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Monografia - Atuaçõa do Serviço Social no Tratamento da Dependência Química

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agradecimentos
Para chegar até aqui, muitas pessoas foram essenciais. E guardo a certeza de que todas elas são presentes de Deus na minha vida. Por isso, o primeiro e maior agradecimento só poderia ser a Deus, princípio, meio e fim de todas as coisas; grande amparo, apoio, sustento! Senhor muito OBRIGADA! 
A minha Mãe Maria Lucia que me deu forças e me incentivou para que eu não desistisse e para que esse sonho pudesse ser concretizado.
BARROS, Lívia Branco de. Atuação do Serviço Social no Tratamento da Dependência Química. 2015. 40. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Serviço Social) – Centro de Ciências Empresariais e Sociais Aplicadas, Universidade Norte do Paraná, Teresópolis, 2015.
RESUMO
As drogas tem sido um problema de saúde pública inserida no contexto social e expressão do objeto de trabalho do profissional do serviço social que vem desempenhando ações, está do resgate do ser humano no que diz respeito a sua dignidade, autoestima hábitos e limites perdidos. E é isto, que o presente trabalho aborda, um estudo sobre a “Atuação do Serviço Social no Tratamento da Dependência Química”. O estudo descreve o que são e quais problemas as substâncias psicoativas podem trazer na vida do dependente químico e de como a atuação do profissional de serviço social desempenha suas ações profissionais com foco na questão social, visando à efetivação do protagonismo do usuário de substâncias psicoativas.
Palavras-chave: Dependência. Serviço Social. Tratamento. 
BARROS, Lívia Branco de. Role of social work in the Treatment of Chemical Dependency. 2015. 40. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Serviço Social) – Centro de Ciências Empresariais e Sociais Aplicadas, Universidade Norte do Paraná, Teresópolis, 2015.
ABSTRACT
Drugs have been a public health problem inserted in the social context and expression Professional work object of social service which is performing actions, is the redemption of the human being with regard to their dignity, self-esteem habits and lost boundaries. And this, the present work deals with a study on the "Role of Social Work in Treatment of Chemical Dependency." The study describes what they are and what psychoactive substances can bring problems in the life of chemically dependent and as the role of the social service professional plays their professional actions focused on social issues, aiming at the realization of the user role of psychoactive substances
Key-words: Dependency. Social Service. Treatment.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
	
	CEAS – CENTRO DE ESTUDOS E AÇÃO SOCIAL
CRESS – CONSELHO REGIONAL DE SERVIÇO SOCIAL
CONFEN – CONSELHO FEDERAL DE ENTORPECENTES
CONAD – CONSELHO NACIONAL ANTIDROGAS
LBA – LEGIÃO BRASILEIRA DE ASSISTENCIA
LOAS – LEI ORGANICA DE ASSISTENCIA SOCIAL
OMS – ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAUDE
ONG – ORGANIZAÇÃO NÃO GOVERNAMENTAL
PNAD – POLITICA NACIONAL SOBRE DROGAS
PNAS – POLITICA NACIONAL DE ASSISTENCIA SOCIAL
SDA – SINDROME DE DEPENDENCIA DE ALCOOL
SENAI – SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM
SESI – SERVIÇO SOCIAL DA INDUSTRIA
SUS – SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
	
	
	
	
	
	
	
	
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO	13
1 RESGATE HISTÓRICO DO SERVIÇO SOCIAL..........................................	14
1.1 HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL	14
1.2. Serviço Social no Brasil	18
2 DEPENDENCIA QUÍMICA	23
2.1 BREVE RELATO SOBRE DEPENDENCIA	23
2.2 Drogas Especificas de Abuso e Dependencia	.....27
2.3 Programa 12 passos no tratamento da dependencia quimica.............................30
3 LEGISLAÇÃO E AS POLITICAS DE PREVENÇÃO	.......30
3.1 POLITICAS SOBRE DROGAS	32
3.2 A Rede Social Para Usuarios de Álcool e Outras Drogas	..38
3.3 Serviço social no tratamento do dependente quimico...............�...........................41
CONCLUSÃO............................................................................................................52
REFERENCIAS..........................................................................................................	53
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INTRODUÇÃO
A necessidade de pesquisar sobre o tema: “Atuação do Serviço Social no Tratamento da Dependência Química”, surgiu a partir da inserção no campo de Estágio Curricular Obrigatório do curso de Serviço Social da UNOPAR EAD. A dependência química vem se tornando cada vez mais um problema de saúde pública, para pais, profissionais de saúde, educadores, gerenciadores de políticas públicas, legisladores, enfim, para toda a sociedade. 
A problemática do uso de drogas no Brasil, que se configura como uma das expressões da questão social tem sido alvo de esforços diferenciados por parte de Governo, sociedade civil, empresas privadas e diversas outras organizações. Na contemporaneidade, têm-se buscado desenvolver estratégias que não se atenham a resolver as situações geradas pelo uso de drogas, mas se antecipem ao implementar ações que tenham como finalidade principal a prevenção ao uso.
Paralelo a essa demanda, surge o trabalho do assistente social, que desde a sua gênese se depara com o enfrentamento à questão das drogas, articula sua prática no sentido de informar, esclarecer, dar suporte ao dependente químico e sua família, uma vez que o profissional desenvolve intervenção junto a este segmento, buscando a centralidade para concepção e implementação dos benefícios, serviços, programas e projetos.
Pretende-se com este trabalho, compreender a atuação profissional do Serviço Social no atendimento aos dependentes químicos diante do uso abusivo de substâncias psicoativas, identificar os principais fatores que interferem no consumo de álcool e outras drogas, tendo como metodologia pesquisa bibliográfica, levantamento das informações através de livros, artigos, revistas e publicações na internet.
resgate histórico do serviço social
1.1. história do serviço social
No decorrer dos tempos, o capitalismo surgiu como um grande divisor da história das sociedades e das relações entre os homens. Segundo Marx, o termo capital significa uma relação social, enquanto o capitalismo significa um determinado modo de produção, marcado não somente por uma troca monetária, mas principalmente pela dominação do processo de produção pelo capital (relação social). Esquematicamente, define uma forma especifica e peculiar de relações sociais entre os homens e entre estes com as forças produtivas, ou seja, na teoria marxista, o modo de produção oferece elementos para caracterizar as sociedades e analisar as suas transformações. “ (BOGADO E BRANCO, 2009. p.116)”
Tal condição define, consequentemente, uma nova estrutura social, pois a concentração da propriedade dos meios de produção nas mãos de uma classe social representada por uma minoria da sociedade determinava o aparecimento de uma outra classe, constituída por aqueles que nada tinham a não ser a sua própria força de trabalho.
Apesar de seus indícios se apresentarem no mundo feudal, é somente no século XIX, sob os impactos da Revolução Industrial que suas consequências começaram a invadir o contexto social. 
A substituição das ferramentas pelas maquinas, da energia humana pela energia motriz e do modo de produção doméstico pelo sistema fabril constituiu a Revolução Industrial; revolução, em função do enorme impacto sobre a estrutura da sociedade, num processo de transformação acompanhado por notável evolução tecnológica. A Revolução Industrial aconteceu na Inglaterra na segunda metade do século XVIII e encerou a transição entre feudalismo e capitalismo, a fase de acumulação primitiva de capitais e de preponderância do capital mercantil sobre a produção. Completou ainda o movimento da revolução burguesa iniciada na Inglaterra no século XVII. (BOGADO E BRANCO, 2006, p.118)
Trata-se de um tempo marcado não somentepelas grandes invenções que revolucionaram as técnicas e os processos produtivos, mas também pelo surgimento e ascensão do capitalismo industrial, trazendo consigo uma revolução econômica e social sem precedentes. Caracteriza-se por um novo modo de produção, desenvolvido em um espaço especifico – a fábrica, a indústria –, exigindo uma demanda contínua de mão-de-obra, com formas coercitivas de recrutamento para satisfazer o ritmo da produção fabril. Levando uma concentração de trabalhadores a viver nos arredores da fábrica. A concentração da população operária à margem da indústria propícia o surgimento das cidades industriais, condição necessária para o capital. “ (BOGADO E BRANCO, 2009. pp.118;119)”
Neste contexto, o Estado se subordina à burguesia, enquanto fiel aliado, através de uma severa legislação urbana, cujo objetivo era proteger o capital e seus possuidores, impondo ao proletariado inúmeras e difíceis provações. Empenhada em expandir e consolidar o modo burguês de produção, a burguesia buscava estratégias e táticas que pudessem viabilizar a consecução de seus interesses, pautadas, através da dominação, na opressão e exploração, e cujos desdobramentos era a acumulação da pobreza e generalização da miséria, apesar da classe trabalhadora se posicionar fortemente contrária a situação imposta. Nesse sentido, era essencial efetuar um controle social capaz de conter com eficácia as manifestações operárias e conter a acelerada disseminação da pobreza e do conjunto de problemas a ela associados.
[...] enquanto trabalhador livre e assalariado, e especialmente enquanto cidadão, o operário era possuidor de direitos que a própria Revolução Francesa proclamara, entre os quais se colocava desde o direito à liberdade pessoal e à vida digna, até o direito à igualdade e à assistência quando necessária. Ocorre que tal sociedade, plena de contradições, negava na prática, aquilo que anunciava no discurso (MARTINELLI, 1991, p.61)
Tal iniciativa – das práticas sociais e suas estratégias operacionais – tinha como essência manter e conservar a ordem posta pela burguesia por meio de uma imagem de legitimidade desta prática, tornando-a inquestionável e aceita pelo proletariado, que a ela recorria.
O Serviço Social inicialmente, era praticado de forma filantrópica. Esta surge de modo a atenuar as diferenças sociais, existentes na época, colocando-se no lado do proletariado, que era subjugado pela burguesia. Por forma a desenvolver esta filantropia, foi criada a Sociedade de Organização de Caridade, em 1869, sendo está o resultado da junção entre a Burguesia, a Igreja e o Estado. “ (BOGADO E BRANCO, 2009. p.120)”
A burguesia aliava-se aos filantropos, transformando-os em importantes agentes sociais, responsável por uma socialização ideológica burguesa. A prática social desenvolvida pelos filantropos destaca-se como estratégia garantidora da manutenção e expansão da ordem capitalista.
Desta forma, surgiram os “primeiros assistentes sociais”, enquanto agentes sociais executores da prática de assistência social, e que mais tarde, profissionalizaram-se com ênfase na prestação de serviços, com a denominação de Serviço Social. (MARINELLI, 1991, p. 123)
O Centro de Ação Social constitui-se como base para que a Sociedade de Organização da Caridade o assumisse como a melhor forma de praticar a assistência, tornando-se, assim, precursor das agências e centros sociais. Suas ações tinham o apoio irrestrito da burguesia, pois as práticas assistencialistas inibiam as constantes investidas da classe trabalhadora, desestabilizando-as e desmobilizando suas reivindicações coletivas. “ (BOGADO E BRANCO, 2009. p.125)”
No decorrer do século XIX, o proletariado, em sucessivos embates com a burguesia, não se submeteu passivamente à ordem capitalista e às práticas assistencialistas por elas postas. A classe proletariada já não mais aceitava com tanta facilidade, as práticas realizadas pela Sociedade de Organização da Caridade, por não satisfazerem a nenhuma de suas reivindicações coletivas. Desenvolvendo sua prática social a partir de antigas influências, continuavam a entrever a pobreza e a mendicância como problemas de caráter e, a assistência, como um severo instrumento de correção e controle.
No entanto, era preciso também definir medidas gerais de políticas sociais e de legislação trabalhista que pudessem constituir instrumentos intimidadores do avanço do movimento do proletariado, capazes de apaziguar os trabalhadores em relação ao regime. Assim, a Inglaterra, em virtude de suas condições históricas e pela longa convivência com a miséria generalizada, é o primeiro país a criar uma legislação especifica para racionalizar e normatizar à prática assistencialista para o atendimento da questão social.
No final do século XIX e início do século XX, a Sociedade de Organização da Caridade expandiu-se e atravessou as fronteiras do continente europeu, com significativo prestigio, tornando-se a instituição de maior porte no âmbito da assistência social. Sua maior preocupação era a busca pela organização cientifica da assistência. Em 1893, em Londres, foi realizado o primeiro curso de Formação de Visitadores Sociais Voluntários, pela sede inglesa da Sociedade. No início do Século XX, o Serviço Social estava presente na maior parte dos países europeus e nos Estados Unidos, com inúmeras sedes da Sociedade de Organização da Caridade.
No processo de legitimação da profissão, Mary Richmond assistente social norte-americana, teve a sensibilidade de começar a refletir e a sistematizar cientificamente a respeito do que é Serviço Social e de como essa profissão deveria ser exercida.
Mary Richmond foi pioneira no Serviço Social, por sistematizar sua construção prática. Preocupou-se em conhecer, na Assistência Social, o que era questionado pelos agentes sociais ao concederem o auxílio e como se comportava a pessoa que o recebia. A partir dessas indagações, procurou caracterizar o problema social, conceituando pessoa e mundo, considerando que o indivíduo só pode ser pessoa se participa do meio social (OLIVEIRA, 1982, p. 129)
A influência de Mary Richmond foi marcante em todo processo do desenvolvimento de Serviço Social. Imprimia muita importância à prática social individual de assistência, quase sempre realizada mediante o inquérito domiciliar. Foi através dessa iniciativa que o Serviço Social americano iniciou suas primeiras atividades na esfera pública. A ação assistencial já não se revestia somente como uma prática pessoal e caritativa, como um produto eventual de uma motivação religiosa, mas era atrelada a objetivos mais amplos, apoiando-se em bases mais consistentes, e seu desenvolvimento implicava conhecer seus fundamentos, dominar os procedimentos que lhe eram próprios, indiciando, neste momento, o pensamento corporativista e a ideia de organização profissional.
O uso das expressões ação social, bem-estar social, assistência social, beneficência, caridade e filantropia aplicada, obstruía o significado da natureza de sua ação. Desta forma, o termo indicado por Richmond, desde a criação da Escola de Filantropia Aplicada, era a de trabalho social (social work), que por sua vez, era muito bem aceito pela burguesia e pelo Estado, pois denotava uma forma de granjear a aceitação dos trabalhadores para uma prática que não legitimavam.
Na Europa, o Serviço Social mantinha-se com forte vínculo com a religião, identificando-se com a doutrina social da Igreja Católica, a qual, em virtude dos problemas sociais advindos do sistema capitalista, com suas sucessivas crises, a levaram a se ocupar das questões referentes à relação capital-trabalho, posicionando-se abertamente pelo combate ao sistema, através de uma doutrina social. A prática social, desenvolvida pelo Serviço Social europeu sob influência da Igreja Católica, teve como preocupação maior a questão da pobreza, mantendo sagazmente distante das manifestações dos trabalhadores, pois seu grande objetivo era coopta-los, levando-os a um ajustamento da ordem social vigente.
Durantea década de 1920 e 1930, na Europa, ocorreu uma grande expansão do Serviço Social, seja nas ações profissionais, seja em seu processo organizativo. Era necessário que os agentes sociais exercessem, o controle social e político, determinado pela classe dominante, de modo eficaz sobre a classe subalterna. Tal prática social, no primeiro pós-guerra, europeu, passou a se expressar como um distintivo do Serviço Social, sob forte atuação e patrocínio da Igreja Católica, favorecendo inclusive o interesse e captação de seus agentes sociais pelo Estado burguês. Nos anos do segundo pós-guerra, a parceria com a Igreja já se mostrava debilitada, desvanecendo-se, e sendo substituída pelo Estado, que passou a arregimentar tais profissionais para suas instancias.
1.2. SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL
O Serviço Social no Brasil surge a partir da eclosão da questão social. A base para sua implantação deu-se a partir do reconhecimento das tensões sociais, oriundas do agudizamento da questão social nas décadas de 1920 e 1930 com o processo de industrialização. Portanto, sua gênese corresponde à conjuntura vivenciada no país neste período, momento em que o Estado passa a utilizar-se de estratégias de intervenção e regulação da questão social via políticas sociais.
Segundo Iamamoto e Carvalho (2003, p.10), a implantação do serviço social apresenta-se no decorrer desse processo histórico, o qual se iniciou a partir dos anos de 1920-1930, nessa gênese como iniciativa particular de grupos e frações de classe, que se manifestavam, principalmente, por intermédio da Igreja Católica.
É, portanto, nesse contexto, que o Brasil vivia um período marcado pelo aprofundamento do modelo de Estado intervencionista, sob a égide do capitalismo monopolista internacional e por uma política nacional que privilegiava o crescimento industrial. No período de maior desenvolvimento econômico, o Brasil entrou no que se refletiu, no aumento da renda per capita, dos salários reais e do consumo. Simultaneamente registrou-se um incremento da taxa de crescimento da população e de urbanização. A concentração da população nas áreas urbanas trouxe consigo problemas de assistência, educação, habitação, saneamento básico, de infraestrutura e tantos outros. Na medida em que a industrialização avançava, crescia a concentração da renda, ampliando-se as desigualdades sociais, aumentando as tensões nas relações de trabalho e agravando-se a questão social. “(BULLA. 2003, p. 05)”
O crescimento da classe operária em condições precárias, tomou proporções gigantescas, dando visibilidade social aos mesmos que passaram a reivindicar melhores condições de vida e de trabalho, dessa forma adquirindo importância social. “ (SOUSA e SANTOS, p. 02) ”
 A “questão social” ganha importância diante da visibilidade da exploração da força produtiva, do crescente número dos representantes das classes trabalhadoras e da possibilidade de ameaça iminente aos grandes centros verificado nas manifestações de classe.
O desenvolvimento material desencadeia a expansão do proletariado e a necessidade de respostas, de uma política de controle que absorvesse esse segmento. Vargas, que estava no poder, temia a ascensão e o acirramento desses movimentos, a exemplo do que acontecia com os movimentos operários europeus. Para conseguir a adesão e o consenso dos trabalhadores, ele estabeleceu uma série de medidas de política social de caráter preventivo, integradas no conceito de progresso social e institucional. Ele conseguiu, assim, estabelecer uma política de compromissos e conciliações entre os grupos dominantes, as camadas médias e os trabalhadores, que sustentavam a ideologia da “paz social”, que deu suporte à expansão do capitalismo no Brasil. “ (BULLA. 2003,p. 06)”
Nos anos de 1930, com o Estado Novo então instituído, defronta-se com duas demandas emergentes: absorver e controlar os setores urbanos emergentes e buscar, nesses mesmos setores, legitimação política. Para isso, adota-se uma política de massa, incorporando parte das reivindicações da população, porém controlando a autonomia dos movimentos reivindicatórios do proletariado emergente, por meio de canais institucionais, absorvendo-os na estrutura corporativista do Estado (SILVA e SILVA, 1995, p.9)
O Estado entra em cena utilizando-se de algumas estratégias com caráter interventivo e de regulação da questão social, dessa forma, as primeiras ações de intervenção configuravam-se de forma incipiente em um tipo de ação social com objetivo de diminuir as consequências materiais e morais derivadas do trabalho assalariado, ou seja, ações de caráter filantrópico. Diante de todo esse contexto vivenciado no país no início do século XX, percebemos algumas formas de intervenção com intuito de controlar as tensões sociais e atuar de forma a garantir a disciplina e a reprodução da força do trabalho.
O Serviço Social no Brasil, afirma-se como profissão, estreitamente integrado ao setor público em especial, diante da progressiva ampliação do controle e do âmbito da ação do Estado junto à sociedade civil. Vincula-se também a organizações patronais privadas, de caráter empresarial, dedicadas às atividades produtivas propriamente ditas e a prestação de serviços sociais prestados à população. O Serviço Social, enquanto profissão situa-se no processo de reprodução das relações sociais, como atividade auxiliar e subsidiária no exercício do controle social. “ (IAMAMOTO E CARVALHO, 2006, p.6) ”
A formação dos primeiros profissionais de serviço social se dá em 1932, com a criação do Centro de Estudos e Ação Social (CEAS), entidade fundadora e mantenedora da primeira Escola de Serviço Social do país, a fim de tornar mais efetiva às iniciativas e obras promovidas pela filantropia das classes dominantes paulistas, sob o patrocínio da Igreja. Em dezembro de 1935, foi criado através da Lei nº2.497, o Departamento de Assistência Social do Estado, primeira iniciativa desse gênero no Brasil, subordinado a secretária de Justiça. Em julho de 1938, foi criado o Conselho Nacional de Serviço Social, durante o regime do Estado Novo, através do decreto nº 525, vinculando-o ao Ministério de Educação e Saúde.
No Rio de Janeiro, a formação técnica especializada ocorreu a partir de uma forma mais variada de iniciativas, foi nessa cidade onde mais se desenvolveu a infraestrutura de serviços básicos, inclusive serviços assistenciais, com forte participação do Estado. Em 1936, ocorreu a Primeira Semana de Ação Social, marco para a introdução do Serviço Social na capital da República. Em 1940, na Escola de Enfermagem Ana Nery (escola federal), foi oferecido o curso de Preparação em Trabalho Social, dando origem à Escola de Serviço Social da Universidade do Brasil, constituindo-se na primeira iniciativa direta do governo federal para a formação de assistentes sociais.
A primeira referência explicita na legislação federal com respeito a Serviços Sociais, consta na Carta Constitucional de 1934, onde o Estado fica obrigado a assegurar o amparo dos desvalidos e fixa a destinação das rendas tributáveis à maternidade e infância.
A primeira grande instituição nacional de assistência social, a Legião Brasileira de Assistência (LBA), é organizada em sequência ao engajamento do país, na Segunda Guerra Mundial, seu objetivo era de prover as necessidades das famílias, surge a partir de iniciativas de particulares, contando também com o patrocínio das grandes corporações patronais (Confederação Nacional da Industria e Associação Comercial do Brasil), a partir de um acontecimento de grande impacto emocional a LBA procura dar apoio político para o governo movimentando sua ação assistencialista, a LBA começa a atuar em todas as áreas de Assistência Social para suprir sua atividade.
Em 1942 é criado o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) com a incumbência de organizar e administrar nacionalmente escolas de aprendizagem para industriários, essa instituição surge através de um decreto de lei federal que atribui a Confederação Nacional de Industria, a função degeri-la.
O Serviço Social da Indústria (SESI) é oficializado em 1946 por intermédio do mecanismo decreto de lei que ainda vigente durante o período de elaboração da nova Constituição. O SESI se encarrega de estudar, planejar e executar medidas que contribua para o bem-estar do trabalhador na indústria.
A fundação Leão XIII surge em 1946, oficializada por Decreto de Lei da Providência da República como a primeira grande instituição assistencial que tem por objetivo explícito uma atuação ampla sobre os habitantes das grandes favelas, que já nesse momento concentra parcela importante da população pobre dos grandes centros urbanos industriais, seu principal instrumento de atuação do Serviço Social, é a educação popular, e tem como objetivo uma população abandonada e carente de qualquer infraestrutura social ou assistencial. “ (IAMAMOTO E CARVALHO. 2006, p.249, 253, 268 e 283) ”
A partir da Lei Eloy Chaves, aprovada pelo Parlamento em 1923, lançam-se as bases para a futura política de Seguro Social, cujos princípios fundamentais permanecem validos até 1966. A partir de 1930, assiste-se uma acelerada ampliação do Seguro Social vinculados a uma política global do Estado para a classe operária.
Nos anos 40 e 50 o Serviço Social brasileiro recebe influência norte-americana, e sua ênfase está na ideia de ajustamento e ajuda psicossocial. A partir dessa década, o serviço social busca conteúdos teóricos e metodológicos que melhor instrumentassem sua ação prática. A profissão se desenvolve através do “Serviço Social de Caso”, “Serviço Social de Grupo” e “Serviço Social de Comunidade”. Nesse contexto também se destacam os congressos de serviço social que influenciaram o serviço social rumo a uma melhor adequação teórica e metodológica.
Nos anos 60 e 70 há um movimento de renovação na profissão, que se expressa em termos tanto da reatualização do tradicionalismo profissional, quanto de uma busca de ruptura com o conservadorismo.
A renovação inicia-se mediante ação organizadora de uma entidade que aglutina profissionais e docentes e que em seguida tem o seu centro de gravitação transferido para o interior das agências de formação e, enfim, espraia-se desses núcleos para organismos de clara funcionalidade na imediata representação da categoria profissional (NETTO, 2004, p. 153).
O Movimento de Reconceituação do Serviço Social, ocorrido entre os anos de 1965 e 1975, expressa, uma nova corrente para a profissão, com caráter mais heterogêneo – várias vertentes, linhas políticas, teóricas e profissionais. Esse movimento trouxe inúmeros questionamentos acerca da sociedade e das condições de trabalho postas ao assistente social, alavancando um posicionamento crítico face ao serviço social tradicional conservador e à lógica capitalista. Possibilitou uma análise crítica da sociedade do capital, problematizando o papel do assistente social na sociedade capitalista e as demandas a ele dirigidas.
Nos anos 90, se verificam no âmbito do Serviço Social os efeitos do neoliberalismo, da flexibilização da economia e reestruturação no mundo do trabalho. O Serviço Social amplia os campos de atuação, passando a atuar no chamado terceiro setor, nos Conselhos de Direitos e ocupa funções de assessoria entre outros. O Serviço Social conta também com o Código de Ética Profissional que veio se atualizando ao longo da trajetória profissional. “ (CRESS RJ, 7º REGIÃO) ”
O Código representa a dimensão ética da profissão, tendo caráter normativo e jurídico, delineia parâmetros para o exercício profissional, define direito e deveres dos assistentes sociais, buscando a legitimação social da profissão e a garantia da qualidade dos serviços prestados. Ele expressa a renovação e o amadurecimento teórico-político do Serviço Social e evidencia em seus princípios fundamentais o compromisso ético-político assumido pela categoria. (CRESS-CONSELHO REGIONAL DE SERVIÇO SOCIAL- RJ 7ª Região).
Nos anos 2000 está conjuntura provoca novas disputas em torno da questão social e do papel a ser cumprido pelas políticas sociais, reduz-se a capacidade de mobilização em torno de projetos coletivos, o que gera novos desafios para a luta pela consolidação dos direitos da população usuária dos serviços prestados pelos assistentes sociais. “ (CRESS RJ, 7º REGIÃO) ”
2. dependência Química
2.1. Breve história das drogas
O conceito de dependência química é extremamente recente, se comparado ao consumo de substâncias psicoativas pela humanidade, que compreende vários milênios. Contudo problemas relacionados ao consumo sempre existiram e uma das primeiras descrições acerca do uso indevido do álcool foi feita por Aristóteles no século 4 a.C. Na literatura médica, por volta dos anos 385 a. C., Hipócrates descreveu o uso do álcool como um fator predisponente a várias doenças, chegando a relatar fenômenos a respeito de delirium tremens em seu livro sobre epidemia. Geoffrey Chaucer, no século XIV, se referia ao álcool como uma substância que leva o indivíduo à perda do controle sobre seus atos. A partir do século XVII, um novo fenômeno de consumo em massa tinha início com a disponibilidade dessas substâncias altamente concentradas em grandes quantidades, com isso, muitos indivíduos começaram a apresentar problemas relacionados ao consumo de álcool e cocaína. Em 1970, Edwards e Gross propuseram o conceito mais amplo de ‘síndrome de dependência do álcool’. Dependência passou a ser reconhecida como um conjunto de sinais e sintomas, e sua etiologia, advinda de aspectos físicos, psicológicos e sociais individuais. Então em 1977, a Organização Mundial da Saúde (OMS), definiu um novo sistema conceitual que perdura até os dias atuais. Nessa perspectiva a dependência do álcool é vista como uma síndrome, com um continium de gravidade, fazendo distinção entre o abuso e a dependência da substância. “ (DIEHL, CORDEIRO, LARANJEIRA. 2011, p. 43)”
 As drogas utilizadas para alterar o funcionamento cerebral, causando modificações no estado mental são chamadas drogas psicotrópicas. O termo psicotrópico é formado por duas palavras: psico e trópico. Psico está relacionado ao psiquismo que envolve as funções do sistema nervoso central, e trópico significa em direção a. Drogas psicotrópicas, portanto, são aquelas que atuam sobre o cérebro, alternando de alguma forma o psiquismo. Por essa razão, são também conhecidas como substâncias psicoativas. As drogas psicotrópicas dividem-se em três grupos: depressoras, estimulantes e perturbadoras. 
As drogas depressoras, fazem com que o cérebro funcione lentamente, reduzindo a atividade motora, a ansiedade, a atenção, a concentração, a capacidade de memorização e a capacidade intelectual. As drogas estimulantes, aceleram a atividade de determinados sistemas neurais, trazendo como consequência um estado de alerta exagerado, insônia e aceleração dos processos psíquicos. As drogas perturbadoras, produzem uma série de distorções qualitativas no funcionamento do cérebro, como delírios, alucinações e alteração no senso-percepção. Por essa razão, são também chamadas de alucinógenos. “ (REVISTA TEMPO NOVO. 2014, p. 11)”
Atualmente os especialistas utilizam duas formas diferentes de categorizar e definir esses padrões. São elas: CID10 (10º Revisão da Classificação Internacional de Doenças da OMS) e o DSM-IV (4º Edição do Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, da Associação Psiquiátrica Americana).
O Transtorno por Uso de Substâncias, que engloba o abuso e a dependência a substâncias, encontra-se frequentemente associado a outras patologias psiquiátricas. Assim diante de um paciente com uso problemático de drogas, seja dependência ou uso abusivo, devemos sempre investigar a existência de outra doença emocional; ou por baixo da dependência ou como consequência. DSM-IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da Associação Norte-americana de Psiquiatria BALLONE GJ. 2010)
Na CID-10, o termo “uso nocivos” é utilizado como aquele que resulta em danos físicos ou mental. No DSM-IV, utiliza-se o termo“abuso”, definido de forma mais precisa e considerado também, como consequências sociais de um uso problemático, na ausência de compulsividade e fenômenos como tolerância e abstinência. Este tipo de padronização não se constitui a partir de um transtorno ou doença, e está baseada na forma de uso e na relação que o indivíduo estabelece com a substância e suas consequências negativas.
As primeiras experiências com drogas ocorrem, frequentemente, na adolescência. Vários trabalhos, incluindo a Organização Mundial de Saúde (OMS) têm evidenciado a precocidade da faixa etária do início do uso de drogas, geralmente dentro da adolescência, entre 10 e 19 anos. São várias as situações que levam jovens e adultos a experimentar drogas, entre elas estão desajustes familiares e dificuldades de adaptação social, perda de um ente querido, timidez, curiosidade, sensação de risco, busca de aventura. “ (BALLONE GJ. 2010)”
De acordo com Scivoletto (2004, p.34 apud BRASIL ESCOLA, 2015), a adolescência é uma fase onde todos estão à procura de sua própria identidade. É o momento em que querem ser reconhecidos por serem eles mesmos e não mais filhos de alguém. Começam a questionar as normas da casa, tentam escolher seu próprio caminho. Na busca de sua identidade passam a ter ideias e ideais próprias, deixando de se espelhar apenas nos pais para se deixar influenciar também pelo grupo de amigos.
As drogas capazes de causar euforia ou aliviar a dor, tem uma característica em comum: atuam de maneira diferenciada no circuito do prazer ou de recompensa, o que resulta na liberação de dopamina. O início da ação tem relação direta com a via pela qual a droga entra no organismo. Embora haja relato de uso de drogas por todas as vias possíveis, algumas formas são mais frequentes: oral, endovenosa, inalação e aspiração. “ (DIEHL, CORDEIRO, LARANJEIRA. 2011, p. 26)”
As primeiras experiências com as drogas, são prazerosas e parecem inocentes, mas em pouco tempo, podem transformar-se em necessidade, a chamada dependência química. As consequências do uso de drogas são dramáticas e afetam o indivíduo em todas as áreas de sua vida, ocasionando inúmeros problemas familiares, financeiros, profissionais e sociais, destruindo o dependente químico e todas as pessoas que fazem parte do seu círculo de vida, principalmente seus familiares. A dependência é uma doença, e precisa de tratamento.
A dependência química é compreendida como um fenômeno cada vez mais presente em nossa sociedade que provoca desordem em termos humanos e sociais nos níveis individuais e coletivos, porém cientificamente se tem a concepção de que é uma doença que acomete homens e mulheres, pobres e ricos, brancos e negros indiscriminadamente e que está diretamente relacionada com questões da saúde, sociais, econômicas, psicológicas, etc. “ (REVISTA TEMPO NOVO. 2014, p. 13)”
A dependência química, é uma doença crônica, física e psicológica causada pelo consumo constante de substâncias psicoativas, para obter a sensação de bem-estar e de prazer, aliviando sensações desconfortáveis como ansiedade, tensões, medos, entre outras. Devido a constante utilização desse tipo de droga, o corpo humano torna-se cada vez mais dependente do mesmo, tendo como consequência sintomas que afetam o sistema nervoso, sua concepção é caracterizada como progressiva, incurável, mas tratável, apesar de problemas significativos para o dependente. 
A dependência física, consiste na necessidade, a nível fisiológico, o que torna impossível a suspensão brusca das drogas, essa suspensão acarretaria a chamada crise da "abstinência". A dependência física é o resultado da adaptação do organismo, independente da vontade do indivíduo. A suspensão da droga provoca múltiplas alterações somáticas, causando a dramática situação do "delirium tremens", isto significa que o corpo não suporta a síndrome da abstinência entrando em estado de pânico. Já a dependência psicológica, o indivíduo sente um impulso irrefreável, e tem que fazer uso das drogas a fim de evitar o mal-estar. A dependência psicológica, indica a existência de alterações psíquicas que favorece a aquisição do hábito. O hábito é um dos aspectos importantes a ser considerado na toxicomania, pois a dependência psíquica e a tolerância significam que a dose deverá ser ainda aumentada para se obter os efeitos desejados. “ (ANTIDROGAS, 2015) ”
Atualmente os avanços científicos na área da dependência química permitem dizer que assim como a ação do uso prolongado de substâncias com potencial de abuso no cérebro, aspectos sociais, culturais, educacionais e comportamentais tem papel central no desenvolvimento da síndrome da dependência.
“A família e a influência cultural são fatores importantes na determinação do padrão do uso e consumo do álcool e outras drogas. Há várias evidências de que os padrões culturais têm papel significativo no desenvolvimento do alcoolismo. Sem, entretanto, ignorar as condições preexistentes de personalidade que podem favorecer a dependência de álcool e outras drogas”. (Buchele, Marques, Carvalho, 2004, apud SENAD, 2011, p.97)
Quer seja por razões culturais ou religiosas, por recreação ou como forma de enfrentamento de problemas, para transgredir ou transcender, como meio de socialização ou para se isolar, o homem sempre se relacionou com as drogas. Isso justifica os esforços para difundir informações básicas e confiáveis a respeito de um dos maiores problemas de saúde pública que afeta, direta ou indiretamente, a qualidade de vida de todo ser humano. “ (SENAD. 2011, p.42)”
O conceito, a percepção humana e o julgamento moral sobre o consumo de substâncias psicoativas evoluem constantemente, e muito se baseiam na relação humana com o álcool, devido ao fato de ser a droga mais difundida e de uso mais antigo.
2.2. drogas especificas de abuso e dependencia
Droga, segundo a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), é qualquer substância não produzida pelo organismo que tem a propriedade de atuar sobre um ou mais de seus sistemas, produzindo alterações em seu funcionamento. “ (DIEHL, CORDEIRO, LARANJEIRA. 2011, p. 18)”
Historicamente, a questão do uso abusivo e/ou dependência de álcool e outras drogas tem sido abordada por uma ótica predominantemente psiquiátrica ou médica. As implicações sociais, psicológicas, econômicas e políticas são evidentes, e devem ser consideradas na compreensão global do problema. Cabe ainda destacar que o tema vem sendo associado à criminalidade e práticas antissociais e à oferta de “tratamentos” inspirados em modelos de exclusão/separação dos usuários do convívio social.
A dependência das drogas é transtorno, onde predomina a heterogeneidade, já que afeta as pessoas de diferentes maneiras, por diferentes razões, em diferentes contextos e circunstâncias. Muitos consumidores de drogas não compartilham da expectativa e desejo de abstinência dos profissionais de saúde, e abandonam os serviços. Outros sequer procuram tais serviços, pois não se sentem acolhidos em suas diferenças. Assim, o nível de adesão ao tratamento ou a práticas preventivas e de promoção é baixo, não contribuindo para a inserção social e familiar do usuário. “ (BRASIL, 2003, p. 07 e 08) ”
Estudiosos dos diversos campos das ciências naturais e humanas reconhecem que o efeito das substâncias químicas sobre a fisiologia e seu estado emocional não é unicamente resultado das propriedades farmacológicas das substâncias. Concordam que a compreensão de como elas afetam seus consumidores depende da consideração conjunta de pelo menos três fatores determinantes entre si: das características da (s) substancia (s), do estado psicológico e do universo sociocultural que compartilha. As conexões entre fatores socioculturais e dependência podem ser traçadas em diversas direções e justificadas por diferentes perspectivas. Há recortes de dimensões bem diferentes entre os aspectos transculturais, sociais e ritualísticos da dependência química.
Martine Xiberras, socióloga francesa, procurou por afinidades eletivas que se manifestame se instalam historicamente entre uma cultura e determinada droga, traçando o que se pode chamar de uma epidemiologia cultural. Nesse esforço, sintetizou uma história de longo prazo sobre a utilização dos mais importantes produtos psicoativos (bebidas alcoólicas, ópio, cannabis e alucinógenos) e a significação que a droga se encerra para cada uma das sociedades que prescrevem seu uso, evidenciando suas particulares preferências. “ (DIEHL, CORDEIRO, LARANJEIRA. 2011, p. 67 e 68) ”. 
Ninguém nasce dependente do álcool e muito menos se torna dependente de uma noite para o dia, embora existam tipos de drogas que causam dependência já nas primeiras vezes de uso. Ressalta-se que o uso de substâncias ocorre após a pessoa haver experimentado, às vezes por simples curiosidade. Para prevenir o uso indevido de drogas, é importante conhecer os efeitos que elas causam, suas diferentes classificações e as consequências de seu uso. “ (BARROS e MARQUES. 2011, p. 63)
O Álcool, é compreendido cientificamente como a síndrome de dependência de álcool (SDA), é sem dúvida um grave problema de saúde pública sendo um dos transtornos mentais mais prevalentes da sociedade. “ (DIEHL, CORDEIRO, LARANJEIRA. 2011, p. 129)”. O álcool etílico é um produto da fermentação de carboidratos (açúcares) presentes em vegetais, como a cana-de-açúcar, a uva e a cevada. É seguramente a droga psicotrópica de uso e abuso mais amplamente disseminada em grande número e diversidade de países na atualidade. Trata-se de uma patologia de caráter crônico, passível de muitas recaídas e responsável por inúmeros prejuízos clínicos, sociais, trabalhistas, familiares e econômicos. “ (SENAD. 2011, p.20)”.
O Tabagismo (nicotina), é denominado como o consumo de qualquer produto derivado do tabaco, considerado uma pandemia, sendo a maior causa de morte evitável no mundo, o cigarro industrializado, é a forma de consumo prevalente em nossa sociedade. A nicotina é a substância presente no tabaco que provoca a dependência, destacando que, o tabaco pode ser usado de diversas maneiras, de acordo com sua forma de apresentação: inalado (cigarro, charuto, cigarro de palha, narguilé), aspirado (rapé), mascado (fumo de rolo). “ (DIEHL, CORDEIRO, LARANJEIRA. 2011, p. 129, 145 e 146). ”
A Maconha, é o nome dado no Brasil à Cannabis Sativa. Suas folhas e inflorescências secas podem ser fumadas ou ingeridas. (SENAD. 2011, p.28), A maconha fumada libera componentes semelhantes ao tabaco, porém com mais substâncias particuladas e cancerígenas. “ (DIEHL, CORDEIRO, LARANJEIRA. 2011, p. 164).”
A Cocaína, é uma substância extraída de uma planta originária da América do Sul, popularmente conhecida como coca (Erythroxylon coca). A cocaína pode ser consumida na forma de pó (cloridrato de cocaína), aspirado ou dissolvido em água e injetado na corrente sanguínea, ou sob a forma de uma pedra, que é fumada. “ (SENAD. 2011, p.26)”. Trata-se da droga ilícita que mais motiva o usuário a buscar tratamento, ainda que não seja a mais consumida, o que revela o impacto pessoal e familiar dessa dependência. “ (DIEHL, CORDEIRO, LARANJEIRA. 2011, p. 164).”
O Crack, é basicamente uma nova forma de apresentação e administração da cocaína, uma vez que a forma básica obtida por adição de uma base com sulfato de amônia ou bicarbonato de sódio, à pasta-base ou à cocaína na forma de cloridrato (pó em seu estado original de refinamento), faculta seu uso por via fumada. “ (DIEHL, CORDEIRO, LARANJEIRA. 2011, p. 172)”. Os indivíduos desenvolvem dependência severa rapidamente, muitas vezes, em poucos meses ou mesmo algumas semanas de uso. “ (SENAD. 2011, p.27)”
No que diz respeito ás drogas lícitas, em muitas nações como o Brasil, há um vazio em advocacia pública, deixando as organizações não governamentais como prováveis candidatas a representação pública nos assuntos referentes aos problemas relacionados ao consumo desta. Além disso, os meios de comunicação estão tendo uma influência significativa no debate político em níveis nacional e local determinando seu papel dominante na cultura contemporânea. Um exemplo disso, é o caso das bebidas alcoólicas. Embora a indústria do álcool tente fazer alguma propaganda educativa, “se beber, não dirija”, ou “beba com moderação”, seus interesses comerciais entram em conflito com as medidas de saúde pública. “ (DIEHL, CORDEIRO, LARANJEIRA. 2011, p. 496).”
Temos atualmente, o mercado das drogas ilícitas em franco crescimento, e que por diversos fatores, os jovens podem ser atraídos a ingressarem no mundo das drogas, seja como consumidores ou como trabalhadores. Essa refração da questão social somado às determinações das políticas públicas e da legislação é o panorama no qual o assistente social está inserido e que carece de enfrentamento diário. “ (RIBEIRO e SILVA. 2015)”.
Todas as substâncias psicoativas e psicotrópicas podem levar ao uso nocivo ou à dependência. Os critérios diagnósticos são claros e objetivos, mas não basta detectá-los. É preciso também investigar a gravidade dos mesmos. Além disso, o uso problemático pode estar acompanhado por transtornos psiquiátricos, tais como depressão, ansiedade, sintomas psicóticos e transtornos de personalidade. “ (MARQUES e OLIVEIRA, 2006, p.23) ”
2.3. programa 12 passos no tratamento da dependencia quimica
O programa 12 passos, se originou da criação dos AA em 1935, em Akros, Ohio, nos Estados Unidos com Willian Wilson e Robert Smith, ambos alcoolistas que se beneficiaram da troca de experiências alcançando assim, a abstinência e a sobriedade. Os grupos de mutua-ajuda são pequenas organizações com características de ajuda mutua e de realização de alguma meta. São formados por companheiros que se unem em assistência mútua com o objetivo de satisfazer uma necessidade comum, superar uma dificuldade relacionada com um problema físico ou estilo de vida autodestrutivo, buscando dessa maneira uma mudança social ou pessoal. Os grupos de mútua – ajuda mais conhecidos mundialmente são os Alcoólicos Anônimos (AA) e os Narcóticos Anônimos (NA), definidos como uma irmandade de homens e mulheres que se ajudam a resolver problemas comuns com o álcool e outras drogas de abuso. 
A filosofia dos AA e dos NA, consiste nos 12 passos, grupos de princípios espirituais, em sua natureza, como honestidade, mente aberta e boa vontade os quais são aplicados como forma de vida, podem permitir ao dependente químico que se torne integro, feliz e útil. “ (DIEHL, CORDEIRO, LARANJEIRA. 2011, p. 304 e 306). ” Os 12 passos estão discriminados apenas por suas chamadas principais, porém cada um deles é de um conteúdo muito grande e importante. O objetivo dos doze passos é de conscientizar a todos os dependentes que existe uma necessidade de reconhecimento de que ele é importante perante o álcool e as drogas, conscientizá-lo dos seus erros e atitudes do passado, porém que através do amor existe o perdão, e que não mais tais erros devem ser repetidos em sua vida. 
A partir do momento que o dependente químico encaixa em sua vida de recuperação todos os doze passos, ele começa com maior facilidade dominar suas vontades, e a prática deles em sua rotina diária o ajuda a ter maior facilidade para manter a sua sobriedade, porém sempre permanecendo em recuperação. 
1° passo: Admito que sou impotente perante o álcool e as drogas, e que perdi o domínio sobre minha vida, que esse é o momento de recomeçar e só depende de mim. 2º passo: Começo a acreditar em um Poder Superior que é Jesus Cristo, somente ele poderá me devolver uma cabeça boa para enfrentar o mundo e mudar de vida. 
3º passo: Entrego a minha vida e as minhas vontades aos cuidados de Deus e começo a aceitar a vontade dele, mesmo na dor. 4º passo: Faço um inventário moral de mim mesmo e estou disposto a mudar à minha maneira de pensar com relação ao meu passado, ao meu presente, ao meu futuro, enfim a minha vida num todo. 
5º passo: Admito perante a Deus, perante a mim mesmo e perante aos outros seres humanos a natureza exata das minhas falhas. 6º passo: Prontifico-me inteiramente adeixar que Deus remova todos os meus defeitos. 
7º passo: Humildemente eu rogo a ele (Deus) que me livre das minhas imperfeições. 8° passo: Faço uma relação com os nomes das pessoas que prejudiquei e me prontifico a reparar os danos causados com entendimento. 
9º passo: Faço reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre que possível, somente não a faço quando percebo que essa reparação pode ser prejudicial a mim mesmo ou a outra pessoa. 10º passo: Continuo fazendo inventário pessoal e quando erro, admito prontamente. 
11º passo: Procuro através da meditação e da oração melhorar o meu contato consciente com Deus da forma que fui concebido, rogando o conhecimento de sua vontade com relação a mim e forças para realizar tais vontades. 12° passo: Tendo experimentado um despertar espiritual graças a esses passos, procuro transmitir uma mensagem aos alcoólatras e aos drogados e ser um exemplo de vida, praticando o princípio de cada um em todas as minhas atividades.
Os 12 passos são utilizados por diversas instituições para auxiliar o dependente em sua recuperação, em cada instituição ele é escrito de uma maneira um tanto que diferente da outra, porém em todas elas os significados são os mesmos, sendo fundamental a vivência de cada um deles pelo dependente para a sua recuperação e sua sobriedade. “ (REVISTA TEMPO NOVO. 2014, p. 05)”
 3. legislação e as politicas de prevenção
3.1. politica nacional sobre drogas
Ao criar o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (Sisnad), a Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006, dotou a sociedade brasileira dos instrumentos legais de que precisa para vencer a luta contra uma das mais graves ameaças ao desenvolvimento socioeconômico das nações. As drogas, verdadeiro martírio para os que delas são dependentes, arruínam o presente e comprometem o futuro de um povo, pela sedução ardilosa com que viciam e matam. Hoje, o Sisnad estabelece a diferença entre criminosos e vítimas, entre os que merecem a força da lei e da Justiça e os que têm direito ao tratamento médico, ao apoio psicológico e à assistência social – meios para se recuperar, se reabilitar e se reinserir na sociedade. “ (SISNAD, 2012, p. 07) ”.
As Políticas Públicas são diretrizes, princípios norteadores de ação do poder público; regras e procedimentos para as relações entre poder público e sociedade, mediações entre atores da sociedade e do Estado, que orientam ações que normalmente envolvem aplicações de recursos públicos. As políticas públicas traduzem, no seu processo de elaboração e implantação e, sobretudo, em seus resultados, formas de exercício do poder político, envolvendo a distribuição e redistribuição de poder, o papel do conflito social nos processos de decisão, a repartição de custos e benefícios sociais. “ (TEIXEIRA.2002, p.02) ”
Políticas públicas do álcool são as que dizem respeito à relação entre álcool, segurança, saúde e bem-estar social, definem-se como qualquer esforço ou decisão de autoridades governamentais ou não governamentais (ONGs), para minimizar ou prevenir problemas relacionados ao álcool. “ (DIEHL, CORDEIRO, LARANJEIRA. 2011, p. 497 e 498). ”
 Na década de 80, o intenso debate sobre os direitos humanos teve como ponto culminante a elaboração da Constituição de 1988, a qual destacou a saúde como uma das condições essenciais à vida digna sendo, portanto, um direito humano fundamental. Assim, a Política de Saúde Brasileira foi formulada a fim de viabilizar a garantia normativa máxima do direito à saúde. “ (SENAD. 2011, p.240)”.
A partir de 1998, o Brasil consolidou uma política nacional específica sobre o tema da redução da demanda e da oferta de drogas. Foi depois da realização da XX Assembleia Geral das Nações Unidas, na qual foram discutidos os princípios diretivos para a redução da demanda de drogas, aderidos pelo Brasil, que nas primeiras medidas foram tomadas. O então Conselho Federal de Entorpecentes (CONFEN) foi transformado no Conselho Nacional Antidrogas (CONAD) e foi criada a Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD), diretamente vinculada à, então, Casa Militar da Presidência da República.
Em 2003, o Presidente da República apontou a necessidade de construção de uma nova Agenda Nacional para a redução da demanda de drogas no país, que viesse a contemplar três pontos principais: integração das políticas públicas setoriais, com a Política Nacional Antidrogas, visando ampliar o alcance das ações; descentralização das ações em nível municipal, permitindo a condução local das atividades da redução da demanda, devidamente adaptadas à realidade de cada município; estreitamento das relações, com a sociedade e com a comunidade científica. Com ampla participação popular, embasada em dados epidemiológicos atualizados e cientificamente fundamentados, a política realinhada passou a chamar-se Política Nacional sobre Drogas (PNAD), que estabelece os fundamentos, os objetivos, as diretrizes e as estratégias indispensáveis para que os esforços, voltados para a redução da demanda e da oferta de drogas, possam ser conduzidos de forma planejada e articulada. 
A Lei n. 11.343/2006 colocou o Brasil em destaque no cenário internacional ao instituir o SISNAD e prescrever medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas, em consonância com a atual política sobre drogas. Essa Lei nasceu da necessidade de compatibilizar os dois instrumentos normativos que existiam anteriormente: a Lei n. 6.368/76 e a n. 10.409/2002. “ (SENAD. 2011, p.218, 219 e 220) ”.
No que diz respeito à política pública de assistência social têm-se construído avanços significativos, na medida em que se alteram paradigmas para o atendimento e se estabelece o escopo legal para as ações a serem desenvolvidas. A promulgação da nova Constituição Brasileira em 1988 é um dos marcos para a mudança na concepção da assistência social, ao reconhecê-la como dever do estado e, portanto, política pública. A assistência social passa a ter objetivos, que vão para além da “ajuda”, que buscam garantir o atendimento real das necessidades dos cidadãos. Ainda no que diz respeito à assistência social como política pública que articulada a outras (em especial a saúde), tem papel fundamental na implementação de ações de prevenção ao uso de drogas, a aprovação da Política Nacional de Assistência Social (PNAS), em 2004 vem dar materialidade a assistência social, da forma como está proposta na Constituição e regulamentada na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), consolidando então o paradigma de direitos. “ (FREITAS E SANTOS. 2012, p.05)”.
A Constituição reconhece como direito a Seguridade Social, que inclui a Assistência Social, a Saúde e a Previdência Social, com iguais diretrizes de universalidade, equidade e gestão democrática. A formulação de Assistência Social conseguiu superar a tradição de benemerência e caridade, suportes do fisiologismo e de clientelismo, embora estas práticas ainda dominem. O grande salto foi conceber a Assistência como direito de cidadania, política pública, prevendo ações de combate à pobreza e promoção do bem-estar social, articulada às outras políticas, inclusive a econômica. “ (TEIXEIRA. 2002, p.09)”
Na área da saúde, ocorreu maior a descentralização, em uma política deliberada, resultado de um processo social dinâmico, partindo de experiências concretas, que propiciaram as diretrizes básicas para o modelo implantado em todo o país – o SUS. “ (TEIXEIRA. 2002, 08)”. Na política de saúde, a operacionalização deste princípio constitucional tem o seu funcionamento organizado pelas Leis no 8.080/90 e 8.142/90. Isto inclui não só a gestão do sistema de saúde, mas também a participação destas esferas no financiamento e oferta de serviços. O SUS foi concebido a partir dos seguintes princípios doutrinários: Universalidade: assegura o direito à saúde a todos os cidadãos, independente de condição de saúde, gênero, idade, região, condições financeiras, etc. Integralidade: considera as diversas dimensões do processo saúde-doençaque afetam o indivíduo e a coletividade, atuando, portanto, na promoção, prevenção e tratamento de agravos. Equidade: direito à assistência de acordo com o nível de complexidade. “ (SENAD. 2011, p.240) ”.
Para que o direito à saúde não seja negado na prática constitucional, há diretrizes organizativas que visam proporcionar maior efetividade aos referidos princípios. Entre estas diretrizes, está a descentralização, que aponta a ênfase nos municípios como esfera principal de acesso aos serviços e gestão de saúde; a hierarquização, que se refere à criação de uma rede de cuidados em níveis de complexidade para a racionalização e melhor gasto dos serviços de saúde; e a participação comunitária ou controle social, que garante a participação de representantes da comunidade na proposição, fiscalização e gestão dos sistemas de saúde. (SENAD. 2011, p. 240) 
Em relação à Política Pública de Saúde, da forma como está estruturada legalmente abre espaços significativos para a inserção do assistente social, a partir de uma concepção de saúde que vai para além do “tratamento”, partindo da necessidade de prevenção como a estratégia que vai trazer resultados significativos. Portanto o entendimento do indivíduo como sujeito de direitos (assistência social) e a necessidade de garantir o bem-estar desse indivíduo (saúde) é essencial para efetivação de políticas de prevenção ao uso de drogas. “ (FREITAS e SANTOS. 2012, p.05)”. 
O impacto de políticas públicas coordenadas setorialmente é visível, e vem se impondo para todas as áreas sociais de governo. O desafio colocado é o de aperfeiçoar os instrumentos de acompanhamento e de geração de informações, que tornem factíveis os processos de avaliação e de gestão dos programas. Nesse sentido, no campo da prática de políticas públicas, a intersetoralidade e a intrasetorialidade requerem investimentos contínuos e de longo prazo, dedicando esforços coerentes a cada nova geração. A integralidade das ações, com a consequente definição de papéis entre os diversos níveis de governabilidade. “ (BRASIL, 2003, p.28) ”
O trabalho social se baseia no respeito quanto aos arranjos familiares, aos valores, crenças e identidade das famílias e se fundamenta no fortalecimento da cultura, do diálogo, no combate a todas as formas de violência, de preconceito, de discriminação e nas relações familiares. Também objetiva a potencialização dos recursos disponíveis das famílias, suas formas de organização, sociabilidade e redes informais de apoio para o fortalecimento ou resgate de sua autoestima e a defesa de direitos. Desta forma, a família é parte integrante do cotidiano profissional do assistente social, sendo necessário buscar abordagens que produzam melhores resultados nas intervenções das diferentes demandas apresentadas pelas famílias, como àquelas que se propõe através das redes de apoio nos diferentes territórios de abrangência, onde se articulem as diferentes políticas sociais voltadas para o atendimento das necessidades das famílias. ” (GOULART e SOARES. 2015, p. 63)”
O posicionamento da saúde pública nesta área inclui, portanto, o fortalecimento de políticas relacionadas, como as políticas de saúde e de drogas, contendo elementos fundamentais que visam reduzir o impacto na saúde, incluindo um amplo espectro de intervenções que vão desde a promoção de estilos de vida saudáveis, prevenção em diferentes níveis, tratamento e reabilitação de uso problemático e reintegração social. Dada a complexidade da questão, é necessário desenvolver estratégias e planos de ação consistentes, se possível com base em evidências científicas, para facilitar o acesso universal da população aos serviços e programas correspondentes, tanto no âmbito da oferta pública de serviços de saúde e áreas relacionadas, disponibilizando recursos para prevenir ou controlar danos associados com o uso de substâncias psicoativas. “ (RONZANI, COSTA, MOTA e LAPORT, p. 19) ”.
Conforme estabelecido na Política Nacional sobre Drogas, a prevenção trata de desenvolver ações firmadas em princípios éticos e direcionadas para o desenvolvimento humano, o que reitera a necessidade do trabalho profissional do Serviço Social nessa construção, tornando-se essencial a compreensão que vai para além da imediaticidade do real e que busca entender que a problemática do uso de drogas é também uma expressão da questão social, havendo a necessidade de uma intervenção que considere a complexidade das dimensões envolvidas nessa análise.
[ ] o debate contemporâneo sobre os usos de drogas na realidade brasileira tem profunda relação com o debate sobre a questão social, daí a importância de um posicionamento fundamentado e coerente com o projeto profissional do Serviço Social diante do uso de drogas como prática social e das respostas formuladas pela sociedade brasileira à essa prática (CFESS, 2011, p.4 online)
No campo da política de atenção integral em álcool e outras drogas no Brasil, o tema tem sido tratado de modo pontual, contando com esforços de setores e grupos preocupados com o aumento exponencial do problema do uso abusivo de álcool de outras drogas. É importante, portanto, destacar que, o Ministério da Saúde assume de modo integral e articulado o desafio de prevenir, tratar, reabilitar os usuários de álcool e outras drogas como um problema de saúde pública. Esta decisão atende às propostas que foram enfaticamente recomendadas pela III Conferencia Nacional de Saúde Mental, em dezembro de 2001. “ (III CNSM, Relatório Final, 2001 apud BRASIL. 2003, p.9)”.
Quando se propõe uma política pública nacional assistencial, é necessário o desenvolvimento de diretrizes para que todos os serviços de categoria semelhantes possam se orientar sobre as estratégias de tratamento. A isso, se soma a necessidade de haver diretrizes gerais para o tratamento de populações especificas envolvidas com substâncias psicoativas e em consonância com suas necessidades. “ (DIEHL, CORDEIRO, LARANJEIRA. 2011, p. 454 e 455) ”. Cada vez mais, governos e sociedades em todo o mundo concluem que a prioridade é desintoxicar, tratar e auxiliar os dependentes químicos a voltarem ao convívio social. Entretanto, além das dificuldades de recuperação dos dependentes químicos, especialmente aqueles viciados em crack, o Brasil convive hoje com uma rede de tratamento para dependentes químicos pequena e precária. “ (SENADO, 2011 online) ”.
O propósito primário de uma política de prevenção de álcool, tabaco e outras drogas é reduzir o uso das substâncias psicoativas e os problemas associados ao seu consumo. Esses problemas geram elevados custos referente a saúde individual, custos sociais, e legais e consequências adversas relacionado ao consumo. “ (DIEHL, CORDEIRO, LARANJEIRA. 2011, p. 498)”. Estudos comprovam que quanto maior o envolvimento com drogas, menor o impacto das leis em deter o consumo, e que além disso, a lei serve para impedir um número substancial de pessoas de usar drogas. Como visto, o desafio de uma política de drogas é buscar um equilíbrio para cada droga, mas sempre visando à diminuição global do consumo. “ (DIEHL, CORDEIRO, LARANJEIRA. 2011, p. 502).”
3.2. A Rede Assistencial para Usuários de Álcool e outras Drogas
A dependência química, como um grave problema de saúde pública, necessita de atenção especial. Portanto, a área de saúde tem muito a realizar no que diz respeito ao uso de drogas e à promoção de saúde (Gelbcke & Padilha, 2004, apud PRATTA e SANTOS, p.209). 
Assim, trabalhar essa questão na nossa realidade exige um conjunto de ações específicas que envolvam melhorias tanto no tratamento em si, no caso da dependência já instalada, quanto em termos de promoção e prevenção ao uso de drogas, de acordo com o modelo biopsicossocial de saúde, o qual apresenta uma concepção holística do ser humano. Dentro desses parâmetros, considerando-se as características e os fatores relacionados ao uso de drogas na atualidade, a condução de um programa terapêutico. 
A necessidade de encarar a questão da dependência química como uma realidadediferenciada e que necessita de acompanhamento - não sendo, portanto, uma questão apenas de moral ou de caráter do indivíduo -, traz à tona a importância de se discutir ações de promoção e de prevenção ao uso de drogas, com a finalidade de reduzir esse fenômeno em nossa realidade. Atualmente, em função da expansão do consumo de substâncias psicoativas e dos problemas a ele associados, muito se tem falado a respeito da prevenção, estratégia considerada de suma importância para se trabalhar o fenômeno da drogadição. “(PRATTA e SANTOS, 2009, p.2009)”.
De forma resumida, a história das políticas de saúde mental no Brasil, é marcada por embates e disputa de diferentes interesses, o que levou a uma mobilização de diversos setores da sociedade para que houvesse um cuidado mais digno e humanizado aos portadores de sofrimento mental. A política voltada para os usuários de álcool e outras drogas, está articulada à Política de Saúde Mental do Ministério da Saúde. 
Um importante marco constitucional é a Lei nº 10.216 / 01, a qual dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais, entre eles os usuários de álcool e outras drogas, destacando que é responsabilidade do Estado, o desenvolvimento de ações de assistência e promoção de saúde a esta população.
A política de saúde mental, está voltada para realizar um cuidado integral, objetivando promover a atenção aos usuários. A rede assistencial proposta por esta política é baseada no aparato para promover a Reforma Psiquiátrica no Brasil chamado de Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), para substituir de forma organizada e gradual o modelo hospitalocêntrico. Destaca-se que a política para os usuários de álcool e outras drogas é convergente com os princípios e orientações do SUS, buscando a universalidade do acesso e do direito à assistência aos usuários. 
De acordo com a Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogas, torna-se imperativa a necessidade de estruturação e fortalecimento de uma rede de assistência centrada na atenção comunitária associada à rede de serviços de saúde, sociais e demais políticas Inter setoriais, que tenha ênfase na reabilitação e reinserção social dos seus usuários, sempre considerando que a oferta de cuidados a pessoas que apresentem problemas decorrentes do uso de álcool e outras drogas deve ser baseada em dispositivos extra-hospitalares de atenção psicossocial especializada, como é o caso do Centro de Atenção Psicossocial Álcool/ Drogas (CAPS ad), devidamente articulados à rede assistencial em saúde mental e ao restante da rede Inter setorial. “ (GOULART e SOARES. 2015, p. 64)”
A política está organizada a partir do estabelecimento de uma rede de atenção aos usuários de álcool e outras drogas, pois não se pode pensar na assistência de forma fragmentada e sim de forma integral e Inter setorial. Esses dois princípios são fundamentais porque é a partir destes que podemos pensar o quão importante é articular os diferentes conselhos com o setor saúde para que o usuário tenha um cuidado integral, de acordo com suas necessidades e problemas. “ (SENAD. 2011, p.241, 242, 243 e 244) ”. O trabalho Inter setorial, em rede, pode abrir novos espaços profissionais e possibilitar uma atuação onde as pessoas serão acolhidas em suas diferentes necessidades individuais, assim como familiares, bem como exige conhecimento plural para atender às diversas expressões da questão social. “ (GOULART e SOARES. 2015, p. 66)”.
Nas ciências humanas e sociais, redes sociais são definidas como um sistema aberto, em permanente construção, que se constrói de forma individual e coletiva. O apoio social que as redes proporcionam remete ao dispositivo de mutua – ajuda, potencializando quando uma rede é forte e integrada. “ (DIEHL, CORDEIRO, LARANJEIRA. 2011, p. 301 e 302). ”
Os CAPS podem ser de tipo I, II, III, Álcool e Drogas (CAPS AD), e Infanto-juvenil (CAPS I). A implantação destes serviços é definida de acordo com o porte do município. As atividades desenvolvidas nos CAPS são: Atendimento individual; Atendimento em grupo; Atendimento para a família; Atividades comunitárias; Assembleias ou Reuniões de Organização do Serviço. 
Os CAPS AD são dispositivos com funcionamento ambulatorial e de hospital-dia, com trabalho interdisciplinar e integral que procuram oferecer e criar uma rede de atenção aos usuários de álcool e outras drogas. É relevante acentuar que os CAPS ad são instâncias não só de cuidado aos usuários, mas também de organização e articulação de toda a rede de atenção aos usuários de álcool e outras drogas. Com ênfase na reabilitação e reinserção social dos seus usuários, o Programa Nacional de Atenção Comunitária Integrada aos Usuários de Álcool e Outras Drogas está voltado para o desenvolvimento de uma rede de assistência centrada na atenção comunitária associada à rede de serviços de saúde e sociais. “ (SENAD. 2011, p.247 e 248) ”.
Portanto, a política de álcool e outras drogas trata de uma política Inter setorial e inclusiva, com ações em várias áreas: saúde, justiça, educação e social. Por meio do estabelecimento desta rede de atenção integral ao usuário e tendo o CAPS AD articulado a outros níveis de atenção à saúde e setores da sociedade, a política preconiza que a assistência deve pautar-se por ações de prevenção, tratamento e reinserção social.
Nunca é demais, portanto, insistir que é a rede – de profissionais, de familiares, de organizações governamentais e não-governamentais em interação constante, cada um com seu núcleo específico de ação, mas apoiando-se mutuamente, alimentando-se enquanto rede – que cria acessos variados, acolhe, encaminha, previne, trata, reconstrói existências, cria efetivas alternativas de combate ao que, no uso das drogas, destrói a vida. 
As ações preventivas devem facilitar a promoção da atenção global aos indivíduos, melhorando o seu acesso a dispositivos de cuidados e à rede de suporte social existente em seu território; devem também facilitar a sua inserção e integração comunitárias, encontrando o seu campo legitimo de atuação na comunidade. Devem, enfim, ajudar a proporcionar ganhos de qualidade de vida para as pessoas, com a facilitação de condições básicas à reconstrução não somente de vivências em que a participação do álcool e das drogas seja nenhuma, mínima ou menos danosa, mas de projetos de vida individualizados que comportem opções mais produtivas e alternativas ao uso de álcool e outras drogas enquanto fonte de prazer, e que detenham uma perspectiva evolutiva real para o futuro destas pessoas. (BRASIL. 2003, p.11 e 35) ”
O ambiente de tratamento, a composição da equipe profissional e o tipo de tratamento constituem o enquadre terapêutico, ou seja, a organização interna do serviço. Esta estrutura (institucional, profissional e teórico-prática) determina o modus operandi do programa de atendimento. Há incontáveis tipos de ambientes de tratamento, apesar de alguns serem mais conhecidos e tradicionais. Cada um deles possui vantagens e desvantagens na prestação de auxílio ao dependente químico. Não há um serviço melhor que o outro, mas sim pacientes mais indicados para cada serviço. 
O Brasil, infelizmente, ainda não possui uma legislação normalizadora dos níveis de atendimento, tampouco do papel de cada profissional da saúde no tratamento das dependências químicas, apesar de problemas acerca do tema já terem sido identificados por diversos estudos nacionais. Tal carência dificulta o encaminhamento racional daqueles que procuram auxílio especializado, sobrecarregando setores que deveriam se responsabilizar por apenas uma parte do tratamento. Ainda assim, faz parte da organização de um serviço determinar, mesmo que grosseiramente, qual o seu ponto de inserção dentro da rede de tratamento disponível em uma determinada região. Todo o serviço deve procurar o seu lugar para apoiar, com mais eficácia, o paciente que o procura e se conectar aos demais serviços disponíveis, para formar redes de apoio mútuo. Isso reforçae amplia as estratégias de tratamento do serviço e possibilita o encaminhamento daqueles que já concluíram o tratamento proposto, mas ainda necessitam de outras abordagens. “ (RIBEIRO, 2004, p. 60) ”
3.3. serviço social no tratamento de dependencia quimica
A organização de serviços de tratamento para dependência química, tem se tornado um paradigma atual para profissionais e gerenciadores de saúde que atuam nessa área, uma vez que tal atividade se mostra uma tarefa extremamente complexa e que envolve um grande número de variáveis. Observa-se que grande parte dos programas de tratamento para abuso e dependência de substâncias psicoativas, tanto nacionais quanto internacionais está organizada de forma empírica a partir do empenho e da experiência pessoal de seus profissionais, havendo ainda uma grande lacuna entre o que tem eficácia comprovada por pesquisa e o que se faz na prática. 
Entende-se que o foco do trabalho com drogas está sendo deslocado de um modelo tradicional, baseado no amedrontamento, na repressão, que enfatiza a culpa de quem usa a droga, para um novo modelo voltado para a educação, para a saúde e para o cuidado do ser humano, que valoriza a pessoa, a família e a sua participação na comunidade e que considera também a importância das redes sociais na abordagem da dependência ao álcool e outras drogas. Enfatiza-se assim, que o assunto “drogas” precisa ser considerado de forma coletiva, Inter setorial e integrada, pelos diferentes atores sociais envolvidos. (GOULART e SOARES.2015, p.62) ”
Atualmente os profissionais do Serviço Social vem se expandindo no mercado de trabalho, conquistando um espaço em clinicas, hospitais, empresas, ONGs, e outros, fazendo com que a visão de “meros assistencialistas” seja substituída, trazendo um diferencial tanto para a instituição quanto para os que necessitam deste atendimento. “ (REVISTA TEMPO NOVO. 2014, p. 06)”
As atribuições e competências dos profissionais de Serviço Social, sejam aquelas realizadas na saúde ou em outro espaço sócio ocupacional, são orientadas e norteadas por direitos e deveres constantes no Código de Ética Profissional e na Lei de Regulamentação da Profissão, que devem ser observados e respeitados, tanto pelos profissionais quanto pelas instituições empregadoras. O perfil do assistente social para atuar nas diferentes políticas sociais deve afastar-se das abordagens tradicionais funcionalistas e pragmáticas, que reforçam as práticas conservadoras que tratam as situações sociais como problemas pessoais que devem ser resolvidos individualmente. O reconhecimento da questão social como objeto de intervenção profissional (conforme estabelecido nas Diretrizes Curriculares da ABEPSS, 1996), demanda uma atuação profissional em uma perspectiva totalizante, baseada na identificação das determinações sociais, econômicas e culturais das desigualdades sociais. “ (CFESS, 2010, p. 33 e 34) ”.
Há um grande número de profissionais diretamente envolvidos no tratamento da dependência química. Cada ambiente (e a complexidade de sua organização) requer um tipo de equipe. Um hospital-dia é um ambiente eminentemente multidisciplinar, enquanto uma comunidade terapêutica pode funcionar com apenas um profissional da saúde especializado, integrado a um grupo de ex-usuários. Independentemente da complexidade de cada serviço, é importante que os pacientes tenham acesso a todos os profissionais necessários. Mais uma vez, além de conhecer seus limites e sua posição no nível de atendimento, um serviço também deve estar integrado à totalidade da rede de atendimento, a fim de potencializar ou suprir pontos não cobertos por seu tratamento. “ (RIBEIRO, 2004, p.60) ”. 
Os profissionais de Serviço Social independentemente da área em que desempenham as suas ações profissionais têm como objeto a “questão social”, pelo que organizam, aprofundam, ampliam, desenvolvem, facilitam os conhecimentos e informações necessárias acerca de todos os aspectos que dizem respeito à problemática dos indivíduos em geral. Os assistentes sociais trabalham com as mais variadas populações que por sua vez apresentam as mais diversas problemáticas sociais, o que requer da parte dos profissionais, diferentes formas de agir e de pensar acerca das situações.  “ (ROQUE. 2011 online). ” Trabalhar com dependentes químicos em geral é uma atividade que exige dos profissionais envolvidos capacidade de acolher, de receber, de estar aberto para as vivencias do outro. É importante sobretudo, que haja treinamento específico, educação continuada sobre a área de atuação, por meio dos vários cursos de capacitação existentes, mas principalmente daqueles ligados a especializações em comportamentos aditivos. “ (DIEHL, CORDEIRO, LARANJEIRA. 2011, p. 507).” O atendimento aos dependentes de substâncias psicoativas visa o resgate do ser humano, por meio da promoção, da cidadania, da autoestima e principalmente pela reestruturação e fortalecimento dos vínculos familiares.
O atendimento direto aos usuários se dá nos diversos espaços de atuação profissional na saúde, desde a atenção básica até os serviços que se organizam a partir de ações de média e alta complexidade, e ganham materialidade na estrutura da rede de serviços brasileira a partir das unidades da Estratégia de Saúde da Família, dos postos e centros de saúde, policlínicas, institutos, maternidades, Centros de Apoio Psicossocial (CAPs), hospitais gerais, de emergência e especializados. “ (CFESS. 2010, p.41)”.
A assistência em saúde envolve um trabalho do tipo profissional, executado por trabalhadores que tenham qualificação técnica em graus diversificados e que, portanto, dominem saberes e técnicas especificas para auxiliar indivíduos com problemas de saúde ou em situação de vulnerabilidade. A equipe de saúde que atua na área da dependência química pode assumir diferentes configurações, conforme a política pública e organizacional na qual esteja inserida. Dessa forma a composição da equipe é diretamente proporcional à disponibilidade do serviço a ser oferecido. A equipe básica de saúde pode ser constituída por médico, equipe de enfermagem, psicólogo, terapeuta ocupacional e assistente social. “ (DIEHL, CORDEIRO, LARANJEIRA. 2011, p. 455)”
Destaca-se que a prevenção deve ser entendida como o processo participativo e político de reflexão acerca da utilização de drogas lícitas e não lícitas e seus efeitos nas diversas dimensões, quais sejam: físico/biológicas, psíquicas e sociais. O tipo de tratamento a escolher depende da gravidade do uso e dos recursos disponíveis para o encaminhamento. Eles devem ser indicados conforme os critérios previamente estabelecidos e muitas vezes se constituem em abordagens complementares para um mesmo indivíduo, de modo que não devem ser vistos como excludentes. “ (SENAD, 2011, p. 180) ”
A função do assistente social é a de acompanhamento, sendo a intervenção centrada na situação-social-problema dos indivíduos. Uma das técnicas de trabalho do serviço social é a articulação da mediação em suas demandas, o serviço social é uma das portas de entrada para as soluções extrajudiciais dentro da seccional, pois, através do atendimento da mediação realizado pela profissional entre os usuários envolvidos, faz com que eles mesmos sejam capazes de propor algum tipo de acordo entre si, e a maioria dos casos eles conseguem chegar a um consenso, onde assumem suas responsabilidades, direitos e deveres. A mediação, portanto, na prática profissional é percebida como uma técnica mais adequada aos conflitos familiares, buscando a solução através de uma construção conjunta, participativa e co-responsável dos disputantes, visando à manutenção e a minimização de consequências negativas aos vínculos parentais. “ (SILVA. 2013 online) ”
Segundo Ferreira (1997 apud ROQUE 2011 online) a intervenção social dos assistentes sociais na área da toxicodependência focaliza predominantemente a situação individual, passando por: Apoio psicossocial - que se caracteriza pela capacidade que o assistente social tem de utilizar a comunicação

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