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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CÁLCULO II - PROJETO NEWTON AULA 15 Assunto: Plano tangente, reta normal, vetor gradiente e regra da cadeia Palavras-chaves: plano tangente, reta normal, gradiente, função composta, regra da cadeia Plano tangente e reta normal Sejam f(x, y) uma função diferenciável em (x0, y0), I e J intervalos abertos com x0 ∈ I e y0 ∈ J e tais que (x, y0), (x0, y) ∈ Df , para quaisquer x ∈ I e y ∈ J e α : I → R2 e γ : J → R2 curvas definidas por α(x) = (x, y0, f(x, y0)) e γ(y) = (x0, y, f(x0, y)) A imagem de cada uma dessas curvas pertencem ai gráfico de f . Logo α′(x0) e γ′(y0) são vetores tangentes ao gráfico de f em (x0, y0, f(x0, y0)). α′(x0) = ( 1, 0, ∂f ∂x (x0, y0) ) e γ′(y0) = ( 0, 1, ∂f ∂y (x0, y0) ) O vetor −→n = γ′(yo)× α′(x0) é um vetor normal do gráfico em (x0, y0, f(x0, y0)). Temos que −→n = −→ i −→ j −→ k 0 1 ∂f∂y (x0, y0) 1 0 ∂f∂x (x0, y0) = (∂f ∂x (x0, y0), ∂f ∂y (x0, y0),−1 ) O plano que passa por (x0, y0, f(x0, y0)) e é perpendicular ao vetor −→n é chamado de plano tangente ao gráfico de f(x, y) no ponto (x0, y0, f(x0, y0)). Esse ponto é chamado de ponto de tangência entre o gráfico de f e o plano tangente. A reta que passa por (x0, y0, f(x0, y0)) e tem a direção do vetor −→n é chamada de reta normal ao gráfico de f em (x0, y0, f(x0, y0)). Podemos obter uma equação para o plano tangente ao gráfico de f(x, y) em (x0, y0, f(x0, y0)) observando que, se (x, y, z) é um ponto genérico desse plano, então ((x, y, z)− (x0, y0, f(x0, y0)))⊥−→n Logo, 2 (x− x0, y − y0, z − f(x0, y0) . −→n = 0⇒ (x− x0, y − y0, z − f(x0, y0) . ( ∂f ∂x (x0, y0), ∂f ∂y (x0, y0),−1 ) = 0⇒ ∂f ∂x (x0, y0)(x− x0) + ∂f ∂y (x0, y0)(y − y0)− z + f(x0, y0) = 0 Portanto, z = ∂f ∂x (x0, y0)(x− x0) + ∂f ∂y (x0, y0)(y − y0) + f(x0, y0) Uma equação vetorial para a reta normal ao gráfico de f(x, y) no ponto (x0, y0, f(x0, y0)) é dada por (x, y, z) = (x0, y0, f(x0, y0)) + λ −→n ; λ ∈ R ou seja, (x, y, z) = (x0, y0, f(x0, y0)) + λ ( ∂f ∂x (x0, y0), ∂f ∂y (x0, y0),−1 ) Exemplo 1 Determine as equações para o plano tangente e para a reta normal ao gráfico de f(x, y) = x2+y2 no ponto (1, 1, 2) Resolução: Neste caso, temos que (x0, y0, f(x0, y0)) = (1, 1, 2)⇒ x0 = 1, y0 = 1 Então f(x0, y0) = f(1, 1) = 1 2 + 12 = 2 A equação do plano tangente será z = ∂f ∂x (1, 1)(x− 1) + ∂f ∂y (1, 1)(y − 1) + f(1, 1) Sabe-se que ∂f ∂x (x, y) = 2x⇒ ∂f ∂x (1, 1) = 2 ∂f ∂y (x, y) = 2y ⇒ ∂f ∂y (1, 1) = 2 Portanto 3 z = 2(x− 1) + 2(y − 1) + 2 = z = 2x + 2y - 2 A equação da reta normal é dada por (x, y, z) = (1, 1, f(1, 1)) + λ ( ∂f ∂x (1, 1), ∂f ∂y (1, 1),−1 ) = (1, 1, 2) + λ(2, 2,−1) = (, 1 + 2λ, 1 + 2λ, 2− λ) x = 1 + 2λ y = 1 + 2λ λ ∈ R z = 2− λ A seguir descrevemos uma utilidade do plano tangente. Sabemos que se f(x, y) é diferenciável em (x0, y0), então existem as derivadas parciais de f(x, y) em (x0, y0) e lim (h,k)→(0,0) f(x0 + h, y0 + k)− f(x0, y0)− ∂f∂x (x0, y0)h− ∂f∂y (x0, y0)k ||(h, k)|| Façamos a seguinte mudança de variável x = x0 + h⇒ h = x− x0 y = y0 + k ⇒ k = y − y0 (h, k)→ (0, 0)⇒ (x, y)→ (x0, y0) Assim, teremos que: lim (x,y)→(x0,y0) f(x, y)− f(x0, y0)− ∂f∂x (x0, y0)(x− x0)− ∂f∂y (x0, y0)(y − y0) ||(x− x0, y − y0)|| = 0⇒ lim (x,y)→(x0,y0) f(x, y)− [ ∂f ∂x (x0, y0)(x− x0) + ∂f∂y (x0, y0)(y − y0) + f(x0, y0) ] ||(x− x0, y − y0)|| = 0 A expressão entre colchete é justamente a equação que obtivemos do plano tangente ao gráfico de f(x, y) em x0, y0. Vamos denotar por T (x, y) a função cujo o gráfico é esse plano tangente. Assim, teremos T (x, y) = ∂f ∂x (x0, y0)(x− x0) + ∂f ∂y (x0, y0)(y − y0) + f(x0, y0) Logo lim (x,y)→(x0,y0) f(x, y)− T (x, y) ||(x− x0, y − y0)|| = 0 4 Escrevendo E(x, y) = f(x, y)− T (x, y), teremos lim (x,y)→(x0,y0) E(x, y) ||(x− x0, y − y0)|| = 0 Isso implica que lim (x,y)→(x0,y0) E(x, y) = 0. Na verdade, E(x, y) tende para zero mais rapidamente que ||(x− x0, y − y0)||. Se fizermos a aproximação f(x, y) ∼= T (x, y) o erro cometido, que é a função E(x, y), tende para zero mais rapidamente que ||(x − x0, y − y0)||. Além disso, podemos provar que T (x, y) é a única função afim com essa propriedade. Vetor Gradiente Seja f(x1, x2, ..., xn) uma função que tem derivadas parciais em p0 ∈ Df . O gradiente de f em p0 é definido por ∇f(p0) = ( ∂f ∂x1 (p0), ∂f ∂x2 (p0), ..., ∂f ∂xn (p0) ) Se f(x, y) é uma funçãod e duas variáveis que tem derivadas parciais em (x0, y0), escreveremos ∇f(x0, y0) = ( ∂f ∂x (x0, y0), ∂f ∂y (x0, y0) ) Para uma função de três variáveis f(x, y, z) que admite derivadas parciais em (x0, y0, z0) temos 5 ∇f(x0, y0, z0) = ( ∂f ∂x (x0, y0, z0), ∂f ∂y (x0, y0, z0), ∂f ∂z (x0, y0, z0) ) Consideremos o gradiente de f em p0 como sendo um vetor Exemplo 2 Determinte o gradiente da função f(x, y) = xy2 no ponto (2, 1) e o represente graficamente. Resolução: ∇f(x, y) = ( ∂f ∂x (x, y), ∂f ∂y (x, y) ) = (y2, 2xy) Portanto ∇f(2, 1) = (12, 2.2.1) = (1, 4) Representação gráfica: Sabemos que uma função de uma variável y = f(x) é derivável (ou diferenciável) em x0 ∈ o Df se o limite abaixo, que é igual a derivada de f em x0, existe lim h→0 f(x0 + h)− f(x0) h = f ′(x0) Portanto lim h→0 [ f(x0 + h)− f(x0) h − f ′(x0) ] = 0 lim h→0 f(x0 + h)− f(x0)− f ′(x0)h h = 0 lim h→0 f(x0 + h)− f(x0)− f ′(x0)h |h| = 0 (1) Consideremos agora uma função de duas variáveis f(x, y) que é diferenciável em x0 ∈ o Df . Temos que 6 lim (h,k)→(0,0) f(x0 + h, y0 + k)− f(x0, y0)− ∂f∂x (x0, y0)h− ∂f∂y (x0, y0)k ||(h, k)|| = 0⇒ lim (h,k)→(0,0) f((x0, y0) + (h, k))− f(x0, y0)− [ ∂f ∂x (x0, y0)h+ ∂f ∂y (x0, y0)k ] ||(h, k)|| = 0⇒ lim (h,k)→(0,0) f((x0, y0) + (h, k))− f(x0, y0)− (∂f∂x (x0, y0), ∂f∂y (x0, y0)).(h, k) ||(h, k)|| = 0 Portanto lim (h,k)→(0,0) f((x0, y0) + (h, k))− f(x0, y0)−∇f(x0, y0).(h, k) ||(h, k)|| = 0 O papel que o gradiente ∇f(x0, y0) de f em (x0, y0) cumpri nessa igualdade, é muito semelhante ao papel que a derivada de f(x) cumpri na igualdade 1. Por essa razão diremos que o gradiente ∇f(x0, y0) é a derivada de f(x, y) em (x0, y0) e aescrevemos assim f ′(x0, y0) = ∇f(x0, y0) Regra da Cadeia Exemplo 3 Consideremos a função f(x2y + y3) e a curva α(t) = (t2, 2t). Tanto f quanto α são funções diferenciáveis. Denotemos por F a função composta de f com α, ou seja, F (t) = f(α(t)). Portanto F (t) = f(t2, 2t) = (t2)2α2t+ (2t)3 = 2t5 + 8t3 Portanto, F (t) é uma função diferenciável e F ′(t) = 10t4 + 24t2 Vamos agora observar que essa derivada também pode ser calculada pela fórmula F ′(t) = ∇f(α(t)).α′(t). Com efeito, ∇f(x, y) = ( ∂f ∂x (x, y), ∂f ∂y (x, y) ) = (2xy, x2 + 3y2); ∇f(α(t)) = ∇f(t2, 2t) = (2t2.2t, (t2)2 + 3(2t)2) = (4t3, t4 + 12t2) 7 Sabe-se que α′(t) = (2t, 2). Então: ∇f(α(t)).α′(t) = (4t3, t4 + 12t2).(2t, 2) = 8t4 + 2(t4 + 12t2) = 8t4 + 2t4 + 24t2 = 10t4 + 24t2 Portanto F ′(t) = ∇f(α(t)).α′(t) A fórmula F ′(t) = ∇f(α(t)).α′(t) é chamada de regra da cadeia e é proveniente do seguinte teorema Teorema 1 Sejam f : A ⊂ Rn → R com A aberto e α : I ⊂ R → Rn, tal que α(t) ∈ A, para todo t ∈ I. Se α é diferenciável em t0 e f é diferenciável em α(t0), então F (t) = f(α(t)) é diferenciável em t0 e F ′(t) = ∇f(α(t0)).α′(t0) Quando, no teorema anterior, n = 2, temos uma função z = f(x, y) e uma curva α(t) = (x(t), y(t)). Logo F ′(t) = ∇f(α(t)).α′(t) = ∇f(x(t), y(t)).(x′(t), y′(t)) = ( ∂f ∂x (x(t), y(t)), ∂f ∂y (x(t), y(t)) ) .(x′(t),y′(t)) = ∂f ∂x (x(t), y(t))x′(t) + ∂f ∂y (x(t), y(t))y′(t) Usando a notação de Leibniz, temos: dF dt = ∂f ∂x (x(t), y(t)) dx dt + ∂f ∂y (x(t), y(t)) dy dt Escrevemos essa igualdade de maneira abreviada como dF dt = ∂f ∂x dx dt + ∂f ∂y dy dt em que fica subentendido que as derivadas parciais devem ser calculadas em (x(t), y(t)) Exemplo 4 Sejam z = xy2 + 2y, x = 2t, y = sin t. Calcule dz dt Resolução: 8 • 1◦ processo: Temos então que z = xy2 + 2y, x = 2t, y = sin t, logo z = 2t(sin t)2 + 2 sin t = 2t sin2 t+ 2 sin t Portanto dz dt = 2(sin2 t+ 2t sin t cos t) + 2 cos t = 2 sin2 t+ 4t sin t cos t+ 2 cos t • 2◦ processo: Usando a notação de Leibniz dz dt = ∂z ∂x dx dt + ∂z ∂y dy dt Então dz dx = y2 ⇒ ∂z ∂x (2t, sin t) = sin2 t dz dy = 2xy + 2⇒ ∂z ∂y (2t, sin t) = 4t sin t+ 2 Sabemos que ∂x ∂t = 2 e ∂y ∂t = cos t, portanto dz dt = (sin2 t)2 + (4t sin t+ 2) cos t = 2(sin2 t) + 4t sin t cot+2 cos t Exemplo 5 Seja F (t) = f(2e3t, t2), em que f(x, y) é uma função diferenciável em R2. Calcule F ′(0) sabendo que ∂f ∂x = 1 2 . Resolução: Temos então que F ′(t) = ∂f ∂x dx dt + ∂f ∂y dy dt = ∂f ∂x (2e3t, t2)6e3t + ∂f ∂y (2e3t, t2)2t Portanto: F ′(0) = ∂f ∂x (2, 0)6.1+ = 0 ∂f ∂y (2, 0)2.0 = 1 2 . 6 = 3 9
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