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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CÁLCULO II - PROJETO NEWTON AULA 16 Assunto: Regra da cadeia Palavras-chaves: derivada,derivadas parciais, função composta, regra da cadeia Regra da Cadeia Os teoremas que recebem o nome de "regra da cadeia"são utilizados para derivação de funções compostas. Por exemplo, para funções de uma variável real a valores reais, temos o seguinte resultado: se f e g são funções tais que Img ⊂ Df e g é diferenciável em t0 e f é diferenciável em g(t0), então F (t) = f(g(t)) é diferenciável em t0 e F ′(t0) = f ′(g(t0)).g′(t0) É claro que se f e g são funções diferenciáveis (em todos os pontos dos seus domínios) então teremos F ′(t) = f ′(g(t)).g′(t) Podemos apresentar isso de outra maneira escrevendo y = f(x) e x = g(t) Portanto, y = f(g(t)) e, assim, a fórmula F ′(t) = f ′(g(t)).g′(t), pode ser reescrita da forma F ′(t) = f ′(x).x′ ou ainda F ′(t) = y′. x′ ou, usando a notação de Leibniz, dy dt = dy dx . dx dt (1) Esse resultado pode ser generalizado para funções de várias variáveis através do seguinte teorema. Teorema 1 (Regra da cadeia) Sejam f : A ⊂ Rn → R, com A aberto, e α : I ⊂ R → Rn tais que α(t) ∈ A, para todo t no intervalo aberto I. Se α é diferenciável em t0 e f é diferenciável em α(t0), então F (t) = f(α(t)) é diferenciável em t0 e F ′(t0) = ∇f(α(t0)).α′(t0) Também é claro que se f e α são diferenciáveis (em todos os pontos dos seus respectivos domínios), então F ′(t) = ∇f(α(t)).α′(t) para todo t ∈ I. Vamos analisar o caso no qual n = 2. Escrevamos α(t) = (g(t), h(t)). Logo ∇f(α(t)) = ∇f(g(t), h(t)) = ( ∂f ∂x (g(t), h(t)), ∂f ∂y (g(t), h(t)) ) e α′(t) = (g′(t), h′(t)). Portanto F ′(t) = ∂f ∂x (g(t), h(t))g′(t) + ∂f ∂y (g(t), h(t))h′(t) Se escrevemos z = f(x, y) e γ = g(t), y = h(t), temos z = f(g(t), h(t)) e a fómula anterior pode ser reescrita da forma dz dt = ∂f ∂x dx dt + ∂f ∂y dy dt (2) em que está subentendido que as derivadas parciais estão calculadas no par (g(t), h(t)). Consideramentos a fórmula 2 como uma generalização de 1. Em muitos dos problemas envolvendo a regra da cadeia, pede-se para que seja calculada dz dt em que z = f(x, y) e x = g(t), y = h(t). Na verdade, está sendo pedido a derivada de F (t) = f(α(t)) em que α(t) = (g(t), h(t)) 2 Exemplo 1 Sejam z = xy2 + 2y, x = 2t, y = sin t. Calcule dz dt . Resolução: • 1◦ Processo: Temos que z = xy2 + 2y, x = 2t, y = sin t, logo z = 2t(sin t)2 + 2 sin t = 2t sin2 t+ 2 sin t Portanto dz dt = 2(sin2 t+ t2 sin t+ cos t) + 2 cos t = 2 sin2 t+ 4t sin t cos t+ 2 cos t • 2◦ Processo: Sabe-se que dz dt = ∂z ∂x dx dt + ∂z ∂y dy dt Como ∂z ∂x = y2 ⇒ ∂z ∂x (2t, sin t) = sin2 t ∂z ∂y = 2xy + 2 ⇒ ∂z ∂x (2t, sin t) = 4t sin t+ 2 e dx dt = 2 ; dy dt = cos t Portanto dz dt = (sin2 t)2 + (4t sin t+ 2) cos t = 2 sin2 t+ 4t sin t cos t+ 2 cos t 3 Se, por exemplo, T (x, y) = xy2 + 2y representa a temperatura no ponto (x, y), a função T (2t, sin t) repre- senta a temperatura ao longo da curva α(t) = (2t, sin t) e dT dt é a taxa de variação da temperatura ao longo da curva. A fórmula 2 se esntende para o caso de funções de três ou mais variáveis. Por exemplo, se tivermos z = f(x, y, z), x = x(t), y = y(t), z = z(t) então dz dt = ∂f ∂x dx dt + ∂f ∂y dy dt + ∂f ∂z dz dt Exemplo 2 Consideremos as seguintes funções f(x, y) = xy2; g(u, v) = u+ v;h(u, v) = uv A partir dessas funções construímos a função F (u, v) dada por F (u, v) = f(g(u, v), h(u, v)). Portanto F (u, v) = f(u+ v, uv) = (u+ v)(uv)2 = (u+ v)u2v2 = u3v2 + u2v3 Logo, ∂F ∂u = 3u2v2 + 2uv3 ∂F ∂v = 3u2v2 + 2u3v O exemplo anterior faz parte de uma situação geral na qual são dadas três funções como segue z = f(x, y) x = g(u, v) e y = h(u, v) e são pedidas as derivadas parciais ∂z ∂u e ∂z ∂v . Portanto, temos z = f(g(u, v), h(u, v)) e queremos ∂z ∂u e ∂z ∂v . Para calcularmos, por exemplo, ∂z ∂u devemos considerar v constante em z = f(g(u, v), h(u, v)), ou seja, vamos considerar v constante em 4 z = f(x, y) x = g(u, v) e y = h(u, v) Logo, estamos considerando x = g(u, v) e y = h(u, v) como funções apenas da variável u. Assim, tudo se passa como se estivessemos usando a fórmula 2, mas com a diferença que agora as derivadas dx du e dy du são, na verdade, derivadas parciais. Portanto temos, ∂z ∂u = ∂f ∂x ∂x ∂u + ∂f ∂y ∂y ∂u Analogamente, obtemos ∂z ∂v = ∂f ∂x ∂x ∂v + ∂f ∂y ∂y ∂v A seguir colocamos esse resultado na forma de teorema Teorema 2 (Regra da cadeia - 2◦ caso) Sejam A e B conjuntos abertos do Rn, f(x, y) uma função diferenciá- vel em A e g(u, v) e h(u, v) funções diferenciáveis em B tais que (g(u, v), h(u, v)) ∈ A, para todo (u, v) ∈ B. Então as derivadas parciais da função F (u, v) = f(g(u, v), h(u, v)) são dadas por ∂F ∂u = ∂f ∂x ∂x ∂u + ∂f ∂y ∂y ∂u ∂F ∂v = ∂f ∂x ∂x ∂v + ∂f ∂y ∂y ∂v em que x = g(u, v) e y = h(u, v) As derivadas parciais ∂f ∂x e ∂f ∂y devem ser calculadas no ponto (g(u, v), h(u, v)). Se escrevermos z = f(x, y), teremos z = f(g(u, v), h(u, v)) e as fórmulas anteriores podem ser escritas como segue ∂z ∂u = ∂z ∂x ∂x ∂u + ∂z ∂y ∂y ∂u ∂F ∂v = ∂z ∂x ∂x ∂v + ∂z ∂y ∂y ∂v Para memorizarmos essas fórmula, podemos usar o seguinte diagrama em árvore. No topo, temos a variável dependente z e, logo abaixo, as variáveis (intermediárias) x e y das quais z depende. Abaixo de x e de y estão as variáveis independentes u e v das quais as primeiras dependem.Em cada ramo da árvore estão as derivadas parciais correspondentes. Para obtermos, por exemplo, ∂z ∂u devemos considerar todos os caminhos de z a u, multiplicar as derivadas parciais que constam em cada um desses caminhos e depois basta somar esses produtos. 5 ExUse as fórmulas do teorema anterior para calcular ∂z ∂u e ∂z ∂v em que z = xy2, x = u+ v, y = uv Resolução: Usando a fórmula anterior teremos ∂z ∂u = ∂z ∂x ∂x ∂u + ∂z ∂y ∂y ∂u = y2.1 + 2xy.v = (uv)2 + 2(u+ v)uv.v = u2v2 + 2u2v2 + uv3 = 3u2v2 + 2uv3 e ∂z ∂v = ∂z ∂x ∂x ∂v + ∂z ∂y ∂y ∂v = y2.1 + 2xy.u = (uv)2 + 2(u+ v)uv.u = u2v2 + 2u3v + u2v2 = 3u2v2 + 2u3v Consideremos agora uma situação mais geral em que z depende de n variáveis x1, x2, .., xn e cada uma dessas variáveis dependem, por sua vez, de m variáveis t1, t2, ..., tm. Teorema 3 (Regra da cadeia - Caso geral) Sejam f, f1, f2, ..., fn funções diferenciáveis tais que z = f(x1, x2, .., xn) e x1 = f1(t1, t2, ..., tm), x2 = f2(t1, t2, ..., tm), ..., xn = f + n(t1, t2, ..., tm). Então ∂z ∂ti = ∂z ∂x1 ∂x1 ∂ti + ∂z ∂x2 ∂x2 ∂ti + ...+ ∂z ∂xn ∂xn ∂ti para cada i = 1, 2, ...,m Exemplo 3 Vamos escrever as fórmulas da regra da cadeia para o caso em que w = f(x, y, z, t), x = x(u, v), y = y(u, v), z = z(u, v) e t = t(u, v) Resolução ∂w ∂u = ∂w ∂x ∂x ∂u + ∂w ∂y ∂y ∂u + ∂w ∂z ∂z ∂u + ∂w ∂t ∂t ∂u ∂w ∂v = ∂w ∂x ∂x ∂v + ∂w ∂y ∂y ∂v + ∂w ∂z ∂z ∂v + ∂w ∂t ∂t ∂v Exemplo 4 Se u = x4y + y2z2, onde x = rset, y = rs2e−t e z = r2s sin t, determine o valor de ∂u ∂s quando r = 2, s = 1, t = 0 6 Resolução Temos que: ∂u ∂s = ∂u ∂x ∂x ∂s + ∂u ∂y ∂y ∂s + ∂u ∂z ∂z ∂s = (4x3y)(ret) + (x4 + 2yz3)2rse−t + (3y2z2)(s2 sin t) Substituindo os valores de r, s e t em x, y, e z teremosque x = 2, y = 2, z = 0. Portanto: ∂u ∂s = (4.8.2)2.1 + (16 + 2.2.0)2.2.1.1 + (3.4.0)(4.0) = 128 + 64 = 192 Vamos mostrar que se f(x, y) é diferenciável em (x0.y0), então toda curva diferenciável, contida no gráfico de f e que passa pelo ponto (x0, y0, f(x0, y0)), tem a sua reta tangente nesse ponto contida no plano tangente ao gráficod e f nesse ponto. Com efeito, seja α : I ⊂ R→ R3 uma tal curva. Como α(t) pertence ao gráfico de f , devemos ter α(t) = ((x(t), y(t), f(x(t), y(t))) e como α passa pelo ponto (x0, y0, f(x0, y0)), existe t0 ∈ I tal que α(t0) = (x0, y0, f(x0, y0)). Logo x(t0) = x0 e y(t0) = y0. Segue da regra da cadeia que α′(t0) = ( x′(t0), y′(t0), ∂f ∂x (x(t0), y(t0))x ′(t0) + ∂f ∂y (x(t0), y(t0))y ′(t0) ) = ( x′(t0), y′(t0), ∂f ∂x (x0, y0)x ′(t0) + ∂f ∂y (x0, y0)y ′(t0) ) A reta tangente a α em α(t0) é dada por (x, y, z) = α(t0) + λα ′(t0), λ ∈ R = (x0, y0, f(x0, y0)) + λ ( x′(t0), y′(t0), ∂f ∂x (x0, y0)x ′(t0) + ∂f ∂y (x0, y0)y ′(t0) ) Portanto, x = x0 + λx ′(t0) y = y0 + λy ′(t0) z = f(x0, y0) + λ ( ∂f ∂x (x0, y0)x ′(t0) + ∂f ∂y (x0, y0)y ′(t0) ) Uma equação do plano tangente ao gráfico de f em (x0, y0, f(x0, y0)) é a seguinte z = ∂f ∂x (x0, y0)(x− x0) + ∂f ∂y (x0, y0)(y − y0) + f(x0, y0) 7 Nessa equação, fazendo x = x0 + λx ′(t0) e y = y0 + λy′(t0), obtemos z = f(x0, y0) + λ ( ∂f ∂x (x0, y0)x ′(t0) + ∂f ∂y (x0, y0)y ′(t0) ) O que mostra que a reta tangente a α em α(t0) = (x0, y0, f(x0, y0)) pertence ao plano tangente ao gráfico de f nesse ponto. 8
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