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Fair Trade: Comércio Justo e Solidário

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1 
 
FAIR TRADE: COMÉRCIO JUSTO E SOLIDÁRIO 
Amanda T. de Santana - 20667545 
Maria Luisa A. Souza - 20708377 
Raquel Soares Hauauini - 20648435 
Vitor Lacerda - 20439015 
Resumo 
Este artigo, primeiramente, contextualiza o Comércio Justo em relação ao comércio 
convencional, abordando brevemente sua história e origem. Uma vez introduzido, são 
analisados os princípios dessa recente forma de comércio e associados com um sen-
timento de responsabilidade social e dever global. O estudo é abrangido, então, para 
o nível da economia global e da realidade brasileira, abordando casos reais de orga-
nizações nacionais que usam o Fair Trade, incluindo a associação de artesãos Ponto 
Solidário1, com a qual é feita uma entrevista, aproximando ainda mais o estudo da 
realidade e, conclusivamente, é feita uma análise das expectativas para o Comércio 
Justo, identificando suas principais tendências. 
Palavras-chave 
Comércio Justo; commodities; sustentabilidade; agricultura; pós-modernidade; comér-
cio internacional. 
Abstract 
This paper, firstly, contextualizes Fair Trade into conventional trade, addressing briefly 
its history and origin. Once introduced, the principles of this new way of trade are an-
alyzed and associated to a sense of social responsibility and global duty. The study is 
extended, then, to the level of global economy and Brazilian reality, approaching real 
cases of national organizations that deal with Fair Trade, including the artisan associ-
ation Ponto Solidario, with which an interview is made, approaching even further the 
study of reality and, conclusively, an analysis of Fair Trade expectations is done, iden-
tifying its main tendencies. 
 
1 Ponto Solidário é uma associação sem fins lucrativos que trabalha com o conceito de comércio justo, economia 
solidária e sustentabilidade. É um local para exposição divulgação e venda da produção artística e artesanal de 
diversas ONGs do Brasil, cooperativas, comunidades regionais, povos indígenas, artistas e outras instituições 
afins. 
 
2 
 
Key words 
Fair Trade; commodities; sustainability; agriculture; postmodernity; international trade. 
Introdução 
O surgimento do comércio no mundo deu-se com a necessidade dos indivíduos em 
realizar trocas de certa mercadoria por outra, para assim suprir suas principais neces-
sidades. 
Nas aldeias, por exemplo, cada pessoa ficava responsável por uma tarefa específica 
e, portanto, não poderiam realizar todas as outras tarefas que precisavam para sobre-
viver. Fez-se necessário então trocar o resultado dos trabalhos de cada indivíduo. 
Assim por exemplo um artesão poderia trocar suas peças de roupa por um pouco de 
trigo de um agricultor. 
Com essa troca de produtos, iniciou-se um grande dilema. Não era possível determi-
nar o valor que cada objeto ou produto tinha. Como saber que 1 litro de leite era equi-
valente a uma rede? Fez-se necessário então a criação de um objeto que pudesse 
servir como meio de troca, unidade de conta e reserva de valor, chamado de moeda. 
E é essa atividade da troca de objetos e produtos por moeda, que nós chamamos de 
comércio. 
O comércio internacional surgiu no mundo quase que de uma forma natural, ganhando 
um forte impulso na época colonial, e proporcionou aos indivíduos a possibilidade de 
consumirem produtos que não poderiam ser produzidos em suas respectivas regiões. 
Sua expansão possibilitou a produção mais barata desses produtos, em lugares onde 
a mão de obra é mais acessível. As organizações financeiras internacionais acredita-
ram que essa forma de produção e comércio trouxesse vantagens aos países em 
desenvolvimento. 
Além disso, sua importância pode ser vista em diversos aspectos, tais como, no de-
senvolvimento de novas tecnologias, técnicas de implantação de infraestrutura como 
estradas, ferrovias, portos, pontes, com a intenção de facilitar o fluxo de mercadorias 
em nível planetário, até resultar no processo de globalização. 
 
3 
 
Ao analisar melhor a situação, porém, os efeitos do comércio internacional convenci-
onal mostram-se mais complexos do que o que a maioria de nós entende hoje. A 
divisão dos lucros do comércio internacional é muito desigual, e quase invisível em 
um número muito grande de territórios. Além disso, essa forma de comércio convidou 
as economias mais frágeis a um mercado internacional instável, principalmente aque-
las baseadas em produtos agrícolas (dominados por multinacionais de poucos paí-
ses). O fato dessas empresas dominarem a maior parte das divisões do mercado traz 
consequências infelizes para o plano social e ambiental. O desenvolvimento encontra, 
então, um obstáculo nessa forma de comércio (JOHNSON, 2004). 
Se pensarmos, por exemplo, na negociação do Uruguay Round2 (1986 – 1994), onde 
ficou decidido que os países industrializados reduziriam em 36% os direitos sobre as 
importações agrícolas, em um prazo de seis anos, enquanto os países em desenvol-
vimento (PED) reduziriam em 24% esses direitos, em um prazo de dez anos, vimos 
que os PED não apresentam uma vantagem. Eles receberam apenas um prazo maior 
para atingir os mesmos objetivos, em contextos diferentes, o que pode ser visto como 
uma injustiça. Como consequência, os produtos essenciais para a alimentação hu-
mana são vendidos pelos PED no mercado estrangeiro por um preço inferior àquele 
do mercado interno ou de outros concorrentes (dumping). A vantagem, na verdade, é 
dos países do hemisfério Norte sobre os países do hemisfério Sul. 
Quando se tomou consciência da condição dos países do Sul na Organização Mundial 
do Comércio (OMC), houve uma movimentação para que esses países pudessem 
desenvolver esforços para tornar o sistema mais justo, e para que o direito comercial 
estivesse sujeito ao direito ambiental, econômico e social. Como consequência disso, 
alguns países e regiões que ainda sofrem com a fome continuam a exportar produtos 
e alimentos a países superprodutores de alimentos, enquanto esses inundam os paí-
ses do Sul com produtos agrícolas que lhes sobram. Houve uma especialização de 
países do Sul em produtos para exportação, mas não houve uma demonstração dos 
benefícios dessa especialização. 
 
2 Uruguay Round, ou Rodada Uruguai, foi a oitava de uma série de negociações comerciais multilaterais, um tipo 
de negociação coletiva muito especial que somente se viabilizou, em 1947, quando entrou em vigor o Acordo 
Geral de Tarifas e Comércio (do inglês General Agreement on Tariffs and Trade, GATT). (PAULO NOGUEIRA BA-
TISTA, 1992) 
 
4 
 
Essas regiões, então, perderam autonomia alimentar e econômica e tiveram seus ter-
ritórios desestruturados pela monocultura e pelo uso intensivo de pesticidas, trazendo 
perigos à saúde do solo e dos que o operam. 
Esta pesquisa visa mostrar como o Fair Trade está inserido no comércio internacional, 
bem como o seu conceito e princípios impactam a economia e a sociedade de uma 
forma ampla. A partir disso, tratamos de casos de fair trade no Brasil e no mundo, 
finalmente fazendo uma breve análise sobre o futuro. 
Fair Trade: Comércio Justo e Solidário 
A partir dessa perda de autonomia e estrutura, algumas ONGs adotaram uma abor-
dagem alternativa a essa forma convencional de comércio internacional, o Comércio 
Justo (Fair Trade), que começou nos Estados Unidos em meados do século XX, mas 
ganhou forte impulso nos anos 1960, na Holanda, e foi definido pela European Fair 
Trade Association (EFTA)3 como uma “(...) uma associação ao comércio que busca o 
desenvolvimento sustentável para os produtores excluídos e desfavorecidos. Busca 
provermelhores condições comerciais, através de campanhas de sensibilização". Se-
gundo a definição da International Federation of Alternative Trade (IFAT)4, comércio 
justo consiste "em uma parceria comercial baseada em diálogo, transparência e res-
peito, que busca maior equidade no comércio internacional. Ele contribui para o de-
senvolvimento sustentável através do oferecimento a produtores marginalizados de 
melhores condições de troca e maiores garantias de seus direitos”, ou seja, ele é ba-
seado em uma aliança entre produtores e consumidores com o propósito de eliminar 
quaisquer injustiças do comércio e construir práticas comerciais mais coerentes. Para 
isso, logo no início do movimento do Fair Trade surgiram uma série de princípios bá-
sicos, sendo os principais (SEBRAE, 2015): 
 
3 Do português "Associação Europeia de Comércio Livre" é uma organização intergovernamental, criada para a 
promoção do livre comércio e integração econômica para o benefício de seus atuais quatro Estados-membro — 
Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça. 
4 Do português "Federação Internacional de Comércio Alternativo" é o principal líder referente à comércio sus-
tentável do mundo para água, esgoto, gestão de resíduos e de matérias-primas. Um lugar onde os visitantes 
podem encontrar estratégias e so-luções para o uso de recursos em ciclos inteligentes de uma forma que ga-
ranta a sua conservação a longo prazo com sucesso. 
 
5 
 
Transparência e responsabilidade. A organização deve ser totalmente transparente 
na sua gestão e nas suas relações comerciais, além de respeitar a confidencialidade 
das informações comerciais recebidas e ter responsabilidade perante seus membros; 
Apoio aos produtores. As organizações que trabalharem diretamente com pequenos 
agricultores, deve fornecer um treinamento aos mesmos, para que eles desenvolvam 
melhor suas habilidades de gerenciamento, capacidade de produção e possuam um 
melhor acesso ás informações do mercado; 
Pagamento de um preço justo. Através de acordos deve se estabelecer um preço 
justo no recebimento do produto, além de um bônus que beneficie toda a comunidade; 
Organização democrática. Deve existir uma organização democrática dos produto-
res em cooperativas ou associações para que as práticas de negociações concebam 
o bem-estar social econômico e ambiental dos pequenos agricultores marginalizados; 
Respeito à legislação e às normas. A organização deve fornecer um ambiente de 
trabalho seguro e saudável para os trabalhadores e/ou seus membros, cumprindo, no 
mínimo, as leis nacionais e locais e as convenções da Organização Internacional do 
Trabalho (OIT)5 sobre segurança e saúde; 
Segurança e escolaridade. O ambiente de trabalho deve ser seguro e as crianças 
devem frequentar a escola e ter seus direitos assegurados. 
Respeito ao meio ambiente. As organizações devem buscar meios sustentáveis 
para a produção de seus produtos. 
Promoção do movimento. Deve haver uma conscientização, em medida local e glo-
bal, em relação aos objetivos Comércio Justo, ou seja, em relação à justiça que pode 
ser alcançada através dessa alternativa. 
Indiscriminação, equidade e liberdade de associação. A organização não deverá 
promover a discriminação entre seus funcionários, incentivando a associação e o res-
peito à igualdade de direitos. 
 
5 Organização Internacional do Trabalho (OIT) é a agência das Nações Unidas que promover oportunidades 
para que trabalhadores e operários possam ter acesso a um trabalho decente e produtivo, em condições de 
liberdade, equidade, segurança e dignidade. 
 
6 
 
Criação de oportunidades para agricultores economicamente desfavorecidos. 
Entre os principais objetivos da organização, deve estar a redução da pobreza através 
do comércio. 
Fair Trade e a responsabilidade social 
O comércio justo tem se mostrado uma alternativa humanizada para os seus produto-
res, mas também para os consumidores que, graças a uma nova visão de mundo, têm 
buscado cada vez mais participar de iniciativas sustentáveis. Vários outros exemplos 
de alternativas ecológicas (energia eólica, energia solar, biocombustíveis, entre ou-
tros), bem como escândalos envolvendo violações dos direitos humanos em grandes 
empresas, têm chamado a atenção da opinião pública que, como ator fundamental 
nas decisões do Estado, reflete diretamente no plano internacional. 
Existe no consumidor, na maioria das vezes, uma preocupação ética ao comprar pro-
dutos de empresas que utilizam o comércio justo (há uma sensação de dever para 
com a sociedade). Ao comprar um produto que é conhecido por beneficiar diretamente 
um grupo de pessoas ou o meio-ambiente, esse sentimento de cidadania global favo-
rece instantaneamente essas alternativas de comércio e energia, por exemplo. 
Num mundo onde fazer “a coisa certa” é tão ou mais importante que seguir regras, o 
comércio justo encontra seu lugar nos planos econômicos de empresas grandes, que 
podem dar-lhe importante destaque. Essas empresas tomam consciência de que, 
para vender seus produtos, têm de ter um caráter de responsabilidade social, uma vez 
que seus consumidores fazem desse um critério cada vez mais prioritário na hora de 
adquirir bens e serviços (sessão da Fundação Friedrich Ebert (FES)6 no Fórum Pú-
blico da OMC em 2007 sobre o papel dos Padrões Sociais na Promoção do Fair 
Trade). 
Fair Trade e a economia mundial 
Na OMC, onde os Estados mais pobres veem a oportunidade de ter o mesmo direito 
de voto dos mais ricos, os acordos firmados pelos membros favorecem o livre comér-
 
6 Fundação Friedrich Ebert (FES) é uma fundação política alemã independente associada ao Partido Social De-
mocrata da Alemanha (SPD). No Brasil, é parceira do Partido dos Trabalhadores (PT). 
 
7 
 
cio e o multilateralismo em detrimento do comércio justo. Este dilema no cenário eco-
nômico internacional dificulta a promoção do comércio justo no mundo (CHEMILIER-
GENDREAU, 2009). Os acordos da OMC, entretanto, não trazem nenhum tipo de re-
mediação para a desigualdade no comércio internacional. O objetivo da organização 
não é reduzir a desigualdade, e sim tornar a economia mais eficiente. 
O comércio justo traz um novo aspecto às relações comerciais entre os países do 
Norte e os países do Sul, na qual a Europa é a maior responsável pelo consumo e 
conscientização acerca do Fair Trade, principalmente entre indivíduos de maior renda 
e instrução, jovens e do sexo feminino, incentivando, ainda, esse consumo por meio 
da diminuição de impostos sobre os produtos (PORET, 2007, p. 11). A inserção justa, 
ainda que pequena (mas crescente), das regiões menos desenvolvidas do mundo 
mercado pode, a longo prazo, alterar o contexto das relações econômicas internacio-
nais. 
Trazendo um maior caráter de humanidade para a economia internacional, o fair trade 
se relaciona ao primeiro Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da ONU7, que trata 
da erradicação da pobreza no mundo. A pobreza, aqui, vai além da falta de recursos 
ou de acesso a um certo nível de vida, uma vez que suas consequências incluem 
fome e subnutrição, acesso precário à educação e discriminação social e política. 
O Fair Trade, além de favorecer economicamente os países subdesenvolvidos, favo-
rece, de igual forma, grupos de pequenos produtores pobres. A globalização, apesar 
de ter contribuído para a diminuição da pobreza, não contribuiu de maneira uniforme. 
Em alguns países menos desenvolvidos, o número absoluto de pobres aumentou. 
(TUROLLA, 2003/2004). É principalmente nesses países que o Fair Trade encontraum meio de beneficiar os produtores que sofrem com esse número. Importantes mul-
tinacionais (Starbucks, The Body Shop, Ben & Jerry’s) importam uma grande porcen-
tagem seus produtos dos pequenos agricultores de países como México, Uganda, 
Quênia, Samoa, Nepal, entre outros. 
 
7 A Agenda de Desenvolvimento Sustentável da ONU (Agenda 2030) é resultado das negociações da ONU de 
2015 e propõe 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável em relação às pessoas e ao planeta. 
 
8 
 
Nesse sentido, o conceito de Economia Solidária, já conhecido no cenário internacio-
nal como meio para a erradicação da pobreza, gira em torno da problemática da cres-
cente desigualdade social, e é totalmente vinculado à melhoria da qualidade de vida 
e do meio-ambiente. A inserção das classes mais pobres no mercado de trabalho, 
através da qualificação social e profissional, proposta pela Economia Solidária, con-
versa com os princípios do Comércio Justo em relação ao apoio dos produtores. 
Fair Trade no Brasil 
No Brasil a discussão do comércio justo iniciou em 2001, quando diferentes organiza-
ções de produtores, entidades de assessoria e representantes governamentais orga-
nizaram-se formando o FACES do Brasil (Fórum de Articulação do Comércio Ético e 
Solidário no Brasil). A integração do comércio justo à economia brasileira resultou na 
criação de um Sistema Público, atualmente reconhecido como Sistema Nacional de 
Comércio Justo e Solidário (SNCJS). Além disso, há uma grande influência da orga-
nização Fair Trade Brasil, derivada da FLO (Fairtrade Labelling Organizations Inter-
national). 
O Faces do Brasil (Fórum de Articulação do Comércio Ético e Solidário no Brasil) é 
uma plataforma de entidades e atores do movimento do Comércio Justo e Solidário, 
iniciada em 2011, com o conceito de um possível aprimoramento e ampliação das 
relações comercias de base solidária no país. Sua gestão se dá através de uma es-
trutura democrática, composta pelos Conselhos Político, de Gestão e Fiscal, e pela 
Secretaria Executiva. Dentro dessa estrutura, os resultados das ações relacionadas 
ao Comércio Justo e Solidário no Brasil são planejados, executados e monitorados, 
fazendo com que cada vez mais esse recente instrumento da economia se fortaleça 
e se consolide. Esses resultados derivam de um Plano de Ações, que são projetos 
próprios da Plataforma Faces do Brasil, executados em parceria com seus membros. 
O Sistema Nacional de Comércio Justo e Solidário (SNCJS) é um conjunto de estra-
tégias - ramificados em conceitos, princípios, critérios, atores, instâncias de controle 
e gestão - que visam a promoção do Comércio Justo e Solidário no Brasil. Atualmente, 
o SNCJS pretende se consolidar como política pública, através da promulgação de 
uma lei que o institucionalize. O SNCJS é um projeto tanto político quanto econômico: 
ele reconhece oficialmente que o Comércio Justo e Solidário é uma política social de 
 
9 
 
enfrentamento das desigualdades sociais e da precariedade das relações de trabalho, 
e, proporciona uma identidade aos produtos e serviços da Economia Solidária, agre-
gando valor e conceito e ampliando suas oportunidades de venda. 
A FAIRTRADE é uma organização global que trabalha para promover uma melhor 
negociação entre agricultores e trabalhadores, trazendo com isso mais oportunidades 
de negócio aos pequenos empresários. Sua atuação está relacionada a melhores pre-
ços, condições de trabalho dignas, sustentabilidade local e relações de comércio mais 
justas para os agricultores e trabalhadores. Desta forma o comércio justo é uma abor-
dagem alternativa ao comércio convencional baseado em uma parceria entre produ-
tores e comerciantes, empresas e consumidores. A FAIRTRADE-BRASIL é parte 
dessa organização com atuação específica no país, responsável por facilitar as ven-
das de produtos certificados FAIRTRADE no Brasil através do Selo Internacional re-
conhecido em mais de 70 países. Este sistema é fortemente promovido pela FAIR-
TRADE-BRASIL, que o adotou como compromisso, onde melhorar as condições so-
cioeconômicas e ambientais de pequenos produtores, apoiando um melhor acesso ao 
mercado. 
Como parte desse estudo, foi feita uma entrevista com Odile, da associação Ponto 
Solidário1, em relação aos pontos tratados neste trabalho. A entrevistada compartilhou 
que o projeto funciona sem ajuda internacional da população, de governos ou de em-
presas, apenas com recursos obtidos com a venda dos produtos da associação, mas 
que, por outro lado, não sofre nenhum tipo de preconceito entre associações que fun-
cionam sob o comércio tradicional. Destacou, também a importância da responsabili-
dade social e sua ligação com o trabalho do Ponto Solidário, assim como de outras 
ONGs. Futuramente, segundo Odile, a organização busca aumentar a capacidade de 
venda de artesanato para ajudar a manter viva essa cultura, mesmo que, no momento, 
a associação seja composta de uma equipe pequena, e não cause muito impacto em 
empresas e outras instituições, mas impacta positivamente as comunidades e artistas 
a quem ajuda. 
O futuro do Fair Trade 
Visto como uma maneira equitativa de comércio, o fair trade vem ganhando cada vez 
mais visibilidade no mercado e cada vez mais cidades criam projetos para aderi-lo. 
 
10 
 
Diante desse maior reconhecimento, começa a surgir uma noção mais clara do poten-
cial que esse novo modelo de negócio pode alcançar e, também, algumas preocupa-
ções quanto aos problemas que ele pode encarar no futuro. 
As maiores perspectivas para o futuro do comércio justo são acerca do aumento da 
visibilidade dos produtores, colocando os fazendeiros, artesãos e outros trabalhado-
res em primeiro lugar, dando a eles uma maior visão do mercado e educando-os para 
que eles possam aumentar a percepção da importância de seus trabalhos; melho-
rando as ferramentas que permitirão que as empresas contribuam mais com o desen-
volvimento sustentável de forma que também valorizem estes produtores; incenti-
vando uma maior atuação do governo, o qual poderá melhorar suas políticas de co-
mércio de modo que respeitem os interesses da população e assumir uma postura 
que se aproxime dos princípios do fair trade; aumentando a exploração do mercado 
local, possibilitando um comércio justo em sentido sul-sul além do sul-norte que é 
atualmente praticado; conscientizando a população em relação ao comércio justo, au-
mentando, assim, a noção que as pessoas têm sobre os diversos setores do mercado 
e a importância da aplicação do comércio justo nas cadeias produtivas; diminuindo o 
domínio dos supermercados, favorecendo o crescimento dos pequenos produtores, 
assim como dos mercados locais; valorizando a população campesina e melhorando 
a relação direta entre produtor e compradores. 
Tais expectativas, se concretizadas, podem possibilitar uma melhoria no sistema mer-
cadológico, além de diminuir o estado de pobreza no qual grande parte dos produtores 
agrícolas se encontra, introduziriam noções de marketing e finanças aos produtores 
promovendo uma maior competitividade no mercado e a consequente melhoria em 
suas vidas. 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
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