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Maquiavel / Jean Bodin/ Grócio/ Hobbes/ Lock/ Rousseau/ Kant/ Savigny/ Hegel/ Kelsen/John rawls

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Filosofia do direito 
Maquiavel / Jean Bodin/ Grócio/ Hobbes/ Lock/ Rousseau/ Kant/ Savigny/ Hegel/ Kelsen/John rawls
Filosofia do direito no renascimento e na modernidade 
Nicolau Maquiavel (1469/1527): O PODER X DIREITO
 Entre a época medieval e a moderna, surgiu a Renascença, fato histórico que se caracterizou de um lado, pela necessidade de revisão do pensamento vigente, e de outro, pelo interesse no estudo da antiga cultura grega e romana. Importantes acontecimentos provocaram a inquietação nos homens. Entre eles se destacam a reforma protestante e a “revolução cientifica” (período quando a humanidade inicia o processo de deixar de lado a religiosidade e começa a crer mais na ciência como forma de conhecer e entender o mundo que o rodeia)
O vigoroso movimento intelectual atingiu não somente o setor das artes em geral, mas alcançou ainda o domínio das idéias políticas, filosóficas e jurídicas, especialmente com Nicolau Maquiavel, Bodin e Hugo Grócio.
A partir da concepção ideológica do Estado, fundado este na razão, cogitou-se da ordem jurídica lastreada na ideia de um Direito Natural baseado no homem e não de origem divina.
Maquiavél , homem mais político que filósofo, foi um dos primeiros a tratar a ciência política com o espírito dos novos tempos, fundando-se na observação histórica e psicológica, distanciado de qualquer preocupação dogmática. Foi principalmente um homem de ação. Só quando se retirou dos afazeres de Estado para a vida privada compôs suas principais obras, entre as quais se destacam O Príncipe, de 1513.
O Estado é tudo para Maquiavel. Entre a sociedade e o Estado, Maquiavel escolheu totalmente o Estado. O que ele quer é o poder. Que Estado é esse, para Maquiavel? Estado Nacional Soberano. Só a direito dentro dos estadose é o poder que se exerce a serviço da manutenção do príncipe em seus interesses, o desenvolvimento do principado (Estado). Maquiavel é obcecado pela ideia de permanência no poder. 
O Direito, para Maquiavel, é um instrumento de poder. É aquilo que o poder defende como sendo de direito! O Direito é um instrumento na mão do Estado, um instrumento de poder. Pois o poder dá efetividade ao direito e este só existe no estado.
Maquiavel. É fundador da Filosofia do Estado moderno.
Jean Bodin (1530-1596) : Teoria da soberania
 Trata da organização do Estado com método racional, não dogmático; é, por isso, um dos precursores da nova ciência política.
Absolutista assim como Maquiavél, Bodin afirma que em todo Estado deve existir um poder supremo, uno e indivisível (não há Estado sem poder soberano). São caracteres essenciais da soberania o absolutismo e a perpetuidade. A soberania compreende, em primeiro lugar, o direito de fazer leis. Mas aquele que faz as leis, segundo Bodin, não pode a elas estar sujeito; permanece, assim, superior a elas. O soberano está sujeito apenas às leis divinas e naturais, cujo império reafirma. Na ordem jurídica positiva, a soberania é necessariamente absoluta: aquele que é dela investido é superior à lei, e para com o soberano existem deveres, e não direitos. Assim, nenhum direito à rebelião contra o tirano (como sustentado por algumas escolas); e, da mesma forma, nenhum direito do cidadão contra o Estado. A liberdade é, desta forma, sacrificada à autonomia estatal.
A soberania, com todos os seus caracteres próprios, pode pertencer, segundo Bodin, tanto a um monarca como ao povo, ou a um corpo de nobres. É claro que, com isso, Bodin (contrariamente a quanto foi considerado depois, por exemplo, por Roussseau) confunde a soberania com o governo. Distingue, portanto, três formas de soberania ou de governo: monarquia, aristocracia e democracia. Para Bodin, a soberania, que é una por natureza, encontra na monarquia a sua natural expressão.
Hugo Grócio (1583-1645) A afirmação da razão com fonte do direito. 
Buscava o principio da justiça e que este estivesse acima de todos os estados e prevalecesse ainda mesmo durante a guerra. 
Procurava regular a razão de estado maquiavélica. 
Dedução racional dos princípios do direito:
- abster-se dos bens alheios = propriedade
-manter a palavra dada = manter o contrato
-reparar qualquer dano causado = responsabilidade.
 O humanista e jurisconsulto holandês, autor de De Jure Belli et Pacis (1625), alcançou projeção por seu pensamento jusnaturalista e estudos sobre o Direito das Gentes. Enquanto na Idade Média o Direito ficou subordinado à Teologia, com Hugo Grócio o fenômeno jurídico obteve outra visão. Apoiado em princípios racionais, o Direito não seria uma revelação divina, mas “conjunto de normas ditadas pela razão e sugeridas pelo interesse da sociedade”. De modo veemente declarou que o Direito Natural independia da vontade divina. O Direito Natural seria acessível ao conhecimento mediante dois caminhos: com o método a priori, ao verificar-se que a máxima se encontra de acordo com a natureza racional ou social; pelo a posteriori, com a constatação de que os povos civilizados adotam idêntico critério ou solução de justiça. A natureza humana por sua dimensão social, seria o fundamento do Direito Natural. Foi a partir desta visão racionalista que se originou a chamada Escola Clássica do Direito Natural, da qual Hugo Grócio foi o seu primeiro corigeu e que se estendeu até o séc. XVIII, quando atingiu o apogem com a filosofia de Rousseau.
Hugo esposou da ideia de que o estado se origina do contrato social rousseauniano, porém para ele não seria um fato apenas presumido e sim histórico sem o qual a sociedade não subsistiria, pois só cumprindo os acordos se poderia determinar a ordem jurídica e elaborar o conjunto dos direito civis. Reconhece-se pois a partir de Grócio o direito natural não mais como cósmico ou divino, mas sim como emanado da natureza do homem disto se promoveu a laicização do Direito Natural, ao indicar a natureza humana como a sua fonte e apontar a razão como via cognoscitiva.
Os contratualistas 
Thomas Hobbes: (1588 – 1679) Troca da liberdade por segurança o contrato social.
 O homem é lobo do próprio homem. 
Alienação da liberdade
Estado de natureza- estado sem lei cada um faz a sua própria.
Liberdade natural- ausência de impedimentos externos, não há pois obstáculos para realizar minha vontade.
Direito natural – é o poder que o ser racional tem de fazer qualquer coisa para proteger sua vida
Contrato- alienação da liberdade em troca da segurança normativa (nova forma de legitimar a lei, perda da pessoa de fazer suas próprias leis) 
Leviatã (o estado) : báculo + espada (poder + forca) báculo do bispo é o poder de Deus e espada dos soldados a forca que oprime) = Monopólio da forca pelo estado. O leviatã é uma espécie de mostro que tem seu corpo constituído do corpo dos outros e a vontade do leviatã não é a soma das vontades dos indivíduos que o compõem, mas sim a vontade única do soberano. 
Não é possível mais desfazer o contrato, pois os indivíduos trocaram a liberdade natural e por isso não mais podem ter vontades naturais muito menos manifesta-las. 
Exceção: Disposição arbitrária da vida do súdito ( não gostou kirida, morre que passa)
 Hobbes negava ao homem a condição de animal social. Ele retratou o homem como o ser naturalmente egoísta e agressivo, devotado apenas aos seus interesses e insensível a sorte de seus semelhantes. A criação do Estado teria reprimido a sua tendência de ser o lobo do próprio homem e evitado a guerra total. A fim de superar as adversidades do estado de natureza, os homens teria celebrado o contrato social, e em consequência, constituído a sociedade, o Estado e o Direito. Defendia que o Estado deveria ser suficientemente forte, afirmando sua doutrina política do absolutismo. A celebração do contrato social implicaria no acatamento, pelos súditos, de todos os atos do soberano, que não poderia ser deposto, porquanto representante de cada homem.
Divisão das leis: Distributivas e Penais.
Distributivas: O estado estabelece o tipo de contrato que há na sociedade, casamentos, propriedades e etc.
Penais: função punitiva.A pena tem haver com vingança, quer devolver o mal causado. 
Propriedade: Para Hobbes, não e natural ninguém tem propriedade no estado de natureza essa e uma noção que nasce a partir do contrato social. É um contrato que regula o uso, consumo, disposição sobre coisas, espaços e seres. 
Justiça: Manter a validade dos contratos. É uma noção natural assim como o contrato.
Religião: Confinada a subjetividade, no âmbito publico é substituída pela legalidade do direito, no âmbito privado há concepção inicial de estado laico o estado apenas regula os efeitos da religião em publico. 
John Locke (1632-1704) liberdade delegada
- Também não admite a origem divina do poder real. O poder político seria uma construção humana, derivado de um ato voluntário e consensual, pelo qual as pessoas celebrariam um contrato e fundariam a sociedade.
Os direitos naturais já foram reconhecidos na natureza e chegam a ser respeitados, diferentemente do que ocorria em Hobbes. O Estado deve preservá-los, colocando-se como um continuador dos mesmos, pois seu papel é aperfeiçoar o que já havia antes de sua existência, e não suprimir os direitos. As leis devem reconhecer os direitos naturais, positivando-os. Na própria natureza o indivíduo perceberia que precisa de um espaço para projetar sua personalidade e realizar-se, reconhecendo a propriedade privada como um direito natural. Além disso, a espécie humana seria capaz de modificar seu destino, modificando a natureza por meio do trabalho, outro direito natural. Por fim, ao modificar a natureza as pessoas tornar-se-iam livres, sendo a liberdade mais um direito natural. Propriedade, trabalho e liberdade deveriam ser respeitados e protegidos pelo Estado, que ainda evitaria as guerras que os ameaçam. No caso de Locke, surge uma dupla obrigação: os súditos devem obedecer ao Estado, mas este deve respeitar os direitos naturais.
Para Locke o papel do Estado é promover o respeito às direitos naturais. Seu dever não é apenas garantir a segurança, mas garanti-la sem violar injustamente a liberdade. Inaugura-se o paradoxo liberal: o mesmo Estado que comanda, determina, limita, deve fazê-lo para garantir o máximo possível de liberdade. Ora, em outras palavras, o Estado deve limitar a liberdade (criando leis) para garantir a liberdade (eis o paradoxo).
Com Locke o exercício da soberania deixa de ser absolutista e totalitário, como era em maquiavél, Hobbes e Bodin, passando a haver uma divisão de competências no seu exercício, com isso internamente o poder se torna limitado.
Direitos naturais: Vida, liberdade, propriedade (trabalho)
Razão: resolve os conflitos sem uso da forca, nos concede os direitos naturais
Dever do estado : conservar e regular as propriedades, organizar uma forca comum, garantir os bens públicos. 
Em Locke você não é obrigado aceitar decisões arbitrais, por que sua liberdade foi delegada e não mais trocada como em Hobbes, isso dá o direito de dissolver o contrato. 
Direito de revolta - resistência.
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) 
 Difere dos demais em muitos aspectos. Não considera, por exemplo, a sociedade humana como melhor do que a vida na natureza. Ao contrário, ele a responsabiliza pela degeneração moral da humanidade: ela desperta paixões artificiais, como a ganância, a ambição, a vaidade, a cobiça, a luxúria, entre outras. Seu pensamento é crítico e propõe mecanismos para corrigir a civilização, restaurando o contrato social. Também de modo inusitado, Rousseau considera o ser humano como essencialmente bom, inaugurando a perspectiva do bom selvagem, ou seja, de que as pessoas seriam, na natureza, puras, incapazes da maldade, dotadas de amor próprio e de amor pelo próximo, respeitando-se, portanto, mutuamente. Segundo Rousseau a explicação seria a busca pela perfectibilidade, ou a busca pelo aperfeiçoamento, pela melhoria.
Vivendo na natureza, as pessoas padecem de limitações decorrentes das oscilações climáticas e da falta de controle sobre a produção alimentar, podendo passar fome ou frio, ou ainda correndo riscos ao se deparar com outras espécies animais. Para aperfeiçoar sua existência, os seres humanos celebrariam o contrato social, fundando a sociedade e dividindo o trabalho. Mas, durante esse processo, as pessoas dariam um “passo em falso”, cometendo um erro: num momento, alguém teria demarcado um pedaço de terra no chão e dito “é meu!”, instaurando a propriedade privada. A partir daí, começariam as desigualdades entre os homens e a consequente corrupção de seus caracteres.
Para Rousseau ser livre significa agir conforme sua vontade, seguindo as normas criadas por si mesmo. Dito doutro modo, ser livre é obedecer-se.
Estado de natureza: As desigualdades são contingentes e limitadas. 
Fim do estado de natureza = Nasce a Propriedade: Constituição de um poder para proteger a propriedade não é um direito natural para Rousseau, como é para Locke. Aprofundamento das desigualdades
Contrato social: troca da liberdade natural pela liberdade civil
Democracia direta
Não e possível direito de revolta. 
A vontade geral deve assegurar a liberdade a igualdade e a justiça mesmo sendo contra a vontade da maioria. Não é por que a maioria concorda com algo que este deve ser a vontade geral a vontade geral, visa realizar a liberdade civil e autonomia da população.
Kant (1724-1804): Conhecimento, ação e direito
A Metafisica dos costumes:
Kant admite que as coisas tenham existência material, independentemente dos sujeitos e de sua racionalidade. Essa existência material é percebida pelas pessoas por meio da sensibilidade (audição, olfato, paladar, tato e visão). Ocorre que nós não conseguimos, todavia, captar toda a existência do objeto por meio dos sentidos. A parte do objeto que captamos chama-se fenômeno; a totalidade do objeto, sua essência, não apreensível pelos sentidos, chama-se númeno.
A liberdade: Ser livre e ser moral. É a capacidade de agir somente por sua razão sem nenhum tipo de condicionamento, ser livre é respeitar a autonomia, sua e a do outro. Para Kant a liberdade permanece a maior parte do tempo como mera possibilidade, mas é essa possibilidade que nos fornece os parâmetros absolutos das noções de certo/errado, justo/ injusto. Como é impossível ser sempre livre a implementação do direito positivo/organização/uso da forca se tornam necessários. 
Imperativo categórico: “faca somente o que possa servir a uma lei universal” A regra é: agir somente de um modo que possa ser universalizável.
Enquanto seres morais estamos submetidos duas ordens legais: 
Imperatividade do dever: autonomia (agir por dever) A autonomia é a capacidade de autodeterminação. Um agente qualquer só pode ser 
considerado autônomo quando suas ações são verdadeiramente suas e não motivadas por 
influências ou fatores externos.
Legalidade do direito: Heteronomia (agir conforme o dever) a vontade é ditada pelos objetos do desejo e não mais pela razão. 
Pessoa: Tem dignidade- exige ser tratada como um fim em si mesmo. É qualquer ser capaz de autodeterminação , ou seja tem consciência de si e é capaz de afirmar sua vontade
Coisa : Tem preço- pode ser usada como meio. Qualquer incapaz de autodeterminar sua vontade. 
A essência do direito é a coação 
Uma norma que obriga a comportamentos que vão contra o dever moral, não merece ser chamada de direito, nesse caso trata-se apenas de uso arbitrário da forca. 
Para Kant o direito não deveria restringir a liberdade por que qualquer pessoa que segue a moral não será sujeita a sanção, embora seja quase impossível ser livre, essa coação deve ir a quem não é livre. A coação se direciona a quem não e livre, ou seja não segue a moral. Para Kant, a sanção do direito não restringe a liberdade. A coação deveria protege-la. 
Direito: conjunto de condições sob as quais o arbítrio de cada um pode se conciliar com o arbítrio dos demais, segundo uma lei universal de liberdade (lei do dever – autodeterminação). 
Estrutura da teoria universal do direito
Direito privado: Base de tudo. Sinônimo de direito natural.Exercício da autonomia. (Explicação mais pra baixo)
Direito real: direito estabelecido em relação as coisas. 
Direito pessoal: direito entre pessoas
Direito pessoal de tipo real
Direito público: sinônimo de direito positivo. Construído coletivamente. 
Direito do Estado: direito penal
Direito internacional: direito das gentes e direito cosmopolitano. 
Estado de natureza: (ideia regulativa, nunca existiu. Só se pode imaginar): direito natural privado: justiça comutativa. 
Contrato: exigência da razão pura: “deves, com todos os outros, sair do estado de natureza para entrar sob uma constituição civil”
Estado civil: direito positivo (regras artificialmente criadas para a vida em sociedade) público: justiça distributiva (de cima para baixo).
DIREITOS NATURAIS (direito privado): exercício da autonomia. 
Direito Real (res = coisa): são adquiridos originalmente com base na “posse inteligível” (não é só a posse física, é a disponibilidade de uso da coisa). Disponibilidade para uso. É baseado numa posse originária. 
Comunidade original da terra: qualquer pessoa tem posse sobre qualquer coisa do mundo. Tudo é de todo mundo, originalmente. Porém, por termos corpos, tudo não pode ser de todo mundo sem que haja conflito. É aí que entra a necessidade do direito positivo
Propriedade: serve para proteger o direito real (proteção feita pelo Estado). O direito positivo estabelece uma exclusividade sobre a disponibilidade do uso da coisa. 
**Limite do direito real é usar pessoas como meio de autodeterminação (como escravidão, por exemplo). 
Direito Pessoal: (entre pessoas) Só se constitui por transferência (se a pessoa te dá o direito, você pode ter o direito sobre ela). Só pode ser adquirido por “transmissão” (e transmissão por vontade livre: declaração simultânea das vontades. Ex.: posse da promessa do outro).
Direito Pessoal de tipo Real: trata-se do direito de uma pessoa de usar a outra como coisa.
Ex:
(Posse do estado do outro em relação a mim. )
Direito Conjugal
Direito dos Pais
Direito do Chefe de Família
DIREITO POSITIVO (direito público): constituição de uma ordem comum. 
Direito do Estado: usado para organizar a vida em sociedade. Isso se dá com a organização política do uso da força. Serve para otimizar a autonomia do indivíduo.
DIREITO PENAL: Kant critica as teorias penais utilitaristas e defende uma concepção retributiva.
Retributiva: retribuir o mal causado, não no sentido de vingança, mas reparar as ofensas à autonomia. 
	Kant não acredita que o direito penal tem uma utilidade social, isso serial imoral, pois estaria usando a pessoa como meio para uma finalidade, mesmo que esse fim fosse bom para a sociedade. 
Pessoa não tem preço, tem dignidade: segundo Kant, a pena deveria ser aplicada em respeito à dignidade do indivíduo. Deve ser pensada para reparar e retribuir. 
Da mesma forma que Kant acredita ser imoral aplicar a pena à um inocente, acredita ser imoral alterar esta pena. 
CÁLCULO DA PENA: jus talionis: lei de talião, pensando não em função da vingança, mas da autonomia. Deve pensar na autonomia da pessoa! 
	“Qualidade + Quantidade” da ofensa à autonomia
Ex. de quantidade: lesões corporais leves ou graves.
Direito Internacional
Direito das gentes (relação entre Estados) – direito dos povos: busca da paz entre povos, não mais entre pessoas. (Busca da paz é uma obrigação moral). 
Paz não é falta de conflitos, mas sim a resolução de conflitos através do direito. 
Portanto, o “Direito das gentes” é uma busca de ordem mundial. 
“(Con)Federação de Estados Livres (ONU): organização/paz entre povos. Cada Estado manteria a sua soberania. 
Direito Cosmopolitano: relação dos indivíduos com os Estados. É um direito do indivíduo conhecer o mundo e ser bem recebido
A FILOSOFIA DO DIREITO NO SÉCULO XIX 
(Oposição ao iluminismo)
Historicismo: história como parâmetro de pensamento. Histórico é o que se transforma, se desenvolve, etc.). 
Positivismo: trata da norma posta, da ordem vigente. 
Ambos mostram o deslocamento do parâmetro da razão para a história.
DEDUÇÃO (se caracteriza pela universalidade) X INDUÇÃO (parte de observações empíricas. Se caracteriza pela probabilidade)
ESCOLA HISTÓRICA DO DIREITO
SAVIGNY (1789 - 1861)
	O direito não é uma criação arbitrária de um legislador, nem da dedução pura da razão, mas uma produção histórica do “Espírito do Povo” (Volkgeist). 
Principal fonte do direito: costumes (não é produto da vontade das pessoas, é uma evolução espontânea. Falta de costumes leva à barbárie). 
Língua (Direito) Gramática (Direito positivo - sistematização ou regras da língua).
** O povo é um ser vivo marcado por forças interiores e silenciosas que segrega uma espécie de consciência popular, o espírito do povo (Volksgeist). O povo é anterior e superior ao Estado e é do espírito do povo que brota tanto a língua como o direito, consideradas produções instintivas e quase inconscientes que nascem e morrem com o próprio povo. No caso específico do direito, o costume teria de ser mais importante do que a lei, porque o que emana do Volksgeist tem de estar numa posição superior aos próprios ditames do Estado. **
Crítica ao projeto de codificação positivista: Savigny defende que não precisamos de um código, mas de um método. (Método de intuição jurídica dos institutos jurídicos – MÉTODO HISTÓRICO: é o que permite interpretar a lei). 
HEGEL (1770 – 1831) 
Identificação do panteísmo de Espinosa com a história. (Deus não é algo transcendente, mas imanente: ele é tudo). 
Hegel transforma esse Deus de Espinosa em história: para ele tudo faz parte de um processo histórico. TUDO É HISTÓRIA 
“SER É DEVIR”: o ser é a essência, é algo imediato, é o puro devir, que é a modificação, o fluxo constante de transformação. 
Dialética: é a lógica da própria história. Tudo é um processo dialético. Processo cíclico: tese antítese síntese tese ... é a estrutura da sociedade. Os conceitos são contraditórios e um faz sentido
Hegel redefine o princípio de não contradição: o princípio de contradição/não contradição aristotélico era que uma coisa não podia “ser” e “não ser” ao mesmo tempo. Hegel nega isso e coloca a contradição como o motor da história; para ele, tudo “é” e “não é” ao mesmo tempo. 
**A distinção entre “ser” e “dever ser” é arbitrária
A liberdade se realiza como espírito (modo de realização da liberdade, que começa com o espírito subjetivo, vai para o objetivo e depois absoluto).
Espírito Subjetivo: primeira forma de encarnação da liberdade. É a nossa consciência, nossa capacidade de pensar. É estruturado em:
Consciência: conhecimento das coisas, de tudo aquilo que se opõe a você. É o conjunto das experiências (objeto). 
Autoconsciência: conhecimento experiência ou conceito sobre você mesmo (sujeito).
Razão: relação entre consciência e autoconsciência. Ser racional é ser capaz se decidir, pensar, ser autônomo. 
Posição da razão no mundo:
Linguagem: se manifesta fisicamente
Luta: relação entre espíritos e sujeitos. Toda relação de um indivíduo com o outro é de luta. 
Trabalho: é a organização coletiva de espíritos. Não é uma atividade isolada, é coletiva.
Cai na prova (critica ao direito)
 Espírito Objetivo: Todo povo tem regras morais, regras são históricas. é a civilização, a sociedade. Não é mais um indivíduo, mas sim a coletividade organizada. É outro grau de realização da liberdade. Sua base é a Eticidade (diferente da moral e do direito)
Moralidade (subordina interiormente o espírito, a lei do dever): Hegel concorda com Kant, moral é exigência privada: você escolhe isso. Ser moral é ser livre. A diferença de Hegel para Kant é que Hegel acredita que a moral é tirada da sociedade. Cada sociedade tem a sua moral.
Direito: concorda com Kant que o direito é as normas dotadas de sanção. Hegel reconhece a personalidade de cada indivíduo, mas só pode regular a conduta externa dos mesmos. O direito está numa dialética com a moral. Possibilidade de coagir as pessoas, reconhece apersonalidade de cada um, mas apenas regula os comportamentos externos.
Eticidade: é a vontade do Estado ou da sociedade. É como se houvesse uma vontade própria, não uma soma de vontades dos indivíduos. 
Família: segundo Hegel, é uma associação não contratual. É o menor núcleo da organização social. É estruturada por regras morais e políticas. (Tese)
Sociedade civil: é um ambiente público. É o mundo do trabalho, da economia. Também é não contratual, pois o que determina as relações entre os indivíduos são relações de poder, e não pode ser escolhido quem vai mandar e quem vai obedecer. Não há negociação. (Antitese)
Estado: suas bases são a família e a sociedade civil. É uma relação contratual, pois o que vincula os indivíduos é a lei, não a necessidade ou as relações pessoais. Do ponto de vista formal, todos os indivíduos estão submetidos às mesmas leis. (Sintese)
A força não oprime o direito, mas o exprime. A força é a expressão do direito: a força que se impõe a uma sociedade é a expressão histórica do direito. 
Espírito Absoluto (consciência universal, plena e adequada consigo mesma): autoconsciência do próprio processo histórico. 
Arte: experiência estética: experiência universal: experiência empírica. É a materialização de algo universal. Intuição do universal. (Tese)
Religião: consciência do universal. Consciência mítica. (Antitese)
Filosofia: consciência do universal, mas é uma consciência conceitual, racional, transparente. (Sintese)
HANS KELSEN (1881 – 1973)
Positivista. Tudo é história e tudo é relativo. 
Objeto de estudo da teoria pura do direito: fato (sociologia), valor (justiça) e norma. 
Estado como sistema de normas.
**Norma: é o “dever ser” (não existe, é o significado, o sentido que acompanha o ser. O “dever ser” é independente do objeto, do ser. Só o acompanha) do “ser” (o que tem existência) ato de vontade (para que a vontade vire norma, precisa sair da cabeça do legislador e ser incluída no sentido normativo). 
Formas do “dever ser” (formas que a norma pode assumir):
Obrigação
Permissão
Atribuição de competência
Normas podem ter qualquer conteúdo: a norma é válida quando é criada por alguém que tem competência (possui hierarquia dentro do sistema) e possui o mínimo de eficácia (basta o reconhecimento de um grupo para essa norma ter eficácia.
Construtivismo transcendental
Ciências naturais: causalidade (causa e efeito). Sendo A, será B (“ser”). 
Ciências culturais: imputação (causa e consequência). Sendo A, deverá ser B. (“dever ser’). 
Conectivo linguístico verbo “ser”
A norma fundamental (grundnorm) no sistema normativo brasileiro: 
Constituição de 1988: pôde ser criada validamente por causa da emenda constitucional 26 da constituição de 1969, que é validada pelo capítulo que regula o processo legislativo da constituição de 69, que é validado pela Emenda Constitucional número 1, que é uma reforma da constituição de 67, que é validado pelo AI-5, que é a norma fundamental.
** Kelsen concebe o ordenamento jurídico como sendo um conjunto hierarquizado de normas jurídicas, que se estruturam de forma escalona e ordenada. **
NORMA GERAL (procura regular indistintamente o comportamento dos indivíduos. Não se dirige a ninguém em específico) X NORMA INDIVIDUAL (aquela que se dirige especificamente alguém. Ela individualiza alguém). 
Aplicação da norma: qualquer pessoa ou instituição que tenha competência.
Interpretação da norma: ato político, ideológico.
Teoria da norma como moldura: “quando o Direito é aplicado por um órgão jurídico, este necessita de fixar o sentido das normas que vai aplicar, tem de interpretar estas normas. ” (Kelsen)
DIREITO X MORAL (crítica à Kant)
	Toda norma regula comportamentos e toda norma é sempre prescrição de uma conduta sob ameaça de sanção. Toda norma pode ser reduzida a uma norma sancionada da conduta humana.
Direito: prescrição objetiva da sanção a ser aplicada; o sistema prevê. 
Moral: a sanção e subjetiva, é uma ameaça difusa, psicológica
Analise dos operadores morais : obrigatório, proibido, permitido
Lacunas: não existem lacunas (supostamente, falhas no sistema) em sistemas normativos. Para Kelsen, lacunas são ficções. Para Kelsen, não devem ser eliminadas, pois NÃO EXISTEM. 
“Esta teoria é errônea, pois funda-se na ignorância do fato de que, quando a ordem jurídica não estatui qualquer dever de um indivíduo de realizar determinada conduta, permite esta conduta”. (Kelsen, 1998, p. 273). 
Antinomias: conflito de normas (“uma norma determina uma certa conduta como devida e outra norma determina também como devida uma outra conduta, inconciliável com aquela”). Kelsen não acredita que sejam um defeito de sistemas normativos. Só não pode ter antinomia em excesso. Para Kelsen, quem acha que elas não devem existir, está confundindo o que é o direito. Ele não aceita a aplicação do princípio lógico da “não contradição” (princípio que não comporta ambiguidades; isto significa que a razão não concebe como verdadeira uma coisa que é igual e diferente de si mesma ao mesmo tempo).
Normas não autônomas: não prescreve no próprio enunciado a sua sanção. A sanção está pressuposta em outra norma, em outro lugar do sistema. A autonomia dela depende de outra.
Normas de conteúdo irrelevante: não prescreve uma conduta.
Estado: é o sistema de normas, como um todo, de um determinado povo em determinado momento histórico. 
Crítica ao direito subjetivo (faculdade de agir): Kelsen nega a existência de direito subjetivo, fundamentando-se na concepção normativista do direito, defende que a situação geralmente designada como direito de um indivíduo, não é outra coisa que não o próprio dever do outro (ou dos outros). 
JOHN RAWLS (1921 – 2002)
Justiça: trata das penas, dos indivíduos, da sociedade. Divide equitativamente os direitos e deveres de todos. 
	Rawls procura elaborar um procedimento prático por meio do qual os indivíduos possam estabelecer os princípios básicos de uma sociedade justa. 
Posição original (estado de natureza): na posição original todos compartilham de uma situação equitativa: são considerados livres e iguais. Em virtude do véu de ignorância, nada se sabe sobre posições religiosas ou morais, se são de doutrinas majoritárias ou minoritárias. O único princípio a ser aceito pelas partes na posição original é o da igualdade de liberdade de consciência. 
	O princípio da utilidade deve ser repelido, já que a liberdade não pode estar sujeita ao cálculo dos interesses sociais, que autorizariam a restrição daquela, se tal levasse a um maior resultado líquido de utilidade. A obtenção de maiores benefícios não justifica a restrição a uma liberdade de consciência. 
	“Na posição original, exclui-se o conhecimento de posições sociais, doutrinas abrangentes, raça, etnia, sexo, dons naturais, isto é, as partes escolhem sob o véu da ignorância, para assegurar um ponto de vista não egoísta de escolha. Como o conteúdo do contrato trata dos princípios de justiça para a estrutura básica, na posição original são estabelecidos
os termos justos da cooperação entre os cidadãos. Por isso é adotada a expressão justiça como equidade” 
(Mais sobre a teoria da posição inicial. É BASICAMENTE O QUE JÁ ESCREVI ALI EM CIMA). Conforme a teoria de Rawls, a única forma das pessoas em uma posição original escolherem os princípios justos – aqueles princípios que, pressupõe Rawls, seriam apresentados pela razão de cada um – seria imputar sobre esses legisladores iniciais um véu de ignorância, segundo o qual cada pessoa ignoraria todas as suas circunstâncias pessoais anteriores a essa situação hipotética. Essas pessoas desconheceriam suas condições financeiras como também seus próprios dotes naturais. Assim, por exemplo, se um legislador fosse um grande proprietário de terras e soubesse disso, seria difícil que ele concordasse que a distribuição equânime de terras fosse algo justo. Por outro lado, segundo Rawls, se fosse impossível para esses legisladores iniciais saberem se possuem terras ou não, seria mais fácil de ser concluído que a distribuiçãoequitativa de terras é algo justo, haja vista que os legisladores teriam receio de – após ser levantado o véu de ignorância – descobrirem que não possuíam quaisquer bens materiais. Desse modo, o egoísmo é o ponto que motiva a necessidade do véu de ignorância para a obtenção dos princípios da justiça.
Por conseguinte, a teoria de Rawls não procura um bem supostamente existente, mas sim procura construir um conceito de justo a partir do uso da razão e da vontade das pessoas.
Princípio de justiça (“a justiça é a primeira virtude das instituições sociais, como a verdade o é dos sistemas de pensamento”. Ele fala da justiça, sem a definir):
Princípio da liberdade (liberdade igual): correlaciona-se a um princípio de igualdade, reafirmando o direito legal às liberdades fundamentais e aos direitos invioláveis da pessoa humana, seja em sua estrita individualidade, seja no convívio social. Na posição original, os indivíduos sempre vão tentar escolher o máximo de liberdade. 
Princípio da igualdade: desigualdade é inevitável, pois os indivíduos são diferentes (as pessoas têm afinidades diferentes)
Princípio da diferença: do ponto de vista da posição original, a desigualdade só é justa se traz benefícios à sociedade, principalmente para quem se encontra “mais embaixo” (A desigualdade é legitimada se beneficia toda a sociedade). 
Princípio da igualdade de oportunidades: as desigualdades só se justificam se as pessoas têm capacidade de competir. 
Crítica à meritocracia
Crítica ao utilitarismo

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