Buscar

Prescrição+e+Decadência

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Aula 01
Prescrição e Decadência ou Caducidade: (art. 189 a 211 do CC)
“Como se passou muito tempo sem se modificar o estado das coisas, não é justo que continuemos a expor as pessoas à insegurança que o nosso direito de reclamar mantém sobre todos, como uma espada de Dâmocles. Então, a prescrição vem e diz: daqui em diante o inseguro é seguro, quem podia reclamar não o pode mais. De modo que, vêem os senhores, o instituto da prescrição tem suas raízes numa das razões de ser da ordem jurídica: distribuir a justiça – dar a cada um o que é seu – e estabelecer a segurança nas relações sociais – fazer com que o homem possa saber com o quê conta e com o quê não conta.” (San Tiago Dantas)
Ambos os institutos (prescrição e decadência) representam sanções para a inércia do titular do direito ou da pretensão.
Para compreender a matéria de prescrição e decadência é necessário entender:
Direito Subjetivo: direito conferido a alguém (pessoa física ou pessoa jurídica) pelo ordenamento jurídico.
Pretensão: surge quando o direito subjetivo é violado. Trata-se da faculdade do sujeito de requerer ao Judiciário, por meio de uma ação, que a pretensão seja cumprida. Contudo, tal pedido deve ser feito no prazo legal. (Se vc tem um direito subjetivo e este foi violado, surge para vc a pretensão. A dívida prescrita não deixa de existir, ela passa a ser uma obrigação natural, o que significa que o devedor paga se quiser.)
Obrigação Natural: obrigação juridicamente inexigível. (Não produz efeitos jurídicos. A pessoa só paga se quiser, que é o caso da dívida prescrita).
PRESCRIÇÃO: art. 189 a 206 do CC/02.
Conceito: Trata-se da perda da pretensão em virtude da inércia do titular no prazo da lei. É importante ressaltar que na prescrição não ocorre a perda do direito e sim da pretensão, logo a dívida prescrita continua a existir, ela só não é mais exigível juridicamente. Ela se transforma em obrigação natural que o devedor só paga se quiser. No entanto, caso efetue o pagamento não pode alegar pagamento indevido.
Gustavo Tepedino e Heloísa Helena (UERJ) citam o mestre italiano Vittorio Frosini:
“O instituto da prescrição evidencia a dinâmica existente entre o exercício do direito e o transcurso do tempo. O direito é sensível às aparências, de modo que uma situação fática que se exterioriza reiteradamente ao longo do tempo pode suscitar para a ordem jurídica o interesse em preservá-la. Ao se consumara prescrição, relações jurídicas são alteradas para constituir direitos ou possibilitar a extinção de pretensões. Pode-se mesmo dizer que, ao estipular prazos para que o sujeito faça valer a sua pretensão, o direito se constitui em uma verdadeira técnica de manipulação do tempo”. 
Características: 
A prescrição só resulta de lei (ninguém nunca pode criar prazo prescricional, nem em contrato.)
A prescrição importa na perda da pretensão. 
A dívida prescrita continua a existir, no entanto é considerada obrigação natural.
O prazo de prescrição pode sofrer interrupção ou suspensão na sua contagem.
 O prazo prescricional pode sofrer as seguintes influências na contagem:
Causas Impeditivas: Causas previstas nos artigos 197 a 199. As causam impeditivas impedem que o prazo comece a correr. ATENÇÃO: NÃO CORRE PRESCRIÇÃO NEM DECADÊNCIA CONTRA OS ABSOLUTAMENTE INCAPAZES, por exemplo.
Causas Suspensivas: Causas previstas nos artigos 197 a 199. Quando ocorre uma causa suspensiva, o prazo já estava correndo e foi suspenso. No entanto, no momento em que o prazo voltar a correr, considera-se o prazo decorrido na recontagem.
Causas Interruptivas: Causas previstas no artigo 202. A interrupção do prazo só pode ocorrer uma única vez e uma vez que o prazo volte a correr, o tempo já decorrido antes da causa interruptiva é desconsiderado na recontagem. A contagem inicia-se do zero.
Prazos prescricionais
Prazo geral (longi temporis): quando a lei não preveja, 10 anos (205).
ou prazo especial (brevi temporis): um a cinco anos (206). Reduzidos pelo CC2002.
( Quando a lei determinar que algo prescreve mas não informa prazo menor, utiliza-se o prazo geral de 10 anos. (art. 205 e 206 do CC)
DECADÊNCIA ou CADUCIDADE: (art. 207 a 211 do CC)
Para entender decadência é necessário lembrar do direito potestativo, que significa o poder que uma pessoa possui de influenciar na esfera jurídica da outra sem que possa haver resistência, apenas sujeição. Exemplo: se o negociante provar que celebrou o negócio mediante dolo, ele tem o direito potestativo de anular o negócio jurídico em 4 anos.
Conceito: trata-se da perda do direito em virtude da inércia do titular do direito no prazo da lei (decadência legal) ou no prazo fixado no contrato (decadência convencional).
Características:
Perda do direito
Não pode sofrer interrupção ou suspensão do prazo, salvo disposição legal em contrário.
Pode resultar da lei ou do acordo entre as partes.
( Observações Finais:
Se não houver prazo fixado em lei para a decadência, o prazo geral é de 2 anos. 
Até 2006, havia outra diferença entre a prescrição e a decadência. Dizia o art. 194, hoje revogado, que a prescrição não poderia ser reconhecida de ofício pelo juiz salvo para beneficiar o absolutamente incapaz. Ao contrário da decadência que deveria ser reconhecida de ofício pelo juiz. Atualmente uma lei de 2006 revogou o art. 194 do CC e atualmente não há mais esta diferença. Tanto a prescrição quanto a decadência (se for legal), devem ser reconhecidas de ofício pelo juiz. (a decadência convencional não precisa ser reconhecida de ofício pelo juiz.)
Diferenças entre Prescrição e Decadência
	Prescrição
	Decadência
	1) Perda da pretensão 
	1) Perda do direito (o direito caduca).
	2) Só resulta de lei
	2) Resulta da lei e da vontade das partes negociantes. Ex.: Prazo para exercer a resilição (por vontade) do contrato
	3) Só direitos patrimoniais
	3) Qualquer Direito potestativo
	4) Antes de 2006 não poderia ser reconhecida de ofício pelo juiz, salvo em benefício do absolutamente incapaz. Agora pode. ATENÇÃO!!!!!
	
4) Deve ser declarada de ofício pelo juiz se resultar de lei (se a decadência for convencional o juiz não pode suprir a alegação)
	5) Exceção: garantida ao devedor
	5) Perda do direito
	6) Prazos são interrompidos e suspensos
	6) Prazos são fatais, exceto se a lei disser de modo diferente – vide art. 
	7) Ação Condenatória
	7) Ação Constitutiva (abrange const e desc)
	8) Prazos nos artigos 205 e 206
	8) Prazos espalhados pelo Código*
	9) Regra Geral (na existência de prazo: 10 anos) 
	9) Regra geral na inexistência de prazos: 2 anos
0376268-39.2008.8.19.0001 (2009.001.47055) - APELACAO 
DES. SERGIO CAVALIERI FILHO - Julgamento: 31/08/2009 - DÉCIMA TERCEIRA CÂMARA CÌVEL
ANULAÇÃO DE NEGÓCIO JURÍDICO. Vícios de Consentimento. Prazo Decadencial. Prescrição x Decadência.O recorrente confunde decadência com prescrição. Conquanto se trate de matéria bastante discutida no âmbito doutrinário, para o deslinde da questão bastará o conhecimento convencional sobre o tema e sua correlata disciplina legal. Em termos gerais, a decadência relaciona-se ao exercício de um direito potestativo ou de uma faculdade jurídica, bem como às ações constitutivas (positivas ou negativas), e cuja inércia do titular fulmina o próprio direito. Por essa razão, foi largamente difundida a noção de que a decadência configura a perda de um direito material face à inatividade do seu titular.Por sua vez, a prescrição (extintiva) é caracterizada pela perda da pretensão (CC/02, 189), resultante do convalescimento da lesão a um direito subjetivo. Conforme lições do eminente SAN TIAGO DANTAS "a lesão do direito é aquele momento em que o direito subjetivo vem a ser negado pelo não cumprimento do dever jurídico que a ele corresponde. Sabe-se que da lesão nascem dois efeitos: em primeiro lugar, um novo dever jurídico, que é a responsabilidade, o dever de ressarcir o dano e, em segundo,a ação, o direito de invocar a tutela do Estado para corrigir a lesão do direito. (.) Se o tempo decorrer longamente, sem que o dever secundário, a responsabilidade seja cumprida, então, não será mais possível invocar a proteção do Estado, porque a lesão do direito estaria curada. A prescrição nada mais é do que a convalescença da lesão do direito pelo não exercício da ação.". Assim, com a violação do direito subjetivo, surge a pretensão do seu titular de buscar a tutela do Estado, visando ao cumprimento coercitivo do dever violado, mediante o ajuizamento de demanda. Por isso, a inércia do lesado implica a extinção da pretensão, ou seja, impede a exigência coercitiva do dever jurídico violado. Esse foi o motivo pelo qual também foi largamente difundida a ideia de que a prescrição acarretava a perda do direito de ação.Ao contrário do que parece afirmar o autor/apelante, a causa petendi não se refere à nulidade de cláusulas do contrato (lesão a um direito subjetivo), e sim à anulação do próprio contrato (exercício de uma faculdade/direito potestativo).Os vícios de consentimento constituem defeitos do negócio jurídico, pelo que o direito de pretender a respectiva anulação decai em 04 (quatro) anos, consoante preceituam as letras "a" e "b" do inciso V do §9º do artigo 178 do Código Civil de 1916. No particular, muito embora o referido dispositivo legal referisse à prescrição, criticava-se a imprecisão do texto legal, cujo conteúdo respeitava inequivocamente à decadência. Esse entendimento foi expressamente acolhido pelo novo Código Civil, conforme se verifica do seu artigo 178, I e II.Contudo, o recorrente deduziu pretensão, quando já exaurido o prazo decadencial.Desprovimento do recurso.

Outros materiais