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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CÁLCULO II - PROJETO NEWTON AULA 22 Assunto: Máximos e mínimos Palavras-chaves: máximos e mínimos, valores máximos e valores mínimos Máximos e mínimos Sejam f(x, y) uma função a valores reais, A um subconjunto do domínio de f(x, y), e (x0, y0) ∈ A. Dizemos que (x0, y0) é um ponto de máximo de f(x, y) em A se f(x, y) ≤ f(x0, y0) (∀(x, y) ∈ A) Neste caso f(x0, y0) é chamado de valor máximo de f em A. Diremos que (x0, y0) ∈ Df é um ponto de máximo global(ou absoluto) de f se f(x, y) ≤ f(x0, y0) (∀(x, y) ∈ Df ) Neste caso f(x0, y0), é dito o valor máximo de f . O ponto (x0, y0) ∈ Df é chamado de ponto máximo local de f(x, y), se existir uma bola aberta B tal que f(x, y) ≤ f(x0, y0) (∀(x, y) ∈ B ∩Df ) Se A é um subconjunto de Df e (x0, y0) ∈ A, diremos que (x0, y0) é um ponto de mínimo de f(x, y), em A se f(x, y) ≤ f(x, y) (∀(x0, y0) ∈ A) Neste caso dizemos que f(x0, y0) é o valor mínimo de f(x, y) em A. Um ponto (x0, y0) ∈ Df é dito ponto de mínimo global (ou absoluto) de f(x, y) se f(x, y) ≤ f(x0, y0) (∀(x, y) ∈ Df ) Neste caso, diremos que f(x0, y0) é o valor de mínimo de f(x, y). Um ponto (x0, y0) é chamado de ponto mínimo local de f(x, y), se existir uma bola aberta B tal que f(x0, y0) ≤ f(x, y) (∀(x, y) ∈ B ∩Df ) Os pontos de máximo e os de mínimo de f(x, y) são chamados de extremantes de f . Exemplo 1 O ponto (0, 0) é ponto de máximo global de 1 x2 + y2 + 1 . O valor máximo de f(x, y) é 1. Essa função não tem ponto de mínimo global Exemplo 2 O ponto (0, 0) é ponto de mínimo global de f(x, y) = x2 + y2 e o valor mínimo de f(x, y) é 0. Essa função não tem ponto de máximo global Exemplo 3 O ponto (1, 1) é ponto de máximo de f(x, y) = x2 + y2 em A = {(x, y) ∈ R2; 0 ≤ x ≤ 1 e 0 ≤ y ≤ 1}. O valor máximo de f(x, y) em A é 2. O ponto (0, 0) é o ponto de mínimo de f(x, y) em A e o valor mínimo de f(x, y) em A é 0 Exemplo 4 Todos os pontos da circunferência de centro na origem e raio 1 são ponto de máximo de f(x, y) = x2 + y2 em A = {(x, y) ∈ R2;x2 + y2 ≤ 1}. O valor máximo de f(x, y) em A é 1. O ponto (0, 0) é o ponto de mínimo de f(x, y) em A e o valor de mínimo de f(x, y) em A é 0 Exemplo 5 Os pontos de máximo da função f(x, y) = x2 + y2 sobre a elipse A = {(x, y) ∈ R2;x2 + y24 = 1} são os pontos (0, 2) e (0,−2). Tais pontos correspondem aos pontos que estão mais acima da curva contida no gráfico de f(ver figura abaixo). O valor máximo de f em A é, portanto, 4. Os pontos de mínimo de f em A são (1, 0) e (−1, 0). Esses pontos correspondem aos pontos que estão mais abaixo e sobre a curva contida no gráfico de f . O valor mínimo de f em A é igual a 1. Observando as curvas de nível de f , fica evidente que os pontos (0, 2) e (0,−2) da elipse x2 + y 2 4 = 1 são os pontos de máximo de f em A e que os pontos (1, 0) e (−1, 0) dessa elipse são os pontos de mínimo de f em A. Observemos também que a reta tangente à elipse no ponto (0, 2) coincide com a reta tangente a curva de nível de f em (0, 2). O mesmo acontece com os outros extremantes de f em A. Exemplo 6 A função f(x, y) = (−x3 + 3x)(y2 − 1), cujo gráfico está representado abaixo, possui um ponto de máximo local em (−1, 0). Esse ponto não é um ponto de máximo global de f . O ponto (1, 0) é um ponto de mínimo local de f e também esse ponto não é um ponto de mínimo global de f . Sejam agora z = f(x, y) uma função e (x0, y0) um ponto interior de Df tal que f tenha derivadas parciais em (x0, y0). Suponhamos que (x0, y0) seja um extremante local de f . Por exemplo, suponhamos que (x0, y0) seja um ponto de máximo local de f . 2 Como (x0, y0) ∈ o Df , existe um intervalo aberto I, com x0 ∈ I, e uma função g : I → R definida por g(x) = f(x, y0). Observemos que g ′(0) = ∂f ∂x (x0, y0). Logo g é derivável em x0. Como (x0, y0) é ponto de máximo local de f(x, y), temos que x0 é ponto de máximo local de g. Logo g ′(x0) = 0. Assim, ∂f ∂x (x0, y0) = 0 Analogamente, mostra-se que ∂f ∂y (x0, y0) = 0. Temos assim o seguinte teorema Teorema 1 Seja f(x, y) uma função que possui derivadas parciais em (x0, y0) e esse ponto é interior ao domínio de f . Se (x0, y0) é ponto de máximo local ou de mínimo local de f(x, y), então ∂f ∂x (x0, y0) = 0 e ∂f ∂y (x0, y0) = 0 Como o plano tangente ao gráfico de f(x, y) em (x0, y0, f(x0, y0)) é dado por z = ∂f ∂x (x0, y0)(x− x0) + ∂f ∂y (x0, y0)(y − y0) + f(x0, y0) Seque que se (x0, y0) ∈ o Df é extremante local de f , então uma equação desse plano tangente é z = f(x0, y0). Logo tal plano tangente é paralelo ao plano xy. Se (x0, y0) é ponto de máximo local de f(x, y), então o mencionado plano tangente, em uma vizinhança do ponto (x0, y0, f(x0, y0)), está acima do gráfico de f(x, y). Mas se (x0, y0) é um ponto de mínimo local de f(x, y), então, em uma vizinhança do ponto (x0, y0, f(x0, y0)), o plano tangente está abaixo do gráfico de f(x, y) O teorema anterior nos diz que para encontrarmos os pontos interiores de Df que são extremantes locais de f , devemos procurar dentre aqueles pontos (x0, y0) que satisfazem ∂f ∂x (x0, y0) e ∂f ∂y (x0, y0). Os pontos interiores de Df que satisfazem ∂f ∂x (x0, y0) e ∂f ∂y (x0, y0) são chamados de pontos críticos de f(x, y). Entretanto, é importante lembrar que a condição ∂f ∂x (x0, y0) e ∂f ∂y (x0, y0) para (x0, y0) ∈ o Df é necessária, mas não é suficiente para que (x0, y0) seja extremante local de f , pois existem funções que tais derivadas parciais nulas em um ponto (x0, y0) ∈ o Df sem que tal ponto seja de máximo ou de mínimo local em (x0, y0). é o caso da função f(x, y) = y2 − x2 no ponto (0, 0) O gráfico de f(x, y) = y2 − x2 na vizinhança de (0, 0, 0) tem o aspecto de uma sela de cavalo. Isso serve de inspiração para a seguinte definição. Definição 1 Um ponto crítico de f(x, y) que não é ponto de máximo ou de mínimo local de f(x, y) é chamado de ponto de sela de f(x, y). Se (x0, y0) é um ponto de sela de f(x, y), então o plano tangente ao gráfico de f(x, y) em (x0, y0, f(x0, y0)) é paralelo ao plano xy, mas, em toda vizinhança de (x0, y0, f(x0, y0)), há pontos do gráfico de f(x, y) que estão 3 acima do plano tangente e há pontos do gráfico de f(x, y) que estão abaixo desse plano tangente. Seja agora f(x, y) uma função tal que Df é aberto e seja (x0, y0) um ponto de máximo local de f(x, y). Suponhamos que f(x, y) seja de classe C2. Consideremos a função g : I → R, I intervalo aberto com x0 ∈ I, definida por g(x) = f(x, y0). Temos que g′(x) = ∂f ∂x (x, y0) g′′(x) = ∂f2 ∂x2 (x, y0) Sendo (x0, y0) um ponto de máximo local de f(x, y), temos que x0 é um ponto de máximo local de g. Logo g′(x0) e g′′(x0) < 0 Portanto, ∂f ∂x (x0, y0) = 0 e ∂f2 ∂x2 (x0, y0) ≤ 0 Se tivéssemos tomado a função h(y) = f(x0, y), teríamos concluído que ∂f ∂y (x0, y0) = 0 e ∂f2 ∂y2 (x0, y0) ≤ 0 Se (x0, y0) fosse um ponto de mínimo local de f(x, y), então teríamos obtido ∂f ∂x (x0, y0) = 0 , ∂f ∂y (x0, y0) = 0 ∂f2 ∂x2 (x0, y0) ≥ 0 e ∂f 2 ∂y2 (x0, y0) ≥ 0 Temos assim o seguinte teorema. Teorema 2 Sejam f(x, y) uma função de classe C2 em um aberto A e (x0, y0) ∈ A. (a) Se (x0, y0) é um ponto de máximo local de f(x, y), então (x0, y0) é um ponto crítico de f(x, y) e ∂f2 ∂x2 (x0, y0) ≤ 0 e ∂f 2 ∂y2 (x0, y0) ≤ 0 (b) Se (x0, y0) é um ponto de mínimo local de f(x, y) então (x0, y0) é um ponto crítico de f(x, y) e ∂f2 ∂x2 (x0, y0) ≥ 0 e ∂f 2 ∂y2 (x0, y0) ≥ 0 Queremos agora obter uma condição suficiente para que um ponto crítico seja extremante local de f . Para isso, introduziremos o conceito de hessiano de f . 4 Definição 2 O hessiano de uma função f(x, y) de classe C2 é a função H(x, y) definida por H(x, y) = ∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣ ∂f2 ∂x2 (x, y) ∂f2∂y∂x (x, y) ∂f2 ∂y∂x (x, y) ∂f2 ∂y2 (x, y) ∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣ Portanto, H(x, y) = ∂f2 ∂x2 (x, y) ∂f2 ∂y2 (x, y)− [ ∂f2 ∂y∂x (x, y) ]2 Teorema 3 Seja f(x, y) uma função de classe C2 em um aberto A e (x0, y0) ∈ A um ponto crítico de f(x, y). (a) Se H(x0, y0) > 0 e ∂f2 ∂x2 (x0, y0) > 0, então (x0, y0) é um ponto de mínimo local de f(x, y) (b) Se H(x0, y0) > 0 e ∂f2 ∂x2 (x0, y0) < 0, então (x0, y0) é um ponto de máximo local de f(x, y) (c) Se H(x0, y0) < 0 então (x0, y0) é um ponto de sela de f(x, y). Quando temos H(x0, y0) = 0, nada podemos afirmar. Vamos demonstrar a parte (a) desse teorema. Seja −→v = (h, k) 6= (0, 0) e consideremos a função g−→v (t) = f(x0 + ht, y0 + kt) em que t pertence a um intervalo aberto I. O gráfico de g−→v coincide com a curva que é obtida pela intersecção do gráfico de f(x, y) com o plano perpendicular ao plano xy e que contém a reta (x, y) = (x0, y0) + t(h, k) Pela regra da cadeia temos: g′−→v (t) = ∂f ∂x (x0 + ht, y0 + kt)h+ ∂f ∂y (x0 + ht, y0 + kt)k Aplicando novamente a regra da cadeia obtemos: g′′−→v (t) = [ ∂2f ∂x2 (x0 + ht, y0 + kt)h+ ∂2f ∂y∂x (x0 + ht, y0 + kt)k ] h+ [ ∂2f ∂x∂y (x0 + ht, y0 + kt)h+ ∂2f ∂y2 (x0 + ht, y0 + kt)k ] k 5 Segue do teorema de Schwarz que g′′−→v (t) = ∂2f ∂x2 (x0 + ht, y0 + kt)h 2 + 2 ∂2f ∂y∂x (x0 + ht, y0 + kt)hk + ∂2f ∂y2 (x0 + ht, y0 + kt)k 2 Observemos que a função g′′−→v é contínua, pois f é de classe C 2 . Temos que g′′−→v (0) = ∂2f ∂x2 (x0, y0)h 2 + 2 ∂2f ∂y∂x (x0, y0)hk + ∂2f ∂y2 (x0, y0)k 2 Para facilitar a escrita, escrevamos a = ∂2f ∂x2 (x0, y0) , b = ∂2f ∂y∂x (x0, y0) e c = ∂2f ∂y2 (x0, y0) Logo g′′−→v (0) = ah 2 + 2bhk + ck2 Portanto, g′′−→v (0) = a [ h2 + 2h b a k + c a k2 ] = a [ h2 + 2h ( b a k ) + ( b a k )2 − ( b a k )2 + c a k2 ] = a [( h+ b a k )2 + c a k2 − b 2 a2 k2 ] = a [( h+ b a k )2 + ( c a − b 2 a2 ) k2 ] = a [( h+ b a k )2 + ac− b2 a2 k2 ] = a ( h+ b a k )2 + ∣∣∣∣∣ a bb c ∣∣∣∣∣ a2 k2 = a ( h+ b a k )2 + ∣∣∣∣∣ a bb c ∣∣∣∣∣ a k2 Logo, g′′−→v (0) = ∂2f ∂x2 (x0, y0) ( h+ b a k )2 + H(x0, y0) ∂2f ∂x2 (x0, y0) k2 6 Supondo que ∂2f ∂x2 (x0, y0) > 0 e H(x0, y0) > 0, temos que g ′′−→v (0) > 0. Como g ′′−→v é contínua, segue do teorema da conservação do sinal, que g′′−→v (t) > 0, para t em um intervalo aberto que contém zero. Logo a concavidade de g′′−→v é para cima. Fazendo g′′−→v variar em todas as direções, concluiremos que o gráfico de f(x, y) está acima do plano tangente ao gráfico de f(x, y) em (x0, y0, f(x0, y0)). Logo (x0, y0) é um ponto de mínimo de f(x, y). Exemplo 7 Encontre os pontos críticos da função f(x, y) = (−x3+3x)(y2−1) e classifique-os como máximo local, mínimo local ou ponto de sela. Resolução: Temos que: ∂f ∂x (x, y) = (−3x2 + 3)(y2 − 1) = −3(x2 − 1)(y2 − 1) ∂f ∂y (x, y) = (−x3 + 3x)2y = −2xy(x2 − 3) De { −3(x2 − 1)(y2 − 1) = 0 −2xy(x 2− 3) = 0 ⇒ { (x2 − 1)(y2 − 1) = 0 xy(x2 − 3) = 0, teremos que (x2 − 1)(y2 − 1) = 0⇒ x = −1, y = 1, y = −1⇒, y = 1 Assim, quando: x = −1 ⇒ −y(−2) = 0⇒ 2y = 0⇒ y = 0 (1) x = 1 ⇒ y(−2) = 0⇒ −2y = 0⇒ y = 0 (2) y = −1 ⇒ −x(x2 − 3) = 0⇒ x = 0, x = − √ 3, x = √ 3 (3) y = 1 ⇒ x(x2 − 3) = 0⇒ x = 0, x = − √ 3, x = √ 3 (4) De (1) concluímos que (−1, 0) é ponto crítico de f . De (2), (1, 0) é ponto crítico de f . De (3), (0,−1), (−√3,−1) e ( √ 3,−1) são pontos críticos de f e de (4), (0, 1), (−√3, 1) e (√3, 1) são pontos críticos de f . Portanto, os pontos críticos de f são: (−1, 0) , (1, 0) , (0,−1) , (− √ 3,−1) , ( √ 3,−1) , (0, 1) , (− √ 3, 1) e ( √ 3, 1) 7 O hessiano será da forma: ∂2f ∂x2 (x, y) = −3.2x(y2 − 1) = −6x(y2 − 1) ∂2f ∂y∂x (x, y) = −3(x2 − 1)2y = −6y(x2 − 1) ∂2f ∂y2 (x, y) = −2x(x2 − 3) H(x, y) = ∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣ ∂f2 ∂x2 (x, y) ∂f2 ∂y∂x (x, y) ∂f2 ∂y∂x (x, y) ∂f2 ∂y2 (x, y) ∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣ = ∣∣∣∣∣ −6x(y2 − 1) −6y(x2 − 1)−6y(x2 − 1) −2x(x2 − 3) ∣∣∣∣∣ = 12x2(x2−3)(y2−1)−36y2(x2−1)2 • Para o ponto (−1, 0) teremos: H(−1, 0) = 12.1.(−2)(−1) = 24 > 0 ∂f2 ∂x2 (−1, 0) = −6.(−1)(−1) = −6 < 0 Portanto, (−1, 0) é ponto de máximo local de f . • Para o ponto (1, 0) teremos: H(1, 0) = 12.1.(−2)(−1) = 24 > 0 ∂f2 ∂x2 (1, 0) = −6.1.(−1) = 6 > 0 • Portanto, (1, 0) é ponto de mínimo local de f . Para o ponto (0,−1) teremos: H(0,−1) = −36.1.1 = −36 < 0 Portanto, (0,−1) é ponto de sela de f . De modo análogo, temos que (−√3,−1), (√3, 1), (0, 1), (−√3, 1) e (√3, 1) são pontos de sela de f . 8
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