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FACULDADE DOCTUM DE CARANGOLA - DOCTUM CURSO BACHAREL EM DIREITO MARCO ANTONIO DA SILVA DIREITO CIVIL part. I APS 3ª etapa, respostas às questões propostas. Curso de Direito das Faculdades Unificadas Doctum de Carangola; Área de Concentração: Disciplina Teoria da Constituição, Orientador: Milene Millen. CARANGOLA, 14 DE NOVEMBRO 2015 1 . Defina o que são direitos potestativos e sua diferença do que se concebe como pretensão. R.: Direito POTESTATIVO para se fazer cumprido, depende apenas da vontade de uma das partes. Pretensão é está ligada ao direito de ação para sujeitar alguém a um direito seu, necessita de ação judicial. 2. Existe diferença entre prescrição e decadência? Explique pormenorizadamente a sua resposta abordando a razão de existir tais institutos. R.: Ambas são espécies de fatos jurídicos ligados ao fator tempo. Ambas são determinantes para aquisição/extinção de direitos. Seus requisitos, logo, são a inércia do titular e o decurso do tempo fixado em lei. Existem para que as relações jurídicas não se eternizem. Prescrição implica na perda do direito de ação. A decadência implica na perda do próprio direito que fundamentaria a ação. Segundo Maria Helena Diniz (Curso de Direito Civil Brasileiro, p. 364,2003) as diferenças básicas entre decadência e prescrição são as seguintes: “A decadência extingue o direito e indiretamente a ação; a prescrição extingue a ação e por via obliqua o direito; o prazo decadencial é estabelecido por lei ou vontade unilateral ou bilateral; o prazo prescricional somente por lei; a prescrição supõe uma ação cuja origem seria diversa da do direito; a decadência requer uma ação cuja origem é idêntica à do direito; a decadência corre contra todos; a prescrição não corre contra aqueles que estiverem sob a égide das causas de interrupção ou suspensão previstas em lei; a decadência decorrente de prazo legal pode ser julgada, de oficio, pelo juiz, independentemente de arguição do interessado; a prescrição das ações patrimoniais não pode ser, ex oficio, decretada pelo magistrado; a decadência resultante de prazo legal não pode ser enunciada; a prescrição, após sua consumação, pode sê-lo pelo prescribente; só as ações condenatórias sofrem os efeitos da prescrição; a decadência só atinge direitos sem prestação que tendem à modificação do estado jurídico existente.” 3. É possível concordar com a afirmação de que a prescrição está ligada a violações de direitos e que a mesma esteja ligada a um outro direito autônomo? Se positiva a resposta, indique qual. R.: Em suma sim, entretanto, a prescrição também está ligada à pretensão de exigir uma prestação da parte contrária, que pode surgir sem violação do direito. Por outro lado, pode-se dizer, também, que a prescrição está ligada a um direito autônomo, que é o direito de ação. Surge a partir da possibilidade de se exercitar uma pretensão, que pode se originar da violação de um direito ou não. 4. Diferencie ações constitutivas, declaratórias e condenatórias, indicando qual delas está sujeita à prescrição, e o porquê de tal situação. R.: Ação constitutiva é aquela voltada à criação, modificação ou extinção de uma situação jurídica, constituindo um direito. Ação condenatória diz respeito à pretensão de sancionar alguém, por este haver violado direito de outrem. Sua intenção é tentar restabelecer o estado anterior à violação, ou ao menos compensar o prejuízo sofrido. A ação declaratória tem lugar quando um direito mostra-se aparentemente duvidoso, não imoral ou ilícito, servindo, então, para o conseguir uma certeza jurídica. Resta salientar entretanto que as ações condenatórias estão sujeitas a prescrição e/ou perda do direito de ação. 5 . Existem ações imprescritíveis? Se positiva a resposta, isso não afetaria o princípio da segurança jurídica? R.: Via de regra, todas as ações são prescritíveis. Entretanto, esta regra não é absoluta, existindo direitos e relações jurídicas que não se extinguem pelo decurso do tempo. Podem ser citados como imprescritíveis, ou seja, não sujeitos a limite de tempo os direitos da personalidade (vida, honra, nome, liberdade, nacionalidade). Também pode ser mencionado as ações de estado da família, como por exemplo a ação de separação judicial, a investigação de paternidade, etc. 6. É possível concordar que a decadência está ligada a direitos potestativos e a ações constitutivas? Explique. R.: Sim, os únicos direitos para os quais podem ser fixados prazos de decadência são os direitos potestativos, logo, as únicas ações ligadas ao instituto são as constitutivas com prazo especial de exercício fixado em lei. A consumação do prazo para exercitar um direito potestativo faz presumir que a parte se resignou/conformou com a situação. Esta, então, se consolida, e não pode ser remexida nem por meio de ação. 7. Os atos jurídicos nulos estão sujeitos a prescrição ou decadência? Explique. R.: Em razão da modificação introduzida no art. 194 do CCB, pela Lei 11.280/06 a prescrição, hoje, deve ser conhecida de ofício pelo juízo, a prescrição é uma das matérias de ordem pública, assim consideradas aquelas que fogem do mero interesse das partes, pois todo o direito, toda a sociedade, visando a estabilização social, exige a sua observância. As matérias de ordem pública existem em nome do Estado de Direito, que exige a ordem legal ser corretamente cumprida, para confirmação da segurança jurídica. Com a promulgação da recente Lei 11.280/04 (16 de fevereiro de 2006) muita discussão tem surgido em torno das novas disposições referentes à prescrição. Isso porque, na fúria legislativa de alterações sucessivas do Código de Processo Civil, alei em questão revogou o artigo 194 do Código Civil. Art. 194. O juiz não pode suprir, de ofício, a alegação de prescrição, salvo se favorecer a absolutamente incapaz. Revogado pela Lei 11.280/06 O diploma, ainda, alterou o artigo 219, § 5º do Código de Processo Civil que passou a ter a seguinte redação ao art. 219 § 5º, o juiz pronunciará, de ofício, a prescrição. A matéria tem gerado polêmica, pois com a determinação de que o juiz pronunciará a prescrição de ofício, uma de suas clássicas diferenças para o instituto da decadência desapareceu. Se fizéssemos um quadro comparativo entre as diferenças conceituais e seus efeitos dos institutos da prescrição e da decadência chegaríamos a seguinte conclusão: PRESCRIÇÃO DECADÊNCIA Refere-se a prazos para exercício de pretensões (prestações de dar, fazer e não fazer) Refere-se a prazos para exercícios de direitos potestativos (que podem ser exercidos independentemente da colaboração do sujeito passivo) Em termos de tutela jurídica, as ações condenatórias estão sujeitas a prazos prescricionais (ex: pagamento de indenização) As ações constitutivas e desconstitutivas estão sujeitas à decadência (ex: ação anulatória de contrato por erro, dolo ou coação) Sofre interrupção, impedimento e suspensão Não sofre, em regra, interrupção ou suspensão. Atinge interesses de cunho patrimonial e que não tem relevância para ordem pública. Cuida de matérias de interesse público. 8. Cite e explique as hipóteses em que não ocorre prescrição. (197 a 199) R.: Segundo Maria Helena (Curso de Direito Civil, 2003, p. 341): “ as causas impeditivas da prescrição são as circunstâncias que impede que seu curso inicie e, as suspensivas, as que paralisam temporariamente o seu curso inicie e, as suspensivas, as que paralisam temporariamente o seu curso; superando o fato suspensivo, a prescrição continua a correr, computado o tempodecorrido antes dele. Os artigos 197,I a III, 198,I e II, todos, do CC estabelecem as causas impeditivas da prescrição. De acordo com Maria Helena ( Curso de Direito Civil, 2003, p. 341) as causas impeditivas da prescrição se fundam no: status da pessoa, individual ou familiar, atendendo razões de confiança, amizade e motivos de ordem moral. Primeiramente não ocorre prescrição no caso dos cônjuges, na constância do matrimônio. A propositura de ação judicial por um contra o outro seria fonte de invencível desarmonia conjugal. É provável que a influência do cônjuge impedisse seu consorte de ajuizar a ação no qual, se extinguiria pela prescrição (CC, art. 197, I). Também não há prescrição no pátrio poder do filho sobre influência dos pais, que o representam quando impúberes e assistem quando púbere. Não sendo certo, deixar que preservem seus direitos, se vissem os filhos obrigados à ação judicial, sob pena de prescrição ( CC, art. 197, II). Ademais não ocorre há prescrição entre tutela e curatela. O tutor e o curador devem zelar pelos interesses de seis representados. Sendo que, a lei suspende o curso da prescrição das ações que uns podem te contra os outros, para evitar que descuidem dos interesses, quando conflitarem com esses (CC, art. 197, III). O artigo 198 do CC também estabelece que não ocorre prescrição contra: os absolutamente incapazes (CC, art. 198, I). Sendo, uma maneira de os proteger. O prazo só começa a fluir depois que ultrapassarem a incapacidade absoluta. Outrossim, não corre prescrição contra os que estiverem a serviço público da União, dos Estados e Municípios, estão fora do Brasil (CC, art. 198, II) e contra os que estiverem ocupados com os negócios do País, não tendo tempo para cuidar dos próprios (CC, art. 198, III). O artigo 199 do CC igualmente determina que não ocorre prescrição pendendo condição suspensiva (CC, art. 199, I), não estando vencido o prazo (CC, art. 199II), pendendo ação de evicção (CC, art. 199, III). Já o artigo 201 determina que é suspensiva a prescrição em favor de um dos credores solidários, só aproveitando os outros casos a obrigação for indivisível. 9. Cite as causas que interrupção da prescrição, o que a mesma significa, quem pode operá-la e até por quantas vezes num mesmo caso. Pode se operar. (202 a 203). R.: CAUSAS INTERRUPTIVAS: fazem cessar a contagem, que deverá ser reiniciada: Art. 202 - A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á: I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual; II - por protesto, nas condições do inciso antecedente; III - por protesto cambial; IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores; V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor. Art. 203. A prescrição pode ser interrompida por qualquer interessado. CAUSAS SUSPENSIVAS OU IMPEDITIVAS: são aquelas que apenas suspendem a contagem de um prazo, fazendo-o recomeçar de onde parou. 10. Qual o prazo geral da prescrição? As hipóteses do art. 206 constituem exceção a tal regra? (art. 205). R.: O prazo geral da prescrição é 10 anos, sendo as disposições do art. 206, sem dúvida alguma, exceções a tal regra. Art. 206. Prescreve: § 1o Em um ano: I - a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a consumo no próprio estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos; II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o prazo: a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que é citado para responder à ação de indenização proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data que a este indeniza, com a anuência do segurador; b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão; III - a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos, pela percepção de emolumentos, custas e honorários; IV - a pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens que entraram para a formação do capital de sociedade anônima, contado da publicação da ata da assembleia que aprovar o laudo; V - a pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os liquidantes, contado o prazo da publicação da ata de encerramento da liquidação da sociedade. § 2o Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem. § 3o Em três anos: I - a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos; II - a pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias; III - a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias, pagáveis, em períodos não maiores de um ano, com capitalização ou sem ela; IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa; V - a pretensão de reparação civil; VI - a pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má-fé, correndo o prazo da data em que foi deliberada a distribuição; VII - a pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por violação da lei ou do estatuto, contado o prazo: a) para os fundadores, da publicação dos atos constitutivos da sociedade anônima; b) para os administradores, ou fiscais, da apresentação, aos sócios, do balanço referente ao exercício em que a violação tenha sido praticada, ou da reunião ou assembleia geral que dela deva tomar conhecimento; c) para os liquidantes, da primeira assembleia semestral posterior à violação; VIII - a pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do vencimento, ressalvadas as disposições de lei especial; IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório. § 4o Em quatro anos, a pretensão relativa à tutela, a contar da data da aprovação das contas. § 5o Em cinco anos: I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular; II - a pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e professores pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da cessação dos respectivos contratos ou mandato; III - a pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo.
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