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UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS – UFGD CURSO: Nutrição DISCIPLINA: Microbiologia de Alimentos Prof. Msc. Chaiane Regina Rech REVISÃO DA DISCIPLINAREVISÃO DA DISCIPLINAREVISÃO DA DISCIPLINAREVISÃO DA DISCIPLINA 1 – Deterioração microbiana - Se refere diretamente a alterações decorrentes da deterioração dos alimentos causando alterações na cor, sabor, na textura e na aparência dos alimentos. Ex: modificações na cor de um alimento quando contaminado por Pseudomonas aeruginosa; Alterações na textura dos alimentos quando estes sofrem alterações ocasionadas por leveduras. 2 – Patogênese – É termo usado sempre que o micro-organismo traz risco potencial à saúde humana. Ex: Botulismo alimentar recorrente da ingestão de alimentos em conserva contaminados por Clostridium botulinus; Salmonelose decorrente da ingestão de maionese contaminada por bactérias do gênero Salmonella sp. 3 – Efeitos benéficos – quando a presença do micro-organismo num dado alimento traz modificações pertinentes ao alimento. Ex: Maturação de queijos pela presença do Fungo Filamentoso (bolor) do gênero Penicillium; Produção de vinhos e cervejas através do uso de leveduras do gênero Saccharomyces; Uso de bactérias do gênero Lactobacyllus na fabricação de leites fermentados (Yakult, Chamito). FONTES DE CONTAMINAÇÃO: Fontes primárias geralmente estão associadas com condições antes do processamento ou colheita do alimento. São fontes de difícil controle. Conjunto dos exemplos tem como condições edafoclimáticas. Solo – esporos de bactérias de Clostridium e Bacillus; Água – Pseudomonas aeruginosa; Ar, particulado (pó) – fungos e leveduras. Plantas – múltiplas contemplações Fontes secundárias relacionadas sempre com condições de higiene com sanitárias. Utensílios, contaminação fecal, manipuladores de alimentos e animais domésticos. Ex: Contaminação de hortaliças por enterobactérias. OBS: A diferença de fonte primária para secundária é que a secundária é de mais fácil controle. MICRO-ORGANISMOS DE INTERESSE EM ALIMENTOS: FUNGOS FILAMENTOSOS OU BOLORES: • Alternaria: deterioram tomates, pimentões, maçãs e frutas cítricas. Podem produzir micotoxinas. • (*) Aspergillus: Aspectos benéficos (produção dos ácidos cítricos e glicônico e enzimas) X produção de micotoxinas (aflotoxinas e ocratoxinas), especialmente no amendoim. • Botrytis: Ação deteriorante em maçãs, peras, morangos e frutas cítricas. • Cladosporium: Causam alterações em vegetais e frutas. • Fusarium: Alterações em frutas cítricas, abacaxis e figos. Produzem micotoxinas. • Mucor: Encontrados em vegetais, grãos e frutas. • (*) Penicillium: Aspectos benéficos (produção de queijos camembert, brie e roquerfort) X produção de micotoxinas. • Rhizopus: Deterioram vegetais por produção de enzimas pectinolíticas (diminui a rigidez, amolecimento do vegetal). (*) Extremamente relevante LEVEDURAS: • Extremamente relevante pelo seu caráter fermentativo (modificação do pH que depende do produto) • Candida: Encontradas comumente em carne bovina e de aves, também podendo atuar em outros alimentos. • Pichia: São agentes deteriorantes em cervejas, vinhos, laticínios e frutas. Possuem caráter osmofílico (tem capacidade de sobreviver em meios ricos em açúcares). • (*) Saccharomyces: Aspectos benéficos (fermentações em pães, cervejas e vinhos) X aspectos negativos (promovem alterações indesejáveis em uma série de alimentos como laticínios, maionese (alterações no pH pode modificar a textura e potencializar o desenvolvimento de micro-organismos que antes não poderiam se desenvolver no pH), mel, vinagre e produtos fermentados). • (*)Schizosaccharomyces: Micro-organismo xerotolerante (similar a osmotolerante) associado à deterioração de frutas e vinhos. • (*) Zygossacharomyces: Têm intensa capacidade de fermentar açúcares. Deterioram maioneses, molhos de salada, frutas, sucos e refrigerantes. São resistentes aos conservantes químicos utilizados na indústria alimentícia. * Leveduras Alófilicas – tem capacidade de sobreviver em meios ricos em sal. 1º capítulo: Importância dos Micro1º capítulo: Importância dos Micro1º capítulo: Importância dos Micro1º capítulo: Importância dos Micro----organismos nos Alimentosorganismos nos Alimentosorganismos nos Alimentosorganismos nos Alimentos BACTÉRIAS: Gram-negativas aeróbias estritas: • (*) Pseudomonas: Amplamente distribuídos na natureza. Possuem potencial oportunístico (causam doenças em idosos e imunossuprimidos), grande versatilidade metabólica, sobrevive em meios minimamente favoráveis (meios pobres em nutrientes). Produzem pigmentos (modificam a cor dos alimentos), enzimas proteolíticas (atuam em proteínas) e lipolíticas (rancidez que pode ser causada por micro-organismos). • Xanthomonas: Deterioram preferencialmente alimentos de origem vegetal. • Acetobacter: Deterioram sucos de frutas e bebidas alcoólicas. • Gluconobacter: Encontrados em vegetais, frutas, fermentos, cerveja, vinho e vinagre. • Flavobacterium: Deteriora carnes e derivados, pescados, vegetais frescos e congelados. Gram-negativas anaeróbias facultativas: • (*) Escherichia coli: Pertence ao grupo dos coliformes fecais, indicando contaminação fecal em alimentos (provem basicamente de fonte secundaria de contaminação). Várias linhagens (enteropatogênica e enterotoxigênica) possuem potencial patogênico. • Klebsiella: Desenvolvem múltiplas reações indesejáveis em alimentos. • (*) Salmonella: Abriga as espécies causadoras de febre tifóide, febres entéricas e enterocolites (salmoneloses). * A Salmonella typhi causa febre tifóide e a não typhi causam as outras febres. • (*) Shigella: São causadores da desenteria bacilar (shigelose). • Vibrio: Pode contaminar água e alimentos. Cocos Gram-positivos: • Micrococcus: São importantes agentes deteriorantes em alimentos, distribuídos no solo (fonte primária), água, particulado e pele de animais (fonte secundária), podendo contaminar leite e derivados e produtos cárneos. • (*) Staphylococcus: Produzem enterotoxinas nos alimentos. São encontrados em lesões na pele e nas vias aéreas superiores do homem. * O Staphylococcus vem de fontes secundárias em relação às condições higiênicas sanitárias. • (*)Enterococcus: São indicativos de contaminação de origem fecal. * Provem de fonte primária Bacilos Gram-positivos produtores de esporos: • Bacillus (toxinogênico): É encontrado em solo, água, material fecal e em múltiplos alimentos. Ex: Bacillus cereus e Subtilis • Clostridium: A principal fonte de clostrídios é o solo. Destaque para o Clostridium botulinum. * O Clostridium é encontrado muito no solo e essencialmente em forma esporulante, fonte primária. Bacilos Gram-positivos não esporulados: • Lactobacillus: Não patogênicos, podem ser úteis por seus fenômenos fermentativos, mas também causam deterioração. • (*) Listeria: Principal representante é Listeria monocytogenes, esta causa a listeriose, devido a sua patogenicidade, podendo causar septicemia, endocardite e meningite. Vírus (hepatite, rota-vírus) e outras bactérias. Fatores intrínsecos: • Condicionam, é do próprio alimento; • Atividade de água (valor entre 0 e 1 se chegar a 1, é água e não alimento). * Proporção que o micro-organismo tem para se desenvolver e para efetuar suas reações químicas (água livre) em comparação com o conteúdo de água que está envolvido em reações bioquímicas e interações com moléculas orgânicas. • pH: Quanto mais próximo da neutralidade, maior a chance de desenvolvimento de bactérias patogênicas. • Potencial de oxi-redução: Metabolismo do micro-organismo (aeróbio – requer valores mais altos de potencial de óxido-redução; anaeróbio – requer baixos potenciais de óxido-redução). • Composição química: Está ligada essencialmente a disponibilidadeque o alimento fornece de vitaminas, aminoácidos, lipídeos e micronutrientes (minerais) para que determinados micro-organismos se desenvolvam. Ex: Complexo B (fator limitante) • Fatores antimicrobianos naturais: * 1º Grupo: Substâncias fotoquímicas de origem vegetal. Ex: Eugenol (presente no cravo), alicina (alho), aldeído cinâmico (canela), timol (orégano), ácidos fenólicos, terpenos e flavonóides; 2º Grupo: Enzimas. Ex: lisozimas (ovo), lactoperoxidase (leite) oxidam o grupamento sulfidrila de enzimas metabólicas de micro-organismos; 3º Grupo: Lactoferrina (aprisiona o ferro do leite impedindo que o mesmo esteja disponível para o desenvolvimento microbiano). • Interações entre micro-organismos: Lactobacillus que faz a geração de moléculas que abaixam o pH do alimento, limitando o espectro contaminante. 2º Capítulo: Fatores Intrínsecos E Extrínsecos Que Controlam O Desenvolvimento 2º Capítulo: Fatores Intrínsecos E Extrínsecos Que Controlam O Desenvolvimento 2º Capítulo: Fatores Intrínsecos E Extrínsecos Que Controlam O Desenvolvimento 2º Capítulo: Fatores Intrínsecos E Extrínsecos Que Controlam O Desenvolvimento Microbiano Nos AlimentosMicrobiano Nos AlimentosMicrobiano Nos AlimentosMicrobiano Nos Alimentos OBS: Exclusão Competitiva é o uso de linhagens não patogênicas que não promoverão alterações indesejáveis no alimento e irão impedir o desenvolvimento de possíveis bactérias patogênicas que contaminem aquele alimento. Fatores extrínsecos: • Temperatura ambiente. * Classificações: Micro-organismos Psicrófilos (desenvolvem em alimentos de geladeira) – temperatura ótima de desenvolvimento de 10 a 15°C; Micro-organismos Mesófilos - temperatura ótima de desenvolvimento de 25 a 40°C (corresponde a grande maioria de micro-organismos de importância em alimentos- pseudômonas); Micro-organismo Termófilos (gênero Bacillus e Clostridium) - temperatura ótima de desenvolvimento de 45 a 60°C; Micro-organismos Hipertermófilos - temperatura ótima de desenvolvimento acima de 60°C. • Umidade relativa do ambiente: Tem relação direta com a atividade de água no alimento, principalmente quando este se encontra em condições inadequadas de armazenamento (URA = Aa x 100). • Composição gasosa do ambiente: Análise da natureza do micro-organismo se é anaeróbio (não necessita de O₂) ou não. Aeróbio estrito – necessita de O₂ para o seu desenvolvimento Aeróbio fermetantivo – não necessita necessariamente de O₂ Atmosfera modificada (é uma implicação) – substitui-se o O₂ por um gás inerte, por exemplo, N₂. • Conceito de Tecnologia de Barreiras ou Obstáculos de Leistner. Tabela 1: Valores de atividade de água mínima para multiplicação de micro-organismos contaminantes. Organismos Aa Bactérias deteriorantes 0,9 Leveduras deteriorantes 0,88 Bolores deteriorantes 0,80 Bactérias halofílicas 0,75 Bolores xerofílicos 0,65 Leveduras osmofílicas 0,61 Bacillus cereus 0,95 Clostridium botulinum tipo A/B 0,94 Pseudomonas sp. 0,97 Staphylococcus aureus 0,86 Salmonella sp. 0,94 * Quanto mais próximo da neutralidade maior a chance de desenvolvimento de bactéria patogênica, pH ótimo de desenvolvimento de 5 a 8, perto da neutralidade. TABELA 2: Valores de pH para multiplicação de algumas bactérias contaminantes. Bactérias Valores de pH Mínimo-máximo Ótimo Bacillus cereus 4,9-9,3 - Clostridium botulinum 4,8-8,8 6,0-8,0 Pseudomonas aeruginosa 5,6-9,0 6,6-7,0 Staphylococcus aureus 4,0-9,8 6,0-7,0 Salmonella sp. 4,5-9,6 6,0-7,5 TABELA 3: Valores de pH para multiplicação de alguns fungos e leveduras importantes. Fungos e leveduras Valores de pH Mínimo-máximo Ótimo Saccharomyces cerevisiae 2,0 - * 4,0-5,0 Zygosaccharomyces rouxii 1,5-10,5 3,5-5,5 Aspergillus niger 1,2 - * 3,0-6,0 Aspergillus oryzae 1,6-9,3 - Penicillium 1,9-9,3 4,5-6,0 * Fungos e leveduras se desenvolvem em pH pouco mais baixo da neutralidade (7), mais ácido. Valores de Aa de alguns alimentos: Alimentos Aa Frutas frescas e vegetais * >0,97 Aves e pescado frescos * >0,98 Carnes Frescas * >0,95 Queijos 0,91 – 1 Nozes** 0,66 – 0,84 Geleia*** 0,75 – 0,8 Farinha de trigo 0,67 – 0,87 Mel**** 0,54 – 0,75 Frutas secas 0,51 a 0,89 Cereais (leveduras e fungos) 0,1 a 0,2 Açúcar 0,1 * Mais perecíveis ** Podem ser contaminados por fungos *** Tem como principal inibição dos micro-organismos a adição de açúcar **** É um meio hiperosmótico * Os alimentos que tem Aa são mais perecíveis. * Quanto mais água livre maior a propensão de desenvolvimento dos micro-organismos * A Aa do alimento tem que ser maior do que a Aa que o micro-organismo precisa. Valores de pH de alguns alimentos: Alimentos pH Vegetais 3,6 – 6,5 Frutas 1,8* – 6,7** Carnes 5,1 – 6,4 Pescado 5,2 – 7,0 Laticínios 4,5 – 6,5 * Frutas Cítricas ** Melancia e melão, sabores mais neutros. Micro-organismos indicadores são grupos ou espécies de micro-organismos que, quando presentes em um alimento, podem fornecer informações sobre a ocorrência de contaminação fecal, sobre a presença de patógenos ou sobre a deterioração do alimento. Os micro-organismos indicadores ainda podem indicar as condições sanitárias inadequadas durante o processamento, produção ou armazenamento dos alimentos. A bactéria Escherichia coli é utilizada como um indicador de contaminação de origem fecal presente em água desde 1892. E hoje também é utilizada como indicador de contaminação fecal da qualidade higiênico-sanitária do alimento. Esta bactéria, além de preencher todos os requisitos anteriormente citados também apresenta outras características que as classifica como um bom micro-organismo indicador, como: a) Habitat exclusivo do trato intestinal do homem e de animais de sangue quente. b) Número elevado, nas fezes. c) Alta resistência ao ambiente extra enteral. d) Técnicas laboratoriais rápidas, simples e precisas para detecção e contagem. Os coliformes totais são compostos por bactérias da família das Enterobacteriaceae (bactérias bacilares gram negativas, não formadoras de esporos e capazes de fermentar a lactose, com produção de gás quando incubados a 35- 37ºC – por 48 h). Deste grupo de micro-organismos indicadores apenas as bactérias do gênero Escherichia têm como habitat primário o trato intestinal do homem e dos animais. Já as bactérias pertencentes aos outros gêneros Citrobacter, Enterobacter e Klebsiella além de serem encontradas nas fezes também são encontradas em outros ambientes como, vegetais e solo. Estas bactérias persistem por um tempo superior, fora do trato intestinal, do que bactérias patogênicas como, Salmonella e Shigella. TABELA DE DOENÇAS! • Degradação de componentes químicos dos alimentos: Carboidratos: obtenção de energia para o crescimento microbiano. Metabolização na presença ou ausência de oxigênio. Oxidativo: presença de oxigênio; Fermentativo: ausência de oxigênio. *Monossacarídios: transformam-se em ácido pirúvico; Fermentação lática: grupo lático ou bactérias láticas. Produção de ácido lático (homolático ou heterolático), diacetil, etanol e CO2. Fermentação alcoólica: produção de CO2 e acetaldeído, reduzido a etanol. Leveduras e bactérias do gênero Zymomonas. Fermentação Ácida Mista ou Fórmica: produção de ácido lático, acético, succínico e fórmico. Enterobactérias. Fermentação Butanodióica: Menor produção de ácido que a fermentação mista. Acetoína é reduzida a 2,3 butilenoglicol. Fermentação Butírica: produção de ácido butírico, acético, CO2, H2, acetona, isopropanol e n-butanol. Bactérias butíricas. Fermentação Propiônica: bactérias propiônicas. Produtos finais são ácido acético e succínico, além de CO2. 3333º Capítulo: º Capítulo: º Capítulo: º Capítulo: MicroMicroMicroMicro----organismos Indicadoresorganismos IndicadoresorganismosIndicadoresorganismos Indicadores 4º Capítulo: Micro4º Capítulo: Micro4º Capítulo: Micro4º Capítulo: Micro----organismos Patogêorganismos Patogêorganismos Patogêorganismos Patogênicos de Importância em Alimentosnicos de Importância em Alimentosnicos de Importância em Alimentosnicos de Importância em Alimentos 5º Capítulo: Alterações Químicas Causadas Por Micro5º Capítulo: Alterações Químicas Causadas Por Micro5º Capítulo: Alterações Químicas Causadas Por Micro5º Capítulo: Alterações Químicas Causadas Por Micro----OrganismosOrganismosOrganismosOrganismos *Polissacarídios: entre os polissacarídios hidrolisáveis por micro-organismos, os mais importantes são: amido, celulose e pectinas. Proteínas – Desaminação oxidativa e redutora, descarboxilação, produção de H2S e decomposição do radical do aminoácido. Lipídeos – Rancificação, produção de cetonas e ácidos graxos voláteis. Outras alterações: viscosidade, coloração e alterações devidas ao crescimento de bolores e leveduras. Deterioração de leites e derivados Leite – Fatores intrínsecos: alta Aa, pH próximo ao neutro e riqueza em nutrientes - excelente meio de cultura para micro-organismos. Substâncias inibitórias para os micro-organismos presentes no leite recém-ordenhado são inativadas rapidamente por lactoperoxidase e aglutininas. A qualidade dos derivados do leite dependerá das condições microbiológicas da matéria-prima. Sabores e odores estranhos: são delicados e facilmente alteráveis, decorrentes da multiplicação de micro-organismos que resistiram à pasteurização ou que contaminaram o produto após o processamento térmico. � Sabor e odor ácidos: fermentação lática ou butírica � Sabor amargo: presença de peptídeos devido à proteólise � Aroma de ranço: oxidação ou hidrólise da gordura do leite � Aroma de caramelo ou queimado semelhante ao leite cozido: provocado por cepas de Lactobacillus lactis � Odor de estábulo: Enterobacter � Odor de batata: Pseudomonas mucidolens � Odor de peixe: Aeromonas hydrophila Alterações na cor: � Azul: crescimento de Pseudomonas syncynea � Amarela: P. syncynea ou Flavobacterium � Vermelha: Serratia marcescens e Micrococcus reseus, além de algumas leveduras que podem produzir colônias vermelhas ao crescer. � Rancidez: Bactérias Pseudomonas, Alcaligenes, Bacillus, Proteus, Clostridium, além de bolores e leveduras produzem enzimas lipolíticas que oxidam as gorduras a aldeídos e ácidos, hidrolisam as gorduras a ácidos graxos e glicerol. Esses produtos são responsáveis pelo odor e sabor característicos da rancificação. Alterações na viscosidade: � Na superfície do leite: Alcaligenes viscolatis � Em todo o líquido: Enterobacter sp, Klebsiela, Lactococcus lactis, Lactobacillus sp. � Produção de gás –Coliformes, Clostridium sp, algumas espécies do gênero Bacillus. Deterioração de carnes e derivados Fatores que favorecem a deterioração da carne: excelente meio de cultura, condições de abate e de estresse durante o abate, a atmosfera que envolve os produtos, a temperatura. ALTERAÇÕES EM AEROBIOSE: Limosidade superficial: a temperatura de armazenamento e quantidade de água disponível vão determinar qual micro-organismo irá crescer. Alterações na cor dos pigmentos da carne (hemepigmentos). Os pigmentos presentes na carne são constituídos de hemoglobina (pigmento do sangue) e mioglobina (pigmento do músculo). Reações dos hemepigmentos: Mioglobina (vermelho púrpura) à oxigenação à oximioglobina (vermelho vivo). Oximioglobina à oxidação à metamioglobina (marrom). Produção de H2S e peróxidos por bactérias: se esses produtos forem produzidos durante a embalagem a vácuo, a coloração verde, marrom ou cinza aparecerá após a exposição ao ar. ALTERAÇÕES EM AEROBIOSE: Causadas por bactérias aeróbias facultativas e anaeróbias que crescem no interior da carne. As principais alterações são: o Acidificação: Acúmulo de ácidos orgânicos (fórmico, propiônico, acético) durante a degradação enzimática bacteriana de moléculas complexas. o Putrefação: A verdadeira putrefação significa a decomposição anaeróbia de proteínas com produção de compostos de aroma desagradáveis como H2S, indol, escatol, putrescina, cadaverina, etc. o Rancificação: Na maioria dos casos é causada por micro-organismos, devido à lipólise. • Principais micro-organismos: Pseudomonas, Bacillus, leveduras e bolores. • Os peróxidos produzidos na hidrólise das gorduras são tóxicos também para os micro-organismos, por isso à medida que a rancificação se desenvolve, o número de micro-organismos tende a diminuir. o Fosforescência: Photobacterium. Cresce na superfície da carne o Odores e sabores estranhos: Primeiro sinal que aparece na deterioração da carne. Causados pela produção dos ácidos voláteis, como: fórmico, acético, butírico e propiônico. O crescimento de bolores pode tornar a superfície da carne viscosa e pegajosa. Os principais são: Thamnidium, Mucor e Rhizopus. CARNES CURADAS: o O sucesso da cura depende da carga microbiana da peça de carne e de não apresentar deterioração anterior. 6666º Capítulo: º Capítulo: º Capítulo: º Capítulo: Deterioração Microbiana de AlimentosDeterioração Microbiana de AlimentosDeterioração Microbiana de AlimentosDeterioração Microbiana de Alimentos o A manipulação inadequada e o armazenamento prolongado levam à deterioração da carne curada. o Os principais efeitos microbiológicos nas carnes curadas são a formação do limo superficial e o emboloramento. As carnes curadas apresentam a umidade necessária ao crescimento microbiano, que é a mesma para manter um bom aspecto. o O armazenamento a baixas temperaturas e o uso de embalagens a vácuo retardam o crescimento de bolores. Deterioração de pescados e frutos do mar Os pescados fazem parte do grupo de alimentos mais susceptíveis à deterioração, devido a Aa elevada, composição química, teor de gorduras insaturadas facilmente oxidáveis e, principalmente, pH próximo da normalidade. Deterioração dos pescado pode ocorrer: � através da autólise: ação dos sucos digestivos que atravessam a parede muscular após a morte ou ação das enzimas dos tecidos, que favorecem a disseminação dos micro-organismos contaminantes, amolecimento e desintegração da carne, � oxidação: alterações no aroma ou coloração do pescado, � atividade bacteriana: aceleram as alterações do pescado durante o seu armazenamento ou combinação dos 03 processos. Na carne do peixe a deterioração ocorre mais rapidamente do que em outros produtos cárneos devido não só à autólise, como também ao pH próximo à normalidade, o que favorece o desenvolvimento microbiano. A microbiota do pescado é influenciada pelo seu habitat, sendo um dos principais fatores de seleção a temperatura, que raramente ultrapassa os 20°C ao longo do ano. Por isso, as condições são mais favoráveis ao desenvolvimento de uma microbiota psicrotrófica do que a uma estritamente mesófila. A composição química do pescado influencia o desenvolvimento microbiano. Verifica-se, neste alimento, o desenvolvimento de micro-organismo capazes de utilizar substâncias nitrogenadas, proteicas ou não. As maiores alterações químicas decorrentes da deterioração dos pescados são: � produção de bases nitrogenadas voláteis e amônia, decorrente da desaminação oxidativa dos compostos não proteicos (ureia e creatina). � Outros compostos voláteis também importantes na deterioração dos pescados mas produzidos em menores quantidades são: metil, etilmercaptanas, dimetil- sulfeto, H2S, diacetil, acetaldeído, butanal, etanal, acetona, metanol e etanol. Esgotados os substratos nitrogenados não proteicos, as bactérias passam a atuar sobre as proteínas ocasionando alterações mais profundas, como o amolecimento dos tecidos e o aumento na concentração de compostos de odor nauseante. Microbiota natural do pescado: Pseudomonas, Moraxella,Shewanella, Flavobacterium, Vibrio e Micrococcus. O pescado salgado é deteriorado por bactérias halotolerantes, como Micrococcus, ou halofílicas dos gêneros Halococcus e Halobacterium, causadores de alterações na cor. A microbiota dos crustáceos reflete a qualidade da água em que estavam e da água de lavagem, as condições higiênicas de manipulação, etc. Os micro-organismos presentes na microbiota são os mesmos encontrados em peixes, como Pseudomonas, Acinetobacter-Moraxella e leveduras, predominantes na deterioração desses alimentos. A microbiota dos moluscos também varia com a qualidade da água em que se encontravam, da água de lavagem e outros fatores. Os gêneros bacterianos isolados de ostras deterioradas são: Serratia, Pseudomonas, Proteus, Clostridium, Shewanella, Escherichia, Enterobacter, Flavobacterium, entre outros. Conforme o processo deteriorativo avança, há o predomínio dos gêneros Pseudomonas e Acinetobacter- Moraxella, com enterococos, lactobacilos e leveduras dominando os últimos estágio da deterioração. Deterioração dos frangos As bactérias são as principais causadoras da deterioração das aves, sendo o conteúdo intestinal a fonte primária da contaminação. A maioria das bactérias cresce na superfície (pele, parte interna da cavidade do corpo e qualquer superfície cortada) e os produtos da decomposição vão difundindo-se vagarosamente para o interior da carne. •Em frango eviscerado, mantido a 10°C ou abaixo, a deterioração ocorre, principalmente, por Pseudomonas. Acima de 10 graus tem-se o crescimento de Alcaligenes sp e Flavobacterium sp. Com o tempo, aparece a limosidade na superfície da carne e, dependendo da quantidade de íons de ferro na água de lavagem, há produção do pigmento pioverdina pelas Pseudomonas. Odores alterados são comuns em pedaços de frango refrigerados, causados principalmente por Pseudomonas sp, embora espécies de Alcaligenes também possam estar envolvidas. Deterioração dos ovos • A maioria dos ovos é estéril na parte interna. • As cascas podem ser contaminadas por: –Matéria fecal da ave, da gaiola ou do ninho, –Água de lavagem dos ovos, – Manipulação inadequada, –Embalagem utilizada. • O tipo de micro-organismo que contamina a casca é variado: –Microbiota normal – Gram-positivo –Ovo deteriorado – Gram-negativo • Mecanismos de proteção contra a invasão microbiana: –Barreiras mecânicas: casca, cutícula e membranas internas. –Barreiras químicas: albumina (pH alto e baixa disponibilidade de compostos nitrogenados), ligação das proteínas com a riboflavina, e da avidina com a biotina, tornam esses compostos indisponíveis para os micro- organismos. • Como verificar sinais de deterioração dos ovos: –Aparência geral –Presença de rachaduras –Vazamentos –Perda do frescor ou do brilho –Manchas de sujeira no exterior –Sangue coagulado • na cor: –Pseudomonas fluorescens: aparecimento de pontos verdes na clara, fica fluorescente (quando observado sob luz ultravioleta) em estado adiantado de deterioração. –Pseudomonas, Acinetobacter, Alcaligenes e certos coliformes alteram a cor da gema com pontos coloridos. Em estágio mais avançado há desintegração da gema. – Proteus sp, Pseudomonas e Aeromonas estão envolvidos com o desenvolvimento de pontos negros que evoluem para o escurecimento da gema e sua posterior desintegração. • Alterações no odor: –Ausência de odor característico: Pseudomonas fluorescens –Odor pouco detectável –Odor frutado, altamente ofensivo: Pseudomonas, Alcaligenes, Acinetobacter –Odor pútrido com evidente produção de H2S e desenvolvimento de pressão devido à produção de gás. • Normalmente a deterioração dos ovos é mais bacteriana que fúngica. • Cabeça de alfinete: é o emboloramento no estágio inicial, porque é pequeno e compacto, aparecendo no interior da casca. A cor depende da espécie do fungo. • Atmosferas com alto teor de umidade favorecem a deterioração fúngica superficial. O resultado final é a podridão fúngica, com o micélio atingindo o interior do ovo através dos seus poros ou ranhuras. • Pode ocorrer também a geleificação da clara e o surgimento de manchas coloridas produzidas por Sporotrichium (vermelha) e Cladosporium (negra). • Penicillium, Cladosporium, Sporotrichium, Mucor, Thamnidium, Botrytis, Alternaria e outros fungos estão relacionados com a deterioração dos ovos. Deterioração de alimentos enlatados ou envasados • Alimentos enlatados ou envasados não deveriam sofre deterioração microbiana, pois são submetidos ao processamento térmico. • Causas para a deterioração: –Deterioração pré-processamento; –Contaminação do alimento enlatado através de falhas nas costuras (vazamento); –Resfriamento inadequado; –Subprocessamento. • Os alimentos envasados, termicamente processados, são classificados de acordo com o pH: –Alimentos de baixa acidez: pH acima de 4,5 –Alimentos ácidos: pH na faixa de 4,0 a 4,5 –Alimentos muito ácidos: pH inferior a 4,0 OBS: a escolha do valor de 4,5 para a divisão entre os alimentos ácidos e de baixa acidez foi baseada em relação ao crescimento e produção de toxinas por algumas cepas de Clostridium botulinum em alimentos com pH próximo a 4,6. ALIMENTOS DE BAIXA ACIDEZ PODEM SER DETERIORADOS POR: o Bactérias termófilas: são fermentadoras de carboidratos, não produtoras de gás. A lata alterada apresenta-se com as extremidades planas, podendo haver ou não perda de vácuo durante o armazenamento do produto. A aparência do produto é normal, mas o sabor é ácido devido ao fato de o pH estar bem abaixo do normal. O aroma fica alterado, e o líquido, turvo. As principais fontes de contaminação são os equipamentos e as matérias-primas, como açúcar, amido e solo. o Bactérias anaeróbias termófilas: causam distensão ou estufamento da lata, podendo chegar à explosão, devido à produção de CO2 e H2. O alimento apresenta-se fermentado, ácido, com aroma butírico ou de queijo. As fontes de contaminação são as mesmas do grupo anterior. • Deteriorantes sulfídricos: não causam alterações visíveis na lata, mas o H2S produzido é absorvido pelo produto, causando o escurecimento e o desenvolvimento do odor de “ovo podre”. A contaminação por esses micro-organismos indica um subprocessamento bastante grosseiro. • Bactérias mesófilas formadoras de esporos: produtoras de gás, cujo crescimento provoca estufamento da lata, que tende a explodir. O produto pode apresentar-se parcialmente digerido, com pH levemente acima do normal e odor tipicamente podre. OBS: Devido à sua importância em saúde pública, Clostridium botulinum é considerado como integrante desse grupo. O tratamento térmico necessário para destruir os esporos de C. botulinum é suficiente para prevenir a deterioração pelos outros micro-organismos. Contudo, não é raro o emprego de processos mais severos com o intuito de destruir os esporos mais termorresistentes deste grupo. ALIMENTOS ÁCIDOS PODEM SER DETERIORADOS POR: o Bactérias termófilas: a lata apresenta-se normal e a alteração no vácuo é pouca. O produto apresenta-se com alterações no aroma e no pH. o Anaeróbios butíricos: provocam a deterioração em tomate e suco de tomate, abacaxi e pera, por exemplo. Ocorre a dilatação da lata, que pode estourar. O produto fica fermentado, com odor butírico. o Bactérias não formadoras de esporos: principalmente as bactérias láticas. A lata estufa e geralmente estoura. O produto fica com odor ácido. PRODUTOS DE ALTA ACIDEZ o Incluem o chucrute, picles e outros produtos fermentados. o Geralmente são deteriorados por bolores e leveduras e/ou bactérias láticas, principalmente Lactobacillus e Leuconostoc. • O estufamento de uma lata pode ser de origem: –Microbiana – produção de CO2 + H2 –Química – produção de H2 • A análise da quantidade e qualidade de gases em uma lata estufada ajuda a identificar a natureza da alteração do alimento. DIAGNÓSTICO DA APARÊNCIA DA LATA o Normal:apresenta extremidades planas ou levemente côncavas o Alterada (com produção de gás no seu interior): –Flipper: lata com extremidades normais, mas uma delas torna-se convexa quando a lateral da lata é pressionada o a temperatura do produto é elevada. –Springer: observada na lata que tem as duas extremidades dilatadas, mas côncavas quando pressionadas. Caso apenas umas das extremidades esteja convexa, quando pressionada a outra extremidade da lata distenderá. –Soft swell: apresenta as duas extremidades distendidas, mas que ainda podem ser pressionadas. –Hard swell: as extremidades das latas encontram- se dilatadas, não sendo possível pressioná-las devido à grande quantidade de gás presente. • Essas alterações da lata ocorrem em sequência, podendo auxiliar na determinação do tipo de deterioração. • Nem todas as alterações são de origem microbiana, mas frequentemente as alterações do tipo soft swell e hard swell são. • Outros defeitos que podem ser notados em latas são pequenos pontos de depressão, microfuros, corrosão e costuras laterais defeituosas. Deterioração de produtos de origem vegetal • Doenças de mercado: 20% de toda a colheita é perdida. • Causas: –Microbiológica –Manipulação e acondicionamento inadequado –Sazonalidade –Rede de armazenamento insuficiente. • Composição média dos vegetais: Água: 88%, Carboidratos: 8,6%, Proteínas: 1,9%, Lipídios: 0,3%, Vitaminas, ácidos nucleicos e outros constituintes: menos do que 1%. • Essa composição favorece o crescimento dos micro-organismos. • Além disso, os vegetais apresentam alta Aa, baixa acidez e potencial de oxi-redução relativamente alto. • A podridão mole é o tipo de deterioração mais comum nos vegetais. A pectina hidrolisada provoca o amolecimento, odor desagradável e aparência úmida. É provocada por Erwinia carotovora, Pseudomonas sp, Clostridium e Bacillus. • Os fungos são mais importantes que as bactérias na deterioração dos alimentos de origem vegetal. • Botrytis causa a podridão fúngica em pelo menos 26 tipos de vegetais. • A invasão fúngica pode ser pré-colheita: –Botrytis causa a podridão cinza na flor do morango; –Collectotrichum é responsável pela antracnose nas frutas cítricas, mangas, abacates e papaias; –Gloesporium provoca a podridão da maçã e antracnose de bananas. • A maioria das deteriorações ocorre pós-colheita, quando os fungos invadem os produtos danificados. – Deterioração fúngica de vegetais: áreas de amolecimento –Podridão fúngica de frutas secas: áreas marrons ou creme, devido ao crescimento do micélio. –Alguns fungos apresentam área infectada seca, dura e descolorida. • A via de entrada dos micróbios deteriorantes nos vegetais determinam o tipo de deterioração e a probabilidade de sua ocorrência. • Os danos causados por meios mecânicos, fitopatógenos e manuseio inadequado favorecem a entrada. • A parte do vegetal que é utilizada como alimento também é importante. As partes subterrâneas e os vegetais rasteiros estão em contato direto com o solo e se contaminam com os micróbios aí presentes, por exemplo. A maioria dos frutos sofre danos por insetos e pássaros. • As características da deterioração dependem do tipo de produto atacado e dos micro-organismos envolvidos no processo. • Se o alimento for mole e sumarento, a deterioração será mole e paposa, podendo resultar no extravasamento do suco. • Em outros, a deterioração tem aparência seca e áreas descoloridas. • O micélio pode ser visível, apresentando pontos coloridos, ou estar sob a superfície, quando então aparecem apenas pontos deteriorados. Princípios da conservação dos alimentos • Prevenção ou retardamento da decomposição microbiana; • Prevenção ou retardamento da autodecomposição do alimento; • Prevenção de injúrias provocadas por insetos, causas mecânicas, etc. 1) Remoção dos micro-organismos • Lavagem: vegetais de forma geral para envasamento (retirar micro-organismos, poeira e resíduo de pesticida); • Sedimentação ou centrifugação: de água (embora não seja eficiente) e clarificação de leite; • Filtração: uso limitado a líquidos, aplicado em sucos de frutas, cerveja, refrigerantes, água e vinho. 2) Manutenção de condições atmosféricas desfavoráveis à multiplicação microbiana • Alimentos embalados a vácuo ou aqueles cujo ar do espaço livre tenha sido substituído por CO2 ou NO2 apresentam condições anaeróbias que impedem desenvolvimento de micro-organismos aeróbios. 3) Altas temperaturas • Temperaturas elevadas causam desnaturação de proteínas e a inativação de enzimas necessárias ao metabolismo microbiano; • Tratamento térmico necessário para destruir micro-organismos ou esporos varia de acordo com o tipo de micro-organismo, a forma em que se encontra e o ambiente durante o tratamento; • 2 categorias: pasteurização e esterilização. 7777º Capítulo: º Capítulo: º Capítulo: º Capítulo: Controle do Desenvolvimento Microbiano nos AlimentosControle do Desenvolvimento Microbiano nos AlimentosControle do Desenvolvimento Microbiano nos AlimentosControle do Desenvolvimento Microbiano nos Alimentos Pasteurização • Aplicados a alimentos ácidos, a alimentos que são conservados sob refrigeração ou congelamento e aqueles submetidos à concentração e desidratação; • Leite pode apresentar variáveis: 63ºC/30min (baixa temperatura e tempo longo) e 72ºC/15s (alta temperatura e tempo curto); • Tratamento destinado a destruir micro-organismos patogênicos não formadores de esporos. Esterilização • Destruição de todas as células viáveis que possam ser enumeradas por técnica apropriada de semeadura; • No leite é realizada a 140-150ºC por poucos segundos (UHT - ultra high temperature). Fatores que afetam a termorresistência dos micro-organismos • Água; • Gordura; • Sais; • Carboidratos; • pH; • Proteínas; • Números de micro-organismos; • Fase de crescimento; • Temperatura de crescimento; • Compostos inibitórios; • Relação tempo/temperatura. 4) Baixas temperaturas • Quanto menor for a temperatura, menor será a velocidade das reações bioquímicas ou atividade microbiana; • Não é considerado o melhor método de conservação para qualquer tipo de alimento, pois alguns podem sofrer injúria devido ao frio; • Remoção do calor e manutenção do ambiente frio controlado são de alto custo. • Micro-organismos psicrofílicos: temperatura de crescimento na faixa de 0 a 20ºC, com ótimo entre 10 e 15ºC; • Micro-organismos psicrotróficos: capazes de se desenvolver entre 0 e 7ºC, no entanto, crescem em temperaturas de até 43ºC. Refrigeração • Refrigeração refere-se empregar temperaturas inferiores a 10ºC, excluindo-se portanto a atividade dos mesófilos; • Micro-organismos de interesse são os psicrotróficos; • Outros métodos empregados em conjunto com a refrigeração: embalagens a vácuo, salga, cura, defumação, etc. Congelamento • Alimentos são congelados com a finalidade de prolongar sua vida de prateleira; • Temperaturas baixas o suficiente para reduzir ou parar a deterioração causada pelos micro-organismos, enzimas ou O2; • Um dos melhores métodos para manter cor, aroma, e aparência de muitos alimentos. • Congelamento rápido: a temperatura é diminuída para aproximadamente -20ºC em 30 min através de imersão direta ou uso de correntes de ar frio; • Congelamento lento: a temperatura desejada é atingida entre 3 e 72 horas, é o que ocorre no congelador doméstico; • O congelamento rápido é mais vantajoso do que o lento. a) Estabilidade dos alimentos congelados • Alguns fatores que afetam a vida de prateleira de alimentos congelados são os tratamentos que são submetidos antes do congelamento, o tipo de embalagem, a temperatura, as flutuações na temperatura de armazenamento e as condições de descongelamento; • O tempo máximo de armazenamento de um alimento congelado não é baseado na sua microbiologia,mas em outros efeitos como textura, aroma, maciez, cor e qualidade nutricional após o congelamento e cozimento. b) Vantagens do congelamento • Não adiciona nem remove compostos presentes no alimento; • Não adiciona sabor nem aroma novos e nem altera o natural; • Não diminui a digestibilidade nem causa perda significativa do valor nutritivo. c) Desvantagens do congelamento • Micro-organismos não são destruídos totalmente; • Esporos são resistentes ao processo e existem toxinas que não são destruídas; • Alimentos congelados, embalados de maneira inadequada, desidratam muito rapidamente, causando deterioração. 5) Desidratação • Método de conservação mais antigo; • Observação de que sementes secas podiam ser armazenadas de uma estação do ano para outra; • Baseia-se no fato de que tanto micro-organismos como enzimas precisam de água para sua atividade; • Diminuir o conteúdo de água até o ponto em que ocorra a inibição dos micro-organismos deteriorantes e patogênicos; • Alimentos secos, desidratados ou com baixa umidade denominados de LMF (low moisture foods); • Teor de umidade inferior a 25% e Aw inferior a 0,60; • Alimentos que apresentam Aw entre 0,60 e 0,85 são denominados alimentos com umidade intermediária ou IMF (intermediate moisture foods); • Além da prevenção do crescimento microbiano, apresenta outras vantagens: prevenção das alterações químicas ou físicas no alimento, induzidas ou auxiliadas pelo excesso de umidade; redução nos custos de embalagem, armazenamento e transporte; e remoção da umidade adicionadas em operações de processamento. 6) Conservadores químicos • É qualquer substância adicionada a um alimento para prevenir ou retardar a deterioração por micro- organismos; • Alguns também controlam desenvolvimento de micro-organismos patogênicos; • Não estão incluídos : sais comuns, açúcares, vinagres e condimentos; • O número de compostos químicos empregados é relativamente pequeno, pois serão ingeridos com o alimento. • Características de um conservante químico ideal: não deve ser tóxico nas concentrações empregadas; não pode ser carcinogênico; deve ser de baixo custo; solúvel em água; e não produzir características organolépticas indesejáveis. • Eficiência depende de fatores: concentração em que será utilizado; temperatura e o tempo de armazenamento do alimento; tipo do conservador; tipos de micro-organismos contaminantes; e características intrínsecas do alimento (pH, Aw, composição química, etc.); • Conservadores permitidos pela legislação brasileira: 1. Ácidos lipofílicos e derivados: Ácido benzoico e benzoatos de Na, K e Ca; Ácido sórbico e sorbatos de Na, K e Ca; Ácido propiônico e seus sais de Na, K e Ca; Ésteres do ácido p-hidróxido benzóico. 2. Nitratos e nitritos; 3. Dióxido de enxofre e derivados; 4. Nisina 5. Natamicina • Outros compostos químicos que atuam como conservadores: NaCl e açúcares; Ácidos orgânicos. Defumação; Tratamento com gases (CO2, óxido de etileno e propileno, ozônio); Agentes antifúngicos para frutas. 7) Irradiação do alimento • Patenteada nos EUA em 1929; • Somente nos últimos 30-40 anos é que maior atenção foi dada a este método; • Radiação pode ser definida como sendo a emissão e a propagação da energia ou partículas através do espaço ou da matéria; • Exemplos: Raios ultra-violeta ( luz UV), partículas β e raios γ. Luz UV • Poderoso agente bactericida; • A célula bacteriana é destruída devido a mutações letais no DNA, inibindo a sua síntese; • Apresenta baixo poder de penetração e somente é utilizado em superfícies; • Aplicado na esterilização do ar e superfície de pães e derivados antes de serem embalados, camada superficial de tanques de xaropes, algumas embalagens plásticas, etc. Partículas β • São elétrons emitidos por fontes radioativas; • Apresentam baixo poder de penetração; • Pouco utilizado. Raios γ • Radiações eletromagnéticas emitidas pelo núcleo excitado de elementos radioativos, sendo os aplicados em alimentos o 60Co e o 137Cs; • Forma mais barata, uma vez que são subprodutos da fissão do urânio; • Apresentam excelente poder de penetração; • Aplicações: descontaminação de ingredientes; aumentar tempo de armazenamento de frutos, inibir germinação ou crescimento. a) Efeito da radiação sobre o alimento • As doses de radiação altas o suficiente para esterilizar um alimento também podem produzir, através de reações secundárias, efeitos indesejáveis, causando alterações de cor, sabor, odor e outras propriedades; Ex: quando irradiada a água pode sofrer radiólise formando radicais livres que poder reagir com outras moléculas presente no meio. O parâmetro de qualidade mais importante de um alimento é o que define sua característica microbiológica. Essas características avaliam condições de processamento, armazenamento, bem como vida útil e risco à saúde. Para que a análise microbiológica permita uma avaliação segura e válida, relacionada à segurança que o produto oferece para o consumido e também para o produtor é necessário que critérios de avaliação sejam estabelecidos. Esses critérios de avaliação são estabelecidos pela legislação de cada país e em nível internacional pela Comissão do Codex Alimentarius ( FAO/WHO). Os itens que compõe o critério microbiológico, de acordo com o Codex Alimentarius são: - Planos de amostragem; - Definição dos micro-organismos pesquisados e da metodologia; - Estabelecimento de padrões, normas e especificações de conformidade. a) Definição dos micro-organismos que devem ser estudados: - Sem risco direto à saúde: Inclui micro-organismos que causam apenas alterações nos alimentos. Exemplos: fungos, bactérias aeróbias mesófilas; - Risco indireto à saúde do consumidor: Inclui os micro-organismos indicadores. Exemplo: Coliformes; - Risco direto à saúde do consumidor: Inclui todos os micro-organismos patogênicos de interesse em alimentos. Esses micro-organismos são subdivididos em três subgrupos: • Risco direto, moderado e de difusão limitada: são os micro-organismos parcialmente patogênicos e que causam doenças brandas. Exemplos: Staphylococcus aureus, Clostridium perfringens tipo A, Coxiella burnetti, Yersinia enterocolitica, Campylobacter jejuni e o nematoide Trichinella spiralis; • Risco direto,moderado e difusão extensa: são micro-organismos potencialmente patogênicos, porém causam doenças mais graves em doses infectantes mais baixas. Exemplos: Salmonella Typhimurium, E.coli patogênica, Shigella, Vibrio parahaemolyticus e estreptococos beta-hemoliticos; • Risco direto e grave São micro-organismos que não devem estar presentes em nenhum alimento, pois são altamente patogênicos. Exemplos: Clostridium botulinum, Salmonella paratyphi A e B, Salmonella cholerasuis, vírus da hepatite infecciosa e outros. b) Planos de amostragem - Conceitos importantes: - Lote: quantidade de alimento de mesma composição e características físicas, químicas e sensoriais, produzida numa mesma batelada, sob as mesmas condições. - Amostra de Lote: fração do lote retirada ao acaso, embalagem ou alíquotas ( unidade de amostra). Devem ter quantidades suficientes para análises, contra provas e prevenção de perdas por acidente. - Unidade analítica: quantidade de alimento efetivamente utilizada na realização de um ou mais da unidade de amostra. Os planos de amostragem foram propostos pelo ICMSF (International Commission on Microbiological Specifications for Foods) e são subdivididos em 15 categorias de acordo com o grau de risco que o micro- organismo oferece. • Categoria 1,2 e 3: micro-organismos que apenas deterioram o produto,; • 4, 5 e 6 estão os indicadores da possível presença de patógenos; • 7, 8 e 9: micro-organismos patogênicos que causam leves doenças e são de difusão restrita; • 10, 11 e 12: os patogênicosque causam doenças leves e são de difusão extensa; • 13, 14 e 15: os micro-organismos patogênicos que podem causar doenças graves; c) Coleta, transporte e estocagem de amostras para análise - Amostras de alimentos em embalagens individuais: • Devem ser coletados e encaminhados ao laboratório em sua embalagem comercial original, fechada e intacta. • Alimentos contidos em tanques ou grandes embalagens, deve-se transferir porções representativas para frascos ou bolsas estéreis, sob condições assépticas. • A preparação de frascos para coleta de amostras individuais deve ser feita da seguinte maneira: as tampas devem ser á prova de vazamentos, tamanho adequado, pré esterilizados em autoclave, ou estufa ou desinfetados. - Amostras de alimentos contidos em grandes embalagens: • Antes da coleta deve-se misturar toda a massa do alimento, para garantir a homogeneidade dos micro-organismos. Caso não seja possível realizar a mistura do alimento, deve-se retirar porções em diferentes partes do conteúdo. • O frasco que será utilizado para coleta não deve ser introduzido diretamento no produto. - Coleta e análise de alimentos envolvidos em doenças transmitidas por alimentos (DTAs): • Deve ser feita o mais rápido possível, já que se o alimento pode estar em estado de deterioração. 8888º Capítulo: º Capítulo: º Capítulo: º Capítulo: Critérios Microbiológicos para Avaliação da Qualidade de AlimentosCritérios Microbiológicos para Avaliação da Qualidade de AlimentosCritérios Microbiológicos para Avaliação da Qualidade de AlimentosCritérios Microbiológicos para Avaliação da Qualidade de Alimentos • Deve-se utilizar sobras das refeições suspeitas, caso não seja possível, deve-se utilizar amostras de outros alimentos similares que foram produzidos nas mesmas condições, ou ingredientes, ou vasilhames. - Análise e coleta de amostras de água: • Água engarrafada é considerada pelo Codex Alimentarius como um alimento. • Para coleta para análise é necessário que a amostra esteja em sua embalagem original e lacrada. Caso seja necessário coletar volumes maiores deve-se homogeneizar o conteúdo, a saída de água deve ser desinfetada com álcool 70%, o volume inicial é desprezado e a coleta da amostra pode ser realizada. • Para a coleta de mananciais deve-se mergulhar o frasco de boca para baixo, direcionado para a saída de água e elevar o frasco. • Já para a análise de água clorada, primeiramente é necessário que o cloro seja neutralizado com tiossulfato de sódio (Na2S2O3) 3%. • Amostras de água com alto teor de metais devem ser coletadas em frascos com EDTA, para reduzir a toxicidade destes metais para micro-organismos. d) Transporte e estocagem de amostras até o momento da análise A estocagem e o transporte da amostra devem ser feita da mesma forma que o alimento é estocado e transportado na sua comercialização. - Alimentos com baixa atividade de água: • Estes alimentos devem ser estocados e transportados em temperatura ambiente e protegidos da umidade. - Alimentos congelados: • devem ser estocados e transportados em temperatura entre -18 °C e -24°C em caixas com gelo seco e os rótulos e etiquetas devem ser à prova d’água. - Alimentos que são comercializados estéreis em embalagens herméticas: • Estes alimentos devem ser estocados e transportados em temperatura ambiente. Caso a embalagem esteja estufada a estocagem e transporte deve ser feita em bolsas plásticas, podendo ser sob refrigeração. - Amostras de água: • O transporte e estocagem de amostras de água devem ser feito sob refrigeração e o intervalo entre coleta e análise deve ser no máximo 24h e) Recepção da amostra para análise • Na recepção o laboratório deve observar as condições da embalagem e as condições que a amostra foi transportada. • Amostras com embalagem rasgada, furada, com elementos estranhos ou que foram transportadas de forma inadequada devem ser recusadas.
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