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linchamento (2)

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Faculdade Pitágoras
Título do Artigo:
Uma barbárie Contemporânea: Brasil de intolerância, o abuso da força disfarçado de justica
Cindy Ferreira
Daryanne Caldas
RESUMO
O presente artigo tem por objetivo abordar sobre o desejo daqueles cuja característica é fazer justiça com as próprias mãos. Sendo os infratores feridos por civis que se autodenominam “justiceiros”. Não é uma cena rara, principalmente nas grandes capitais, gerando um ciclo de violência. No senso de justiça que move o país contra o crime eles estão se igualando aos infratores e violando a lei, praticando crimes de lesão corporal e ofensa moral.
Palavras-chave: Linchamento. Justiça. Intolerância.
INTRODUÇÃO
Justiça popular no Brasil (Contexto, 2015), o sociólogo José de Souza Martins (1995) sepulta de vez o mito do brasileiro cordial: o país é o que mais pratica justiçamentos no mundo. De acordo com o seu levantamento, um milhão de compatriotas participaram de linchamentos em 60 anos. E muito embora o início da década de 2000 tenha apresentado uma queda significativa dos casos, de 2013 pra cá eles têm aumentado em velocidade progressiva e não é por acaso. Para a pesquisadora Ariadne Lima Natal (2012, p. 63) há uma correlação entre a presença do Estado e os índices de justiçamento. Ela explica que o linchamento seria uma forma de resolução de conflitos por meio da violência coletiva, e que o mesmo seria uma alternativa ao sistema estatal de segurança e justiça que não seria confiável, bem como às formas tradicionais de justiça privada baseadas na vingança. A autora, elucida também que por meio de uma ação coletiva, as responsabilidades penais e morais seriam diluídas, na medidaqueainda que os cidadãos assumam uma parte das tarefas do Estado, esta população não conseguiria modificar sua posição de exclusão na elaboração de politicas públicas de segurança.
Metodologia
A pesquisa a para realização deste trabalho foi definida como básica; quanto a abordagem de seus objetivos em pesquisa descritiva. Já os procedimentos técnicos para a realização do mesmo foi uma pesquisa bibliográfica, já a abordagem do tema escolhido foi feita de forma qualitativa e o aspecto bibliográfico desse artigo justifica-se pela utilização de livros, artigos e periódicos que versam sobrem linchamento, entre outros temas.
Fundamentação Teórica
Antes de o homem viver em sociedade, encontrava-se no que Thomas Hobbes chamava de “Estado de Natureza”. Tal expressão refere-se á condição primitiva em que na solução de conflitos permanecia a força. Hoje vivendo pela égide do Estado de direito, o homem entrega parte da sua liberdade á soberania estatal. Assim, não pode mais fazer justiça com as próprias mãos, é o órgão estatal competente que age em substituição das partes. Portanto, hoje, cabe ao estado promover a paz social, através da ampla distribuição de justiça. A partir da constituição do Estado Democrático de Direito, o monopólio da justiça pertence ao poder Judiciário. “Ele vem estruturado de princípios, e o respeito à dignidade da pessoa humana é o principal.” Beccaria (2011): 
“A multiplicação do gênero humano, pequena por si só, mas muito superior aos meios que a estéril e abandonada natureza oferecia para satisfazer as necessidades que cada vez mais se entrecruzavam, é que reuniu os primeiros selvagens. As primeiras uniões formaram necessariamente· outras para resistir àquelas e, assim, o estado de guerra transportou-se do indivíduo para as nações. Foi, portanto, a necessidade, que impeliu os homens a ceder parte da própria liberdade. É certo que cada um só quer colocar no repositório público a mínima porção possível, apenas a suficiente para induzir os outros a defendê-lo. O agregado dessas mínimas porções possíveis é que forma o direito de punir. O resto é abuso e não justiça, éfato,mas nãodireito. 15Observemos que a palavra direito não se opõe à palavraforça,mas a primeira é antes uma modificação da segunda, isto é, a modificação mais útil para a maioria. Porjustiçaentendo o vínculo necessário para manter unidos os interesses particulares, que, do contrário, se dissolveriam no antigo estado de insociabilidade. Todas as penas que ultrapassarem a necessidade de conservar esse vínculo são injustas pela própria natureza. (Beccaria 2011, P. 29)
Só as leis podem determinar as penas fixadas para os crimes, e esta autoridade somente pode residir no legislador, que representa toda a sociedade unida por um contrato social. Nenhum magistrado (que é parte da sociedade) pode, com justiça, aplicar pena a outro membro dessa mesma sociedade, pena essa superior ao limite fixado pelas leis. O linchamento não é uma manifestação de desordem, mas de questionamento da desordem. Ao mesmo tempo, é questionamento do poder e das instituições que, justamente em nome da impessoalidade da lei, deveriam assegurar a manutenção dos valores e dos códigos. 
Em relação à ineficiência da segurança pública, afirma-se que o Estado não vai resolver todos os problemas na área; é necessário uma consciência da sociedade sobre o seu papel, que deve ser cada vez mais ativo. A intolerância é a principal causa dos linchamentos que ocorrem em vários estados do Brasil, dizem especialistas em comportamento humano, segurança pública e direito. Para a pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da Universidade de São Paulo, Ariadne Natal, os espancamentos são fruto da combinação da percepção de Estado ineficiente, por parte da população, com uma tradição de desrespeito aos direitos humanos.
Considerações finais 
O tema do linchamento é um desses temas reveladores da realidade mais profunda de uma sociedade, de seus nexos mais ocultos e ativos. Nos linchamentos se faz presente a dimensão mais oculta do nosso imaginário, sobretudo nas formas elaboradas e cruéis de execução das vítimas.
Os atos desumanos similares se manifestam quando verificamos os presídios brasileiros e os atos de barbárie urbana. É a violência se repetindo de outra forma, em outro contexto e em outra época. Como tentativa de diminuir a violência no país, a importância de uma educação pautada no humanismo, na cidadania, na alteridade e na tolerância, a importância desse tipo de ensinamento ser iniciado desde as escolas de base. Em relação ao sentimento de impunidade da sociedade, que pode vir a catalisar mais violência, os civis não podem e nem devem substituir as instituições públicas – mas sim exercer pressão sobre elas.
Referencias 
BECCARIA, Cesare. Dos delitos e das penas, Saraiva de bolso,Editora Nova Fronteira,2011. 
NATAL, Ariadne Lima. 30 anos de Linchamento na Região Metropolitana de São Paulo. Disponível em: <www.teses.usp.br/teses/disponiveis/.../2012_AriadneLimaNatal_VCorr.pdf> . Acesso em: 31 de Outubro de 2015
MARTINS, José de Souza. (1995), “As condições do estudo sociológico dos linchamentos no Brasil”. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ea/v9n25/v9n25a22.pdf>. Acesso em: 31 de Outubro de 2015.

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