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ANA - Estruturação Gestão Ambiental Municipal Apostila

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Ministério do Meio Ambiente 
PROGRAMA NACIONAL DE CAPACITAÇÃO DE GESTORES AMBIENTAIS 
 
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO EaD: ESTRUTURAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL 
MÓDULO 1: POLÍTICA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Brasília, 2015 
 
II 
 
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 
Presidenta Dilma Dilma Vana Rousseff 
Vice Presidente: Michel Temer 
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 
Ministra Izabella Mônica Vieira Teixeira 
Secretário Executivo: Francisco Gaetani 
Secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental - SAIC 
Regina Gualda 
Diretora do Departamento de Educação Ambiental - DEA 
Soraia Silva de Mello 
Equipe técnica do Programa Nacional de Capacitação de Gestores Ambientais- PNC 
Luciana Resende 
Neuza Gomes S. Vasconcellos 
Carla Silva Sousa (Estagiária) 
Concepção do material original 
Tereza Moreira 
Organização do Curso EAD 
Elmar Andrade de Castro 
Luciana Resende 
Neuza Gomes da S. Vasconcellos 
Carla Silva Sousa (Estagiária) 
Texto e revisão de conteúdo original 
Luciana Resende 
Neuza Gomes da S. Vasconcellos 
Carla Silva Sousa (Estagiária) 
Revisão e colaboração 
Angelita Coelho 
José Luís Xavier 
Miriam Miller 
III 
 
Neusa Helena Rocha Barbosa 
Nilo Sérgio de Melo Diniz 
Coordenação: 
Agência Nacional de Águas - ANA 
Elmar Andrade de Castro 
Mariana Braga 
Taciana Neto Leme 
 
Equipe do Departamento de Educação Ambiental- MMA 
Soraia Silva de Mello (Diretora) 
Renata Rozendo Maranhão (Gerente de Projetos) 
Analistas Ambientais 
Alex Bernal, Ana Luísa Campos, Jader Oliveira, José Luís Xavier, Luciana Resende, Nadja 
Janke, Neusa Helena R. Barbosa, Neuza Gomes Vasconcelos, Patricia F. Barbosa, Taiana 
Brito 
 
Agentes Administrativos 
Maria Aparecida Leite, João Alberto Xavier 
 
Recepcionista 
Leylane Aparecida L. do Santos 
 
Estagiários 
Amanda Feitosa, Carla Silva Sousa, Paula Geissica Ferreira da Silva, Rômulo de Sousa 
 
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS 
Diretoria Colegiada 
Vicente Andreu Guillo (Diretor Presidente) 
Paulo Lopes Varella Neto 
Gisela Forattini 
João Gilberto Lotufo Conejo 
IV 
 
SUPERINTENDÊNCIA DE APOIO AO SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE 
RECURSOS HÍDRICOS 
Humberto Cardoso Gonçalves (Superintendente) 
Victor Alexandre Bittencourt Sucupira (Superintendente Adjunto) 
COODENAÇÃO DE CAPACITAÇÃO DO SINGREH 
Taciana Neto Leme (Gerente) 
Celina Maria Lopes Ferreira 
Daniela Chainho Gonçalves 
Elmar Andrade de Castro 
Jair Gonçalves da Silva 
Lucas Braga Ribeiro 
Luis Gustavo Miranda Mello 
Mariana Braga Coutinho 
Sandra Cristina de Oliveira (Secretária) 
Vivyanne Graça Mello de Oliveira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Este material didático foi produzido no âmbito do Programa Nacional de Capacitação de 
Gestores Ambientais, com apoio da Agência Nacional de Águas- ANA, com base nos 
Cadernos de Formação- PNC. 
 
V 
 
SOBRE O PROGRAMA NACIONAL DE CAPACITAÇÃO DE GESTORES AMBIENTAIS E 
A PARCERIA MMA E ANA 
Para o alcance do direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado para as 
presentes e futuras gerações é imprescindível a participação da coletividade e também do 
poder público. Quanto a esse último, torna-se necessária a melhoria de resultados, com 
vistas a aumentar a eficiência, eficácia e efetividade da gestão ambiental. Uma importante 
estratégia é a qualificação do corpo técnico dos órgãos municipais de meio ambiente. Nesse 
âmbito, destaca-se a atuação do Programa Nacional de Capacitação de Gestores 
Ambientais - PNC. 
 
O PNC foi instituído em 2005, a partir de uma demanda da I Conferência Nacional de 
Meio Ambiente. A ideia de se criar o Programa emergiu com a necessidade de haver uma 
estratégia nacional de capacitação de gestores locais, visando gerenciar melhor as ações 
realizadas no âmbito do Ministério do Meio Ambiente e vinculadas. 
 
Dessa forma, o PNC foi criado para atender aos anseios dos estados e municípios, em 
uma estratégia duradoura. Seu objetivo principal é o de capacitar gestores, servidores e 
técnicos ambientais, com vistas a ampliar a compreensão do Sistema Nacional de Meio 
Ambiente (SISNAMA) e seu fortalecimento. Busca também a consolidação da gestão 
ambiental compartilhada, que envolve a responsabilização das três esferas de governo: 
federal, estadual e municipal. 
 
O Programa capacitou aproximadamente 12 mil gestores e técnicos, beneficiando 
mais de 2 mil municípios. Desde sua criação, passou por importantes momentos: o primeiro 
referiu-se a uma fase em que foram realizados cursos presenciais que versavam sobre 
temas ligados à estruturação dos sistemas municipais de meio ambiente. Nesse período, 
ocorreram cursos em 14 estados, por meio de convênios. 
 
Paralelamente à realização de cursos presenciais, a partir de 2007, iniciaram-se os 
cursos semipresenciais, executados via internet e realizados em parceria com outras 
secretarias do MMA, outros ministérios e entidades vinculadas. Os temas versavam acerca 
de temas como: gestão integrada de resíduos sólidos, licenciamento ambiental básico e com 
VI 
 
foco em estações de tratamento de esgotos e aterros sanitários, regularização ambiental em 
propriedades rurais, além de gestão de recursos hídricos e comitês de bacias hidrográficas. 
Esses últimos cursos realizados em parceria com a Agência Nacional de Águas, no ano de 
2013. 
 
A Agência Nacional de Águas é a entidade federal de implementação da Política 
Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) e de coordenação do Sistema Nacional de 
Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGERH), de acordo com o disposto na Lei 
9.984/2000, a Lei das Águas. Uma de suas atribuições é estimular a pesquisa e a 
capacitação de recursos humanos para a gestão de recursos hídricos. 
 
Assim, a ANA deu início aos processos de capacitação de recursos humanos para 
a gestão de recursos hídricos em 2001. Inicialmente, entre 2001 e 2010, a ANA 
conseguiu atingir cerca de 10 mil pessoas, por meio de cursos presenciais. 
Posteriormente a ANA deu início a implementação sistemática de cursos na modalidade 
à distância e a partir dessa estratégia, no período de 2011-2013 mais de 20.000 pessoas 
foram capacitadas e no ano de 2014 mais de 22.000 pessoas foram aprovadas. 
 
O alcance da modalidade a distância elevou a abrangência tanto em número de 
pessoas capacitadas quanto na distribuição espacial dos participantes, com 
representantes de todos os estados brasileiros e distrito federal, e também de outros 
países em que a ANA estabelece ações de cooperação. O público alvo é a sociedade 
brasileira interessada, os membros de comitês de bacia, como usuários de água, 
representantes dos governos municipais, estaduais e federal e representante das 
organizações da sociedade civil relacionadas aos recursos hídricos, além de agentes 
dos órgãos gestores de recursos hídricos e a sociedade em geral. 
 
Os cursos a distância oferecidos pela ANA, no projeto EAD-ANA variam em carga 
horária (entre 4 e 40 horas), sempre na modalidade autoinstrucional, isto é totalmente a 
distância e sem tutoria e em temas como planejamento e gestão, hidrometria/hidrologia, 
uso racional da água e educação e participação social na gestão de recursos hídricos. 
 
VII 
 
Desse modo, em uma coadunação de esforços entre o MMA e a ANA, e em 
continuidade de uma parceria bem sucedida, foi elaborado esse curso, que busca atingir o 
maiornúmero de gestores ambientais, membros dos Comitês de Bacias Hidrográficas, 
estudantes e público em geral. 
 
Objetiva-se, com isso, instigar a estruturação institucional e o fortalecimento da gestão 
ambiental municipal, com a ótica da sustentabilidade sócio-ambiental-territorial, a 
disseminação de conhecimentos e a reflexão crítica acerca de assuntos que visam à 
melhoria da gestão ambiental pública e a superação de gargalos. Ademais, busca-se 
contribuir para a inserção do desenvolvimento sustentável na formulação e na 
implementação de políticas públicas, de forma transversal e compartilhada, participativa e 
democrática, em todos os níveis e instâncias de governo e da sociedade. 
 
Soraia Silva de Mello 
Diretora do Departamento de Educação Ambiental - DEA 
 
 
Taciana Neto Leme 
Coordenadora de Capacitação para o SINGREH 
 
 
 
VIII 
 
APRESENTAÇÃO DO CURSO 
Os três módulos que compõem esse curso fornecem linhas gerais para o 
fortalecimento do Sistema Nacional de Meio Ambiente em sua inter-relação com os demais 
instrumentos e atores da gestão municipal. O material didático foi concebido para trabalhar 
conceitos não apenas de forma discursiva. Por meio de exemplos e exercícios, pretende-se 
promover sucessivas aproximações das pessoas com a realidade local, no sentido de 
qualificar a sua atuação. 
Diante de uma perspectiva de capacitação descentralizada e voltada a atender cada 
realidade específica, vale lembrar que há liberdade para se buscar informações e para criar 
metodologias que melhor atendam às suas necessidades. Os materiais produzidos 
pretendem apontar caminhos, fornecer sugestões e indicar possíveis fontes de consulta 
para que as pessoas e os grupos busquem respostas às questões suscitadas pela prática. 
O Módulo I reflete a importância da gestão ambiental municipal e mostra qual é a 
estrutura do SISNAMA em âmbito federal, estadual e municipal. 
O Módulo II mostra os principais passos para a estruturação dos órgãos que compõem 
o Sistema Municipal de Meio Ambiente. Discorre também sobre as formas de se reunir 
recursos destinados às ações na área ambiental. 
O Módulo III trata das diferentes escalas de planejamento municipal, com ênfase no 
planejamento microrregional e setorial, considerando os níveis de integração a serem 
concretizados em torno de um projeto de desenvolvimento sustentável para a comunidade e 
a região. 
Todos os módulos contêm a legislação referente aos temas desenvolvidos, trazem 
explicações sobre termos técnicos e fornecem dicas de onde obter mais informações. 
 
Bons estudos a todos! 
 
 
IX 
 
SUMÁRIO 
UNIDADE 1: Gestão Pública Sustentável ...................................................................................... 10 
A emergência da questão ambiental ................................................................................................ 10 
Municípios sustentáveis .................................................................................................................... 14 
Em resumo ........................................................................................................................................ 21 
UNIDADE 2: Gestão Ambiental Descentralizada e Integrada ..................................................... 23 
SISNAMA: concepção e origens ........................................................................................................ 23 
Composição do SISNAMA .................................................................................................................. 26 
O meio ambiente na Constituição Federal ........................................................................................ 35 
Gestão ambiental compartilhada ...................................................................................................... 39 
Em resumo ........................................................................................................................................ 41 
UNIDADE 3: Gestão Ambiental Municipal ...................................................................................... 42 
Um cenário da gestão ambiental municipal no Brasil ....................................................................... 42 
Elementos para a estruturação da gestão ambiental local ............................................................... 45 
Uma estrutura compatível com as necessidades municipais ........................................................... 50 
Recursos humanos: sujeito e objetivo da gestão .............................................................................. 54 
A participação social na gestão do ambiente.................................................................................... 58 
Em resumo ........................................................................................................................................ 60 
Referências ............................................................................................................................................ 62 
10 
 
 
UNIDADE 1: GESTÃO PÚBLICA SUSTENTÁVEL 
 
Nesta unidade, vamos estudar a questão ambiental a partir de uma breve 
perspectiva histórica que fundamenta a noção atual de sustentabilidade em âmbito global e 
em suas implicações na escala local de atuação. Vamos começar? 
 
A emergência da questão ambiental 
 
No Brasil, o tema ambiental tornou-se mais evidente em um cenário de rápido 
crescimento da economia, o chamado “Milagre Econômico”, dos anos de 1970. Nesse 
período, o País vivenciou o aumento do Produto Interno Bruto- PIB, melhorias na 
infraestrutura e elevação do nível de industrialização. Apesar do incremento na área 
econômica, a desigualdade social intensificou-se. Nesse contexto, o discurso oficial da 
ditadura militar brasileira propunha primeiro “fazer o bolo crescer, para depois dividi-lo”. 
Além disso, não era preconizada a precaução contra os impactos gerados pelas atividades 
produtivas nem as limitações dos recursos naturais. 
 
 Além da reação de alguns segmentos da sociedade ao modelo de produção e 
consumo vigente, tal como o movimento ambientalista, os países industrializados 
começavam a perceber que o crescimento econômico ilimitado tinha um preço duplo. De um 
lado, o esgotamento dos recursos naturais, de outro, a poluição. Representantes desses 
países queriam discutir formas de desenvolvimento. 
 
Em 1972, na cidade de Estocolmo, Suécia, pela primeira vez, uma conferência das 
Nações Unidas dedicava-se a debater os problemas ambientais em âmbito mundial. Trata-
se da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano. De acordo com 
Degradação da qualidade ambiental resultante das atividades que direta ou
indiretamente prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população,
criem condições adversas às atividades sociais e econômicas, afetem
desfavoravelmente a biota, afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio
ambiente, e lancem materiais ou energia em desacordo com os padrões
ambientais estabelecidos (BRASIL, 2004, p. 251).
Poluição
11 
 
Milaré (2007), a posição defendida pelo Brasil era a do “crescimento a qualquer custo”. A 
fundamentação era a de que as nações subdesenvolvidas e em desenvolvimento não 
deveriam destinar recursos financeiros para a proteção ambiental, ou mesmo conter as suas 
taxas de crescimento, devido aos graves problemas socioeconômicos que vivenciavam e 
que, por isso, a degradação ambiental seria um mal menor. 
 
Ainda assim, setores minoritários do governo brasileiro, à época, aproveitaram a 
repercussão negativa da posição brasileira, para propor a criação da Secretaria Especial do 
Meio Ambiente – SEMA (1973), ligada diretamenteà Presidência da República, tendo como 
primeiro titular o professor Paulo Nogueira Neto, da Universidade de São Paulo. 
 
 
 
Na década de 1980, alguns impactos dessa forma autoritária de se governar e 
pensar o ambiente e o desenvolvimento tornaram-se mais visíveis. Exemplos típicos são o 
município de Cubatão, em São Paulo, e a Baía da Guanabara, no Rio de Janeiro. Dois 
locais de grande beleza cênica e que à época foram totalmente desfigurados pela 
sobreposição do econômico sobre a qualidade de vida. Apesar de avanços, até hoje, essas 
localidades são estigmatizadas pelos problemas ambientais e sociais gerados desde então. 
 
Outro exemplo desastroso desse período foi a política de expansão da fronteira 
agropecuária sobre o território e os povos da Amazônia. Sob o lema “integrar para não 
entregar”, a ditadura promoveu uma ocupação que incrementou o desflorestamento e a 
violência contra populações locais, tradicionais e indígenas. Incentivou-se um grande 
movimento migratório de agricultores do Sul e Sudeste do país, que não tinham 
familiaridade com o ambiente florestal. O intuito era, na verdade, minimizar os conflitos 
agrários naquelas regiões. Grileiros e especuladores de terras aproveitaram para avançar 
sobre o território daquelas comunidades tradicionais. Mesmo com a resistência de 
seringueiros que realizavam “empates” (atrasos e obstruções) às derrubadas na floresta, 
desde 1976, os grandes desmatamentos assustaram o mundo a partir de 1988, com as 
primeiras imagens de satélites (ALLEGRETTI, 1994). 
Termo usado para qualificar os processos resultantes dos danos ao meio
ambiente, pelos quais se perdem ou se reduzem algumas de suas propriedades,
tais como a qualidade ou a capacidade produtiva dos recursos ambientais
(MILARÉ, 2007, p. 1239).
Degradação Ambiental
12 
 
 
Casos como esses se repetem em outras situações urbanas e rurais. Desde a 
Conferência de Estocolmo, colhemos efeitos dessa ideologia do crescimento a qualquer 
preço. De certo modo, o bolo cresceu, à custa de opressão e destruição e por isso mesmo, 
não foi dividido: o aumento da pobreza e do desnível socioeconômico somaram-se ao 
aumento da poluição e à crescente escassez de recursos naturais. Hoje, já não se pode 
dizer que os problemas sociais e ambientais afetam apenas os municípios e regiões mais 
populosas do país. Eles estão presentes no dia a dia de quase todas as localidades. 
 
E quanto ao seu município. Quais questões socioambientais são mais evidentes na 
sua comunidade? 
 
Para Refletir
Faça um diagnóstico socioambiental da localidade em que você vive.
Primeiramente, marque um ponto no mapa onde está seu município e, após isso,
responda as seguintes perguntas:
Seu município ou região sofreu algum impacto socioambiental a partir das políticas
daquele período do governo militar, ou mesmo, atualmente, em consequência do
"desenvolvimentismo"? Se sim, descreva brevemente.
Em que bioma e bacia ou região hidrográfica ele se situa? A água é farta e de boa
qualidade? Existem disputas pelo seu uso? Há assoreamento de lagoas, córregos e
outros cursos d’água?
Quantos habitantes vivem na área urbana e na área rural?
Há serviços de saúde e educação pública de qualidade?
Há opções de lazer em áreas verdes? Existem áreas protegidas de forma especial, por
exemplo, Reserva Extrativista ou Área de Proteção Ambiental?
O que se faz com os resíduos gerados pelas atividades industriais, agrícolas ou
urbanas? Existem aterros sanitários?
Para onde vai o esgoto das residências?
Para onde vai o esgoto da empresas?
No seu município existe alguma Estação de Tratamento de Esgoto - ETE?
O solo é fértil ou está empobrecido? Há poluição por agrotóxicos?
Existem disputas em torno do uso do solo, com a ocorrência de grupos de
trabalhadores sem-terra ou grupos sem-teto? Há crianças de rua, favelas, ocupações
irregulares?
Há populações que foram desalojadas pela construção de grandes obras ou que
perderam seu meio de vida por causa de desmatamento, pesca excessiva, poluição das
águas?
A polícia registra muitos casos de violência?
Quais são as principais forças sociais vinculadas a esses temas atuantes no município?
Há associações, sindicatos, outros tipos de organizações?
Agora compartilhe suas impressões com pessoas de seu município e de outras
localidades. As respostas a essas perguntas podem indicar os principais problemas e
onde o município pode melhorar.
13 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conjunto de vida (vegetal e animal) definida pelo agrupamento de tipos de vegetação
contíguos e identificáveis em escala regional, com condições geoclimáticas similares e
história compartilhada de mudanças, resultando em uma diversidade biológica
própria (BRASIL, 2004, p. 49).
Bioma
Conjunto de terras drenadas por um rio principal, seus afluentes e subafluentes. A
ideia de bacia hidrográfica está associada à noção da existência de nascentes,
divisores de águas e características dos cursos de água, principais e secundários,
denominados afluentes e subafluentes. A área física, assim delimitada, constitui-se
em importante unidade de planejamento e de execução de atividades
socioeconômicas, ambientais, culturais e educativas (BRASIL, 2006, p. 62).
Bacia Hidrográfica
Obstrução de um rio, canal, estuário ou qualquer corpo d’água, pelo acúmulo de
substâncias minerais (areia, argila etc) ou orgânicas, como o lodo, provocando a
redução de sua profundidade e da velocidade de sua correnteza (BRASIL, 2004, p. 38).
Assoreamento
Etimologicamente, resíduos referem-se a tudo aquilo que resta, que remanesce.
Numa abordagem ambiental, os resíduos constituem o remanescente das atividades
humanas – domésticas, industriais, agrícolas etc– e que, de uma maneira ou de outra,
são lançados no solo, nos rios ou na atmosfera. Entre eles encontram-se os efluentes
(líquidos), as emissões atmosféricas (gases e material particulado) e os resíduos
sólidos (entre os quais o lixo domiciliar) (MILARÉ, 2007, p. 1272).
Resíduo
14 
 
 
 
Municípios sustentáveis 
 
Nesta capacitação, o conceito de meio ambiente com o qual trabalhamos é um 
pouco diferente do usual. Na nossa concepção, o termo não corresponde apenas à rede 
formada pela interação dos animais, das plantas, dos micro-organismos e das substâncias 
inorgânicas. Nossa visão inclui também o espaço construído e a vida social da espécie que 
maiores alterações têm causado nesse cenário: a espécie humana. 
 
Partimos de uma dimensão socioambiental, pois tanto a poluição como as 
desigualdades sociais afetam negativamente a qualidade de vida das pessoas e têm 
A nova Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos (12.305/2010) não menciona a
expressão LIXO e define Resíduos Sólidos como: "material, substância, objeto ou bem
descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se
procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou
semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas
particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em
corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em
face da melhor tecnologia disponível".
Já os Rejeitos estão definidos como "resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas
as possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis
e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a disposição
final ambientalmente adequada" (BRASIL, Lei 12.305, de 2 de agosto de 2010).
Resíduo (II)
Substância química, geralmente artificial, destinada a combater as pragas da lavoura,
tais como insetos, fungos etc. Muitas são danosas aos animais e também ao homem
(BRASIL, 2004, p. 17).
Agrotóxico
15 
 
impactos profundos sobreo ambiente. Segundo essa visão, o crescimento econômico é 
uma das variáveis a garantir qualidade de vida, mas não a única. Historicamente, vem se 
afirmando o conceito de sustentabilidade, em amplo escopo, ou seja, de um tipo de 
desenvolvimento das sociedades que agreguem durabilidade e justiça social. Ou seja, 
economicamente viável, ecologicamente o mais equilibrado possível, capaz de propiciar às 
pessoas condições básicas para o bem viver, o respeito à diversidade cultural, bem como o 
pleno exercício da cidadania. 
 
A evolução, entretanto, do conceito de sustentabilidade ou sociedades sustentáveis 
- conforme descrito no Tratado Internacional de Educação Ambiental para Sociedades 
Sustentáveis e Responsabilidade Global, firmado por instituições e redes da sociedade civil 
de diferentes países, durante a Rio 92 – passa pela noção de Desenvolvimento 
Sustentável, mais largamente reconhecida, embora alvo de controvérsias devido à 
diversidade de significados atribuídos. 
 
 
 
 
 
Existem diversos conceitos para esse termo, que derivou da expressão
ecodesenvolvimento, sistematizada nos trabalhos do economista Ignacy Sachs. Um
dos enunciados mais difundidos é o da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento, por meio do relatório Nosso Futuro Comum (Relatório Brundtland),
de 1987. De acordo com esse documento, o desenvolvimento sustentável é "aquele
que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as
gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades" (1991 apud MILARÉ,
2011, p. 17).
Do ponto de vista da legislação nacional, o conceito do desenvolvimento sustentável
apareceu primeiramente no estabelecimento das diretrizes básicas para o
zoneamento industrial em áreas críticas de poluição, Lei 6.803, de 1980, e em
seguida, na Política Nacional de Meio Ambiente, Lei 6.938/1981 (MILARÉ, 2011).
Desenvolvimento Sustentável
16 
 
 
 
Nesse sentido, também podemos refletir a respeito de uma localidade a partir do ponto 
de vista da sustentabilidade. Atualmente, há diversos parâmetros para isso. Podemos citar, 
por exemplo, a lista que foi preparada pela organização inglesa Local Government Municipal 
Board, disponibilizada na obra de Marcatto; Ribeiro (2002 apud BRASIL, 2006, p. 19). De 
acordo com esse documento, com base em critérios socioambientais, um município em 
busca do desenvolvimento sustentável: 
 
 Não desperdiça energia e recursos; 
 Produz pouco lixo; 
 Limita a poluição de forma que possa ser absorvida pelos sistemas naturais; 
 Valoriza e protege os recursos naturais; 
 Atende às necessidades do lugar localmente, sempre que possível; 
 Provê casa, comida e água limpa para todos; 
 Dá oportunidades para que todos tenham um trabalho do qual gostem; 
 Valoriza o trabalho doméstico; 
 Protege a saúde de seus habitantes, enfatizando a higiene e a prevenção de doenças; 
 Provê meios de transporte acessíveis; 
 Investe em segurança, para que as pessoas vivam sem medo de crimes ou 
perseguições; 
 Permite acesso igualitário às oportunidades; 
 Garante acesso aos processos de decisão; 
 Dá oportunidades de cultura, lazer e recreação. 
 
No Brasil, a experiência mais consolidada quanto à criação de um painel de indicadores 
que refletem o desenvolvimento sustentável é a do Instituto Brasileiro de Geografia e 
"O termo sustentabilidade foi cunhado com o propósito de nos remeter ao vocábulo
sustentar. Sustentar algo ao longo do tempo - a dimensão de longo prazo já se
encontra incorporada nessa interpretação -, para que aquilo que se sustenta tenha
condições de permanecer perene, reconhecível e cumprindo as mesmas funções
indefinidamente, sem que produza qualquer tipo de reação desconhecida,
mantendo-se estável ao longo do tempo. (...) Todavia, podemos adiantar que a
sustentabilidade comporta várias dimensões. A sustentabilidade torna-se um
conceito transversal que abrange todas as dimensões da vida humana, não apenas
as relações diretas com a natureza." (FERREIRA, 2005, p.315).
Sustentabilidade
17 
 
Estatística- IBGE, que publica, desde 2002, os Indicadores de Desenvolvimento 
Sustentável- IDS. Em sua mais recente versão, há 62 indicadores que versam sobre as 
dimensões ambiental, social, econômica e institucional de uma localidade (BRASIL, 2014a). 
 
Mais recentemente, uma importante iniciativa do Ministério do Meio Ambiente resultou 
na elaboração de um conjunto de indicadores ambientais de referência. Trata-se do 
Painel Nacional de Indicadores Ambientais- PNIA. Os indicadores propostos no PNIA 
objetivam subsidiar a mensuração e o relato: a) das pressões existentes sobre o meio 
ambiente; b) do estado histórico e atual do meio ambiente; c) da efetividade/ impacto das 
respostas da sociedade para preservar ou recuperar o meio ambiente (BRASIL, 2014a). 
 
 
 
Lista de Indicadores que compõem o PNIA 2012 
1. Emissões Brasileiras de Gases de Efeito Estufa (GEE) por Fontes Antrópicas 
2. Emissões Brasileiras Setoriais de Gases de Efeito Estufa (GEE) 
3. Razão da Oferta Interna de Energia / PIB 
4. Participação da Energia Produzida a Partir de Fontes Renováveis na Matriz 
Energética 
5. Consumo de Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio 
6. Emissão de Poluentes Atmosféricos por Fontes Móveis 
7. Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção Representadas nas UC Federais 
Para maiores informações sobre o IDS, acesse o site do IBGE:
http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/recursosnaturais/ids/default_2012.shtm
Variável qualitativa ou quantitativa, em tempo e espaço definido, que pode ser
mensurada ou descrita e que permite o acompanhamento dinâmico da realidade
(BRASIL, 2014a).
Indicador Ambiental
18 
 
8. Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção com Planos de Ação para Recuperação 
e a Conservação 
9. Cobertura Vegetal Nativa Remanescente 
10. Desmatamento Anual por Bioma 
11. Focos de Calor 
12. Cobertura Territorial das Unidades de Conservação da Natureza 
13. Cobertura Territorial e População Atendida pelo Programa Bolsa Verde 
14. Área de Florestas Públicas Destinadas para Uso e Gestão Comunitários 
15. Implantação da Agenda Ambiental na Administração Pública - A3P 
16. Consumo de Agrotóxicos e Afins 
17. Situação da Oferta de Água para Abastecimento Humano Urbano 
18. População Urbana com Acesso a Sistemas Adequados de Abastecimento de Água 
19. População Urbana com Acesso a Serviços de Coleta de Esgotos Sanitários 
20. População Urbana com Acesso a Serviços de Tratamento de Esgotos Sanitários 
21. Coleta per capita de Resíduos Sólidos Domiciliares (RDO) 
22. Taxa de Cobertura da Coleta de Resíduos Sólidos Domiciliares em Relação à 
População Urbana 
23. Taxa de Recuperação de Materiais Recicláveis em Relação à Totalidade de RSU (**) 
Coletados 
24. Municípios com Órgãos Municipais de Meio Ambiente (OMMA) 
25. Municípios com Conselhos de Meio Ambiente (CMMA) 
26. Implantação da Agenda 21 Local 
27. Relação entre Demanda Total e Oferta de Água Superficial 
28. Índice de Qualidade da Água (IQA) dos Rios e BH em Função do Lançamento de 
Esgotos Domésticos 
29. Balanço Hídrico Qualitativo dos Rios e Bacias Hidrográficas 
30. Balanço Hídrico Quali-quantitativo dos Rios e Bacias Hidrográficas 
31. Cobertura do Território com Comitês de BH ou Outros Tipos de Colegiados 
Instituídos nas Bacias 
32. Cobertura Territorial dos Planos de Bacia Hidrográfica 
33. Estado da Cobertura Terrestre das Áreas Susceptíveis à Desertificação 
34. Cobertura Territorial dos Projetos de Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) 
Fonte: (BRASIL, 2014a, p. 30-31) 
19 
 
 
 
 
Afinal, por que é tão importante a atuação dos governos municipais na área ambiental? 
Vejamos algumasrazões: 
 
 O município é o espaço real do território em que as coisas acontecem. Nele se 
podem sentir os impactos tanto dos problemas quanto das soluções para a qualidade 
de vida. Por exemplo, uma grande obra pode ser executada para beneficiar todo o 
País, mas inevitavelmente causará algum tipo de efeito no espaço geográfico de um 
ou mais municípios. E quem sentirá as consequências no dia a dia serão os seus 
habitantes. Portanto, os governos locais devem ter o controle das atividades que se 
instalam em seu território, podendo, inclusive, ser mais restritivos que o estado e a 
União. 
 
 Alguns surtos de crescimento são como “fogo de palha”. Produzem muitas riquezas 
em curto espaço de tempo, às vezes de “um ou dois mandatos”. Mas sem a base de 
recursos naturais que lhes deram origem, e que foram degradadas, essas atividades 
se vão para outras localidades, em busca de novos recursos para consumir. Todos 
conhecem exemplos de cidades que nasceram e morreram economicamente em 
algumas décadas pela febre dos minérios, da pesca, da borracha, da cana-de-
açúcar, do café... Portanto, vale a pena investir em formas de manter e usar com 
Para maiores informações sobre o PNIA, acesse o site do Ministério do Meio
Ambiente:
http://www.mma.gov.br/publicacoes/pnia
Para Refletir
Com base nos indicadores apresentados, você classificaria seu 
município como sustentável? Justifique sua resposta. 
20 
 
inteligência os recursos ambientais disponíveis, exercendo o controle e a 
participação social sobre a gestão do município. 
 
 É mais fácil e barato prevenir do que remediar. Os custos para se resolver problemas 
decorrentes dos impactos ambientais: poluição industrial, perda dos solos, 
assoreamento de rios, contaminação de lençóis freáticos, perda de biodiversidade 
são mais altos do que os esforços para evitá-los. Existem exemplos em todo o 
mundo de quanto é custoso e demorado despoluir um rio. 
 
 
 
 
 Muitos municípios estão descobrindo novas vocações econômicas que se 
harmonizam melhor com os princípios da sustentabilidade socioambiental. 
Atividades como o ecoturismo, a criação de polos de alta tecnologia (limpa) e o 
incentivo à instalação de empreendimentos socialmente responsáveis podem gerar 
riquezas e contribuir para a qualidade de vida da população. Em um mundo cada vez 
mais globalizado isso é uma importante vantagem comparativa. 
 
 No espaço do município se torna mais fácil garantir a participação de cidadãos e 
cidadãs nas decisões, colocando em prática o princípio de que as pessoas devem 
Lençol de água subterrâneo que se encontra em profundidade
relativamente pequena. Pode ser considerado como parte ou camada
superior das águas subterrâneas (MILARÉ, 2007, p. 1257).
Lençol Freático
Representa a diversidade de comunidades vegetais e animais que se inter-
relacionam e convivem num espaço comum que pode ser um ecossistema
ou um bioma (IBAMA, 2003 apud BRASIL, 2006, p. 62).
Biodiversidade
21 
 
compartilhar com o Estado a responsabilidade pela conservação do meio ambiente, 
garantindo transparência nas ações pelo controle social. 
 
 
Em resumo 
 
Há muitas décadas, o Brasil adotou um modelo de desenvolvimento que tem gerado 
subprodutos indesejáveis, tais como: poluição, esgotamento de recursos naturais e um dos 
maiores índices de desigualdade social do mundo. Os resultados dessa mentalidade são 
gritantes, e seus efeitos já se fazem sentir na maior parte dos municípios, ainda que 
programas de combate ao desmatamento dos biomas, de gestão da qualidade e quantidade 
dos recursos hídricos, de participação social, como as Conferências de Meio Ambiente, e de 
transferência de renda tem sido bem sucedidos, com efeitos socioambientais positivos. 
 
Muitos ainda restringem meio ambiente a apenas árvores, rios e animais. Em geral, 
se esquecem de que nós, os seres humanos, que também fazemos parte desse cenário e 
somos os principais responsáveis por suas alterações, deletérias ou não. Também persiste 
o engano do ideário liberal e capitalista de que desenvolvimento e crescimento econômico 
são sinônimos. Porém, não há desenvolvimento real sem o bem estar social, num ambiente 
sadio. Assim, o conceito de sustentabilidade procura deixar mais claro que as pessoas, 
especialmente os menos favorecidos, e o meio em que vivem, devem estar em primeiro 
plano. 
 
Esta inversão de valores deve ser implementada global, mas, sobretudo localmente. É 
no espaço local que os maiores impactos são sentidos. Por isso, a importância da atuação 
nessa escala. O município é onde moramos, trabalhamos e nos divertimos. Ali percebemos 
os problemas e podemos contribuir para buscar soluções. 
 
Ao se pensar e construir um modelo de desenvolvimento sustentável pode-se 
descobrir e desenvolver novas vocações nos municípios, além de incentivar a participação 
Ação de fiscalização, exercida pela sociedade, sobre os governos, visando
garantir transparência na definição das prioridades das políticas e nos
gastos públicos (BRASIL, 2006, p. 63).
Controle Social
22 
 
de seus cidadãos e cidadãs, promovendo a responsabilidade de todos sobre o presente e o 
futuro da localidade, dos territórios, tendo a gestão ambiental como vetor de planejamento 
democrático. 
 
Agora que estudamos noções básicas acerca da sustentabilidade na gestão pública, 
vejamos, na próxima unidade, os principais aspectos do Sistema Nacional de Meio 
Ambiente - SISNAMA. 
 
 
23 
 
UNIDADE 2: GESTÃO AMBIENTAL DESCENTRALIZADA E INTEGRADA 
 
Em uma perspectiva de uma gestão ambiental compartilhada, estudaremos, nesta 
unidade, o Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, com foco em sua origem, 
composição e competências dos entes integrantes. Além disso, analisaremos como o tema 
meio ambiente é abordado na atual Constituição Federal. 
 
SISNAMA: concepção e origens 
 
O SISNAMA é o modelo de gestão ambiental adotado no Brasil. Foi instituído pela Lei 
nº 6.938/1981, portanto, antes mesmo da atual Constituição Federal. O referido 
ordenamento cria a Política Nacional do Meio Ambiente, e tem como desafio formar uma 
rede de organizações em âmbito federal, estadual, distrital e municipal que, juntas, possam 
alcançar as grandes metas nacionais na área ambiental. Desse modo, conforme nos lembra 
Milaré (2011), é um sistema formado pelo conjunto de órgãos e instituições nos diversos 
níveis de poder responsáveis pela proteção ambiental, além de ser o grande arcabouço 
institucional da gestão ambiental brasileira. 
 
Assim, podemos dizer que a proteção do meio ambiente, por meio do SISNAMA, se 
consolida mediante a formulação e execução de políticas públicas de meio ambiente; a 
articulação entre as instituições componentes do Sistema em âmbito federal, estadual, 
distrital e municipal; e pelo estabelecimento da descentralização da gestão ambiental. 
 
A ideia que deu origem ao SISNAMA baseia-se em um princípio da Ecologia, a teoria 
dos sistemas vivos. Segundo essa teoria, sistema é um todo composto de partes que 
dependem umas das outras e que, atuando juntas, servem para cumprir determinada 
função. 
 
Para maiores informações sobre a Lei 6938/1981, acesse: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm
24 
 
A natureza possui milhares de exemplos de sistemas: cada indivíduo, animal, planta, 
micro-organismo é um todo integrado, ou seja, um sistema vivo. Da mesma forma, as 
sociedades humanas e o meio ambiente construído reproduzem esse modelo: a família, a 
comunidade, as cidades, a malha viária, as redes de telefonia e de distribuição de alimentos 
constituem exemplos de sistemas. 
 
De acordo com essa visão, a Terra éum grande sistema, composto de outros 
“encaixados” uns nos outros. Nesse sentido, o SISNAMA estrutura-se como uma rede capaz 
de abarcar toda a complexidade da questão ambiental, por meio de ações compartilhadas 
entre as esferas federal, estadual, distrital e municipal. Esse conceito representa uma nova 
forma de ver o mundo, na qual são enfatizadas as relações e a integração que existe entre 
os componentes do sistema. Como afirma Machado (2013), “nas questões ambientais não 
se podem criar oportunidades para uma administração monolítica – fechada em si mesma.” 
 
Do ponto de vista histórico, a origem do SISNAMA remete à criação da Secretaria 
Especial de Meio Ambiente- SEMA, em 1973, que objetivava orientar uma política de 
conservação do meio ambiente e uso racional dos recursos naturais; ao I Plano Nacional de 
Desenvolvimento – PND – 1975-79, que incorporou a preocupação com o estabelecimento 
de uma política ambiental e mudou a estratégia do “desenvolvimento a qualquer preço”; e o 
II PND – 1980-85, durante o qual foi instituído a Política Nacional de Meio Ambiente, por 
meio da Lei 6.938/1981 (MILARÉ, 2011). 
 
 
 
 
Como visto, o SISNAMA começou a se estruturar ainda durante os governos militares 
em um ambiente institucional fortemente marcado pela centralização. Havia naquele 
momento, grandes dificuldades para se delegar poderes aos estados e municípios. 
Saiba Mais
A criação da SEMA foi uma resposta às críticas da 
comunidade internacional acerca do posicionamento 
dos países denominados de Terceiro Mundo, liderados 
pelo Brasil, contrários ao retardamento e 
encarecimento do processo de industrialização nos 
países em desenvolvimento, como forma de controle 
da degradação ambiental (MILARÉ, 2011). 
25 
 
 
Assim, a primeira fase de implementação do sistema (décadas de 1980 e 1990) 
caracterizou-se pela criação dos órgãos ambientais, principalmente nos âmbitos federal e 
estadual. Até recentemente, porém, em muitos casos, o que se observa na prática é a 
ocorrência de órgãos ambientais sem vínculos entre si, desarticulados e fortemente 
marcados pela competição, especialmente no estabelecimento de competências para o 
licenciamento e fiscalização ambiental. 
 
 
 
 
 
Essa é, contudo, uma visão oposta ao que propõe a Política Nacional de Meio 
Ambiente, que está fortemente assentada nos preceitos da Forma Federativa de Estado. 
Por esse modelo, deve haver uma repartição de responsabilidades e recursos, além da 
cooperação entre os entes federados. Segundo Granziera (2014), a principal característica 
do SISNAMA é a coordenação das ações, baseada na articulação institucional, para que 
não haja superposição ou lacunas na atuação do poder público. 
 
Procedimento administrativo pelo qual o órgão de meio ambiente avalia e
concede licença de localização, instalação, ampliação e operação de
empreendimentos e atividades que utilizem recursos naturais e possam causar
danos ou impactos ambientais. A licença prevê as ações que serão necessárias
para minimizar impactos, considerando-se as disposições legais e
regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso (BRASIL, 2006, p. 36).
Licenciamento
Procedimentos utilizados por órgão competente para verificar se as normas e 
leis estão sendo cumpridas (BRASIL, 2006, p. 36). 
Fiscalização
26 
 
 
Agora que já temos uma noção do processo histórico que levou ao nascimento desse 
sistema e entendemos suas principais bases conceituais, vejamos, então, quais são seus 
componentes. 
 
Composição do SISNAMA 
 
A Lei 6.938/1981, em seu artigo 6º, traz a estrutura na qual está baseada a gestão 
ambiental do País. E, tendo em vista os seus componentes, podemos dizer que, mesmo que 
aberto à participação de instituições não governamentais e da sociedade civil, o SISNAMA é 
uma estrutura político-administrativa eminentemente governamental (MILARÉ, 2011). 
 
Assim, compõem o SISNAMA os órgãos e entidades da União, dos estados, do 
Distrito Federal, dos territórios e dos municípios, bem como as fundações instituídas pelo 
poder público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental, assim 
estruturado: 
 
I – Órgão Superior 
 
Saiba Mais
No Brasil, a Forma de Estado é a Federação formada por quatro espécies de
entes (União, estados, Distrito Federal e municípios). Conforme nos lembra
Paulo; Alexandrino (2011), o Brasil segue um modelo de federalismo
cooperativo. Isso quer dizer que não há uma divisão rígida de competências
entre os entes, e que, além disso, esses deverão atuar de modo conjunto.
Em uma Federação, os governos organizam-se tendo a Constituição como
soberana. Submetidos aos seus princípios, os entes federativos compartilham
diferentes competências. Cada uma dessas esferas de governo desfruta de
autonomia política, administrativa, organizativa e legislativa.
Essa forma de organização cria um Estado composto, no qual existe a união das
comunidades públicas em torno da realização dos objetivos da Constituição.
Dessa forma, o poder não concentra-se nas mãos de uma única autoridade
central, fazendo com que seja repartido: a União, como ordem nacional; os
estados, como ordens regionais; e os municípios, como ordens locais. Nesse
caso, o Distrito Federal, em geral, acumula as competências dos estados e dos
municípios.
27 
 
 
 
II – Órgão consultivo e deliberativo 
 
 
 
III – Órgão central: Ministério do Meio Ambiente (MMA) 
 
 
 
IV – Órgãos executores 
 
Conselho de Governo-reúne todos os
ministérios e a Casa Civil da Presidência da
República na função de formular a política
nacional de desenvolvimento do País,
levando em conta as diretrizes para o meio
ambiente.
O Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA) – formado por representantes dos
diferentes setores do governo (em âmbitos
federal, estadual e municipal), do setor
empresarial e da sociedade civil. Assessora o
Conselho de Governo e tem a função de deliberar
sobre normas e padrões ambientais compatíveis
com o meio ambiente ecologicamente
equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida.
Tem a função de planejar, coordenar,
supervisionar e controlar as ações
referentes à Política Nacional e às
diretrizes governamentais fixadas para o
meio ambiente.
28 
 
 
 
V – Órgãos seccionais 
 
 
 
VI – Órgãos locais 
 
 
 
O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA foi precedido, historicamente, por 
duas experiências colegiadas. A primeira acompanhou a criação da Secretaria Especial do 
Meio Ambiente – SEMA, em 1973, quando o Decreto Federal 73.030 instituiu o Conselho 
Consultivo do Meio Ambiente (CCMA), com nove membros a serem nomeados pelo 
Presidente da República. Porém, como afirma Machado (2013), “esse Conselho foi extinto 
na prática”. A segunda iniciativa foi à criação do Conselho de Políticas Ambientais de Minas 
Gerais – COPAM, em 1977. 
O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e
o Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICMBio) – encarregados de
executar e fazer executar as políticas e as
diretrizes governamentais fixadas para o
meio ambiente, de acordo com as
respectivas competências.
Secretarias estaduais do meio ambiente,
os institutos ambientais- responsáveis
pela execução ambiental nos estados e
pelo controle e fiscalização de atividades
que provoquem a degradação do meio
ambiente, de acordo com as suas
respectivas competências.
Secretarias municipais do meio ambiente –
entidades municipais, responsáveis pela
execução ambiental nos municípios e pelo
controle e fiscalização de atividades que
podem provocar a degradação do meio
ambiente, de acordo com as suas
respectivas competências.
29O CONAMA é presidido pelo Ministro do Meio Ambiente e sua Secretaria Executiva é 
exercida pelo Secretário-Executivo do Ministério do Meio Ambiente. Conforme o Decreto 
6.792/2009 é composto por: Plenário; Câmara Especial Recursal; Comitê de Integração e 
Políticas Ambientais; Câmaras Técnicas; Grupos de Trabalho e Grupos Assessores. 
 
De acordo com a Lei 6.938/1981, alterada pelas Leis 8.028/1990 e 7.804/1989, esse 
órgão colegiado tem como algumas de suas competências: 
 
 Estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e critérios para o 
licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, a ser 
concedido pelos estados e supervisionado pelo IBAMA; 
 
 Determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos das alternativas 
e das possíveis consequências ambientais de projetos públicos ou privados, 
requisitando aos órgãos federais, estaduais e municipais, bem como das 
entidades privadas, as informações indispensáveis para apreciação dos 
estudos de impacto ambiental, e respectivos relatórios, no caso de obras ou 
atividades de significativa degradação ambiental, especialmente nas áreas 
consideradas patrimônio nacional; 
 
 Estabelecer, privativamente normas e padrões nacionais de a) controle da 
poluição por veículos automotores, aeronaves e embarcações; b) controle e 
manutenção da qualidade do meio ambiente com vistas ao uso racional de 
recursos ambientais, principalmente os hídricos. 
 
 
Para maiores informações sobre o CONAMA, acesse o Site CONAMA:
http://www.mma.gov.br/port/conama/index.cfm
30 
 
 
 
 
 
 
O Ministério do Meio Ambiente substituiu a Secretaria de Meio Ambiente da 
Presidência da República (SEMA), como órgão central do SISNAMA. Sua competência 
abrange as políticas de meio ambiente e recursos hídricos e todas as questões referentes 
ao meio ambiente (GRANZIERA, 2014). De acordo o Decreto nº 6.101/2007, é da 
competência desse Ministério: 
 
 A Política Nacional do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos; 
 
 A Política de preservação, conservação e utilização sustentável de 
ecossistemas, e biodiversidade e florestas; 
 
Para maiores informações sobre o Decreto 6.792/2009:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Decreto/D6792.htm
Para maiores informações sobre a Lei 8.028/1990 acesse:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8028.htm
Para maiores informações sobre a Lei 7.804/1989 acesse:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7804.htm
31 
 
 A Proposição de estratégias, mecanismos e instrumentos econômico e sociais 
para a melhoria da qualidade ambiental e o uso sustentável dos recursos 
naturais; 
 
 As Políticas para a integração do meio ambiente e produção; 
 
 As Políticas e programas ambientais para a Amazônia Legal; 
 
 O Zoneamento ecológico-econômico. 
 
Cabe ressaltar ainda que são entidades vinculadas ao Ministério do Meio Ambiente, 
também fazendo parte de sua estrutura, as seguintes autarquias: a) Agência Nacional de 
Águas (ANA); b) IBAMA; c) Instituto Chico Mendes- ICMBio; d) Instituto de Pesquisas do 
Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ). Ademais, é órgão subordinado ao Ministério, 
o Serviço Florestal Brasileiro (SFB), que apesar de não possuir personalidade jurídica, 
segundo a Lei 11.284/2006, poderá o Poder Executivo assegurar-lhe autonomia 
administrativa e financeira, mediante celebração de contrato de gestão e de desempenho 
(GRANZIERA, 2014). 
 
 
 
Para maiores informações acesse o site MMA:
http://www.mma.gov.br/
Para maiores informações sobre o Decreto 6.101/2007, acesse:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6101.htm
32 
 
 
 
 
 
 
O IBAMA foi criado pela Lei 7.735/1989, alterada pela Lei 11.516/2007. Suas 
competências estão voltadas para o poder de polícia ambiental, respeitadas as diretrizes do 
Ministério do Meio Ambiente. Entre suas atribuições estão o licenciamento ambiental; 
Para maiores informações acesse o site da ANA:
http://www2.ana.gov.br/Paginas/default.aspx
Para maiores informações acesse o site do JBRJ:
http://www.jbrj.gov.br/
Para maiores informações acesse o site do SFB:
http://www.florestal.gov.br/
Para maiores informações sobre a Lei 11.284/2006, acesse:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11284.htm
33 
 
controle e qualidade ambiental; autorização de uso dos recursos naturais; fiscalização, 
monitoramento e controle ambiental. 
 
 
 
 
 
 
Originalmente, na composição da Lei 6.938/1981, com posterior alteração pela Lei 
7.735/1989, que criou o IBAMA, não havia o Instituto Chico Mendes de Conservação da 
Biodiversidade. Esse foi criado como autarquia federal dotada de personalidade jurídica de 
direito público, autonomia administrativa e financeira, vinculada ao Ministério do Meio 
Ambiente, pela Lei 11.516/2007. Já a partir do Decreto 6.792/2009, que modificou o artigo 
3º, IV, do Decreto 99.274/1990, passou a figurar ao lado do IBAMA como órgão executor do 
SISNAMA (MILARÉ, 2011). 
Para maiores informações acesse o site do IBAMA:
http://www.ibama.gov.br/
Para maiores informações sobre a Lei 7.735/89, acesse:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7735.htm
Para maiores informações sobre a Lei 11.516/2007, acesse:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11516.htm
34 
 
 
 
 
Cabe ressaltar também que, da mesma maneira em que se estabelece como sistema 
(SISNAMA, mais tarde o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos – 
SINGREH, e o Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC), a política 
ambiental tende a ser também mais eficiente e efetiva quanto mais envolver processos 
participativos em contexto verdadeiramente democrático. Isso não se deve apenas à sua 
emergência no processo de democratização no Brasil, mas também porque afeta 
diretamente a saúde e a qualidade de vida da população, surgindo como problema muitas 
vezes nos territórios e nas comunidades, muito antes de ser percebida pelos governantes. 
 
Assim, apesar de o SISNAMA ser uma estrutura político-administrativa 
eminentemente governamental, como já vimos, Machado (2013) destaca que a maioria dos 
estados brasileiros fez a escolha por um sistema de administração ambiental com a 
participação de instituições não governamentais. Ou seja, trata-se de “uma concepção em 
que o governo não tem necessariamente a chave da solução dos problemas do meio 
ambiente.”. 
 
Dessa forma, a educação ambiental, por exemplo, compreendeu, no curso de toda 
essa história recente, que a problemática ambiental deve ser vista em toda a complexidade 
do ambiente, envolvendo todos os atores e fatores, sendo, portanto, compreendido como 
espaço relacional em que o ser humano “é um agente que pertence à teia das relações 
Para maiores informações acesse o site do ICMBio:
http://www.icmbio.gov.br/portal/
Para maiores informações sobre o Decreto 6.792/2009, acesse:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Decreto/D6792.htm
35 
 
sociais, naturais e culturais, e interage com ela” (BRACAGIOLI, 2007, p.230). Também por 
isso, a gestão ambiental precisa ser compartilhada e participativa. 
 
Como pudemos observar, em se tratando de um sistema com papéis compartilhados e 
que visam a um objetivo comum, os esforços dos governos e gestores públicos devem 
ocorrer no sentido colaborativo. Esse trabalho deve ser pautado, prioritariamente, em frentes 
que almejem: a realização de uma política ambiental integrada e que busque incluir a 
dimensão ambiental nas demais políticas de governo; a integração das políticas nacional, 
regional e local de meio ambiente e de recursos hídricos;a atuação e articulação entre os 
entes do SISNAMA; o diálogo e intercâmbio com o Sistema Nacional de Gerenciamento de 
Recursos Hídricos – SINGREH, e o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – 
SNUC; a implementação de iniciativas para capacitação de gestores e servidores públicos, 
visando à estruturação da gestão ambiental; e o estímulo à criação de redes de conselhos, 
órgãos e fundos de meio ambiente nas diversas esferas de governo. 
 
Agora que compreendemos a composição do SISNAMA, podemos avançar um pouco 
mais, vejamos a seguir o tratamento que a nossa Constituição Federal dá ao tema meio 
ambiente. Vamos lá? 
 
 
 
O meio ambiente na Constituição Federal 
 
A Carta Magna fortaleceu amplamente o meio ambiente, e a qualidade ambiental, 
como direito e obrigação de todos junto com outros dispositivos, que passaram a exigir a 
recuperação do ambiente degradado e a impor sanções penais e administrativas às pessoas 
Para Refletir
Com base no que vimos até agora, em especial, a
respeito da estrutura do SISNAMA, identifique as
instituições públicas integrantes desse Sistema, por
exemplo, as secretarias, institutos ou órgãos
responsáveis por realizar a política de meio ambiente.
Faça isso considerando a esfera local (municipal),
regional (estadual) e nacional (União). Busque refletir
se há uma integração entre essas esferas de governo.
36 
 
físicas ou jurídicas que praticarem atividades lesivas, independentemente da obrigação de 
reparar os danos. 
 
O artigo 3º traz como um dos objetivos da República Federativa do Brasil o 
desenvolvimento e o bem estar social, sendo que, este último que está diretamente 
relacionado à qualidade de vida e, consequentemente, à qualidade ambiental. Além da 
Ordem Social, outros dispositivos também abordam o tema, tal como os da Ordem 
Econômica, que deixando claro que as práticas econômicas não poderão afetar a qualidade 
ambiental ou impedir o alcance dos escopos sociais (MILARÉ, 2011). 
 
Ademais, a atual Constituição foi a primeira no Brasil a mencionar a expressão meio 
ambiente. A Lei Maior também dedica um espaço específico ao tema: Título VIII, Da Ordem 
Social, Capítulo VI, artigo 225, que diz: 
 
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia 
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à 
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as 
presentes e futuras gerações” (BRASIL, Constituição da 
República Federativa do Brasil de 1988, grifo nosso). 
 
Para Machado (2014), por tratar-se de bem de uso comum do povo, o meio ambiente 
é um bem coletivo de desfrute individual e também geral, por isso, é direito de cada pessoa, 
mas não apenas dela, podendo ser considerado, portanto, transindividual. Assim, o direito 
ao meio ambiente enquadra-se na categoria de interesse difuso, ou seja, que se espraia 
para uma coletividade indeterminada. 
 
A ideia de transindividualidade reforça a noção de que o meio ambiente deve ser 
objeto de proteção tanto do Estado quanto da sociedade, para usufruto geral. Isso quer dizer 
que não só o Poder Público tem o dever constitucional de zelar pela defesa e preservação 
ambiental, mas também o cidadão e a cidadã. Este deixa de ser um mero titular passivo de 
um direito e também passa a ter o dever de defendê-lo e preservá-lo (MILARÉ, 2011). 
37 
 
 
A exemplo da lei que criou o SISNAMA, a Constituição Federal é fortemente marcada 
pelo princípio da descentralização. Dessa forma, traz para os municípios mais autonomia na 
definição de suas prioridades ambientais (sempre com respeito às normas gerais editadas 
pela União e pelos estados). Alguns fundamentos estabelecidos no texto constitucional são: 
 
 Subsidiariedade: tudo o que puder ser realizado pelo nível local, com competência e 
economia, não deve ser atribuído ao nível estadual e federal. Isso permite encontrar 
soluções para os problemas o mais próximo possível de onde são gerados; 
 
 Autonomia: a liberdade e o discernimento individual ou local são valorizados, 
garantindo-se, dessa maneira, o mínimo de dependência para a realização de ações de 
interesse local; 
 
 Responsabilidade compartilhada: a missão de zelar pelos bens comuns cabe a todos e 
a cada um, de acordo com as suas competências e atribuições; 
 
 Cooperação ou solidariedade: independentemente da política partidária, a cooperação 
entre os distintos níveis de governo é estimulada, pois isso otimiza custos e agiliza 
processos. 
 
Além do artigo 225, devemos destacar ainda, no âmbito legislativo, o artigo 24, que 
afirma que a União, os estados e o Distrito Federal legislam concorrentemente sobre 
matéria ambiental: “(...) florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do 
solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; proteção ao 
patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico; direito urbanístico (...)” 
(BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988). 
 
Embora esse artigo não tenha explicitado a competência legislativa dos municípios, 
ela ocorre, conforme afirma Milaré (2011), uma vez que está assegurada a competência 
Para maiores informações acerca do artigo 225 e outros dispositivos da
Constituição Federal sobre o meio ambiente, acesse o site:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm
38 
 
administrativa no nível local para proteção do meio ambiente e combate à poluição em 
qualquer de suas formas, também está assegurada pela Constituição. O artigo 30, por 
exemplo, confere a esses entes da federação a atribuição de legislar supletivamente à 
União e aos estados sobre o meio ambiente e outros assuntos de interesse local (BRASIL, 
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988). 
 
 
 
Do ponto de vista administrativo, outro importante ponto de discussão é o artigo 23 da 
Constituição Federal, que determina a competência administrativa comum da União, dos 
estados, do Distrito Federal e dos municípios em matéria ambiental. Conforme o dispositivo, 
as três esferas de governo devem compartilhar a função de “(...) proteger o meio ambiente e 
combater a poluição em qualquer de suas formas; preservar as florestas, a fauna e a flora; e 
proteger bens de valor histórico, artístico e cultural, paisagens naturais notáveis e sítios 
arqueológicos (...)” (BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988). 
 
 
 
Diante da necessidade de se evitar a sobreposição na atuação dos entes federados 
nas competências administrativas comuns em matéria ambiental, ocorreu, no ano de 2011, 
Na competência legislativa concorrente, a União limita-se a estabelecer
normas gerais, enquanto que aos estados e ao Distrito Federal cabem
legislar de modo complementar (competência legislativa suplementar),
tendo em vista as peculiaridades regionais. Nesse caso, as normas
específicas não devem contrariar as normas gerais editadas pela União. Os
municípios também têm competência para suplementar a legislação federal
ou estadual, no que couber (PAULO; ALEXANDRINO, 2011).
Competência Legislativa Concorrente e Supletiva
A competência administrativa comum é identificada na
outorga à União, estados, Distrito Federal e municípios para
atuarem, em condições de igualdade, sem subordinação, sobre
determinadas matérias. Em geral, tratam-se de interesses da
coletividade, ou difusos (ALEXANDRINO; PAULO, 2011).
Competência Comum
39 
 
a regulamentação do artigo 23 da Constituição Federal. Vejamos a seguir algumas 
considerações a respeito da Lei Complementar 140, e alguns de seus desdobramentos no 
que diz respeito à gestão ambiental compartilhada.Gestão ambiental compartilhada 
 
A regulamentação do artigo 23 da Constituição Federal visa proporcionar o 
desenvolvimento da política ambiental de modo compartilhado e mais eficiente entre os 
entes federados. É nesse sentido que a Lei Complementar 140/2011 elenca em seu artigo 
3º as finalidades básicas do exercício da competência comum em relação ao meio 
ambiente, a saber: 
 
“(...) proteger, defender e conservar o meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, promovendo a gestão ambiental 
descentralizada, garantir o equilíbrio do desenvolvimento 
socioeconômico com a proteção do meio ambiente, observando a 
dignidade da pessoa humana, a erradicação da pobreza e a redução 
das desigualdades sociais e regionais, harmonizar as políticas e ações 
administrativas para evitar as sobreposições de atuação entre os entes 
federativos, de forma a evitar conflitos de atribuições e garantir uma 
atuação administrativa eficiente e garantir a uniformidade da política 
ambiental para todo o país, respeitando todas as peculiaridades 
regionais e locais (...)”(BRASIL, Lei Complementar 140, de 8 de 
dezembro de 2011). 
 
Na prática, o que significa essa repartição de competências? Como já vimos, no 
SISNAMA, os órgãos federais têm a função de coordenar e emitir normas gerais para a 
aplicação da legislação ambiental em todo o País. Também são responsáveis, dentre outras 
atividades, pela troca de informações, a formação da consciência ambiental, a fiscalização e 
o licenciamento ambiental. 
 
Aos órgãos estaduais cabem as mesmas atribuições, só que no âmbito regional: 
criação de leis e normas complementares (podendo ser mais restritivas) que as existentes 
em nível federal, estímulo ao crescimento da consciência ambiental, fiscalização e 
licenciamento. 
40 
 
 
O modelo se repete para os órgãos municipais: licenciamento e fiscalização em âmbito 
local, formação de consciência ambiental local, elaboração de leis que se apliquem ao meio 
ambiente do município e monitoramento da aplicação destas. 
 
 
 
O que fez a Lei Complementar 140 foi estabelecer uma divisão de atribuições mais 
específica entre a União, estados, Distrito Federal e municípios. Para se atingir as metas 
estabelecidas no regulamento, em seu artigo 4º, são elencados alguns instrumentos de 
cooperação institucional, tais como consórcios, convênios, comissões tripartites e 
bipartites, fundos e outros instrumentos econômicos, faz ainda uma distribuição de 
competências administrativas por matéria, com temas como: acesso ao conhecimento 
tradicional, educação ambiental, espaços territoriais, fauna, florestas, patrimônio genético, 
pesca, produtos perigosos, risco, zona costeira e licenciamento ambiental. 
 
 
 
Ato de acompanhar o comportamento de
determinado fenômeno ou situação com o objetivo de
detectar riscos e oportunidades (BRASIL, 2006, p. 36).
Monitoramento
Saiba Mais 
A Comissão Tripartite Nacional e comissões tripartites estaduais
serão formadas, paritariamente, por representantes dos
Poderes Executivos da União, dos estados, do Distrito Federal e
dos municípios, com o objetivo de fomentar a gestão ambiental
compartilhada e descentralizada entre os entes federativos.
A Comissão Bipartite do Distrito Federal será formada,
paritariamente, por representantes, dos Poderes Executivos da
União e do Distrito Federal, com o objetivo de fomentar a
gestão ambiental compartilhada e descentralizada entre esses
entes federativos (BRASIL, 2013).
41 
 
 
 
 
 
Em resumo 
 
O modelo de gestão definido pela Política Nacional de Meio Ambiente baseia-se no 
princípio do compartilhamento das responsabilidades, participação e controle social para a 
proteção ambiental entre os entes federados e com os diversos setores da sociedade. Para 
distribuir as responsabilidades administrativas entre a União, estados, o Distrito Federal, e 
os municípios, foi instituído o Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), um modelo 
descentralizado de gestão ambiental. 
 
Seguindo a noção de responsabilização comum a toda a sociedade, a Constituição 
Federal, em seu artigo 225, trata especificamente do tema ambiental, assegurando que o 
meio ambiente é um bem de uso comum do povo, necessário para a qualidade de vida, e 
que sua preservação para as presentes e futuras gerações é um dever de todos: Poder 
Público e coletividade. 
 
Outros dispositivos constitucionais, tais como os que tratam das responsabilidades 
legislativas e administrativas, também abordam o meio ambiente, reforçando a priorização 
dos interesses coletivos sobre os individuais, dos interesses sociais sobre os econômicos, 
para manutenção da qualidade ambiental e saúde da população. 
 
Nesta unidade, vimos, em linhas gerais, os aspectos relacionados à gestão pública 
ambiental nas três esferas de governo da Federação, com ênfase no ponto de vista 
colaborativo entre os entes. Vejamos no próximo, como isso se aplica mais especificamente 
aos municípios. 
 
Para maiores informações sobre a Lei Complementar 140/2011, acesse:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp140.htm
42 
 
UNIDADE 3: GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL 
 
Nesta unidade, estudaremos a gestão ambiental municipal, dando ênfase aos 
principais atores sociais desse processo: a sociedade civil e os gestores públicos ambientais 
e à necessidade de capacitação técnica dos recursos humanos. Além disso, abordaremos 
princípios básicos para a estruturação da gestão ambiental local. 
 
Um cenário da gestão ambiental municipal no Brasil 
 
A Constituição Federal de 1988 estabeleceu o marco para a ação municipal sobre o 
meio ambiente ao definir a proteção ambiental como competência comum entre os entes 
federados, e a inclusão dos municípios como entes partícipes da Federação, em igualdade 
de condições, dotados de autonomia política, administrativa e financeira. Como vimos na 
unidade anterior, ao estabelecer as competências dos entes federados, a Constituição, 
deixou explícita a responsabilidade dos municípios na prestação de alguns serviços, bem 
como o dever de atuar em áreas específicas. 
 
Segundo nos lembra Fiorillo (2013), a Carta Magna trouxe importante relevo para o 
município, na medida em que é a partir dele que a pessoa humana poderá usar os 
denominados bens ambientais, visando à plena integração social, com base na moderna 
concepção de cidadania. 
 
Desse modo, a autonomia municipal, propiciada pela Constituição, e ampliada pela Lei 
Complementar 140/2011, tem estimulado os municípios a terem um maior protagonismo na 
gestão ambiental local. 
 
Segundo a Pesquisa de Informações Básicas Municipais de 2013 – MUNIC, 90,0% 
dos municípios brasileiros informaram dispor de algum órgão de meio ambiente. De acordo 
com essa pesquisa, houve aumento significativo na criação de órgãos executivos municipais 
com atribuições ambientais específicas: em 2002 esse percentual era de 67,8%, já em 2009, 
84,5% (BRASIL, 2014b). 
 
O aumento da participação dos órgãos ambientais na administração pública municipal 
vem ocorrendo em todas as Unidades da Federação e em todas as classes de tamanho da 
43 
 
população dos municípios. Considerando-se as Grandes Regiões, os percentuais mais 
elevados de municípios com alguma estrutura na área ambiental estão nas Regiões Norte 
(98,0%), Sul (95,0%), Centro-Oeste (92,3%), Sudeste (89,0%) e Nordeste (85,2%). A 
pesquisa revelou ainda que apenas três estados brasileiros apresentam a totalidade de seus 
municípios com estrutura na área ambiental: Acre, Amapá e Espírito Santo (BRASIL, 
2014b). 
 
Acerca dos municípios com alguma estrutura ambiental, predominam aqueles em que 
o órgão responsávelpela área de meio ambiente tem status de secretaria exclusiva ou em 
conjunto com outras políticas setoriais (81,3%). Há ainda a ocorrência de órgão do tipo setor 
subordinado a outra secretaria (13,0%), setor subordinado diretamente à chefia do executivo 
municipal (4,4%) e órgão da administração indireta (1,3%) (BRASIL, 2014b). 
 
A pesquisa revela ainda que a ocorrência de estrutura administrativa no setor 
ambiental é maior nos municípios mais populosos: 82,3% dos municípios com até 5.000 
habitantes, 97,4% entre aqueles com mais de 500.000. Nesse sentido, entre os 638 
municípios do País com mais de 50.000 habitantes, 99,1% contam com alguma estrutura 
administrativa em meio ambiente (BRASIL, 2014b). 
 
Tabela: Órgão Gestor de Meio Ambiente 
Distribuição percentual de Municípios com estrutura na área de Meio Ambiente, por 
caracterização do órgão gestor, segundo as Grandes Regiões e as classes de tamanho da 
população dos Municípios - 2013. 
 
Grandes 
Regiões e 
classes de 
tamanho da 
população 
dos 
municípios 
Distribuição percentual de municípios com estrutura na área de meio ambiente 
(%) 
Total Secretaria 
municipal 
exclusiva 
Secretaria 
Municipal 
em conjunto 
com outra 
Setor 
Subordina
do a outra 
Secretaria 
Setor 
subordinado 
Diretamente a 
chefia do 
Executivo 
Órgão da 
Administraç
ão 
Indireta 
Brasil 100,0 30,1 51,2 13,0 4,4 1,3 
Norte 100,0 54,0 37,4 7,3 1,1 0,2 
Nordeste 100,0 26,4 56,6 15,1 1,4 0,5 
Sudeste 100,0 32,9 45,3 11,8 9,0 1,0 
Sul 100,0 17,1 61,2 15,3 3,4 3,0 
44 
 
Centro-
Oeste 
100,0 43,3 39,7 10,0 5,6 1,4 
Até 5000 
hab. 
100,0 20,9 58,2 13,7 7,1 01 
De 5001 a 
10.000hab 
100,0 24,6 53,3 15,6 6,4 01 
10.001 a 
20.000hab 
100,0 29,7 51,2 14,3 3,9 0,9 
20.001 a 
50.000hab 
100,0 32,9 51,0 12,2 2,8 1,1 
50.001 a 
100.000hab 
100,0 46,2 40,9 6,9 1,5 4,5 
100.001 a 
500.000hab 
100,0 54,5 30,5 6,9 0,0 8,1 
Mais de 
500.000hab 
100,0 65,8 23,3 0,0 0,0 7,9 
Fonte: BRASIL (2014b) 
 
A partir desses números podemos inferir, entre outros aspectos, que pode estar 
havendo um aumento de situações de conflitos socioambiental, com maior sensibilização e 
pressão da sociedade em favor de ações de defesa ambiental por parte do poder público 
local. As administrações locais, por sua vez, parecem estar mais atentas às atribuições e 
competências dos municípios e de seus órgãos no contexto do SISNAMA. 
 
Isso está acontecendo em seu município? De que forma? 
 
 
Para Refletir
Em seu município há uma secretaria exclusiva para
tratar das questões ambientais ou essa área está
associada a outros temas? Observe se sua resposta
reflete a pesquisa do IBGE, no que se refere à região
geográfica e ao número de habitantes de sua
localidade.
45 
 
 
Elementos para a estruturação da gestão ambiental local 
 
A semântica da palavra gerir quer dizer administrar, dirigir, manter determinada 
situação ou processo sob controle para obter o melhor resultado. Nesse sentido, a gestão 
ambiental pode ser considerada um conjunto de políticas, programas e práticas que levam 
em conta a saúde, a segurança das pessoas e a proteção do meio ambiente. Além disso, a 
gestão também é realizada por meio da eliminação ou da minimização de impactos e danos 
decorrentes do planejamento, implantação, operação, ampliação, realocação ou desativação 
de empreendimentos e atividades, incluindo-se todas as fases do ciclo de vida de um 
produto. 
 
Assim, realizar a gestão do meio ambiente significa executar uma série de ações, de 
forma encadeada e articulada, que resulte em uma maior consciência sobre as 
consequências da atuação humana sobre o ambiente; e, por conseguinte, na adoção de 
práticas e comportamentos que melhorem essa conduta. 
 
Mesmo em um pequeno município, gerir é tarefa complexa. Em geral, as ações 
humanas interferem no ambiente, com impactos de maior ou menor grau, por exemplo, as 
atividades agrícolas, a construção de grandes e pequenas obras, a destinação dos resíduos 
domésticos, industriais e hospitalares, bem como a mobilidade urbana. Até em locais onde 
há pouca atuação humana, como em algumas áreas protegidas e com restrições de uso, é 
preciso gestão para exercer vigilância, controlar o fluxo de pesquisadores, visitantes, entre 
outras ações. 
 
Assim, podemos dizer que a gestão ambiental envolve aspectos como: 
 
 A escolha inteligente dos serviços públicos oferecidos à comunidade; 
Para maiores informações sobre a Pesquisa de Informações Básicas Municipais,
acesse o site do IBGE:
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/perfilmunic/default.shtm
46 
 
 O equilíbrio entre receitas e despesas, com o uso ético e transparente dos recursos 
públicos; 
 
 A edição de leis e normas claras, simples e abrangentes de defesa ambiental local; 
 A aplicação das leis, com penalização para quem cause algum tipo de dano 
ambiental; 
 A formação de consciência e cidadania ambiental; 
 A geração de informações que deem suporte às decisões políticas e técnicas; 
 A democratização das instituições, para que permitam e estimulem a participação 
dos cidadãos; 
 O planejamento do desenvolvimento sustentável local, e a implementação das 
políticas necessárias para realizá-lo. 
47 
 
 
 
Além dos elementos tratados anteriormente, ao planejar o desenvolvimento do seu 
território, sob o ponto de vista da sustentabilidade, os municípios devem considerar outros 
princípios: 
 
 Concepção de crescimento econômico que proporcione melhor distribuição de 
renda; 
 
 A alocação e a gestão mais eficientes dos recursos públicos; 
Para Refletir 
Faça um diagnóstico da localidade em que você vive. Observe principalmente as
atividades produtivas, o impactos no meio ambiente decorrentes dessas ações e a forma
de participação dos principais atores sociais envolvidos. A partir desse breve desenho,
vamos criar um mapa de relações ligadas à gestão ambiental, seguindo as orientações a
seguir:
1. Sobre um mapa existente, indique os locais onde se desenvolvem as atividades ou
empreendimentos que produzem impactos ambientais significativos no seu município.
Por exemplo: estradas, ferrovias, portos, oleodutos, gasodutos, linhas de transmissão de
energia elétrica, barragens/usinas de geração de eletricidade, extração de minério,
indústrias, aterros sanitários, entre outros.
2. Esses impactos geram problemas de qual ordem: há poluição do ar, sonora, do solo e
de cursos d´água? Que consequências isso traz para o cotidiano e para a saúde da
população local?
3. Em um papel à parte, relacione – para cada situação – os diferentes grupos (formais e
informais), organizações empresariais, governamentais e não-governamentais, que
atuam naqueles locais, gerando o problema ou buscando soluções. Represente-os em
forma de círculos.
4. Ligue os círculos por meio de setas, mostrando as relações que tais organizações
estabelecem entre si. Coloque setas de cores diferentes para significar relações de
cooperação ou de competição.
5. Você acaba de mapear os problemas e os atores sociais envolvidos com as questões
ambientais em seu município.
6- Por fim, percorra os locais buscando contatar e ouvir todas as pessoas relacionadas
com cada problema. Pergunte: Por que isso está acontecendo? Quem está envolvido?
Quais são as dificuldades que se apresentam para resolvê-lo? Quais áreas da prefeitura
poderão contribuir para resolver a situação?
Esse é o primeiro passo para identificação dos gestores ambientais que já atuam no
local.
Lembre-se: esse diagrama é um retrato simplificado de um sistema complexo e dinâmico
de interações. Trata-se da sua visão

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