como se sua fosse, esem qualquer oposição, a duradoura inércia do condomínio, aliada ao prazo legal, poderá provocar a usucapião.
b.     Diferentemente do que ocorre com a usucapião ordinária, o prazo para a aquisição de propriedade por usucapião extraordinária é igual ao prazo para a posse simples e qualificada.
c.     O justo título que enseja a aquisição da propriedade por usucapião é aquele que foi levado a registro pelo possuidor.
d.     De acordo com a jurisprudência dominante, não é possível usucapião voluntária de bem de família.
e.     Se determinado condomínio for pro indiviso e a posse recair sobre a integralidade do imóvel, é possível que um dos condôminos usucape contra os demais comproprietários.
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DIREITO DAS COISAS
Semana de aula 8 - Aquisição da propriedade móvel
Ocupação
É forma originária de aquisição da propriedade. A ocupação ocorre quando alguém se apodera de algo que não tem proprietário, de coisa sem proprietário (res nullius e res derelictae). Ex: caça e pesca – Art. 1.263.
Descoberta (invenção) – Art. 1.233.
Achado do tesouro (arts. 1.264 a 1.266)
Usucapião – Art. 1.260 e 1.261.
polêmica sobre a possibilidade de usucapião de bens furtados ou roubados pelo adquirente de boa-fé.
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DIREITO DAS COISAS
Tradição – Art. 1.267 §único e Art. 1.268.
Constituto possessório Traditio brevi manu.
Tradição a non domino.
Pós-eficacização da tradição: hipótese do art. 1.268 §1º.
Especificação - Art. 1.269/1.270 e 1.271.
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DIREITO DAS COISAS
Caso Concreto
Mário, contumaz receptador de veículos furtados, adquiriu um veículo Gol em fevereiro de 2003,  alterando-lhe a placa e o chassi. Desde então, Mário vem utilizando contínua e ininterruptamente o veículo. No entanto, em maio de 2013 Mário foi parado em uma blitz que apreendeu o veículo, mesmo tendo este afirmado que como já estava na posse do bem há mais de dez anos, tinha lhe adquirido a propriedade por usucapião. Pergunta-se: bens furtados ou roubados podem ser objeto de usucapião por pessoa que conhece sua origem? Justifique sua resposta.
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DIREITO DAS COISAS
Questão objetiva 1
Sobre os modos de aquisição da propriedade mobiliária, pode-se afirmar que:
a.     O pedreiro que realizando uma obra em terreno alheio encontra um baú de joias não terá direito a pleitear a divisão com o dono do terreno.
b.     Aquele que possuir coisa móvel como sua, contínua e incontestadamente, durante dois anos, com justo título e boa-fé, adquirir-lhe-á a propriedade por usucapião.
c.     Haverá especificação nos casos de escultura em relação à pedra nela utilizada, por isso, a espécie nova surgida será de propriedade do escultor.
d.     O biodiesel é forma de comistão uma vez que tem origem da mistura de coisas líquidas em que não é possível a separação.
e.     Quem quer que ache coisa alheia perdida res perdita deverá restituí-la ao seu dono ou legítimo possuidor, não podendo pela devolução exigir qualquer forma de recompensa.
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DIREITO DAS COISAS
Questão objetiva 2
Sobre a descoberta e ocupação, é correto afirmar que:
a.     A apropriação de uma coisa sem dono (res nullius) constitui um negócio jurídico uma vez que resulta da intenção de assenhorar-se do bem.
b.     Para efetivar-se a ocupação é essencial a apreensão da coisa com as próprias mãos.
c.     A coisa perdida é suscetível de ocupação.
d.     O tesouro pode ser considerado na legislação brasileira uma forma de ocupação uma vez que pode ser caracterizado comores nullius ou res derelicta.
e.     O usufrutuário não terá direito à parte do tesouro encontrado por outrem, quando o usufruto recair sobre universalidade ou quota-parte de bens.
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DIREITO DAS COISAS
Modos de perda da propriedade - Art. 1.275
Alienação 
Renúncia
Abandono
Perecimento.
Desapropriação.
Propriedade fiduciária - Art. 1.361
Sujeitos:   Fiduciário: credor que recebe a propriedade e a posse indireta do bem.
  Fiduciante: devedor que entrega a propriedade do bem e guarda para si a posse direta.
Na propriedade fiduciária, ocorre o desdobramento da relação possessória, sendo o credor fiduciário possuidor indireto, e o devedor fiduciante o possuidor direto.
Art. 1.365. É nula a cláusula que autoriza o proprietário fiduciário a ficar com a coisa alienada em garantia
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DIREITO DAS COISAS
Caso Concreto
Uma confecção de São Paulo encomendou a uma outra empresa a confecção de diversas etiquetas para serem acrescentadas aos seus produtos. Quanto às etiquetas, após costuradas nos produtos, pode-se afirmar que houve o fenômeno da adjunção ou da especificação? Justifique sua resposta.
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DIREITO DAS COISAS
Propriedade superficiária
Direito real de construir e plantar em imóvel alheio, conferido pelo fundieiro (proprietário do solo) em benefício do superficiário (titular do direito), que passará a exercer a posse direta da coisa, dentro de prazo determinado.
 Cânon superficiário (pagamento), na hipótese de concessão onerosa – Art. 1370.
Fundieiro: proprietário do solo.
Superficiário: proprietário das construções e/ou plantações.
Código Civil x Estatuto da Cidade
O Estatuto da Cidade (Lei n° 10.257/2001), em seus artigos 21 a 23
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DIREITO DAS COISAS
Extinção da Superfície.
DIREITO DE VIZINHANÇA.
As normas atinentes ao direito de vizinhança refletem limitações ao direito de propriedade. Constituem verdadeiras obrigações propter rem.
Uso anormal da propriedade (arts. 1.277 a 1.281, CC).
Meios de tutela
Árvores limítrofes (arts. 1.282 a 1.284, CC)
Passagem forçada (art. 1.285, CC)
​Passagem de cabos e tubulações (arts. 1.286 e 1.287, CC)
Águas (arts. 1.288 a 1.296, CC)
Limites entre prédios e direito de tapagem (arts. 1.297 e 1.298, CC)
Diferenças dos direitos de vizinhança e servidões prediais
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DIREITO DAS COISAS
Caso Concreto
Sônia e Heloisa são vizinhas há alguns anos. No entanto, Sônia tem reclamado constantemente à Heloisa de grimpas e galhos que caem da araucária localizada no terreno de Heloisa, em dias de chuvas ou vendavais. Sônia solicita a remoção da árvore, mas recebe de Heloisa a informação de que a árvore é protegida por lei municipal de Curitiba e que nada pode fazer a respeito.  Sônia, inconformada com a resposta, acreditando estar havendo mau uso da propriedade, procura seu escritório e pergunta: quem tem razão? Explique sua resposta.
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DIREITO DAS COISAS
Art. 1.301. É defeso abrir janelas, ou fazer eirado, terraço ou varanda, a menos de metro e meio do terreno vizinho.
Art. 1.303. Na zona rural, não será permitido levantar edificações a menos de três metros do terreno vizinho.
Art. 1.304 – direito de Travejar.
CONDOMÍNIO.
Fração Ideal
É a fração ideal que, no bem indiviso, pertence a cada consorte.
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DIREITO DAS COISAS
Classificação e características
Quanto ao objeto
A)   Condomínio universal;
B)   Condomínio parcial.
Quanto à necessidade
A)   Condomínio transitório;
B)   Condomínio permanente.
Quanto à forma
A)   Condomínio pro diviso (comunhão de direito, mas não de fato).
B)   Condomínio pro indiviso (comunhão de fato e de direito).
Quanto à origem
A)   Condomínio Voluntário ou Convencional;
B)   Condomíno Incidente ou Eventual ou Acidental;
C)   Condomínio Forçado (paredes, cercas, muros, valas e formação de ilhas).
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DIREITO DAS COISAS
 Condomínio necessário ou forçado (arts. 1.327 a 1.330, CC).
Condomínio voluntário (arts. 1.314 a 1.316, CC)
Direito de alhear a respectiva parte indivisa. 
Responder pelas dívidas contraídas em favor do condomínio, com respectivo regresso contra os demais condôminos.
Administração do Condomínio
Os votos são computados conforme o valor do quinhão do comproprietário.
As deliberações tomadas pela maioria absoluta dos votos, são obrigatórias a todos. Caso não seja alcançada a maioria absoluta, o juiz decidirá.
Os frutos serão partilhados na proporção dos quinhões.
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DIREITO DAS COISAS
Extinção do Condomínio
Em 5 anos, nos casos de condomínio consensual. Este prazo pode ser prorrogado.
Em 5 anos, nos casos de condomínio eventual estabelecido pelo doador ou testador.
Antes do prazoestabelecido, pelo juiz.
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DIREITO DAS COISAS
Caso Concreto
 Ricardo, Pedro, José, Maurício e Douglas são proprietários de um imóvel residencial indivisível, situado em bairro nobre de São Paulo, avaliado em aproximadamente R$ 2.000.000,00. Ricardo e Pedro querem vender o imóvel e desfazer o condomínio. Thalula, empresária, se interessa pelo imóvel e oferece aos condôminos a quantia de R$ 2.100.000,00. Contudo, José, Maurício e Douglas pretendem exercer o direito de preferência assegurado por lei, igualando a oferta de Thalula. Neste caso, entre estes condôminos, a preferência para aquisição do imóvel será primeiramente conferida quem? Explique sua resposta.
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DIREITO DAS COISAS
Condomínio Edilício - arts. 1.331 a 1.358.
O condomínio edilício caracteriza-se pela justaposição de propriedades distintas e exclusivas com áreas comuns.
Área comum x área de uso comum.
Instituição do Condomínio (art. 1.332).
Constituição do Condomínio (art. 1.333)
Direitos e Deveres dos Condôminos (arts. 1.335 a 1.346)
Efeito do descumprimento dos deveres condominiais: multa de até 5 vezes o valor das contribuições condominiais, independente das perdas e danos. Esta multa deve estar prevista na convenção do condomínio; caso contrário, a assembléia deliberará, por 2/3 dos demais condôminos.
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DIREITO DAS COISAS
Realização de obras no condomínio.
- Obras voluptuárias: 2/3 dos condôminos;
-  Úteis: maioria dos condôminos;
-  Obras úteis, na parte comum, em acréscimo às já existentes: 2/3 da Assembléia;
Administração do Condomínio.
Assembléia geral.
Compete à Assembléia geral:
-Escolher (art. 1.347) e destituir o síndico (art. 1.349);
Síndico.
Extinção do Condomínio.
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DIREITO DAS COISAS
Caso Concreto
 Durante assembleia realizada em condomínio edilício residencial, que conta com um apartamento por andar, Giovana, nova proprietária do apartamento situado no andar térreo, solicitou explicações sobre a cobrança condominial, por ter verificado que o valor dela cobrado era superior àquele exigido dos demais condôminos. O síndico prontamente esclareceu que a cobrança a ela dirigida é realmente superior à cobrança das demais unidades, tendo em vista que o apartamento de Giovana tem acesso exclusivo, por meio de uma porta situada em sua área de serviço, a um pequeno pátio localizado nos fundos do condomínio, conforme consta nas configurações originais do edifício devidamente registradas. Desse modo, segundo afirmado pelo síndico, podendo Giovana usar o pátio com exclusividade, apesar de constituir área comum do condomínio, caberia a ela arcar com as respectivas despesas de manutenção. Em relação à situação apresentada está correta a cobrança apresentada à Giovana? Justifique sua resposta.
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DIREITO DAS COISAS
Servidão
A servidão prediais é o direito real de fruição ou de gozo (jus in re aliena) constituído, pela lei ou pela vontade das partes, em favor de um prédio dominante, sobre outro prédio serviente, pertencente a dono diferente.
Requisitos da servidão:
-          Existência de dois prédios
-          Encargo imposto ao prédio serviente em benefício de outro prédio prédio (dominante);
Prédios de propriedades distintas.
Servidões prediais x passagem forçada.
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DIREITO DAS COISAS
Classificações
A) Quanto à natureza dos prédios:
-          Urbanas (ex. não construir prédio além de determinada altura) ou rurais (ex. pastagem, trânsito).
B) Quanto ao modo do exercício:
-          Contínuas (subsistem independente de ato humano direto, e.g. servidão de energia elétrica) oudescontínuas (dependem de ação humana seqüencial, e.g. servidão de trânsito).
-          Positivas (ação, utilidade do prédio serviente) ou negativas (omissão, abstenção de ato determinado).
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DIREITO DAS COISAS
C) Quanto à exteriorização:
-          Aparentes ou não aparentes. Nas servidões aparentes há sempre marcas que indicam a existência da servidão, como obras e outras marcas visíveis.
D) Quanto à origem:
-          Legais (coativas): Código de Águas, Código de Minas.
-          Convencionais.
Obs: Súmula n° 415, STF: Servidão de trânsito não titulada, mas tornada permanente, sobretudo pela natureza das obras realizadas, considera-se aparente, conferindo direito à proteção possessória.
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DIREITO DAS COISAS
hipóteses de usucapião aplicam-se somente às servidões aparentes.
Usufruto
É direito real intransferível, personalíssimo, sobre coisa alheia, que atribui a uma pessoa a faculdade de usar e fruir (usufruir) da coisa de outrem, temporariamente, desde que não lhe altere a substância. 
 Direito personalíssimo: recai sobre a pessoa do usufrutuário, que não pode transmitir o direito a outrem, nem seus herdeiros podem suceder-lhe no usufruto (proibição do usufruto sucessivo).
Temporariedade: o usufruto tem limitação temporal, não seguindo a regra da perpetuidade dos direitos reais.
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DIREITO DAS COISAS
  Usufrutuário: titular do direito real de usufruto. Reúne as faculdades de uso e gozo. Tem a posse direta, bem como a administração do bem objeto do usufruto. Art. 1.394.
Nu-proprietário: titular da propriedade do bem sobre o qual recai o usufruto sendo, por isso, possuidor indireto do mesmo. Reúne as faculdades de disposição e reivindicação.
usufruto simultâneo e usufruto sucessivo: no usufruto simultâneo, duas ou mais pessoas exercem direito de usufruto sobre o mesmo bem, enquanto que no usufruto sucessivo um usufrutuário sucede ao outro. Também não é possível o direito de acrescer no usufruto simultâneo, a não ser que ele seja inequivocamente previsto (art. 1.411, CC).
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DIREITO DAS COISAS
Direitos do Usufrutuário
 Posse.
Uso.
Administração.
 Fruição.
 Frutos naturais pendentes  início: usufrutuário final: nu-proprietário.
assiste ao usufrutuário o direito de arrendar a coisa sem, contudo, alterar-lhe a destinação econômica.
Deveres do usufrutuário (arts. 1.400 a 1.409)
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DIREITO DAS COISAS
Prestar caução (real ou fidejussória) pela administração.
Conservação da coisa.
As despesas extraordinárias, bem como as que forem superiores a 2/3 do rendimento líquido anual, devem ser feitas pelo nu proprietário. 
Pagamento do seguro. Destruição do bem e restabelecimento do usufruto de coisa segurada.
 Extinção da pessoa jurídica. O usufruto por pessoa jurídica tem duração máxima de 30 anos.
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DIREITO DAS COISAS
Uso
Art. 1.412. O usuário usará da coisa e perceberá os seus frutos, quanto o exigirem as necessidades suas e de sua família.
Art. 1.413. São aplicáveis ao uso, no que não for contrário à sua natureza, as disposições relativas ao usufruto.
Habitação
Art. 1.414. Quando o uso consistir no direito de habitar gratuitamente casa alheia, o titular deste direito não a pode alugar, nem emprestar, mas simplesmente ocupá-la com sua família.
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Caso Concreto
Noêmia, proprietária de uma casa litorânea, regularmente constituiu usufruto sobre o aludido imóvel em favor de Luísa, mantendo, contudo, a sua propriedade. Inesperadamente, sobreveio uma severa ressaca marítima, que destruiu por completo o imóvel. Ciente do ocorrido, Noêmia decidiu reconstruir integralmente a casa às suas expensas, tendo em vista que o imóvel não se encontrava segurado. Noêmia poderá cobrar as benfeitorias de Luísa? Justifique sua resposta.
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 Direito real do promitente comprador do imóvel
Art. 1.417. Mediante promessa de compra e venda, em que se não pactuou arrependimento, celebrada por instrumento público ou particular, e registrada no Cartório de Registro de Imóveis, adquire o promitente comprador direito real à aquisição do imóvel.
Art. 1.418. O promitente comprador, titular de direito real, pode exigir do promitente vendedor, ou de terceiros, a quem os direitos deste forem cedidos, a outorga da escritura definitiva de compra e venda, conforme o disposto no instrumento preliminar; e, se houver recusa, requerer ao juiz a adjudicação do imóvel.
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DIREITO DAS COISAS
Formas de execução do contrato:
a)    Pela entrega da escritura definitiva.b)    Pela sentença constitutiva de adjudicação compulsória. Súmulas n° 413, STF e n° 239, STJ.
DIREITOS REAIS DE GARANTIA
Para que tenha eficácia, o contrato que estabelece direito real de garantia deve conter (art. 1.424, CC):
a) o valor do crédito, sua estimação, ou valor máximo;
b) o prazo fixado para pagamento;
c) a taxa dos juros, se houver;
d) o bem dado em garantia com as suas especificações.
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DIREITO DAS COISAS
Proibição da cláusula comissória: o art. 1.428, CC, impõe nulidade absoluta à cláusula que autoriza o credor hipotecário, pignoratício e anticrético a ficar com o bem quando houve inadimplemento do devedor.
Possibilidade de excussão (art. 1.422, primeira parte, CC).
Prelação (art. 1.422, segunda parte, CC). 
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Caso Concreto
João, pretendo alienar seu imóvel rural a seu vizinho José, firma contrato de compromisso de compra e venda com este. Por ocasião da transmissão da posse, José exige de João, além da entrega relacionada ao imóvel, um trator e equipamentos de utilização na lavoura, que João mantinha no local. Diante dos fatos narrados, deverá João realizar a entrega? Fundamente sua resposta.
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DIREITOS REAIS DE GARANTIA
PENHOR
É o direito real através do qual a posse de bem móvel do devedor (ou de terceiro) é entregue ao credor em garantia do adimplemento de obrigação principal. 
sujeitos:   - credor pignoratício: credor da obrigação principal e possuidor, mediato ou imediato, do bem dado em garantia.
- devedor pignoratício: devedor da obrigação principal e proprietário do bem dado em garantia. Eventualmente, em determinadas espécies de penhor especial, o devedor pode ser também possuidor direto do bem dado (penhor rural, industrial, mercantil e de veículos)
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tradição da posse (art. 1.431, CC).
o contrato que estabelece a garantia deve ser devidamente registrado no cartório competente (art. 1.432, CC).
Excussão da obrigação.
Promoção da venda antecipada, mediante prévia autorização judicial, 
Manter a indivisibilidade da garantia, salvo determinação judicial (art. 1.434, CC).
extinção da obrigação principal (princípio da gravitação jurídica)
deverá ser averbado o cancelamento do registro para que a extinção do penhor tenha eficácia.
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Modalidades especiais de penhor
a) penhor rural;
b) penhor agrícola;
c) penhor pecuário;
d) penhor industrial e mercantil;
e) penhor de direitos e títulos de crédito;
f) penhor de veículos;
g) penhor legal.
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HIPOTECA
Direito real através do qual o devedor, sem transferir a posse, vincula bem imóvel ao adimplemento de obrigação principal (que pode, por expressa autorização legal contida no art. 1.487, CC, ser também dívida futura ou condicionada).
objeto: como regra, bem imóvel. O art. 1.473, CC.
sujeitos:   Credor hipotecário: credor da obrigação principal. Aquele que pode excutir o bem caso haja inadimplemento. Não é possuidor.
Devedor hipotecário: proprietário e possuidor do bem dado em garantia. É devedor da obrigação principal.
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Características
Além das características gerais dos direitos reais de garantia, a hipoteca ainda apresenta as seguintes características:
a) extensibilidade: art. 1.474, CC.
b) transmissibilidade;
c) publicidade: a hipoteca deve ser levada a registro, consoante arts. 1.492 a 1.498, CC.
Alienação do bem hipotecado – Art. 1.475.
O terceiro que adquire o imóvel hipotecado pode ou não assumir a dívida do devedor originário.
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hipótese de assunção: art. 1.481, CC.
Pluralidade de hipotecas (art. 1.477, CC);
 Excussão, Remição e Adjudicação
É possível, também, que o vencimento da hipoteca seja prorrogado por até 30 anos contados da data do contrato, mediante averbação no registro da hipoteca (art. 1.485, CC).
Remição ou purga da hipoteca consiste na faculdade reconhecida a certas pessoas, de liberar o bem gravado, mediante o pagamento da importância devida e acessórios – Art. 1.482.
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Hipoteca de loteamentos e em incorporações imobiliárias Art. 1.488.
Súmula 308, STJ.
Modalidades especiais de hipoteca
a) hipoteca legal
b) hipoteca judiciária
c) hipoteca de vias férreas
Extinção da hipoteca
ANTICRESE
Sujeitos: credor anticrético e devedor anticrético.
Disciplina legal: arts. 1.506 a 1.510, CC.
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Caso Concreto
Marcos e Camila possuem conta poupança conjunta tendo sido esta surpreendida pelo penhor em favor do Banco Poupe Aqui da totalidade do saldo da poupança. Alega o banco que os titulares da conta poupança são solidários entre si e, por isso, possível o penhor da totalidade do saldo como garantia de uma dívida contraída por Marcos. Pergunta-se: há solidariedade entre os titulares da poupança conjunta? Explique sua resposta e nela destaque se o penhor realizado pelo Banco é válido.
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