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10/08/2015 1 SÍNDROMES EM PSICOPATOLOGIA PSICOPATOLOGIA GERAL II Prof. Yonetane Tsukuda SÍNDROMES Grupos constantes e estáveis de sinais e sintomas específicos. Definição descritiva; Conjunto momentâneo e recorrente de sinais e sintomas; Não identifica a etiologia de uma natureza essencial do processo patológico. PERSPECTIVAS FUNDAMENTAIS DAS VIVÊNCIAS PATOLÓGICAS Transfundos das vivências patológicas Contexto mais geral em que emergem os sintomas. Transfundos estáveis Transfundos mutáveis Sintomas emergentes Vivências pontuais, ocorrendo sempre em determinado transfundo. 10/08/2015 2 Transfundos Estáveis Personalidade produz conotações diferentes na vivência apresentada pelo indivíduo. Indivíduos passivos, dependentes, astênicos e “largados” tendem a vivenciar os sintomas de modo também passivo; indivíduos explosivos, hipersensíveis e muito reativos a diferentes estímulos tendem a responder aos sintomas de forma mais viva e ampla, e assim por diante. Transfundos Estáveis Inteligência determina essencialmente os contornos, a diferenciação, a profundidade e a riqueza de todos os sintomas. Indivíduos muito inteligentes produzem delírios ricos e complexos, interpretam constantemente as suas vivências e desenvolvem as dimensões conceituais das vivências de forma mais acabada. Indivíduos com inteligência reduzida criam quadros psicopatológicos indiscriminados, sem detalhes, superficiais e pueris. Transfundos Mutáveis Determinam a qualidade e o sentido do conjunto das vivências psicopatológicas. Sob o estado de turvação da consciência, uma alucinação auditiva ou visual, uma recordação, um sentimento específico são experimentados em uma atmosfera mais onírica e confusa. O humor e o estado afetivo-volitivo momentâneo influem decisivamente não apenas no desencadeamento de sintomas, mas também no colorido específico de sintomas não diretamente deriváveis do estado afetivo. 10/08/2015 3 Sintomas Emergentes Vivências psicopatológicas mais destacadas, individualizáveis. Incluem as esferas que não fazem parte dos transfundos, como uma alucinação (sensopercepção), um sentimento (afetividade), um delírio (juízo), uma paramnésia (memória), uma alteração do pensamento ou da linguagem,etc. COMPONENTES DO SURGIMENTO, DA CONSTITUIÇÃO E DA MANIFESTAÇÃO DOS SINTOMAS E DOS TRANSTORNOS Vulnerabilidade constitucional Fatores genéticos, gestacionais e perinatais, que precedem o início propriamente dito da vida de relações de um sujeito. 10/08/2015 4 Fatores predisponentes Ocorrem no início da vida (nos primeiros 3 a 5 anos de vida, sobretudo, e no período escolar). Exemplos: Morte de um dos pais, abuso sexual, violência ou negligência física ou psíquica,etc. Fatores precipitantes Eventos que ocorrem em proximidade temporal ao surgimento propriamente do transtorno mental Exemplos: separações conjugais, morte de pessoa próxima, desemprego, promoção no trabalho, casamento, perda ou ganho financeiro, traição de parceiro(a), brigas com amigos ou familiares, etc. Manifestação dos transtornos mentais Patogenia Patoplastia Psicoplastia Nem todos os aspectos da manifestação de uma doença derivam diretamente do processo patológico de base (em geral relacionados à predisposição constitucional e a fatores predisponentes). 10/08/2015 5 Patogênese Relacionado à manifestação dos sintomas diretamente produzidos pelo transtorno mental de base. Há o humor triste, o desânimo e a inapetência relacionados à depressão, ou as alucinações auditivas e a percepção delirante relacionadas à esquizofrenia. Patoplastia Inclui as manifestações relacionadas à personalidade pré-mórbida do doente, à história de vida específica do sujeito que adoece e aos padrões de comportamento relacionados à cultura de origem do paciente, que lhe eram particulares desde antes de adoecer. São fatores externos e prévios ao processo patológico de base, pois intervêm de forma marcante na constituição dos sintomas e na exteriorização do quadro clínico. Psicoplastia Relaciona-se aos eventos e às reações do indivíduo e do meio psicossocial posteriores ao adoecer. Reações aos conflitos familiares, à desmoralização, às perdas sociais e ocupacionais associadas aos episódios e ao curso da doença. Essas reações do meio, o padrão de interação do indivíduo adoentado e seu meio sociofamiliar contribuem para determinar o quadro clínico resultante. 10/08/2015 6 Exemplo Clínico Homem de 50 anos acometido por um episódio depressivo grave (fator patogenético), sempre apresentou uma personalidade histriônica e é filho de italianos napolitanos (fatores patoplásticos). Após alguns meses, muito descuidado com suas tarefas profissionais, perde o emprego (fator psicoplástico). A manifestação dramática e demonstrativa dos sintomas depressivos fica por conta dos fatores patoplásticos; o humor triste, a perda do apetite e a anedonia podem ser atribuídos aos fatores patogenéticos; e, finalmente, as sensações de fracasso, de inutilidade e de desmoralização diante da vida são devidas aos fatores psicoplásticos. EVOLUÇÃO TEMPORAL DOS TRANSTORNOS MENTAIS Tipos de evolução dos quadros psiquiátricos (Jaspers e Schneider) 10/08/2015 7 Processo Transformação lenta e insidiosa da personalidade, decorrente de alterações psicologicamente incompreensíveis, de natureza endógena. O processo irreversível, supostamente de natureza corporal (neurobiológica), rompe a continuidade do sentido normal do desenvolvimento biográfico de uma pessoa. Utiliza-se o termo processo para caracterizar a natureza de uma esquizofrenia de evolução insidiosa, que lenta e radicalmente transforma a personalidade do sujeito acometido. Desenvolvimento Evolução psicologicamente compreensível de uma personalidade. Normal: configurando os distintos traços de caráter do indivíduo, Anormal: determinando os transtornos da personalidade e as neuroses. Há uma conexão de sentido, uma trajetória compreensível ao longo da vida do sujeito: “desenvolvimento paranóide”, “desenvolvimento histriônico”, “desenvolvimento hipocondríaco”,etc. Crise ou Ataque Surgimento e término abruptos, durando segundos ou minutos,raramente horas. Exemplos: crises epilépticas, crises ou ataques de pânico, crises histéricas, crises de agitação psicomotora,etc. 10/08/2015 8 Episódio Duração de dias até semanas. Na prática, é comum utilizar-se o termo episódio de forma inespecífica, quando não há condições de precisar a natureza do fenômeno mórbido. Exemplos: episódio maniatimorfo, episódio paranóide,episódio depressivo, etc. Reação vivencial anormal Fenômeno psicologicamente compreensível, desencadeado por eventos vitais significativos para o indivíduo que os experimenta, apresentando sintomas de intensidade muito marcante e duração prolongada. Ocorre em personalidades vulneráveis, predispostas a reagir de forma anormal a certas ocorrências da vida. Reação vivencial anormal (continuação) Exemplo: Após a morte de uma pessoa próxima, da perda do emprego ou do divórcio, o indivíduo reage apresentando um conjunto de sintomas depressivos ou ansiosos, sintomas fóbicos ou mesmo paranóides. A reação vivencial pode durar semanas ou meses, eventualmente alguns anos. Passada a reação vivencial, o indivíduo retorna ao que era antes, sua personalidade não sofre ruptura; pode empobrecer-se ou enriquecer-se, mas não se modifica radicalmente. 10/08/2015 9 Fase Períodos de depressão e de mania dos transtornos afetivos. Passada a fase, indivíduo retorna ao que era antes dela, sem alterações duradouras na personalidade. Em sua gênese, incompreensível psicologicamente,tendo um caráter endógeno. Duração de semanas,meses ou anos. Exemplos: fase depressiva, fase maníaca e período interfásico assintomático. Surto Ocorrência aguda instalada de forma repentina, fazendo eclodir uma doença de base endógena, não compreensível psicologicamente. Produz sequelas irreversíveis, danos à personalidade e/ ou à esfera cognitiva do indivíduo. Exemplos: Esclerose múltipla, sequela sensitiva ou motora; esquizofrenia, contato com os amigos torna-se mais distanciado, o afeto modula menos, e ele tem dificuldades na vida social, as quais não consegue explicar ou entender. Estado Residual Apresentação de sinais e sintomas que são sequelas do transtorno mental decorrente de vários anos. Sintomas predominantemente negativos. 10/08/2015 10 Personalidade pré-mórbida Elementos identificados em períodos da vida do paciente claramente anteriores ao surgimento da doença propriamente dita, em geral na infância. Já pertencendo ao início do transtorno, fala-se em sinais e sintomas prodrômicos, que representam de fato a fase precoce, inicial do adoecimento. Termos psiquiátricos comuns ao curso dos episódios de transtornos mentais Remissão (remission) Retorno ao estado normal tão logo acaba o episódio agudo. Remissão espontânea: o paciente se recupera sem o auxílio de intervenção terapêutica. 10/08/2015 11 Recuperação (recovery) Retorno e a manutenção do estado normal, já tendo passado um bom período de tempo (geralmente se considera um ano) sem que o paciente apresente recaída do quadro. Recaída ou recidiva (relapse) Retorno dos sintomas logo após haver ocorrido uma melhora parcial do quadro clínico ou quando o estado assintomático é ainda recente (não tendo passado um ano do episódio agudo). Recorrência (recurrence) Surgimento de um novo episódio, tendo o indivíduo estado assintomático por um bom período (pelo menos por cerca de um ano). Pode-se dizer que a recorrência é um novo episódio da doença. 10/08/2015 12 CONTEXTUALIZAÇÃO DO SINTOMA EM RELAÇÃO À SUA ORIGEM NEUROBIOLÓGICA OU SOCIOCULTURAL Posição do fenômeno psicopatológico em relação às dimensões biológico-cerebral e psicológico-subjetiva e cultural Posição do fenômeno psicopatológico em relação às dimensões biológico-cerebral e psicológico-subjetiva e cultural 10/08/2015 13 Referências DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 2ª ed. Porto Alegre:Artmed, 2008. SADOCK, B. J. Manual de psiquiatria clínica: referência rápida. 5ª ed. Porto Alegre:Artmed, 2012.
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