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Imuno - 1

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1 
 
 
 
 
Programa de Educação Continuada 
a Distância 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso de 
 
Imunologia Clínica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EAD - Educação a Distância Parceria 
entre Portal Educação e Sites Associados 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso de 
 
Imunologia Clínica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para 
este Programa de Educação Continuada, é proibida qualquer forma de 
comercialização do mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados 
aos seus respectivos autores descritos na Bibliografia Consultada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores 
 
 
MÓDULO I 
SUMÁRIO 
 PÁG. 
1. Introdução a Imunologia e conceitos fundamentais da imunologia clínica 5 
1.1. Histórico 6 
1.2. Ontogenia e hematopoese 7 
1.3. Citocinas 9 
2. O Sistema Imunológico – componentes e organização funcional 11 
2.1. Resposta imune inata e adaptativa 15 
2.1.1. Complexo de histocompatibilidade principal 18 
2.1.2. Processamento e apresentação de antígenos 19 
2.1.3. Recirculação linfocitária 20 
2.1.4. Ativação dos linfócitos T e linfócitos B 21 
2.2. Sistema complemento 24 
2.2.1. Via Clássica 24 
2.2.2. Via Alternativa 25 
2.2.3. Via das Lectinas 25 
2.2.4. Regulação da ativação do sistema complemento 26 
2.2.5. Funções biológicas 27 
2.3. Anticorpos 29 
2.3.1. Descrição da estrutura molecular dos anticorpos 30 
2.3.2. Propriedades e funções dos anticorpos 30 
2.3.3. Abordagens sobre a geração da diversidade dos anticorpos 31 
2.3.4. Definição de afinidade e especificidade 32 
2.3.5. Características da reação antígeno e anticorpo 33 
3. Principais métodos imunológicos utilizados no diagnóstico clínico 33 
3.1. Reações de Precipitação 34 
3.1.1. Meio líquido 35 
3.1.2. Meio Gelificado 36 
3.2. Reações de Aglutinação 37 
3 
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 3.3. Reação de fixação do complemento 38 
 3.4. Reações de citotoxicidade 39 
 3.5. Reações imunológicas reveladas com marcadores 39 
 3.5.1. Imunofluorescência 39 
 3.5.2. Imunoenzimática 40 
 3.5.3. Radioimunoensaio 42 
 3.5.4. Citometria de fluxo 42 
 3.6. Avanços tecnológicos em Imunologia Clínica 44 
 3.6.1. "Immunoblotting" 44 
 3.6.2. PCR 47 
4. 
Determinação da eficiência das provas imunológicas através da 
sensibilidade e 
especificidade. 50 
5. Características gerais das infecções causadas por parasitas 52 
 5.1. Imunopatologia de infecções causadas por bactérias extra e intracelulares 54 
 5.1.1. Bactérias extracelulares 55 
 5.1.2. Bactérias intracelulares 58 
 5.2. Imunopatologia de infecções causadas por vírus 61 
 5.3. Imunopatologia de infecções causadas por fungos 67 
6. Doenças relacionadas ao sistema do complemento 71 
7. Doenças autoimunes 71 
8. Doenças imunoproliferativas 75 
9. Deficiências imunológicas 76 
10. Alergias 76 
11. Tumores 81 
12. Tolerância e regulação imunológica 82 
13. Imunizações 84 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
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1. INTRODUÇÃO A IMUNOLOGIA E CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA IMUNOLOGIA 
CLÍNICA 
 
 
 
A imunologia surgiu como um ramo da microbiologia e ganhou 
espaço com os estudos das doenças infecciosas e suas respectivas 
respostas. A nossa capacidade de coexistir com diversos microorganismos de 
nosso ambiente depende de um conjunto de fatores, e um destes fatores é o Sistema 
Imune. 
 
 
O Sistema Imune é um conjunto de células de defesa e/ou ataque eficaz que tem 
a capacidade de distinguir o que trás perigo para o organismo e protegê-lo contra estes 
patógenos oportunistas. Esta distinção ocorre por uma comunicação através 
de sinais mediados por citocinas e receptores. As células do sistema imune estão 
distribuídas por todo organismo, sendo encontradas alojadas nos tecidos 
desempenhando o papel de sentinela e circulando por vasos sangüíneos e 
linfáticos esperando o sinal de que o organismo foi invadido. 
 
 
 
 
Independente da localização da célula que compõem o Sistema 
Imune, estas apresentam uma característica comum, que é passar uma parte da sua 
vida na corrente sangüínea além de que todas se originam da medula óssea. 
 
 
Para que o Sistema Imune desempenhe bem o seu papel de defesa e/ou ataque 
é necessário que seus componentes diferenciem o próprio do não próprio. Desta maneira 
o que não for comum ao organismo será controlado e/ou eliminado. Embora as células do 
 
 
Sistema Imune interajam entre si ocorre uma classificação em dois grupos, as células que 
compõem a imunidade Inata, e células que compõem a imunidade Adaptativa. 
 
Uma vez entendido como os componentes do Sistema Imune interagem fica fácil 
discernir seu funcionamento na homeostase, bem como sua participação nos processos 
patogenéticos que possam acometer o organismo. No entanto, não há, 
talvez, situação mais clara que a participação do Sistema Imune na 
homeostase do organismo durante uma infecção. 
 
 
 
Sendo assim, ao entendermos os mecanismos de interação entre o hospedeiro e 
o patógeno fica clara a definição da Imunologia Clínica que tem o papel de investigar e 
orientar o clínico no diagnóstico das patogenicidades através de resultados 
de exames 
 
5 
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laboratoriais. O clínico precisa conhecer as estratégias traçadas pelo Sistema Imune para 
controlar e/ou eliminar os diferentes patógenos, além de saber as estratégias de evasão 
utilizadas pelos patógenos para driblar a defesa e o ataque do Sistema Imune. 
 
 
Obviamente, do ponto de vista imunológico, um determinado agente 
infeccioso não precisa se restringir a uma única estratégia patogênica, de 
modo que a resposta imune eficiente contra o determinado microorganismo pode 
incluir diversos mecanismos. 
 
O objetivo desta apostila é fundamentar a base imunológica do 
estudante interagindo os possíveis resultados laboratoriais pós-infecção 
mediante ativação do 
 
Sistema Imune com as estratégias de evasão dos eventuais efeitos patogenéticos. 
 
 
 
 
1.1. HISTÓRICO 
 
 
O conflito saúde versus enfermidade sempre existiu para todo tipo de espécie de 
ser vivo. E desde pré-história é comum encontrar em pinturas rupestres, de homens das 
cavernas lambendo suas feridas, tomando muita água e ficando próximos a 
fogueiras quando se tinha febre. 
 
 
No século XV ocorre o primeiro relato de que chineses e turcos 
tentaram introduzir imunidade através da variolação. E em 1546, Girolamo 
Frascatoro observou que o contágio de uma infecção, que passa de um 
para outro, se origina de partículas muito pequenas (imperceptíveis). 
 
 
Edward Jenner, em 1798 descreve o primeiro relato de uma 
transferência de imunidade com sucesso. Jenner imunizou uma criança com 
varíola bovina que adquiriu proteçãocontra varíola humana. Este dado conferiu a 
Edward Jenner o título de Pai da 
 
Imunologia. 
 
Em 1879 Louis Pasteur dá outro grande passo para a história da 
imunologia através do uso das vacinas atenuadas, quando estudava as 
bactérias causadoras da cólera. 
 
 
Elie Metchnikoff, em 1883 observou a fagocitose de esporos de 
fungos por leucócitos e antecipou que imunidade era devido às células brancas do 
sangue. 
 
Emil Von Behring e Kitasato, em 1890 estudando a toxina bactéria causadora da 
difteria mostraram que a transferência de soro de animais imunes poderia 
conferir 
 
 
6 
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proteção a animais não imunizados. Este fato era devido, a 
componentes como antitoxinas presentes no soro dos animais imunes que 
eram capazes de neutralizar e precipitar as toxinas e ainda capaz de aglutinar e 
lisar as bactérias. 
 
 
Depois deste primeiro relato da proteção mediada por anticorpos 
outros nomes importantes surgiram nesta linha de pesquisa como Paul Ehrlich, com a 
teoria seletiva da especificidade dos anticorpos e Niels Jerne, com a teoria da seleção 
clonal. Até que em 1978, Susumu Tonegawa descobre o mecanismo genético 
de recombinação somática que produz a imensa variabilidade das 
imunoglobulinas. Estes são alguns dos muitos nomes da história dentro da 
imunologia e muitos nomes ainda estão por vir. 
 
 
 
 
1.2. ONTOGENIA E HEMATOPOESE 
 
 
O Sistema imune nos vertebrados é composto por dois sistemas, um fagocitário e 
outro linfóide, e também é composto por componentes protéicos que estão envolvidos na 
ativação enzimática e ativação do sistema complemento. 
 
 
O sistema fagocitário e os componentes do sistema 
complemento são filogenéticamente mais antigos que o sistema linfóide. 
Sendo que, os fagócitos estão descritos em toda a escala filogenética e os 
linfócitos aparecem nos vertebrados. 
 
 
O sistema linfóide surge pela primeira vez nos peixes cartilaginosos 
e o mais interessante é que, com o surgimento do sistema linfóide surgem juntos: o 
timo, o baço e uma diversidade de moléculas da superfamília das 
imunoglobulinas (anticorpos) (Figura 1). Este é um dado que intriga os 
pesquisadores e gera muitas discussões, já que o sistema linfóide surge de 
repente e praticamente completo como é conhecido até hoje. 
 
 
Do ponto de vista embriológico, podemos observar que os 
três folhetos germinativos dão origem a três sistemas distintos, do 
ectoderma origina o sistema nervoso, do mesoderma origina o Sistema 
Imunohematológico e do endoderma origina o sistema endócrino. Estes três sistemas 
guardam semelhanças no seu modo de operação e influenciam-se mutuamente, 
constituindo um supersistema denominado sistema neuroimuno-endócrino que 
é, atualmente, um foco de pesquisa intensa. 
 
 
As células do Sistema Imune surgem no mesoderma nas 
duas primeiras semanas de vida embrionária e são denominadas células-tronco 
hematopoéticas (ou do inglês hematopoietic stem cells). Estas células migram para o 
fígado fetal, onde ocorre a 
 
 
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maior produção durante o desenvolvimento do feto. No início são produzidas hemácias e 
plaquetas, e os leucócitos aparecem a partir do quinto mês de gestação. Posteriormente 
as células-tronco hematopoéticas migram para a medula óssea em desenvolvimento e na 
ocasião do nascimento praticamente todo o espaço medular já está 
preenchido pelas células-tronco hematopoéticas. A atividade hematopoética da maioria 
dos ossos começa a declinar, e após a puberdade a atividade restringe-se apenas aos 
ossos chatos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Invertebrados Peixes Vertebrados Peixes 
Cartilaginosos Cartilaginosos 
 
 
 
 
Baço Timo Anticorpos 
 
Fig. 1. Os fagócitos estão representados em praticamente toda 
escala filogenética enquanto que os linfócitos aparecem 
somente a partir dos peixes cartilaginosos. Junto com o 
surgimento dos linfócitos surgem baço, timo e anticorpos 
 
 
 
As células-tronco hematopoéticas dão origem a dois precursores 
(progenitores) um mielóide e outro linfóide. O precursor mielóide é 
responsável pela produção e renovação das hemácias, das plaquetas, dos basófilos, 
dos mastócitos, dos eosinófilos, dos neutrófilos, dos monócitos e das células 
dendríticas. Enquanto que o precursor 
 
 
 
 
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linfóide está responsável pela produção e renovação dos linfócitos T, dos 
linfócitos B e das células Natural Killer (NK) (Figura 2). 
 
 
 
 
 
 
 Célula pluripotente 
 
Progenitor linfóide Progenitor mielóide 
 
Linfócito B Linfócito T Célula NK Mastócito Basófilo Eosinófilo Monócito Neutrófilo 
 
Plasmócito Célula dendrítica Macrófago 
 
 
Fig. 2. Hematopoese. Formação das diferentes linhagens celulares 
sangüíneas a partir de um precursor linfóide e um precursor mielóide. 
 
 
1.3. CITOCINAS 
 
 
As citocinas são proteínas secretadas por células não imunes, e principalmente 
por células imunes, os leucócitos. Estes mediadores são responsáveis pelas 
respostas biológicas das células imunes e estão envolvidos no crescimento, 
na motilidade, na diferenciação e principalmente na função 
desempenhada pela célula. As citocinas recebem outra denominação, 
interleucinas (IL), que se define pelo fato dos leucócitos a produzirem e a sua ação 
ser sobre outros leucócitos. Com o passar dos anos e o aprimoramento 
no estudo destes mediadores observou-se que algumas interleucinas 
produzidas por leucócitos também agiam sobre outras células que não os leucócitos. Este 
 
 
 
 
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termo se tornou inadequado, mas por razões históricas o nome permaneceu 
e a cada descoberta de uma nova citocina acrescenta-se um número a sigla IL (por 
exemplo, IL-1, IL-2 e assim sucessivamente). 
 
 
As citocinas medeiam e regulam as reações imunes e inflamatórias. Embora elas 
sejam diferentes, algumas citocinas podem compartilhar das mesmas propriedades. 
 
A produção de uma determinada citocina é um evento breve e 
autolimitado, já que as citocinas não são armazenadas como moléculas pré-
formadas e a sua síntese somente ocorre na presença do fator patogenético. A 
ação de uma citocina normalmente 
 
é pleiotrópica, por apresentar a habilidade de agir sobre diferentes tipos 
celulares. Esta propriedade permite que a citocina medeie diferentes efeitos biológicos. 
 
Outra propriedade importante destes mediadores é a sua redundância, 
já que duas ou mais citocinas possuem os mesmos efeitos funcionais. Além disso, a 
produção de uma citocina pode inibir a produção de outra (antagonismo). Em 
determinada situação a produção de uma citocina intensifica a ação de outra, efeito 
denominado de sinergismo. 
 
A ação de uma citocina pode ser local ou sistêmica, mas a maioria das citocinas 
temação local. Esta ação pode ser exercida sobre a própria célula 
secretora (ação autócrina) e/ou atuar sobre uma célula adjacente (ação 
parácrina) e ainda quando produzidas em grandes quantidades podem agir sobre 
células que estão distante do local da infecção (ação endócrina). 
 
 
 
As citocinas podem ser dividas em três categorias básicas de 
funcionalidade. Estas ações iniciam-se após a ligação das citocinas aos 
seus receptores específicos localizados nas membranas das células alvo. Deste 
modo as citocinas podem mediar e regular a imunidade inata ou mediar e regular a 
imunidade adaptativa ou ainda estimular a hematopoese. 
 
 
 
Dentre as citocinas que medeiam a imunidade inata estão o Fator de 
Necrose 
 
Tumoral – alfa (TNF-a principal mediador da resposta inflamatória aguda 
frente a bactérias gram positivas), IL-1 (função semelhante a do TNF-a), IL-12 
(principal mediador da resposta imune inicial frente a patógenos intracelulares 
e é o indutor essencial da imunidade mediada por células) e Interferons 
Tipo I (IFNs a e ß, são os principais mediadores da resposta imune inicial 
frente a vírus) e a IL-10 (principal citocina inibidora de macrófagos e células dendríticas 
ativadas). 
 
 
 
 
 
 
10 
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Podemos também citar dentro deste grupo de citocinas da imunidade 
inata as quimiocinas, uma grande família de citocinas que estimulam o movimento dos 
leucócitos e regulam a migração dos leucócitos do sangue para o tecido. As duas 
principais famílias de quimiocinas são as CXC e CC. 
 
 
As principais citocinas que medeiam e regulam a imunidade 
adaptativa estão relacionadas com a proliferação e a diferenciação dos linfócitos após 
reconhecimento do antígeno na fase de ativação. Dentre estas citocinas 
podemos citar a IL-2 (fator de crescimento para linfócitos T), IL-4 
(responsável pela produção de anticorpos da classe 
 
IgE e linfócitos T helper – auxiliador - do tipo TH2), IL-5 (responsável 
pela ativação de eosinófilos), Interferon-gama (IFN-γ principal citocina ativadora de 
macrófagos) e o Fator de Crescimento e Transformação-beta (TGF-ß, responsável pela 
inibição da proliferação e ativação dos linfócitos). 
 
 
 
A hematopoese é controlada pelas citocinas: Fator de Célula-tronco (responsável 
em tornar as células-tronco respondedoras a outros fatores estimuladores de colônia), a 
IL-7 (responsável pela sobrevivência e expansão de precursores imaturos de linfócitos B e 
 
 
T) e o Fator Estimulador de Colônias de Granulócitos e Monócitos (GM-CSF, responsável 
em aumentar a produção de leucócitos inflamatórios). 
 
 
 
 
 
2. O SISTEMA IMUNOLÓGICO – COMPONENTES E ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL 
 
 
O Sistema Imune consiste em barreiras naturais, células e proteínas circulantes 
que reconhecem patógenos ou substâncias produzidas em infecções e 
iniciam as respostas que eliminam esses patógenos. 
 
 
Um patógeno quando rompe as barreiras naturais que podem ser 
classificadas em barreiras físicas e barreiras químicas (que são 
representadas pela pele, mucosa e substâncias antimicrobianas) e entra no 
tecido ou na circulação estimula uma resposta mediada por células e por fatores 
solúveis. Esta resposta é chamada de inflamação que é o recrutamento de leucócitos e 
o extravasamento de várias proteínas solúveis no local da infecção. Consiste também 
na ativação de linfócitos B e T para eliminarem o agente infeccioso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
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As células do Sistema Imune estão presentes no sangue e na linfa como células 
circulantes, nos órgãos linfóides e estão disseminadas pelos tecidos. A 
organização anatômica dessas células e a sua habilidade para circular e se transferir 
entre o sangue, à linfa e os tecidos são muito importantes para a geração da resposta 
imune (Figura 3). 
 
 
As características mais importantes do Sistema Imune são 
especificidade e memória. A especificidade é a capacidade de reconhecer e 
reagir com determinada molécula e a memória é a capacidade de voltar a reconhecer 
e reagir rapidamente a esta mesma molécula (quando reintroduzida no organismo). 
 
 
As moléculas que são reconhecidas pelo sistema imune são 
denominadas de antígenos (definido por substâncias estranhas ao organismo capaz de 
gerar uma resposta imune). 
 
 
O Sistema Imune é formado por órgãos linfóides primários, ou 
centrais (timo e medula óssea) e órgãos linfóides secundários {baço, linfonodos, 
tecido linfóide associado às mucosas – aparelho digestivo (placas de peyer), 
aparelho respiratório (tonsilas e adenóides)} como mostra a Figura 3. 
 
 
Na medula óssea as células sangüíneas são produzidas no 
compartimento hematopoético. Ou seja, não há um compartimento ou microrregiões 
delimitadas para a geração das linhagens celulares. Assim encontram-se 
agrupados os precursores das plaquetas, das hemácias, dos mononucleares 
e polinucleares. Uma vez diferenciadas, estas células alcançam os seios 
vasculares e atravessam as aberturas encontradas no endotélio, 
posteriormente caem na circulação venosa e são distribuídas por todo o 
organismo. 
 
 
 
 
Em especial, os linfócitos B durante seu processo de 
maturação ganham receptores de membrana (do inglês, BCR B Cell 
Receptor) e passam por uma etapa denominada de seleção negativa. Durante a 
seleção negativa os linfócitos B entrarão em contato com antígenos próprios. Aqueles 
linfócitos B que interagirem com alta afinidade seus receptores com os antígenos 
próprios passarão por um processo de morte celular programada denominado por 
apoptose. E aqueles que não interagirem terminarão seu processo de 
maturação e migrarão para os órgãos linfóides secundários. 
 
 
 
 
 
 
No timo ocorre a proliferação e diferenciação das células 
precursoras em linfócitos T. As células precursoras chamadas de pré T são 
geradas na medula óssea, 
 
 
 
12 
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migram para o timo e ganham receptores e moléculas. O principal receptor é denominado 
de receptor de célula T (do inglês, TCR T Cell Receptor) e as principais 
moléculas são CD4 (T helper) e CD8 (do inglês, CD cluster of differentiation). Por 
apresentarem as duas moléculas expressas na sua membrana (CD4 e CD8) 
os linfócitos T passam a ser denominados duplo positivo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 3. Localização dos órgãos linfóides primários – Medula 
óssea/Timo (cor amarela) - e órgãos linfóides 
secundários – linfonodos/baço (cor azul). 
 
Os linfócitos T passam por um processo de seleção natural durante 
a sua maturação no timo que envolve duas etapas. Uma destas etapas é chamada de 
seleção 
 
positiva, onde os linfócitos T precisam reconhecer o seu ligante nas células 
 13 
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apresentadoras de antígenos (do inglês, APC Antigen Presentation Cell). O 
ligante do TCR chamado complexo de histocompatibilidade principal (do 
inglês, MHC Major Histocompatibity complex). O MHC também é conhecido 
como antígenos leucocitários humano (do inglês, HLA Human Leucocitary Antigen). 
 
 
Aqueles linfócitos T que reconhecerem, através de seus TCRs, os 
MHCs das 
 
APCs continuarão seu processo de maturação. Os linfócitos T que não foram capazes de 
reconhecer entrarão em apoptose. 
 
Outro dado importante durante esta fase de maturação é que os marcadores CD4 
e CD8 dos linfócitos T são restritos aos seus respectivos MHCs classe II e classe I, como 
veremos a seguir. E ao final da maturação estes linfócitos se tornam 
simples positivo aleatoriamente (CD4 ou CD8). 
 
 
A outra etapa necessária para a maturação dos linfócitos T é a seleção negativa, 
que determinará a sua maturação final. Nesta seleção os MHCs de classe II e de classe I 
apresentarão peptídeos próprios aos TCRs dos linfócitos. Aqueles linfócitos T 
CD4 ou CD8 que interagirem com alta afinidade sofrerão a apoptose. Enquanto que, 
aqueles que não interagirem seus TCRs com os MHCs das APCs 
terminarão seu processo de maturação. 
 
 
 
 
Esta seleção que ocorre durante a maturação dos linfócitos se faz 
necessária para que os linfócitos saibam diferenciar o próprio do não próprio. Desta 
forma a resposta imune ocorre frente a estruturas não comuns ao organismo. 
Qualquer disfunção no sistema imune, este poderá reconhecer suas próprias 
estruturas como não próprias e montar uma resposta imune. 
 
 
 
Os linfonodos também chamados gânglios linfáticos se encontram distribuídos ao 
longo dos vasos linfáticos que drenam as diversas regiões do organismo. A 
linfa é formada pelo líquido absorvido dos tecidos conjuntivos que servem 
de sustentação aos vários epitélios de revestimento e aos diversos órgãos. 
 
 
Esta rede linfática capta as eventuais moléculas estranhas quando presentes no 
organismo e levam para os linfonodos para promover o encontro do 
antígeno com os linfócitos T e B imunocompetentes da imunidade adaptativa. 
 
 
O baço é um órgão localizado na região abdominal esquerda superior. Além da 
eliminação de células sangüíneas lesadas e senescentes, o baço é importante no controle 
das infecções sistêmicas. Assim todos os antígenos que estejam na corrente sangüínea 
 
 
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são captados pelo baço e apresentados para os linfócitos T e B, onde se desenvolve uma 
vigorosa resposta imune. 
 
Existe uma grande quantidade de tecido linfóide distribuído pelo 
organismo apresentando variados graus de organização. 
 
 
 
2.1. RESPOSTA IMUNE INATA E ADAPTATIVA. 
 
 
O que determina a resistência ou susceptibilidade às infecções é a eficiência da 
resposta imune contra um determinado patógeno. Assim um determinado indivíduo pode 
ser resistente a uma determinada doença e susceptível a outra. 
 
 
Por muito tempo a resposta imune inata, ou natural, foi 
determinada por mecanismos inespecíficos, enquanto que a imunidade 
adaptativa era determinada por mecanismos específicos. Hoje sabemos que 
a imunidade inata também é determinada por mecanismos específicos capazes 
de reconhecer padrões moleculares dos diferentes patógenos. 
 
 
 
As células que fazem parte da imunidade inata têm a característica 
de ter receptores para várias estruturas, apresentando uma 
especificidade ampla e um repertório restrito. Enquanto que as células que 
participam da imunidade adaptativa têm a característica de que cada célula tem 
receptores para uma única estrutura, apresentando assim sua especificidade mais 
restrita e um amplo repertório. 
 
 
 
Durante a imunidade inata quando o tecido é invadido por um 
patógeno uma série de eventos biológicos iniciais a reação inflamatória 
ocorrem na microcirculação, principalmente alterações nos calibres das arteríolas e 
alterações de permeabilidade das vênulas causadas por mediadores inflamatórios 
produzidos por mastócitos e macrófagos. 
 
Após um trauma ou lesão os mastócitos (Figura 4) que estão presentes 
ao redor dos vasos sanguíneos desgranulam e conseqüentemente liberam a 
histamina, que induz a contração das células endoteliais e aumenta a 
permeabilidade celular. A ativação de mastócitos e macrófagos ainda 
induzem a síntese de mediadores lipídicos, como prostaglandinas, 
leucotrienos e fator ativador e plaquetas (do inglês, PAF Platelet 
Activating factor). 
 
 
 
 
As prostaglandinas ajudam na indução de febre, hiperalgesia, vasodilatação com 
conseqüente potencialização do edema. Os leucotrienos atuam na 
vasoconstrição, 
 
 
 
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aumento da permeabilidade vascular, contração de brônquios e produção de muco. E o 
último dos mediadores lipídicos, o PAF tem sua ação inflamatória sobre a vasodilatação, 
aumento da permeabilidade vascular, migração de neutrófilos, 
mobilização de macrófagos/neutrófilos/endotélio, migração de ativação de 
eosinófilos e contração de brônquios. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 4. Mastócito. Localizado em todos os tecidos. Dentre as 
principais funções estão a liberação de grânulos contendo 
histamina e outros agentes vasoativos 
 
 
Um outro fator é a bradicinina que faz parte da família e 
peptídeos gerados no plasma por ação dos cininogênios. A conseqüência 
da ação da bradicinina é mediar a permeabilidade vascular, aumentar o fluxo 
sangüíneo, broncoconstrição e estimulação de receptores algésicos. 
 
 
Dos neuropeptídeos, a substância P tem o efeito pró-inflamatório 
mais bem descrito, que atua aumentando o fluxo sangüíneo após aumentar 
a permeabilidade vascular e ainda age sobre mastócitos fazendo com liberem mais 
mediadores lipídicos. 
 
 
O evento seguinte é à saída de leucócitos dos vasos e seu 
acúmulo no foco inflamatório. Este influxo de células é um evento central 
que contribui não só para eliminação do agente infeccioso, mas também para a 
resolução do processo inflamatório como a cicatrização e regeneração do tecido. 
 
 
Durante a migração transendotelial dos leucócitos estão envolvidas moléculas de 
adesão, que pertencem à família das selectinas, integrinas e 
superfamília das imunoglobulinas. Dentre as selectinas estão às moléculas P e E- 
selectinas (expressas no endotélio) e as L-selectinas (expressas na membrana 
dos leucócitos). As integrinas representadas pelos antígenos associados à 
função do leucócito-1 (do inglês, LFA1 
 
 
 
 
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Lymphocyte Function-Associated Antigen) são expressas constitutivamente na membrana 
dos leucócitos. E a superfamília das imunoglobulinas representadas pelas moléculas de 
adesão intercelular 1 e 2 (do inglês, ICAMs 1 e 2 intercellular adhesionmolecule) é expressas constitutivamente no endotélio. 
 
 
A expressão destas moléculas de adesão são aumentadas pela ação 
das citocinas TNF-a e IL-1 principalmente, bem como pela ação de 
leucotrienos e PAF. As quimiocinas também são importantes na inflamação 
porque funcionam como um sinal para que as células migrem para o local da 
infecção. 
 
 
As principais células que estão presentes neste momento da infecção 
para dar combate ao patógeno são os neutrófilos e os macrófagos. Os 
neutrófilos são fagócitos polimorfonucleares (Figura 5) presentes em grande 
quantidade no sangue e com vida média curta. Eles ao considerados a 
primeira linha de defesa do organismo contra infecções. Dispõem de 
mecanismos microbicidas eficientes, porém morrem após a fagocitose, ao 
contrário dos macrófagos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 5. Neutrófilo. Localizado na corrente sanguínea (migra 
para os tecidos). Dentre as principais funções estão 
a fagocitose e a citotoxicidade mediada por anticorpos. 
 
Os macrófagos (Figura 6A) estão presentes em todos os tecidos e 
podem ter denominações específicas dependendo do tecido que se encontra (por 
exemplo - células de Kupffer no tecido hepático, osteoclastos no tecido ósseo, 
microglia no tecido cerebral). Estas células fagocitam e matam um grande número de 
patógenos, além de removerem restos celulares. Ainda são consideradas as pontes 
entre a imunidade inata e imunidade adaptativa junto com as células dendríticas (Figura 
6B). 
 
 
 
 
 
 
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A ação destas células inicia-se com a fagocitose e/ou 
internalização dos patógenos ou produtos destes. As células dendríticas são as 
apresentadoras profissionais de antígeno para os linfócitos, embora os macrófagos 
também desempenhem bem este papel. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A B 
Fig. 6. Macrófago (A). 
Localizado nos tecidos. Dentre as principais 
 
funções estão a fagocitose 
e apresentação de 
antígenos. 
 
Célula Dendrítica (B). Localizada nos tecidos e órgãos 
linfóides. Dentre as principais funções estão a apresentação de 
antígenos. 
 
As proteínas do sistema complemento também ajudam na 
potencialização da atividade microbicida dos macrófagos e células dendríticas. 
Assim como os anticorpos produzidos pelos plasmócitos (linfócitos B ativados). 
 
 
 
 
2.1.1. COMPLEXO DE HISTOCOMPATIBILIDADE PRINCIPAL - MHC 
 
 
O MHC é uma região cromossômica que compreende um conjunto 
de genes interligados e interdependentes localizados nos cromossomos 6, 17 
e 20 de humanos, camundongos e ratos, respectivamente. O MHC é 
dividido em quatro subconjuntos de genes, ou classes. As principais classes 
são: classe I e classe II, que participam das respostas a transplantes, tumores 
e da apresentação de antígeno. As outras duas são as classes III e IV, sendo que a 
classe III é a mais estuda e sabe-se que ela codifica algumas moléculas importantes, 
como moléculas do sistema complemento. 
 
 
 
As moléculas de MHC classe I são glicoproteínas expressas na 
membrana celular da maioria das células nucleadas dos vertebrados. E a sua estrutura é 
formada por uma cadeia a e uma cadeia ß2 microglobulina (Figura 7A). 
 
 
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As moléculas de MHC classe II também são glicoproteínas de 
membrana, mas diferentemente das moléculas de classe I estão expressas 
apenas nos linfócitos B, macrófagos e células dendríticas (ou melhor, as células que 
participam da apresentação de antígenos).São constituídas por duas cadeias uma a e 
uma ß (Figura 7B). 
 
 
 
 
A B 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ß2 
 
microglobulina 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 6. (A) MHC classe I e (B) MHC classe II 
 
2.1.2. PROCESSAMENTO E APRESENTAÇÃO DE ANTÍGENOS. 
 
 
A principal função do MHC é facilitar a apresentação de fragmentos de moléculas 
na superfície das células em um arranjo específico que permite o reconhecimento pelos 
linfócitos T. 
 
 
Os antígenos apresentados no MHC de classe I são na maioria 
das vezes fragmentos gerados dentro da célula. Estes fragmentos são peptídeos de 
proteínas que se encontram no citoplasma da célula e foram degradados 
por um sistema complexo multiproteolítico chamado proteassoma. 
 
 
O peptídeo, uma vez ligado ao MHC de classe I e expresso na 
membrana da célula que o sintetizou, pode ser reconhecido apenas por 
linfócitos T CD8. Assim 
 
 
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podemos concluir que o MHC de classe I está restrito ao reconhecimento dos linfócitos T 
CD8. 
 
No entanto, os peptídeos ligados ao MHC de classe II foram sintetizados após a 
ação da proteólise de enzima que atuam sobre moléculas ou antígenos 
fagocitados, sendo referido como peptídeos ou antígenos exógenos. O reconhecimento 
dos peptídeos presentes na membrana das APCs é feito pelos linfócitos T CD4. Assim 
podemos também concluir que o MHC de classe II está restrito ao reconhecimento dos 
linfócitos T CD4. 
 
 
A ligação entre as moléculas de CD8 e CD4 com as moléculas de MHC de classe 
 
I e classe II, respectivamente, aumenta a adesão entre os linfócitos e as 
células apresentadoras permitindo sinais de ativação, ou desativação. 
 
 
 
2.1.3. RECIRCULAÇÃO LINFOCITÁRIA. 
 
 
Os linfócitos se movem continuamente pela corrente sangüínea e 
pelos vasos linfáticos, de um tecido linfóide periférico (secundário) para outro e para 
locais periféricos onde ocorra inflamação. 
 
 
O movimento dos linfócitos entre estes locais é chamado de 
recirculação linfocitária e o processo pelo qual determinada população de linfócitos entra 
em um tecido ou órgão linfóide é chamado de homing (endereçamento linfocitário). 
 
 
Esta migração para determinados tecidos é mediada por moléculas 
de adesão nos linfócitos, nas células endoteliais, na matriz extracelular e por 
quimiocinas produzidas no endotélio e nos tecidos (Figura 7). 
 
 
Através desta recirculação o sistema imune mantém-se em constante 
vigília, já que, os linfócitos T naives (não primados ou inativos) circulando 
por todos os órgãos linfóides periféricos aumentam a chance de reconhecer 
antígenos estranhos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Fig. 7. Migração celular. A seta preta esquematiza a passagem de 
uma célula dendrítica pelo endotélio (saindo 
da corrente sangüínea e entrando no tecido). 
Bolinhas pretas representam as moléculas de 
adesão e as estrelinhas azuis representam as 
quimiocinas. 
 
 
 
2.1.4. ATIVAÇÃO DOS LINFÓCITOS T E LINFÓCITOS B. 
 
 
Na fase de ativação dos linfócitos T participam os linfócitos T CD4, CD8 e APCs. 
 
Embora a interação entrelinfócitos e APCs possa ocorrer 
nos tecidos, ela fundamentalmente ocorre nos órgãos linfóides 
secundários. Isto se dá porque a probabilidade de que um linfócito 
reconheça um antígeno nos órgãos linfóides secundários é maior do que em 
algum tecido do organismo. 
 
 
Para que ocorra a ativação do linfócito T CD4 e CD8 é 
necessário que a APC carregue o antígeno até o órgão linfóide secundário. Em 
seguida o linfócito T interage o seu TCR com o MHC da APC (primeiro sinal 
de ativação). Caso o antígeno tenha sido processado no citoplasma da APC, se 
ligando as moléculas de classe I, o linfócito T CD8 será ativado. Agora, se o antígeno foi 
fagocitado e foi processado dentro de um vacúolo fagocítico, se ligando a moléculas de 
classe II, o linfócito TCD4 será ativado (Figura 8). 
 
 
 
 
 
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Entretanto, para completar a ativação dos linfócitos T, tanto CD4 
como CD8, é necessário um segundo sinal de ativação. Este segundo sinal é 
mediado por moléculas coestimuladoras, como a molécula CD28 (linfócito T) e 
CD80/CD86 (APCs). Embora também não podemos esquecer que as 
citocinas participam intimamente na direção da ativação dos linfócitos T. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CD8
+
 
CD4
+
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 8. Ativação de linfócitos T CD8 (direita) – antígenos 
provenientes do citoplasma. E ativação de linfócitos T 
CD4 (esquerda) – antígenos fagocitados. 
 
 
O processo de ativação dos linfócitos B se inicia pela 
interação das imunoglobulinas de superfície com as moléculas imunogênicas 
ou antígenos, seguindo uma série de etapas que levam os linfócitos B a 
expansão, formação de clones e diferenciação em plasmócitos. 
 
 
A ligação do antígeno com um ou mais receptores das células B medeiam uma 
série de sinais intracelulares levando a sua ativação e produção de anticorpos da classe 
 
IgM (ativação independente de linfócitos T) (Figura 9). 
 
A ligação do antígeno aos receptores do linfócito B também pode 
levar a interiorização, processamento e apresentação do antígeno para os linfócitos 
TCD4 (helper 
 
 
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– Th CD4) em MHC de classe II (primeiro sinal de ativação). O linfócito Th CD4 ajuda o 
linfócito B a proliferar, formando clones de células específicas para o antígeno indutor da 
resposta (ativação dependente de linfócitos T). Um segundo sinal é 
necessário para completar a ativação do linfócito B, dependente das 
moléculas CD28 (linfócito T) e CD80/CD86 (linfócito B) e moléculas CD40 ligantes 
(linfócito T) e CD40 (linfócito B). 
 
 
 
Expansão 
clonal 
Antígeno 
 
 
 
 
 
 
Linfócito B 
 
 
 
 
 
 
IgM 
 
 
 
 
 
Plasmócito 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 9. Ativação de linfócitos B independente de linfócito T. 
 
 
 
 
 
sIg 
 
1 
 
 
 
 
B 
2 
 
 
CD4
+
 
 
 
 
 
 
 MHC 
 
 classe II 
 
 
 
 
 
 
Fig. 10.Ativação de linfócitos B dependente de linfócito Th CD4. 
 
 
 
 
 
 
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2.2. SISTEMA COMPLEMENTO 
 
 
O sistema complemento é composto por mais de 30 proteínas que 
podem ser encontradas solúveis no plasma ou ligadas a superfícies de 
certos tipos celulares. A ativação deste sistema ocorre de maneira 
seqüencial onde uma primeira proteína participa da ativação de uma segunda 
proteína. Esta por sua vez participa da ativação de uma terceira proteína e assim por 
diante. 
 
 
 
Quando há ativação protéica, duas possibilidades podem ocorrer, a fragmentação 
proteolítica e/ou mudanças conformacionais. 
 
A ativação do sistema complemento pode ser iniciada por 3 vias diferentes: i) via 
alternativa, ii) via das lectinas e iii) via clássica. A ativação pelas vias 
alternativa e das lectinas não há participação de moléculas de anticorpos, enquanto 
que a via clássica para ser desencadeada necessita geralmente de uma 
molécula de IgM e/ou duas ou mais moléculas de IgG. 
 
 
 
Desta maneira, o sistema complemento pode ser acionado logo após o estímulo 
antigênico ter adentrado o organismo, contribuindo assim com as mais diversas funções 
efetoras. 
 
 
 
 
2.2.1. VIA CLÁSSICA 
 
 
O primeiro componente a participar desta via é o C1, formado pelas subunidades 
 
C1q, C1r e C1s. Com a ligação do C1q a molécula do anticorpo complexado ao antígeno, 
ocorre provavelmente uma mudança conformacional em C1q, que ativa C1r. 
C1r ativa C1s. C1s exibe um sítio serino-protease que cliva as proteínas C4 e C2. Com 
a clivagem de C4 em C4a e C4b segue-se ativação da cascata. C1s complexado a C4b 
na superfície do antígeno cliva C2 em C2a e C2b. O fragmento C2a permanece aderido 
ao complexo 
 
 
C1sC4b, formando agora o complexo C1sC4bC2a. Este novo complexo tem atividade C3 
convertase, de maneira que acaba clivando a proteína C3 em C3a e C3b. C3b se une a 
C3 convertase (C1sC4bC2a) e forma a C5 convertase que responsável pela clivagem da 
 
 
C5 em C5a e C5b. 
 
O fragmento C5b adere a superfície celular e a ele se liga o 
componente C6,formando assim o complexo C5b6. Este complexo associa-
se a molécula C7, 
 
 
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formando agora o complexo C5b67. O próximo componente a se juntar a este complexo é 
o componente C8 (C5b678), que apresenta atividade lítica sobre certos microorganismos. 
Esta atividade lítica aumenta com a anexação de 1 a 18 moléculas de 
C9 que se polimeriza e forma um canal transmembrânico, responsável pelo 
desequilíbrio osmótico e pela lise da célula. 
 
 
Este processo é chamado de complexo de ataque a membrana - C5b678(9)n, ou 
simplificadamente C5b-9. 
 
 
 
2.2.2. VIA ALTERNATIVA 
 
 
Esta é a via de mais utilizada pelo nosso organismo. A ativação desta via se 
inicia pela hidrólise espontânea de uma ligação de tioéster, localizada no 
componente C3, gerando uma espécie de C3(H2O). 
 
Esta hidrólise que ocorre freqüentemente cliva o fator B em Ba e Bb. O fragmento 
Bb se une ao complexo C3(H2O) e se torna a C3 convertase {C3(H2O)Bb}. 
Esta C3 convertase cliva C3 em C3a e C3b. C3b se une agora ao complexo C3(H2O)Bb, 
formando 
 
C3(H2O)Bb3b que se torna a C5 convertase que cliva C5 em C5a e C5b. 
 
O fragmento C5b adere a superfície celular e a ele se liga o 
componente C6, formando assim o complexo C5b6. Este complexo associa-
se a molécula C7, formando agora o complexo C5b67. O próximo 
componente a se juntar a este complexo é o componente C8 (C5b678), 
que apresenta atividade lítica sobre certos microorganismos. 
 
Esta atividade lítica aumenta com a anexação de 1 a 18 moléculas de 
C9 que se polimeriza e forma um canal transmembrânico, responsável pelo 
desequilíbrio osmótico e pela lise da célula. 
 
Este processo é chamadode complexo de ataque a membrana - C5b678(9)n, ou 
simplificadamente C5b-9. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2.2.3. VIA DAS LECTINAS 
 
 
Esta via pode ser acionada a partir da ligação de lectinas, que são proteínas que 
se ligam a açucares. A lectina ligante de manose (MBL – do inglês 
Mannose Binding Lectin ou MBP Mannose Binding Protein) tem uma estrutura química 
semelhante a C1q. 
 
As MBL ativam proteínas serino-proteases que clivam C4 em C4a e C4b. E clivam C2 em 
C2a e C2b. Este complexo formado C4bC2a funciona como C3 convertase, que cliva C3 
em C3a e C3b. C3b se une a C3 convertase (C4bC2a) e forma a C5 
convertase que responsável pela clivagem da C5 em C5a e C5b. 
 
 
O fragmento C5b adere a superfície celular e a ele se liga o 
componente C6, formando assim o complexo C5b6. Este complexo associa-
se a molécula C7, formando agora o complexo C5b67. O próximo 
componente a se juntar a este complexo é o componente C8 (C5b678), 
que apresenta atividade lítica sobre certos microorganismos. Esta atividade 
lítica aumenta com a anexação de 1 a 18 moléculas de C9 que se 
polimeriza e forma um canal transmembrânico, responsável pelo desequilíbrio osmótico e 
pela lise da célula. 
 
 
 
 
Este processo é chamado de complexo de ataque a membrana - C5b678(9)n, ou 
simplificadamente C5b-9. 
 
 
 
2.2.4. REGULAÇÃO DA ATIVAÇÃO DO SISTEMA COMPLEMENTO 
 
 
A ativação do sistema complemento precisa ser regulada de maneira 
precisa para evitar que ocorra consumo desnecessário de seus componentes. 
Além disso, é necessário que não haja a formação de complexo de 
ataque à membrana sobre as próprias células do indivíduo. Assim, algumas 
proteínas de regulação encontram-se solúveis no plasma ou aderidas sobre as 
membranas das células. 
 
 
 
As proteínas reguladoras solúveis são: inibidor de C1, Fator I, Fator H, proteína 
ligante de C4b (C4BP do inglês – C4b Binding Protein), 
Vitronectina, Clusterina, Properdina e Inibidor de anafilatoxinas. Já as 
proteínas reguladoras aderidas na membrana celular são: proteína cofator 
de membrana (MCP do inglês – Membrane Cofactor Protein), fator 
acelerado de decaimento (DAF do inglês – Decay Accelerating 
 
 
 
 
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Factor), receptor de complemento 1 (CR1 do inglês – Complement Recptor-
1), fator de restrição homólogo (HRF do inglês – Homologous Restriction Factor) e 
CD59. 
 
 
 
 
 
2.2.5. FUNÇÕES BIOLÓGICAS 
 
 
As principais funções biológicas atribuídas ao sistema complemento 
são: lise celular, opsonização, quimiotaxia, solubilização de 
imunocomplexos, remoção de imunocomplexos do fígado, ativação de linfócitos B e 
anafilatoxinas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
------------------ - FIM DO MÓDULO I ------------------- - 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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