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Registro imagético na linha do tempi do Facebook como memória da marca

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Registro imagético na linha do tempo do Facebook como memória 
da marca1 
Jefferson Jeanmonod de Azevedo Santana2 
Universidade Municipal São Caetano do Sul 
Resumo 
Este estudo apresenta os resultados preliminares de uma investigação bibliográfica e 
empírica sobre como tecnologias surgidas nessas duas últimas décadas contribuíram para 
o surgimento de novas ferramentas artefatos para a memória de empresas principalmente
no ciberespaço. Analisou-se a estrutura do site Facebook bem como percepção dos
registros imagéticos em redes sociais da marca como memória. Conclui-se que a “Linha
do Tempo” para o registro imagético é um artefato importante no Facebook para a
manutenção da memória por meio de seu poder de arquivar os fatos ocorridos de forma
ilimitada.
Palavras chave: Comunicação; Comunidades virtuais; Facebook; Imagem; Memória. 
Introdução 
Na transição entre o século XX e XXI presenciamos uma mudança da estrutura da nossa 
sociedade acelerada pelo surgimento de novas tecnologias e meios de comunicação. A 
sociedade da produção deu lugar ao do consumo, uma sociedade aonde consumir 
novidades, tecnologias, novos produtos, está ligado intrinsicamente com o ideal de ser 
contemporâneo e com a identidade de um indivíduo ligado ao seu tempo e possuidor de 
autoestima elevada. 
Novos meios de comunicação transmitida via rádio, satélite e cabos transformam 
o sentido de tempo e espaço. Nunca foi tão fácil falar de forma rápida com pessoas que
estão a distâncias tão longas. Segundo Zygmond Bauman (2011) as conexões, as relações,
1 Trabalho apresentado no GT 10: Publicidade e Comunicação Organizacional em Memória, Simpósio Internacional 
de Comunicação e Cultura: Aproximações com Memória e História Oral, realizado na Universidade São Caetano do 
Sul, São Caetano do Sul – São Paulo, de 27 a 30 de abril de 2015. 
2 Mestrando da Universidade Municipal São Caetano do Sul, São Caetano do Sul-SP, e-mail 
jefferson.santana21@etec.sp.gov.br. 
2243
 a interdependência, as comunicações estão espalhadas pelo mundo, não estão mais 
ligadas a uma localidade. 
Esta realidade muda o “significado da vida, propósito de vida, felicidade de vida” 
(BAUMAN, 2011) o que obriga o sujeito deste mundo atual a se reinventar 
constantemente, criando e recriando sua identidade de acordo com novos atrativos criados 
pelo mercado (produtos, serviços, empresas, etc.). O indivíduo é impactado 
constantemente com imagens publicitárias de marcas. “Desde a publicidade televisiva ao 
café da manhã até as últimas notícias no telejornal da meia-noite - está permeada de 
mensagens visuais, de uma maneira tal que tem levado os apocalípticos da cultura 
ocidental a deplorar o declínio das mídias verbais" (SANTAELLA; NÖTH, 2001 p. 13). 
Segundo Manuel Castells em seu prólogo (1999, p. 21): 
Uma revolução tecnológica concentrada nas tecnologias da informação 
está remodelando a base material da sociedade em ritmo acelerado. 
Economias por todo o mundo passaram a manter interdependência 
global, apresentando uma nova forma de relação entre a economia, o 
Estado e a sociedade em um sistema de geometria variável. 
Neste contexto surgem as comunidades virtuais que se utilizam de sentimentos de 
pertença e identidades para comunicar-se nas redes sociais digitais: agrupamento de 
pessoas com comportamento em comum, entre eles o comportamento de consumo. 
O relacionamento social transpõe o mundo físico e passa a ter novo significado no 
ciberespaço, no mundo virtual. As pessoas, por meio das redes de relacionamentos sociais 
digitais, compartilham com pessoas que se identificam no ciberespaço suas histórias, 
fotografias, informações, ideias, localizações e contatos, enfim, convertem esses sites em 
um mapa detalhado de suas vidas. Isso levou a empresas a buscarem nas redes sociais 
digitais uma nova forma de publicidade, por exemplo o site Facebook tornou-se uma 
grande oportunidade de comunicação com seu público comum chamando-os a fazer parte 
da comunidade virtual da marca. 
As empresas fazem por meio das redes sociais digitais registros imagéticos da 
marca por meio de fotografias, ilustrações, mensagens, gravuras, vídeos, etc. Daí vem a 
2244
 questão: Podemos perceber os registros imagéticos em redes sociais da marca como 
memória? 
Neste breve estudo procuramos ter uma compreensão inicial de alguns conceitos 
e características das comunidades virtuais, delimitamos o Facebook como a comunidade 
virtual do estudo e sua relação com a comunicação corporativa e o registro imagético 
como memória das marcas. 
Relação entre comunicação e comunidades virtuais 
Para Raymond Williams (2007, p. 102) a comunicação é tornar comum a muitos, 
partilhar: “Comunicação foi, primeiro, a ação e, depois, desde o final do século XV, o 
objeto assim tornado comum: uma comunicação”. Foi no século XVII que houve uma 
grande ampliação dos conceitos de comunicação ampliando para ideias sobre meios: 
meios de comunicação, especialmente em expressões como linhas de comunicação, 
referindo-se as ferrovias que levaram e traziam comunicados, produtos, informações, 
cartas, pessoas, imagens, ideias, livros, enfim: comunicação com outras localidades. 
Porém, Foi no século XX, com o desenvolvimento de outros meios de transmitir 
informação e manter contato social, que comunicação passou também, e talvez 
predominantemente, a referir-se a mídia, segundo Williams. A comunicação torna-se 
mais rápida e conceitos de espaço e tempo começam a sofrer grandes transformações. 
Essas transformações são agilizadas ainda mais com o surgimento de novas tecnologias, 
depois da linha férrea, as ondas de rádio nos aparelhos de radiodifusão transmitiam 
primeiro som (rádio), depois imagem associado ao som (TV). Hoje a “indústria das 
comunicações distingue-se em geral da indústria do transporte: comunicações para 
informações e ideias, na imprensa, na radiodifusão”. Essa comunicação tornou-se ainda 
mais rápida, em real time, simultâneo com o recente surgimento de satélites, 
computadores e agora cabos de fibra ótica. 
As novas tecnologias de comunicação, principalmente as mediadas por 
computadores, possibilitaram uma transformação da percepção de espaço e tempo. 
Cecília Peruzzo menciona que (2001, p. 15) antes eventos simultâneos só aconteciam ao 
2245
 mesmo tempo se fossem no mesmo local: “Simultaneidade pressupunha localidade: ‘o 
mesmo tempo’ exigia ‘o mesmo lugar’”. Essas novas tecnologias transformam as 
dimensões de espaço e tempo pois elas possibilitam o envio de “conteúdo simbólico” 
cada vez mais rápido para distâncias cada vez maiores. 
Esse meio de comunicação possibilitou encontros e eventos simultâneos mesmo 
sendo em localidades remotas por meio dos computadores e das redes digitais. Esses 
eventos normalmente traziam consigo muitos dos elementos comunitários como 
sentimento de comunhão, compromisso, objetivos comuns e isso possibilitou a 
transformação de elementos básicos da vida comunitária propiciando o surgimento de 
comunidades virtuais, especificamente na era do ciberespaço. 
Segundo Cicilia Peruzzo (2009, p. 139-152): 
Muitos foram os pensadores a se debruçarem sobre o conceito 
“comunidade”. Poderíamos, a título de exemplo, citar alguns clássicos 
como Ferdinand Tönnies (1973, 1995), Max Weber (1973), Robert A. 
Nisbet (1953), Martin Buber (1987), Talcott Parsons (1969), além de 
contribuições mais recentes, como as de Zygmunt Bauman (2003), 
Gianni Vattimo (2007), Roberto Espósito (2007), Davide Tarizzo 
(2007), Manuel Castells (1999), Marcos Palácios (2001), Raquel 
Recuero (2003), além de Cicilia Peruzzo (2002) e Raquel Paiva (2003), 
entre outros, que procuram relacionar os conceitos de “comunidade” à 
comunicação. 
Para Martim Buber (apud PERUZZO, 2001) as comunidades primitivasevoluíram, potencialmente ligada ao sangue, passando pela escravidão da sociedade e 
chegará à um novo modelo. Este novo modelo de comunidade não terá mais laços de 
sangue e sim laços de escolha. 
Já Raymond Williams (2007, p. 103), por exemplo, define comunidade como 
grupos sociais reais, “os comuns” ou “pessoas comuns”. A comunidade tem a condição 
de possuir algo em comum, uma qualidade específica e íntima de relação, como em 
comunidade familiar, comunidade de interesses, comunidade de bens. A comunidade tem 
senso de identidade e características comuns, como por exemplo a linguagem, cultura, 
espiritualidade e consumo. 
2246
Segundo Manuel Castells é justamente nas condições globalizantes do mundo que: 
“As pessoas resistem ao processo de individualização e atomização, tendendo a agrupar-
se em organizações comunitárias que, ao longo do tempo, geram um sentimento de 
pertença e, em última análise, em muitos casos, uma identidade cultural, comunal” (apud 
PERUZZO 2001, p. 143). 
Para Peruzzo (2001, p. 144) alguns pontos comuns dos conceitos de comunidade 
são: “processos de identidade, objetivos e interesses em comum, bem como a participação 
em prol desse objetivo e o sentimento de pertença, oriundo da identidade em questão”. 
Segundo a pesquisadora as comunidades não precisam mais ancorar-se em uma 
localidade geográfica, elas podem criar identidade e objetivos comuns entre os 
participantes, sentimento de pertença, compartilhamento de interesses por meio de 
computadores em redes ou ainda no ciberespaço: 
Por outras palavras, a configuração de comunidade não precisa 
restringir-se a demarcações territoriais geográficas, podendo as pessoas 
estarem cultivando relacionamentos e compartilhando interesses, 
identidades etc. também através das ondas eletromagnéticas, do 
ciberespaço ou rede de computadores. Surgem assim as comunidades 
virtuais cujas relações se concretizam através da CMC- Comunicação 
Mediada por Computadores (cf. PERUZZO, 2001). 
Entre as ferramentas que possibilitaram comunicações medializadas por 
computadores desenvolvendo esta interação comunitária temos o Facebook, um site e 
serviço de rede social fundada em 2004. Se compararmos a quantidade de população 
virtual do Facebook (1,23 bilhão em 2014) com a população real dos países existentes no 
planeta poderíamos dizer ele é o segundo mais populoso do mundo, perdendo apenas para 
a China com 1,3 bilhão de habitantes. 
No Facebook estas quantidades expressivas de pessoas postam mensagens sobre 
os mais diversos assuntos, seus sentimentos e pensamentos, se encontram, marcam 
eventos, conversam, postam imagens, mensagens, informações, se agrupam, curtem, 
compartilham, etc. Neste ambiente do ciberespaço por meio de uma comunicação e 
linguagem comum os indivíduos percebem suas identidades, se agrupam por causa delas 
2247
 e de interesses, passam a nutrir sentimento de pertença, pontos que configuram uma 
comunidade virtual. 
O Facebook e o registro imagético como memória 
Parte do sucesso do Facebook vem da simplicidade do seu design social, termo criado 
pelos próprios funcionários do site, e de sua interface intuitiva. Sobre a acessibilidade do 
design do site, Caio Favero Marchi (in SANTAELLA (org.), 2014, p. 167) afirma: “O 
conceito em questão possibilita que um estudante de 13 anos, residente na cidade de São 
Paulo, utilize os serviços oferecidos pelo Facebook da mesma forma que uma advogada 
norte-americana com 60 anos de idade”. 
Em 2007 o Facebook passou a utilizar-se de ferramentas com foco mercadológico, 
possibilitando que empresas criassem páginas dedicadas às suas marcas e as chamou de 
Facebook Pages (MARCHI, 2014, p. 168). Este recurso propiciou a exploração do 
Facebook pelo mercado e contribuiu para aproximação de empresas e consumidores no 
ambiente virtual por meio de comunidades virtuais. O aplicativo se configura em uma 
comunidade virtual, pois, como vimos anteriormente no conceito de Williams, 
comunidade possui a capacidade de possuir uma característica em comum, uma qualidade 
específica e íntima de relação. No caso do Facebook Pages, as marcas despertam nos seus 
seguidores sentimento de pertença, além de aproximar pessoas com características 
comuns de consumo contribuindo para a construção de identidade da marca e dos 
consumidores como indivíduos, sujeitos envolvidos e participantes da comunicação 
dentro do ambiente virtual. 
Uma outra ferramenta já mais vista em sites de relacionamento, que propiciou 
uma experiência para a memória do indivíduo e de empresas, foi a Linha do Tempo, 
introduzia no design do Facebook em 2011, depois do botão curtir, implementado em 
2007. Foi, segundo Marchi (2014), uma das mais relevantes modificações na história dos 
sites de redes sociais. Sobre a linha do tempo, um dos fundadores do site, Mark 
Zuckerberg, afirmou que a ferramenta era “uma maneira de colocar toda a sua vida on-
line, a sua história no Facebook” (MARCHI, 2014, p. 168) de forma a não perder 
2248
 nenhuma imagem, frase, comentário ou postagem. Uma linha cronológica da vida do 
indivíduo e das empresas armazenada e postadas no ciberespaço sendo compartilhada e 
divulgada para sua rede social on-line. A linha do tempo organiza os posts de indivíduos 
e empresas sejam textos, fotografias, links e vídeos. Estas informações são 
disponibilizadas de forma cronológica, com data e hora possibilitando ao usuário da rede 
social digital ter uma ferramenta de memória de suas ações no ciberespaço. 
A estrutura do Facebook Pages é de um design simplista baseado em grids com 
predominância do azul característico da rede social. Contudo na parte superior ela é 
personalizada com imagem com proporções que lembra uma faixa, denominada “capa de 
perfil”, que mede 849 pixels (px) por 312px. Na capa de perfil o usuário do site pode 
curtir a página, isso significa que ele quer participar da comunidade ligada à marca e com 
isso receber informações e imagens bem como interagir com outros membros da 
comunidade e com a própria empresa. Do lado esquerdo tem um outro quadro medindo 
180px por 180px para registro imagético denominada “foto do cabeçalho” que, segundo 
Zuckerberg, é “a imagem que diz quem você é” (MARCHI, 2014, p. 168). Abaixo desta 
estrutura existe o menu de navegação do Facebook Pages com os itens: linha do tempo, 
sobre, fotos, avaliações e mais. 
A Linha do Tempo, em inglês timeline, é um artefato que narra eventos em ordem 
cronológica, normalmente apresentada com a ilustração de uma reta que representa a 
evolução do evento é intersectada por retas menores perpendicularmente aonde é descrita 
por meio de desenhos e escrita o que aconteceu naquele período. A Linha do Tempo do 
Facebook Pages se assemelha a descrição anterior inserida, ela possui uma estrutura 
baseada em grid aonde é possível registrar texto, imagem, vídeos, links ou mais que um 
destes. Cada registo apresenta na parte superior o nome da empresa, local, data e hora da 
publicação. Na parte inferior do grid de postagem encontramos opções de interação com 
o indivíduo pertencente a comunidade virtual propiciando a elas a possibilidade de
interagir por meio de manifestações de curtir, que tem ideia de aprovação, tecer 
comentários sobre a publicação ou ainda compartilhar para seus “amigos” do Facebook 
aquela mensagem da marca. Esta ferramenta, por causa da interação e compartilhamento 
2249
 de ideias e de identidade, desenvolve no sujeito que segue a comunidade da marca um 
sentimento de pertença, pois ele pode comunicar com outros membros exprimindo apoio 
ou não ao artefato postado, mantendo uma comunicação comum. No lado direito da linha 
do tempo ainda há a possibilidade de ver de forma rápida postagens por ano de registodo 
conteúdo. 
A importância da linha do tempo para o registro imagético como artefato histórico 
e de conservação da memória da marca é apresentada nesta ferramenta de comunicação e 
informação. O conceito de “Registro imagético” vem de imagem e por isso se faz 
importante entender alguns conceitos de imagem. 
A imagem e sua relevância como memória 
O sentido mais antigo de imagem, tanto no inglês ou em latim, segundo Willians (2007, 
p. 219), referia-se a uma figura ou semelhança física. Tal conceito ainda serviu ao
desenvolvimento do sentido de fantasma, concepção ou ideia. No século XVII, ela fixou-
se em discussões para indicar “figura” da escrita ou do discurso. Os usos de imagem 
anteriormente citados foram superados pelo termo usado em publicidade que acarreta do 
significado de “reputação percebida”, como imagem da marca comercial ou ainda com a 
preocupação dos políticos com sua imagem perante os eleitores. 
Para Lucia Santaella e Wilfried Nöth (2001, p.15) o mundo das imagens divide-
se em dois domínios: o primeiro é das imagens como representações visuais (desenhos, 
pinturas, gravuras, fotografias) e o segundo é do fenômeno imaterial das imagens na nossa 
mente (fantasias, imaginações, esquemas). Estes domínios não existem separadamente, 
são intrinsicamente ligados já na sua origem: “Não há imagens como representações 
visuais que não tenham surgido de imagens na mente daqueles que as produziram, do 
mesmo modo que não há imagens mentais que não tenham alguma origem no mundo 
concreto dos objetos visuais”. 
Para este estudo concordo com Santaella e Nöth que a imagem é signo e 
representação. A representação está “entre apresentação e imaginação e estende-se, 
assim, a conceitos semióticos centrais como signo, veículo do signo, imagem 
2250
 (‘representação imagética’) assim como significação e referência” (SANTAELLA; 
NÖTH, 2001). Representação é definida como o processo de apresentação de algo por 
meio de signos. 
Clotilde Perez (2004, p. 147) também se debruça sobre a questão da imagem e 
conceitua imagem como um conjunto de signos distribuídos em um espaço concreto, 
visual ou no pensamento. Segundo Perez a imagem é um dos campos mais férteis da 
semiótica, pois a imagem pode ser a concepção plástica de um objeto, de um momento, e 
evoca uma aproximação com o que ela representa por semelhança ou significado. É a 
imagem se conecta “um conjunto de experiências, impressões, posições e sentimentos 
que as pessoas apresentam em relação a algo, no nosso caso a uma empresa por meio da 
marca, fotografia, vídeo, publicidade etc”. 
A marca, quando construída sobre base sólida e consistente, é capaz de 
sintetizar aspectos físicos, funcionais, emocionais e estéticos ligados a 
um universo de produtos ou serviços, afetando a percepção do público 
e conquistando um espaço exclusivo na mente dos consumidores 
(CIMATTI, 2006, p. 3). 
A sintetização das marcas em aspectos emocionais, citado por Marcela de Castro 
Bastos Cimatti muitas vezes é publicada na Timeline do Facebook por meio de fotografias 
e mensagens inseridas na rede social digitais pela própria empresa de maneira a 
sistematizar e criar lembrança e por consequência memória (Figura 1). 
2251
 Figura 1 – Post da WMcCann em comemoração ao dia do publicitário no dia 01/02/2015
A linha do tempo do Facebook Pages dá um sentido de organização da memória 
não vista anteriormente nas redes sociais digitais, pois a memória que era falível por 
doenças como amnésia (cf. LE GOFF, 2003, p. 426), portanto instável e maleável por 
meio da “memória eletrônica, no caso do armazenamento de informações e imagem no 
ciberespaço, pode em certos casos ser ‘ilimitada’”. 
Em um livro dedicado à memória, Jacques Le Goff (1990, p. 424) à define como 
a “propriedade de conservar certas informações”, um conjunto de funções psíquicas “que 
permite ao homem atualizar impressões ou informações passadas, ou que ele representa 
como passadas”. São nos aspectos da estruturação e auto-organização que descendem 
muitas concepções de memória: “O processo da memória no homem faz intervir não só a 
ordenação de vestígios, mas também a releitura desses vestígios” é importante salientar 
que estes possuem um “comportamento narrativo”. Na história as sociedades e 
comunidades criaram diversos artefatos ou objetos de memória: desde os primórdios da 
humanidade seja pela arte rupestre (pinturas em cavernas e pedras), narrativas orais ou 
pela criação de instituições-memória: arquivos, bibliotecas, museus criam artefatos 
cheios de significação que consistem em lembranças de memórias. 
2252
Para Beatriz Sarlo (2005, p. 24) o campo da memória é um campo de conflito 
entre os indivíduos da história, dos conquistados e dos conquistadores, dos protagonistas 
e coadjuvantes, do comum e da inovação. 
Vivimos una época de fuerte subjetividad y, en ese sentido, las 
prerrogativas del testimonio se apoyan en la visibilidade que ‘lo 
personal’ ha adquirido como lugar no simplemente de intimidad sino de 
manifestación pública. Esto sucede no sólo entre quienes fueron 
víctimas, sino también y fundamentalmente en ese territorio de 
hegemonía simbólica que son los medios audiovisuales. 
Para Sarlo a memória desliza entre histórias e imagens. Muitos indivíduos 
recordam de eventos que dificilmente lembrariam se não fosse pelas histórias contadas 
por narrativas orais e de imagens registradas por pessoas que vivenciaram aquilo com 
eles. Exemplo quando os pais contam a história para seus filhos adultos de fotos da 
infância do segundo. O evento acaba por transpor na mente do indivíduo lembranças que 
de fato não são deles, mas de pessoas que presenciaram e viveram as histórias contadas e 
que registraram as imagens que representa aquele fato. 
La doble valencia de ‘recordar’ habilita el deslizamiento entre recordar 
lo vivido y ‘recordar’ narraciones o imagenes ajenas y más remotas en 
el tiempo. Es imposible (salvo en un proceso de identificación subjetiva 
desacostumbrado y que nadie juzgaria normal) recordar en términos de 
esperiencia hechos que no fucron experimentados por el sujeito. 
(SARLO, 2005, p. 125) 
Na sociedade do mundo globalizado os novos arquivos (arquivos orais e 
audiovisuais) adquirem relevância para a construção da identidade corporativa e 
identidade comunal dos seguidores das marcas. O ambiente virtual possibilita controlar 
esta memória tão estreitamente com os novos “utensílios de produção desta memória” 
(LIMA; AZEVEDO NETTO, 2013), nas redes sociais digitais, qualquer imagem que não 
agrada pode ser simplesmente deletada com pouco esforço e quase nenhum risco. 
No livro Memória e Identidade, o antropólogo Joël Candau, define memória como 
um ato coletivo, aonde para conservar a lembrança e para pensar é necessário memorizar 
de forma ordenada o mundo que quer se relatar. Esta ordenação é feita no momento da 
narrativa, e muitas vezes esta narrativa é reinterpretada com o tempo em que ela é 
2253
 ordenada. Por exemplo, a narrativa do que aconteceu agora não será a mesma se eu 
relembrar dela a alguém daqui a uma semana: “Pensar o tempo supõe classificá-lo, 
ordená-lo, denominá-lo e datá-lo” (CANDAU, 2014, p. 83). 
Na Linha do Tempo do Facebook, conforme relatamos, a imagem é ordenada, 
classificada por meio dos comentários e descrição e por fim datada, características de um 
artefato da memória, objeto de lembrança. 
O “tempo real” encerra uma ação sem memória, por isso a importância de 
ferramentas como o Facebook Pages para o registro imagético como memória. De 
artefatos que ajudem a lembrar e que tenha memória “ilimitada”. 
Para Rosa Cabecinhas (2006, p.6) a memória é “como um produto social 
construído nos processos comunicativos”, mesmo com o tempo eespaço com singular 
transformação neste mundo em processo acelerado de globalização, e as pressões para a 
cultura de massa os meios de comunicação em massa publicam ideias de “preservação da 
identidade cultural própria, valorizando as suas tradições, usos e costumes, e definindo o 
seu ‘lugar singular’ no mundo”. Nesta perspectiva a memória não é “como algo 
meramente individual, mas como um processo social, que depende das pertenças e redes 
sociais dos indivíduos”: 
O carácter social da memória resulta de vários fatores: o processo de 
recordar é social, dado que a evocação das recordações é feita a partir 
de dicas de contexto; os pontos de referência que cada indivíduo utiliza 
para codificar, armazenar e recuperar informação são definidos 
socialmente; e a memória individual não poderia funcionar sem 
conceitos, ideias, imagens e representações que são socialmente 
construídos e partilhados. Ou seja, a memória de cada indivíduo é social 
no seu conteúdo (eventos, personagens, etc.) e no seu processo 
(codificação, armazenamento e recuperação da informação). 
(CABECINHAS, 2006, p. 5) 
Uma empresa que tem uma página no Facebook possibilita a sua comunidade 
consumidora (colaboradores e clientes) uma forma de entender a história da organização 
no menu “Sobre”. Na “Linha do Tempo” as imagens lembram de eventos que acontecerão 
bem como tendências de consumo de seus produtos e do tempo real, das coisas que 
acontecem na empresa. Em “Fotos” é possível relembrar fatos e eventos passados em 
2254
 conjunto com a “Linha do Tempo” traçar minuciosamente detalhes, datas, locais e 
eventos importantes para a história da empresa permitindo que essa comunidade interaja 
e participe sem condição de tempo e local dessas lembranças (Figura 2). 
Figura 2 – Leiaute do Facebook Pages da versão 2014/2015 da Rede Casa Nobre 
Segundo Jacques Le Goff (2003, p. 467) a fotografia “revoluciona a memória, 
pois multiplica-a e democratiza-a, dá-lhe uma precisão e uma verdade visuais nunca antes 
atingidas, permitindo assim guardar a memória do tempo e da evolução cronológica”. A 
“Linha do Tempo” acelera esta experiência pois conectado a ferramentas de 
geolocalização (processo de localização geográfica de determinado objeto espacial 
através da atribuição de coordenadas) possibilita uma organização de localidade, data 
entre outras informações que contribuem para guardar a memória dos fatos, bem como 
seus significados (Figura 3). 
2255
 Figura 3 – Layout do post na Time Line do Facebook Pages contendo geolocalização, data, hora, 
imagem e textos da Rede Casa Nobre 
Considerações Finais 
Como pudemos observar os conceitos de comunidade sofreram grandes transformações 
principalmente nos dois últimos séculos devido a globalização e o surgimento de novas 
tecnologias de informação e comunicação. 
A memória pode ser preservada por meio de pinturas primitivas em cavernas, da 
história oral e do registro imagético em redes sociais como o Facebook. Na última década 
a rede social digital Facebook desenvolveu diversas ferramentas para o armazenamento 
de informações pessoais, entre elas algumas para empresas como por exemplo o 
Facebook Pages e a Linha do Tempo. 
Podemos concluir que a “Linha do Tempo” para o registro imagético é um artefato 
importante no Facebook para a manutenção da memória por meio de seu poder de 
arquivar os fatos ocorridos de forma ilimitada. Porém a marca consegue construir e editar 
as informações no Facebook de forma rápida dando à sua propaganda mecanismos de 
dicotomização da mensagem, “procurando salientar que há apenas um caminho a seguir, 
rejeitando qualquer moderação” (CABECINHAS, 2006). 
2256
Referências 
CANDAU, Joël. Memória e identidade. São Paulo: Contexto, 2014. 
CASTELLS. M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999. 
DIÁLOGOS COM ZYGMUNT BAUMAN. Fernando Schüler e Mário Mazzilli. Leeds, UK. 
Fronteiras do Pensamento, 2011. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=in4u3zWwxOM&feature=youtu.be>. Acesso em: 20 jan. 
2015. 
HALBACHS, Maurice. Memória coletiva. São Paulo: Vértice, 1990. 
LE GOFF, Jacques. História e memória. Campinas: Editora UNICAMP, 2003. 
LIMA, S. M. B.; AZEVEDO NETTO, C. X.. A informação fotográfica como memória cultural 
da comunidade do Vale do Gramame-PB. In: Conferência sobre Tecnologia Cultura e 
Memória, 2013, Recife. Anais da Conferência sobre Tecnologia Cultura e Memória. Recife: 
Laboratório LIBER, 2013. v. 01. p. 00-00. 
MARCHI, Caio Favero. A sinalização sociocultural do design do Facebook. In: SANTAELLA, 
Lucia. Sociotramas: estudos multitemáticos sobre redes digitais. São Paulo: Estação das Letras 
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COMUNICAÇÃO 
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aproximações com 
memória e história oral
ANAIS DO I SIMPÓSIO INTERNACIONAL
COMUNICAÇÃO E CULTURA

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