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Erro de tipo

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Disciplina: Direito Penal I – Parte Geral
Professora: Nara Lucas
Autores: 
Edwar Castelo Branco
Robson Miranda
	 
Erro de Tipo
	INTRODUÇÃO
	Conforme lições anteriores, o tipo penal é um modelo abstrato que, na lição de Zaffaroni, apud Grecco (2015: 211), constitui “um instrumento legal, logicamente necessário e de natureza predominantemente descritiva, que tem por função a individualização de condutas humanas penalmente relevantes”. Uma das funções do Tipo, portanto, é a seleção de condutas, para o que é indispensável o conceito de Dolo. O Erro de Tipo constitui capítulo da parte geral do Direito Penal que incide justamente sobre esta questão. Como forma de esclarecer o anteriormente dito, tomemos, v. g., o conceito de dolo: “vontade de querer praticar a conduta descrita no tipo penal com a consciência efetiva daquilo que realiza” (GRECCO, 2015: 249). Como se pode notar, o dolo pressupõe vontade e consciência. Porque se está a dizer que o erro de tipo incide sobre esse universo? Justamente porque “ocorre um erro de tipo quando alguém não conhece, ao cometer o fato, uma circunstância que pertence ao tipo penal” (Ibidem: 357). Logo, o erro de tipo decorre de uma falsa percepção da realidade pelo agente, o que, no erro de tipo essencial evitável, exclui o dolo e mantém a culpa quando o tipo existir expressamente na forma culposa; exclui a ambos no erro de tipo essencial inevitável e mantém o dolo em todas as modalidades de erro de tipo acidental.
ESPÉCIES DE ERRO DE TIPO
O erro de tipo é gênero do qual são espécies os erros de tipo essencial e acidental. O erro de tipo essencial contempla as sub-espécies “incriminador” e “descriminante”, enquanto o tipo acidental pode se dar (I) sobre o objeto (error in objetcto), (II) sobre a pessoa (error in persona), (III), na execução (aberratio ictus), (IV) diverso do pretendido (aberratio criminis) e (V) por erro sucessivo (aberratio causae).
ERRO DE TIPO ESSENCIAL INCRIMINADOR
Nesta espécie de erro o agente, tendo uma visão distorcida da realidade, pratica um fato típico. Neste tipo de erro, entretanto, não está presente o animus furandi, isto é, a intenção de praticar o crime, do que decorre o afastamento do dolo com manutenção da culpa, se o tipo estiver legalmente previsto na forma culposa. A punição na forma culposa, para esta espécie de erro, depende, além da previsão legal, de ser a ação evitável. Se inevitável, estarão afastados o dolo e a culpa. Exemplo: fulano recolhe suas correspondências na caixa postal e as começa a ler. Surpreso, percebe que uma das cartas que abriu fora endereçada a seu vizinho e não a si, tendo sido deixada em sua caixa postal por um engano do carteiro. Por óbvio, neste exemplo não houve violação de correspondência (art. 151 do CP), pois fulano não teve vontade nem intenção de praticar o tipo. Neste caso, restaria a culpa, mas apenas se o tipo existisse na forma culposa e ação fosse evitável.
ERRO DE TIPO ESSENCIAL DESCRIMINANTE
O erro de tipo essencial descriminante é excludente da antijuridicidade, englobando as excludentes previstas no artigo 23 do código penal: legítima defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento do dever legal e exercício regular do direito. Esta espécie de erro, portanto, recai sobre as descriminantes putativas. O erro de tipo decorre do fato do agente, equivocadamente, acreditar que está contemplado por uma das quatro excludentes de antijuridicidade. Neste caso, como no tipo anterior, exclui-se o dolo, mas mantém-se a culpa. Exemplo: fulano está bebericando cervejas com amigos em um bar quando um antigo desafeto seu entra no recinto e, ao se aproximar de fulano, enfia a mão no bolso. Fulano, pensando que o desafeto ia sacar uma arma, o abate com um tiro fatal. Neste caso, fulano pensou estar contemplado pelo instituto da legitima defesa, mas descobriu-se depois que o de cujus ia, na verdade, entregar a fulano uma carta na qual propunha que, após tantos anos de discórdia, se reconciliassem. Configurado pois o erro de tipo putativo, devendo fulano ser punido na forma culposa e não dolosa.
ERRO DE TIPO ACIDENTAL SOBRE O OBJETO
Nesta espécie o agente, de forma dolosa, pratica o tipo penal, mas sua ação recai sobre objeto distinto daquele ao qual era direcionada. O erro, neste caso, é penalmente irrelevante, pois a ação é voluntariosa e consciente, pelo que se preservam o dolo e a punibilidade. Exemplo: alguém furta um quadro, pensando ser um original valioso, mas descobre que se tratava apenas de uma réplica sem valor.
ERRO DE TIPO ACIDENTAL SOBRE A PESSOA
Nesta espécie de erro, prevista no parágrafo terceiro do artigo 20 do Código Penal, o agente pratica o tipo penal sobre pessoa diferente daquela sobre a qual imaginava estar agindo. Tal como na espécie anterior, neste tipo de erro, presente a vontade e a consciência, mantém-se o dolo e a punibilidade, conforme se depreende da leitura do aludido parágrafo terceiro:
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. 
ERRO DE TIPO ACIDENTAL NA EXECUÇÃO
Essa espécie tem grande semelhança com o erro de tipo acidental sobre a pessoa. Como visto, no error persona o tipo penal é praticado sobre pessoa diferente daquela a quem a ação foi endereçada; no aberratio ictus a ação é direcionada a uma pessoa mas, por erro, recai sobre outra. Exemplo: disparo um projétil com o fito de acertar a fulano, mas erro o alvo e acerto a sicrano. Neste tipo, como está presente a vontade e a consciência, mantidos estão o dolo e a punibilidade.
ERRO DE TIPO ACIDENTAL DIVERSO DO PRETENDIDO
No aberratio criminis, o agente erra na execução e, pelo erro, termina por cometer crime diverso daquele que pretendia cometer. Exemplo: com inveja do sucesso material de sicrano, seu vizinho, fulano provoca deliberadamente um incêndio no camaro amarelo de sicrano. O carro explode e termina por lesionar alguns transeuntes. Neste caso, por erro de execução, fulano acabou por incorrer em concurso formal de crime.
ERRO DE TIPO ACIDENTAL POR ERRO SUCESSIVO
O aberratio causae, segundo Capez (2012: 260), "ocorre quando o agente, na suposição de já ter consumado o crime, realiza nova conduta, pensando tratar-se de mero exaurimento, atingindo, nesse momento, a consumação". Nesta espécie o erro é irrelevante, porque presente o dolo. Exemplo: pai e madrasta da menina Isabela Nardoni, de cinco anos, a espancam e sufocam numa longa sessão de tortura perpetrada no sexto andar do edifício London, em São Paulo, capital. Desmaiada, a menina é julgada morta e, numa desastrada e cruel tentativa de ocultar o crime, é atirada do sexto andar, vindo a óbito 50 minutos depois. 
CONCLUSÃO:
No atual ordenamento jurídico brasileiro, o erro de tipo engloba o que outrora foi chamado de “erro de fato” e “erro de direito”, alcançando tanto a situação fática quanto a situação típica. Ele consiste, reitere-se, na falsa percepção da realidade naquilo que respeita a um ou mais elementos do tipo penal. Como asseverado na introdução, o erro de tipo exclui o dolo e a culpa na espécie essencial se a ação típica era inevitável. Na mesma espécie mantém a culpa se a ação era evitável e se o tipo existe na forma culposa. Já na espécie acidental, em todas as suas modalidades, o dolo não é afastado.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
GRECCO, Rogério. Curso de Direito Penal. Vol. I, 17ª edição. Rio de Janeiro: Impetus, 2015.
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. Vol. I, 16ª edição. São Paulo: Saraiva, 2012.

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