Buscar

curso_eca_estatuto_da_crian_a_e_do_adolescente_ii_sp__11376

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 93 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 93 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 93 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Seja bem Vindo! 
 
Curso 
CAE
 II Adolescente doe 
 Criança da Estatuto - 
CursosOnlineSP.com.br 
 Carga horári 60a: hs 
 
 
 
 
Conteúdo 
 
Parte Geral: Fundamentos para o Estatuto da Criança e do Adolescente ........... Pág. 8 
Direitos Fundamentais ......................................................................................... Pág. 12 
Prevenção ............................................................................................................ Pág. 32 
Parte Especial: Política de Atendimento .............................................................. Pág. 36 
Entidades de atendimento .................................................................................... Pág. 37 
Medidas de Proteção ........................................................................................... Pág. 41 
Prática de Ato Infracional ..................................................................................... Pág. 46 
Medidas Pertinentes aos pais ou responsável ..................................................... Pág. 53 
Conselho Tutelar .................................................................................................. Pág. 54 
Acesso a Justiça .................................................................................................. Pág. 56 
Crimes e Infrações Administrativas ...................................................................... Pág. 79 
Referências Bibliográficas .................................................................................... Pág. 98 
 
8 
PARTE GERAL 
 
1. FUNDAMENTOS PARA O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO 
ADOLESCENTE 
 
 A Constituição Federal de 1988 destinou à criança e ao adolescente 
especial proteção. As regras protetivas em relação a elas estão contidas, 
basicamente, no Capítulo VII (Da Família, da Criança, do Adolescente, do 
Jovem e do Idoso), do Título VIII (Da Ordem Social). 
 Estipula a Constituição da República, que a proteção da criança e do 
adolescente é dever da família, da sociedade e também do Estado. Essa 
proteção se traduz em assegurar, efetivamente e com absoluta prioridade, o 
direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à 
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade, e à 
convivência familiar e comunitária, colocando as crianças e os adolescentes 
a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, 
crueldade e opressão. 
 Assim, é dever do Estado promover programas de assistência integral 
à saúde da criança e do adolescente, admitindo-se a participação de 
entidades não governamentais, mediante políticas específicas e obedecidos 
os seguintes preceitos (art. 227, §1º da CRFB/88): 
 a) aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à saúde 
na assistência materno-infantil; 
 b) criação de programas de prevenção e atendimento especializado 
para as pessoas portadoras de deficiência física, sensorial ou mental, bem 
como de integração social do adolescente e do jovem portador de 
deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a 
facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de 
obstáculos arquitetônicos e de todas as formas de discriminação. 
 Conforme salienta o parágrafo terceiro do artigo 227 da Constituição 
Federal de 1988, o direito a proteção especial deve abranger os seguintes 
aspectos: 
 a) idade mínima de 14 (quatorze) anos para admissão ao trabalho, 
observado o disposto no art. 7º, XXXIII, também da Constituição Federal; 
 b) garantia de direitos previdenciários e trabalhistas; 
 c) garantia de acesso do trabalhador adolescente e jovem à escola; 
 d) garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de ato 
infracional, igualdade na relação processual e defesa técnica por profissional 
habilitado, segundo dispuser a legislação tutelar específica; 
 e) obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e 
respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, quando da 
aplicação de qualquer medida privativa da liberdade; 
 f) estímulo do Poder Público, através de assistência jurídica, 
incentivos fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento, sob a forma 
de guarda, de criança ou adolescente órfão ou abandonado; 
 
9 
 g) programas de prevenção e atendimento especializado à criança, ao 
adolescente e ao jovem dependente de entorpecentes e drogas afins. 
 Também é determinação constitucional, que a lei preveja severa 
punição para o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do 
adolescente (art. 227, §4º da CRFB/88). Sobre este assunto, avançou a 
legislação penal brasileira, especialmente mediante a recente alteração no 
Código Penal, promovida pela Lei n.º 12.015/2009, que criou tipos penais 
específicos em relação aos menores de 14 (quatorze) anos, além de ter 
majorado as penas abstratamente previstas em relação aos crimes 
cometidos em detrimento do maior de 14 (quatorze) e menor de 18 (dezoito) 
anos. 
 A adoção, consoante determinação constitucional (art. 227, §5º), deve 
ser assistida pelo Poder Público, na forma da lei, a qual estabelece os casos 
e as condições de sua efetivação por parte de estrangeiros. Sobre esse 
assunto também houve recente alteração por meio da Lei n.º 12.010/2009, 
objeto de estudo no presente curso. 
 Consoante previsão constitucional, os filhos, havidos ou não da 
relação do casamento, ou por adoção, tem exatamente os mesmos direitos e 
qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à 
filiação (art. 227, §6º). 
 A Emenda Constitucional n.º 65/2010 inclui o parágrafo oitavo ao 
artigo 227 da Constituição Federal de 1988, que dispõe: 
§ 8º A lei estabelecerá: 
I - o estatuto da juventude, destinado a regular os 
direitos dos jovens; 
II - o plano nacional de juventude, de duração decenal, 
visando à articulação das várias esferas do poder 
público para a execução de políticas públicas. 
 Atualmente, ambos os incisos constitucionais carecem de 
regulamentação. Os projetos do Estatuto da Juventude e do Plano Nacional 
de Juventude estão tramitando no Congresso Nacional. 
 Segundo estipulação constitucional, os menores de 18 (dezoito) anos 
são penalmente inimputáveis, sujeitando-se, pois, às normas da legislação 
especial (art. 228). 
 E há, ainda, o dever recíproco consagrado no artigo 229 da 
Constituição Federal, segundo o qual os pais tem o dever de assistir, criar e 
educar os filhos menores, enquanto os filhos maiores tem o dever de ajudar 
e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade. 
 
 
1.1 Disposições preliminares 
 
 Consoante previsão do Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei n.º 
8.069, de 13 de julho de 1990, considera-se: 
 a) criança, a pessoa até os 12 (doze) anos de idade incompletos; 
 b) adolescente, aquela entre 12 (doze) e 18 (dezoito) anos de idade. 
 
10 
 Via de regra, o Estatuto da Criança e do Adolescente aplica-se 
apenas às crianças e aos adolescentes, mas em hipóteses excepcionais, 
expressamente indicadas, às pessoas entre 18 (dezoito) e 21 (vinte e um) 
anos de idade. 
 À criança e ao adolescente são assegurados o gozo de todos os 
direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, devendo-lhes ser 
assegurado, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e 
facilidades, para que eles possam se desenvolver física, mental, moral, 
espiritual e socialmente, em condições de liberdade e de dignidade. 
 Nesse contexto, é dever da família, da comunidade, da sociedade em 
geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação 
dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao 
esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à 
liberdade e à convivência familiar e comunitária (art. 4º, caput, do ECA).E 
consoante esclarece o parágrafo único do artigo 4º do Estatuto da Criança e 
do Adolescente, essa garantia de prioridade compreende: 
 a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer 
circunstâncias; 
 b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância 
pública; 
 c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais 
públicas; 
 d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas 
relacionadas com a proteção à infância e à juventude. 
 Nenhuma criança ou adolescente deve ser objeto de qualquer 
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, 
punido-se na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus 
direitos fundamentais (art. 5º do ECA). Como se terá oportunidade de 
analisar, o Estatuto da Criança e do Adolescente estipula diversas práticas, 
comissivas e omissivas, como crimes ou infrações administrativas, só com o 
que se pode dar efetividade a muitos dos mandamentos nele contidos. 
 São critérios que devem ser levados em conta para a interpretação do 
Estatuto da Criança e do Adolescente: 
 a) os fins sociais a que ele se dirige; 
 b) as exigências do bem comum; 
 c) os direitos e deveres individuais e coletivos da criança e do 
adolescente; 
 d) a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em 
desenvolvimento. 
 Como se vê, o Estatuto da Criança e do Adolescente buscou efetivar 
a determinação constitucional, de modo a conferir à criança e ao 
adolescente a mais ampla proteção possível. 
 Nesse contexto, veja-se pertinente e interessante informativo do 
Superior Tribunal de Justiça: 
 
 
 
11 
Informativo nº 0381 
Período: 15 a 19 de dezembro de 2008 
Terceira Turma 
RETIFICAÇÃO. REGISTRO. NASCIMENTO. 
Trata-se de matéria inédita entre os julgamentos deste 
Superior Tribunal, em que menor, representada por sua 
mãe, pretende a retificação de seu registro de 
nascimento para acrescentar o patronímico de sua 
genitora, omisso na certidão, além de averbar a 
alteração para o nome de solteira da sua mãe, que 
voltou a usá-lo após a separação judicial e é grafado 
muito diferente daquele de casada, tudo no intuito de 
facilitar a identificação da criança no meio social e 
familiar. O pai da menor não se opôs, mas o MP 
recorreu quanto à averbação do nome da mãe 
concedida pelas instâncias ordinárias, uma vez que o 
registro de nascimento deve refletir a realidade da 
ocasião do parto, o que impediria tal averbação nos 
termos das Leis ns. 6.015/1973 e 8.560/1992. A Min. 
Relatora observou que, no caso dos autos, conforme 
comprovado nas instâncias de 1º e 2º grau, há a 
situação constrangedora de mãe e filha terem que 
portar cópia da certidão de casamento com a 
respectiva averbação para comprovarem a veracidade 
dos nomes na certidão de nascimento, bem como não 
existe prejuízo para terceiros, o que afastaria o pleito 
do MP. Os interesses da criança estariam acima do 
rigorismo dos registros públicos por força do Estatuto 
da Criança e do Adolescente (ECA). Ademais, essa é a 
solução mais harmoniosa e humanizada. Com essas 
considerações, entre outras, a Turma não conheceu do 
recurso do MP. REsp 1.069.864-DF, Rel. Min. Nancy 
Andrighi, julgado em 18/12/2008. (sem grifos no 
original) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
2. DIREITOS FUNDAMENTAIS 
 
 Os direitos e garantias fundamentais apontam amplo leque protetivo à 
pessoa humana, visando-lhes conferir condições existenciais mínimas, sem 
as quais não é possível admitir o exercício de uma vida digna. 
 Em sendo a dignidade da pessoa humana um princípio fundamental, 
desrespeitar qualquer dos direitos elencados a partir do artigo 5º da 
Constituição de 1988 acarreta, inevitavelmente, em ato atentatório à 
dignidade da pessoa humana. 
 Embora exista título próprio à disciplinação dos direitos e garantias 
fundamentais na Constituição, é importante salientar que estes não se 
resumem àquele título, vez que encontram-se espalhados por todo texto 
constitucional, tal como o direito à saúde, especialmente abordado no 
Estatuto da Criança e do Adolescente. O que confere o status de 
fundamental a um direito não é sua posição metodológica no texto 
constitucional, mas suas características. 
 Hoje, o critério de respeito e proteção à pessoa humana é 
extremamente diferente do que já se verificou na história constitucional 
pátria. Desde a primeira Constituição, a Imperial de 1824, visualiza-se a 
guarida de direitos destinados a proteção das pessoas. 
 A proteção que se faz necessária na atualidade é exatamente a 
mesma que se fazia presente durante a vigência de mencionada 
Constituição, e antes dela também. As pessoas sempre foram carecedores 
da mais extensa proteção e assistência, de modo a desenvolverem-se 
plenamente. A diferença está, no que podemos utilizar de um binômio 
necessidade/possibilidade, não quanto a primeira, mas quanto a segunda. 
Se a necessidade nunca deixou de existir, a possibilidade era restringida 
pelo interesse de poucos em detrimento na imensa maioria que sucumbia 
nas mais básicas necessidades existenciais. 
 A possibilidade fora majorada com o decorrer dos tempos, com a 
evolução dos direitos e com os movimentos constitucionalistas, mas ainda 
está longe de ser realizada na medida da atenção necessária à satisfação 
da necessidade populacional. Os interesses das minorias ainda prevalecem 
perante os da imensa maioria, mas em moldes muito diferentes dos 
pretéritos. 
 Em se tratando de crianças e adolescentes, há que se lembrar que a 
eles deve ser dedicada ampla proteção, com absoluta prioridade. 
 
 
2.1 Direito à vida e à saúde 
 
 Os direitos à vida e à saúde são fundamentais à criança e ao 
adolescente, e se efetivam mediante a adoção de políticas sociais públicas 
que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em 
condições dignas de existência. 
 Conforme salienta o caput do artigo 8º do Estatuto da Criança e do 
Adolescente, é assegurado à gestante, por meio do Sistema Único de Saúde 
(SUS), o atendimento pré e perinatal. 
 
13 
 A gestante deve ser encaminhada a diferentes níveis de atendimento, 
segundo critérios médicos específicos, obedecendo-se aos princípios de 
regionalização e hierarquização do Sistema (art. 8º, §1º do ECA). 
 É disposição legal, contida no parágrafo segundo do artigo 8º do 
Estatuto da Criança e do Adolescente, que a parturiente deve ser atendida 
preferencialmente pelo mesmo médico que a tenha acompanhado na fase 
pré-natal. 
 É dever do poder público propiciar apoio alimentar à gestante e à 
nutriz que dele necessitem. 
 Ademais, também é dever do poder público proporcionar assistência 
psicológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, inclusive como 
forma de prevenir ou minorar as consequências do estado puerperal (art. 8º, 
§4º do ECA). Essa mesma assistência, o poder público também tem o dever 
de prestar em relação a gestantes ou mães que manifestem interesse em 
entregar seus filhos para adoção (art. 8º, §5º do ECA). 
 Inclusive, e como se terá a oportunidade de analisar, configura 
infração administrativa, punível com multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 
3.000,00 (três) mil reais), deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de 
estabelecimento de atenção à saúde de gestante de efetuar imediato 
encaminhamento à autoridade judiciária de caso de que tenha conhecimento 
de mãe ou gestante interessada em entregar seu filho para adoção. Na 
mesma pena dos profissionais anteriormente mencionados incorre o 
funcionário de programa oficial ou comunitário destinado à garantia do direito 
à convivência familiar que deixar de efetuar comunicação da mesma 
natureza, consoante prevê o artigo 258-B do Estatuto da Criança e do 
Adolescente. 
 No caso de gestantes ou mães que manifestem interesse em entregar 
seus filhos para adoção, elas devem,obrigatoriamente, serem 
encaminhadas à Justiça da Infância e da Juventude. 
 O poder público, assim como as instituições e os empregadores 
devem propiciar condições adequadas ao aleitamento materno, inclusive aos 
filhos de mães submetidas a medida privativa de liberdade (art. 9º do ECA). 
O Estado cuidou de tutelar a criança, em razão da sua condição de pessoa 
em desenvolvimento, permitindo que o aleitamento materno, tão relevante 
no processo de formação da pessoa, não deixe de ser efetuado ainda que a 
mãe esteja em cumprimento de medida privativa da liberdade. 
 Conforme prevê o artigo 10 do Estatuto da Criança e do Adolescente, 
os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de gestantes 
públicos e particulares, são obrigados a: 
 a) manter registro das atividades desenvolvidas, através de 
prontuários individuais, pelo prazo de 18 (dezoito) anos; 
 b) identificar o recém-nascido mediante o registro de sua impressão 
plantar e digital e da impressão digital da mãe, sem prejuízo de outras 
formas normatizadas pela autoridade administrativa competente; 
 c) proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de 
anormalidades no metabolismo do recém-nascido, bem como prestar 
orientação aos pais; 
 
14 
 d) fornecer declaração de nascimento onde constem necessariamente 
as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato; 
 e) manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a 
permanência junto à mãe. 
 Às crianças e adolescentes assegura-se atendimento integral à 
saúde, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), garantido o acesso 
universal e igualitário às ações e serviços para promoção, proteção e 
recuperação da saúde (art. 11, caput, do ECA). 
 No caso de crianças e adolescentes portadores de deficiência, a eles 
deve ser destinado atendimento especializado, consoante previsão contida 
no parágrafo primeiro do artigo 11 do Estatuto da Criança e do Adolescente. 
 Ao poder público incumbe fornecer gratuitamente àqueles que 
necessitarem os medicamentos, próteses e outros recursos relativos ao 
tratamento, habilitação ou reabilitação (art. 11, §2º do ECA). 
 Os estabelecimentos de atendimento à saúde tem o dever de 
proporcionar condições para a permanência em tempo integral de um dos 
pais ou responsável, nos casos de internação de criança ou adolescente 
(art. 12 do ECA), em consagração a regra de ampla proteção e absoluta 
prioridade que deve ser dedicada às crianças e adolescentes. 
 O ordenamento jurídico brasileiro assegura à criança e ao 
adolescente ampla proteção. Dessa forma, caso haja suspeita ou 
confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente, deve haver 
imediata comunicação ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem 
prejuízo de outras providências legais. Esse dever estende-se ao médico, ao 
professor e ao responsável por estabelecimento de atenção à saúde e de 
ensino fundamental, pré-escola ou creche, sob pena de incorrer na infração 
administrativa descrita no artigo 245 do Estatuto da Criança e do 
Adolescente, que prevê a aplicação de uma pena de multa, variável entre 3 
(três) e 20 (vinte) salários de referência, valor que pode ser aplicado em 
dobro em caso de reincidência. 
 Por derradeiro, consoante previsão do caput do artigo 14 do Estatuto 
da Criança e do Adolescente, é incumbência do Sistema Único de Saúde 
(SUS), promover programas de assistência médica e odontológica para a 
prevenção de enfermidades que ordinariamente afetam a população infantil, 
além de campanhas para educação sanitária destinada aos pais, 
educadores e alunos. Nesse contexto, conforme determina o parágrafo único 
do artigo 14 do Estatuto da Criança e do Adolescente, é obrigatória a 
vacinação das crianças nos casos recomendados pela autoridades 
sanitárias. 
 
 
2.2 Direito à liberdade, ao respeito e à dignidade 
 
 A liberdade, o respeito e a dignidade como pessoas humanas em 
desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais são 
fundamentais à criança e ao adolescente, direitos estes revestidos de índole 
constitucional e legal. 
 
 
15 
 Consoante previsão do artigo 16 do Estatuto da Criança e do 
Adolescente, o direito à liberdade compreende os seguintes aspectos: 
 a) ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, 
ressalvadas as restrições legais; 
 b) opinião e expressão; 
 c) crença e culto religioso; 
 d) brincar, praticar esportes e divertir-se; 
 e) participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação; 
 f) participar da vida política, na forma da lei; 
 g) buscar refúgio, auxílio e orientação. 
 O direito ao respeito, segundo definição legal (art. 17 do ECA), 
consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança 
e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da 
autonomia, dos valores, idéias e crenças, dos espaços e dos objetos 
pessoais. 
 E consoante previsão do artigo 18 do Estatuto da Criança e do 
Adolescente, é dever de todos velar pela dignidade da criança e do 
adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, 
aterrorizante, vexatório ou constrangedor. 
 
 
2.3 Direito à convivência familiar e comunitária 
 
 Toda criança e adolescente tem direito a uma sadia convivência no 
núcleo familiar e também comunitário. Toda criança ou adolescente tem 
direito a ser criado e educado no seio da sua família e, apenas 
excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e 
comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de 
substâncias entorpecentes. 
 A Lei n.º 12.010/2009 inclui três parágrafos ao artigo 19 do Estatuto 
da Criança e do Adolescente. 
 Segundo o parágrafo primeiro, toda criança ou adolescente que 
estiver inserido em programa de acolhimento familiar ou institucional deve 
ter sua situação reavaliada, a cada 6 (seis) meses, devendo a autoridade 
judiciária competente, com base em relatório elaborado por equipe 
interprofissional ou multidisciplinar, decidir de forma fundamentada pela 
possibilidade de reintegração familiar ou colocação em família substituta, em 
quaisquer das modalidades previstas no artigo 28 do Estatuto da Criança e 
do Adolescente. 
 Já o parágrafo segundo do artigo 19 do Estatuto da Criança e do 
Adolescente dispõe que a permanência da criança e do adolescente em 
programa de acolhimento institucional não deve se prolongar por mais de 2 
(dois) anos, salvo comprovada necessidade que atenda ao seu superior 
interesse, devidamente fundamentada pela autoridade judiciária. 
 E o parágrafo terceiro do mencionado dispositivo salienta que a 
manutenção ou a reintegração de criança ou adolescente na sua própria 
família deve ser medida preferencial em relação a qualquer outra 
 
16 
providência, caso em que esta deverá ser incluída em programas de 
orientação e auxílio, nos termos do parágrafo único do artigo 23, dos incisos 
I e IV do caput do artigo 101 e dos incisos I a IV do caput do artigo 129 do 
Estatuto da Criança e do Adolescente. 
 Em reprodução ao mandamento constitucional, o artigo 20 do Estatuto 
da Criança e do Adolescente estipula que os filhos, havidos ou não da 
relação do casamento, ou por adoção, tem os mesmos direitos e 
qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à 
filiação. 
 Se anteriormente falava-se em pátrio poder, hoje fala-se em poder 
familiar. O homem não detém mais a soberania familiar, a qual deve ser 
exercida por ambos os pais no melhor interesse dos filhos. Nesse contexto, 
a Lei n.º 12.010/2009 substituiu todos os dispositivos do Estatuto da Criança 
e do Adolescente que utilizavam a expressão “pátrio poder” por “poder 
familiar”. 
 Dessa forma, o poder familiar deve ser exercido, em igualdade de 
condições, pelo pai e pela mãe, na forma da legislação civil, assegurando-se 
a qualquer deleso direito de, em caso de discordância, recorrer à autoridade 
judiciária competente para solução da divergência. 
 É dever dos pais prover o sustendo, guarda e educação dos filhos 
menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e 
fazer cumprir as determinações judiciais (art. 22 do ECA). 
 O artigo 23 do Estatuto da Criança e do Adolescente apresenta 
importante disposição, especialmente para concursos públicos. Segundo ele, 
a mera falta ou carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente 
para a perda ou suspensão do poder familiar. Assim, não existindo outro 
motivo que por si só autorize a decretação da medida, a criança ou o 
adolescente devem ser mantido em sua família de origem, a qual deverá 
obrigatoriamente ser incluída em programas oficiais de auxílio. 
 A determinação contida no artigo 23 do Estatuto da Criança e do 
Adolescente, além de extremamente moralizadora, é efetivamente inclusiva. 
O poder público, por meio da regra legal esculpida no artigo em análise, 
assume o seu dever constitucionalmente determinado, de conferir absoluta 
prioridade às crianças e adolescentes, dispensando-lhes ampla proteção. 
Dessa forma, caso uma criança ou adolescente esteja em um núcleo familiar 
com dificuldades financeiras, não tem o poder público legitimidade para 
meramente retirá-la daquele núcleo e incluí-la em outro com melhores 
condições. Nessas situações, o Estado tem o dever de prestar auxílio a esse 
núcleo familiar, mantendo a criança ou adolescente no seu núcleo familiar de 
origem. 
 A perda e a suspensão do poder familiar somente podem ser 
decretadas judicialmente, em procedimento no qual se assegure o exercício 
do contraditório e da ampla defesa. A perda e a suspensão do poder familiar 
pode ocorrer: 
 a) em todos os casos previstos na legislação civil; 
 b) na hipótese de descumprimento injustificado dos deveres e 
obrigações a que alude o artigo 22 do Estatuto da Criança e do Adolescente, 
quais sejam, o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, 
 
17 
além de, observado o interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer 
cumprir as determinações judiciais. 
 No último caso, o descumprimento dos deveres inerentes ao poder 
familiar também acarreta a infração administrativa descrita no artigo 249 do 
Estatuto em estudo, que sujeita o infrator a uma pena de multa, variável 
entre 3 (três) e vinte salários de referência, podendo ser aplicada em dobro 
no caso de reincidência. 
 
 
2.3.1 Família natural 
 
 Família natural, segundo definição legal (art. 25, caput, do ECA) é a 
comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes. 
 Por sua vez, entende-se por família extensa ou ampliada aquela que 
se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, 
formada também por parentes próximos com os quais a criança ou 
adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade (art. 25, 
parágrafo único, do ECA). A família extensa é, pois, uma espécie de família 
natural. 
 Os filhos havidos fora do casamento podem ser reconhecidos pelos 
pais, de modo conjunto ou separado, no próprio termo de nascimento, por 
testamento, mediante escritura ou outro documento público, qualquer que 
seja a origem da filiação (art. 26 do ECA). 
 O reconhecimento do filho pode preceder o nascimento, assim como 
pode suceder ao falecimento, caso existam descendentes. 
 Prevê o artigo 27 do Estatuto da Criança e do Adolescente, que o 
reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo, indisponível e 
imprescritível, podendo ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem 
qualquer restrição, observado o segredo de Justiça. 
 
 
2.3.2 Família substituta 
 
 Família substituta é aquela em que a criança ou adolescente é posto 
em virtude da impossibilidade, de qualquer natureza, de ser mantido em seu 
núcleo familiar original. A colocação em família substituta far-se-á mediante 
guarda, tutela ou adoção, independentemente da situação jurídica da criança 
ou adolescente, consoante estipula o Estatuto da Criança e do Adolescente. 
 A família substituta deve ser dada à criança ou adolescente apenas 
em casos excepcionais. Como já se teve oportunidade de afirmar, é dever 
do Estado empenhar-se para a manutenção do núcleo familiar original, 
adotando políticas direcionadas a esse objetivo. No entanto, como se sabe, 
em diversas situações torna-se impossível manter a criança ou adolescente 
em sua família original, de modo que a sua alocação em família substituta 
torna-se necessária. 
 Sempre que possível, a criança ou o adolescente deve ser 
previamente ouvido por equipe interprofissional, respeitado seu estágio de 
desenvolvimento e grau de compreensão sobre as implicações da medida, 
devendo ter sua opinião devidamente considerada (art. 28, §1º do ECA). 
 
18 
 No caso de adolescente, isto é, maior de 12 (doze) anos, é necessário 
seu consentimento, que deve ser colhido em audiência, só com o que 
poderá integrar um núcleo familiar substituto. 
 Para a apreciação do pedido de colocação da criança ou adolescente 
em família substituta, deve se levar em conta o grau de parentesco e a 
relação de afinidade ou de afetividade, a fim de evitar ou minorar as 
consequências decorrentes da medida (art. 28, §3º do ECA). 
 Segundo redação do parágrafo quarto do artigo 28 do Estatuto da 
Criança e do Adolescente, incluído pela Lei n.º 12.010/2009 , os grupos de 
irmãos devem ser colocados sob adoção, tutela ou guarda da mesma família 
substituta, ressalvada a comprovada existência de risco de abuso ou outra 
situação que justifique plenamente a excepcionalidade de solução diversa, 
procurando-se, em qualquer caso, evitar o rompimento definitivo dos laços 
fraternais. 
 A todo momento, constata-se que o objetivo do legislador foi manter a 
criança ou adolescente em seu núcleo familiar original, admitindo apenas 
excepcionalmente a mitigação dessa regra, e, ainda quando isso ocorra, 
determinou-se que em todos os casos tente-se ao máximo manter, ainda 
que de forma reduzida, os laços fraternais. 
 A colocação da criança ou adolescente deve ser precedida de sua 
preparação gradativa e acompanhamento posterior, realizados por equipe 
interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, 
preferencialmente com o apoio dos técnicos responsáveis pela execução da 
política municipal de garantia do direito à convivência familiar (art. 28, §5º do 
ECA). 
 E também conforme alteração promovida pela Lei n.º 12.010/2009, 
que acresceu o parágrafo sexto ao artigo 28 do Código de Ética e Disciplina, 
em se tratando de criança ou adolescente indígena ou proveniente de 
comunidade remanescente de quilombo, é ainda obrigatório: 
 a) que sejam consideradas e respeitadas sua identidade social e 
cultural, os seus costumes e tradições, bem como suas instituições, desde 
que não sejam incompatíveis com os direitos fundamentais reconhecidos 
pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e pela Constituição Federal; 
 b) que a colocação familiar ocorra prioritariamente no seio de sua 
comunidade ou junto a membros da mesma etnia; 
 c) a intervenção e oitiva de representantes do órgão federal 
responsável pela política indigenista, no caso de crianças e adolescentes 
indígenas, e de antropólogos, perante a equipe interprofissional ou 
multidisciplinar que irá acompanhar o caso. 
 Não se deve deferir a colocação em família substituta de pessoa que 
revele, por qualquer modo, incompatibilidade com a natureza da medida ou 
que não ofereça ambiente familiar adequado, conforme estipula o artigo 29 
do Estatuto da Criança e do Adolescente. 
 A colocação em família substituta não admite a transferência da 
criança ou adolescente a terceiros, nem a entidades governamentais ou não-
governamentais, sem expressa autorização judicial (art. 30 do ECA). 
 
19 
 A colocação emfamília substituta estrangeira, segundo o artigo 31 do 
Estatuto da Criança e do Adolescente, é medida excepcional, admissível 
apenas na modalidade adoção. 
 
2.3.2.1 Guarda 
 
 A guarda, via de regra, destina-se a regularizar a posse de fato de 
criança ou adolescente, podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, 
nos procedimentos de tutela e adoção, mas não poderá ser deferida no de 
adoção por estrangeiros. 
 A guarda é procedimento de natureza precária, que pode ser 
revogado a qualquer tempo, mediante ato judicial fundamentado, ouvido 
sempre o Ministério Público (art. 35 do ECA). 
 De modo excepcional, pode a guarda ser deferida fora dos casos de 
tutela e adoção, para atender a situações peculiares ou para suprir a falta 
eventual dos pais ou responsável, podendo ser deferido o direito de 
representação para a prática de determinados atos (art. 33, §2º do ECA). 
 Nesse sentido, veja-se pertinente informativo do Superior Tribunal de 
Justiça: 
Informativo nº 0407 
Período: 14 a 18 de setembro de 2009. 
Quarta Turma 
GUARDA. MENOR. AVÓS. INTERESSE. CRIANÇA. 
Cuida-se de guarda pleiteada pelos avós para 
regularização de situação de fato consolidada desde o 
nascimento do infante (16/1/1991), situação qualificada 
pela assistência material e afetiva prestada por eles, 
como se pais fossem. Assim, conforme delineado no 
acórdão recorrido, verifica-se uma convivência entre os 
autores e o menor perfeitamente apta a assegurar seu 
bem-estar físico e espiritual, não havendo, por outro 
lado, nenhum empecilho ao seu pleno desenvolvimento 
psicológico e social. Em tais casos, não se tratando de 
“guarda previdenciária”, o Estatuto da Criança e do 
Adolescente deve ser aplicado, tendo em vista mais os 
princípios protetivos dos interesses da criança, 
notadamente porque o art. 33 está localizado em seção 
intitulada “Da Família Substituta” e, diante da expansão 
conceitual que hoje se opera sobre o termo “família”, 
não se pode afirmar que, no caso, há, 
verdadeiramente, uma substituição familiar. O que deve 
balizar o conceito de “família” é, sobretudo, o princípio 
da afetividade, que fundamenta o direito de família na 
estabilidade das relações socioafetivas e na comunhão 
de vida, com primazia sobre as considerações de 
caráter patrimonial ou biológico. Isso posto, a Turma 
não conheceu do recurso do Ministério Público. 
Precedentes citados: REsp 469.914-RS, DJ 5/5/2003, e 
 
20 
REsp 993.458-MA, DJe 23/20/2008. REsp 945.283-RN, 
Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 15/9/2009. 
 Portanto, a guarda pode ser concedida: 
 a) nos procedimentos de tutela; 
 b) nos procedimentos de adoção, exceto por estrangeiros; 
 c) para atender a situações peculiares ou para suprir a falta eventual 
dos pais ou responsável (situações em que a guarda possui termos mais 
restritos). 
 Em qualquer caso, a guarda obriga a prestação de assistência 
material, moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo ao seu 
detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais (art. 33, caput, do 
ECA). 
 A guarda confere à criança ou adolescente a condição de 
dependente, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive previdenciários 
(art. 33, §3º do ECA). 
 Conforme dispõe o parágrafo quarto do artigo 33 do Estatuto da 
Criança e do Adolescente, incluído pela Lei n.º 12.010/2009, salvo expressa 
e fundamentada determinação em sentido oposto, da autoridade judiciária 
competente, ou quando a medida for aplicada em preparação para adoção, 
o deferimento da guarda de criança ou adolescente a terceiros não impede o 
exercício do direito de visitas pelos pais, assim como o dever de prestar 
alimentos, que devem ser objeto de regulamentação específica, a pedido do 
interessado ou do Ministério Público. 
 É dever do poder público estimular, por meio de assistência jurídica, 
incentivos fiscais e subsídios, o acolhimento, sob a forma de guarda, de 
criança ou adolescente afastado do convívio familiar (art. 34, caput, do 
ECA). Nesse contexto, deve ser dada preferência ao acolhimento familiar em 
detrimento do institucional, observando-se, em qualquer caso, o caráter 
temporário e excepcional da medida. A pessoa ou casal que, nesses casos, 
receber a criança ou adolescente mediante guarda, deve estar cadastrada 
em programa de acolhimento familiar, observados os artigos 28 a 33 do 
Estatuto da Criança e do Adolescente (disposições gerais acerca da família 
substituta). 
 
 
2.3.2.2 Tutela 
 
 A tutela é o procedimento passível de deferimento à pessoa de até 18 
(dezoito) anos incompletos (art. 36, caput, do ECA). Para que se fale em 
tutela, há que se falar em prévia decretação da perda ou suspensão do 
poder familiar. A tutela implica, necessariamente, o dever de guarda (art. 36, 
parágrafo único, do ECA). 
 A tutela se assemelha ao poder familiar, mas com restrições. Exerce-
se a tutela mediante inspeção judicial. 
 
 
 
 
21 
2.3.2.3 Adoção 
 
 A disciplina legal da adoção deixou de ser objeto do Código Civil após 
o início da vigência da lei n.º 12.010/2009, tanto que do capítulo destinado à 
adoção, restaram apenas dois dispositivos. O artigo 1.618 do Código Civil 
dispõe que a adoção de crianças e adolescentes será deferida na forma 
prevista pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. Já o artigo 1.619 
estipula que a adoção de maiores de 18 (dezoito) anos dependerá de 
assistência efetiva do poder público e de sentença constitutiva, aplicando-se, 
no que couber, as regras do Estatuto da Criança e do Adolescente. 
 Conforme já se teve a oportunidade de mencionar, sempre que 
possível, a criança ou o adolescente deve ser previamente ouvido por 
equipe interprofissional, respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau 
de compreensão sobre as implicações da adoção, devendo ter sua opinião 
devidamente considerada. E na hipótese de maior de 12 (doze) anos de 
idade, é necessário seu consentimento, que deve ser colhido em audiência. 
 Os grupos de irmãos devem ser colocados sob adoção da mesma 
família substituta, exceto se houver comprovado risco de abuso ou de outra 
situação que justifique plenamente a excepcionalidade de solução diversa, 
procurando-se, a todo momento, evitar o rompimento dos vínculos fraternais. 
 A colocação de uma a criança ou adolescente em família substituta 
deve ser precedida de preparação gradativa e acompanhamento posterior, 
realizados por equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da 
Juventude. 
 A adoção é uma medida excepcional, de caráter irrevogável, à qual se 
deve recorrer apenas quando esgotados todos os recursos para a 
manutenção da criança ou do adolescente na família natural ou extensa. Há 
que se lembrar, pois, que a família extensa é uma espécie da família natural, 
formada pelo convívio da criança ou adolescente com parentes próximos, 
com os quais são mantidos laços de afinidade e afetividade. 
 É expressamente vedada a adoção por procuração, conforme 
determina o parágrafo segundo do artigo 39 do Estatuto da Criança e do 
Adolescente. 
 O direito de adotar é conferido ao maior de 18 (dezoito) anos de 
idade, independentemente do estado civil. Se a adoção for conjunta, é 
indispensável que os adotantes sejam casados civilmente ou que 
mantenham união estável, comprovada a estabilidade da família. 
 Admite-se a adoção conjunta realizada por divorciados, por separados 
judicialmente ou por ex-companheiros, desde que eles estejam de acordo 
sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o estágio de convivência 
tenha sido iniciado na constância do período de convivência, além de 
comprovada a existência de vínculos de afinidade e afetividade com aquele 
não detentor da guarda, de modo a justificar a excepcionalidade da 
concessão. Neste caso, uma vez provado o benefício ao adotando, 
assegura-se a guarda compartilhada. Há que se lembrar, pois, que em se 
tratando decrianças e adolescentes vige o princípio do melhor interesse do 
menor, o qual fundamenta a excepcionalidade dessas medidas. 
 Os ascendentes e os irmãos da criança ou do adolescente não podem 
adotá-lo, haja vista o vínculo de parentesco já existente entre eles. 
 
22 
 Exige-se que o adotante seja, ao menos, 16 (dezesseis) anos mais 
velho que o adotando. E, ainda, que o adotando conte com, no máximo, 18 
(dezoito) anos de idade à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou 
tutela dos adotantes. 
 A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos 
direitos e deveres dos demais filhos, inclusive sucessórios, e tem o condão 
de desligá-lo de qualquer vínculo com pais e parentes biológicos, exceto 
quanto aos impedimentos matrimoniais (art. 41, caput, do ECA). 
 Nos termos do parágrafo segundo do artigo 41 do Estatuto da Criança 
e do Adolescente, é recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus 
descendentes, o adotante, seus ascendentes, descendentes e colaterais até 
o 4º (quarto) grau, observada a ordem de vocação hereditária. 
 Para que possa ser deferida, a adoção deve apresentar reais 
vantagens para o adotando e deve ser fundada em motivos legítimos. 
 Em se tratando da adoção do tutelado ou curatelado, por seu tutor ou 
curador, há que se lembrar que ela só se viabiliza a partir do momento em 
que os últimos prestarem contas de sua administração e saldarem todo o 
necessário. 
 A adoção é ato que depende do consentimento dos pais ou do 
representante legal do adotando. Entretanto, dispensa-se esse 
consentimento se os pais da criança ou do adolescente forem 
desconhecidos ou tiverem sido destituídos do poder familiar. E, lembrando-
se, em se tratando de adotando maior de 12 (doze) anos de idade, exige-se 
seu consentimento, que deve ser colhido em audiência. 
 
 
2.3.2.3.1 Procedimento para adoção 
 
 Incumbe a autoridade judiciária manter, em cada comarca ou foro 
regional: 
 a) um registro de crianças e adolescentes em condições de serem 
adotados; e 
 b) um registro de pessoas interessadas na adoção. 
 O deferimento da inscrição dar-se-á mediante prévia consulta aos 
órgãos técnicos do juizado, ouvido o Ministério Público. 
 Não será deferida a inscrição de família que revele incompatibilidade 
com a adoção ou que não ofereça um ambiente familiar adequado. 
 A inscrição dos postulantes à adoção deve ser precedida de um 
período de preparação psicossocial e jurídica, orientado pela equipe técnica 
da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com o apoio dos 
técnicos responsáveis pela execução da política municipal de garantia do 
direito à convivência familiar. 
 Sempre que possível, esse período de preparação deve incluir o 
contato com crianças e adolescentes em acolhimento familiar ou 
institucional, em condições de serem adotados, a ser realizado sob 
orientação, supervisão e avaliação da equipe técnica da Justiça da Infância 
e da Juventude, com o apoio dos técnicos responsáveis pela execução da 
política municipal de garantia do direito à convivência familiar. 
 
23 
 Deverá haver, nos termos do parágrafo quinto do artigo 50 do 
Estatuto da Criança e do Adolescente, a criação e implementação de 
cadastros estudais e nacional de crianças e adolescentes em condições de 
serem adotados, bem como de pessoas ou casais habilitados à adoção. 
 Os cadastros para pessoas ou casais residentes fora do país devem 
ser diferentes, e consultados somente na inexistência de postulantes 
nacionais habilitados. 
 É dever da autoridade judiciária providenciar, no prazo de 48 
(quarenta e oito) horas, a inscrição das crianças e adolescentes em 
condições de serem adotados que não tiveram colocação familiar na 
comarca de origem, e das pessoas ou casais que tiveram deferida sua 
habilitação à adoção, nos cadastros estadual e nacional, sob pena de 
responsabilidade. 
 A manutenção e alimentação dos cadastros estaduais e nacional 
compete à Autoridade Central Estadual e à Autoridade Central Federal 
Brasileira, respectivamente. Já a fiscalização desses cadastros e das 
convocações aos postulantes à adoção será realizada pelo Ministério 
Público. 
 Enquanto não encontrado pessoa ou casal interessado em sua 
adoção, a criança ou o adolescente, sempre que possível, deve ser mantido 
sob a guarda de família cadastrada em programa de acolhimento familiar. 
 Embora faça-se necessário a inserção prévia em cadastro, para 
apenas então deferir-se a adoção, o Estatuto da Criança e do Adolescente 
estipulou algumas exceções. Assim, poderá ser deferida adoção em favor de 
candidato domiciliado no Brasil não cadastrado previamente quando: 
 a) se tratar de pedido de adoção unilateral; 
 b) for formulada por parente com o qual a criança ou adolescente 
mantenha vínculos de afinidade e afetividade; 
 c) for oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal de 
criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde que o lapso de tempo 
de convivência comprove a fixação de laços de afinidade e afetividade, e 
não seja constatada a ocorrência de má-fé ou qualquer dos crimes previstos 
nos artigos 237 (subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o tem 
sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com o fim de colocação 
em lar substituto) ou 238 (prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a 
terceiro, mediante paga ou recompensa), ambos do Estatuto da Criança e do 
Adolescente. 
 A adoção deve, ainda, ser precedida de estágio de convivência com a 
criança ou o adolescente, pelo prazo que a autoridade judiciária fixar, 
observadas as peculiaridades do caso (art. 46, caput, do ECA). 
 Esse estágio de convivência pode ser dispensado se o adotando já 
estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante durante tempo suficiente 
para que seja possível avaliar a conveniência da constituição do vínculo 
familiar (art. 46, §1º do ECA). 
 Conforme previsão do parágrafo segundo do artigo 46 do Estatuto da 
Criança e do Adolescente, a simples guarda de fato não autoriza, por si só, a 
dispensa da realização do estágio de convivência. 
 
24 
 Na hipótese de adoção por pessoa ou casal residente ou domiciliado 
fora do país, o estágio de convivência deve ser cumprido, obrigatoriamente, 
em território nacional e não pode ser inferior a 30 (trinta) dias. 
 O estágio de convivência deve ser acompanhado por equipe 
interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, 
preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da 
política de garantia do direito à convivência familiar, que tem o dever de 
apresentar relatório minucioso acerca da conveniência do deferimento da 
medida (art. 46, §4º do ECA). 
 Ultrapassadas todas as etapas, o vínculo da adoção constitui-se por 
sentença judicial, que será inscrita no registro civil mediante mandado do 
qual não se fornecerá certidão. Essa inscrição consignará o nome dos 
adotantes como pais, bem como o nome de seus ascendentes. 
 O mandado judicial que determina a inscrição no registro civil, que 
será arquivado, tem o condão de cancelar o registro original do adotado, 
consoante prevê o parágrafo segundo do artigo 47 do Estatuto da Criança e 
do Adolescente. 
 No novo registro, nenhuma observação sobre a origem do adotado 
poderá constar nas certidões do registro (art. 47, §4º do ECA). 
 A sentença conferirá, ainda, o nome do adotante ao adotado e, a 
pedido de qualquer deles, poderá determinar a alteração do prenome, caso 
em que é obrigatória a oitiva do adotando. Também a pedido do adotante, o 
novo registro poderá ser lavrado no Cartório do Registro Civil do Município 
de sua residência. 
 A eficácia da sentença de adoção é ex nunc, e sua natureza jurídica é 
constitutiva, mas há uma importante exceção, pois caso o adotante morra no 
curso do procedimento de adoção e antes de prolatada a sentença, a 
adoção poderá ainda assim ser deferida,caso em que sua sentença terá 
eficácia retroativa (ex tunc), a partir da data do óbito do adotante. A 
finalidade da exceção é conferir ao adotado acesso à herança do falecido, já 
que esta se transmite no exato momento da morte (princípio da saisine). 
 Findo o processo de adoção, este deve ser mantido em arquivo, 
podendo ser consultado a qualquer tempo, nos termos em que orienta o 
parágrafo oitavo do artigo 47 do Estatuto da Criança e do Adolescente. 
 Ao adotado é dado o direito de conhecer sua origem biológica, bem 
como de obter acesso irrestrito ao processo no qual a medida foi aplicada e 
seus eventuais incidentes, após completar 18 (dezoito) anos. 
Excepcionalmente, também se admite que o menor de 18 (dezoito) anos 
tenha acesso ao processo de adoção, a seu pedido, caso em que deve à ele 
ser assegurada assistência jurídica e psicológica. 
 Por derradeiro, há que se salientar que a morte dos adotantes não 
restabelece o poder familiar aos pais biológicos (ou naturais), conforme 
estipula o artigo 49 do Estatuto da Criança e do Adolescente. 
 
 Considera-se adoção internacional aquela na qual a pessoa ou o 
casal postulante é residente ou domiciliado fora do brasil, nos termos do 
artigo 51 do Estatuto da Criança e do Adolescente. 
 
25 
 Como se sabe, a adoção internacional é medida excepcional. 
Ademais, só terá lugar a adoção internacional de criança ou adolescente 
brasileiro ou domiciliado no Brasil quanto restar comprovado: 
 a) que a colocação em família substituta é a solução adequada ao 
caso concreto; 
 b) que foram esgotadas todas as possibilidades de colocação da 
criança ou adolescente em família substituta brasileira, após consulta aos 
cadastros estaduais e cadastro nacional; 
 c) que, em se tratando de adoção de adolescente, este foi consultado, 
por meios adequados ao seu estágio de desenvolvimento, e que se encontra 
preparado para a medida, mediante parecer elaborado por equipe 
interprofissional, após oitiva da criança ou adolescente menor de 12 (doze) 
anos, quando possível, e mediante consentimento, colhido em audiência, no 
caso de maior de 12 (doze) anos. 
 Os brasileiros residentes no exterior possuem preferência aos 
estrangeiros nos casos de adoção internacional de criança ou adolescente 
brasileiro (art. 51 §2º do ECA). 
 A adoção internacional pressupõe a intervenção das Autoridades 
Centrais Estaduais e Federal em matéria de adoção internacional (art. 51, 
§3º do ECA). 
 Além das regras gerais quanto à colocação da criança ou do 
adolescente em família substituta, a adoção internacional deve ser realizada 
de acordo com as seguintes adaptações: 
 a) a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em adotar criança ou 
adolescente brasileiro, deverá formular pedido de habilitação à adoção 
perante a Autoridade Central em matéria de adoção internacional no país de 
acolhida, assim entendido aquele onde está situada sua residência habitual; 
 b) se a Autoridade Central do país de acolhida considerar que os 
solicitantes estão habilitados e aptos para adotar, emitirá um relatório que 
contenha informações sobre a identidade, a capacidade jurídica e 
adequação dos solicitantes para adotar, sua situação pessoal, familiar e 
médica, seu meio social, os motivos que os animam e sua aptidão para 
assumir uma adoção internacional; 
 c) a Autoridade Central do país de acolhida enviará o relatório à 
Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central Federal 
Brasileira; 
 d) o relatório será instruído com toda a documentação necessária, 
incluindo estudo psicossocial elaborado por equipe interprofissional 
habilitada e cópia autenticada da legislação pertinente, acompanhada da 
respectiva prova de vigência; 
 e) os documentos em língua estrangeira serão devidamente 
autenticados pela autoridade consular, observados os tratados e 
convenções internacionais, e acompanhados da respectiva tradução, por 
tradutor público juramentado; 
 
26 
 f) a Autoridade Central Estadual poderá fazer exigências e solicitar 
complementação sobre o estudo psicossocial do postulante estrangeiro à 
adoção, já realizado no país de acolhida; 
 g) verificada, após estudo realizado pela Autoridade Central Estadual, 
a compatibilidade da legislação estrangeira com a nacional, além do 
preenchimento por parte dos postulantes à medida dos requisitos objetivos e 
subjetivos necessários ao seu deferimento, tanto à luz do que dispõe o 
Estatuto da Criança e do Adolescente como da legislação do país de 
acolhida, será expedido laudo de habilitação à adoção internacional, que 
terá validade por, no máximo, 1 (um) ano; 
 h) de posse do laudo de habilitação, o interessado será autorizado a 
formalizar pedido de adoção perante o Juízo da Infância e da Juventude do 
local em que se encontra a criança ou adolescente, conforme indicação 
efetuada pela Autoridade Central Estadual. 
 Caso a legislação do país de acolhida autorize, admite-se que os 
pedidos de habilitação para adoção internacional sejam intermediados por 
organismos credenciados (art. 52, §1º do ECA). 
 À Autoridade Central Federal Brasileira incumbe o credenciamento de 
organismos nacionais e estrangeiros encarregados de intermediar pedidos 
de habilitação à adoção internacional, com posterior comunicação às 
Autoridades Centrais Estaduais e publicação nos órgãos oficiais de imprensa 
e em site próprio para esta finalidade, conforme previsão contida no 
parágrafo segundo do artigo 52 do Estatuto da Criança e do Adolescente. 
 E nos termos do parágrafo terceiro do mesmo artigo 52, só será 
admissível o credenciamentos de organismos que: 
 a) sejam oriundos de países que ratificaram a Convenção de Haia e 
estejam devidamente credenciados pela Autoridade Central do país onde 
estiverem sediados e no país de acolhida do adotando para atuar em 
adoção internacional no Brasil; 
 b) satisfizerem as condições de integridade moral, competência 
profissional, experiência e responsabilidade exigidas pelos países 
respectivos e pela Autoridade Central Federal Brasileira; 
 c) forem qualificados por seus padrões éticos e sua formação e 
experiência para atuar na área de adoção internacional; 
 d) cumprirem os requisitos exigidos pelo ordenamento jurídico 
brasileiro e pelas normas estabelecidas pela Autoridade Central Federal 
Brasileira. 
 E, os organismos internacionais deverão ainda (art. 52, §4º do ECA): 
 a) perseguir unicamente fins não lucrativos, nas condições e dentro 
dos limites fixados pelas autoridades competentes do país onde estiverem 
sediados, do país de acolhida e pela Autoridade Central Federal Brasileira; 
 b) ser dirigidos e administrados por pessoas qualificadas e de 
reconhecida idoneidade moral, com comprovada formação ou experiência 
para atuar na área de adoção internacional, cadastradas pelo Departamento 
 
27 
de Polícia Federal e aprovadas pela Autoridade Central Federal Brasileira, 
mediante publicação de portaria do órgão federal competente; 
 c) estar submetidos à supervisão das autoridades competentes do 
país onde estiverem sediados e no país de acolhida, inclusive quanto à sua 
composição, funcionamento e situação financeira; 
 d) apresentar à Autoridade Central Federal Brasileira, a cada ano, 
relatório geral das atividades desenvolvidas, bem como relatório de 
acompanhamento das adoções internacionais efetuadas no período, cuja 
cópia será encaminhada ao Departamento de Polícia Federal, sob pena de 
suspensão de seu credenciamento; 
 e) enviar relatório pós-adotivo semestral para a Autoridade Central 
Estadual, com cópia para a Autoridade Central Federal Brasileira, pelo 
período mínimo de 2 (dois) anos. O envio do relatório será mantido até a 
juntada de cópia autenticada do registro civil, estabelecendo a cidadania do 
país de acolhida para o adotado; 
 f) tomar as medidas necessárias para garantirque os adotantes 
encaminhem à Autoridade Central Federal Brasileira cópia da certidão de 
registro de nascimento estrangeira e do certificado de nacionalidade tão logo 
lhes sejam concedidos. 
 O credenciamento de organismo nacional ou estrangeiro encarregado 
de intermediar pedidos de adoção internacional tem validade de 2 (dois) 
anos, e poderá ser renovado mediante requerimento perante a Autoridade 
Central Federal Brasileira, observado o prazo de 60 (sessenta) dias 
anteriores ao término do respectivo prazo de validade, conforme orientam os 
parágrafos sexto e sétimo do artigo 52 do Estatuto da Criança e do 
Adolescente. 
 É importante destacar que não será permitida a saída da criança ou 
do adolescente adotando antes de transitada em julgada a decisão que 
concedeu a adoção internacional (art. 52, §8º do ECA). 
 Transitada em julgado a decisão que concede a adoção, a autoridade 
judiciária deve determinar a expedição de alvará com autorização de 
viagem, bem como para obtenção de passaporte, devendo constar, 
obrigatoriamente, as características da criança ou adolescente adotado, 
como idade, cor, sexo, eventuais sinais ou traços peculiares, assim como 
foto recente e a aposição da impressão digital do seu polegar direito, 
instruindo o documento com cópia autenticada da decisão e certidão de 
trânsito em julgado (art. 52, §9º do ECA). A finalidade de todas essas 
exigências é a conferir o máximo de segurança ao procedimento, evitando 
qualquer manobra ilícita envolvendo crianças ou adolescentes, visando 
sempre o melhor interesse das mesmas. 
 A qualquer momento a Autoridade Central Federal Brasileira poderá 
solicitar informações sobre a situação das crianças e adolescentes 
adotados. 
 Prevê o parágrafo onze do artigo 52 do Estatuto da Criança e do 
Adolescente, que é causa de descredenciamento do organismo credenciado, 
a cobrança de valores que sejam considerados abusivos pela Autoridade 
Central Federal Brasileira e que não ostentem a devida comprovação. 
 
28 
 Ademais, a Autoridade Central Federal Brasileira possui autonomia 
para limitar ou suspender a concessão de novos credenciamentos sempre 
que julgar necessário, mediante ato administrativo fundamentado (art. 52, 
§15 do ECA). 
 Admite-se que uma mesma pessoa ou seu cônjuge sejam 
representados por mais de uma entidade credenciada, com objetivo de 
cooperação na adoção internacional. A habilitação de postulante estrangeiro 
ou domiciliado fora do brasil tem validade máxima de 1 (um) ano, passível 
de renovação. 
 Veda-se, no entanto, o contato direto entre representantes de 
organismos de adoção, nacionais ou estrangeiros, e dirigentes de programas 
de acolhimento institucional ou familiar, assim como com crianças e 
adolescentes em condições de serem adotados, sem a devida autorização 
judicial (art. 52, §14 do ECA). 
 Sob pena de responsabilidade e descredenciamento, é vedado o 
repasse de recursos provenientes de organismos estrangeiros encarregados 
de intermediar pedidos de adoção internacional a organismos nacionais ou a 
pessoas físicas (art. 52-A, ECA). 
 Eventuais repasses somente poderão ser efetuados via Fundo dos 
Direitos da Criança e do Adolescente e estarão sujeitos às deliberações do 
respectivo Conselho de Direitos da Criança e do Adolescente (art. 52-A, 
parágrafo único, do ECA). 
 Há ainda que se mencionar, que nas adoções internacionais, quando 
o Brasil for o país de acolhida, a decisão da autoridade competente do país 
de origem da criança ou do adolescente deverá ser conhecida pela 
Autoridade Central Estadual que tiver processado o pedido de habilitação 
dos pais adotivos, que deve então comunicar o fato à Autoridade Central 
Federal e determinar as providências necessárias à expedição do Certificado 
de Naturalização Provisório (art. 52-C, ECA). Nesse caso, a Autoridade 
Central Estadual, após manifestação do Ministério Público, somente deve 
deixar de reconhecer os efeitos daquela decisão se ficar demonstrado: 
 a) que a adoção é manifestamente contrária à ordem pública; 
 b) que não atende ao interesse superior da criança ou adolescente. 
 E no caso de não reconhecimento da adoção, o Ministério Público 
deverá imediatamente requerer o que for de direito para resguardar os 
interesses da criança ou adolescente, dando comunicação das providência 
adotadas à Autoridade Central Estadual, que deve comunicar a Autoridade 
Central Federal Brasileira e à Autoridade Central do país de origem (art. 52-
C, §2º do ECA). 
 Por derradeiro, prevê o artigo 52-D do Estatuto da Criança e do 
Adolescente que nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país de 
acolhida e a adoção não tenha sido deferida no país de origem porque a sua 
legislação a delega ao país de acolhida, ou, ainda, na hipótese de, mesmo 
com decisão, a criança ou o adolescente ser oriundo de país que não tenha 
aderido à Convenção de Haia Relativa a Proteção das Crianças e a 
Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, o processo de adoção 
deverá seguir as regras da adoção nacional. 
 
 
29 
2.4 Direito à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer 
 
 A educação é o melhor meio para o desenvolvimento das pessoas. 
Assegurar às crianças e adolescentes uma educação de qualidade é o 
mesmo que assegurar-lhes potenciais condições para uma futura vida digna. 
Em sentido oposto, manter crianças e adolescentes longe do caminho da 
educação é fechar-lhes as portas das oportunidades, e, com isso, minorar-
lhes as possibilidades de pleno desenvolvimento. 
 Nesse sentido, prevê o artigo 53 do Estatuto da Criança e do 
Adolescente, que crianças e adolescentes tem direito à educação, visando 
ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da 
cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-lhes: 
 a) igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; 
 b) direito de ser respeitado por seus educadores; 
 c) direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às 
instâncias escolares superiores; 
 d) direito de organização e participação em entidades estudantis; 
 e) acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência. 
 Neste último caso, note-se que não há uma determinação, mas sim a 
previsão de um benefício ao menor. Dessa forma, as finalidades do direito à 
educação não podem ser deixadas de lado. Nesse sentido, veja-se 
interessante manifestação do Superior Tribunal de Justiça: 
Informativo nº 0443 
Período: 16 a 20 de agosto de 2010. 
Segunda Turma 
MATRÍCULA. ESCOLA PÚBLICA. 
GEORREFERENCIAMENTO. 
A Turma negou provimento ao recurso especial para 
manter a decisão do tribunal a quo, a qual afastou o 
critério de georreferenciamento e garantiu o direito de 
rematrícula da recorrida no estabelecimento público de 
ensino em que havia concluído o ano letivo. Segundo a 
Min. Relatora, a regra disposta no art. 53, V, do ECA, 
que garante à criança e ao adolescente o acesso à 
escola pública e gratuita próxima de sua residência, 
não constitui imposição, mas benefício. O referido 
dispositivo deve ser interpretado de acordo com as 
peculiaridades de cada caso, ponderando-se qual a 
solução mais favorável ao aluno: a proximidade da 
instituição ou a continuidade em escola mais distante, 
onde o menor, porém, já esteja ambientado. 
Ressalvou-se que tal concepção não tem o intuito de 
fazer que o estudante escolha livremente o local em 
que queira estudar, o que poderia inviabilizar a 
prestação do serviço. Pretende-se, de acordo com as 
circunstâncias da demanda ora em exame, buscar o 
 
30 
entendimento que melhor se ajuste à real finalidade da 
lei, qual seja, facilitar o acesso à educação e, com isso, 
garantir o pleno desenvolvimento da criança. REsp 
1.194.905-PR, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 
17/8/2010. (sem grifos no original) 
 Para melhor integração do sistema educacional, o parágrafo único do 
artigo53 do Estatuto da Criança e do Adolescente, por bem reconheceu aos 
pais ou responsáveis o direito de terem ciência do processo pedagógico, 
assim como de participar da definição das propostas educacionais. 
 Segundo o artigo 54 do Estatuto da Criança e do Adolescente, é 
dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente: 
 a) ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a 
ele não tiveram acesso na idade própria; 
 b) progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino 
médio; 
 c) atendimento educacional especializado aos portadores de 
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; 
 d) atendimento em creche e pré-escola às crianças de 0 (zero) a 6 
(seis) anos de idade; 
 e) acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da 
criação artística, segundo a capacidade de cada um; 
 f) oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do 
adolescente trabalhador; 
 g) atendimento no ensino fundamental, através de programas 
suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e 
assistência à saúde. 
 O acesso ao ensino obrigatório e gratuito configura um direito público 
subjetivo, uma vez que efetiva a ampla proteção que deve ser destinada à 
criança e ao adolescente. 
 Como direito público subjetivo, o não oferecimento do ensino público 
obrigatório pelo poder público ou sua oferta irregular importa 
responsabilidade da autoridade competente (art. 54, §2º do ECA). 
 Enquanto o poder público tem o dever de disponibilizar, os pais ou 
responsável tem o dever de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular 
de ensino. 
 Prevê o artigo 56 do Estatuto da Criança e do Adolescente, que é 
dever dos dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicar 
ao Conselho Tutelar: 
 a) maus-tratos envolvendo seus alunos; 
 b) reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgotados 
os recursos escolares; 
 c) elevados níveis de repetência. 
 No primeiro caso, o dirigente de estabelecimento de ensino 
fundamental que deixar de comunicar ao Conselho Tutelar a suspeita ou 
 
31 
confirmação da prática de maus-tratos contra criança ou adolescente incorre 
na infração administrativa descrita no artigo 245 do Estatuto da Criança e do 
Adolescente, que prevê a aplicação de uma pena de multa, variável de 3 
(três) a 20 (vinte) salários de referência, que pode ser aplicada em dobro no 
caso de reincidência. 
 Por fim, cumpre mencionar que também é dever do poder público 
estimular pesquisas, experiências e novas propostas relativas a calendário, 
seriação, currículo, metodologia, didática e avaliação, com vistas à inserção 
de crianças e adolescentes excluídos do ensino fundamental obrigatório (art. 
57 do ECA). 
 
 
2.5 Direito à profissionalização e à proteção no trabalho 
 
 O trabalho é extremamente importante para o desenvolvimento da 
pessoa humana. Contudo, em relação as crianças e adolescentes deve-se 
estar atento para que ele não implique no contrário. 
 Nesse contexto, é vedado aos menores de 18 (dezoito) anos o 
exercício de trabalho noturno, perigoso ou insalubre e de qualquer tipo de 
trabalho aos menores de 16 (dezesseis) anos, salvo na condição de 
aprendiz, a partir dos 14 (quatorze) anos. 
 O trabalho realizado sob a modalidade de aprendizagem consiste 
numa formação técnico-profissional, que deve ser ministrada segundo as 
diretrizes e bases da legislação educacional em vigor. 
 Assim, essa formação técnico-profissional deve obedecer aos 
seguintes princípios: 
 a) garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino regular; 
 b) atividade compatível com o desenvolvimento do adolescente; 
 c) horário especial para o exercício das atividades. 
 Ao adolescente aprendiz são assegurados os direitos trabalhistas e 
previdenciários, conforme previsão do artigo 65 do Estatuto da Criança e do 
Adolescente. 
 Ao adolescente portador de deficiência é assegurado trabalho 
protegido (art. 66 do ECA). 
 Prevê o artigo 67 do Estatuto da Criança e do Adolescente, que ao 
adolescente empregado, aprendiz, em regime familiar de trabalho, aluno de 
escola técnica, assistido em entidade governamental ou não-governamental, 
é vedado o trabalho: 
 a) noturno, realizado entre as 22 (vinte e duas) horas de um dia e as 5 
(cinco) horas do dia seguinte; 
 b) perigoso, insalubre ou penoso; 
 c) realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu 
desenvolvimento físico, psíquico, moral e social; 
 d) realizado em horários e locais que não permitam a frequência à 
escola. 
 
32 
 No trabalho como aprendiz, o adolescente deve receber capacitação 
para o exercício de atividade laborativa remunerada, atividade esta que deve 
atender as exigências pedagógicas relativas ao desenvolvimento pessoal e 
social do educando. Portanto, quando o adolescente trabalha sob o 
regime de aprendizado, deve-se conferir privilégio ao seu desenvolvimento 
pessoal e social em detrimento do seu aspecto produtivo. 
 Conforme esclarece o parágrafo segundo do artigo 68 do Estatuto da 
Criança e do Adolescente, a remuneração que o adolescente recebe pelo 
trabalho efetuado ou a participação na venda dos produtos de seu trabalho 
não desfigura o caráter educativo. 
 Por derradeiro, há que se frisar que o adolescente tem direito à 
profissionalização e à proteção no trabalho, observados os seguintes 
aspectos, entre outros (art. 69 do ECA): 
 a) respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento; 
 b) capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho. 
 
 
3. PREVENÇÃO 
 
 É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos 
direitos da criança e do adolescente (art. 70 do ECA). O dever de prevenção 
é, pois, instrumento de consagração do direito de ampla proteção, 
constitucionalmente assegurado às crianças e adolescentes. 
 Além da prevenção, observada como regra geral pelo poder público, 
pela família e pela comunidade, existem regras de prevenção especial, a 
seguir analisadas. 
 A criança e o adolescente têm direito a informação, cultura, lazer, 
esportes, diversões, espetáculos e produtos e serviços que respeitem sua 
condição peculiar de pessoa em desenvolvimento (art. 71 do ECA). 
 Não observadas as normas de prevenção, sejam elas gerais ou 
especiais, a pessoa física ou jurídica deve ser responsabilizada pela sua 
conduta. 
 
 
3.1 Prevenção especial 
3.1.1 Informação, cultura, lazer, esportes, diversões e espetáculos 
 
 Dever especial de prevenção recai sobre a informação, a cultura, o 
lazer, os esportes, diversões e espetáculos direcionados às crianças e 
adolescentes. 
 É dever do poder público, através de órgãos competente, regular as 
diversões e espetáculos públicos, informando a natureza deles, as faixas 
etárias a que não se recomendem e os locais e horários em que sua 
apresentação se mostre inadequada (art. 74, caput, do ECA). 
 E é dever dos responsáveis por diversões e espetáculos públicos 
afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada do local de exibição, 
informação destacada sobre a natureza do espetáculo e a faixa etária 
 
 
33 
especificada no certificado de classificação (art. 74, parágrafo único, do 
ECA). 
 É dado a toda criança o direito de livre acesso às diversões e 
espetáculos públicos classificados como adequados à sua faixa etária (art. 
75, caput, do ECA). Já as crianças menores de 10 (dez) anos somente 
poderão ingressar e permanecer nos locais de apresentação ou exibição 
quando acompanhadas dos pais ou responsável. 
 Prevê o artigo 76 do Estatuto da Advocacia e da OAB, que as 
emissoras de rádio e televisão somente devem exibir, no horário 
recomendado para o público infanto juvenil, programas com finalidades 
educativas, artísticas, culturais e informativas. Nesse contexto, estipula o 
parágrafo único do mesmo artigo 76, que nenhum espetáculo deve serapresentado ou anunciado sem aviso de sua classificação, antes de sua 
transmissão, apresentação ou exibição. 
 Segundo regulamentação operada por meio da Portaria n.º 264, de 9 
de fevereiro de 2007, do Ministério da Justiça, o aviso de classificação 
indicativa dos programas deve ser operado por meio dos seguintes 
símbolos: 
 
 
 
34 
 Os proprietários, diretores, gerentes e funcionários de empresas que 
explorem a venda ou aluguel de fitas de programação em vídeo tem o dever 
de cuidar para que não haja venda ou locação em desacordo com a 
classificação atribuída pelo órgão competente (art. 77, caput, do ECA). 
 No caso de revistas e publicações contendo material impróprio ou 
inadequado a crianças e adolescentes, elas devem ser comercializadas em 
embalagem lacrada, acompanhada da advertência sobre seu conteúdo. 
Ademais, consoante determinação do parágrafo único do artigo 78 do 
Estatuto da Criança e do Adolescente, é dever das editoras cuidar para que 
as capas que contenham mensagens pornográficas ou obscenas sejam 
protegidas com embalagem opaca. 
 É vedado que revistas e publicações destinadas ao público infanto-
juvenil contenham ilustrações, fotografias, legendas, crônicas ou anúncios 
de bebidas alcoólicas, tabaco, armas e munições, além de terem o dever de 
respeitar os valores éticos e sociais da pessoa e da família. 
 Por fim, é dever dos responsáveis por estabelecimentos que explorem 
comercialmente bilhar, sinuca ou congênere, além de casas de jogos, assim 
entendidas as que realizem apostas, ainda que eventualmente, não permitir 
a entrada e a permanência de crianças e adolescentes no local, afixando 
aviso para orientação do público (art. 80 do ECA). 
 
 
3.1.2 Produtos e serviços 
 
 Para o exame da Ordem dos Advogados do Brasil, é importante 
memorizar que é proibida a venda à criança ou ao adolescente de: 
 a) armas, munições e explosivos; 
 b) bebidas alcoólicas; 
 c) produtos cujos componentes possam causar dependência física ou 
psíquica ainda que por utilização indevida; 
 d) fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo seu 
reduzido potencial sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em 
caso de utilização indevida; 
 e) revistas e publicações que contenham material impróprio ou 
inadequado a crianças e adolescentes; 
 f) bilhetes lotéricos e equivalentes. 
 A venda, a entrega e o fornecimento, ainda que gratuito, de qualquer 
forma, a criança ou adolescente de arma, munição ou explosivo é crime, 
consoante tipificação do artigo 242 do Estatuto da Criança e do Adolescente. 
 Também configura crime, previsto no artigo 243 do Estatuto em 
estudo, vender, fornecer ainda que gratuitamente, ministrar ou entregar, de 
qualquer forma, a criança ou adolescente, sem justa causa, produtos cujos 
componentes possam causar dependência física ou psíquica, ainda que por 
utilização indevida. 
 E o artigo 244 do Estatuto da Criança e do Adolescente tipifica a 
conduta daquele que vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, 
de qualquer forma, a criança ou adolescente fogos de estampido ou de 
 
35 
artifício, exceto aqueles que, pelo seu reduzido potencial, sejam incapazes 
de provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida. 
 No caso de venda de revistas e publicações que contenham material 
impróprio ou inadequado a criança e adolescentes, a conduta é passível de 
punição, mas não configura crime, e sim a infração administrativa descrita no 
artigo 257 do Estatuto da Criança e do Adolescente. 
 Ademais, é proibida a hospedagem de criança ou adolescente em 
hotel, motel, pensão ou estabelecimento congênere, salvo se autorizado ou 
acompanhado pelos pais ou responsável (art. 82 do ECA). Configura 
infração administrativa, conforme prevê o artigo 250 do Estatuto da Criança 
e do Adolescente, hospedar criança ou adolescente desacompanhado dos 
pais ou responsável, ou sem autorização escrita desses ou da autoridade 
judiciária. 
 
 
3.1.3 Autorização para viajar 
 
 Nenhuma criança pode viajar para fora da comarca onde reside sem a 
companhia dos pais ou responsável, sem expressa autorização judicial. 
 Entretanto, não se exige autorização quando: 
 a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança, se na 
mesma unidade da Federação, ou incluída na mesma região metropolitana; 
 b) a criança estiver acompanhada: 
i) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, 
comprovado documentalmente o parentesco; 
ii) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou 
responsável. 
 A pedido dos pais, pode a autoridade judiciária conceder autorização 
com validade por até por 2 (dois) anos, consoante autoriza o artigo 83, 
parágrafo segundo, do Estatuto da Criança e do Adolescente. 
 Em se tratando de viagem ao exterior, a autorização é dispensável, se 
a criança ou adolescente: 
 a) estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável; 
 b) viajar na companhia de um dos pais, autorizado expressamente 
pelo outro através de documento com firma reconhecida. 
 Por fim, conforme regra explicitada pelo artigo 85 do Estatuto da 
Criança e do Adolescente, sem prévia e expressa autorização judicial, 
nenhuma criança ou adolescente nascido em território nacional pode sair do 
País em companhia de estrangeiro residente ou domiciliado no exterior. 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
PARTE ESPECIAL 
 
1. POLÍTICA DE ATENDIMENTO 
 
 A política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente far-
se-á através de um conjunto articulado de ações governamentais e não-
governamentais, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios 
(art. 86 do ECA). 
 São linhas de ação da política de atendimento, conforme dispõe o 
artigo 87 do Estatuto da Criança e do Adolescente: 
 a) políticas sociais básicas; 
 b) políticas e programas de assistência social, em caráter supletivo, 
para aqueles que deles necessitem; 
 c) serviços especiais de prevenção e atendimento médico e 
psicossocial às vítimas de negligência, maus-tratos, exploração, abuso, 
crueldade e opressão; 
 d) serviço de identificação e localização de pais, responsável, 
crianças e adolescentes desaparecidos; 
 e) proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos da 
criança e do adolescente. 
 f) políticas e programas destinados a prevenir ou abreviar o período 
de afastamento do convívio familiar e a garantir o efetivo exercício do direito 
à convivência familiar de crianças e adolescentes; (Incluído pela Lei nº 
12.010, de 2009) Vigência. 
 g) campanhas de estímulo ao acolhimento sob forma de guarda de 
crianças e adolescentes afastados do convívio familiar e à adoção, 
especificamente inter-racial, de crianças maiores ou de adolescentes, com 
necessidades específicas de saúde ou com deficiências e de grupos de 
irmãos. 
 Já as diretrizes da política de atendimento são as seguintes (art. 88 
do ECA): 
 a) municipalização do atendimento; 
 b) criação de conselhos municipais, estaduais e nacional dos direitos 
da criança e do adolescente, órgãos deliberativos e controladores das ações 
em todos os níveis, assegurada a participação popular paritária por meio de 
organizações representativas, segundo leis federal, estaduais e municipais; 
 c) criação e manutenção de programas específicos, observada a 
descentralização político-administrativa; 
 d) manutenção de fundos nacional, estaduais e municipais vinculados 
aos respectivos conselhos dos direitos da criança e do adolescente; 
 e) integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério Público, 
Defensoria, Segurança Pública e Assistência Social, preferencialmente em 
um mesmo local, para efeito de agilização do atendimento inicial a 
adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional; 
 
37 
 f) integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério Público, 
Defensoria,

Outros materiais