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O REGIME DIFERENCIADO DE CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

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UNIVERESIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS
DISCIPLINA: Direito Administrativo
PROFESSOR: Pierre Bertholet
NOMES:____________________Mat:
	 Maria Roneide de Brito – Mat. 11320286
O REGIME DIFERENCIADO DE CONTRATAÇÕES PÚBLICAS (RDC) – DOUTRINA, LEGISLAÇÃO, JURISPRUDENCIA E PECULIARIDADES
4 – PECULIARIDADES:
O Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC), instituído pela Lei 12.462, de 4 de agosto de 2011, foi elaborado como tentativa de superar a problemática das Licitação pública, objeto de relevante interesse para a ciência do Direito, tanto na esfera legislativa, quanto na executiva e na judiciária então existente, visto que desde os primórdios das licitações no Brasil os operadores do Direito deparam-se com as problemáticas decorrentes dos procedimentos, seja pela ausência de legislação considerada eficiente, seja pela aplicação equivocada, ou mesmo de má fé, dos preceitos normativos, seja pelo processo crescente de judicialização das licitações.
O presente trabalho se constitui de uma análise crítica que irá abordar os principais aspectos no que se refere ao Regime Diferenciado de Licitações, modalidade de seleção pública, pela qual a Administração Pública registrava em ata as propostas de preços para aquisições futuras e periódicas, modalidade essa que apresentavam seu arcabouço normativo previsto na Lei Geral de Licitações e Contratos Administrativos Lei nº 8.666/93. Diploma lega que, por não atender aos requisitos da conjuntura tecnológica atual foi modificada pela Lei nº 12.462/11.
A Lei 12.462, de 05 de agosto de 2011, instituiu o RDC (Regime Diferenciado de Contratação), instituto considerado pelo governo federal, inicialmente, como instrumento capaz de dotar o poder público de maior eficiência e transparência no que diz respeito às contratações de obras e serviços públicos referentes aos três grandes eventos esportivos, todos de cunho internacional, a serem realizados no Brasil entre os anos de 2013 e 2016: Copa das Confederações da Federação Internacional de Futebol Associação - Fifa 2013, Copa do Mundo Fifa 2014  e Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016. Cuidava-se, portanto, quando de sua gênese, de “disciplina cuja aplicação foi inicialmente apresentada como opção excepcional e transitória para as licitações e para os contratos celebrados no âmbito da Administração Pública brasileira”. (ANDRADE; VELOSO, 2013, p.31).
 
É importante destacar que a Lei nº12.462/2011 instituiu o RDC  como um regime efêmero, aplicável apenas às hipóteses dos incisos I a III do art. 1º:
Art. 1o  É instituído o Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC), aplicável exclusivamente às licitações e contratos necessários à realização:
I - dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, constantes da Carteira de Projetos Olímpicos a ser definida pela Autoridade Pública Olímpica (APO); e
II - da Copa das Confederações da Federação Internacional de Futebol Associação - Fifa 2013 e da Copa do Mundo Fifa 2014, definidos pelo Grupo Executivo - Gecopa 2014 do Comitê Gestor instituído para definir, aprovar e supervisionar as ações previstas no Plano Estratégico das Ações do Governo Brasileiro para a realização da Copa do Mundo Fifa 2014 - CGCOPA 2014, restringindo-se, no caso de obras públicas, às constantes da matriz de responsabilidades celebrada entre a União, Estados, Distrito Federal e Municípios;
III - de obras de infraestrutura e de contratação de serviços para os aeroportos das capitais dos Estados da Federação distantes até 350 km (trezentos e cinquenta quilômetros) das cidades sedes dos mundiais referidos nos incisos I e II. 
Desse modo, passados os eventos esportivos citados não mais haveria fundamento legal para se lançar novas licitações pelo regime diferenciado, sendo, entretanto, que continuaria cabível a sua utilização para a disciplina de contratos que, celebrados antes, tivessem de ser executados no todo ou em parte depois dos eventos. (ANDRADE; VELOSO, 2013, p.34).
 
Entretanto, menos de um ano após a sua publicação, a lei que trata do RDC começou a sofrer modificações substanciais no seu campo de abrangência, passando a englobar “as ações integrantes do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC” (inserção dada pela Lei 12.688, de 18 de julho de 2012), “as licitações e contratos necessários à realização de obras e serviços de engenharia no âmbito dos sistemas públicos de ensino” (inserção dada pela Lei 12.722, de 03 de outubro de 2012) e ainda para as “obras e serviços de engenharia no âmbito do Sistema Único de Saúde – SUS” (incluída pela Lei 12.745, de 19 de dezembro de 2012). Desse modo, “o RDC passou a ter, ao menos normativamente, a natureza de um perene regramento licitatório” (ANDRADE; VELOSO, 2013, p.34).
 
Acredita-se, desta maneira que a implantação do RDC - e sua consequente passagem de norma transitória à condição de norma perene – pode ser explicada, principalmente, pela necessidade de reforma dos procedimentos licitatórios brasileiros, com a finalidade de se garantir maior eficiência e transparência nas compras públicas.
 
Andrade e Veloso (2013) explica que a tendência é que o RDC tenha seu âmbito de aplicação ainda mais alargado uma vez que as primeiras licitações sob os auspícios do regime lograram êxito considerável no aspecto eficiência.
Nesse âmbito alguns autores a exemplo de Pessoa Neto, afirmam que o a Lei nº 8.666/93 é excessivamente burocrática. Em virtude da inegável informatização e do avanço na Tecnologia da Informação nos processos de compras públicas, o Congresso Nacional foi motivado a editar novo Regime Diferenciado de Contratações Públicas – RDC, de modo a simplificar e agilizar as contratações públicas que envolvem a realização dos grandes eventos que ocorrerão no Brasil, tendo sido ampliada posteriormente para obras do PAC, Educação e Saúde. (OLIVEIRA, PESSOA NETO, TORRES, 2013, p. 3).
 
Conclui-se, nesse ponto, que foi a partir da certificação inicial da eficiência do RDC que sua aplicação, através das leis já citadas, foi estendida às áreas de saúde, educação e a todos os entes da federação, e não mais somente aqueles envolvidos com os eventos esportivos já citados, estão autorizados a utilizar o novo regime.
 
A possibilidade de implantação do RDC já foi estendida a municípios, ainda que limitado às obras e serviços de engenharia nas áreas de saúde, educação e do PAC. Desse modo, considerando a competência legislativa e regulamentar atinentes aos municípios, surgem as primeiras normas visando a implementação do RDC. Porém, as pesquisas estão revelando que, comparativamente à quantidade de licitações sob a égide do novo regime, ainda é escassa a normatização por parte dos municípios. O que se verifica, na maior parte dos casos, é que os editais do RDC vêm utilizado o decreto federal nº 7.581, de 11 de outubro de 2011 como instrumento regulador de suas ações.
É possível encontrar, no entanto, que alguns municípios brasileiros, em que pese a utilização progressivamente maior do RDC, ainda não se debruçaram com firmeza sobre o tema, deixando, portanto, de extrair as potencialidades - que serão verificadas com mais profundidade em outra(s) nota(s) - da aplicação do regime diferenciado de contratações públicas.
Conclui-se, por fim, o estudo sobre o mencionado procedimento auxiliar ainda é prematura, a ainda revelar, portanto, intensos debates, e de maneira oportuna é possível ilustrar o que fora tratado no presente trabalho, caso concreto que tramitou no TJ/RJ sob o nº: RJ 0046885-82.2014.8.19.0000
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. ADMINISTRATIVO. PROCEDIMENTO DE LICITAÇÃO, SOB O REGIME DE CONTRATAÇÃO DIFERENCIADA - RDC. CONSTRUÇÃO DO BRT DE NITEROI. OBRA NO ÂMBITO DO PROGRAMA PAC2, EIXO MOBILIDADE MÉDIAS CIDADES. MANDADO DE SEGURANÇA IMPETRADO CONTRA O EDITAL. ALEGAÇÃO DE NULIDADES. INDEFERIMENTO PELO JUÍZO A QUO DA LIMINAR PARA OBSTAR O PROCEDIMENTO LICITATÓRIO. DECISÃO CORRETA, NA FORMA E NO CONTEÚDO, QUE INTEGRALMENTE SE MANTÉM.
1. A Lei 12.462/2011, de caráter especial, que instituio regime diferenciado de contratações públicas, foi concebida para que a Administração Pública possa se instrumentalizar através de formas mais céleres, econômicas e eficientes de contratação de serviços públicos.
2. A criação de um diploma destinado especificamente a atender obras infraestruturais de grandioso vulto, por conseguinte, representam a consolidação de uma política nacional, haja vista, por exemplo, as obras dos aeroportos para os eventos da Copa do Mundo e das Olimpíadas, e obras e serviços de engenharia no âmbito do Sistema Único de Saúde SUS, além das ações integrantes do Programa de Aceleracao do Crescimento (PAC). 2. A legislação em comento, nessa toada, afasta as disposições da Lei 8.666/93, exceto em casos específicos nela também expressos.
REFERÊNCIAS
1 - ANDRADE, Ricardo Barreto de; VELOSO, Vitor Lanza. Uma visão geral sobre o Regime Diferenciado de Contratações Públicas: objeto, objetivos, definições, princípios e diretrizes. In: JUSTEN FILHO, Marçal; PEREIRA, Cesar A. Guimarães (Coord.). O Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC): Comentários à Lei n. 12.462 e ao Decreto n.7.581. 2. ed. rev., ampl. e atual. Belo Horizonte: Forum, 2013. p. 31-47.
2 - BRASIL. Lei nº8.666, de 21 de junho de 1993: Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências. In: Vade Mecum Saraiva. São Paulo: Saraiva, 2014.
3 - BRASIL. Lei nº12.462, de 04 de agosto de 2011: Institui o Regime Diferenciado de Contratações Públicas - RDC. In: Vade Mecum Saraiva. São Paulo: Saraiva, 2014
4 – Jr, W.R, REGIME DIFERENCIADO DE CONTRATAÇÕES PÚBLICAS NOS MUNICÍPIOS, disponível em: http://www.metodoconcursos.com.br/artigo/regime-diferenciado-de-contratacoes-publicas-nos-municipios.> acesso em 22 de novembro de 2015.
5 - http://tj-rj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/156814291/agravo-de-instrumento-ai-468858220148190000-rj-0046885-8220148190000. > acesso em 22 de novembro de 2015.

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