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1 Controle de Qualidade em Ovos Comerciais Prof. Édison Fassani CONTROLE DE QUALIDADE - OVOS O Brasil é grande produtor e exportador de carne de frangos. Contudo, no segmento ovos comerciais, a produção nacional é destinada prioritariamente ao mercado interno, com pouca participação nas exportações. Até pouco tempo: pouca ou nenhuma atenção a qualidade dos ovos produzidos e comercializados • Todos estes fatores estão fazendo o setor avícola e os órgãos governamentais a se cercarem de rigorosas normas de controle de qualidade, com intuito de garantir produtos de qualidade para a mesa do consumidor nacional e internacional. Fatores como: Pressão da sociedade por produtos de melhor qualidade (segurança alimentar), Concorrência entre produtores locais e regionais, • Mercado interno estável (sem grandes perspectivas de aumento no consumo interno), • Movimentação do setor produtivo no sentido de aumentar as exportações de ovos (in natura ou processados) • Ovo é um alimento natural, equilibrado e mais barato, contendo proteínas, aminoácidos, gorduras, vitaminas, minerais, enfim, tudo para a formação de um ser vivo completo. • Contudo, a utilização dessas vantagens pela população depende da qualidade dos ovos oferecidos ao mercado, sendo aspecto de influência na aceitação, nos hábitos e decisões do consumidor final. • A aquisição de ovos sujos ou deteriorados compromete a imagem geral do produto. O CONTROLE DE QUALIDADE APLICADO AOS OVOS COMERCIAIS • Sabe-se que, após a postura, os ovos perdem a qualidade de maneira contínua sendo fenômeno inevitável, agravado por diversos fatores. • Seu melhor conhecimento e controle, especialmente por parte de pequenos e médios avicultores, pode resultar em ovos de melhor qualidade, com benefícios para a população consumidora e logicamente para a classe avícola. A qualidade está associada a fatores que envolvem: 1- A produção e manejo com poedeiras (nutrição, higiene das instalações, calendário de vacinações, idade das poedeiras, temperatura ambiente e plano de iluminação). 2- Manejo com os ovos (colheita, lavagem, classificação, armazenamento, transporte e distribuição do produto). 2 MEDIDAS DE QUALIDADE DOS OVOS • Os ovos, além de seus atributos externos de qualidade (peso, cor da casca, integridade e limpeza), podem e devem ser avaliados quanto a sua qualidade interna e de casca. • A qualidade interna indica principalmente a idade de armazenamento dos ovos e como consequência se estão ou não bons para consumo. • No Brasil, a avaliação interna é pouco fiscalizada pelos órgãos oficiais. Porém, algumas empresas fazem como rotina em suas unidades de classificação, a avaliação da qualidade interna dos ovos que comercializa. ASPECTOS EXTERNOS DE QUALIDADE DOS OVOS CASCA - É a embalagem natural dos ovos. Independente da cor - deve ser limpa, íntegra, portanto sem sujos, trincas e ainda sem deformações. • Cascas resistentes ajudam a proteger a parte interna e dependem de rações com níveis suficientes e equilibrados de nutrientes como: cálcio, fósforo e vitamina D3. Grandes deformações nas cascas prejudicam o visual e ainda indicam problemas sanitários nas poedeiras. Avaliação da qualidade de casca GRAVIDADE ESPECÍFICA – É uma estimativa da quantidade de casca depositada e relaciona-se com a resistência da casca dos ovos. • Baseia-se no principio da flutuação, onde os ovos são imersos em recipiente contendo solução salina em ordem crescente de concentração (densidade) • As soluções salinas devem ser preparadas em baldes, com água a temperatura ambiente e sal, utilizando um decímetro para líquidos. As soluções salinas devem ter densidades ajustadas para 1,062 até 1,102 com intervalos de 0,004. (11 baldes). Para fins de análise de qualidade pode-se reduzir o número de soluções, adotando apenas uma (1,082). Acima desse valor os ovos estão com boa qualidade de casca e abaixo desse valor poderão apresentar problemas de resistência. • Pode ser adotado principio de Arquimedes (Kell, 1975). ASPECTOS INTERNOS DE QUALIDADE DOS OVOS ALBÚMEN - A clara deve ser límpida, transparente, consistente, densa e alta, com pequena porção mais fluida. Estes aspectos caracterizam muito bem os ovos frescos. • Com o tempo, ocorre contínua decomposição do albúmen denso, aumentando a porção fluida. O albúmen torna-se líquido, perde em altura e se espalha com facilidade, alterando inclusive o grau de acidez. Isto interfere na utilização prática, dificultando o preparo de pratos culinários. 3 Ovo AA Ovo A Ovo B • Estas modificações são mais intensas quando em altas temperaturas de armazenamento. UNIDADE HAUGH - A unidade Haugh (UH), desenvolvida por Haugh (1937), é uma expressão matemática que correlaciona o peso do ovo com a altura do albúmen espesso. De modo geral, quanto maior o valor da unidade Haugh, melhor a qualidade do ovo. • A UH é aceita e amplamente utilizada pela industria de processamento de ovos. Avaliação do Albúmen Unidade Haugh 1. Peso do ovo (balança) 2. Medida da altura do albúmen (micrometro) UH = 100 log(H + 7,57 – 1,7W0,37) H = altura albúmen, mm W = Peso ovo, g UH > 90 Excelente 80 Muito Bom 70 Aceitável 65 Regular 60 Ponto Resist Consumo 55 Ruim UH (EUA) Classe > 72 AA 60 - 72 A < 60 B Classificação dos ovos, conforme a Unidade Haugh Europa: Estados Unidos Brasil ? GEMA - A gema deve ser brilhante, consistente e centralizada no meio do albúmen, fixada pelas chalazas ou pequenos cordões laterais oriundos do próprio albúmen. • Gemas de ovos velhos são achatadas, flácidas, podendo ter manchas escuras. neste caso a sua membrana se rompe com facilidade deixando escorrer o conteúdo, prejudicando mais uma vez sua utilização. É realizada por meio comparativo (subjetivo), com uso de uma escala de cores, onde se atribui valores de 1 até 16 (leque de cores), O leque de cores foi desenvolvido pela Roche (empresa que comercializa pigmentos sintéticos), atualmente DSM. Avaliação da Cor da Gema 4 Cor da gema (Leque de cores) • É desejável uma gema bem amarela. • A inclusão de vegetais, fenos, milho amarelo ou seus sub-produtos ricos em pigmentos, tornam as gemas mais amarelas e simplesmente mais bonitas e mais adequadas à culinária em geral. CÂMARA DE AR - A câmara de ar pode ser vista internamente na extremidade maior dos ovos, colocando-os contra a luz. É pequena em ovos frescos e muito grande em ovos mais velhos. • O controle de todos os aspectos de qualidade dos ovos para comércio está regulamentado em legislação específica (RESOLUÇÃO 005/91 do CIPOA) que estabeleceu o chamado PADRÃO DE QUALIDADE PARA OVO EM NATUREZA CLASSIFICAÇÃO DOS OVOS (LEGISLAÇÃO) 1. PESO OU TIPO - A legislação brasileira exige um mínimo de peso por dúzia para cada tipo e isto é desconhecido pela população. Peso mínimo conforme o tipo de ovos. TIPO PESO, g PESO MÍNIMO / DÚZIA, g Jumbo > 66 792 Extra 60 – 65 720 Grande 55 – 59 660 Médio 50 – 54 600 Pequeno 45 – 49 540 Industrial < 45 < 540 Brasil, (2003) - resolução MAPA/DIPOA nº 01 de 09/01/2003 • As grandes granjas possuem equipamentos automatizados para lavagem, seleção e classificação dos ovos. • Os pequenos produtores utilizam classificadores manuais do tipo crivo e as medições são indiretas através do diâmetro dos ovos. 5 A - Casca limpa, integra e câmara de ar 4mm B – Casca limpa, integra e câmara de ar 6mm C – Casca limpa, integra e câmara de ar 10mm D – Casca com sujidades E – Casca trincada com membranas intactas 2. CLASSE Câmara de ar 3. COR – Os ovos são agrupados em ovos BRANCOS e ovos de COR Obs: Atualmente o Ministério da Agricultura permite a comercialização dos chamados ovos enriquecidos, que devem ser registrados e comprovar por laudos oficiais o conteúdo de nutrientes presentes em tais ovos. (PUFAS e vitaminas). Não é permitido a venda de ovos onde se atribui reduzido teor de colesterol. ALTERAÇÕES NA QUALIDADE DOS OVOS: MÉTODOS DE CONTROLE Os diversos componentes do ovo sofrem alterações de acordo com o tempo e condições de armazenamento após a postura. OVOSCOPIA - Consiste em colocar o ovo contra um foco de luz em ambiente escuro, podendo-se observar os seguintes aspectos: - Defeitos de casca - Condições da gema e da clara - Presença de corpos estranhos - Tamanho da câmara de ar • A ovoscopia da casca pode detectar deformações, rachaduras invisíveis a olho nú, porosidades excessivas e falhas de calcificação, cujas perdas podem somar 10%. LAVAGEM DOS OVOS - É permitida a lavagem dos ovos. Contudo, para ser benéfica deve-se usar água morna (38 a 46oC) com cloração ou desinfetantes e detergentes, geralmente a base de amônia quaternária e associações encontrados no comércio, alguns específicos para ovos. • Fora dessas condições pode-se piorar a qualidade. É recomendável que ovos excessivamente sujos sejam descartados ou, se lavados, sejam comercializados separadamente para fins específicos. 6 EMBALAGEM - Após a classificação os ovos são embalados. O ideal seria utilização de embalagens novas: para uma dúzia, 30 ovos ou outras quantidades. APLICAÇÃO DE ÓLEO - A aplicação de óleo mineral ou parafina líquida nos ovos é recurso excelente para preservar a qualidade por mais tempo, mesmo fora de geladeira. Não é prática comum entre pequenos e médios avicultores. • Bandejas de papelão (polpa) usadas x novas ARMAZENAMENTO - A permanência dos ovos na granja deve ser mínima, recomendando-se o máximo de três dias. O ambiente deverá ser fresco, se possível com temperatura entre 10 e 15ºC. Temperaturas altas e baixa umidade aceleram a perda da qualidade dos ovos. DISTRIBUIÇÃO - A distribuição dos ovos para o comércio deve ser feita com rapidez, de preferência embalados em caixas de 30 dúzias de papelão ou plástico. • Nesta última etapa ainda se chama atenção para o transporte que deve minimizar choques ou batidas fortes, no manuseio das caixas em carga e descarga. A conservação das estradas é muito importante.
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