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Direitos da Personalidade
Paulina dos Anjos Teixeira
Conceito de Direito da Personalidade
Os direitos da personalidade são os direitos subjetivos da pessoa de defender o que lhe é próprio, ou seja, a sua integridade física (vida, alimentos, próprio corpo vivo ou morto, corpo alheio vivo ou morto, partes separadas do corpo vivo ou morto); a sua integridade intelectual (liberdade de pensamento, autoria científica, artística e literária); e a sua integridade moral (honra, imagem, recato, segredo profissional e doméstico, identidade pessoal, familiar e social). (Lenza, 2011, p.888)
        Os direitos de personalidade, por não terem conteúdo econômico imediato e não se destacarem da pessoa de seu titular, distinguem-se dos direitos de ordem patrimonial.
        Os direitos de personalidade são inerentes à pessoa humana, estando a ela ligados de maneira perpétua, não podendo sofrer limitação voluntária.
Fundamentos
Os direitos da personalidade dividem-se em duas categorias: os inatos, como o direito à vida e à integridade física e moral; e os adquiridos, que decorrem do status individual e existem na extensão da disciplina que lhes foi conferida pelo direito positivo, como o direito autoral.
A escola positivista insurge-se contra a ideia da existência de direitos da personalidade inatos, sustentando decorrer a personalidade não da realidade psicofísica, mas da sua concepção jurídico-normativa130. Tal ideia, no entanto, é combatida por falta de adequação ao nosso ordenamento jurídico131. A escola de direito natural, diversamente, é ardorosa defensora desses direitos inerentes à pessoa humana, prerrogativas individuais que as legislações modernas reconhecem e a jurisprudência, lucidamente, vem protegendo.
Nessa ordem de ideias, os doutrinadores em geral entendem que caberia “ao Estado apenas reconhecê-los e sancioná-los em um ou outro plano do direito positivo — em nível constitucional ou em nível de legislação ordinária —, dotando-os de proteção própria, conforme o tipo de relacionamento a que se volte, a saber: contra o arbítrio do poder público ou as incursões de particulares”.
Proteção aos direitos da personalidade
A proteção dos direitos da personalidade dá-se em vários ramos do ordenamento jurídico. Assim, dependendo do direito atingido e do interesse visado, a resposta pode ser das diferentes formas:
a) Preventiva: objetivando evitar a concretização da ameaça de lesão ao direito da personalidade.
b) Repressiva: caso a lesão já tenha ocorrido, ocorre repressão por meio da imposição de sanção civil (indenizatória) ou penal (criminal).
A esse respeito dispõe o art. 12 do CC/2002: “Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções revistas em lei. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau”. Assim, observamos que a proteção ao direito da personalidade atinge tanto o lesado direto (a vítima) ou o lesado indireto (que seja, de alguma forma, atingido pela lesão do direito de personalidade de outrem).
Outro ponto que sucinta confusão é o fato de que, em regra, as pessoas jurídicas não teriam direito a reparação de dano moral subjetivo, pois não teriam as capacidades para ter tais sentimentos. No entanto, as pessoas jurídicas podem sofrer dano moral objetivo, pois estão sujeitos aos danos causados pelo desrespeito a seu nome, moral, confiança ou qualquer outros atributos que tenham perante a sociedade.
Dos atos de disposição ao próprio corpo
Os atos de disposição do próprio corpo tratam da escolha própria do indivíduo em relação ao seu físico. Trata-se de um assunto de difícil discussão, em especial quando a vontade da pessoa vai contra a integridade do seu corpo.
Dispõe o art. 15 do CC-02: “Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou intervenção cirúrgica”. Assim, cabe ao doente ou ao seu responsável aceitar ou não um tratamento, quando de alto risco, sendo recomendado o registro escrito da escolha. Entretanto, em caso de necessidade súbita, como em uma parada cardíaca, o médico deve realizar o tratamento, assumindo a responsabilidade.
De uma maneira geral, ninguém pode atentar contra a própria vida, o que também inclui a automutilação.
Assim sendo, a doação de órgãos inter vivos só é permitida quando se tratar de órgãos duplos, parte de órgãos ou tecidos, sem que haja risco ou prejuízo à vida do doador, e por necessidade indispensável do receptor, sendo proibida a relação comercial de partes do corpo.
Do tratamento médico
 A pessoa capaz tem o direito de recusar o tratamento médico ou a intervenção cirúrgica que possa colocá-lo em risco de vida. Aparentemente a interpretação literal do dispositivo constante do art. 15 do novo Código Civil poderia levar ao entendimento de que tal direito de recusa ao tratamento médico arriscado, por se tratar de direito da personalidade, constitui valor absoluto que deva imperar em face de quaisquer outros valores. Mas, na verdade, assim não é, pois não se pode extrair da nova disposição a autorização para o suicídio ou mesmo a eutanásia, temas que, mais uma vez, devem ser tratados com os valores antes mencionados da Bioética. A autonomia da vontade, como princípio da organização social e que é a fonte da norma que se extrai do dispositivo ora em comento, não pode ser colhida como ilimitável poder do indivíduo na regência de seu próprio destino, pois a Ética e o Direito exigem de nós o dever de lutar pelos próprios direitos, entre os quais estão a vida e a saúde. (12) Matilde Carone Slaibi Conti, Ética e Direito na manipulação do genoma humano, Rio de Janeiro, Editora Forense, 2001, pp. 16 e segs.     A vida e a saúde, como direitos da personalidade, são direitos indisponíveis, os quais não pode o titular abdicar, o que, por si só, limita, em muito, a sua autonomia de vontade. A Ética Médica manda que o profissional leve ao conhecimento do paciente ou, se ele estiver incapacitado, dos integrantes de seu núcleo familiar, tudo o que for relevante para o conhecimento e para que possa decidir sobre as alternativas que se apresentam. Cumprindo tal mandamento ético, o profissional deverá atentar sobre a capacidade de cognição e de autodeterminação do paciente e de seus familiares para que o dever de informação não se transforme em mero ritual meramente formal, sem sentido prático. Se ao juízo do médico, como o detentor do saber da Medicina, o tratamento médico ou a intervenção cirúrgica afastam, com alguma probabilidade, o risco de vida, incidirá o profissional nas sanções penais e éticas que conduzirem ao abandono do seu dever de socorro aos necessitados. Também é muito comum que motivações religiosas conduzam o paciente a recusar certos tratamentos como, por exemplo, a transfusão de sangue. Ainda nestes casos, estará o juiz submetido em seu julgamento à ponderação de valores que se mostram antagônicos, quais sejam, o direito fundamental da pessoa à convicção religiosa e os deveres jurídico e moral do paciente e do médico de garantir a vida e a saúde. Do disposto no art. 15 do novo Código Civil extrai-se norma de evidente conteúdo liberal, garantidor da autonomia da vontade, protegendo a individualidade, a privacidade, a intimidade como direitos da personalidade, assim como faz o disposto no art. 1.513 ao proibir, a qualquer pessoa, de direito público ou privado, interferir na comunhão de vida instituída pela família. Reafirme-se: são comandos legislativos que asseguram a individualidade, mas não podem ser interpretados de forma a conspirar contra os direitos da personalidade. 
Do Direito ao nome
A palavra nome deriva do latim nomen, do verbo noscere ou gnoscere (conhecer ou ser conhecido).
Dispõe o artigo 16 do Código Civil que toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome. O nome é o sinal que caracteriza o indivíduo na família e na sociedadee o diferencia, ao lado de outros elementos de individualização, dos demais membros do grupo.
De Plácido e Silva, fazendo referência ao nome civil, o conceitua como "o sinal de identidade, instituído pela sociedade, no interesse comum, a ser adotado obrigatoriamente pela pessoa" (1993: 245).
Carlos Roberto Gonçalves (2003: 51) o define como a "designação pela qual a pessoa identifica-se no seio da família e da sociedade".
Constitui o nome uma necessidade elementar de identificação e, nesse sentido, leciona o ilustre Spencer Vampré (1935: 38), o primeiro grande estudioso do nome civil no Brasil: "Quando pronunciamos, ou ouvimos um nome, transmitimos ou recebemos, um conjunto de sons, que desperta nosso espírito, e no de outrem, a idéia da pessoa indicada, com seus atributos físicos, morais, jurídicos, econômicos, etc. Por isso, é lícito afirmar que constitui o nome a mais simples, a mais geral e a mais prática forma de identificação".
Proteção a palavra a imagem
Trata do direito à honra, à imagem e à identidade.
O direito à honra pode ser objetivo, tratando da reputação da pessoa e de sua fama na sociedade, ou subjetivo, correspondendo ao sentimento pessoal de estima. Entenda-se, para esclarecimento e exemplo, que os delitos de calúnia, difamação e injúria ferem a moral.
Sobre a imagem, diz o CC-02 no art. 20:
Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.
Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho conceituam imagem como “a expressão exterior sensível da individualidade humana, digna de proteção jurídica”. Importante destacar que não somente a utilização não autorizada da imagem de uma pessoa, mas também o desvio da sua finalidade original autorizada configuram violação do direito. Assim, se alguém disponibiliza sua imagem para uma publicidade em revista, mas é utilizada na televisão, houve infração.
Por fim, o direito à identidade protege os elementos que distinguem a pessoa no meio social, ou seja, todos os identificadores da pessoa, como o nome e pseudônimo, por exemplo.
Proteção à intimidade
O direito à intimidade é considerado quase sempre como sinônimo de direito à privacidade, porém a intimidade se caracteriza como a esfera secreta da vida do indivíduo na qual ele tem poder de evitar a intromissão dos demais, sendo uma das manifestações do direito à privacidade, tendo assim, uma abrangência mais restrita.
Carlos Alberto Bittar leciona que a intimidade assume superlativa importância no contexto psíquico do ser humano, naquilo em que ele tem de mais secreto e não deseja compartilhar, exceto com as pessoas que lhe são muito próximas e confidentes. Sobre a abrangência desse direito, Bittar acentua: 
No campo do direito à intimidade são protegidos, dentre outros, os seguintes bens: confidências; informes de ordem pessoal (dados pessoais); recordações pessoais, memórias; diários; relações familiares; lembranças de família; sepultura; vida amorosa ou conjugal; saúde (física e mental); afeições; entretenimentos; costumes domésticos e atividades negociam reservados pela pessoa para si e para seus familiares (ou pequeno circuito de amizade) e, portanto afastados da curiosidade pública.
Portanto, tem-se uma perfeita distinção entre intimidade e privacidade pois enquanto a primeira pertence ao indivíduo, na qual se rejeita qualquer intromissão, a segunda, pode até ser dividida com seu núcleo familiar, com os amigos, mas o traço característico de ambas reside no fato de se não se permitir que esses atributos da individualidade se tornem conhecidos por outrem.

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