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Teorias e Sistemas Psicológicos II – prof. Rafael Baioni Thomaz Seithi Hoida RA: 7026206 FREUD ALÉM DA ALMA 1. MEDICINA TRADICIONAL Na última década do século XIX, na era da psiquiatria, havia sempre a ideia de que a loucura, e a doença mental, tinha uma base orgânica, e algumas pessoas diziam que a psicose, isto é, a loucura, era a expressão de uma alteração do sistema nervoso, que seria neurose. No filme foi mostrado um caso de histeria de uma mulher que alegava ter paralisia nas pernas e cegueira, no hospital que Freud trabalhava, o médico responsável não aceitava pessoas com histeria em seu departamento. O médico procurou demonstrar que não havia nada de errado com as pernas e os olhos, organicamente, utilizando métodos clínicos, alegando que era apenas uma encenação teatral, que se tratava de fingimento, para se obter compaixão e atenção das pessoas, não considerando como doença por não apresentar causas orgânicas para a enfermidade alegada. 2. HIPNOSE Sigmund Freud ao estudar com Charcot, em 1885, ficou impressionado com o po- tencial terapêutico da hipnose para o tratamento de distúrbios nervosos, voltando para Viena, empregou a hipnose em seus pacientes com o intuito de facilitar a lembrança de eventos perturbadores aparentemente esquecidos. Charcot trabalhou com certos aspectos da doença mental, especialmente com a histeria, utilizando hipnotismo, mostrando que as manifestações psíquicas podiam se transformar em sintomas corporais. O filme mostra através da demonstração da utilização de hipnose por Charcot em dois pacientes, sendo um ex-lenhador que tinha tremores principalmente nos braços, e uma mulher que tinha paralisia nas pernas. Charcot através da hipnose conseguiu fazer o lenhador parar de tremer e a mulher conseguiu ficar de pé. Evidenciando que eventos traumáticos poderiam se transformar em casos de histeria, que possuem sintomas como cegueira, paralisia, mutismo, etc. Através da hipnose estes sintomas poderiam ser eliminados , assim como adquiridos temporariamente. Como foi mostrado no filme, a troca de sintomas entre o lenhador e a mulher. 3. MÉTODO CATÁRTICO Catarse é o método psicanalítico que visa eliminar perturbações psíquicas, excita- ções nervosas, tensões, angústia, através da provocação de uma explosão emocional ou de outras formas, e baseando-se na recordação da cena e de fatos passados que estejam ligados àquelas perturbações. Breuer fazia reviver na mente do paciente, em sua memória, algumas cenas es- quecidas, provocando uma descarga afetiva com lágrimas e cólera, sendo o primeiro a uti- lizar o método catártico para curar enfermidades psíquicas. No filme o método catártico é mostrado, primeiramente com a paciente Cecily que não conseguia beber água devido ao evento traumático de ter presenciado seu cachorro beber em sua xícara, causando repulsa, e posterior repressão por esquecimento do acon- tecido pelo consciente, depois de reviver esta lembrança, ela conseguiu beber água em uma xícara metálica. Breuer passa todos os seus pacientes para Freud, para que fizesse estudos sobre histeria. O primeiro paciente atendido por Freud no filme, foi um homem de meia idade, que se fazia de machão na frente de outras mulheres, mas sua mulher declarou que sabia que era apenas fingimento, que ele não era o homem que se fazia parecer. Esta declaração traumática, sofreu repressão, que ao reviver seria lembrado após o término da hiponose. A segunda paciente era uma mulher, que tinha o pai acamado à beira da morte, que ouviu som de músicas de um prédio próximo de onde estava, e que conseguiu através da janela enxergar pessoas dançando, o que despertou nela o desejo de ouvir música e se divertir, um pensamento que foi reprimido por ela, por causa da situação em que se encontrava de ter o pai enfermo, e este sentimento de querer se divertir, era lamentável, repulsivo. O terceiro paciente Carl Schlosser era um rapaz que desejava a morte de seu pai, que era general, para ter o amor de sua mãe somente para si. (Complexo de Édipo, desejo sexual pela mãe). Freud por sua vez não permitiu que Carl se lembrasse desse pensamento, desejo proibido, pois ficou assustado com o que havia presenciado nesta ocasião. Carl acaba falecendo de pneumonia em um manicômio, alguns meses depois Freud ter abandonado o tratamento dele. Quando Breuer atende Cecily, Freud em dado momento interfere na hipnose ao prosseguir sua consulta, conseguindo fazer com que Cecily voltasse a enxergar novamen- te depois de fazê-la lembrar que da morte de seu pai, que inicialmente era um hospital, mas através das circunstâncias estranhas, acabou se lembrando que ela estava em um quarto de hotel, quando dois policiais a fizeram acompanha-los até em um quarto de bordel, que seu pai havia morrido na cama, para reconhecimento do corpo. 4. ASSOCIAÇÃO LIVRE Na associação livre inventado por Freud, o paciente é orientado a dizer o que lhe vier a cabeça, deixando de dar qualquer orientação consciente a seus pensamentos, sem pressionar a busca de uma lembrança específica, não dando margem a objeções críticas que procurem pôr certas associações de lado, com base no fundamento de que sejam re- levantes ou inteiramente destituídas de sentido. A associação livre não é realmente livre, pois o paciente permanece sob a influên- cia da situação analítica, muito embora não esteja dirigindo suas atividades mentais para um assunto específico: nada lhe ocorrerá que não tenha alguma referência com esta situa- ção. A resistência contra a reprodução do material reprimido é expresso pela revelação por objeções críticas, o paciente ao conseguir observar essa regra e assim superar suas reser- vas, a resistência encontrará outra maneira de expressão. O próprio material reprimido ja- mais ocorrerá ao paciente, mas somente por algo que se aproxima dele, de maneira alusi- va, e quanto maior for a resistência, mais remota da ideia real, da qual o analista procura. A descoberta da resistência constitui o primeiro passo no sentido de superá-la. No filme Freud inicia seu tratamento por associação livre quando Cecily se recusa a entrar em transe e passa a contar os acontecimentos de sua vida estando consciente. Cecily começa a se recordar da época em que tinha 13 anos, que ela considerava a melhor época de sua vida, a sua mãe após um acidente de carruagem, havia ficado en- ferma, portanto acaba “ocupando” o lugar da mãe quando morou por certo tempo em Ná- poles enquanto sua mãe permaneceu em casa. A mudança ocorreu quando a mãe se re- cuperou e Cecily voltou a ser tratada como criança. Falou também de um sonho em que via uma torre alta, redonda, vermelha, com um brasão com uma cobra enrolada em uma espécie de espada e logo abaixo uma inscrição que não conseguiu se recordar. Aparecendo de dentro da torre uma mulher aparentemente egípcia, que tinha o corpo pintado com belas imagens, que declarou ser Sra.Putphar para um homem ,bonito e bem vestido, que tentou colocar um anel mas o anel de ouro que ele possuía no dedo impediu que este outro pudesse ser colocado que acabou caindo e o homem passou a correr atrás deste anel. Então a mãe de Cecily aparece em uma das janelas da torre e declara para a mulher egípcia em tom ameaçador , que o sangue vai denunciá-la, que não podia ser lavado. Freud após um tempo consegue associar o nome Putphar a prostituta, e a torre vermelha à Rua Torre Vermelha, na qual se localizava o bordel em que o pai de Cecily havia morrido, a Sra. Putphar era Cecily, e o sangue podia representar a perda da virgindade, por uma relação sexual com o pai. O brasão com a cobra representava o desejo de Cecily de encontrar um médicoque a pudesse curá-la. 5.SONHOS Freud parte do princípio de que todo sonho tem um significado, embora oculto da realização dos desejos. Os desejos reprimidos na vida de vigília muitas vezes estão rela- cionados com os nossos desejos mais primitivos vetados fortemente pela moral vigente. Interpretar um sonho significa conferir-lhe um sentido, isto é, ajustá-lo à cadeia de nossas faculdades mentais. No filme Freud acaba sonhando que foi puxado por uma criança por uma corda para dentro de uma caverna, esta criança sentou-se nas pernas de uma mulher que estava sentada, e esta criança a abraçou e começou a sugar seu seio, enquanto Freud recebe da mulher uma cobra que estava enrolada em seu braço. Quando aparece um homem e manda Freud segurar a criança, chamando-o de fracote, para que preservasse a honra dele, seu pai. Freud tem este sonho após ter uma conversa com sua mãe sobre uma viagem que fizeram de trem e ele ficou gritando cada vez que ouvia o apito do trem, a partir da segunda metade da viagem, acaba pedindo uma pulseira em formato de cobra emprestado, e a segura até começar a sonhar, quando retorna para a sua casa , em sua cama.. A criança representava Freud, e a cobra representava a pulseira que Freud havia recebido de sua mãe para que parasse de chorar, quando esteve em um quarto com a sua mãe, mas foi impedido que dormisse com ela, por causa de seu pai que havia levado ela para outro aposento, o choro foi por ciúmes da mãe, pois desejava ela somente para si, naquele momento. Desejar a mãe era um ato de desonra para o pai, um acontecimento que Freud acabou reprimindo de sua memória. 6.SEXUALIDADE Complexo de Édipo O Complexo de Édipo começa quando o menino começa a manifestar de forma exagerada a preferência pela mãe. O menino começa a desejar que a mãe exista somente para ele, torna-se ciumento em relação ao pai e faz tudo para eliminá-lo de sua convivên- cia com a mãe. Ao mesmo tempo, ou posteriormente, sente-se culpado de uma falta grave, experimenta remorsos em relação ao pai. A mesma coisa acontece com a menina: ela passa a desejar o pai e a repelir a mãe. Nesse caso o nome que se dá ao complexo é o de Complexo de Electra. Em três momentos a sexualidade aparece no filme. No primeiro momento foi quando o filho do general desejava a morte do pai, para satisfazer o desejo de possuir a mãe somente para si. No segundo momento foi na fase da infância de Cecily quando fantasia ter ocupado o lugar da mãe, quando a mãe havia ficado acamada por causa do acidente de carruagem. E na fantasia ter mantido relação sexual com o pai, no dia que recebeu o boneco, que representava o filho desta relação. No terceiro foi no quarto de hotel, quando Freud estava prestes a dormir com sua mãe, que estava com o corpo semi-desnudo, mas foi impedido que passasse a noite com ele, pelo pai que a havia levado para outro quarto. Freud ficando frustrado ficou chorando sem parar, até que a mãe como consolo, deixou ele ficar com sua pulseira em formato de cobra, que após este acontecimento, acabou simbolizando a memória reprimida de Freud. 7. OPINIÃO PESSOAL O filme foi bem produzido, apesar de ser de poucas horas, conseguiu passar um pouco da vida de Freud. Através do filme pude observar vários mecanismos de defesa do ego, como a fanta- sia. No caso a de Cecily na infância, de ter ocupado o lugar da mãe, sem tê-la matado literalmente, quando esta mãe sofreu o acidente de carruagem. Assim como outros instrumentos de defesa como a projeção do eu em outra pessoa, como foi mostrado por Cecily, que se projetou como a mulher egícia, que queria casar-se com o pai dela, através do colocar do anel no dedo do homem, que representava a união, que era impedido por causa do anel de ouro que o homem já tinha no dedo, o pai dela. O desvendar do Complexo de Édipo por parte de Freud que ficou em dúvida, sobre este complexo de impulso sexual, se manifestar antes mesmo da maturidade sexual do indivíduo, quando percebeu este desejo através de Cecily , que sentia vontade de ocupar o lugar da mãe, e ter o amor do pai somente para si, e em si mesmo quando criança ao querer dormir com a mãe, que acabou tendo este desejo frustrado por causa do pai, e na- quele momente desejou que o pai desaparecesse. A frase de Freud de que o Complexo de Édipo mal resolvido, se manifestava através das neuroses. A dificuldade de Freud ao tentar convencer as pessoas nas reuniões, demonstrava o ambiente daquela época, em que só era aceito o que era cientificamente comprovável, que prevalecia a busca de causas orgânicas pela medicina, causas anatomopatológicas das enfermidades. O repúdio à ideia do Complexo de Édipo, que se manifestaria desde o nascimento, um pensamento inaceitável pelos valores da época. Assim como Copérnico, Darwin, Galileu, ao desafiarem o mundo que era dominado por ideias religiosas, que possuem grande influência na sociedade até o dia de hoje, Freud em seu tempo enfrentou o mesmo desafio, de encontrar uma cura, tratamento, para a his- teria, que a medicina mesmo já havia desistido por considerá-la um fingimento do enfermo.
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