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Centro de Ciências e Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro 
Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro 
Universidade Federal Fluminense 
Curso de Licenciatura em Letras- UFF / CEDERJ 
Disciplina: LINGUÍSTICA II 
Coordenador: Eduardo Kenedy 
Tutor a distância: Karine Vieira 
 
AP 2 - 2015/ 1 
Aluno(a): _______________________________________________________ 
Polo: _______________________________ Matrícula ____________________ 
Nota: _______________ 
 
QUESTÃO 1 (2 pontos) 
Na perspectiva behaviorista, repetição e reforço são fundamentais para que a criança 
consiga “aprender” uma língua. 
 
Questão: Escolha UMA das opções abaixo e desenvolva: 
a) Explique em que medida a visão veiculada na abordagem behaviorista resulta 
inadequada para dar conta do processo de aquisição de uma língua materna. 
 
b) Contraste as noções de aprendizagem e aquisição relacionadas à 
linguagemconsiderando a aquisição de uma língua materna e o desenvolvimento da 
escrita. 
 
c) Discuta as noções de aquisição e aprendizagem relacionadas a uma segunda língua 
(L2) ou língua estrangeira (LE). 
a) A visão veiculada na abordagem behaviorista resulta inadequada para dar conta do 
processo de aquisição de uma língua materna pelo fato de fazer previsões que não se 
constatam na prática e não permitir explicar certos fenômenos relevantes. De acordo com 
essa perspectiva, todo o processo dependeria da experiência concreta da criança no meio 
no qual está inserida. Em outras palavras, não existiria nenhuma base inata que pudesse 
orientar o processo de aquisição. Porém, criança nenhuma está exposta a todas as 
possíveis frases da sua língua. A visão behaviorista não consegue explicar como é que as 
crianças são capazes falar e compreender frases nunca ouvidas anteriormente. Além disso, 
ao longo do processo de aquisição, as crianças agem de acordo com certas regras e 
estabelecem analogias (Ex. “eu fazi”, por analogia com “eu comi”). Esse tipo de fenômeno 
não pode ser explicado com base na simples repetição. Por último, sabemos que o 
chamado “reforço negativo” (a correção) não tem um papel relevante na aquisição da 
linguagem. Em síntese, a proposta behaviorista não consegue dar conta de uma série de 
questões centrais para explicar o processo de aquisição da linguagem. 
 
b) A aquisição pode ser caracterizada como um processo natural e espontâneo de 
obtenção de conhecimentos e habilidades. Diferentemente, o aprendizado envolve a 
orientação de alguém dirigida à criança para que ela aprenda. A língua falada é um tipo de 
conhecimento adquirido pela criança. Já a língua escrita depende de um processo de 
aprendizado: a criança passa usualmente por um ensino formal ao longo do qual são 
salientadas propriedades da língua, suas regras e exceções. Ao longo do aprendizado da 
escrita a criança utiliza um vocabulário especializado para expressar suas descobertas a 
respeito desse processo, suas dúvidas e questionamentos (Ex.: “a barriguinha do ‘p’ é para 
a direita ou para a esquerda?”; “se eu falo [gatu] eu deveria escrever “gatu”; etc.) e é 
exposta a correções sistemáticas, que revelam padrões inexistentes da língua, para que 
assim ela os evite. Todas essas características permitem distinguir o processo de 
aprendizado da escrita do processo natural de aquisição da língua oral. 
c) No que diz respeito aos conceitos de aquisição e aprendizado relacionados a uma L2, 
trata-se de dois processos diferentes: um processo de aprendizado não termina com o 
mesmo produto de um processo de aquisição. Algumas das principais diferenças entre 
ambos os processos são as seguintes: enquanto a aquisição é implícita, inconsciente, 
construída a partir de situações informais (independente de regras gramaticais formais) e 
apresenta uma ordem estável; o aprendizado é explícito, consciente, dependente de 
situações formais e de aptidão e – geralmente – segue uma ordem que vai do mais simples 
para o mais complexo, sendo que essa ordem não necessariamente reflete a ordem da 
aquisição natural de uma língua. 
 
QUESTÃO 2 (2 pontos) 
Questão: Avalie as seguintes afirmações como sendo verdadeiras (V) ou falsas (F). 
Justifique sua resposta nas questões avaliadas como falsas: 
a) As áreas do cérebro não são específicas de nenhum dos componentes da nossa 
cognição, mas são de caráter geral. O comprometimento num dado domínio, 
necessariamente, é refletido nos restantes. FALSO 
Existem evidências que apontam para a dissociação de funções cerebrais e são compatíveis 
com as ideias de especificidade de domínio e modularidade da mente. Podemos citar como 
exemplo os casos das síndromes de Down e de Williams, nos quais encontramos um 
desenvolvimento normal da linguagem independentemente de um desenvolvimento atípico 
de outras habilidades cognitivas. Em ambos os casos temos condições cognitivas fora do 
esperado, envolvendo um QI baixo, mas um desempenho linguístico normal, o que mostra 
que um domínio pode ser afetado sem que haja, necessariamente, um comprometimento 
geral da cognição. 
b) O processo de aquisição da linguagem parece envolver um conjunto de aspectos 
universais e se organizar em fases razoavelmente bem delimitadas. VERDADEIRO 
 
c) Embora seja correto afirmar que os animais possuem sistemas de comunicação (em 
alguns casos bastante complexos), há diferenças estruturais e sistemáticas entre a 
“linguagem animal” e a linguagem humana. VERDADEIRO 
 
d) O oralismo é um método que defende o ensino exclusivo de uma língua oral ou falada 
para as crianças surdas, no lugar da exposição a uma língua de sinais. Essa prática oferece 
“um caminho natural” para a criança surda, em relação à aquisição da linguagem. FALSO 
Na situação caracterizada como oralismo, o processo natural de aquisição de uma língua é 
substituído pelo aprendizado de uma língua oral. Crianças surdas que não têm contato com 
uma língua de sinais em sua infância correm o risco de perder o limite do período crítico 
para aquisição. Nesse caso, o máximo que conseguirão fazer é utilizar os sinais 
tardiamente aprendidos mesmo que fluentemente, mas através de um processo consciente 
e demorado, fruto de um processo de aprendizado. Em síntese, o oralismo não só não 
oferece “um caminho natural” para a aquisição da linguagem pela criança surda, mas pode 
prejudicar seriamente o desenvolvimento linguístico, retrasando e dificultando o processo. 
 
QUESTÃO 3 (2 pontos) 
De acordo com uma versão simplificada da Hipótese do Período crítico: “Há uma 
programação biológica para a aquisição da linguagem. Após a puberdade, esta 
programação não mais está disponível”. 
Questão: Essa afirmação é incompatível com o fato de haver pessoas que desenvolvem 
um alto nível de proficiência em uma segunda língua após da adolescência? Fundamente 
sua resposta. 
 
Situações de bilinguismo envolvendo pessoas que aprenderam uma segunda língua após a 
puberdade inicialmente podem parecer pouco favoráveis à hipótese do período crítico. 
Porém, analisando detalhadamente todos os aspectos envolvidos, podemos concluir que 
essa hipótese não é incompatível com um alto nível de proficiência em uma L2 atingido 
após a adolescência. Ser bilíngue significa ser fluente em uma segunda língua e essa 
fluência é caracterizada por habilidades e desempenho de produção e compreensão oral e 
escrita avançadas. O termo “conhecimento”, entendido como Competência – 
conhecimento internalizado de regras e do sistema linguístico –, não é necessariamente 
colocado em foco no caso de bilinguismo. No caso de pessoas que adquirem uma segunda 
língua após o período crítico, apesar de serem tratados igualmente, os processos de 
aquisição da língua materna e de uma segunda língua seriam diferentes. O período crítico 
parece ser crucial no caso de uma primeira língua ou língua materna, mas não 
necessariamente isso se aplica no caso de segundas línguas, embora seja possívelconstatar que crianças são capazes de falar uma segunda língua sem sotaque com mais 
facilidade que adultos. Ou seja, é possível estabelecer uma distinção entre uma pessoa que 
nunca foi exposta a uma língua natural dentro do lapso de tempo delimitado pelo período 
crítico (como no caso da Genie) e uma pessoa que aprendeu uma L2 após a puberdade. 
Assim, concluímos que é possível conciliar a hipótese do período crítico com casos de 
bilíngues que adquiriram uma segunda língua após a puberdade. 
 
QUESTÃO 4 (2 pontos) 
Questão: escolha UMA das questões abaixo e desenvolva: 
a) O déficit especificamente linguístico (DEL) usualmente é diagnosticado por exclusão. 
Isto é, são consideradas como portadoras de DEL, crianças que apresentam atraso no 
desenvolvimento da fala (quando comparadas com outras crianças da mesma faixa etária), 
QI normal e não apresentam problemas de audição nem alterações neurológicas. Descreva 
as principais características do DEL. 
 
O déficit especificamente linguístico (DEL) é um distúrbio que afeta o desenvolvimento 
linguístico de modo geral. O DEL pode ser caracterizado como um atraso no 
desenvolvimento da linguagem em crianças que, aparentemente, não apresentam nenhum 
outro problema evidente. Em outras palavras, crianças que, sem apresentar problemas de 
audição, neurológicos, psicológicos e com QI considerado normal, mostram um 
desfasagem no desenvolvimento da linguagem quando comparadas com crianças sem 
problemas na mesma faixa etária. Crianças DEL podem apresentar comprometimento em 
um ou mais níveis linguísticos: fonologia, morfologia, sintaxe e pragmática. O diagnóstico 
do DEL é bastante complicado já que é realizado com base no critério de exclusão, ou seja, 
se a criança não apresenta nenhum dos problemas anteriormente mencionados, mas seu 
desenvolvimento linguístico é considerado atípico, então ela muitas vezes é diagnosticada 
como portadora de DEL. Esse tipo de diagnóstico traz dificuldades na medida que o DEL, 
ao envolver a linguagem, pode acabar envolvendo outras áreas, outros componentes da 
mente, como memória, raciocínio, etc. Pesquisas apontam que o DEL pode ter uma origem 
genética. 
 
b) A dislexia costuma ser inicialmente identificada em sala de aula durante a alfabetização 
e pode provocar uma defasagem inicial no processo de aprendizado escolar. Que aspectos 
caracterizam a dislexia? 
A dislexia é um distúrbio que afeta um tipo específico de compreensão da linguagem: a 
modalidade escrita (e, consequentemente, a leitura). A dislexia se caracteriza 
principalmente pela inabilidade de fazer a combinação correta de letras em uma palavra. 
Embora um leitor proficiente não siga um processo de leitura letra por letra (mas por 
segmentos maiores), nos momentos iniciais do aprendizado da leitura as crianças ainda 
não dominam a leitura por blocos. Ou seja, começamos aprendendo a ler letra por letra e 
mais tarde passamos a não precisar mais desse mecanismo e o substituímos pela leitura 
por blocos. Dessa forma, para que uma criança seja capaz de ler corretamente a palavra 
“prato” é necessário juntar as letras “p”,“r”, “a”, “t” e “o” uma por uma. Caso a parte do 
cérebro responsável pela ordenação dessas letras apresente um defeito, o resultado pode 
ser a união das letras mas em ordens diferentes: de “prato”, a criança poderia ler “parto” 
ou “porta”. Esse é o elemento central da dislexia, mas pode haver outros que acompanham 
certos casos mas não todos. Em particular, a leitura de palavras isoladas (fora de 
contexto), raras, e em voz alta, é uma atividade difícil para as crianças disléxicas. 
 
QUESTÃO 5 (2 pontos) 
Leia com atenção os seguintes textos, extraídos do livro O instinto da linguagem, de 
Steven Pinker (PINKER, 2002, p. 393 e 396): 
 
Texto 2 
Cara, eu estou suando, estou 
terrivelmente nervoso, sabe, de vez em 
quando me pega, nem te conto o 
tarripoi, um mês atrás, um tanto, me 
saí bastante bem, impressiono 
bastante, enquanto por um lado, sabe 
o que quero dizer... 
 
Texto 3 
Sim.. é... Segunda-feira... é... Pai e 
Peter Hogan, e Pai... é... hospital... e 
é... quarta-feira... quarta-feira nove 
horas e é quinta... dez horas é 
médicos... dois... dois... e médicos e... 
é... dentes... é... E um médico e 
moça... e borracha e eu. 
Questão: Que tipo de afasia (Broca ou Wernicke) – provavelmente – sofre o produtor de 
cada um desses textos? Justifique sua resposta. 
 
O texto 1, provavelmente, foi produzido por um afásico de Wernicke, enquanto que o texto 
2 pode ter sido produzido por um paciente que sofre de afasia de Broca. Nossa afirmação 
se baseia em algumas das características de cada um dos textos, que podem ser 
associadas a os tipos de afasias anteriormente mencionadas. No caso da afasia de 
Wernicke (texto 1), usualmente os pacientes apresentam uma fala fluente, mas desprovida 
de sentido. Nesse tipo de afasia, aparentemente, as conexões entre conceitos e sons estão 
danificadas e por esse motivo os afásicos de Wernicke não só não compreendem o que 
lhes é dito, mas também produzem frases sem sentido. A afasia de Broca (texto 2), por 
sua vez, envolve problemas na produção da linguagem, com preservação das restantes 
faculdades mentais. Pacientes com esse tipo de afasia apresentam problemas na 
construção de frases, mas são capazes de articular corretamente os dias da semana (como 
podemos ver no texto apresentado) ou os meses do ano.

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