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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB 
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS I 
 
 
 
 
 
GISELE FADIGAS MACHADO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OS CONTOS DE FADAS E A 
FORMAÇÃO MORAL DA CRIANÇA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SALVADOR 
2011 
GISELE FADIGAS MACHADO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OS CONTOS DE FADAS E A 
FORMAÇÃO MORAL DA CRIANÇA 
 
Monografia apresentada como requisito parcial 
para obtenção da graduação em pedagogia com 
habilitação em Educação infantil da Universidade 
do Estado da Bahia – UNEB, sob orientação da 
Profª. Maria de Fátima V. Noleto 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SALVADOR 
2011 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA : Sistema de Bibliotecas da UNEB 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Machado, Gisele Fadigas 
 Os contos de fadas e a formação moral da criança / Gisele Fadigas Machado . – Salvador, 
2011. 
 64f. 
 
 Orientadora: Profª.Drª. Maria de Fátima V. Nolêto. 
 Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Universidade do Estado da Bahia. 
Departamento de Educação. Colegiado de Pedagogia. Campus I. 2011. 
 
 Contém referências e apêndices. 
 
 1. Educação de crianças. 2. Contos de fadas. 3. Prática pedagógica. 4. Atividades 
criativas na sala de aula. I. Nolêto, Maria de Fátima V. II.Universidade do Estado da 
Bahia, Departamento de Educação. 
 
 
 CDD: 372.2 
GISELE FADIGAS MACHADO 
 
 
 
OS CONTOS DE FADAS E A 
FORMAÇÃO MORAL DA CRIANÇA 
 
Monografia apresentada como requisito parcial 
para obtenção da graduação em pedagogia com 
habilitação em Educação infantil da Universidade 
do Estado da Bahia – UNEB, sob orientação da 
Profª. Maria de Fátima V. Noleto 
 
 
 
Avaliado em 18 de Março de 2011 
 
 
Conceito:_______________________ 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
____________________________________________________________ 
Profª. Maria de Fátima V. Noleto 
(UNEB-SALVADOR/BA) 
 
 
____________________________________________________________ 
Profª. Adelaide Rocha Badaró 
(UNEB-SALVADOR/BA) 
 
 
____________________________________________________________ 
Profª. Rilza Cerqueira Santos 
(UNEB-SALVADOR/BA) 
 
 
 
SALVADOR 
2011 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico esse trabalho aqueles que acreditam e se esforçam para a 
literatura infantil assuma seu lugar nas salas de aula, não só como um 
“calmante” ou como uma simples tarefa com fins pedagógicos, mas 
sim com uma libertadora de mentes e criadora de pensadores. 
AGRADECIMENTOS 
 
Hoje se encerra mais um circulo da minha vida e outro se inicia cheio de alegria, esperança e 
tantas outras coisas que nem consigo descrever. Quero agradecer primeiro a Deusa por me 
acompanhar e guiar por todo percurso. Aos meus filhotes Vítor e Sophia, por me 
proporcionarem momentos fantásticos junto ao mundo dos contos maravilhosos, e 
principalmente pela paciência, por me aturar mal humorada e estressada. Vocês são minha 
vida e mamãe ama muito vocês! Ao meu avô Jayme e aos meus pais Abílio, Marly e Nadir 
por incentivarem sempre a leitura e despertarem em mim o amor pelos Contos de Fadas e pela 
literatura em geral. A meus irmãos Otávio José e Sonia Cristina, meus sobrinhos Daniel e 
Vinicius e minha cunhada Andrea. A todos meus queridos e amados amigos, principalmente 
Gina, Fernanda, Daniela Teixeira, Daniela Freitas, Pâmyla, Larissa, Arisméia, Neilza, Daniele 
e Caio pelos dias e noites de estudo e pela diversão dentro e fora da UNEB. E especialmente a 
Edu, sem você eu enlouqueceria. Aos mestres que me guiaram ao longo dessa jornada, em 
especial a Sebastião Heber, Adelaide Badaró, Heloisa Lopes e minha orientadora Fátima 
Noleto, exemplos de como quero ser quando crescer. E talvez as pessoas mais importantes e 
que sem elas nunca conseguiria desenvolver esse trabalho, Charles Perrault, Irmãos Jacob e 
Wilhelm Grimm, Hans Christian Andersen por trazerem para as paginas dos livros os contos 
da tradição oral de diversos povos. . Enfim, meu muito obrigado aqueles que estiveram e 
estão presentes na minha vida. Amo incondicionalmente e irrevogavelmente todos vocês! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Se a educação é a arte de cada um se relacionar com outrem 
e a pedagogia a arte de ensinar as letras, o sonho é a arte de 
relacionar os outros com os fantasmas e os fantasmas com 
as palavras. Se o sonho não nos ensinasse a fabricar dragões 
e a matar dragões, como havíamos de aprender as palavras e 
as letras que nos explicam que não há dragões para matar? 
Não se pode ensinar a arte de matar dragões porque não há 
dragões para matar....mas quando a nossa fantasia nos diz 
que eles existem, não temos outro remédio senão 
aprender a matá-los....” 
(João dos Santos, O falar das letras) 
 
RESUMO 
 
 
Este trabalho busca verificar a importância dos contos de fadas na formação moral da criança, 
bem como seu uso e sua importância nas salas de aula de educação infantil, tendo como 
referência os diversos teóricos estudados, como Coelho, Bettelheim, Amarilha, Abramovich 
entre outros. Visando assim fazer um passeio pelo assunto e dessa forma repensar os contos 
de fadas, como instrumento auxiliar nas diversas práticas pedagógicas. Assim, a pesquisa 
propôs-se a analisar de que forma esse gênero contribui no processo de construção da 
formação moral das crianças, bem como sua relação com o processo de escolarização. A 
abordagem metodológica foi qualitativa e quantitativa, fundamentada na pesquisa de campo 
realizada com as professoras da rede publica e privadas de Salvador e Lauro de Freitas, alem 
das entrevistas realizadas com crianças de cinco a oito anos de idade, e na revisão de 
literatura. Os resultados obtidos foram satisfatórios, pois foi possível constatar-se que em grau 
maior ou menor, o trabalho com os contos de fadas tem a capacidade de influenciar e 
enriquecer o conhecimento de mundo das crianças, garantindo assim, a construção dos valores 
morais pelas mesmas. Esperam-se, com os resultados dessa pesquisa, gerar conhecimentos 
acerca da amplitude de se trabalhar os contos de fadas com as crianças de forma lúdica e 
criativa, e no campo acadêmico, estabelecer uma reflexão entre os professores de educação 
infantil, e com os pais, sobre a abrangência e importância dos contos de fadas na formação de 
nossas crianças. 
 
Palavras-chave: Educação Infantil - Contos de fadas - Formação Moral - Práticas 
pedagógicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
This paper seeks to verify the importance of fairy tales the moral development of children, as 
well as its use and its importance in the classroom in kindergarten, with reference to several 
theoretical studies, such as Coelho, Bettelheim, Amarilho Abramovich among others. Thus 
aiming to make a tour of subject and thereby rethink the fairy tales as an aid in education 
practices. Thus, the survey aimed to examine how this kind contributes in the building process 
of moral formation of children as well as its relationship with the school process. The 
methodological approach was qualitative and quantitative, based on field research conducted 
with teachers from public and private Salvador and Lauro de Freitas, apart frominterviews 
with children aged five to eight years old, and literature review. The results were satisfactory, 
since it was established that in greater or lesser degree, work with the fairy tales have the 
ability to influence and enrich the knowledge of the world of children, thus guaranteeing the 
construction of moral values for the same . Are expected, with the results of this research, 
generate knowledge about the extent of working fairy tales with children in a playful and 
creative, and in the academic field, to establish a debate between kindergarten teachers, and 
parents on the scope and importance of fairy tales in the formation of our children. 
 
Key Words: Kindergarten - Fairy Tales - Moral Formation - Pedagogic Practices. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMARIO 
 
 
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 12 
1 OS CONTOS DE FADAS ....................................................................................... 15 
1.1 A GÊNESE DOS CONTOS DE FADAS .................................................................... 16 
1.2 A MORFOLOGIA DO CONTO ............................................................................... 20 
1.3 A RELAÇÃO DA CRIANÇA COM O CONTO DE FADAS ................................. 22 
1.4 OS CONTOS DE FADAS E AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS .............................. 25 
2 A FORMAÇÃO ÉTICA E MORAL NA CRIANÇA ........................................... 27 
2.1 CONCEITO DE ÉTICA E MORAL ........................................................................
 
27 
2.2 A FORMAÇÃO ÉTICA E MORAL SEGUNDO PIAGET ..................................... 28 
2.3 A CRISE ETICA E MORAL NO MUNDO MODERNO ........................................ 31 
2.4 ÉTICA E MORAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL SEGUNDO OS 
PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS E O REFERENCIAL 
CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL ..................... 
 
33 
3 OS CONTOS DE FADAS COMO AGENTE DA FORMAÇÃO MORAL NA 
CRIANÇA ................................................................................................................ 36 
3.1 ANÁLISE DOS DADOS ....................................................................................... 37 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 57 
REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 58 
APÊNDICE ..................................................................................................................... 61 
APÊNDICE I - QUESTIONARIO APLICADO COM AS PROFESSORAS ........... 62 
APÊNDICE II - ENTREVISTA COM AS CRIANÇAS .............................................. 64 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
 
ILUSTRAÇÃO 1 – Ariel - Desenho de Angélica, 5 anos ................................................. 50 
ILUSTRAÇÃO 2 – Ariel e Eric - Desenho de Vinicius, 5 anos ...................................... 51 
ILUSTRAÇÃO 3 – A Bela e a Fera dançando - Desenho de Sophia, 6 anos .................. 52 
ILUSTRAÇÃO 4 – A Bela e a Fera dançando - Desenho de Karine, 8 anos ................... 53 
ILUSTRAÇÃO 5 – Rapunzel e o príncipe - Desenho de Camila, 8 anos ........................ 54 
 
 
 
 
 
 
 12 
INTRODUÇÃO 
Tratar da aprendizagem da criança começa quando ela nasce e segue por toda sua 
vida, mas é nos primeiros anos que a personalidade e o caráter delas começam a serem 
moldados, é a partir dos 4 anos que elas começam a procurar entender o que esta acontecendo 
com elas e com o mundo a sua volta e é nessa questão que a literatura infantil pode ser 
utilizada como instrumento, pois os contos utilizam como base de suas histórias os maiores 
conflitos da humanidade, falando sobre amizade, amor, solidariedade, ética, medo, desejo, 
ódio, perigos, morte, luta entre o bem e o mal, etc. e muitas outras questões que formam um 
indivíduo. 
Sendo assim, compartilhar um conto de fadas significa deixá-lo fluir, 
possibilitando que o professor e o aluno experimentem emoções novas. Significa também um 
outro modelo de educação que acolha o maravilhoso, a fantasia e a criatividade, para que os 
professores possam dividir com as crianças seu conhecimento e enfrentar a incerteza e o 
desconhecido tendo a literatura infantil e os contos de fadas como um meio de socialização, 
um instrumento que os ajude a inserir as crianças no mundo. 
O objetivo desse trabalho é analisar a importância dos contos de fadas como 
instrumento de formação moral e autoconstrução, procurando identificar nos contos de fadas 
seu caráter plurifuncional, enumerar os diversos campos onde podem ser empregados e como 
eles estão sendo utilizados na educação, descrever a relação ficção-realidade para as crianças, 
além de apontar as relações entre a leitura dos contos de fadas e a constituição moral, ética e 
emocional da criança. 
A escolha do tema literatura infantil e conto de fadas foi baseado em experiências 
pessoais da infância, onde estavam sempre presentes no ambiente familiar e escolar e foram 
um dos principais pontos de partida para a autoconstrução e formação pessoal, pois eram 
extremamente ricos de informações, mostrando problemas e indagações do dia a dia, tudo isso 
de forma fantasiosa e até fantástica, mas sempre dando uma base para aprendermos a entender 
como viver e como funciona a vida em sociedade. 
A preocupação com essa temática surgiu no ano de 2007, quando cursava o 1º 
semestre do curso de pedagogia e seguiu nos semestres seguintes, principalmente após o 
primeiro contato com a sala de aula e notar a falta de interesse de alguns dos educadores e dos 
 13 
educandos pela literatura infantil ou quando os mesmo os utilizavam na sala de aula como um 
instrumento de controle sobre as crianças, isso ocorre porque os contos de fadas são sempre 
bem recebidos pelas crianças, então eles recorrem aos contos, ou quando o tratavam apenas 
como um suporte didático para as aulas de linguagem, transformando-os em tarefas escolares, 
perdendo assim toda sua função lúdica e estética, deixando de lado toda sua magia fazendo 
com que as crianças associassem sua leitura com as tarefas escolares e passassem a não gostar 
de ler e também impedindo que as emoções proporcionadas pelos contos sejam vivenciadas 
plenamente pelas mesmas. 
 Outro fator que levou a escolha dessa temática foi o censo escolar de 2000 do 
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP onde mostra 
que os livros de literatura infantil são utilizados em 58% das creches do país e que seu 
percentual aumenta nos estabelecimentos da pré-escola para 64%, sendo assim podemos 
perceber que mesmo sabendo da importância da literatura infantil na aprendizagem e 
formação da criança, e que o incentivo a leitura deve ocorrer desde cedo tanto em casa quanto 
na escola, sendo dever dos pais e dos professores estimularem a criança a descobrir o mundo 
imaginário e fantástico dos livros, estes ainda buscam seu espaço nas casas e nas salas de 
aula. 
Essas situações inquietantes sugiram como ponto de partida para o 
desenvolvimento desse trabalho, onde pretende-se tratar a seguinte questão, a literatura 
infantil e principalmente os contos de fadas continuam a ser instrumento de formação cultural 
e autoconstrução para as crianças? Diante disso ainda podemosquestionar qual a relação da 
criança com a literatura infantil e principalmente os contos de fadas? E como os mesmos estão 
sendo utilizados nas escolas de educação infantil? 
Este trabalho fundamenta-se nos estudos realizados por Sennett (2003) trás á analise das 
mudanças que ocorreram entre as esferas da vida pública e da vida privada, como declínio de 
uma vida pública traz problemas ao homem moderno e contribui para mudanças significativas 
no meio urbano alem de quanto isso influencia na construção da própria noção de cidadania; 
Piaget (1994) que através de analises das respostas de crianças pesquisadas, analisa as regras 
do jogo social e a formação das representações infantis, além de traçar um perfil da formação 
moral da criança, seus estagio e como ele acontece em cada estagio; Propp (2010) faz uma 
analise morfológica dos contos maravilhoso, que nos identificar o conto maravilhoso e o 
conto de fadas através de fatores comuns nas historias; Merege (2010) que faz uma gênese 
 14 
dos contos de fadas, além de classificá-los como patrimônio universal da humanidade, pois 
possui elementos comuns a diversas culturas; Bettelheim (2009) trás uma analise dos contos 
de fadas mais famosos, seus verdadeiros significados e como eles podem ajudar as crianças a 
lidar com o seu emocional e a construir seus valores, alem de que fazer a relação entre os 
conceitos psicanalíticos e as historias que são contadas para crianças, fazendo um contraponto 
entre o desenvolvimento da criança e os contos de fadas; Abramovich(2006) que faz uma 
analise dos livros destinados as crianças e como trabalhar literatura infantil em sala de aula; 
Amarilha (2004) que trás a importância dos contos de fadas na formação comunicativa, 
cognitiva e psicológica da criança e a inserção de praticas pedagógicas prazerosas em sala de 
aula; Coelho (2003) faz um apanhado histórico do contos de fadas, além de analisá-los como 
auxiliadores na formação da criança e nos mostra que a importância dos livros ainda hoje no 
mundo informatizado, como e por que ler os clássicos universais e que a imposição dos livro 
como leitura obrigatória não forma leitores e nem ajuda na formação da criança, entre outros, 
que nos mostram como a literatura infantil e principalmente os contos de Fadas podem ser 
usados na saúde da criança, seja para ajudá-la com problemas psicológicos ou na educação, 
seja para apenas ensiná-la a reconhecer o mundo em que esta inserida e com o qual divide 
seus ganhos e suas perda, seus valores morais e éticos, ou simplesmente ensiná-las o prazer de 
ler. 
Este trabalho trata-se de uma pesquisa de campo nas escolas da rede publica, 
situadas no município de Salvador e Lauro de Freitas, onde será aplicado um questionário 
com os docentes, este questionário será composto de 15 perguntas referente à literatura 
infantil com ênfase nos contos de fadas a pesquisa ocorrerá em um período de 30 dias. Serão 
também realizadas entrevistas e oficinas de contos de fadas com crianças entre quatro e oito 
anos de idade. 
Organizo este trabalho em três itens. O primeiro tratará dos contos de fadas, sua 
origem e criação, sua morfologia, o que faz da historia ser um conto de fadas, sua simbologia 
e seus arquétipos, sua função, sua importância no passado e nos dias atuais. O segundo trará a 
formação moral da criança, sua importância e necessidade nos dias atuais, como ocorrem o 
processo de formação moral. No terceiro item veremos a importância dos contos de fadas e 
formação moral da criança, os contos de fadas e as crianças, como elas lidam com as 
situações encontradas nas historias, a importância do jogo ficcional que os contos 
proporcionam, a visão do professor em relação ao conto de fadas e como ele o utiliza como 
recurso pedagógicos em sala de aula. 
 15 
1 OS CONTOS DE FADAS 
Na Idade Média não existia a “infância”, não se escrevia para as crianças, não 
havia livros para elas. As crianças viviam inseridas no mundo adulto. Segundo Stone: 
Na sociedade antiga, não havia a “infância”: nenhum espaço separado do 
“mundo adulto”. As crianças trabalhavam e viviam junto com os adultos, 
testemunhavam os processos naturais da existência (nascimento, doença, 
morte), participavam junto deles da vida publica (política), nas festas, 
guerras, audiências, execuções, etc., tendo assim seu lugar assegurado nas 
tradições culturais comuns: na narração de historias, nos cantos, nos jogos. 
(STONE, 1979, p. 69-76) 
Porém, no inicio do século XVII varias mudanças começaram a ocorrer, pois os 
fundamentos políticos, econômicos, morais, culturais e sociais da sociedade antiga foram 
sendo superados. Isto aconteceu devido à ascensão da família burguesa, que passa a 
reivindicar formas mais concreta de vida, surgindo assim às primeiras preocupações com a 
educação das crianças pequenas essas preocupações resultaram do reconhecimento e 
valorização que a criança passou a ter no meio em que viviam, mudanças significativas 
ocorreram nas atitudes das famílias em relação às crianças que, inicialmente, eram educadas a 
partir de aprendizagens adquiridas junto aos adultos, isto ocorreu devido ao surgimento do 
“sentimento de infância”, isto é “a sociedade passou a ter consciência da particularidade 
infantil, particularidade essa que distingue essencialmente a criança do adulto.” segundo 
Ariés, (1981, p. 156) concedendo assim um novo status à infância. 
Com tudo isso precisava então haver mudanças, sendo que as duas mais 
importantes que podemos destacar são a reorganização da escola e a criação de um gênero 
literário especifica para as crianças, é em meio a todas estas transformações que nasce a 
literatura infantil. 
Podemos dizer que a literatura infantil é um dos gêneros literários mais recentes, 
já que os primeiros livros infantis surgiram no final do século XVII e durante todo o século 
XVIII e segundo Vitor Quelhas (2004) em sua entrevista “Viver com as fadas: A importância 
do conto de fadas” foi também nesta época que surgiram na Europa um dos segmentos mais 
importantes e significativos da literatura infantil: Os contos de fadas que surge do termo 
francês conte de fée que logo torna-se o fairy tale inglês. 
 
 16 
1.1 A GÊNESE DOS CONTOS DE FADAS 
Narrar histórias é uma das praticas mais antigas do ser humano, tendo 
provavelmente origens na pré-história e se desenvolvendo com o passar dos anos, segundo 
Ana Lucia Merege: 
Desde o surgimento da linguagem, essencial para a cooperação e a 
sobrevivência dos primeiros grupos de caçadores e coletores, é provável que 
já houvesse algum tipo de relato, uma troca de informações ao menos, 
possivelmente fazendo não só o uso da palavra como de outros sons, gestos e 
mímica. Mais tarde, a linguagem se tornaria cada vez mais elaborada na 
medida em que o pensamento humano fosse crescendo em complexidade. 
(MEREGE, 2010, p. 16) 
 Para Merege (2010) antes do surgimento da escrita as historias eram registradas através de 
sua memorização e transmitidas oralmente por anciões de ambos os sexos em reuniões ou 
ritos de passagem, algumas culturas tinham pessoas treinadas na arte da narrativa para passar 
essas historias adiante, assim as perpetuando por diversas gerações. Os contos de tradição 
oral, que eram parte das estórias e do folclore de vários povos, foram à base para os contos de 
fadas como conhecemos hoje, os tornando universais e herança cultural de diversas nações 
Segundo Nelly Novaes Coelho (2010, p.75) “foi na França, na segunda metade do 
século XVII, durante a monarquia absoluta de Luis XIV, o Rei Sol, que se manifestou 
abertamente a preocupação com uma literatura para crianças ou jovens” e que os contos de 
fadas são propriamente tidos como literatura infantil. 
Para Coelho (2010) a históriados contos de fadas começa com Charles Perrault 
(1628-1703) que pode ser considerado como o primeiro a publicar uma coletânea de contos 
infantis, em 1697 na França sobre o titulo de Contes de Ma Mére I’Oye, em português 
“Contos da Mãe Gansa” cuja à autoria de inicio foi atribuída a seu filho mais novo, Pierre 
Perrault D’Armancour que na época estava com dezenove anos. Vários historiadores ainda se 
perguntam o motivo para Perrault não ter assumido a autoria do livro, Coelho (2010, p.90) 
acredita na teoria que Perrault “[...] não quisesse mudar sua imagem de escritor culto e 
membro da Academia Francesa, aparecendo ao grande publico como autor de uma literatura 
frívola, como era considerada a literatura popular, da qual saíram tais contos.” Pois para a 
Academia Francesa os contos de fadas não passavam de literatura vulgar, sendo desprezados 
pelos escritores cultos que viam nele apenas um exemplo da tolice e ingenuidade feminina. 
 17 
Os contos da Mãe Gansa são publicados com oito contos de fadas recolhidos por 
Perrault, de acordo com Coelho (2010) são eles, “A Bela Adormecida no Bosque”, 
“Chapeuzinho Vermelho”, O Barba Azul”, “O Gato de Botas”, “As Fadas”, A Gata 
Borralheira ou Cinderela”, “Henrique, o Topetudo” e “O Pequeno Polegar” que 
posteriormente juntou a estes mais três títulos: “Pele de Asno”, “Os Desejos Ridículos” e 
“Grisélidis”. Foi através da publicação de Perrault que esses contos se disseminarão pela 
França e por outros países, fazendo com que os mesmo ganhem mais espaço junto à 
sociedade, cujas famílias os liam para suas crianças, tornando-os alicerces de uma nova 
corrente literária. 
Segundo Coelho (2010) além de Perrault, algumas autoras também se destacaram 
durante o século XVII e XVIII na publicação desses contos, o que faz com que surja “a moda 
das fadas” agora não apenas entre as crianças, mas entre os adultos também, entre elas 
podemos destacar Marie Catherine D’Aulnoy e Marie-Jeanne L’Héritier, sendo a ultima 
sobrinha do próprio Perrault. O gênero continua em alta até fins do século XVIII quando 
eclodiu a Revolução Francesa, que tem o culto a razão como base onde qualquer forma de 
pensamento mágico era condenado, para Coelho (2010, p101-102) “abre-se uma nova Era 
para o mundo, onde um novo Sentimento ia gerar uma nova razão, e no qual as fadas passam 
a segundo plano[...]”, mas apesar dos contos de fadas serem considerados durante alguns anos 
um gênero menor ele conservou-se nos livros infantis e na narrativas de vários povos. 
Ainda de acordo com Coelho (2010) é através dos estudos de Lingüística e 
Folclore realizado pelos irmãos Jacob (1785-1863) e Wilhelm (1786-1859) Grimm, na 
Alemanha no final do século XVIII e inicio do século XIX, que os contos de fadas retornam 
ao seu status e foram definitivamente constituídos e se expandiram pela Europa e Américas. 
Todo material folclórico reunido pelos Irmãos Grimm foram publicados em 1819 sobre o 
titulo Kinder-und Hausmärchen em português “Contos de Fadas para Crianças e Adultos”. 
Foi o sucesso dos contos coletados pelos Grimm que abriram caminho para o gênero: 
Literatura infantil como conhecemos hoje, segundo Coelho (2010, p. 149) ”Buscando 
encontrar as origens da realidade histórica nacional, os pesquisadores encontram a fantasia, o 
fantástico, o mítico... e uma grande Literatura Infantil surge para encantar crianças do mundo 
todo” 
A publicação dos Irmãos Grimm “Contos de Fadas para Crianças e Adultos” trás 
diversos contos da cultura alemã, como também de outras partes, incluindo historias já 
 18 
recolhidas por Perrault na França, o que para Coelho(2010, p.150) ”prova a existência de uma 
fonte comum [...]” sendo que podemos concluir com isso que os contos de fadas rompem 
todas as barreiras geográficas, mostrando toda sua força literária, pois eles lidam com todos os 
conteúdos essenciais da humanidade e é por isso que se perpetuam há milênios. Coelho (2003, 
p. 21) afirma que “Os contos de fadas fazem parte desses livros eternos que os séculos não 
conseguem destruir e que, a cada geração, são redescobertos e voltam a encantar leitores ou 
ouvintes de todas as idades.” 
De acordo com Coelho (2010) os Irmãos Grimm publicaram um total de sessenta 
e oito contos no livro “Contos de Fadas para Crianças e Adultos” sendo que algumas das 
historias recolhidas no são: “A Bela Adormecida”, “Os músicos de Bremen”, “Os sete Anões 
e a Branca de Neve”, “O Chapeuzinho Vermelho”, “A Gata Borralheira”, “O Corvo”, 
“Frederico e Catarina”, “Branca de Neve e Rosa Vermalha”, “O Ganso de Ouro”, “O Alfaiate 
Valente”, “Os Sete Corvos”, “A Casa do Bosque”, “A Guardadora de ganso”, “O Príncipe 
Rã”, “O Caçador Habilitado”, “Olhinho, Doisolhinhos, Tresolhinhos”, “O Príncipe e a 
Princesa”, “A Luz Azul”, “Margarida, a espertalhona”, “A Alface Mágica”, “As três 
Fiandeiras”, “A Velha do Bosque”, “Joãozinho e Maria”, “O Senhor Compadre”, “João, o 
felizardo”, “O Pequeno Polegar” e “Rapunzel”, entre outros. Como já foi dito anteriormente 
algumas das historias de Perrault fazem parte também do livro publicado pelos Irmãos 
Grimm, contudo devido ao surgimento do Romantismo, os contos ganham uma nova 
roupagem, para Coelho: 
 [...] a violência (patente ou latente dos Contos de Perrault) cede agora a um 
humanismo, em que se mescla o sentido do maravilhoso da vida. A despeito 
dos aspectos negativos que continuam presentes nessas estórias, o que 
predomina sempre é a esperança e a confiança na vida. Para exemplificar, 
confrontem-se os finais da historia do Chapeuzinho Vermelho em Perrault 
(que termina com o lobo devorando a menina e a avó) e nos Grimm(em que 
o caçador chega e abre a barriga do lobo, deixando que as duas saiam vivas e 
felizes, enquanto o lobo morria com a barriga cheia de pedras que o caçador 
ali colocou)[...] (COELHO, 2010, p.151) 
Assim sua forma de escrita foi redefinida para estar de acordo com o novo 
movimento, onde as crianças começam a deixar de serem vistas como adultos em miniaturas e 
uma preocupação quanto ao que deve ser destinado a sua leitura surge, os Irmãos Grimm são 
os primeiros a mostrarem essa a clara preocupação quanto às crianças ao retirarem alguns 
contos da publicação final do livro e reescreveram vários outros contos de fadas visando a 
 19 
mentalidade e o desenvolvimento infantil, isso sem perder suas características encontradas na 
tradição popular. 
Mais tarde no século XIX a literatura infantil clássica teria seu acervo completado 
com os contos de fadas do poeta e novelista dinamarquês Hans Christian Andersen (1805 – 
1875), que é considerado por muitos como o primeiro autor “romântico” a escrever historias 
destinadas às crianças, segundo Coelho: 
[...] todas as narrativas recolhidas e adaptadas pelos Irmãos Grimm 
pertenciam à variada tradição oral, na qual eles a foram descobrir. Já com 
Andersen não aconteceu o mesmo. Duas foram as fontes de que ele se 
utilizou: a da literatura popular conservada pela tradição oral ou em 
manuscritos, e a da vida real que se oferecia aos seus olhos. Seus inúmeros 
contos mostram que ele “inventou” muito mais do que seus antecessores. 
(COELHO, 2010, p.151) 
Seus contos de fadas foram embasados nos ideais românticos da época e 
buscavam sempre a consolidação dos valores populares, visando passar padrões 
comportamentais que deveriam ser seguidos pela nova sociedade que se organizava, os ideais 
de fraternidade, generosidade e solidariedade eram uma constante em suas obras, que também 
apontavam os confrontos entre "poderosos" e "desprotegidos", "fortes" e "fracos", 
"exploradores" e "explorados" demonstrando a defesa da idéia de que todos os homens 
deveriam ter direitos iguais, “Andersen foi, portanto, a primeira voz autenticamente romântica 
acontar historias para crianças” (Coelho, 2010, p. 161). 
Segundo Coelho (2010) alguns contos presentes nos livros publicados de 
Andersen são: “O Patinho Feio”, “Os Sapatinhos Vermelhos”, “Nicolau Grande e Nicolau 
Pequeno”, “O Soldadinho de Chumbo”, “A Pequena Sereia”, “A Roupa Nova do Rei”, “A 
Princesa e o Grão de Ervilha”, “A Pequena Vendedora de Fósforos”, “A Pastora e o Limpador 
de Chaminés”, “A Polegarzinha”, entre outros. Contudo, apesar de Andersen ter seus contos 
consagrados no mundo da literatura infantil, muitos acreditam que ao contrario dos seus 
antecessores, sua forma de escrever possa ter uma papel negativo na formação das crianças, 
para Coelho: 
Nos dos Irmãos Grimm (e nos contos maravilhosos em geral) a violência e o 
mal passam quase despercebidos do leitor por que, alem de serem penetrados 
de magia que domina espaço todo, acabam totalmente vencidos em um 
“final feliz”, que os “neutraliza” (tal como acontece hoje nas estórias dos 
“super-homens” de toda espécie). Nos de Andersen, porem, a derrota final 
da personagem é quase regra, não só nos conto “realistas”, como nos 
“maravilhosos”. Se procedermos a uma estatística, veremos que as estórias 
 20 
com fim negativo são em numero superior às de desenlace feliz. [...] Pode-se 
concluir que grande parte de suas historias (por se tratar de literatura para 
crianças – seres em formação), hoje, apresenta aspectos que podem ter 
influencia negativa sobre o espírito infantil [...] E negativos, não por que a 
idéia de sofrimento não deva existir n universo infantil (quem o pode evitar 
durante a vida), mas devido à passividade das personagens, à 
impassibilidade, à resignação e ao fatalismo com que se submetem a tudo 
quanto lhes acontece. (COELHO, 2010, p. 164 – 168) 
Como podemos perceber essa preocupação acontece devido à passividade das 
personagens de Andersen, que aceitam todos os males e injustiças que surgem na vida delas 
sem lutar, o que vai contra a forma de educação dos dias atuais, onde a criança deve ser 
incentivada a sempre buscar uma solução para os problemas do cotidiano de forma ativa e 
dinâmica. Para Coelho “em uma época em que precisamos, mais do que nunca, incentivar o 
dinamismo vital da criança e sua participação ativa na vida, uma literatura que aponta como 
única saída à passividade e resignação não estará ajudando em nada” (Coelho, 2010, p. 168). 
Porém, as obras de Andersen não devem ser descartadas das prateleiras infantis, pois algumas 
de suas obras não tem nada de negativo e as que tem ainda mostram problemas humanos de 
caráter universal, então talvez a solução não seja retira-las da literatura para as crianças e sim 
uma questão de reescrevê-las como aconteceu aos contos recolhidos pelos Irmãos Grimm. 
De acordo com Coelho (2010) podemos ainda destacar três autores de grande 
importância dentro da literatura infantil, são eles os autores ingleses Charles Lutwidge 
Dodgson(1832-1898) conhecido pelo seu pseudônimo Lewis Carroll, com seus livros Alice's 
Adventures in Wonderland e Alice Througth the Looking Glass and what Alice Found there, 
respectivamente em português, “Alice no País das Maravilhas” e “Alice através do Espelho e 
o que Alice encontrou lá” e James M. Barrie (1860 – 1937) com seus contos “Peter Pan, o 
menino que não queria crescer” - 1904, “Peter Pan nos Jardim de Kessington”- 1907 e “Peter 
Pan e Wendy” – 1911. E o escritor italiano Carlos Lorenzini (1826 – 1890), conhecido pelo 
seu pseudônimo Collodi com seu livro “As Aventuras de Pinóquio” de 1883. Esses autores 
juntamente com Perrault, os Irmãos Grimm e Andersen contribuíram diretamente para a 
permanência dos contos de fadas até os dias atuais. 
1.2 A MORFOLOGIA DO CONTO 
Os contos de fadas são comumente confundidos com outros gêneros de narrativas, 
principalmente com os contos maravilhosos, alguns autores como Todorov (1992) defende 
que os contos de fadas são “uma das variedades do maravilhoso, do qual se distingue por uma 
 21 
certa escritura e não pelo estatuto do sobrenatural” (TODOROV, 1992, p. 60), outros autores, 
como Coelho (2000) acreditam que há duas diferenças básicas entre os gêneros: A Origem e o 
propósito. 
Segundo Coelho (2000) a origem dos contos maravilhosos tem suas raízes nos 
contos vindos do Oriente, enquanto os contos de fadas têm como base as narrativas da 
tradição popular da Europa. Ela destaca também que assim como a origem dos contos difere o 
seu propósito também é distinto entre eles, sendo que os propósitos dos contos maravilhosos 
são de natureza material enquanto os dos contos de fadas seriam de natureza existencial. 
Contudo, a discussão sobre as diferenças ou semelhanças entre os contos de fadas 
e os contos maravilhosos podem ser melhor entendidas a partir dos estudos sobre a 
morfologia do conto realizados pelo russo Vladimir Iakovlevitch Propp (1895 – 1970) 
Segundo Vladimir Propp (2010) os contos podem ser caracterizados através da 
analise da sua estrutura narrativa. Assim, o mesmo afirma que essa analise pode ser feita 
através de alguns elementos, com base em sua obra podemos destacar os cinco elementos 
principais que podem ser analisados nos contos e que independente do que sejam 
acrescentados à narrativa eles não se modificam. Esses elementos são: aspiração ou 
desígnio, viagem, desafio ou obstáculo, mediador ou doador, conquista do objetivo 
1. Aspiração ou desígnio: 
É o motivo primordial que leva o herói ou heroína a ação, pode ser uma tarefa, um 
dever, um ideal ou uma aspiração. É o ponto de partida da narrativa dos contos; 
2. Viagem: 
De uma forma geral, o herói ou heroína empreende uma jornada, que pode ser 
real, isto é, ele abandona seu lar, seu reino, sua família. Ou interior, isto é, ele é despojado de 
seus direitos e ou identidade e passa a viver num ambiente pouco amistoso, apesar de não 
haver realmente ocorrido uma mudança de cenário. Assim, a viagem pode ser entendida com 
a jornada empreendida pelo personagem em busca do cumprimento da aspiração; 
3. Desafio ou obstáculo: 
Este pode aparecer de diversas formas, sendo caracterizada como a prova que o 
herói ou heroína passa para alcançar e merecer sua recompensa, ela pode apresentar-se em 
 22 
forma física, como uma floresta, uma torre, uma fera; ou como algo subjetivo, como uma 
maldição, uma profecia, uma tarefa impossível de ser realizada; ou ainda como um 
antagonista, como uma bruxa ou uma madrasta malvada; 
4. Mediador ou doador: 
É um ser ou objeto mágico que auxilia o herói durante a sua jornada ajudando-o 
na conquista dos seus objetivos; 
5. Conquista do objetivo: 
É quando o herói chega ao fim da jornada realizada, cumprindo todos os desafios 
impostos e saindo vitorioso dos mesmos, obtendo assim a tão esperada recompensa. È a hora 
do conhecido ‘“Felizes para Sempre” 
A partir desses cinco elementos básicos, outros diversos elementos podem surgir 
como variante, sem que com isso a estrutura básica da narrativa se modifique. Com base 
nesses cinco elementos Propp (2010) afirma que o conto maravilhoso ou o conto de fadas é: 
[...] aquele que possui um desenrolar da ação que parte de uma malfeitoria 
ou de uma falta, e que passa por funções intermédias para ir acabar em 
casamento ou em outras funções utilizadas como desfecho. A função limite 
pode ser a recompensa, alcançar o objeto da demanda ou, de uma maneira 
geral, a recuperação da malfeitoria, o socorro e a salvação durante a 
perseguição, etc. Chamamos a este desenrolar da ação uma sequência. Um 
conto pode ter várias sequências. (PROPP, 2010, P. 90) 
Assim, ao analisarmos as sequências que levam ao desfecho da historias nos 
contos de fadas e nos contos maravilhosos com base nesses cinco elementos principais 
levantados por Propp (2010) notaremosque a estruturas narrativas de ambos são idênticas, 
assim sendo, podemos perceber que os contos de fadas estão inseridos ou são uma vertente 
dos contos maravilhosos. 
1.3 A RELAÇÃO DA CRIANÇA COM O CONTO DE FADAS 
Mas porque os contos de fadas são tão importantes na aprendizagem e formação 
da criança? Isso ocorre “porque os contos de fadas estão envolvidos no maravilhoso, um 
universo que denota a fantasia, partindo sempre duma situação real, concreta, lidando com 
emoções que qualquer criança já viveu...” (ABRAMOVICH, 1994, p. 120). 
 23 
Os contos de fadas, ao se iniciarem com seu clássico “Era uma vez um reino 
distante...” são tão atemporais. O reino do qual o conto fala pode ser qualquer um, em 
qualquer lugar e seus personagens têm determinadas características que despertam assim a 
identificação imediata da criança com o conto. Podemos ver bem sobre esse processo de 
identificação com os personagens do conto de fadas no livro Estão mortas as Fadas? Onde 
segundo Amarilha: 
Através do processo de identificação com os personagens, a criança passa a 
viver o jogo ficcional projetando-se na trama da narrativa. Acrescenta-se à 
experiência o momento catártico, em que a identificação atinge o grau de 
elação emocional, concluindo de forma liberadora todo o processo de 
envolvimento. Portanto, o próprio jogo de ficção pode ser responsabilizado, 
parcialmente, pelo fascínio que (o conto de fadas) exerce sobre o receptor. 
(AMARILHA, 1997, p. 18): 
As historias dos contos de fadas idealizam enredos que demonstram situações de 
uma determinada época, com um determinado contexto de vida adulta de uma forma que as 
crianças possam idealizá-las, colocando-se no lugar das personagens e apreendendo assim as 
“lições” que a historia subjetivamente passa e assim compará-las com a sua vida e o seu 
próprio dia-a-dia. E por se tratar de algo tão subjetivo, mesmo nos dias atuais em que não se 
tem cavaleiros valentes ou príncipes em cavalos brancos, elas podem ser encaixadas em 
outras situações diversas de acordo com o grau de abstração e associação da criança em 
relação a historia vivenciada. 
Sendo assim os contos contribuem para a formação da personalidade, para o 
equilíbrio emocional, isto é para o bem estar da criança, pois através de suas personagens boas 
e más, dos obstáculos que estas enfrentam e os desfechos que nem sempre são felizes para 
todos, as crianças começam a perceber o mundo em que esta inserida e todas as dores e 
prazeres contidos nele, estes contos falam-nos das verdades universais e individualmente de 
cada assunto que as crianças podem vir a se preocupar em cada fase da vida. 
A história proporciona ao indivíduo viver além de sua vida imediata, vivenciar 
outras experiências. Por isso seduz, encanta e embriaga. Quando ouvimos uma história e nos 
envolvemos com ela, há um processo de identificação com alguns personagens. Isso faz com 
que o indivíduo viva um jogo ficcional, projetando-se na trama. 
O jogo que o texto proporciona é de natureza dramática. Ao entrar na trama 
de uma narrativa, o ouvinte ou leitor penetra no teatro. Mas, do lado do palco 
ele não só assiste ao desenrolar do enredo como pode encarnar um 
personagem, vestir sua máscara e viver suas emoções, seus dilemas. Dessa 
 24 
forma, ele se projeta no outro através desse jogo de espelho, ganha 
autonomia e ensaia atitudes e esquemas práticos necessários a vida adulta 
(AMARILHA, 1997, p.53). 
Ao ouvir um conto de fadas é preciso que se dê tempo às crianças, é preciso que 
as crianças tenham a oportunidade de “mergulhar” na atmosfera do conto, que possam falar 
sobre ele, sobre assuntos e sentimentos despertados. Só assim o conto terá desempenhado sua 
função emocional e intelectual. Não se deve ocupá-las logo em seguida com outra atividade 
ou outra história. 
Quando um conto fala aos seus problemas e dificuldades interiores, a criança 
freqüentemente pede que lhe contem a história outra vez. Isso ocorre porque a criança precisa 
ouvir muitas vezes uma história para acreditar nela. Essa atitude poderá indicar que a história 
ouvida, de alguma forma está sendo importante e lhe trazendo respostas. 
A criança “sente” qual dos contos de fadas é verdadeiro para sua situação 
interna no momento (com a qual é incapaz de lidar por conta própria) e 
também sente onde a história lhe fornece uma forma de poder enfrentar um 
problema difícil (BETTELHEIM, 2009, p.74). 
As crianças identificam-se com os contos de fadas porque sua visão de mundo 
assemelha-se a ao mundo imaginário que os contos de fadas trazem para elas, e através desse 
mundo imaginário que as crianças encontram a solução para os seus conflitos, isto é, um 
consolo ou uma lição de vida, e isso ocorre de maneira bem mais significativo do que se o 
ouvissem da boca de um adulto, pois na maioria das vezes elas não conseguem confiar nos 
adultos por causa de suas atitudes para com elas, já com os contos, essa relação acaba caindo 
na cumplicidade, só ela e o personagem sabem o que se passa e nele elas podem confiar. 
Mesmo que o adulto consiga entender porque um determinado conto está 
encantando uma criança, não deve tentar explicar os motivos a ela, pois, por mais certo que 
ele esteja de suas interpretações, dizê-las à criança seria como privá-la da oportunidade de 
entender e enfrentar por ela mesma seus problemas, de sentir que é capaz de alguma forma, 
amenizar seus anseios. Segundo Bettelheim: 
Explicar a uma criança por que um conto de fadas é tão cativante para ela, 
destrói, acima de tudo, o encantamento da história, que depende, em grau 
considerável, da criança não saber absolutamente por que está 
maravilhada.(...) Nós crescemos, encontramos sentido na vida e segurança 
em nós mesmos por termos entendido e resolvido problemas pessoais por 
nossa conta, e não por eles terem sido explicados por outros . 
(BETTELHEIM, 2009, p.27) 
 25 
Os contos de fadas desenvolvem a capacidade de fantasia e imaginação infantil, 
eles são para as crianças, o que há de mais real dentro delas. Os contos enquanto diverte a 
criança, a esclarecem sobre si mesma e favorecem o desenvolvimento da sua personalidade. 
Por isso, um conto trabalha o aspecto afetivo, psicológico e cognitivo. 
Sendo assim, seria interessante os contos estarem presentes na vida da criança 
desde a educação infantil, auxiliando-a na elaboração dos seus conflitos, auxiliando-os a 
estruturar uma resposta positiva, um final feliz a seus problemas. 
1.4 OS CONTOS DE FADAS E AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS 
Os contos de fadas sempre tiveram a função de distrair e instruir, podendo ser um 
valioso instrumento auxiliar na educação das crianças. Ao mesmo tempo em que os contos de 
fadas aliviam pressões inconscientes, ajudam no processo de simbolização, podendo ser 
considerado um rico instrumento pedagógico. A escola então não pode se restringir somente à 
transmissão de conhecimentos ela pode e deve contribuir para a formação pessoal de cada 
indivíduo. 
Apesar disso os contos são utilizados com uma finalidade pedagógica, buscando 
nivelar a criança e trazê-la à realidade concreta, racional. Os professores na maioria das vezes 
apenas utilizam à literatura infantil na sala de aula como um instrumento de controle sobre as 
crianças, isso ocorre porque os contos de fadas são sempre bem recebidos pelas crianças, 
então eles recorrem aos contos “(...) para acalmar as crianças quando estão muito inquietas e 
também para impor silêncio e disciplina ao caos que, as vezes, ocorre na sala de aula.” 
(AMARILHA, 1997, pág. 17) ou então transformá-los em tarefas escolares, desta forma os 
contos de fadas perdem sua função lúdica e estética e impedem que as emoções sejam 
vivenciadas. 
Sendo assim, compartilhar um conto de fadas significa deixá-lofluir, 
possibilitando que o professor e o aluno experimentem emoções novas. Significa também um 
outro modelo de educação que acolha o maravilhoso, a fantasia e a criatividade, para que os 
professores possam dividir com as crianças seu conhecimento e enfrentar a incerteza e o 
desconhecido. 
De acordo com Bettelheim em seu livro A psicanálise dos Contos de Fadas, o 
conto de fadas é um espelho onde podemos nos reconhecer, descobrindo todos os problemas e 
 26 
todas as propostas de soluções que só podem ser elaborados na imaginação e que os 
educadores devem recorrer para poder entender melhor toda a complexidade e totalidade das 
crianças que estão sob sua responsabilidade. 
Segundo Amarilha os contos de fadas devem ser trazidos para o cotidianos escolar 
das crianças de forma lúdica, sem toda a pressão e o desgastes de atividades planejadas com o 
intuito de apenas ensinar a ler e a escrever, pois mesmo sem um objetivo técnico aparente, 
eles são significativos para a formação da criança. Amarilha (1997) afirma que: 
[...] mesmo sem tarefa, sem nota, sem prova, a literatura educa e que, 
portanto, é importante pedagogicamente [...] deixo, então, este convite para 
que brinquem com as palavras, brinquem de contar historias, de ler historias. 
Brinquem com a literatura e sejam felizes. (AMARILHA, 1997, p. 56) 
Sendo assim os educadores devem ter a literatura infantil e os contos de fadas 
como um meio de socialização, um instrumento que os ajude a inserir as crianças no mundo 
real de maneira lúdica, dando a ela a oportunidade de vivenciar seus medos e conflitos e que 
os mesmo possam ser pensados, repensados e assim solucionados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 27 
2. A FORMAÇÃO ÉTICA E MORAL NA CRIANÇA 
2.1.CONCEITO DE ÉTICA E MORAL 
Para que se entenda melhor a formação da ética e da moral na criança, faz-se 
necessário, apontar algumas definições que recebem os termos, ética e moral, assim como 
estabelecer a diferença entre os dois termos. 
A dificuldade para conceituar tanto o tema ética como o tema moral, gera 
diferentes opiniões. Muitas vezes, a ética e a moral são vistas e empregadas como sinônimos, 
caracterizando a idéia de conjunto de princípios e ou padrões de conduta. Segundo os 
Parâmetros Curriculares Nacionais, a ética e a moral tem suas origens no grego “ethos”, que 
quer dizer o modo de ser, caráter, e no latim “mos”, ou no plural “mores” que quer dizer 
costume e remetem ao comportamento propriamente humano adquirido histórica e 
socialmente a partir das relações coletivas dos seres humanos nas sociedades onde nascem e 
vivem.. No costume os sujeitos constroem valores, elaborando princípios e regras que 
regulam seu comportamento. 
Na ética podemos supor uma reflexão sobre os valores mais focados no individuo 
e no inter-humano, isto é, as pessoas estão preocupadas com seu próprio “eu”. Enquanto que a 
moral se dá tanto nas relações humanas, quanto nas de âmbito político, sempre nessas 
relações, podemos observar os sentimentos que se pressupõem de caráter moral, nas relações 
humanas, através das vivências cotidianas com seus amigos, familiares e na política na defesa 
dos direitos humanos e de conceitos como democracia. 
Para podermos estabelecer o conceito e a diferença de ética e moral nos 
amparamos em Ferreira (1975) e Silva (2002). 
De acordo com Ferreira (1975) ética é “o estudo dos juízos de apreciação que se 
referem à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja 
relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto” (Ferreira, 1975, p. 594). 
Enquanto o mesmo define moral como “conjunto de regras de conduta consideradas como 
válidas, quer de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer para um grupo ou pessoa 
determinada” (Ferreira, 1975, p. 950). 
Segundo Silva (2002, p. 92), “a ética constitui o domínio de investigação a 
respeito das noções de felicidade e infelicidade, bem e mal, justo e injusto e dos valores a que 
 28 
os homens se submetem por tradição ou adesão”. Enquanto a moral é um conjunto de 
condutas como respeitar os direitos alheios, buscar ter uma vida boa e merecer ser objeto de 
admiração moral. 
Diante desses questionamentos podemos deduzir que apesar de possuírem a 
mesma origem etimológica, as palavras ética e moral têm significações diferentes, a ética tem 
como base a integridade do ser humano frente a seus semelhantes, é uma reflexão crítica 
sobre a moral. Enquanto a moral é vista como um conjunto de princípios, crenças e regras que 
orientam o comportamento dos indivíduos nas diversas sociedades e culturas existentes, sendo 
os mesmos capazes de distinguir entre o bem e o mal, o certo e o errado e o justo e o injusto; 
2.2. A FORMAÇÃO ÉTICA E MORAL SEGUNDO PIAGET 
Segundo o epistemólogo suíço Jean Piaget (1896 – 1980), a partir de seus estudos 
e observações sobre o desenvolvimento da criança, concluiu que estas, ao contrário do que se 
pensava na época, não pensam como os adultos: certas habilidades ainda não foram 
desenvolvidas, incluindo a moralidade e a ética, estes não são valores intrínsecos aos seres 
humanos, não nascemos pessoas morais. 
Na sua obra “O juízo moral na criança”, Piaget (1994) destaca que a proposta de 
suas pesquisas é “estudar o julgamento moral, e não os comportamentos ou sentimentos 
morais” (PIAGET, 1994, p. 21), isto é, seus estudos baseiam-se no juízo da criança e não em 
suas ações morais, o que importa é a intenção da mesma ao praticar suas ações, ou seja, os 
valores que a motivaram a proceder daquela forma. Portanto, para Piaget a moralidade 
pressupõe intenção, e o agir é orientado por valores e princípios éticos, que representam 
julgamentos. 
Piaget utilizou-se de métodos clínicos para entender a representação que a criança 
faz da realidade, ele baseou sua teoria em dois tipos de dados: o juízo moral em situações 
hipotéticas, estudado por meio de histórias contadas às crianças, onde as histórias continham 
dilemas sobre desonestidade, mentira, injustiças, desastres materiais, alem de noções de 
honestidade, justiça e dignidade. Essas histórias eram contadas as crianças, que em seguida, 
deveriam dar suas opiniões emitindo, assim, juízos de valores sobre os conflitos. O outro se 
dava através da analise da prática e consciência do jogo infantil. Piaget definiu o 
desenvolvimento moral analisando as respostas das crianças diante de dilemas morais 
 29 
propostos por ele e analisando a maneira pela qual a criança lidava com as regras nos jogos 
infantis. 
De acordo com os estudos de Piaget (1994), o desenvolvimento moral da criança 
se dá através interação e para que estas interações aconteçam, há a ocorrência de processos de 
organização interna e adaptação, isto é, assimilação e acomodação. Para Piaget os esquemas 
de assimilação modificam-se de acordo com os estágios de desenvolvimento da criança e 
consistem na tentativa destas em solucionar situações a partir de suas estruturas cognitivas e 
conhecimentos anteriores, enquanto que a acomodação ocorre quando a criança ao deparar-se 
com um novo fato retira dele informações consideradas relevantes e, a partir daí, há uma 
modificação na estrutura mental antiga para dominar o novo objeto de conhecimento. 
Sendo assim, para Piaget (1994), os valores morais são construídos a partir da 
interação do sujeito com os diversos ambientes sociais e será durante a convivência diária, 
principalmente com o adulto, só assim que ela irá construir seus valores, princípios e normas 
morais. Segundo Piaget: 
Toda ordem, partindo de uma pessoa respeitada, é o ponto de partida de uma 
regra obrigatória. [...] A obrigação de dizer a verdade, de não roubar etc.,tantos deveres que a criança sente profundamente, sem que emanem de sua 
própria consciência: são ordens devidas ao adulto e aceitas pela criança. Por 
conseqüência, esta moral do dever, sob sua forma original, é essencialmente 
heterônoma. O bem é obedecer à vontade do adulto. (PIAGET, 1994, p. 
154). 
Piaget (1994) destaca três fases importantes para o desenvolvimento da moral da 
criança, denominando-as: Anomia, heteronomia e autonomia. 
a) Anomia 
Piaget (1994) aponta que na fase da anomia, a moral não ocorre, pois as normas 
de conduta são determinadas pelas necessidades básicas. Além de que, quando as regras são 
obedecidas, são seguidas pelo hábito e não por uma consciência do que se é certo ou errado, 
justo ou injusto e assim por diante. 
b) Heteronomia 
Segundo Piaget (1994) o correto é o cumprimento da regra e qualquer 
interpretação diferente desta não corresponde a uma atitude correta. Sendo assim, nesta fase 
as crianças interpretam a regra ao pé da letra, não percebendo o seu verdadeiro espírito. Sendo 
 30 
assim, o julgamento final se dá pelas conseqüências da ação e não pela intencionalidade do 
praticante da ação, pois as crianças baseiam seus julgamentos em um realismo moral, que é 
definido como “a tendência da criança em considerar os deveres e os valores a eles 
relacionados como subsistentes em si, independentemente da consciência e se impondo 
obrigatoriamente, quaisquer que sejam as circunstâncias às quais o indivíduo está preso” 
(PIAGET, 1994, p. 93). La Taille complementa que o realismo moral ocasiona concepção 
objetiva da responsabilidade, isto é: 
A criança em fase do realismo moral julga mais culpado alguém que tenha 
quebrado dez copos sem querer do que alguém que somente tenha quebrado 
um durante uma ação ilícita. Vale dizer que julga pelo aspecto exterior da 
ação – o fato de ter quebrado muito ou pouco - e não pela intencionalidade 
da mesma [...] a heteronomia, agora expressa pelo realismo moral, 
corresponde a uma fase durante a qual as normas morais ainda não são 
elaboradas, ou reelaboradas pela consciência. (LA TAILLE, 1992, p. 52). 
Sendo assim, no realismo moral o dever é totalmente heterônomo, as crianças não 
conseguem ainda entender a função social das normas que as cercam. Isto é, o dever não 
passa de mera obediência às leis estabelecidas e impostas pelos adultos. 
c) Autonomia 
De acordo com Piaget (1994) a autonomia é a última fase do desenvolvimento da 
moral. È nessa fase que as crianças começam a legitimação das regras. O respeito a regras é 
gerado por meio de acordos mútuos e remete a uma progressiva conquista da moral autônoma. 
O senso de justiça só desenvolve-se na “proporção dos progressos de cooperação e do respeito 
mútuo; de início, cooperação entre as crianças, depois entre crianças e adultos, na medida em 
que a criança caminha para a adolescência e se considera, pelo menos em seu íntimo, como 
igual ao adulto” (PIAGET, 1994, p. 275). 
Na fase autônoma a criança já é capaz de considerar a intenção dos atos e a 
cooperação, isto é, as crianças devem compreender as razões das regras e criar o hábito de 
avaliá-las. Portanto, para desenvolver a autonomia na criança, faz-se necessário o convívio 
com colegas da mesma idade o que promove a justiça entre iguais, mas não se deve excluir a 
autoridade adulta, está autoridade deve ocorrer sem posicionamentos autoritários, pois 
provoca o respeito mútuo e conseqüentemente a autonomia moral da criança. Para Piaget: 
A moral da consciência autônoma não tende a submeter às personalidades a 
regras comuns em seu próprio conteúdo: limita-se a obrigar os indivíduos a 
“se situarem” uns em relação aos outros, sem que as leis de perspectiva 
 31 
resultantes desta reciprocidade suprimam os pontos de vista particulares 
(PIAGET, 1994, p. 295). 
Segundo Piaget (1994) é respeitando e exigindo que sejam respeitados que as 
crianças constroem sua autonomia moral. 
2.3. A CRISE ETICA E MORAL NO MUNDO MODERNO 
Vivemos uma crise de valores, hoje a valorização do privado em detrimento do 
publico é a principal causa dessa crise, como afirma Sennett, “o eu de cada pessoa tornou-se o 
seu próprio fardo; conhecer-se a si mesmo tornou-se antes uma finalidade do que um meio 
através do qual se conhece o mundo” (Sennett, 1988, p.16), as pessoas deixaram de buscar o 
“conhecer o outro” e priorizando assim a busca dos seus próprios interesses, fazendo com que 
a relação com o outro seja concebida de maneira insatisfatória. Segundo Sennett: 
Quanto mais regras de localização, mais as pessoas procuram detectar; ou 
pressionam-se mutuamente para se despojar das barreiras dos costumes, das 
boas maneiras e do gestual que se interpõem no caminho da franqueza e da 
abertura mútuas. A expectativa é de que quando as relações são chegadas, 
elas sejam calorosas; é uma espécie intensa de sociabilidade que as pessoas 
buscam ter, tentando remover as barreiras do contato intimo, mas essa 
expectativa é frustrada pelo ato. Quanto mais chegada são as pessoas, menos 
sociáveis, mais dolorosas, mais fratricidas serão suas relações. (SENNETT, 
1988, p. 412) 
 A sociedade moderna sente as conseqüências desse individualismo, pois nessa 
busca pelos próprios interesses, o individuo não se preocupa em como pode estar afetando o 
bem estar do outro. Sennett (1988) afirma que todas essas mudanças acontecem 
principalmente por causa do capitalismo e da globalização, que visa o lucro e faz com que 
questões de ordem pública, sejam vista e avaliadas visando apenas o interesse pessoal. 
Costa (1988) aponta que o mundo moderno está sob a ótica de uma cultura 
narcísica, onde valores que eram tidos com essenciais para os nossos antepassados, como 
dignidade, honra, generosidade, honestidade, tornaram-se obsoletos para o sujeito que 
compõem a sociedade moderna, essa falta de valores que visam à coletividade levou esses 
indivíduos a não crerem no poder da lei e da justiça para a solução e negociação de interesse 
coletivo. Estes valores deixaram assim de ser considerados e formulados. Para Costa: 
[,,,] o cidadão viu-se, agora, despido do direito à justiça [...] Sem o exercício 
perde-se o critério que permite o “cálculo de equivalência” na distribuição 
dos bens. Diante das desigualdades, que são realidade de fato, a justiça e a 
lei aparecem como valor. Por conseguinte, à perda do direito de participar, 
 32 
soma-se agora a perda do direito de partilhar. Mais que isso, na ausência da 
justiça, e não tendo mais como reivindicar o que é de “meu direito” ou de 
“minha propriedade”, perde-se aos poucos a própria noção do que seja valor. 
Entregues a uma espécie de “relativismo” prático e generalizado, os 
indivíduos nada mais podem fazer, exceto sobreviver segundo a lei do mais 
forte. Se não há mais como recorrer a regras supraindividuais, 
historicamente estabelecidas pela negociação e pelo consenso, para dirimir 
direitos e deveres privados, tudo passa a ser uma questão de força, de 
deliberação ou decisão, em função de interesses particulares. Donde o 
recurso sistemático à violência, à delinqüência, à mentira, à escroqueria, ao 
banditismo “legalizado” e à demissão de responsabilidade, que caracterizam 
a “cultura cínico-narcísica” dos dias de hoje (COSTA, 1989, p.30-31). 
Para Silva (2002) outro importante fator que ocasiona à crise ética e moral que a 
nossa sociedade vem enfrentando é: o processo educacional, no qual as crianças estão 
inseridas, A sociedade atual vem ensinando as crianças desde muito cedo a preocuparem-se 
com a própria imagem em detrimento da imagem do outro. Alem de que “a imagem que 
temos de nós mesmos se constitui num valor a ser mantido, pois é vista como uma imagem 
positiva de si” (SILVA, 2002, p.255), esse fato, acompanhado de todo o processo educacionalfalho, e da influencia que os meios de comunicação passam para as crianças ao ensinarem 
apenas valores materiais e se focarem no individualismo, na busca pelo próprio sucesso, 
agravam ainda mais esse processo, pois a valorização excessiva dos valores não-morais leva a 
criança a desvalorizar e esquecer os valores morais. 
Yves Joel Jean Marie Rodolphe de La Taille (1998), professor do Instituto de 
Psicologia da Universidade de São Paulo, afirma também que “a imagem positiva de si” 
dependendo de como ela seja empregada, terá uma dimensão moral ou não-moral. Isto é, 
dependendo de como a criança escolha qual valor seguir e o que quer obter com ele 
determinará a que valores “a imagem positiva de si” será associada. Para La Taille: 
De fato, alguém poderá ter uma imagem positiva de si que não inclua a 
dimensão moral. Alguém poderá ter sua identidade associada a valores como 
ser rico, bonito, bem-sucedido, enquanto outros permaneceriam periféricos. 
Entre esses outros valores poderão estar, justamente, os valores morais, 
como a honestidade, a coragem, a lealdade, etc. Para outras pessoas, poderá 
ocorrer o contrário: os valores morais estarão no centro de sua identidade e 
outros (como ser bonito ou rico) na periferia. É bem provável que o lugar 
ocupado por estes valores seja forte determinante da conduta. Se alguém vê a 
si próprio como essencialmente honesto, tenderá a agir de forma honesta 
para preservar a identidade e sentirá forte vergonha quando suas ações 
infringirem os imperativos desta virtude. Em compensação, outra pessoa que 
vê a si própria, sobretudo como “bonita”, “melhor que os outros”, “gloriosa”, 
certamente agirá de forma a preservar tais atributos, mesmo que, para isto, 
infrações morais precisem ocorrer (LA TAILLE, 1998, p. 14-15). 
 33 
Para La Taille (1998) além do problema da transformação e perda de valores dos 
éticos e morais, uma das principais preocupações com relação às nossas crianças é o limite, ou 
melhor, a falta dele que as mesmas demonstram diariamente não só em casa, mas também na 
escola. Segundo La Taille: 
Limite é uma palavra que tem voltado à tona ultimamente. É empregada com 
freqüência, em geral de forma queixosa: “Essas crianças não tem limites!”; 
ou então, com um quê de autoritarismo: “É preciso impor limites!”; ou 
ainda, como crítica à família do vizinho ou dos alunos: “Esses pais não 
colocam limites!” A obediência, o respeito, a disciplina, a retidão moral, a 
cidadania, enfim, tudo parece associado a essa metáfora. Tudo talvez, mas 
não todos. De fato, quem supostamente carece de limites é sempre uma 
criança [..] Lembremos, porém, um fato importante e nunca suficientemente 
enfatizado: os jovens são reflexos da sociedade em que vivem, e não de uma 
tribo de alienígenas misteriosamente desembarcada em nosso mundo, com 
costumes bárbaros adquiridos não se sabe onde. Se é verdade que eles 
carecem disso que chamamos de limites, é porque a sociedade como um todo 
deve estar privada deles (LA TAILLE, 1998, p. 11). 
Por conta de todo esse quadro em que a sociedade moderna encontra-se, podemos 
perceber que as questões éticas e morais têm resultado em diversas reflexões da nossa 
sociedade, onde há uma preocupação em desenvolver uma educação onde as crianças possam 
vivenciar o processo de construção de seus próprios valores morais e sociais. 
2.4.ÉTICA E MORAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL SEGUNDO OS PARÂMETROS 
CURRICULARES NACIONAIS E O REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL 
PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL 
A formação moral e a ética obteve um novo contexto no âmbito escolar devido à 
inserção em sala de aula dos temas transversais propostos pelos Parâmetros Curriculares 
Nacionais - PCNs, cujo conteúdo visa à formação de cidadãos comprometidos com a 
construção de uma sociedade mais justa, e igualitária. 
Publicado em 1997, pelo Ministério da Educação e do Desporto - MEC, por meio 
da Secretaria de Educação Fundamental - SEF, os PCNS são compostos por dez volumes 
contendo orientações curriculares para o desenvolvimento do ensino fundamental no país. , o 
MEC também publicou o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil – RCNEI, 
sendo que este é parte integrante da série de documentos dos PCNs. 
Os PCNs e RCNEI têm como objetivo, dentre outros, contribuir para que 
pedagogos e outros profissionais ligados à área de educação desenvolvam uma intervenção 
 34 
pedagógica mais voltada para os ideais democráticos. Assim, proporcionando um exercício da 
cidadania mais efetivo. Para os PCNs e RCNEI ser cidadão é a participar efetivamente na 
construção e manutenção de valores e bens de um determinado contexto, isto é: 
Ser cidadão é participar de uma sociedade, tendo direito a ter direitos, bem 
como construir novos direitos e rever os já existentes [...] O bem comum é 
bem coletivo, bem público. O público é ‘o pertencente ou destinado à 
coletividade, o que é de uso de todos, aberto a quaisquer pessoas’. É, então, 
‘o campo da democracia’, como espaço de realização de direitos civis – 
liberdade de ir e vir, de pensamento e fé, de propriedade; de direitos sociais 
– de bem estar econômico, de segurança; e de direitos políticos – de 
participação no exercício do poder – de todos os homens e mulheres. Ao 
entender o poder como possibilidade de atuação, de interferência e 
determinação de rumos na sociedade, verifica-se que, para haver uma 
sociedade realmente democrática, o exercício do poder deve se dar numa 
perspectiva de pluralidade (PARÂMETROS, 1998, p. 54 - 55). 
Para isso, os PCNs e o RCNEI propõem que os professores trabalhem de forma 
transversal, na educação infantil, os temas relacionados à moral e a ética. Tendo em vista o 
desenvolvimento do exercício da cidadania, como uma forma de solucionar a atual crise de 
valores morais e éticos que nossa sociedade está vivendo. 
Segundo Goergen (2001) educação e ética são duas faces de uma mesma moeda, 
pois para ele, a educação é capaz de “abrir aos alunos o mundo do agir moral por meio de um 
processo pedagógico/ reflexivo/ comunicativo a respeito das proposições morais que integram 
o ambiente cultural.” (GOERGEN, 2001, p. 153). 
Assim, considerando, como objetivo principal da educação, a formação e o 
desenvolvimento da criança, visando torná-la um individuo apto ao exercício da cidadania, o 
modelo de educação proposto pelos PCNs e RCNEI sugere, que ao se trabalhar com os temas 
Moral e Ética, um conjunto de conteúdos baseados nos princípios dos direitos humanos como: 
dignidade, respeito mútuo, justiça, diálogo e solidariedade, que constituem a essência dos 
valores morais e éticos necessários a uma sociedade democrática. Sendo que segundo 
Goergen (2001): 
A educação moral nos tempos modernos é um processo de familiarização 
com um discurso moral a partir de princípios gerais, ligados a circunstâncias 
concretas, pois a moral é constituída por regras limitadas, configuradas 
concretamente no interior de um mundo de circunstâncias, mas à luz de 
princípios éticos mais gerais. Estes princípios ou normas não especificam no 
detalhe as condições de sua validade e observância, mas insinuam a 
necessidade de uma aprendizagem de como, em determinadas 
circunstâncias, estes princípios devem ser vividos ou mesmo 
justificadamente transgredidos (GOERGEN, 2001, p. 153). 
 35 
Sendo assim, os processos educativos podem e devem fomentar a autonomia 
moral e ética na criança, em lugar do conformismo; possibilitando na criança a construção dos 
valores morais e éticos, frente à internalização das normas convencionais a sociedade em que 
estão inseridas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 36 
3. OS CONTOS DE FADAS COMO AGENTE DA FORMAÇÃO MORAL NA 
CRIANÇA 
Este trabalho trata-se de uma pesquisa de campo realizadano período de 03 de 
dezembro de 2010 á 26 de fevereiro de 2011, nas escolas da rede publica de Salvador e Lauro 
de Freitas. A base, que subsidiará a discussão proposta neste trabalho, se dará a partir da 
pesquisa de campo, que segundo Lakatos e Marconi pode ser definida como: 
[...] a pesquisa em que se observa e coletam-se os dados diretamente no 
próprio local em que se deu o fato em estudo, caracterizando-se pelo contato 
direto com o mesmo, sem interferência do pesquisador, pois os dados são 
observados e coletados tal como ocorrem espontaneamente (LAKATOS E 
MARCONI, 1996, p. 75). 
Sendo assim, para Lakatos e Marconi (1996) o interesse da pesquisa de campo está 
voltado para o estudo de indivíduos, grupos, comunidades, instituições, entre outros campos. 
Tendo como objetivo, compreender os diversos aspectos da sociedade, conseguir informações 
e ou conhecimentos acerca de um problema e descobrir novos fenômenos e suas relações. 
Os sujeitos que participaram desta pesquisa foram: professoras do grupo 04 e 05 
da educação infantil e do 1º ano do fundamental I, bem como as crianças de quatro á oito 
anos. Todas as docentes são formadas em Pedagogia e o tempo de atuação em sala de aula é 
varia de dois a vinte e cinco anos. 
O instrumento utilizado para a pesquisa foi o questionário estruturado e não 
disfarçado, este questionário é composto de quinze perguntas abertas referentes ao tema 
contos de fadas e a formação moral da criança. Foram entregue trinta questionários para as 
professoras da rede publica de Salvador e Lauro de Freitas, mas devido ao período de férias 
docentes e a paralisação logo após o inicio do ano letivo, apenas seis questionários foram 
devolvidos. 
Com as crianças foram realizados seis encontros para desenvolver a oficina. 
Como será demonstrado nesse passo a passo: 
1º Passo: 
Nos dois primeiros encontros foram apresentados sete contos de fadas as crianças, 
sendo eles “A Bela e a Fera”; “Cinderela”; “Branca de Neve”; “Chapeuzinho Vermelho”; 
“Rapunzel”; “A pequena Sereia” e “A Bela Adormecida”, após a leitura dos contos os mesmo 
foram discutidos informalmente pelas crianças, elas falavam o que mais gostavam e o que não 
 37 
gostavam em cada conto, quem gostariam de ser, de quem tinham mais medo ou não 
gostavam, etc. 
2º Passo: 
Ao final do segundo encontros, através de uma conversa, as crianças decidiram 
juntas quais seriam os três contos de fadas a serem assistidos nos três encontros seguintes, 
sendo os filmes escolhidos “A Bela e a Fera”; “A pequena Sereia” e “Rapunzel”, terminado a 
exibição dos filmes, novamente as crianças conversaram sobre quais as diferenças entre o 
conto lido e o filme assistido, qual forma do conto apresentado ela gostou mais, o que viam e 
achavam das historias assistidas, demonstrando assim o que aprendiam indiretamente com ela. 
3º Passo: 
No ultimo dia de oficina foi pedido que cada criança escolhesse seu conto de 
fadas preferido e desenhasse a cena mais significativa para ela, isto é, sua parte favorita da 
historias. Enquanto as crianças desenhavam foi realizada uma entrevista individual com cada 
uma delas, com um questionário não estruturado, contendo em media oito questões abertas, 
buscando constatar o que a mesma apreendeu com os contos de fadas, as perguntas feitas as 
crianças foram Você gotas de conto de fadas? Dos sete contos de fadas apresentados (A bela e 
a fera; Cinderela; Branca de Neve; Chapeuzinho Vermelho; Rapunzel; A pequena Sereia e A 
Bela Adormecida) quais você mais gosta? Por que você gosta dessa? E o que você aprende 
com essa historia? E qual historia você não gosta? Por que você não gosta dessa historia? Mas 
mesmo você não gostando da história, você aprendeu alguma coisa? Você algo parecido entre 
essas historias? 
4º Passo: 
Para encerrar a oficina foi feito no final do sexto encontro, uma exposição dos 
desenhos das crianças, onde as mesmas contavam para todos sobre o desenho feito e o que o 
mesmo significava para ela. 
3.1. ANÁLISE DOS DADOS 
Para facilitar a analise dos dados foram definidas seis categorias com base nas 
respostas das professoras: 1º - espaço físico para leitura; 2º - A importância dos contos de 
fadas no mundo moderno; 3º - Atividades trabalhadas em sala de aula; 4º - Identificação das 
 38 
crianças com os contos; 5º - Contos recorrentes em sala de aula; 6º - A influencia dos contos 
de fadas na formação moral e ética. Enquanto que com base nas respostas das crianças foram 
definidas quatro categorias: 7º - Gosta dos contos de fadas; 8º - Conto que mais gosta; 9º - 
Conto que menos gosta; 10º - O que aprenderam com os contos de fadas; E articulando as 
respostas das professoras com as das crianças foram desenvolvidas mais três categorias: 11º - 
Os contos mais apreciados entre as crianças; 12º - Os contos menos apreciados entre as 
crianças; 13º - Valores adquiridos com os contos de fadas. 
3.1.1 Espaço físico para leitura 
No quadro nº 01, contata-se que para 33,34% das professoras que participaram da 
pesquisa o espaço físico para a leitura não existe e também para 33,34% das professoras há 
um espaços específicos para essa finalidade, que é a biblioteca e o cantinho da leitura, 
enquanto que 16,66% a escola possui biblioteca, mas os alunos não possuem permissão para 
utilizá-la, juntamente com 16,66% que não possuem, mas a professora busca formas de levar 
a leitura para a sala de aula. 
Quadro nº 01: Espaço físico para leitura 
Espaço físico para leitura Quantidade % 
Não 2 33.34 
Sim 2 33.34 
Sim, mas não tem acesso 1 16.66 
Não, mas leva os livros para a sala 1 16.66 
Total 6 100 
No quadro nº 01, as professoras nº 01 e nº 05 nos mostram duas situações 
contrarias, mas que as obriga ter a mesma atitude. A professora nº 01 aponta que não há 
bibliotecas ou cantinho para a leitura na escola, “mas eu estou diariamente lendo historias em 
sala e deixando-os manusear estes livros” enquanto que a professora nº 05 nos fala que “Na 
escola [...] tem biblioteca, mas, os alunos não tinham acesso a ela, então as leituras eram feitas 
na sala de aula” As demais limitaram-se a responder apenas sim e não sem justificar sua 
resposta. Assim, podemos verificar que apesar de existir a LEI 12.244/2010, que determina 
que as instituições de ensino públicas e privadas de todos os sistemas de ensino do País 
devem ter uma biblioteca, com um acervo de livros de, no mínimo, um título para cada aluno 
 39 
matriculado, não é isso que ocorre nas escolas da rede publica e privada de Salvador e Lauro 
de Freitas. 
3.1.2 A importância dos contos de fadas no mundo moderno 
As professoras pesquisadas foram unânimes em afirmar que os contos de fadas 
ainda têm espaço no mundo moderno, pois ajuda a desenvolver o raciocínio critico, adéqua à 
realidade, resgata valores, desenvolve a formação moral e ética. 
Percebemos claramente essa opinião na fala da professora nº 05, onde ela expressa 
que: 
[...] os contos de fada têm a capacidade de interagir com o imaginário 
infantil fazendo com que as crianças se identifiquem com a história e dali 
possa tirar lições ou exemplos de soluções para conflitos internos que 
estejam lhe afligindo. Bem como, podem ser um refúgio saudável da sua 
própria realidade, um meio de imaginar, um exercício de imaginar uma 
sociedade melhor e pessoas felizes, qual menina nunca se viu como uma 
princesinha amada e aceita por todos, e qual menino nunca se comparou a 
um príncipe forte e corajoso?! É nesse exercício de se imaginar nas histórias 
que a criança experimenta suas “vivências” fantasiosas e começa a se 
relacionar com os valores de bem e mal, certo e errado, do porque aquele 
personagem é do mal e porque o outro é o bonzinho. Na nossa sociedade 
atual esses

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