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Comparativo econômico entre o plano Cruzado, Real e a politica econômica atual

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PLANO CRUZADO
Quando José Sarney assumiu a presidência da República, a economia estava em situação extremamente difícil. O déficit orçamentário girava em torno de 60% e a dívida externa era, naquela época, impagável. Não obstante, assumia em época de inconstância política, desta forma, deveria prestar atenção em cada passo ou poderia ser deposto como já havia ocorrido com outros presidentes.
O plano CRUZADO visava, principalmente, conter a inflação que vinha galopante.
As principais medidas adotadas pelo plano foram:
- Trocar a moeda corrente, que até então, era o Cruzeiro, pelo Cruzado, em uma proporção de 1000 x 1.
- Congelamento de preços entre bens e serviços
- Congelamento da taxa de câmbio durante um ano
- Correção automática dos salários para acompanhar a inflação.
O plano Cruzado falhou em diversos pontos. Primeiro, o Governo da época pouco se preocupou em controlar emissão de moeda e gastos estatais. Como o Estado jogava dinheiro de forma indiscriminada na economia, a demanda se mantinha aquecida, impossibilitando os preços de ser controlado.
Como a moeda era emitida de forma indiscriminadamente, era fácil se obter reais em mercados paralelos a preços mais baixos, já que sua oferta era abundante. Com os preços congelados, se tornava bastante barato aos parceiros comerciais do Brasil importar produtos Brasileiros, aumentando ainda mais a demanda.
Não obstante, o congelamento de preços gera um problema ainda mais grave. Os custos de produção continuam se reajustando, e na época da hiperinflação, esse efeito ocorria ainda mais rápido. Com os preços travados, os empresários ficavam impossibilitados de corrigir os aumentos de custo nos preços dos produtos. Deste modo, os empresários começam a ter prejuízos para produzir, abandonando a produção e reduzindo a oferta.
O governo, a fim de suavizar o efeito escassez, passou a importar produtos. Porém, como teria que ofertar a preços fixos e com sua moeda depreciada, pagava o prejuízo com dinheiro dos cofres públicos, deteriorando as reservas intercambiais do estado.
O conjunto de medidas do plano Cruzado passou a gerar uma forte escassez de produtos e pressão por reajuste em pouquíssimo tempo, decretando a falência do plano.
PLANO REAL
Ao assumir interinamente a Presidência da República em 29 de dezembro de 1992, Itamar Franco se deparava com uma inflação, em 12 meses, de 1119% e com uma população sem confiança alguma nos planos econômicos que poderiam ser propostos. A economia vinha em ritmo recessivo, o Estado não tinha arrecadação suficiente para cobrir suas despesas e, desta forma, imprimia mais dinheiro para fazer frente às despesas.
A inflação crescente deteriorava o sistema monetário e comprometia a capacidade produtiva, devido à dificuldade de calcular lucros futuros, desestimulando a produção, estimulando o consumo e piorando ainda mais os efeitos da inflação.
Após demasiadas tentativas de controle de preços, algo diferente precisava ser feito. Em 1993 Itamar Franco nomeia o Ministro das Relações Exteriores, Fernando Henrique Cardoso, a Ministro da Fazenda.
Em primeiro de agosto de 1993, houve a primeira medida do plano, a mudança da moeda para Cruzeiro Real, cortando três zeros. A inflação e impressão de moeda continuavam altas, devido à necessidade de pagamento dos débitos governamentais, mas também para comprar dólares e aumentar as reservas intercambiais (uma das medidas do plano).
O plano Real teve um período de “preparação” para que o mesmo fosse colocado em prática, chamada de PAI – Programa de Ação Imediata. Era preciso tomar algumas medidas a fim de preparar o cenário econômico para que o mesmo fosse colocado em prática. Desta forma, os fatores essenciais para a implantação do Plano Real era:
- Cortar gastos públicos – O que causava a desenfreada emissão de moeda
- Austeridade no relacionamento com Estados e Municípios – através do corte de repasses inconstitucionais, forçando Estados e Municípios a equilibrarem seus gastos através de cortes.
- Desindexar a economia – Acabar com reajustes automáticos de preços e salários
- Reindexar a economia ao câmbio – Preços e salários variariam de acordo com o dólar – Na prática, indexava a economia ao dólar.
- Abrir a economia via redução de tarifas de importação
- Privatizações – Reduzir gastos públicos
- Aumentar as reservas internacionais a fim de tornar a moeda nova confiável e atrair capital - que agora eram livres para entrar e sair do Brasil
Em 28 de fevereiro de 1994, houve a introdução do URV (Unidade Real de Valor), que na verdade cotava o valor do dólar do dia anterior. A taxa de câmbio do dia anterior seria a URV do dia seguinte. Grosso modo, ancorava a economia a uma moeda de confiança mundial, o dólar. A grande intenção da medida era preparar o terreno para a mudança ao Real, para que, no dia da transição, os preços estivessem exatamente cotados pelo dia anterior e não gerasse sobressaltos e confusão.
No dia 30 de junho de 1994, houve a mudança de Cruzeiro Real para Real na paridade 1 para 1, os preços foram corrigidos pela URV do dia anterior.
Após a implantação total do plano Real, a inflação passou de 47,43% em junho daquele ano para 6,84% em julho, 1,86% em agosto, 1,53% em setembro, 2,62% em outubro, 2,81% em novembro e 1,71% em dezembro.
POLÍTICA ECONÔMICA ATUAL
A economia brasileira vai demorar para sair do buraco. Segundo a percepção de economistas do mercado financeiro ouvidos pelo Banco Central e analistas consultados pelo G1, as previsões que, no início de 2015, indicavam um ajuste mais rápido para controle da inflação, para as contas públicas e nível de atividade, agora mostram que esse processo deve demorar bem mais tempo – podendo abranger o segundo mandato inteiro da presidente Dilma Rousseff.
No início deste ano, o mercado financeiro estimava um dólar abaixo de R$ 3 até 2019, um Produto Interno Bruto (PIB) crescendo nos quatro anos do segundo mandato de Dilma, superávit primário das contas públicas (a economia feita para pagar juros da dívida) em todo este período, de 2015 a 2018, e inflação média (nos quatro anos de governo) abaixo de 6% – além de taxas de juros mais baixas.
PREVISÕES PARA A ECONOMIA
Na semana passada, menos de dez meses depois, o mercado já vê o dólar acima de R$ 4 até 2019, o PIB médio negativo para o segundo mandato de Dilma, juros mais altos e inflação maior, acima, pela média, de 6,3% – com novo crescimento em relação aos quatro anos anteriores.
De modo geral, os analistas acreditam que a piora do quadro está relacionada, principalmente, com as dificuldades do governo em acertar as contas públicas, o que deve impactar, mais ainda, as taxas de emprego nos próximos anos.
Dificuldades
"Por mais que a economia internacional tenha contribuído para o quadro de dificuldades, a crise no Brasil é fundamentalmente interna e do setor público [contas em desordem]. O que mina a confiança dos agentes e causa instabilidade. Reverter esse quadro é crítico e está se mostrando muito demorado. Uma crise fiscal [das contas públicas] dessa magnitude, talvez você tenha um período longo [de recuperação] como a Europa teve. Em alguns países da Europa, você tem quatro ou cinco anos [para se recuperar]. Eu diria que, de certo modo, pode ser um segundo mandato inteiro [da presidente Dilma] de ajuste", avaliou o chefe da Unidade de Política Econômica da CNI, Flavio Castelo Branco.
Adriano Gomes, sócio-diretor da Méthode Consultoria e professor do Curso de Administração da ESPM, também acredita que o ajuste na economia poderá demandar todo o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff.
"É bem por aí. Na economia real, você tem quebra das empresas, falência grande, desemprego elevado e empresas com pedidos de recuperação judicial como nunca se viu. O ajuste fiscal está jogando a economia mais ainda na recessão. A CPMF [cujo retorno está sendo proposto pela equipe econômica] é um imposto perverso, cumulativo. Nasce no primeiro elo da cadeia e vai até o consumidor final", avaliou ele, que defendeu um corte maior nos gastospara equilibrar as contas públicas ao invés de alta de tributos.
Previsões para o PIB
Segundo pesquisa do BC com mais de 100 instituições financeiras, realizada na semana passada, o Produto Interno Bruto (PIB) terá dois anos de retração, em 2015 e 2016, de respectivamente, 2,97% e de 1,20% – algo que não ocorre desde o início da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 1948.
A previsão é de um retorno ao campo positivo somente em 2017 (+1%), avançando para 2% de alta em 2018. Mesmo assim, no segundo mandato da presidente Dilma, ficaria negativo, pela média, em 0,29% – a pior marca desde o governo Collor, que registrou média negativa de 1,28% entre 1990 e 1992. No início deste ano, a estimativa era de um crescimento médio do PIB de 1,7% no segundo mandato de Dilma.
De 1985 a 1990, no governo Sarney, o PIB avançou, pela média, 4,3%. De 1990 a 1992, no governo Collor, recuou 1,28%. Entre 1992 e 1994, na gestão de Itamar Franco, teve expansão média de 5,3%. No primeiro mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso, entre 1995 e 1998, registrou crescimento de 3%. No segundo mandato de FHC, houve expansão de 2,3%.
No primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de 2003 a 2006, o PIB avançou 3,5% e, no seu segundo mandato (2007 a 2010), cresceu 4,6% - ainda pela média dos quatro anos. De 2011 a 2014, no primeiro mandato da presidente Dilma, foi registrado crescimento médio de 2,14%.
'Mãe' de todos os problemas
Segundo Adriano Gomes, a "mãe" dos problemas da economia brasileira é a gestão das contas públicas.
"Nós vemos uma queda constante do superávit primário nos últimos anos, até que se chegou ao desastre total com as tais pedaladas fiscais [nos dois últimos anos], que estão na ordem do dia. As agências de risco têm a mesma visão. Elas acompanham não só este indicador, mas também o aumento da dívida pública, chegando a um número que elas consideram crítico, na casa de 65% [para a dívida bruta]. Isso fez com que o país perdesse o grau de investimento", avaliou ele.
Os economistas das instituições financeiras, consultados pelo BC em sua pesquisa semanal, abrangendo mais de 100 bancos, não acreditam que o governo conseguirá levar adiante o ajuste nas contas públicas prometido. A meta deste ano é de um superávit primário de 0,15% para todo o setor público (governo, estados, municípios e empresas estatais), ou R$ 8,7 bilhões. Até agosto, porém, o resultado está deficitário em R$ 1,1 bilhão.
Para 2015, o mercado prevê um déficit de 0,30% do PIB e, para 2016, um resultado também negativo - de 0,20% do PIB (ainda bem distante da meta de superávit de 0,7% do PIB fixada para o próximo ano) - perfazendo três anos no vermelho, visto que 2014 já foi deficitário. As contas voltariam ao azul somente em 2017 (com superávit de 0,80%).
Turbulências políticas e Lava Jato
Segundo análise da agência Moodys, além da deterioração das contas públicas, as turbulências políticas e as investigações da operação Lava Jato, que apura esquema de corrupção na Petrobras, levaram à uma queda do emprego, do consumo e dos salários, levando a uma retração do PIB em 2015 e 2016.
"O quadro político está muito desgastado para fazer ajustes na magnitude em que eles são necessários, como alterar regras de benefícios previdenciários, assistenciais e regras de vinculação de despesas. Mudar o processo orçamentário. Tudo isso exige maiorias legislativas significativas. Se sele conta no ajuste fiscal com os recursos dessas medidas, e se há dificuldade em aprová-las, isso passa um ambiente de incerteza e instabilidade. O que é mortal para a retomada da economia. O investimento é a mola para iniciar um processo de retomada", avaliou o Flavio Castelo Branco, da CNI.
Os impactos diretos e indiretos da Operação Lava Jato na economia, por sua vez, podem tirar R$ 142,6 bilhões da economia brasileira em 2015, o equivalente a uma retração de 2,5% do PIB (Produto Interno Bruto), segundo estudo da consultoria GO Associados antecipado ao G1. “O impacto será um pouco menor, mas ainda muito significativo. No último cálculo consideramos uma redução de 42% nos investimentos da Petrobras”, explicou, em agosto, Gesner Oliveira, professor da Fundação Getúlio Vargas e sócio da consultoria GO Associados.
Desemprego subindo
Segundo estudo da Confederação Nacional da Indústria, a taxa de desemprego metropolitana medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que subiu para 7,6% em agosto deste ano, deve encerrar este ano em 8% e tende a continuar avançando em 2016. "É bem provável que se agrave no início de 2016. É possível que tenhjamos um quadro mais agravado pelo reajuste do salário mínimo [que acontecerá no início do ano que vem]", avaliou Castelo Branco.
Para Rodolfo Torelly, especialista no mercado de trabalho, deverão ser fechadas 1,38 milhão de vagas formais neste ano, no pior resultado da série histórica dos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que começa em 1992. Até agosto deste ano, 572 mil vagas com carteira assinada foram fechadas. "O mercado de trabalho está refletindo o que a economia está mostrando. Acho que a gente não chegou no fundo do poço ainda. Todo mês a situação esta piorando", declarou. Para ele, a taxa de desemprego, medida pelo IBGE, certamente vai chegar a 10% em 2016. 
Dólar mais alto
No início deste ano, o mercado financeiro estimava um dólar abaixo de R$ 3 até 2019. Na semana passada, segundo estimativas colhidas pelo Banco Central com mais de 100 instituições financeiras, porém, o cenário já havia se alterado significativamente.
Aos olhos dos economistas dos bancos, o dólar alto veio para ficar. A previsão é de que o dólar termine este ano em R$ 4, avance para R$ 4,15 no fechamento de 2017, termine 2017 e 2018 em R$ 4 e que suba para R$ 4,11 no fim de 2019.
Essa, porém, é uma estimativa sujeita a erro, uma vez que os próprios economistas costumam dizer que Deus inventou o câmbio para lhes ensinar humildade. Nesta semana, por exemplo, a moeda americana já está operando ao redor de R$ 3,80.
Mais inflação
No campo da inflação, as previsões dos analistas ouvidos pelo BC em sua pesquisa semanal também estão piorando no curto prazo, colocando em xeque a meta do Banco Central de trazer o IPCA para a meta central de 4,5% em 2016 - embora estejam melhores para 2017 e 2018. O objetivo de atingir a meta central de inflação de 4,5% em 2016 foi anunciado no fim do ano passado e, até o momento, ainda não foi alterado.
No início de 2015, o mercado estimava um IPCA de 5,70% para o próximo ano, valor que recuou para até 5,40% em agosto. Depois, porém, com a deterioração das contas públicas e revisão para baixo das metas fiscais, voltou a subir, atingindo 6,05% na semana passada - vem mais próximo do teto de 6,5% do que do objetivo central de 4,5%.
A inflação média projetada para o segundo mandato da presidente Dilma está em 6,36% - considerando as últimas previsões do mercado financeiro (9,70% para este ano, 6,05% para 2016, 5% para 2017 e 4,7% para 2018). Com isso, em termos de mandatos presidenciais, haverá nova piora, se esse cenário se confirmar. No primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, o índice somou 6,16%, contra 5,14% no último mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. Seria a maior inflação, por mandatos, desde a primeira gestão de Lula, entre 2003 e 2006 - que teve inflação média de 6,43%.
Juros mais altos
Mesmo sem atingir a meta central de inflação de 4,5% até 2018, o mercado financeiro também não prevê que a taxa básica de juros da economia brasileira, atualmente em 14,25% ao ano - o maior patamar em nove anos e os juros reais (após o abatimento da inflação estimada para os próximos 12 meses) mais altos do mundo - caindo fortemente. A previsão é de que a taxa recue para 12,63% ao ano no fim e 2016, para 11% ao ano no fechamento de 2017 e para 10% ao ano no fim de 2018, ou seja, ainda no patamar de dois dígitos até o fim do segundo mandato de Dilma Rousseff.

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