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Curso Fundamentos dos Contratos

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1 
 
 
Seja Bem Vindo! 
 
Curso 
Fundamentos dos 
Contratos 
 
Carga horária: 55hs 
 
2 
 
 
 
Conteúdo Programático: 
 
Introdução 
Breve Histórico 
Obrigações no Direito Romano 
Contrato no Direito Romano 
Obrigações 
Classificação das Obrigações 
Enriquecimento Sem Causa 
Negócio Jurídico e Contrato 
Classificação dos Contratos 
Elementos do Contrato 
A Interpretação do Contrato 
Responsabilidade Contratual 
Extinção dos Contratos 
Formação e Conclusão dos Contratos 
Conclusão 
Bibliografia/Links Recomendados 
 
3 
 
 
Introdução 
 
Introdução 
O curso de noções de obrigações e contratos foi feito com o 
intuito de auxiliar tanto os estudantes de ciências jurídicas, 
quanto às pessoas que não possuem conhecimento jurídico. 
O objetivo do curso é passar uma visão geral e didática dos 
principais elementos – aspectos históricos, elementos, 
fundamentos, sujeitos e tipos de obrigações e contratos. 
Vivemos em um mundo em constante evolução, que o Direito 
tenta acompanhar sem abandonar suas raízes, pois como 
veremos, por trás dos contratos e das obrigações existem nada 
menos que 2.000 anos de história. 
Quando falamos em contratos, não é comum que saibamos que 
por trás de um instrumento tão comum ao nosso dia a dia, exista 
uma história tão grande e que mantenha tantas similaridades com 
o nosso presente. 
 
Os contratos estão presentes nas coisas mais simples, como 
comprar um pastel em uma lanchonete (contrato verbal de 
compra e venda), aonde você paga um valor X para receber seu 
pastel, e também em uma operação de compra e venda de uma 
grande empresa, pois além dos contratos de compra e venda, 
serão feitas alterações nos contratos sociais. Temos então um 
exemplo simples e outro mais complexo, porém ambos guardam 
semelhanças incríveis e que tanto para o Direito quanto para o 
nosso estudo terão a mesma importância. 
A relevância do contrato não se mede pelo valor do bem ou 
serviço objeto do mesmo, mas sim por seu papel dentro da 
sociedade, também conhecido como a função social do contrato. 
Toda esta relevância será abordada de forma clara, objetiva e 
didática, para que ao concluir o curso o aluno possa olhar ao seu 
redor e perceber qual a relação dos contratos com o seu dia a 
dia. 
 
Breve Histórico 
4 
 
 
BREVE HISTÓRICO 
O contrato tem sua origem no Direito Romano, foi o Direito 
Romano que ofereceu às gerações futuras uma base jurídica que 
serviu de fundamento para o nosso atual Direito Civil. 
O conhecimento da origem destes institutos jurídicos, bem como 
da forma como eram utilizados, nos permitirá uma compreensão 
mais ampla tanto do caminho percorrido quanto o de como cada 
uma destas evoluções contribuiu para nossa sociedade moderna. 
O Império Romano tem seu marco inicial na fundação da cidade 
de Roma, no ano de 753 a.C., e se encerra em 565 d.C., com a 
morte do imperador Justiniano. 
A evolução do Direito Romano é dividida em quatro fases 
compreendidas entre os seguintes períodos – Arcaica de 753 a.C 
à 130 a.C., Clássica de 130 a.C à 230 d.C., Pós-clássica de 230 
d.C. à 530 d.C. e Justiniana de 530 d.C à 565 d.C. 
 
O direito público e privado em Roma 
Ulpiano foi um estudioso do Direito, prefeito pretoriano sobre o 
império de Alexandre Severo, Ulpiano foi o responsável pela 
divisão do direito, que posteriormente foi reproduzida por 
Justiniano. 
O Direito Público tinha como principal objeto a organização da 
República Romana, sua instrumentalização e funcionamento. 
Contudo, os Romanos não deram muita importância ao Direito 
Público, ficando focados no Direito Privado. 
O Direito Privado recebia atenção especial dos Romanos, pois 
organizava as relações jurídicas entre particulares, tendo sido 
subdividido em jus civile, o direito próprio aplicável aos cidadãos 
Romanos em toda a extensão territorial do império; o jus gentium, 
que era o direito que incidia sobre os povos colonizados; e por 
fim o jus naturale, que se espelha na natureza e se mantém entre 
todos os homens, constante e eterna. 
Do jus civile, deriva o jus praetorium. Praticado pelos pretores 
peregrinos, que intervinham nas relações entre particulares, em 
atuação semelhante ao que os juízes fazem atualmente. 
5 
 
A pretura peregrina foi o resultado de uma necessidade da 
prática forense Romana, surgida em virtude da crescente 
circulação de indivíduos vindos de outros lugares pelos domínios 
do Império Romano; e, sua função era a de solucionar conflitos 
entre Romanos e estrangeiros ou, entre estrangeiros. 
A Realeza 
Roma foi governada por sete reis – Rômulo, Pompílio, Túlio 
Hostílio, Anco Márcio, Tarquínio o antigo, Sérvio Túlio, e por 
último Tarquínio o soberbo. 
Os moradores de Roma dividiam-se em três classes sociais, os 
patrícios, os clientes e os plebeus. 
Patrícios eram homens livres e descendiam de homens livres, 
organizavam-se em grupos familiares patriarcais, constituíam a 
elite Romana, tinham poder e ocupavam os cargos mais 
importantes. 
Clientes eram protegidos dos patrícios, principalmente pelos líderes 
de cada grupo familiar, tornado-se uma classe submissa à 
vontade dos patrícios. 
Plebeus eram considerados inferiores e não tinham direitos, 
tampouco poderiam ocupar postos de comando, porém eram 
obrigados a pagar impostos e a prestar serviço militar, sua 
grande maioria era constituída de comerciantes. 
Os escravos não eram considerados como pessoas, mas sim 
como coisas e podiam ser vendidos. Os estrangeiros (qualquer 
pessoa não nascida em Roma) se enquadravam na mesma 
categoria dos escravos. 
Com o início do Reinado de Sério Tulio, surgem as reformas que 
visavam aproximar os plebeus dos direitos. O divisor de classes 
deixa de ser a origem, para a riqueza, ou seja, capacidade de 
pagar impostos. 
Esta nova classe passa a poder prestar o serviço militar, bem 
como participa da elaboração e votação de leis por meio das 
centúrias. 
Estas leis votadas tinham caráter mais particular, tratavam de 
assuntos específicos, eram semelhantes a contratos. Estas leis 
tinham origem nos costumes. 
A República 
6 
 
 
Em 510 a.C. uma revolução comandada por patrícios destrona 
Tarquínio o soberbo, dando inicio à República Romana. 
Após a queda do Rei, Roma passa a ser governada por cônsules, 
que governavam em pares, com mandato anual, basicamente um 
fiscaliza o mandato do outro. 
Neste período o Estado Romano começa a se instrumentalizar, 
para a nova realidade, ou seja, o crescimento do império, surgem 
então várias figuras que auxiliaram Roma na administração do 
Império – figuras como – os questores, os censores, os edis 
cures, etc... 
 Com as novas mudanças, os patrícios começam a lutar para não 
perder o poder e o respeito à sua origem nobre, já os plebeus 
continuam a luta pela conquista de mais direitos. 
Em 462 a.C. surge a primeira lei escrita do império Romano, 
conhecida como Lei das Tabuas, criada por uma iniciativa do 
tribuno Tarentílio Arsa, a Lei das Tabuas foi uma consolidação de 
todo o direito conhecido na época em sete tabuas. 
Esta lei consolidada serviu de base para todas seguintes, tendo 
influenciado inclusive ordenamentos jurídicos ocidentais. 
Após a criação da Lei das Tabuas surge a figura dos prudentes 
ou jurisprudentes, responsáveis por auxiliar Roma na atualização 
das leis escritas frente às constantes mudanças sociais. Os 
pareceres dos prudentes tinham grande peso nas decisões dos 
juízes Romanos. 
 
O Alto Império 
 
Neste período se inicia um governo duplo, aonde de um lado 
temos o Príncipe e do outro o Senado. 
 
Ao Príncipe cabia o comando das forças armadas e a 
responsabilidade pela manutenção e expansão dos territórios 
conquistados por Roma, mas o poder do Príncipe era 
praticamente ilimitado. 
O Senado era encarregadodo que se pode chamar de Judiciário, 
bem como a administração das províncias. O Senado também 
7 
 
fazia propostas legislativas a pedido do Príncipe e muitas destas 
proposições eram votadas sem discussão, demonstrando um 
desequilíbrio entre os poderes do Senado e do Príncipe. 
As crescentes evoluções do Direito e da ciência jurídica atingem 
o seu ápice neste período, pois todo o aparato criado por Roma 
para facilitar a administração do império, acabou possibilitando 
uma evolução extraordinária em suas leis. 
Apesar da constante evolução, os pretores continuam 
responsáveis pela administração da Justiça. Ainda durante este 
período, Sálvio Juliano promoveu a consolidação e codificação de 
todas as decisões produzidas pelos pretores desde o fim da 
Republica. 
Esta codificação acabou por limitar as decisões dos pretores, que 
passaram a somente repetir o que já havia sido decidido 
anteriormente. Por outro lado, esta mesma codificação faz surgir 
os primeiros comentários às decisões pretorianas, que foram 
feitas pelos jurisconsultos Ulpiano e Paulo, surgindo daí duas 
escolas – os Sabinianos e Proculianos. Estas escolas defendiam 
pontos distintos e contribuíram ainda mais para a evolução do 
Direito Romano. 
 
O Baixo Império 
 
Neste período o poder passa a ser do Príncipe, que passa a 
dominar completamente o império sendo esta a principal 
característica deste período. Esta era teve início com a morte de 
Dioclesiano e vê seu fim com a morte de Justiniano. 
Durante pouco tempo, o império Romano se dividiu entre 
Ocidente e Oriente, e estes foram governados por Honório e 
Arcádio respectivamente. O império do Ocidente tem seu fim com 
a invasão de Roma por Odoacro em 476 d.C., já o do Oriente 
resiste até o falecimento de Justiniano em 565 d.C. 
Justiniano determinou a criação de um conselho de notáveis 
jurisconsultos, com o fim de consolidar todas as leis Romanas 
vigentes em um só código. A primeira consolidação é conhecida 
como Código Antigo e foi publicada no ano 529 d.C., que 
posteriormente foi substituída por uma publicação mais recente 
8 
 
no ano de 534 d.C. conhecido como Corpus Juris Civilis e 
também Código Novo. 
 
O Império Bizantino 
 
O Império Bizantino tem início com a morte de Justiniano e seu 
fim com a invasão turca a Cidade de Constantinopla, conhecida 
nos tempos antigos como Bizâncio, sendo renomeada em 
homenagem ao imperador Constantino. 
As invasões do império Romano por povos bárbaros tiveram 
papel decisivo no seu declínio, que cumulada com as questões 
econômicas e expansionistas levaram Roma ao seu fim. 
Durante este período é possível perceber claramente a influência 
dos povos dominados no ordenamento jurídico Romano, que dão 
origem a novas consolidações, prontas a adequar na realidade 
jurídica a nova realidade de fato. 
 
Obrigações no Direito Romano 
Obrigações no Direito Romano 
 
A palavra "obrigação" vem do latim “obligatio” (ligação, elo) da 
conjunção de “ob” (para) mais “ligatio” (vincular). 
Nas Institutas de Justiniano temos a definição de obrigação como 
um vínculo entre duas pessoas, podendo uma coagir a outra a 
pagar (crédito) uma determinada prestação (débito). Existiam 
dois tipos de obrigações, as civis (criadas por lei) e as pretorianas 
ou honorárias (criadas pelas decisões dos pretores). 
José Cretella Junior sintetiza muito bem a definição Romana de 
obrigação, traduzindo-a da seguinte forma: 
 
"Obrigação é o vínculo que liga duas pessoas de tal maneira que 
uma deva dar, fazer ou prestar algo à outra segundo o direito do 
país em que ambos vivem". 
 
Origem das Obrigações 
As obrigações têm sua origem em uma fase pré-romana, 
surgindo da necessidade de segurança nas relações comerciais 
9 
 
entre grupos, pois em razão de desacordos comerciais, grandes 
guerras eram travadas e muitas vidas eram perdidas. 
As obrigações só passaram a ser regulamentadas em Roma, em 
um primeiro momento com o devedor entregando seu próprio 
corpo em garantia ao credo, ficando livre até o pagamento da 
dívida, e no caso de não pagamento tornava-se escravo do 
credor. 
A partir do ius civile um deslocamento da obrigação transfere a 
obrigações da pessoa do devedor para o seu patrimônio. 
Fundamentos das Obrigações 
As obrigações eram constituídas por elementos distintos, os 
quais foram classificados e divididos da seguinte forma: 
Sujeito ativo: conhecido como credor, aquele que tinha o direito 
exigir a prestação (objeto da obrigação) de alguém; 
Sujeito passivo: conhecido como devedor, aquele sobre o qual 
recaía a obrigação; 
Objeto da obrigação: era o débito, algo que o sujeito passivo 
(devedor) deveria fazer, deixar de fazer ou entregar ao sujeito 
ativo (credor); quanto à obrigação de dar ou entregar, pode-se 
dizer que o objeto pode ainda ser coisa certa ou coisa incerta. A 
coisa certa pode ser identificada por sua natureza, qualidade ou 
quantidade, por exemplo: mil reais, um boi nelori de 15 arrobas. 
Já a coisa incerta não está identificada, como por exemplo: 1 
saca de café, 20 quilos de açúcar. 
Vínculo: era o laço que unia credor e devedor, obrigando este 
último a cumprir a obrigação pactuada, bem como permitia que o 
credor o compelisse a cumpri-la caso este não o fizesse 
espontaneamente. 
 
Os Efeitos das Obrigações 
 
Caso o devedor não cumprisse a obrigação no tempo correto, ou 
seja, o acordado espontaneamente entre as partes, estaria 
constituído em mora (atraso) o devedor. Poderia haver também a 
mora (atraso) do credor que, por algum motivo se recusasse a 
receber. 
10 
 
Na época já existiam figuras que, poderiam impedir o 
cumprimento da obrigação como nos casos fortuitos e de força 
maior. 
Antes de considerar as possibilidades de uso dos casos fortuitos 
e/ou de força maior, era preciso analisar a culpa do devedor, 
buscando os reais motivos que levaram o devedor a descumprir a 
obrigação. 
O dolo pode ser intencional, ou seja, quando o devedor 
intencionalmente deixa de cumprir ou impede que a obrigação 
seja cumprida. 
Nos casos de dolo intencional, Roma obrigava o devedor a 
responder pelo dano causado ao credor, mesmo que houvessem 
pactuada a exclusão de responsabilidade, pois Roma 
considerava a exclusão de responsabilidade como ato nulo. 
Havendo dolo culposo, ou seja, não havendo intenção do 
devedor em frustrar o pagamento, ao pretor cabia a análise de 
cada caso concreto. 
Nos casos fortuitos ou de força maior, o cumprimento da 
obrigação não estava ligado ao poder do devedor, pois este nada 
poderia fazer para evitar o acontecimento que frustrou o 
pagamento da obrigação, por exemplo: um terremoto. Neste caso 
a obrigação era resolvida. 
As condenações pretorianas eram em sua maioria pecuniárias, e 
avaliavam dos quesitos, o dano patrimonial (dano causado ao 
patrimônio do credor) e lucro cessante (perda nos lucros ou no 
aumento de patrimônio do credor, que naturalmente ocorreria 
caso a obrigação fosse cumprida). 
 
A Extinção das Obrigações 
A obrigação nasce e tem como destino a sua própria extinção, 
pois esta nasce, produz efeitos jurídicos e, comumente se 
extingue no momento em que o credor dá quitação a mesma. 
Para a quitação ou extinção da obrigação eram exigidas algumas 
formalidades, e estas formalidades estavam ligadas as mesmas 
utilizadas na criação da obrigação, portanto, se uma obrigação 
fosse criada por um pacto escrito, para que esta fosse extinta, 
deveria o credor emitir uma espécie de recibo escrito, que 
11 
 
tornava extinta a obrigação. No caso das obrigações criadas 
verbalmente, o simples pronunciar de algumas frases servia para 
extinguir a obrigação, ou seja, a forma originária era sempre 
respeitada. 
Ao credor era permitido perdoar a dívida, e isto poderia ocorrer 
de duas formas, pela entregado recibo ou por um novo pacto 
onde o credor comprometia-se a não exigir o débito do credor. 
No caso de falecimento do credor ou do devedor, a obrigação era 
extinta. Esta regra foi alterada pela constante evolução do direito 
Romano, e a extinção da obrigação pelo falecimento de uma das 
partes ficou limitada às obrigações resultantes de um delito. 
 
Contrato no Direito Romano 
 
Contrato no Direito Romano 
 
O contrato no direito romano é mais um dos institutos que 
perduram até os dias de hoje, ressalvadas é claro as diferenças 
atinentes à própria evolução contratual e das relações humanas. 
No direito romano existiam as seguintes figuras: pacto e 
convenção e é importante conhecê-las. Em ambas existe um 
acordo de vontades entre duas pessoas, não havendo a 
obrigação propriamente dita e, por conseguinte não gerando 
efeitos jurídicos. 
Pacto e convenção não se confundem com contrato, pois 
somente o contrato possui objeto e é revestido de formalidade, 
para que só então possa surgir a obrigação. 
O contrato romano tem poucas semelhanças com o contrato 
moderno, mas em sua essência contem vários efeitos jurídicos 
semelhantes como veremos. 
Durante o período clássico os juriconsultos reconheciam a 
existência de somente quatro contratos, eram eles: a venda, a 
locação, o mandato e a sociedade. Somente com a evolução dos 
contratos no período justianeu é que ocorreu o aumento no 
número de acordos de vontade reconhecidos, capazes de gerar 
obrigações. A partir de então surgem os contratos inominados. 
12 
 
 
Formalismo Romano 
 
O direito romano era extremamente apegado às formas, em 
muitos casos a formalidade se constituía na simples pronúncia de 
palavras sacramentais, que eram capazes de dar validade ao 
contrato. A simplicidade da forma não significava que esta fosse 
irrelevante, pois se não fosse respeitada, o contrato perderia a 
sua eficácia. 
Eram três as formalidades no direito romano: 
 Bronze e balança – caracterizava-se pelo vínculo e este é considerado o mais antigo dos 
contratos solenes romano; (o devedor poderia vender-se ou dar-se em garantia do 
cumprimento da obrigação, passando o credor a ter poder sobre o devedor) 
 Palavras – simples palavras trocadas respeitando uma forma específica tinham o condão 
de constituir uma obrigação, tratando-se de uma hipótese de caráter solene; (estas 
palavras constituíam-se de perguntas e respostas, proferidas pelo credor e pelo devedor) 
 Letras – era a forma escrita da manifestação de vontade, não possuíam o condão de criar 
obrigação, mas podiam servir como prova da relação contratual e vínculo. 
A stipulatio era a forma verbal (palavras) de constituir uma 
obrigação, e nela deveriam estar presentes os seguintes 
requisitos de validade: a oralidade, a presença das partes, a 
unidade do ato e a rigorosidade na elaboração das perguntas e 
das respostas. 
Durante o fim da República a stipulatio passa a ter forma escrita, 
contudo este documento só servia como prova e não como ato 
constitutivo de obrigação. Como não era ato constitutivo de 
obrigação, admitia prova em contrário como, por exemplo, a 
testemunhal. 
A stipulatio sofre mais uma alteração em 531 d.c., ficando 
estabelecido que a ausência de uma das partes ao ato solene 
poderia ser ilidida, caso houvesse prova de que a parte ausente 
encontrava-se fora da cidade durante o dia inteiro em que deveria 
ocorrer o ato. 
No direito romano não se reconhecia, ou seja, não tinha efeito a 
estipulação feita sobre condição impossível ou inalcançável, 
assim como nos dias de hoje. 
Somente depois da lei das tábuas é que o império romano passa 
a dar maior valor a escrita como forma de contrato, criando então 
uma presunção absoluta de que o que foi escrito é correto e foi 
aceito pelas partes. 
13 
 
 
A mancipatio constituía-se em negócio jurídico bilateral e formal, 
onde havia a transmissão da propriedade para outrem, ou seja, a 
tradição, que era presenciada por pelo menos cinco pessoas. 
A mancipatio, que fazia lei entre as partes e permitia a liberdade 
contratual, pois o alienante poderia reservar usufruto durante 
certo período. 
Este instituto teve maior uso conforme a utilização da moeda foi 
se expandindo. 
 
Contratos Reais 
Contratos reais tinham como requisito de validade, a existência 
de um acordo de vontades entre as partes, e a efetiva entrega da 
coisa. Com a evolução desse contrato permitiu-se que a coisa 
entregue sem a transmissão da propriedade, surgindo a condição 
de mera detenção. 
Mútuo 
 
Era o contrato onde uma das partes entregava coisa a outra, 
transferindo-lhe a propriedade, ficando este obrigado a restituí-la 
por outra coisa de mesma espécie. 
Os requisitos de formação do mútuo eram a tradição e 
invariavelmente a parte que entregava o objeto, ao transferir sua 
propriedade, logicamente deveria ser proprietário da coisa. O 
mutuário só estava obrigado a restituir coisa de mesma espécie 
em mesma quantidade e qualidade. 
Caso a devolução da coisa não ocorresse espontaneamente, 
poderia o mutuante promover ação em face do mutuário 
conhecida como “actio certae creditae pecuniae”. 
Fidúcia 
Na fidúcia o fiduciário recebia do fiduciante a propriedade de 
coisa infungível, fazendo a guarda do bem até que fosse atingida 
uma condição. Este instituto não estava protegido, pelo menos no 
início por nenhum tipo de ação, ficando o credor somente com a 
confiança depositada no devedor. 
Surge com o ius civili o reconhecimento da fidúcia como um 
contrato, sendo instrumentalizada processualmente uma ação de 
cobrança própria, conhecida como – actio fiduciae directa. 
14 
 
 
Comodato 
 
Consistia na entrega de coisa inconsumível ao comodatário, 
permitindo que este fizesse uso dela por algum tempo e devesse 
restituí-la após transcorrido esse tempo, com todos os frutos e no 
lugar e tempo acordados. 
Assim como na fidúcia o comodato não possuía ação especifica 
para compelir o devedor judicialmente, mas o pretor quando 
constatado o dolo poderia agir contra o comodatário. 
Com o surgimento do “ius civili” o comodato passa a ter força de 
contrato, sendo criada a ação “actio comodati directa”. 
Depósito 
Neste contrato o depositante entrega coisa infungível ao 
depositário para que este faça a custódia, restituindo o bem 
quando solicitado. Esse tipo de contrato surge na forma gratuita e 
com sua evolução atinge a forma onerosa. 
Naquela época o direito romano já contemplava a nulidade da 
cláusula de exclusão de responsabilidade no caso de dolo ou de 
uso da coisa de forma divergente da pactuada. 
Existiam quatro tipos de depósito, o depósito regular já 
mencionado acima, o depósito necessário, o irregular e o 
sequestro. 
 Necessário – alguém era compelido a tornar-se depositário contra a sua vontade, em 
razão de calamidade ou mesmo privado; 
 Irregular – o depositante transferia propriedade de coisa fungível ao depositário, que era 
obrigado a restituí-la, quando requerida, por coisa da mesma espécie, quantidade e 
qualidade que lhe fora entregue; 
 Sequestro – duas ou mais pessoas entregavam coisa em depósito, que deveria ser 
restituída, somente para aquele que alcançasse determinada condição (vencedor), neste 
instituto não há a transferência da propriedade. 
Penhor 
 
No penhor ocorria a transmissão da posse, podendo ser de coisa 
móvel ou imóvel, com intuito de garantir uma obrigação assumida 
anteriormente pelo devedor. O credor era obrigado a restituir a 
coisa quando da extinção da obrigação. 
 
Contratos Consensuais 
15 
 
Era a espécie de contrato que mais se afastava do formalismo, 
dando ênfase ao consenso das partes ao invés da forma. O 
direito romano possuiu quatro espécies de contratos 
consensuais, eram eles – compra e venda, mandato, sociedade e 
locação.Compra e Venda 
 
Consistia no contrato onde vendedor estava obrigado a transmitir 
a posse da coisa ao comprador, e este último lhe pagaria uma 
quantia em dinheiro. Esta quantia em dinheiro deveria ser 
entregue primeiro. 
A princípio, tal contrato surge da troca de mercadorias 
(escambo), mas com a evolução e a expansão da moeda e em 
virtude desta facilitar as negociações criou-se a possibilidade da 
troca de uma coisa pelo seu equivalente em dinheiro. Este 
instituto permitiu também a aquisição de propriedade a prazo. 
No direito romano o preço ajustado entre as partes deveria 
corresponder a realidade, ou aproximar-se dela, pois caso 
contrário o vendedor poderia exigir a rescisão da venda. 
Considerava-se como preço injusto aquele inferior a metade do 
justo. 
Ao comprador era dada a chance de complementar o valor da 
compra, com o fim de evitar a lesão enorme. 
O vendedor estava obrigado a conservar a coisa até o momento 
de sua entrega, respondendo pela deterioração 
independentemente de dolo ou culpa. A única exceção admitida 
era o caso fortuito. 
Comprador e vendedor podiam celebrar pactos que resultavam 
em direitos e obrigações, mas eram acessórios do contrato 
principal. 
 
Os pactos eram os seguintes: 
 Lex comissoria – permitia ao vendedor anular o negocio caso o comprador não pagasse o 
valor acordado no prazo estipulado; 
 In diem adicto – era uma reserva de direito ao vendedor, que permitia que este vendesse a 
coisa a quem lhe fizesse melhor oferta, dentro de um prazo determinado, garantindo 
também o direito ao comprador de cobrir esta oferta; 
 Pactum displicentiae – dava o direito ao comprador de desfazer o negócio, dentro de um 
prazo determinado, caso não gostasse da coisa; 
16 
 
 Pactum retruendendo – estabelece um prazo, no qual o vendedor poderia resgatar a coisa, 
desde que restituísse o valor pago. 
Mandato 
Mandato era o contrato que incumbia alguém (mandatário) de 
praticar, de forma voluntária e gratuita, uma atividade, em 
substituição ao mandante. O mandatário devia prestar contas ao 
mandante, para comprovar o fiel cumprimento do mandato. 
Sociedade 
 
A sociedade era o contrato que unia duas ou mais pessoas, 
obrigando-as a empreender bens ou esforços com o objetivo 
comum de que todos obtivessem lucro. 
O império romano adotava quatro espécies de sociedades, eram 
elas: 
 
 Societas omnium bonorum – os bens da sociedade permaneciam em condomínio; 
 Societas universorum quae ex questu ueniunt – os sócios somente colocavam na 
sociedade o fruto do seu trabalho e o rendimento dos bens, preservando os patrimônios 
individuais; 
 Societas unius rei – era a sociedade criada para um único negócio jurídico; 
 Societas alicuius negotiationes – tinha como objetivo diversos negócios jurídicos. 
A sociedade possuía alguns requisitos de existência, como por 
exemplo – vontade das partes, cada sócio deveria entregar algo 
ou entrar com trabalho e deveria haverá a divisão equilibrada dos 
lucros. 
Todos os sócios deveriam cuidar do patrimônio da empresa, pois 
todos dividiam tantos os lucros quanto as perdas, qualquer deles 
que agisse de forma a não respeitar a coisa da empresa como se 
dele fosse poderia responder pelo prejuízo causado. 
A sociedade poderia ser extinta nos seguintes casos: 
 
 Vontade dos sócios; 
 Morte de um dos sócios; 
 Falência de um dos sócios; 
 Redução drástica de capital; 
 Deterioração do patrimônio da sociedade; 
 Judicialmente provocada por credor; 
 Conclusão do negócio; 
 
Locação 
Neste instituto o locador obrigava-se a permitir que o locatário 
usufruísse de coisa em troca de um pagamento que geralmente 
ocorria em dinheiro. 
17 
 
A locação podia ocorrer de três formas: 
 
 Locatio conductio rei – Era o aluguel da coisa onde o locatário pagava ao locador para 
poder usufruir por determinado tempo do bem, e não havia a transferência da propriedade; 
 Locatio conductio operarum – Objeto deste contrato era o trabalho, pois o locador pagava 
um valor ao locatário para que ele executasse um determinado serviço em um 
determinado tempo; 
 Locatio operis faciendi – Neste modelo o locador pagava uma quantia ao locatário para 
que ele executasse uma determinada obra em um determinado tempo, o locatário era o 
responsável técnico pela obra e poderia contratar ajudantes, ficando responsável por 
qualquer dano decorrente de negligência ou imperícia. 
Contratos Inominados 
Os contratos inominados surgem com o direto Justiniano e eram 
classificados em quatro espécies. 
São elas: 
Dou para que dês – Prestação e coisa eram vinculados a entrega 
de uma pela outra, ou seja, a troca; 
Dou para que faças – Prestação era vinculada a entrega de uma 
coisa, e a contraprestação a um comportamento, ou seja, doação 
com encargo; 
Faço para que dês – Prestação está vinculada a um 
comportamento, e a contraprestação a entrega de uma coisa, ou 
seja, situação inversa a supramencionada; 
Faço para que faças – Ambas as prestações estavam ligadas a 
um comportamento. 
Desta forma, o principal requisito dos contratos era o acordo de 
vontades, tendo prestação e contraprestação equivalentes. 
 
Permuta 
Era o contrato inominado mais utilizado, pois constituía a troca de 
uma coisa por outra coisa, e foi muito utilizado no período em que 
a moeda ainda não era tão utilizada. 
 
Contrato Estimatório 
 
Era constituído quando uma das partes entregava a outra uma ou 
mais mercadorias com preço estimado de venda; vendidas as 
mercadorias o vendedor retinha para si o que conseguisse acima 
do valor estimado, estando obrigado a devolver as mercadorias 
18 
 
que não fossem vendidas. O lucro do vendedor estava na 
diferença entre o valor estimado e o valor da venda. 
Precário 
O contrato precário ou precarium ocorria quando uma parte cedia 
a outra o uso da coisa a título gratuito, obrigando o usuário a 
restituí-la quando lhe fosse requerido. 
 
Transação 
 
A transação pressupunha uma relação jurídica existente 
anteriormente, pois as partes constituíam a transação fazendo 
concessões recíprocas em forma de stipulatio. Era como um 
acordo, ambas as partes faziam concessões com fim de evitar 
uma briga judicial. 
 
Pactos 
 
Os pactos constituíam acessórios aos contratos, muito embora 
antes da existência dos contratos fossem utilizados como uma 
forma de contrato. Com os pactos as partes poderiam incluir ou 
reduzir as obrigações em um contrato preexistente. 
Os pactos se dividiam da seguinte forma: 
Pacto nu – No pacto nu havia uma convenção de vontades, 
porém esta não era feita de forma solene, ou seja, não era 
exteriorizada; 
Pacto vestido – No pacto vestido a convenção de vontades era 
feita de forma solene, dando publicidade ao pacto e, por 
conseguinte exteriorizando as vontades das partes. 
Os pactos nus não tinham força obrigacional, pois não 
respeitavam as solenidades exigidas para que se 
transformassem em pactos vestidos. 
 
Doação 
Na doação, como o próprio nome já diz, havia a entrega 
voluntária de um ou mais bens do doador ao donatário. Neste 
instituto não poderia haver encargos ao donatário. 
Na época de Constantino a doação possuía três requisitos de 
validade, quais sejam: redação do ato perante testemunhas; 
19 
 
entrega física do bem; e a transcrição do ato em registro publico. 
Justiniano alterou os requisitos, removendo a entrega da coisa 
física e obrigando o registro público somente para os casos onde 
o valor dos bens superasse os 500 sólidos. 
 
Quase Contratos 
 
Segundo CRETELLA, os quase contratos constituíam-se de atos 
voluntários que tornavam seu autor credor de outra pessoa, sem 
que houvesse prévio acordo entre as partes. 
Existiam cinco espécies de quase contratos conhecidos na época 
das Institutasde Justiniano, eram elas: a gestão de negócios, a 
tutela, a communio incidens e o pagamento indevido. 
Gestão de Negócios 
 
Consistia num vínculo entre gestor e gerido, com o fim precípuo 
de evitar um dano. A gestão era feita de forma voluntária e o 
gerido era obrigado a ressarcir as despesas contraídas pelo 
gestor em seu benefício. Sempre que solicitado pelo gerido, 
deveria o gestor prestar contas e/ou devolver o que estivesse em 
seu poder incluindo seus frutos. 
Tutela 
 
No Império Romano as mulheres e os menores de idade eram 
considerados incapazes, portanto, tinham seus bens 
administrados por tutor enquanto durasse a incapacidade. O tutor 
era obrigado a administrar o patrimônio do tutelado de forma 
zelosa, podendo responder pelo dano causado a este. 
Com o término da tutela o tutor deveria prestar contas ao 
tutelado, restituindo todos os bens deste juntamente com os seus 
frutos. O fim da tutela poderia se dar quando o tutelado atingia a 
maioridade ou a mulher se casasse, ou seja, quando cessasse a 
incapacidade. 
Communio Incidens 
 
Tal instituto constituía o domínio comum sobre coisa móvel ou 
imóvel, possuindo traços do contrato de sociedade, mas com ele 
não se confundindo. 
Pagamento Indevido 
20 
 
 
 
É o exemplo mais claro de quase contrato, pois acontecia quando 
alguém fazia pagamento a outra pessoa de algo que não lhe era 
devido. Este ato obrigava quem recebeu a restituir a coisa. 
Recusando-se a devolver, ficava caracterizado o enriquecimento 
sem causa, ou seja, sem uma relação jurídica entre as partes. 
Esta situação poderia ser revertida por meio da ação condictio. 
Neste breve histórico, constatamos que o Direito e as Leis 
evoluem com o tempo, porém, esta evolução não é o simples 
resultado da passagem do tempo, mas sim da evolução da 
própria sociedade e dos costumes, aos quais, se amoldam o 
Direito e a Lei, tornando-se o instrumento pelo qual se pode 
garantir a segurança e a lisura em todas as relações. 
 
Obrigações 
 
Obrigações 
 
Superada a parte histórica, passamos ao estudo das obrigações. 
Compreender a origem e a evolução das obrigações no tempo 
facilitará o estudo deste instituto nos dias de hoje. A parte 
histórica serve como um verdadeiro complemento, facilitando 
muito a compreensão. 
 
Conceito de Obrigação 
Segundo WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO a definição mais antiga 
remonta às Institutas (Liv. 3°, Tít. XIII): “Obligatio est juris vinculum, quo 
necessitate adstringimur alicujus solvendae rei, secundum nostrae civitatis jura.”. 
Em tradução significa “Obrigação é o vínculo jurídico que nos 
adstringe necessariamente a alguém, para solver alguma coisa, 
em consonância com o direito civil.”. 
Vejamos a seguir, algumas das definições trazidas por grandes 
doutrinadores e estudiosos do Direito. 
 
FABIO ULHOA COELHO conceitua: 
“É o vínculo entre dois sujeitos de direito juridicamente qualificado 
no sentido de um deles (o sujeito ativo ou credor) titularizar o 
direito de receber do outro (sujeito passivo ou devedor) uma 
prestação.”. 
21 
 
CLÓVIS BEVILÁQUA assim a define: 
"Obrigação é a relação transitória de direito, que nos constrange 
a dar, fazer ou não fazer alguma coisa, em regra 
economicamente apreciável, em proveito de alguém que, por ato 
nosso ou de alguém conosco juridicamente relacionado, ou em 
virtude da lei, adquiriu o direito de exigir de nós essa ação ou 
omissão". 
WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO conceitua: 
"Obrigação é a relação jurídica, de caráter transitório, 
estabelecida entre devedor e credor e cujo objeto consiste numa 
prestação pessoal econômica, positiva ou negativa, devida pelo 
primeiro ao segundo, garantindo-lhe o adimplemento através de 
seu patrimônio". 
SILVIO DE SALVO VENOSA em apertada síntese define: 
"Uma relação jurídica transitória de cunho pecuniário, unindo 
duas (ou mais) pessoas, devendo uma (o devedor) realizar uma 
prestação à outra (o credor).". 
SILVIO DE SALVO VENOSA reconhece a dificuldade em se adotar um 
ou outro conceito de obrigação, pois quaisquer que sejam os 
conceitos adotados, por tratar-se de tema extremamente 
abrangente, cada conceito enfatizará mais uma parte da 
definição, cabendo sempre críticas a quaisquer definições. 
O conceito moderno de obrigações é construído com os mesmos 
materiais Romanos caracterizados nas Institutas. Contudo, 
divergem os juristas sobre um ponto específico; para uns, a 
obrigação é caracterizada por um vínculo; para outros, é a ideia 
abstrata da relação jurídica; enquanto outros fazem referência à 
necessidade jurídica. 
Utilizaremos o entendimento de que a obrigação consiste em um 
vinculo entre as partes. 
Sendo assim, adotaremos o conceito de Leonardo Pantaleão: 
“A obrigação corresponde a uma relação de natureza pessoal, de 
crédito e débito, de caráter transitório, cujo objeto consiste numa 
prestação economicamente aferível.” 
Trata-se de um conceito geral e mais didático de obrigação. 
 
Significado da Palavra Obrigação 
22 
 
A palavra “obrigação” tem duplo sentido e é comumente utilizada 
como sinônimo de “dever” como, por exemplo: “O locatário tem a 
obrigação de pagar o aluguel.” ou “Os cônjuges tem a obrigação 
de serem fieis”. 
Esta obrigação no sentido de “dever” pode ter origem tanto na lei 
quanto na moral e nos costumes. 
Contudo, em nosso estudo, a palavra “obrigação” terá o sentido 
conceitual visto anteriormente, ou seja, o vínculo ou relação, pois 
estudamos as obrigações pela ótica do Direito. 
 
Direitos Reais e Direitos Pessoais 
 
As obrigações como já vimos constituem direito pessoal, pois se 
caracterizam pelo vínculo entre duas ou mais pessoas. Já os 
direitos reais, dizem respeito ao direito de propriedade e recaem 
diretamente sobre as coisas. Contudo, ambos têm um caráter 
patrimonial. 
 
Principais Diferenças 
 
 DIREITOS REAIS – Originam-se nas leis; recaindo sobre a coisa (bem), basicamente algo 
material (embora existam propriedades de bens imateriais), de modo absoluto (oponível 
contra qualquer pessoa), sendo normalmente inconsumíveis no tempo; 
 DIREITOS PESSOAIS – Originam-se nas relações humanas e das necessidades sociais; 
recai sobre as relações humanas (objeto principal a prestação), de modo relativo (oponível 
somente contra o devedor), sendo transitórios. 
Segue ainda um quadro para melhor visualização das principais 
diferenças 
 
 
 
Apesar das diferenças, ambos estão comumente ligados, por 
vezes um direito real é utilizado como garantia em uma obrigação 
pessoal (penhor, hipoteca), e os direitos obrigacionais são 
utilizados na aquisição de direitos reais (contrato de compra e 
venda). 
23 
 
Logo, não podemos separar as classificações de forma que 
pareçam se repelir, quando, ambas são utilizadas mutuamente 
em nosso dia a dia. 
 
Importância das Obrigações 
O estudo das obrigações é de suma importância, pois a parte 
geral constitui a base estrutural de todas as obrigações, nelas 
estão fixados os princípios aos quais todas as obrigações estarão 
subordinadas. 
A parte especial das obrigações, em específico a parte contratual, 
deverá respeitar os princípios fundamentais das obrigações 
gerais. Portanto, é de suma importância a compreensão da parte 
geral das obrigações, pois existem obrigações que não nascem 
na lei ou dos contratos mais conhecidos, tratando-se neste caso 
de contratos atípicos. 
Os contratos típicos, ou seja, que tem sua regulamentação na lei, 
têm suas regras estabelecidas pela parte especial das 
obrigações. Ao contrário dos contratos atípicos, que deverão 
obedecer às regras elementares da parte geral das obrigações. 
Insta mencionar que, no caso das obrigações as possibilidades 
são infinitas, levando-se em conta que o que determinará cada 
uma destas obrigações serábasicamente a vontade das partes. 
As obrigações se fazem presentes, desde as atividades mais 
banais como a compra e venda de um terreno até a fusão de 
grandes empresas. 
Graças a elas temos a segurança jurídica necessária para o 
crescimento econômico e desenvolvimento social. 
 
Elementos da Obrigação 
 
Estando claro o conceito de obrigação, passaremos agora a 
análise dos elementos constitutivos da obrigação. 
São eles: 
 O subjetivo (sujeitos) - Os sujeitos de uma obrigação são considerados os indivíduos entre 
os quais a relação jurídica se estabelece, denominando-se sujeito ativo (credor), e, sujeito 
passivo (devedor), havendo a possibilidade de ocorrer à pluralidade subjetiva em qualquer 
um dos polos da relação; 
 O objetivo (prestação) - O objeto, distinto do conteúdo da relação jurídica, constitui aquilo 
sobre o qual incide o direito subjetivo, ou seja, a coisa a prestar. 
24 
 
 O vínculo jurídico (elemento espiritual) - O vínculo jurídico é o acontecimento natural ou a 
ação humana que produz consequências jurídicas. 
Desta forma, os elementos citados sempre estarão presentes nas 
obrigações. 
 
Sujeito Ativo 
A figura do sujeito ativo, também conhecido como credor, ou seja, 
pessoa a quem deve ser fornecida a prestação, sendo o legítimo 
possuidor do direito de exigi-la no caso de descumprimento. 
O sujeito ativo poderá ser qualquer pessoa, pois qualquer pessoa 
tem qualidade para apresentar-se numa relação obrigacional. 
Comportadas algumas exceções, como a dos menores que 
devem preencher alguns requisitos de validade para que a 
obrigação produza seus efeitos, como por exemplo: estar 
assistido ou representado pelos responsáveis legais, quando não 
for emancipado. 
As pessoas jurídicas de qualquer natureza poderão figurar como 
sujeito ativo da obrigação. 
O sujeito ativo poderá ser ainda simples (individual) ou coletivo 
(nas obrigações solidárias). 
As obrigações podem existir em favor de pessoas ou entidades 
futuras, como no caso dos nascituros ou de pessoas jurídicas em 
formação. 
É comum que o credor seja conhecido previamente, logo no início 
da obrigação, porém haverá casos aonde o credor não poderá 
ser determinado logo de início (títulos ao portador). 
Ainda que o credor não possa ser determinado, este será 
conhecido no momento em que o título de crédito for apresentado 
ao devedor para o efetivo pagamento, momento em que o credor 
passará a ser determinado. 
Basta então que o sujeito ativo seja determinável, não havendo 
obrigatoriedade de que ele seja determinado desde o início da 
relação obrigacional. 
Desta forma, sob a ótica do credor pode-se dizer que obrigação é 
um direito de crédito, ou de exigência do crédito quando este não 
é pago espontaneamente. 
25 
 
Sujeito Passivo 
 
Quanto ao sujeito passivo, conhecido também como devedor, 
pode-se dizer que observadas às reservas legais, todos poderão 
figurar como sujeito passivo da obrigação. 
Por reservas legais, podem ser entendidas todas aquelas 
situações aonde a lei exija algum requisito especifico para a 
validação do vínculo e/ou onde haja proibição expressa. 
Da mesma forma que o credor, o devedor não precisa ser 
determinado no início da obrigação, bastando que seja possível a 
sua identificação posterior. 
 
Objeto 
 
O objeto consiste naquilo que o devedor deverá fazer, deixar de 
fazer ou prestar ao credor e que este último tem o direito de exigir 
caso o devedor não o faça voluntariamente. 
No caso dos direitos reais o objeto é uma coisa, enquanto nos 
direitos pessoais o objeto sempre será uma conduta humana, a 
ser exigida do sujeito passivo. 
Este ato poderá ser lícito ou ilícito, pois uma conduta ilícita pode 
gerar uma obrigação de reparar, decorrente do delito praticado. 
WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO, citando BEUDANT, 
esclarece que: 
a) Objeto da obrigação é aquilo que o devedor se compromete a 
fornecer, aquilo que o credor tem direito a exigir, em suma, a 
prestação devida; objeto do contrato constitui a operação que as 
partes visaram realizar, o interesse que o ato jurídico tem por fim 
regular; 
b) Objeto da obrigação é isolado, concreto, singular; o do 
contrato, idêntico em todas as estipulações da mesma espécie; 
c) Objeto da obrigação vem a ser específico, individuado; o do 
contrato, mais amplo e mais genérico. 
Três são os requisitos de validade do negócio jurídico, o objeto 
precisa ser lícito, possível e determinável. 
Vejamos o conteúdo do inciso II do artigo 104 do Código Civil in 
verbis: 
26 
 
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: 
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; 
O primeiro diz respeito à licitude do objeto, não pode o 
cumprimento da obrigação, forçar o devedor a cometer algo que 
é proibido por lei (obrigar o devedor a matar alguém) ou que o 
pagamento se dê com coisas ilícitas (pagar o débito com 
cocaína). 
Insta mencionar que, não é preciso que haja a declaração de 
invalidade do negócio jurídico quando o objeto for ilícito. Portanto, 
o devedor não estará obrigado a cumprir o acordado. 
Outrossim, não será necessariamente ilícito somente o objeto 
que contrariar dispositivo legal, podendo advir a ilicitude de uma 
conduta moral aceita por toda a sociedade, ou seja, algo que 
esteja diretamente ligado aos costumes e tradições de um povo. 
O segundo diz respeito à possibilidade, não pode o cumprimento 
da obrigação, estipular algo impossível de ser cumprido, algo que 
ultrapasse as forças humanas. Exemplo: trazer a lua para a terra, 
tocar a lua com a ponta dos dedos sem tirar os pés da terra. 
Por último temos a regra de que o objeto deve ser determinável, 
ou seja, deverá ser possível apreciar o seu valor econômico, pois 
caso contrário não haverá interesse no mundo jurídico. Por 
exemplo: a venda de um só grão de café ou algo de valor pífio. 
Excluir-se-ão também, as obrigações que não tenham cunho 
patrimonial como, por exemplo, é o caso do dever de fidelidade 
do casal. 
 
Fontes das Obrigações 
 
Passaremos ao estudo das fontes onde se originam as 
obrigações. 
Segundo o entendimento de SILVIO RODRIGUES: 
“As obrigações sempre tem por fonte a lei, sendo que nalguns 
casos, embora esta apareça como fonte mediata, outros 
elementos despontam como causadores imediatos do vínculo. 
Assim, a vontade humana ou o ato ilícito”. 
27 
 
Seguindo o ponto de vista supramencionado o autor classifica as 
obrigações em três categorias: as que se originam da vontade 
humana; as que se originam do ato ilícito; e as que se originam 
da lei. 
As obrigações que derivam da vontade humana podem ser tanto 
os contratos onde duas ou mais partes manifestam suas 
vontades, quanto as manifestações unilaterais, como por 
exemplo: na promessa de recompensa. 
As obrigações que tem como origem o ato ilícito surgem da ação, 
omissão culposa ou dolosa do agente causador do dano. 
SILVIO RODRIGUES entende que existem obrigações 
decorrentes da lei como é o caso dos alimentos. Aduz ainda que, 
a lei é fonte remota da obrigação, pois só haverá obrigação se o 
ordenamento jurídico assim o permitir. 
CAIO MARIO DA SILVA PEREIRA entende que existem 
obrigações que decorrem exclusivamente da lei como a 
obrigação de votar. Contudo, acrescenta que esta obrigação não 
constitui verdadeira obrigação no sentido técnico, sendo apenas 
deveres jurídicos. 
O autor supramencionado conclui que todas as obrigações 
emanam de duas fontes, uma é a vontade e a outra é a lei. 
Vimos a opinião de dois grandes doutrinadores, demonstrando o 
quão abrangente é o tema das obrigações. É certo que ambas as 
teses têm fundamentos sólidos, não se podendo afirmar que uma 
é mais acertada do que a outra. 
ORLANDO GOMES utiliza como exemplo a classificação do 
Código Italiano, que estatuiduas grandes fontes, o contrato e o 
ato ilícito, referindo-se a uma terceira fonte, qual seja todo outro 
ato ou fato idôneo a produzir a obrigação de acordo com o 
ordenamento jurídico. 
O terceiro item mencionado permite abarcar institutos como o da 
declaração unilateral de vontade, os atos coletivos, o pagamento 
indevido e o enriquecimento sem causa, o abuso de direito, bem 
como algumas situações de fato. 
A lei é fonte imediata para o nascimento da obrigação, porém nas 
situações de fato, como na obrigação de alimentar, a lei exige 
28 
 
que haja configurada uma situação fática, portanto não há 
obrigação a partir da lei no caso em tela. 
Classificação das Obrigações 
 
Espécies de Obrigações 
Os romanos utilizavam o objeto como forma de classificar a 
obrigação, e esta se dividia em obrigação de dar, fazer ou não 
fazer. Anteriormente, vimos o que cada uma delas significa. 
O código civil brasileiro ateve-se claramente ao modelo romano, 
distribuindo as obrigações em três categorias, obrigação de dar 
(coisa certa ou incerta), obrigação de fazer ou de não fazer. 
WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO afirma ser ambígua 
esta classificação, citando: 
“Rigorosamente, toda obrigação de dar mistura-se e complica-se 
com uma obrigação de fazer ou não fazer. Muitas vezes elas 
andam juntas. Assim na compra e venda, o devedor tem 
obrigação de entregar a coisa vendida (dar) e responder pela 
evicção e vícios redibitórios (fazer)”. 
Em códigos mais modernos esta divisão foi abandonada, pois por 
diversas vezes estas obrigações estão embaralhadas. 
Apesar das críticas ao sistema tripartido apresentado, é inegável 
que a obrigação implicará sempre em um dar, fazer ou não fazer, 
independentemente se de forma isolada ou conjunta. 
Ainda quanto ao objeto as obrigações poderão ser simples ou 
conjuntas. Simples quando a prestação importar na prática de um 
único ato ou na entrega de uma só coisa. Conjuntas serão 
aquelas cuja prestação importe na prática de mais de um ato ou 
na entrega de mais de uma coisa. 
Existem também obrigações de satisfação instantânea, ou seja, 
se exaurem em um único ato como, por exemplo, a entrega de 
um objeto. Em contrapartida, existem também as obrigações 
periódicas que, por sua própria natureza consistem em 
obrigações de médio prazo (contrato de locação). 
Com relação aos sujeitos, já vimos que as obrigações podem ter 
vários credores ou devedores, constituindo obrigação única 
aquela que possui somente um credor e um devedor e obrigação 
29 
 
múltipla aquela aonde se encontram mais de um credor ou mais 
de um devedor. 
A pluralidade de credores ou devedores constitui obrigações 
múltiplas, que se dividem em conjuntas e solidárias. Nas 
conjuntas, segundo Monteiro, “cada titular só responde, ou só 
tem direito à respectiva quota-parte na prestação”; enquanto nas 
obrigações solidárias, cada credor poderá exigir a dívida por 
inteiro e cada devedor poderá ser obrigado a efetuar o 
pagamento por inteiro. 
As obrigações podem ser classificadas ainda, quanto ao modo de 
execução, sendo elas: conjuntivas, alternativas e facultativas. 
Serão simples as obrigações onde não existam cláusulas 
restritivas. Serão conjuntivas as obrigações ligadas por cláusulas 
aditivas. Serão alternativas as obrigações aonde houver 
cláusulas de partícula (alternativas). Serão facultativas as 
obrigações aonde houver facultado ao devedor a substituição do 
objeto. 
 
Obrigações de Dar 
 
Em regra a obrigação de dar terá o conteúdo de entrega de uma 
coisa. 
Como já fora dito anteriormente, nosso sistema jurídico ateve-se 
a tradição romana, aonde a obrigação de dar gera apenas um 
crédito e não um direito real e absoluto. 
Contudo, hoje em dia em nosso sistema processual existem 
diversas medidas constritivas e coercitivas que visam facilitar o 
cumprimento da obrigação, e estas medidas acabam por 
aproximar o direito obrigacional do direito real, tamanha são as 
formas de compelir o devedor a cumprir a obrigação. 
Segundo melhor define VENOSA: 
“a obrigação de dar é aquela em que o devedor compromete-se a 
entregar uma coisa móvel ou imóvel ao credor, quer para 
constituir novo direito, quer para restituir a mesma coisa a seu 
titular”. 
É imperioso frisar novamente que, por vezes as obrigações de 
dar, fazer ou não fazer estarão diretamente ligadas. 
30 
 
Obrigações de dar coisa certa 
 
A obrigação de dar coisa certa se caracteriza por poder ser 
individualizada, ou seja, diferente de todas as demais de mesma 
espécie. 
Servirá a coisa certa e determinada para o adimplemento da 
obrigação, vejamos o que diz o artigo 313 do código civil 
referente a esta obrigação: 
Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, 
ainda que mais valiosa. 
Serve este artigo como o principio básico da obrigação de dar 
coisa certa, porém da mesma forma que o credor não pode ser 
obrigado a receber pagamento diverso do acordado, não pode 
também o credor exigir prestação contrária ao acordado, mesmo 
que esta se constitua em coisa mais valiosa. 
Esta regra é também conhecida como o principio do “pacta sunt 
servanda”. 
Uma das formas de extinção das obrigações é uma coisa dada 
no lugar de outra, contudo esta substituição pressupõe o 
consentimento do credor. 
O fato de o credor poder aceitar coisa diversa da contratada, não 
se pode confundir com uma obrigação de fazê-lo, sendo esta 
uma faculdade. 
Aplica-se a obrigação de dar coisa certa o princípio da 
acessoriedade. 
Vejamos a dicção do Art. 233 do Código Civil: 
Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios 
dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do 
título ou das circunstâncias do caso. 
Conforme se extrai do artigo supramencionado, o acessório 
sempre acompanhará o principal. 
Existe uma exceção aonde havendo acréscimo ao valor do 
principal ou de seus acessórios, poderá o devedor cobrar a 
respectiva diferença. 
31 
 
Os acessórios referidos no artigo mencionado são tanto os de 
natureza material quanto os de natureza imaterial. 
 
Obrigações de dar coisa incerta 
 
A obrigação de dar coisa incerta constitui-se na obrigação de 
entregar uma quantidade de um gênero. 
O que fica estabelecido no Art. 243 do Código Civil, vejamos: 
Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e 
pela quantidade. 
A incerteza de que trata o artigo supramencionado, não tem o 
significado de indeterminação, mas sim de uma determinação 
genérica. Temos então o exemplo a seguir: obrigação de entregar 
café do tipo arábico, obrigação de entregar automóvel com 
determinada potência. 
Após a escolha do bem conforme o contratado, a obrigação 
passará a ser regida pelos princípios pela obrigação de dar coisa 
certa, pois havendo a escolha do bem a ser entregue este passa 
de incerto para certo e determinado. 
Conforme vimos, na obrigação de dar a coisa certa perdendo-se 
a coisa sem a culpa do devedor, estará resolvida a obrigação. 
Enquanto que, na obrigação de dar coisa incerta há uma 
obrigação genérica, de modo que o gênero jamais poderá 
perecer. 
Tal regra encontra-se estabelecida no Art. 246 do Código Civil: 
Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda 
ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso 
fortuito. 
Desta forma, é de fácil constatação que a obrigação de dar coisa 
certa é específica, ao passo que a obrigação de dar coisa incerta 
é genérica. 
O artigo supramencionado ainda faz referência à escolha, que se 
refere ao momento em que a coisa passa de gênero para 
específica, ou seja, quando o devedor separa as sacas de café 
para entrega. 
32 
 
WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO aduz que a simples 
separação não é determinante para que o devedor possa alegar 
adeterioração ou perda da coisa, é preciso que esta seja posta à 
disposição do credor, para então ocorrer a transformação da 
obrigação de dar coisa incerta pra a obrigação de dar coisa certa, 
e por consequência poderá haver a deterioração da coisa. 
Vejamos: 
“O devedor não poderá subtrair-se à prestação, dizendo, por exemplo: “já tinha 
escolhido tal saca de café, que se perdeu”, ou ainda, “queria dar tal rês, que se 
extraviou, ou pereceu””. 
Sendo assim, enquanto a coisa não for efetivamente entregue ou 
posta à disposição do credor, impossível será a sua deterioração 
e, por conseguinte a desoneração do devedor. 
Esta escolha caberá ao devedor se não houver previsão 
contratual estipulada entre as partes, pois conforme estabelece o 
art. 244 do Código Civil na falta de disposição contratual o 
devedor não poderá dar a coisa pior nem ser obrigado a dar a 
melhor. 
Vejamos o Art. 244 in verbis: 
Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela 
quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não 
resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, 
nem será obrigado a prestar a melhor. 
Do mesmo artigo se pode extrair ainda que, o devedor no 
momento da escolha não poderá optar nem pela pior nem pela 
melhor coisa, havendo a lei estabelecido um meio termo para o 
pagamento da obrigação. 
Existem exceções à regra da deterioração do gênero, pois 
existem coisas genéricas de existência restrita ou limitada, 
Venosa utiliza como exemplo o caso de um vinho raro ou de 
automóvel que deixou de ser fabricado. 
Nestes casos o devedor poderá alegar a perda ou a deterioração 
do gênero da coisa. Caso o referido gênero torne-se muito 
restrito, a obrigação passa de genérica para alternativa. 
 
Obrigação de Fazer 
33 
 
 
As obrigações de fazer e não fazer constitui-se em atos do 
devedor, ou seja, verdadeiras atividades no sentido próprio da 
palavra. Esta atividade poderá ser física (pintar uma casa) ou 
material (escrever uma obra). 
Em alguns casos a obrigação de fazer poderá não ser externada, 
como nos negócios essencialmente jurídicos, onde não se pode 
ver a coisa, mas se sabe que a obrigação existe. 
No caso da obrigação de fazer, o credor poderá escolher 
determinado devedor para cumprir a obrigação, não podendo 
haver substituição. 
Existe no nosso ordenamento jurídico, previsão legal no sentido 
de obrigar aquele que se recusa a cumprir obrigação de fazer a 
ele imposta, a indenizar o credor por perdas e danos. 
Tal instituto encontra-se no Art. 247 do Código Civil, vejamos: 
Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o 
devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele 
exequível. 
Existem situações características aonde o devedor é 
insubstituível (show de cantor famoso), no entanto cada caso 
deverá ser analisado de modo a verificar se a substituição é 
possível. 
 
Obrigação de dar e de Fazer 
Vejamos como diferenciar os dois institutos nas palavras de 
WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO: 
“Se dar ou entregar é ou não consequência do fazer. Assim, se o 
devedor tem de dar ou de entregar alguma coisa, não tendo, 
porém, de fazê-la previamente, a obrigação é de dar; todavia, se, 
primeiramente, tem ele de confeccionar a coisa pra depois 
entrega-la, tendo de realizar algum ato, do qual será mero 
corolário ou de dar, tecnicamente, a obrigação é de fazer”. 
MARIA HELENA DINIZ acrescenta que na obrigação de dar, a 
tradição é imprescindível, o que não ocorre na obrigação de 
fazer. 
Nas obrigações de dar existem métodos de execução coativos, 
ao passo que, nas obrigações de fazer existem apenas formas 
34 
 
indiretas de execução, pois não há interferência direta na esfera 
de atuação do devedor. 
Obrigação de não Fazer 
A obrigação de não fazer constitui-se em uma obrigação 
negativa, que ao contrário das obrigações de dar e fazer, 
positivas, pois o devedor compromete-se a deixar de praticar 
algum ato. 
Esta obrigação poderá ou não ter seu tempo limitado, ou surgir 
como simples dever de tolerância. Neste tipo de obrigação o 
devedor compromete-se a deixar de praticar algo que poderia 
normalmente praticar caso não houvesse a referida obrigação. 
Tais obrigações também poderão constituir fatos e atos jurídicos, 
ou seja, como vimos anteriormente esta obrigação poderá ser 
estritamente negocial, não sendo necessariamente externada de 
forma material. 
Assim como em todas as obrigações, a obrigação de não fazer 
deverá respeitar os mesmos requisitos de validade inerentes a 
todo negócio jurídico. 
Desta forma brilhantemente define SILVIO RODRIGUES: 
“Será lícita sempre que não envolva restrição sensível a liberdade 
individual. Assim, é ilícita a obrigação de não casar, ou a de não 
trabalhar, ou a de não cultuar determinada religião, porque junto 
o Estado repugna prestigiar um vínculo obrigatório que tem por 
escopo alcançar resultado que colidem com os fins da sociedade. 
Daí por serem imorais ou antissociais, tais tipo de obrigações, o 
direito não lhes empresta a forma coercitiva”. 
Contudo, a obrigação de não casar com determinada pessoa, 
não será considerada ilícita, desde que haja justificativa para 
tanto. 
Desta forma, podemos observar que a obrigação de não fazer 
caracteriza-se por uma omissão autônoma do devedor, ou ligada 
a outra obrigação positiva. 
Obrigações Pecuniarias 
Pecuniária tem origem na palavra “pecus” (gado) que era muito 
utilizado nas transações comerciais antigas, pois na época ainda 
não havia dinheiro e o comércio era feito na base da troca. 
35 
 
Obrigação pecuniária é aquela aonde uma parte obriga-se a 
pagar um débito em dinheiro. Trata-se de uma obrigação de dar 
coisa certa, quase sempre com objeto de valor determinado e 
imutável. 
As partes podiam incluir cláusulas de escala móvel, que poderiam 
utilizar como parâmetro o preço de algum bem ou serviço no 
momento do pagamento, servindo como índice de correção 
monetária. 
Obrigações Cumulativas e Alternativas 
As obrigações poderão ser de objeto singular ou plural, ou seja, a 
prestação constituir-se-á de mais de um objeto. 
Quando utilizada a preposição “e” tratar-se-á de uma obrigação 
cumulativa (entregar um cavalo e um imóvel). 
Para estas obrigações não existe regime legal específico, sendo 
elas regidas pelos princípios gerais aplicados a obrigações de 
dar. 
Quando a preposição utilizada for “ou” estaremos diante de uma 
obrigação alternativa (entregar um cavalo ou um imóvel). 
O regime legal deste tipo de obrigação encontra-se elencado dos 
Art. 252 ao Art. 256 do Código Civil. 
Esta obrigação tem a característica de possuir varias prestações, 
porém somente uma delas será realizada. 
Obrigação Alternativa 
Como vimos acima, na obrigação alternativa restará cumprida 
pela entrega ou cumprimento de qualquer uma das prestações. 
Neste caso específico, estabelece o Art. 252 do Código Civil que 
a escolha caberá ao devedor se não houver estipulação em 
contrário. 
Segundo BORBA as obrigações alternativas possuem as 
seguintes características: 
 Seu objeto é plural ou composto; 
 As prestações são independentes entre si; 
 Concedem um direito de opção que pode estar a cargo do devedor, do credor ou de um 
terceiro e enquanto este direito não for exercido pesa sobre a obrigação uma incerteza 
acerca de seu objeto; e, feita a escolha, a obrigação concentra-se na obrigação escolhida. 
Independentemente da opção de escolha recair sobre credor ou 
devedor, ambos não poderão exigir parte do pagamento da 
36 
 
prestação em um objeto e parte em outro, devendo o pagamento 
ser efetuado por meio de um ou outro. 
Poderá haver a pluralidade de credores ou devedores, havendo 
pluralidade de credores ou devedores, será necessário que estes 
entrem em acordo sobre a escolha, caso contrárioo Código Civil 
determina que caberá ao juiz decidir a confusão, conforme o 
estabelecido no § 3º do Art. 252. 
A referida escolha dar-se-á no prazo estabelecido pelo pacto, e 
onde não houver fixação do prazo, deverá o devedor ser 
notificado para a constituição da mora. 
A conversão de uma obrigação alternativa em obrigação de coisa 
certa é conhecida como concentração. A concentração opera-se 
no momento da escolha. 
A maior utilidade da obrigação alternativa, para nosso 
ordenamento jurídico, é a de possibilitar o pagamento de melhor 
forma para o devedor, aumentando também as garantias do 
credor. 
Obrigações Facultativas 
São aquelas que possuem uma obrigação principal, 
mas permitem ao devedor pagar a prestação de forma 
subsidiária (o devedor compromete-se a entregar 100 sacas de 
café, no entanto o contrato admite a liberação do devedor, 
mediante o pagamento da cotação do café em ouro). 
A obrigação facultativa não pode ser confundida com obrigação 
de dar, pois nesta é imprescindível à concordância do credor em 
receber coisa diversa, enquanto que na facultativa esta 
prerrogativa é exclusiva do devedor. 
A principal diferença entre obrigação alternativa e a facultativa 
reside no fato de que na obrigação alternativa o acessório não 
segue o principal, enquanto na facultativa havendo nulidade com 
relação à obrigação principal, a obrigação acessória tornar-se-á 
sem efeito. 
Nas obrigações alternativas as prestações estão no mesmo nível, 
enquanto que nas facultativas a prestação facultativa é 
subsidiária da principal, portanto não ocupando o mesmo nível da 
obrigação principal. 
37 
 
Como já fora dito, na obrigação facultativa a prerrogativa da 
escolha é exclusiva do devedor. 
Segundo VENOSA, pairando dúvida acerca da existência de uma 
obrigação alternativa ou facultativa, conclui-se pela obrigação 
facultativa, por ser esta menos onerosa para o devedor, porém, 
segundo Washington de Barros Monteiro, tal questão não é 
pacífica. 
Borba elenca as seguintes características das obrigações 
facultativas: 
 São obrigações de objetos plural ou composto; 
 As obrigações têm uma relação de dependência correspondente ao conceito de principal e 
acessório; e 
 Possuem um direito de opção em benefício do devedor. 
Outra característica da obrigação facultativa, que a diferencia da 
obrigação alternativa, é a de que não existe uma escolha da 
obrigação, mas sim o exercício de uma opção por parte do 
devedor, que poderá se dar até o efetivo cumprimento da 
obrigação. 
Indivisibilidade e Solidariedade 
Diferença 
A solidariedade caracteriza-se pelo vínculo jurídico, ao passo que 
a indivisibilidade resulta da natureza da prestação. Na 
solidariedade o credor poderá exigir o pagamento integral da 
prestação de qualquer devedor, porque todos são responsáveis 
pelo total da dívida. Na indivisibilidade o credor poderá exigir a 
totalidade da dívida de qualquer um dos devedores, não porque 
sejam devedores do total, ma sim porque a natureza da 
prestação não permite a divisão. 
A natureza da prestação refere-se a coisa dada em pagamento 
como por exemplo um cavalo, este não pode ser dividido, logo 
deverá ser exigido de um dos devedores. 
Traçadas estas características, fica demonstrado que a 
solidariedade tem origem na técnica jurídica, enquanto a 
indivisibilidade tem origem material. 
Outra diferença reside no fato de que na hipótese de conversão 
em perdas e danos da obrigação solidária, as características da 
solidariedade permanecem, o que não ocorre na obrigação 
indivisível, pois como essa tem origem na natureza da prestação, 
38 
 
convertida em perdas e danos desaparece a indivisibilidade, 
transformando-se em uma obrigação pecuniária. 
Obrigações Solidárias 
Conceito 
VENOSA define solidariedade da seguinte forma: 
“A solidariedade é modalidade especial de obrigação que possui 
dois ou mais sujeitos, ativos ou passivos, e, embora possa ser 
divisível, pode cada credor demandar e cada devedor é obrigado 
a satisfazer à totalidade, com a particularidade de que o 
pagamento feito de um devedor a um credor extingue a obrigação 
quanto aos outros coobrigados”. 
Fontes da Solidariedade 
As únicas hipóteses aonde a solidariedade encontra seu berço, 
são a lei e a vontade das partes, lembrando que, a solidariedade 
constitui exceção, pois não havendo previsão legal ou contratual 
esta jamais será admitida. 
Para que seja reconhecida a solidariedade contratual, não há 
necessidade de que esteja esta explicita no contrato, bastando 
que dele se possa extrair a vontade das partes no sentido de se 
obrigar solidariamente. 
Solidariedade Ativa 
As únicas hipóteses aonde a solidariedade encontra seu berço, 
são a lei e a vontade das partes, lembrando que, a solidariedade 
constitui exceção, pois não havendo previsão legal ou contratual 
esta jamais será admitida. 
Para que seja reconhecida a solidariedade contratual, não há 
necessidade de que esteja esta explicita no contrato, bastando 
que dele se possa extrair a vontade das partes no sentido de se 
obrigar solidariamente. 
Solidariedade Passiva 
Constitui-se de uma obrigação que contém mais de um devedor, 
aonde todos são responsáveis pelo total da dívida. 
A solidariedade passiva é sem dúvida, uma das melhores formas 
de garantia, pois obriga todos os devedores ao pagamento do 
total da dívida. Por este motivo, este instituto é utilizado de forma 
recorrente. 
39 
 
Extinção das Obrigações 
Como já vimos, a regra é de que as obrigações surjam para se 
extinguir. Todas as relações jurídicas estão sujeitas às 
intempéries da vida e das relações humanas, porém não 
ocorrendo nada de anormal a obrigação será extinta com o 
pagamento. 
Entenda-se por “pagamento” toda forma de cumprimento da 
obrigação e por “solução” qualquer outra modalidade de 
cumprimento da obrigação. 
Segundo leciona CAIO MARIO DA SILVA PEREIRA o 
“pagamento como forma de liberação do devedor, mediante da 
prestação do obrigado, conceito que reúne as preferências dos 
escritores mais modernos”. 
Quando a extinção da obrigação se der por intervenção judicial, 
temos uma forma anormal de extinção, pois a indenização pelo 
não cumprimento de obrigação pactuada substitui o pagamento, 
mas não pode ser confundida com ele. 
Prova do Pagamento 
A prova constitui a demonstração material do pagamento, ou 
cumprimento da obrigação, ato ou negócio jurídico. Trata-se de 
uma manifestação do credor que dá quitação ao débito. 
O direito ao comprovante de pagamento está elencado nos Arts. 
319 e 320 do Código Civil, vejamos: 
Art. 319. O devedor que paga tem direito a quitação regular, e 
pode reter o pagamento, enquanto não lhe seja dada. 
Art. 320. A quitação, que sempre poderá ser dada por 
instrumento particular, designará o valor e a espécie da dívida 
quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo e 
o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu 
representante. 
Parágrafo único. Ainda sem os requisitos estabelecidos neste 
artigo valerá a quitação, se de seus termos ou das circunstâncias 
resultar haver sido paga a dívida. 
Desta forma, o recibo é o único documento capaz de provar o 
pagamento das obrigações de dar de fazer, pois não se admite 
como prova de pagamento somente a prova testemunhal. 
40 
 
Admite-se o pagamento parcial, porém no recibo deverá constar 
uma ou mais ressalvas, pois inexistindo ressalva no recibo de 
quitação, presume-se quitado o total da dívida. 
O recibo constitui um direito do devedor, sendo dever do credor 
dar quitação após o recebimento da prestação. 
Havendo recusa do credor a prestar a quitação, poderá a 
sentença substituir a quitação, porém o devedor terá que acionar 
judicialmente o credor. 
Insta mencionar que, nas obrigações de não fazer caberá ao 
credor provarque o ato foi praticado. 
Existem ainda os débitos representados por títulos, conhecidos 
também como débitos literais. 
Nos casos aonde a posse do título gera a presunção de que o 
mesmo não foi pago, possui regulamentação no Art. 321 do 
Código Civil, vejamos: 
Art. 321. Nos débitos, cuja quitação consista na devolução do 
título, perdido este, poderá o devedor exigir, retendo o 
pagamento, declaração do credor que inutilize o título 
desaparecido. 
A letra do referido artigo constitui verdadeira proteção ao 
devedor. 
Existem ainda as presunções realtivas de pagamento, que são 
chamadas de relativas porque admitem prova em contrário. Uma 
delas encontra-se no Art. 322 do Código Civil, vejamos: 
Art. 322. Quando o pagamento for em quotas periódicas, a 
quitação da última estabelece, até prova em contrário, a 
presunção de estarem solvidas as anteriores. 
Contudo, não deve o credor recusar-se a receber a última parcela 
quando não tiver sido paga a anterior, devendo receber a última 
com ressalva para assim evitar a presunção legal (CF.Lopes 
1966, v.2:206). 
Todas as despesas com o pagamento e a quitação são de 
responsabilidade do devedor, exceto quando houver disposição 
em contrário. 
41 
 
 
Enriquecimento Sem Causa 
 
Enriquecimento sem Causa 
 
Enriquecimento sem causa é, o enriquecimento de uma das 
partes em detrimento da outra, sem motivo, fundamento ou causa 
jurídica. Este tipo de enriquecimento é condenado por nosso 
ordenamento jurídico, por ser injusto e imoral. 
O que se condena no enriquecimento sem causa é justamente 
essa imoralidade, pois há o aumento patrimonial de uma das 
partes em detrimento da outra sem base jurídica, quebrando 
completamente o equilíbrio contratual. 
São exemplos de enriquecimento sem causa – o pagamento de 
dívida inexistente, o pagamento de dívida a quem não é o credor, 
ou a benfeitoria construída sobre terreno de terceiro. 
Requisitos do Enriquecimento sem causa 
 
Segundo Venosa, haverá enriquecimento sem causa sempre que 
houver vantagem de cunho econômico sem justa causa em 
detrimento de outrem. 
Este enriquecimento pode ocorrer tanto de ato jurídico quanto de 
negócio jurídico, podendo ocorrer inclusive por ato de terceiro. 
Ainda segundo Venosa, a interpretação de “sem causa” deve ser 
entendida como a ausência de amparo legal, ou seja, a causa 
pode até existir, contudo se for injusta estará caracterizado o 
enriquecimento sem causa. 
Pagamento Indevido 
O pagamento indevido é uma modalidade de enriquecimento 
ilícito. Curiosamente neste instituto, o pagamento que é 
comumente utilizado para extinguir uma dívida nos institutos já 
estudados, é para este caso concreto, justamente o fato gerador 
de uma obrigação. 
Vejamos a definição de Lopes (1966, v.2:102): 
“É o pagamento efetuado com a intenção de cumprir (aninus 
solvendi) uma obrigação inexistente (indebitum), em 
consequência de um erro”. 
42 
 
Negócio Jurídico e Contrato 
 
Negócio Jurídico e Contrato 
 
VENOSA define negócio jurídico como “a manifestação de 
vontade com a intenção precípua de gerar efeitos jurídicos”. 
Os códigos possuem uma regulamentação geral sobre os 
contratos, porém estas são as mesmas para os negócios 
jurídicos e se encontram na parte geral do Código Civil. 
Princípios Gerais do Direito Contratual 
Princípio da Autonomia da Vantade 
Este princípio tem origem no brocardo que diz que o contrato faz 
lei entre as partes, pois esta teoria propõe que a vontade está no 
centro de todos os pactos. Contudo, sempre houve limitação legal 
a esta liberdade. 
A referida liberdade diz respeito tanto a liberdade de contratar ou 
não, quanto a liberdade de escolha da modalidade contratual 
pelas partes, podendo estas escolherem a que mais se adequar 
as suas necessidades ou criarem um modelo próprio para suprir 
as suas necessidades, respeitando sempre os requisitos de 
validade e a lei. 
Em nosso ordenamento jurídico existem normas que não serão 
afetadas pela vontade das partes, bem como as que só operarão 
com o silêncio dos contratantes. 
O limite à liberdade de contratar encontra-se albergado no Art. 
421 do Código Civil, vejamos: 
Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função 
social do contrato. 
O artigo supramencionado permite a interferência do Estado na 
autonomia dos contratantes, podendo o juiz interferir na relação 
contratual, quando esta não pautar-se no que está estabelecido 
neste artigo, devendo haver uma utilidade social para a 
comunidade. 
Princípio da Força Obrigatória dos Contratos 
 
A obrigatoriedade a que se refere esse princípio, será 
instrumentalizada pelo ordenamento jurídico, que deverá obrigar 
o contratante a cumprir o contratado ou a indenizar por perdas e 
43 
 
danos a parte prejudicada. Este princípio é elementar para a 
segurança jurídica das relações contratuais. 
Ainda que haja uma busca pelo interesse social nas relações 
contratuais, sempre que possível este interesse não deve 
contrariar a vontade ou a intenção das partes. 
Princípio da Relatividade doa Contratos 
O contrato gera vínculo entre aqueles que dele participam, 
portanto os seus efeitos não poderão prejudicar ou aproveitar a 
terceiros. O contrato faz parte do mundo real e pode ser 
percebido pelas pessoas que dele não participaram. 
Contudo, ninguém estará sujeito a tornar-se credor ou devedor 
contra sua própria vontade. Existem é claro, exceções à regra 
como no caso das convenções coletivas de trabalho aonde as 
obrigações estendem os seus efeitos a terceiros. 
Conclui-se que só haverá efeito com relação a terceiros, quando 
os casos forem previstos em lei. Como contratante entende-se a 
parte que participou diretamente da confecção do contrato e 
como terceiro qualquer pessoa estranha ao vínculo e aos seus 
efeitos finais do negócio. (Maiorca, 1981:333). 
Princípio da Boa Fé nos Contratos 
Constitui-se dever das partes de agir de forma correta durante 
toda a tratativa, o transcorrer e a finalização do contrato. Caberá 
ao juiz a análise de cada caso e os motivos de seu 
descumprimento, analisando inclusive a possível existência de 
má fé. 
Durante a análise destes, o juiz deverá levar em consideração as 
condições em que o contrato foi firmado, o nível cultural dos 
contratantes, bem como os momentos históricos e 
socioeconômicos do momento em que o contrato foi celebrado. 
Esta análise auxiliará o magistrado na busca pela real vontade 
das partes no momento da celebração. 
Boa Fé Objetiva 
Com relação à boa fé objetiva, é necessário enfatizar que os 
contratantes ingressam no negócio jurídico com boa fé, sendo a 
má fé inicial e preexistente uma aberração e exceção do negócio 
jurídico, devendo ser analisada desta forma e severamente 
punida pelo juiz. 
44 
 
A boa fé objetiva constitui uma cláusula geral, ou seja, uma 
verdadeira presunção de que as partes agirão de forma correta 
durante todo o contrato. Na boa fé subjetiva o sujeito acredita que 
sua conduta está correta, baseado no seu conhecimento e na sua 
experiência negocial. 
A boa fé objetiva será sempre o ponto de partida para a 
interpretação contratual. 
Contrato com Cláusulas Predispostas 
Este tipo de contrato surge de uma nova realidade social, qual 
seja, a contratação em massa, motivada em sua grande maioria 
pelas relações de consumo. Este fenômeno torna anônima uma 
das partes até o momento do inadimplemento, aonde o 
contratante individual lesado buscará identifica-lo. 
Esta nova realidade contratual não permite que haja uma 
individualização e contratação, pois há uma exigência de 
automatização da relação contratual com o intuito de facilitar e 
agilizar as negociações aumentando assim as vendas. 
Contrato de Adesão 
Trata-se do contrato que traz todas as cláusulas predispostas

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