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Prévia do material em texto

Programa de Educação 
Continuada a Distância 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso de 
PSICOMOTRICIDADE E 
DESENVOLVIMENTO HUMANO
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
 
 
 
EAD - Educação a Distância 
 Parceria entre Portal Educação e Sites Associados 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
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respectivos autores 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso de 
PSICOMOTRICIDADE E 
DESENVOLVIMENTO HUMANO
 
 
 
 
MÓDULO I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para 
este Programa de Educação Continuada, é proibida qualquer forma de comercialização do 
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores 
descritos na bibliografia consultada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
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Sumário 
 
 
Módulo I 
 
 
I. Introdução À Psicomotricidade e Desenvolvimento Humano 
1 Conteúdo Epistemológico da Psicomotricidade 5
1.1 Origem, conceitos e definições de Psicomotricidade 5
1.2 Filogênese, Ontogênese e Retrogênese do ser humano 7
2 História da Psicomotricidade 11
2.1 Teorias e Movimentos da Psicomotricidade 13
2.2 Vertentes da Psicomotricidade 16
3 Psicomotricidade Terapêutica 21
4 Psicomotricidade Relacional 34
5 Educação Psicomotora 38
5.1 Currículo em Movimento 45
6 A Ação do Psicomotricista 49
6.1 Atuação do psicomotricista 50
6.2 Clientela e Mercado de Trabalho 50
6.3 Diagnóstico, intervenção e avaliação 50
6.4 Investigação e função do psicomotricista 53
 
ANEXO 1- Bateria Psicomotora e Atividades 58
ANEXO 2- Educação Psicomotora – Currículo em Movimento 62
GLOSSÁRIO 68
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
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Módulo II 
 
 Pg.
II. Introdução ao Desenvolvimento Humano 4
7 Etapas do Desenvolvimento Humano 6
7.1 Perspectivas Teóricas do Desenvolvimento Humano: 
psicanalítica, aprendizagem, cognitiva, etiológica, contextual 
7
7.2 Concepção e Influência da Hereditariedade e do Ambiente no 
Desenvolvimento Humano 
8
8 Desenvolvimento Físico Inicial e da Primeira Infância 14
8.1 Nascimento e Desenvolvimento Inicial 15
8.2 Desenvolvimento Motor 20
8.3 Testes de Avaliação do Desenvolvimento 30
9 Desenvolvimento Cognitivo Inicial e da Primeira Infância 31
9.1 Teoria Behaviorista: aprendizagem do bebê 32
9.2 Teoria Piagetiana: Etapas cognitivas 33
9.3 Abordagem Psicométrica: Testagem da inteligência 35
9.4 Abordagem Filosófica: percepção e simbolismo 37
10 Desenvolvimento da Linguagem nos Primeiros Anos de Vida 39
10.1 Linguagem Falada 42
10.2 Linguagem Não-verbal 44
10.3 Linguagem Escrita, alfabetização e Leitura 46
11 Desenvolvimento Psicossocial nos Primeiros Anos de Vida 48
11.1 Introdução 48
11.2 Neuropsicologia das Emoções 49
11.3 Independência e Interdependência nas Relações 
Humanas 
51
12 O Brincar na Construção do Desenvolvimento da Criança 53
 
GLOSSÁRIO 59
 
 
 
 
 
 
5 
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Módulo III 
 Pg.
III. Introdução ao Desenvolvimento Humano na Segunda, 
Terceira Infância e Adolescência 
4
13 Desenvolvimento Humano na Segunda e Terceira Infância 4
13.1 Desenvolvimento Físico: Crescimento e Mudanças 
Fisiológicas 
5
13.2 Desenvolvimento Cognitivo: memória, linguagem, inteligência, 
pensamento 
15
13.3 O Brincar na Segunda e Terceira Infância 21
13.4 Desenvolvimento Psicossocial: Relações com o EU, o outro, o 
meio ambiente 
23
14 Desenvolvimento Humano na Adolescência 26
14.1 Etapas da Transformação: a puberdade 27
14.2 Fenômenos psicológicos, físicos e sociais da adolescência 28
14.3 Aspectos da Maturação Cognitiva 32
14.4 Aspectos Educacionais 33
14.5 Sexualidade 34
 
GLOSSÁRIO 39
 
 
 
Módulo IV 
 Pg.
IV. Introdução ao Desenvolvimento Humano na fase Adulta Jovem e 
na Terceira Idade 3
15 Desenvolvimento do Adulto Jovem 4
15.1 Aspectos Físicos: funcionamento sensório e psicomotor 6
15.2 Aspectos Cognitivos: Transição para o Pensamento Pós-formal 8
15.3 Aspectos Psicossociais 10
15.4 Inteligência Emocional 12
 
 
 
 
 
6 
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15.5 Aspectos Educacionais da Vida Adulta 14
16 Desenvolvimento na Terceira Idade 17
16.1 Aspectos Físicos do Envelhecimento Humano 18
16.2 Aspectos Psicossociais na Velhice 21
16.3 Aspectos Cognitivos: Memória, Atenção e Motivação. 24
16.4 Educação na Terceira Idade 27
 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 31
GLOSSÁRIO 33
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
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I. Introdução à Psicomotricidade e Desenvolvimento Humano 
 
 O material que ora se apresenta pretende contribuir na atualização, revisão 
de conteúdo e aprendizagem de profissionais da educação e da saúde, que 
manifestem interesse pelo tema Psicomotricidade e Desenvolvimento Humano. É 
este um tema muito abrangente e complexo na medida em que envolve inúmeras 
ciências, tais como: a neuroanatomia, a neurologia, a psicologia, a fenomenologia, a 
psicopedagogia, as ciências do movimento humano, a pedagogia; entre outras que 
se encontram intrinsecamente ligadas às primeiras supracitadas. 
 Assim, pretende-se aqui expressar e comunicar cada temática em uma 
linguagem mais simplificada que nos seja possível, uma vez que o assunto exige 
uma terminologia específica, cuja compreensão depende do conhecimento 
etimológico de cada termo, no entanto usaremos neste instrumento didático notas de 
rodapé, bem como um glossário em anexo ao conteúdo, para que o entendimento se 
faça possível. 
 O tema se encontra descrito e dividido em dois capítulos, no qual o primeiro 
disserta sobre a Psicomotricidade em sua epistemologia, conceituação, história, 
vertentes e movimentos criados ao longo de cem anos de história da mesma. Em 
sua abordagem também se encontra o trabalho desenvolvido nos três paradigmas 
psicomotores existentes: psicomotricidade terapêutica, relacional e educativa, além 
da forma de diagnóstico, intervenção e avaliação utilizada pelo psicomotricista. 
Discute - se a função, atuação, clientela e mercado de trabalho em que existe a 
necessidade do serviço do psicomotricista e a importância de uma investigação 
contínua no campo da psicomotricidade. 
 O segundo capítulo aborda o Desenvolvimento Humano desde a concepção 
até a morte do ser humano. Estudando todas as fases e os aspectos importantes da 
vida humana. Será possível perceber que entre o capítulo I e II, existe uma 
interdependência e inter-relação inevitável, visto que falaremos todo o tempo do 
mesmo assunto, o Homem em sua evolução enquanto espécie e seu 
desenvolvimento enquantoser social. Para entender qualquer fenômeno que se 
passa com uma pessoa, é necessário compreender que o Homem é resultado de 
 
 
 
 
 
8 
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sua própria interação com o meio, com outrem, com os objetos e consigo mesmo; e 
que carrega em sua memória genética a história dos seus ancestrais, consciência 
esta que todo indivíduo deveria possuir para evitar diversos problemas 
conseqüentes da desinformação sobre o desenvolvimento humano, da má conduta 
com seu próprio corpo e com seus semelhantes. 
 Portanto, trata-se de um conteúdo rico em informações e necessário para a 
nossa própria compreensão sobre os fenômenos que acercam a vida humana. 
 
1 CONTEÚDO EPISTEMOLÓGICO DA PSICOMOTRICIDADE 
 
1.1 Origem, conceitos e definições de Psicomotricidade 
 
 Na origem da Psicomotricidade se encerra o estudo causal e a análise de 
condições de adaptação e de aprendizagem que tornam possível o comportamento 
humano. Um médico chamado Tissié (1894), que no século XIX "tratou" pela 
primeira vez, "um caso de instabilidade mental com impulsividade mórbida", através 
da chamada "ginástica médica". Dessa forma, entendeu-se que o movimento 
humano gerava transformações na psique da pessoa, ou seja, era capaz de tratar e 
curar certos comportamentos motivados e controlá-los mediante atividade motora 
orientada. A ginástica dita médica, da época, consistia na execução de movimentos 
elementares coordenados, de flexões de membros, de equilíbrios, de percursos a 
pé, de boxe e de percursos de bicicleta, com duchas frias administrados em 
intervalos regulares. Para Tissié, um trabalho muscular orientado, compensaria as 
impulsões enfermas dos seus pacientes. 
O paradigma na perspectiva higienística sustentava que "dominando os 
movimentos, o paciente disciplinaria a razão", um conceito psicomotor relevante. A 
ação curativa da ginástica médica juntou-se à ação psicodinâmica da "ginástica 
respiratória", que emergiu essencialmente da medicina com a finalidade de 
"estimular os centros da sugestão” (Tissié, 1894). Este médico, formador de opinião 
da época, afirmava que a ginástica médica e o controle respiratório, desenvolviam o 
 
 
 
 
 
9 
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autodomínio, solicitando os centros cerebrais, região onde se encontram os 
pensamentos e os movimentos, sendo o lugar em nasce à vontade. 
Psicomotricidade é uma palavra que pode gerar diversos conceitos 
diferentes e até mesmo, em alguns modelos, um verdadeiro caos semântico que se 
espalha por várias profissões, desde fisiatras a psiquiatras, desde fisiologistas a 
ortopedistas, desde psicólogos a psicoterapeutas, desde fisioterapeutas a 
professores de educação física, desde professores de música a professores de 
expressão artística e etc. Pois a Psicomotricidade é base para a compreensão de 
muitas ciências que estudam o corpo e a mente. Damásio (1995), neurocientista 
português de renome mundial, ressalta que o corpo e o cérebro encontram-se 
indissociavelmente integrados por circuitos neurais e bioquímicos reciprocamente 
dirigidos de um para o outro. Para este autor, qualquer que seja a questão que 
possamos levantar sobre o que somos e porque é que somos ou como somos - uma 
coisa é indiscutível: somos organismos vivos complexos, com um corpo 
propriamente dito e um sistema nervoso. 
Outros autores definem a Psicomotricidade: 
Dalila Costalat (1976) – é a ciência da educação que realiza o enfoque 
integral do desenvolvimento nos três aspectos: físico, psíquico e intelectual, de 
maneira a estimular harmoniosamente o casamento dessas três áreas em diferentes 
etapas do crescimento humano. 
 Ajuriaguerra (1980) – é a realização do pensamento através de um ato 
motor, preciso, econômico e harmonioso. 
Morizot (1982) – “é uma ciência que tem por objetivo o estudo do homem, 
através do seu corpo em movimento, nas relações com seu mundo interno e 
externo” (p.5). Este conceito foi proposto durante o 1º Congresso Brasileiro de 
Psicomotricidade, com o intuito de viabilizar o entendimento comum do termo 
Psicomotricidade. 
 
 
 
 
 
10 
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Pierre Vayer (1986) – é a educação da integridade do ser através do corpo. 
 A Psicomotricidade é, portanto, uma atividade que reúne o sentir, pensar e 
realizar no ato motor, pois como refere Wallon (1975), o pensamento e a ação 
motora são indissociáveis. 
1.2 Filogênese, ontogênese e retrogênese 
 Enfim, a psicomotricidade na sua essência, define Fonseca (1981), não é só 
a chave da sobrevivência, como se observa no animal e na espécie humana, mas é 
igualmente, a chave da criação cultural, em síntese: a primeira e última manifestação 
da inteligência. A Psicomotricidade, em termos filogenéticos1·, tem, portanto, um 
passado de vários milhões de anos, porém uma história restrita de apenas cem 
anos. A motricidade humana, a única que se pode denominar por psicomotora, é 
distinta da motricidade animal por duas características: é voluntária e possui novos 
atributos de interação com o mundo exterior (Eccles, 1989). Ou seja, a idéia de 
atividade ou de motricidade pressupõe uma noção de que o homem se orienta por 
objetivos, agindo intencionalmente, planejando mentalmente, ação que o primata 
não consegue alcançar, pois a idade mental de um macaco não ultrapassa os três 
anos de idade mental do ser humano. 
 
 FONTE: Fonseca (1998) 
 
1 Termos filogenéticos referem-se à filogênese – estudo da origem da espécie humana (FONSECA, 
2004) 
 
 
 
 
 
11 
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 A evolução cultural ou social, conforme Leontiev (1978) condiciona a 
evolução biológica ou corporal da espécie e da criança; ambas coexistem e 
influenciam-se, ocorrendo uma interação mútua que revela a complexidade da 
evolução da espécie humana. Este é o paradigma que explica a teoria da 
psicomotricidade. A motricidade humana ocorre não apenas num sistema de 
relações biológicas, igualmente e concomitantemente num sistema de relações 
sociais, onde o trabalho humano ocupa o lugar fundamental. Uma vez que o trabalho 
é uma atividade que exige múltiplas relações entre atividade psíquica e motora, 
sugerindo ainda que a atividade psicológica interna, que lhe é inerente, tem sua 
origem na atividade motora externa, a evolução da espécie não teria condições de 
se realizar sem o trabalho humano, gerado pela necessidade de sobrevivência. 
Dessa forma, podemos dizer que a evolução de cada ser humano está diretamente 
relacionada à história de sua ascendência e aos aspectos filogenéticos de sua 
existência, o que irá influenciar igualmente sobre sua descendência e na ontogênese 
de seus descendentes, embora Luria (1986) não concorde com esse pensamento, 
pois considera que cada sujeito constrói sua história na relação com o meio no qual 
se desenvolve e que este tem poder de transformação das heranças genéticas e 
filogenéticas. 
O binômio cérebro-corpo (sinônimo de psicomotricidade), mais complexo do 
reino animal é definitivamente o da espécie humana. Fonseca (2004) reforça que o 
ser humano, evoluindo de Homo fabers,para Homo habilis, de Homo erectus para 
Homo sapiens, atingiu uma multiplicidade de conquistas motoras adaptativas 
importantes, que explicam o desenvolvimento do homem inclusive na ontogênese 
(estudo da origem do desenvolvimento do ser humano). Exemplificando: a postura 
bípede (em pé) desenvolveu as praxias2 finas (motricidade fina) e a especialização 
sensoriomotora corporal e hemisférica, aperfeiçoando os sentidos, a orientação 
espaço-temporal, a interação sexual e vinculação socioafetiva, as representações 
sensórias dos movimentos (gnósico-práxicas) e elevada coordenação para trabalhar. 
A linguagem e a comunicação sofreram impressionante evolução, desenvolvendo-se 
 
2 Praxia – ato motor voluntário; praxia fina refere-se à motricidade fina (movimentos pequenos que requer 
precisão), praxia ampla é sinônimo de motricidade ampla ou global (movimentos grandes que exigem grandes 
grupos musculares, equilíbrio e noção de espaço e tempo). 
 
 
 
 
 
12 
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da mímico-gestual para a sonora e falada, a linguagem articulada e expressiva. Os 
costumes sociais foram construindo a cultura e as tradições comportamentais que 
eram intergeracionais. Assim, podemos afirmar que por trás da ontogênese 
encontra-se a sociogênese (origem do comportamento social humano), pois todos os 
componentes da motricidade infantil encontram-se dependentes do envolvimento 
social e cultural, que contextualiza a conduta da criança nos seus fatores 
psicológicos e motores indissociáveis. Em resumo, refere Fonseca (1998), a gênese 
(origem) da consciência é a gênese da psicomotricidade, na qual a relação da 
imagem do outro, regula, orienta e controla a postura, lateralidade e motricidade da 
criança. Para Vygotski (1988), as capacidades psicológicas da criança desenvolvem-
se a partir, e através, das atividades motoras e práticas de relação e interação, com 
o mundo social e com o mundo dos objetos, principalmente de forma lúdica, modo 
que domina seu universo simbólico. 
 
 FONTE: www.photografos.com.br/galeriapublica.html 
 Por último, a retrogênese, em psicomotricidade, vem a ser o estudo dos 
fenômenos relacionados à involução (retrocesso) das funções psicomotoras 
(equilibração, noção de corpo, estruturação espaço-temporal, tonicidade e praxias) e 
a adaptação do indivíduo à senescência (velhice), nos contextos ambientais desde a 
família, à sociedade e às organizações. Dessa forma, o ser humano, no declínio de 
suas capacidades vitais, cognitivas e motoras, inicia um processo de reconstrução, 
ou de readaptação às situações da vida, ao meio social. É uma etapa de 
reconhecimento e aprendizagem de novas formas de ação motora, dependendo 
 
 
 
 
 
13 
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principalmente da ação psíquica e da consciência das limitações físicas, espaciais, 
estruturais e das praxias que demonstram o nível da involução motora. A 
importância da construção de um relacionamento social produtivo e ativo torna-se 
fundamental nesta etapa. O desenvolvimento das funções motoras se faz primordial, 
mantendo ativo todo o sistema funcional, orgânico, psicológico e emocional, 
retardando o processo de envelhecimento. 
 
 FONTE: arquivo pedagógico 
 A velhice envolve dois processos, sendo um fisiológico, (denominado 
senescência) e outro metabólico (chamado de senilidade). Envelhecer é viver, é 
mover-se, essa afirmativa é tomada como base para as justificativas de programas 
de prevenções e de reabilitação psicomotora (Fonseca, 1998). O envelhecimento é 
um processo contínuo e inevitável, que constitui uma etapa da vida onde é preciso 
estudar, tendo em vista que ocorre uma série de modificações que necessitarão de 
adaptações. Tais modificações somáticas, psíquicas e psicomotoras serão 
combatidas com medidas reabilitativas, ativas e preventivas. 
A motricidade humana pode, assim, ser entendida numa relação triárquica 
teoricamente (FONSECA, 2004), que aqui faremos uma primeira referência e 
abordaremos melhor em capítulo posterior: 
 A subteoria multicomponencial traz uma explicação filogenética do 
desenvolvimento psicomotor. Refere-se à dimensão do mundo interior do indivíduo 
e aos componentes do ato motor: tônus, postura, lateralização, noção de corpo, 
estruturação espaço-temporal, praxia global ou coordenação motora ampla, e praxia 
fina ou coordenação motora fina. Estes componentes são necessários, de forma que 
 
 
 
 
 
14 
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o indivíduo tenha competências para solucionar problemas, e estão intrinsecamente 
relacionadas à sua história evolucionária enquanto espécie humana. 
 A subteoria multiexperencial, por se referir à familiarização, à prática e à 
aprendizagem integrada, que encerram a utilização dos componentes psicomotores 
em concordância com a sua dimensão mnésica (relativo à memória) e ontogenética, 
(FONSECA, 1989), encara a dialética dos diversos períodos de desenvolvimento, do 
bebê ao idoso. 
 A subteoria multicontextual, por se relacionar com o mundo exterior e 
com os ecossistemas onde decorre a evolução psicomotora, refere-se à 
retrogênese, de certa forma, à eficiência dos vários sistemas biopsicossociais, como 
reflexos da adaptabilidade dos contextos às características dos indivíduos, desde a 
família, à escola, à sociedade e às suas organizações. 
 
 
FONTE: Fonseca (2004) Figura 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
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2 HISTÓRIA DA PSICOMOTRICIDADE 
A psicomotricidade, cujo berço de origem é a França, no final do século XIX, 
iniciou-se como prática terapêutica para crianças com distúrbios psicomotores. 
Fonseca (1981, p.15) lembra-nos nomes de grandes pesquisadores e teóricos que 
ajudaram a formar conceitos, diretrizes e técnicas científicas, na área da 
psicomotricidade. Dupré, “a quem se deve um dos primeiros estudos sobre as 
relações psíquicas e as relações motoras no seu ponto de vista patológico”, Collin, 
Ozeretski, Wallon, Gesell, Stern, Piaget e Ajuriaguerra. 
Com o passar das décadas, a psicomotricidade enriqueceu-se ao deixar de 
ser estudada isoladamente, pois uma rede interdisciplinar colocou o estudo da 
motricidade e do movimento humano em um enfoque cada vez mais científico, 
menos mecanicista e com maior ênfase no contexto global do ser humano, 
recebendo reconhecimento institucional a partir de Wallon. 
No século XX, surgiram a psicomotricidade educativa ou educação 
psicomotora e a psicomotricidade relacional que é uma psicomotricidade de cunho 
educativo com enfoque relacional citado em Negrine (2002). Esta última vertente é a 
mais recente, iniciada por Bernard Aucouturier e André Lapierre, é uma “abordagem 
que se sustenta na ação do brincar como atividade-meio” e utiliza a intervenção 
pedagógica de forma não-diretiva também, assim como a Psicocinética. 
 O método não-diretivo, segundo Negrine (2002, p.62), permite que “se 
façam interpretações significativas das ações que a criança experimenta quando se 
exterioriza”e, assim, mediante o ato exploratório dos espaços organizados, ela 
realiza atividades múltiplas, isenta de julgamentos de mérito: se está certo ou errado, 
se está bonito ou feio (NEGRINE, 2002). 
Todas as vertentes se apóiam, inicialmente, nos mesmos pesquisadores e 
estudiosos de psicomotricidade terapêutica, da época de seu surgimento, porém 
com enfoques de trabalho e objetivos diferentes. Sendo assim, a educação 
psicomotora tem por objetivo desenvolver as capacidades motoras dentro do âmbito 
escolar, educando o ser integralmente, contribuindo para o desenvolvimento 
evolutivo psicomotor e o sucesso escolar. Aucouturier (1986) sublinha que a 
educação psicomotora favorece uma tríade indissociável: a comunicação, a criação 
 
 
 
 
 
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e a operação (pensamento operatório). Isso acontece no momento em que o 
indivíduo se relaciona consigo mesmo, com os outros e com o meio onde exercita 
sua atividade. 
A história da Psicomotricidade, no Brasil, segue os passos da escola 
francesa. Os estudos de Dupré às respostas de Charcot originados das vias instinto-
emocional, a busca de crianças com dificuldades escolares, nortearam também os 
cientistas sul-americanos e brasileiros a encontrarem na França, o refúgio ás suas 
dúvidas. A Escola Francesa de Psiquiatria Infantil e da Psicologia na época da 1ª 
guerra em todo mundo, ainda que tardiamente, influenciou o Brasil marcando com os 
primeiros ventos da Pedagogia e da Psicologia. Nos países europeus, 
pesquisadores se organizavam em grupos de trabalho: era preciso responder as 
aspirações e necessidades da sociedade industrial, que levava as mulheres ao 
trabalho formal, deixando as crianças em creches. 
Henri Wallon ousou falar em Tônus e Relaxamento e Dr. Ajuriaguerra 
combinou às suas pesquisas, a importância do tônus falada por Wallon em seus 
escritos sobre o diálogo tônico. Dra. Helena Antipoff, assistente de Claparéde, em 
Genebra, no Institut Jean-Jacques Rosseau e auxiliar de Binet e Simon em Paris, da 
escola experimental "La Maison de Paris", trouxe ao Brasil sua experiência em 
deficiência mental, baseada na Pedagogia do interesse, derivada do conhecimento 
do sujeito sobre si mesmo, como via de conquista social. 
A seguir se descreve um quadro de resumo comparativo entre os 
movimentos que construíram os conceitos epistemológicos da psicomotricidade: 
 2.1 Movimentos da Psicomotricidade 
 TISSIÊ (1894) DUPRÉ (1925) 
 WALLON (1925/34) Reconhecimento Institucional 
MOVIMENTO MOVIMENTO 
TERAPÊUTICO 
MOVIMENTO 
EDUCATIVO 
MOVIMENTO 
RELACIONAL/ 
CONSTRUTIVISTA 
 
 
 
 
 
17 
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TEÓRICOS Ayres(1979) 
Petat(1942) 
Babinsky(1934) 
 
Lapierre(1968) 
Parlebas(1970) 
EFI Estruturalista 
LeBoulch(1967/72) 
Psicocinética 
Mérand(1970) 
Pedagogia 
Institucional 
Vayer(1961/71) 
Lapierre; 
Auconturier(1973) 
Gardner(1995) 
 
OBJETIVOS Identificar 
Diagnosticar 
Prescrever 
Corrigir 
Retificar 
Recuperar 
Educar/aperfeiçoar 
Dominar/controlar 
Integrar/totalidade 
Do ser 
Interagir/tomar 
Conscientizar/explorar 
Refletir/socializar 
 
Cooperar/brincar 
 
 
 
2.1 Teorias e Movimentos que construíram a Psicomotricidade 
A ginástica médica, do paradigma higienista, iniciava, há dois séculos, o 
movimento psicomotricista. Com Tissié, Charcot e Dupré, a execução de 
movimentos coordenados tinha uma ação curativa (FONSECA, 1981), sustentando 
que ao dominar os movimentos, o paciente disciplinaria a razão. Eram teorias 
mecanicistas que supervalorizavam a anatomia funcional e morfológica, contudo, 
nasce neste momento da história às primeiras afirmações ocidentais a cerca das 
relações entre o pensamento e o movimento. 
 As impressionantes concepções psicanalíticas de Freud, Schilder, Lacan, 
entre outros, levam os filósofos somáticos e fenomenologistas como Kant, Camus, 
Nietzsche, Merleau-Ponty, e outros, a discussões muito produtivas sobre a 
 
 
 
 
 
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Psicomotricidade, relacionando a percepção, o simbolismo, às emoções às 
representações de corpo, imagem e consciência que influenciariam na formação de 
novos métodos e práticas motoras do sujeito enquanto instrumento de reação com 
ele mesmo, com objetos, com outros e com o meio. Surgem as primeiras 
representações de um corpo emocional e intrapsíquico, construtor da personalidade 
do indivíduo e da autoconsciência, o verdadeiro EU que emerge das experiências 
relacionais. Estes princípios que nasceram em Wallon e Ajuriaguerra tornaram a 
Psicomotricidade de terapêutica corretiva em reeducadora física e psicomotora. 
Também Le Boulch, Vygotski, Piaget, Parlebas e Mérand contribuíram na criação 
desta vertente pedagógica estruturalista. É o movimento cujo paradigma abraça a 
intencionalidade e a consciência do EU, como refere Manuel Sérgio (1984?), a 
motricidade é a “verdade da percepção” ou a “pensabilidade em ato, pois só se 
pensa verdadeiramente o que é capaz de exprimir” (p.95). Toda e qualquer teoria 
que trate da comunicação humana e do desenvolvimento da espécie terá de passar 
obrigatoriamente pelas questões que se referem ao corpo, pois nada foge ao corpo, 
tudo é matéria que transcende a carne. E é assim que a teia das relações entre 
corpo, linguagem, movimento, percepções, pensamentos e sensações se trama. 
Não existe maneira de segmentar o ser humano, fatiá-lo, dissociando essas partes 
tão importantes como se não fossem igualmente vitais, como as partes orgânicas e 
fisiológicas dos órgãos viscerais. São esses componentes interdependentes que 
fazem um todo existencial e que dão sentido ao homem. 
Mais recentemente, Antônio Damásio (neurologista português renomado) e 
Howard Gardner (psicólogo americano criador da Teoria das Inteligências Múltiplas) 
vêm contribuindo de forma imprescindível para a ciência do Movimento humano e a 
Psicomotricidade. Estes teóricos, sócio-interacionistas, defendem a relação 
construtiva do ser humano interagindo com o meio ambiente, onde não existiria 
evolução se não existisse interação entre corpo e cérebro, reagindo com e ao 
ambiente (DAMÁSIO, 1995). Com Gardner (1996), tivemos o surgimento da Teoria 
das Inteligências (figura 2), no qual a inteligência criadora somente pode ser 
compreendida à luz da evolução da inteligência sensório-motora e vertebrada, que 
possibilitou à espécie humana, por intermédio de sua inteligência corporal-
 
 
 
 
 
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cinestésica, transformar a natureza e acrescentar-lhe cultura. Dessa forma, a 
inteligência não pode distanciar-se das condições sócio-históricas concretas, de 
onde emerge, assim, ela se torna coronário da motricidade que se interiorizou 
(AJURIAGUERRA; SOUBIRAN, 1959). 
 
FONTE: Fonseca (2004) Figura 2 
2.2 Vertentes da Psicomotricidade 
O paradigma da motricidade, sendo um paradigma emergente, segundo 
Sérgio (1984) insere-se hoje na base de muitos estudos e pesquisas, e é 
reconhecidoem sua importância por diversas profissões nas áreas da saúde, 
educação e humanas, como: medicina, fisioterapia, terapia ocupacional, 
fonoaudiologia, educação física, psicologia, sociologia, relações públicas, 
comunicação, administração de empresas, antropologia, filosofia, entre outras. São 
muitas as razões que fazem da motricidade humana um foco de pesquisa, porém a 
busca de subsídios para a compreensão sobre a evolução e desenvolvimento do ser 
humano e sua complexidade está entre as razões principais, como também a busca 
de razões para a existência de tantas patologias, muitas de fundo genético. 
A educação atual também vem se ancorando nos princípios psicomotores 
para amenizar os efeitos terríveis do baixo rendimento escolar, causados por 
 
 
 
 
 
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inúmeros distúrbios de aprendizagem, desvios de comportamento social, disfunções 
psicológicas, entre outras situações presentes no contexto escolar. 
Com o intuito de facilitar a compreensão das características das principais 
vertentes da psicomotricidade, alguns aspectos serão analisados e categorizados 
em cada uma delas. No desenvolvimento deste exercício de categorização é 
necessário um prévio entendimento a respeito do que cada um destes aspectos irá 
tratar. Ao analisar a finalidade da vertente da psicomotricidade, procuramos aqui 
entender o objetivo principal desta vertente, ou seja, o propósito de sua existência. 
Por área de base deve-se entender em qual área do conhecimento esta 
vertente tem suas bases, visto que a psicomotricidade busca constantemente um 
fundamento teórico em outras áreas do conhecimento, mudando, então, os objetivos 
de sua prática. Em suas diferentes vertentes, esteve alicerçada no modelo 
biomédico (neuropsiquiatria), passando depois para a psicologia e psicanálise e, por 
último, na psicopedagogia, sem contar que utiliza meios da Educação Física para a 
realização de sua prática. 
Na seqüência, procuramos analisar as características, apresentando as 
faces das diferentes abordagens da psicomotricidade a partir de três grandes 
grupos: Reeducação Psicomotora, Terapia Psicomotora e Educação Psicomotora. 
Historicamente a psicomotricidade tratou o ser humano de forma 
fragmentada, baseada nos princípios fundamentais do dualismo cartesiano, que 
consistem em separar o corpo e a alma. Posteriormente passou-se a considerá-lo 
em sua totalidade, isto é, o corpo começa a ser visto como uma unidade que 
expressa sentimentos e emoções que movem suas ações. Levin (1995) coloca que a 
prática psicomotora tem seu início com Edouard Guilmain, em 1935. Este médico 
inicia um novo método que chama de Reeducação Psicomotora, consistindo na 
aplicação de baterias de testes psicomotores para a avaliação do perfil da criança. 
Estabelece-se, então, um exame psicomotor padrão e um programa de sessões de 
acordo com as características dos distúrbios motores que o indivíduo apresenta, 
orientando as modalidades de intervenção do terapeuta. 
A vertente denominada Reeducação Psicomotora destina-se às crianças que 
apresentam déficit em seu funcionamento motor. Essa abordagem tem por finalidade 
 
 
 
 
 
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ensinar a criança a reaprender como se executam ou se desenvolvem determinadas 
funções. Para isso, avalia-se o perfil psicomotor da criança, utilizando métodos que 
consistem na aplicação de baterias de testes psicomotores. Após o diagnóstico, a 
criança é submetida a um programa de sessões que tem como objetivo suprir as 
dificuldades aparentes (NEGRINE, 2002). 
Esta abordagem tem como base estudos da neuropsiquiatria infantil. Dessa 
forma, é muito voltada ao aspecto motor e entende o ser humano como um corpo 
instrumental, isto é, uma máquina de músculos, que, se não estiverem funcionando, 
devem ser reparados (LEVIN, 1995). Le Camus, ao analisar os estudos de Guilman 
(1935), explica que a sessão de reeducação psicomotora destina-se a três 
propósitos principais: reeducar a atividade tônica (com exercícios de atitude, de 
equilíbrio e de mímica); melhorar a atividade de relação (com os exercícios de 
dissociação e de coordenação motora com apoio lúdico); desenvolver o controle 
motor (com exercícios de inibição para os instáveis e de desinibição para os 
emotivos). 
 Aucouturier (1986), em conjunto com outros estudiosos do tema, começou a 
sentir a necessidade da evolução de seus ensinamentos e de suas práticas. O grupo 
estava preocupado em trabalhar com uma abordagem mais relacional, mais voltada 
à globalidade da criança. A respeito disso, Aucouturier ressalta ao referir que 
devemos respeitar o tempo da criança, sua maneira totalmente original de ser no 
mundo, de viver, de descobrir, de conhecê-lo, valorizando sua totalidade, a unidade 
de funcionamento da atividade motora, da afetividade e dos processos cognitivos. 
A principal mudança na evolução da reeducação psicomotora está na 
compreensão do corpo como uma unidade psicossomática e cujo movimento possui 
significado. Com isso a postura do reeducador frente à criança toma outra direção: 
ele passa a entendê-la como um ser de expressividade psicomotora. Outro aspecto 
importante que é citado nesta nova fase da reeducação psicomotora é que a 
formação do reeducador é composta por uma trilogia efetuada simultaneamente: a 
formação pessoal, a formação teórica e a formação prática, ambas completando e 
enriquecendo umas às outras, reforça Aucouturier (1986). 
 
 
 
 
 
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A evolução que a reeducação psicomotora passou a servir como primeiro 
passo de uma trajetória que a psicomotricidade ainda percorre, isto é, o 
desenvolvimento de uma abordagem cada vez mais preocupada com o ser humano 
em sua totalidade, inserido em um contexto sócio-cultural. 
A vertente chamada de Terapia Psicomotora é destinada às crianças 
“normais” ou portadoras de deficiências físicas, que apresentam dificuldades de 
comunicação, de expressão corporal e de vivência simbólica (NEGRINE, 1998). 
Através da avaliação, diagnóstico e tratamento, esta abordagem possibilita, por meio 
da relação terapêutica, a compreensão das patologias psicomotoras e suas 
conseqüências relacionais, afetivas e cognitivas, tendo sempre como referência o 
desenvolvimento psicodinâmico da motricidade da criança. 
A terapia psicomotora utiliza várias contribuições da teoria psicanalítica; 
exemplos disso são os inúmeros conceitos que são utilizados: inconsciente, 
transferência, imagem corporal, etc. Os psicomotricistas, agora preocupados com a 
vida emotiva de seus pacientes, passam a citar vários autores da psicanálise, como 
S.Freud, M. Klein, D. Winnicott, W. Reich, P. Schilder, J. Lacan, M. Manoni, F. Dolto 
e Samí Alí. Com isso, surgem novas perspectivas clínicas – teóricas no campo 
psicomotor (LEVIN, 1995). 
Uma característica importante que estes mesmos autores explicam é que a 
terapia psicomotora só pode ser realizada em ambiente apropriado, ou seja, clínica 
especializada em terapia, hospital psiquiátrico, grupo de ajuda psicopedagógica ou 
centro médico pedagógico. A sessão de terapia psicomotora se desenvolve de forma 
individualizada. A relação, que o terapeuta estabelece com a criança, é de sintonia, 
de escuta, empatia. E o seu corpo é o depósito das emoções da criança, o tempo da 
sessão é de acordocom a disponibilidade da criança (AUCOUTURIER, 1986). 
Na forma de pensar de Negrine (2002), o trabalho terapêutico, a partir da 
perspectiva lúdica, requer muita disponibilidade corporal do psicomotricista com a 
criança portadora de qualquer deficiência, pois ele, através dos estímulos e 
intervenções que faz constantemente, tem a possibilidade de criar atitudes 
comportamentais na criança. Este nível de intervenção do psicomotricista é que 
diferencia a psicomotricidade terapêutica da educativa. 
 
 
 
 
 
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 FONTE: arquivos pedagógicos 
Nesta abordagem cabe ao terapeuta uma constante adaptação à evolução 
da criança, um domínio na trilogia da formação, uma forte capacidade de escuta e o 
mais importante - não impor às crianças os seus desejos e sim ajudá-las na 
evolução e na criação de seus próprios desejos. 
A vertente denominada Educação Psicomotora tem por finalidade 
promover, através de uma ação pedagógica, o desenvolvimento de todas as 
potencialidades da criança, objetivando o equilíbrio biopsicossocial (NEGRINE, 
1986). Le Boulch (2001) explica que a Educação Psicomotora é formadora de uma 
base indispensável a toda criança, pois tem como objetivo assegurar o 
desenvolvimento funcional, levando em conta as possibilidades da criança, 
possibilitando, também, através das relações interpessoais, a expansão e o 
equilíbrio de sua afetividade. 
Historicamente, a Psicocinética de Jean Le Boulch, teve por objetivo 
sensibilizar os docentes do primeiro grau quanto à importância da Educação 
Psicomotora na base da educação elementar formal da criança, visto que a 
educação do corpo era um pouco desprezada na época. Foi um movimento da 
educação psicomotriz que se iniciou na França e perdura ainda hoje. Este método 
zela pela intencionalidade da ação motora, prima pela autonomia motriz e respeita a 
evolução do esquema corporal da criança, pois o ser infantil, dotado de percepções 
e sensibilidade, deve ser estimulado pelo educador a buscar sua função de 
interiorização, mediante o ato de brincar com seu corpo, com os objetos e com o que 
o meio lhe oferece. Cria, assim, seu espaço de identificação, economia funcional e 
aprende a gerir sua ação para uma vida saudável, longa e prazerosa. 
 
 
 
 
 
 
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 FONTE: arquivo pedagógico 
Para Falkenbach (2002), a finalidade da prática da Educação Psicomotora é: 
 1º) promover um meio lúdico-educativo para a criança expressar-se por 
intermédio do jogo e do exercício, devendo possibilitar às crianças a exploração 
corporal diversa do espaço, dos objetos e dos materiais; 
 2º) facilitar a comunicação das crianças por intermédio da 
expressividade motriz; 
 3º) potencializar as atividades grupais e favorecer a liberação das 
emoções e conflitos por intermédio da vivência simbólica. 
 A Educação Psicomotora atualmente se divide em dois eixos: a 
Psicomotricidade Funcional e a Psicomotricidade Relacional. Negrine define o 
aspecto que diferencia as duas práticas, elucidando-nos que, fundamentalmente, a 
passagem da psicomotricidade funcional à relacional é a utilização do jogo (brincar 
da criança) como “elemento pedagógico” Falkenbach (2002). 
 
 FONTE: Arquivo pedagógico (PINTO, 2002) 
 
 
 
 
 
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3 PSICOMOTRICIDADE TERAPÊUTICA 
 
A psicomotricidade terapêutica, ou funcional, compreende o 
desenvolvimento psicomotriz a partir de bases teóricas de neuroanatomia funcional, 
tendo como base concepções sobre a motricidade que acreditam que o processo de 
desenvolvimento humano é decorrente dos processos de maturação, define Negrine 
(2002). As capacidades e habilidades motrizes seguiriam um padrão evolutivo igual 
em todas as pessoas e poderiam ser avaliadas através de baterias de testes 
mediante exercícios padronizados para as diferentes idades. Variáveis como sexo, 
fatores culturais, experiências vivenciadas, não eram levadas em consideração. 
Na avaliação do perfil psicomotor da criança algumas variáveis eram 
analisadas, como por exemplo, equilíbrio estático e dinâmico, coordenação 
apendicular, coordenação visomanual (movimentos finos e delicados), sincinesias, 
paratonias, lateralidade e orientação espacial (NEGRINE, 2002). Este mesmo autor 
explica que a psicomotricidade funcional se sustenta em diagnósticos do perfil 
psicomotriz e na prescrição de exercícios para sanar possíveis descompassos do 
desenvolvimento motriz. A estratégia pedagógica baseia-se na repetição de 
exercícios funcionais, que são estereótipos criados e classificados constituindo as 
famílias de exercícios: exercícios de equilíbrio, estáticos e dinâmicos, exercícios de 
coordenação, exercícios de flexibilidade, e exercícios de agilidade e destreza. 
Dentro deste eixo da psicomotricidade, Langlade (1974 apud NEGRINE, 
2002) afirma que a educação psicomotriz é uma ação psicológica e pedagógica que 
utiliza os meios da Educação Física com a finalidade de normalizar ou melhorar o 
comportamento da criança. Após a análise dos problemas encontrados, a 
psicomotricidade terapêutica tem a finalidade de educar, sistematicamente, as 
diferentes condutas motoras, permitindo assim uma maior integração escolar e 
social. 
Em suas primeiras obras sobre a psicomotricidade terapêutica ou funcional, 
Aucouturier e Lapierre (1986), colocam que a organização espaço gráfica, 
necessária para a aquisição da leitura e da escrita, necessita da prévia organização 
do espaço de modo geral e inicialmente corporal, com isso determinam como objeto 
 
 
 
 
 
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de sua prática, crianças com algum grau de dificuldade de aprendizagem (disléxicos, 
disgráficos, agitados), traçando o perfil psicomotor da criança e depois apresentando 
tabelas de exercícios com o objetivo de sanar os problemas. 
O desenvolvimento da sessão de psicomotricidade terapêutica ou funcional 
é estruturado de forma que o aluno imite os modelos de exercícios pré-programados, 
que são propostos pelo professor, é uma prática sem intencionalidade, ou seja, na 
qual a criança não tem escolha, todas ao mesmo tempo devem realizar os exercícios 
que são propostos. O professor utiliza-se de métodos diretivos, tornando seu aluno 
dependente de suas ações, não dando espaço para que a criança realize atividades 
que permitam explorar o mundo simbólico, impedindo a exteriorização de sua 
expressividade motriz. Em relação aos métodos diretivos, Negrine (2002) chama a 
atenção para o fato de que estes estão relacionados a estratégias pedagógicas 
voltadas à correção. O gesto motriz que não é realizado conforme a solicitação do 
professor é considerado errado. Deste modo, criam-se inibições e resistências de 
exteriorização corporal, e, devido a isso, a avaliação se torna uma ação puramente 
quantitativa, só valorizando a correta execução dos exercícios propostos. 
A relação - que o psicomotricista terapêutico tem com a criança - é uma 
relação de comando, intervindo no corpo de forma mecânica e o contato corporalentre eles, ou com outras crianças, só ocorre se estiver determinado no exercício 
proposto. 
Este eixo da psicomotricidade é seguido por muitos professores de 
Educação Física, mas o desenvolvimento dessa prática se assemelha muito a forma 
tradicional de uma aula de ginástica. 
 
 FONTE: arquivo pedagógico (PINTO, 2002) 
 
 
 
 
 
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FATORES PSICOMOTORES QUE ORIENTAM TESTAGENS, 
PLANEJAMENTO E PRÁTICA DE UMA SESSÃO DE PSICOMOTRICIDADE 
TERAPÊUTICA 
Os fatores psicomotores são propriedades funcionais que formam 
subsistemas do Sistema Psicomotor Humano relacionado diretamente ao Sistema 
Nervoso, ou seja, os fatores abaixo descritos recebem comando do Sistema Nervoso 
Central, basicamente do tronco cerebral, cerebelo, mesencéfalo e diencéfalo, que 
constituem a organização psicomotora de base. 
Para compreender essas funções, é necessário conhecer um pouco da 
anatomia cerebral. O cérebro humano possui quatro áreas, conhecidas como: lóbulo 
frontal, lóbulo parietal, lóbulo temporal e lóbulo occipital. O lóbulo frontal é assim 
chamado por localizar-se na parte frontal do crânio. Ele parece ser particularmente 
importante por ser responsável pelos movimentos voluntários e também por ser o 
lóbulo mais significante para o estudo da personalidade e inteligência. O lóbulo 
parietal está localizado na parte posterior do lóbulo frontal, ele possui uma área 
denominada somatossensória, responsável pela percepção de estímulos sensoriais, 
que ocorrem através da epiderme ou órgãos internos. O lóbulo temporal possui uma 
área especial chamada córtex auditivo, como o próprio nome já diz, esta área está 
intimamente ligada à audição. Na parte de trás da cabeça, mais precisamente na 
região da nuca, localiza-se o lóbulo occipital. Nele encontra-se o córtex visual, que 
recebe todas as informações captadas pelos olhos, melhor dizendo, sua 
especialidade é a visão. O hipotálamo controla da temperatura corporal, funcionando 
como um "termostato". A hipófise e o hipotálamo são estruturas intimamente 
relacionadas, morfológica e funcionalmente, que controlam todo o funcionamento do 
organismo, direta ou indiretamente, atuando sobre diversas glândulas como a 
tireóide, adrenais e gônadas. Finalmente o sistema límbico, que é a unidade 
responsável pelas emoções, os sentimentos e os comportaento motivados; constitui-
se de células que formam uma massa cinzenta denominada de lobo límbico. Este 
sistema é necessário à sobrevivência de todos os mamíferos, interferindo, positiva 
 
 
 
 
 
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ou negativamente, no funcionamento visceral e na regulação metabólica de todo o 
organismo. 
 A organização de base do cérebro integra a tonicidade, equilíbrio e parte da 
lateralização (componentes de grande passado filogenético) à atenção, postura e 
filtragem dos dados de entrada (inptus) sensoriais, constituindo a primeira unidade 
de Luria3 (base do cérebro) (6, 9 e 10). Luria dividiu as funções psicomotoras 
cerebrais em três unidades: a primeira comanda a atenção, o sentir, perceber e 
captar sensações, ligado diretamente ao sentido de auto-preservação; a segunda 
unidade Luriana comanda a noção de corpo (somatognosia) e a estruturação 
espaço-temporal, processando, analisando e realizando associações (região 
occipital – visão, lobo temporal – audição e lobo parietal – sensitivo-motora, 
percepções, memória) (3,4 e 5, 7) (FIGURA 3) 4. A terceira unidade de Luria se 
encontra no lobo frontal e pré-frontal (regulação) e controla o ato mental e motor, 
planifica, programa e executa as praxias finas e globais (coordenação fina e ampla) 
(1 e 2). 
 
 FIGURA 3 
 
3 Alexander Luria foi um grande cientista. Estudioso da neurologia da linguagem, do pensamento e da 
aprendizagem humana, discípulo e parceiro de Lev. S. Vygotski. 
4 FONTE: Diament e Cypel (1996) 
 
 
 
 
 
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Na região 8 e 9, da figura 3, localiza-se o sistema límbico, hipotálamo, 
hipófise e hipocampo. Na figura 4 e 5 observamos os lobos frontal (terceira unidade 
de Luria – responsável pela planificação e execução do ato motor e mental), os 
lobos parietais, temporais e occipital (2ª unidade luriana – responsáveis pelo 
processamento, análise e associação das informações que o corpo capta) e o tronco 
cerebral, cerebelo, sistema límbico que se encontram abaixo do lobo occipital (1ª 
unidade luriana que comanda a percepção, sente e capta as informações do meio). 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 4 
 (FACE) 3ª UNIDADE DE LURIA 2ª UNIDADE DE LURIA 
 (Frontal) (Parietal) 
 
 
 
 
 
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(NUCA) 
1ª UNIDADE DE LURIA 
(Base-tronco cerebral) 
FONTE: Diament e Cypel (1996) 
FIGURA 5 
 
FONTE: Diament e Cypel (1996) 
 
 
 
 
 
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OBS: A figura acima mostra o sistema límbico, responsável pelo controle das 
emoções, dos sentimentos e comportamentos motivados; o tronco cerebral que 
comanda as funções vitais como respiração, regulação cardíaca entre outros, sendo 
formado pelo bulbo medular, ponte e mesencéfalo. Na figura 6 temos a localização 
dos principais órgãos que compõem o cérebro. 
FIGURA 6 
2ª UNIDADE DE LURIA (NUCA) 
 
3ª UNIDADE DE LURIA 
1ª UNIDADE DE LURIA 
(FACE) 
Associando os conhecimentos adquiridos em Ajuriaguerra às explicações de 
Luria (1986) sobre o funcionamento cerebral dos fatores psicomotrizes, podemos 
dizer que a psicomotricidade pressupõe o sentir (1ª Unidade de Luria), o pensar (2ª 
Unidade Luriana) e o realizar no ato motor (3ª Unidade de Luria). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 FIGURA 7 
PENSAR 
2ª UNIDADE DE LURIA 
 
3ª UNIDADE DE LURIA 
REALIZAR NO ATO MOTOR 
1ª UNIDADE DE LURIA 
SENTIR 
FONTE: Diament e Cypel (1996) 
 
 
 A seguir se descreve os fatores psicomotores propriamente ditos: 
Tonicidade: função do tronco cerebral, primeira unidade de Luria. A 
tonicidade, que indica o tono muscular, tem um papel fundamental no 
desenvolvimento motor, é ela que garante a atitude, a postura, à mímica, as 
emoções - de onde emergem todas as atividades motoras humanas. 
 
 
 
 
 
 
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Equilibração: função do cerebelo na organização postural auxiliado pelo 
sistema vestibular; segurança e insegurança gravitacional. O equilíbrio reúne um 
conjunto de aptidões estáticas (semmovimento) e dinâmicas (com movimento), 
abrangendo o controle postural e o desenvolvimento das aquisições de locomoção. 
O equilíbrio estático caracteriza-se pelo tipo de equilíbrio alcançado em determinada 
posição, ou de apresentar a capacidade de manter certa postura sobre uma base. O 
equilíbrio dinâmico é aquele adquirido com o corpo em movimento, determinando 
sucessivas alterações da base de sustentação. 
 
 
Lateralização: integração da linha média do corpo, assimetria funcional e 
especialização hemisférica, segunda unidade luriana. A lateralidade traduz-se pelo 
estabelecimento da dominância lateral da mão, olho e pé, do mesmo lado do corpo. 
 A lateralidade corporal se refere ao espaço interno do indivíduo, capacitando-o a 
 
 
 
 
 
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utilizar um lado do corpo com maior desembaraço. O que geralmente acontece é a 
confusão da lateralidade com a noção de direita e esquerda, esta está envolvida 
com o esquema corporal. A criança pode ter a lateralidade adquirida (chamada de 
dominância hemisférica), mas não saber qual é o seu lado direito e esquerdo, ou 
vice-versa. No entanto, todos os fatores estão intimamente ligados, e quando a 
lateralidade não está bem definida, é comum ocorrerem problemas na orientação 
espacial, dificuldade na discriminação e na diferenciação entre os lados do corpo e 
incapacidade de seguir a direção gráfica. A lateralidade manual surge no fim do 
primeiro ano de vida, mas só se estabelece fisicamente por volta dos 4-5 anos. 
 
 FONTE: Arquivo pedagógico (PINTO, 2002) 
Noção de corpo (somatognosia): esquema corporal e imagem de corpo, 
intimamente relacionado ao lobo parietal (percepção sensitivo-motora). A formação 
do "eu", isto é, da personalidade, compreende o desenvolvimento da noção ou 
esquema corporal, através do qual a criança toma consciência de seu corpo e das 
possibilidades de expressar-se por seu intermédio. 
 Ajuriaguerra (1980) relata que a evolução da criança é sinônima de 
conscientização e conhecimento cada vez mais profundo do seu corpo, e através 
dele que esta elabora todas as experiências vitais e organiza toda a sua 
personalidade. A noção do corpo, em psicomotricidade, não avalia a sua forma ou a 
sua realização motora, procura outra linha da análise que se centra mais no estudo 
da sua representação psicológica e lingüística e nas suas relações inseparáveis com 
o potencial de alfabetização. Este fator resume dialeticamente a totalidade do 
potencial de aprendizagem, não só por envolver um processo perceptivo 
 
 
 
 
 
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respectivos autores 
 
polissensorial complexo, como também por integrar e reter a síntese das atitudes 
afetivas vividas e experimentadas. 
 
 FOTO: arquivo pedagógico (PINTO, 2002) 
Estruturação Espaço-Temporal: integração simultânea e seqüencial das 
percepções occipitais (visuais), temporais (compreensão visual e audição) 
construindo a estruturação do tempo e espaço em relação ao corpo. A estruturação 
espaço-temporal decorre como organização funcional da lateralidade e da noção 
corporal, uma vez que é necessário desenvolver a conscientização espacial interna 
do corpo antes de projetar o referencial somatognósico no espaço exterior (Fonseca, 
2004). 
 
 FONTE: arquivo pedagógico (PINTO, 2002) 
Este fator emerge da motricidade, da relação com os objetivos localizados 
no espaço, da posição relativa que ocupa o corpo, enfim das múltiplas relações 
integradas da tonicidade, do equilíbrio, da lateralidade e do esquema corporal. A 
 
 
 
 
 
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estruturação espacial leva a tomada de consciência pela criança, da situação de seu 
próprio corpo em um determinado meio ambiente, permitindo-lhe conscientizar-se do 
lugar e da orientação no espaço que pode ter em relação aos outros e aos objetos. 
Praxia Global (coordenação motora ampla): função do lobo frontal e pré-
frontal (córtex motor e pré-motor), terceira unidade luriana que comanda a 
organização, planificação e regulação da ação motora e mental. Praxia tem por 
definição a capacidade de realizar a movimentação voluntária pré-estabelecida com 
forma de alcançar um objetivo. A praxia global está relacionada com a realização e a 
automação dos movimentos globais complexos, que se desenrolam num 
determinado tempo e que exigem a atividade conjunta de vários grupos musculares. 
 
 FONTE: www.abrinquedoteca.com.br 
Praxia fina (coordenação motora fina): micromotricidade, a mão faz a 
inteligência e a inteligência faz a mão, terceira unidade de Luria. A praxia fina 
compreende todas as tarefas motoras finas, onde associa a função de coordenação 
dos movimentos dos olhos durante a fixação da atenção, e durante a fixação da 
atenção e manipulação de objetos que exigem controle visual, além de abranger as 
funções de programação, regulação e verificação das atividades preensivas e 
manipulativas, mais finas e complexas. Crianças que têm transtornos na 
coordenação dinâmica manual geralmente têm problemas visomotores, 
apresentando inúmeras dificuldades de desenhar, recortar, escrever, ou seja, em 
todos os movimentos que exijam precisão na coordenação olho/mão. 
 
 
 
 
 
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 FONTE: arquivo pedagógico (PINTO, 2002) 
 
4 PSICOMOTRICIDADE RELACIONAL 
A psicomotricidade relacional é uma abordagem psicopedagógica, que se dá 
pela via corporal, englobando uma série de estratégias de intervenções e de ações 
pedagógicas que servem como meio de ajuda à evolução dos processos de 
desenvolvimento e de aprendizagem da criança. Ela compreende que o 
desenvolvimento humano é decorrente da inter-relação entre fatores internos, que 
correspondem aos processos biológicos, e fatores externos que dizem respeito ao 
processo de aprendizagem que se origina nos aspectos histórico-culturais 
(NEGRINE, 2002) 5. Este mesmo autor explica que a psicomotricidade relacional 
utiliza-se da ação do brincar como elemento motivador, para provocar a 
exteriorização corporal da criança, pois entende que a ação de brincar impulsiona 
processos de desenvolvimento e de aprendizagem. Essas estratégias de 
intervenções pedagógicas criam, também, condições favoráveis para a construção 
de um vocabulário psicomotor amplo e diversificado e servem como meio de 
melhora das relações da criança com o adulto, com os iguais, com os objetos e 
consigo mesma. 
 
5Prof. Dr. Aírton Negrine da Silva, gaúcho, professor de diversas Universidades no Rio Grande do Sul e escritor 
de mais de uma dezena de livros sobre o tema psicomotricidade, é o maior responsável pela introdução da 
Psicomotricidade Relacional no Brasil. 
 
 
 
 
 
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A utilização de métodos não-diretivospermite que a criança manifeste todo 
seu interesse, atitudes e valores que retratam as emoções e os sentimentos de cada 
momento vivido. Estes métodos também permitem que o psicomotricista faça 
interpretações significativas das ações que a criança experimenta quando se 
exterioriza, seja através da mímica, dos gestos ou das produções plásticas. Para 
isso é necessário que tenha uma atenção maior, pois deve observar e identificar as 
crianças que mais necessitam de seu auxílio (NEGRINE, 2002). 
A psicomotricidade relacional está alicerçada em três aspectos, que 
determinam suas finalidades. O primeiro diz respeito à experimentação corporal 
múltipla e variada, no qual o psicomotricista deve permitir facilitar e provocar a 
criança à experimentação de diversos movimentos com o próprio corpo, com objetos 
ou com disfarces. O segundo aspecto é o estímulo à vivência simbólica, isto é, 
permitir que a criança realize atividades representativas. Com a realização destas 
ações corporais (movimentos, gestos, mímicas) a criança constrói o conhecimento 
das coisas e do mundo, amplia seu vocabulário psicomotor, aciona mecanismos de 
pensamento representativo. Este, por sua vez, aciona a fala egocêntrica, 
exercitando a comunicação oral. O terceiro aspecto se refere à comunicação como 
elemento de intervenção pedagógica, de socialização e de exteriorização da criança. 
Isto quer dizer que a comunicação expressa de diferentes formas - verbal, plástica, 
pictórica - serve como instrumental que o psicomotricista utiliza para fazer a criança 
evoluir. 
No que diz respeito à relação adulto/criança, é fundamental que o 
psicomotricista ajude a criança a realizar tudo aquilo que ainda não é capaz de 
realizar sozinha; é necessário que ele exerça um papel de mediador, seja para 
provocar a sua exteriorização, seja para dar segurança, seja para determinar limites 
à criança. Na relação do psicomotricista relacional com a criança, o toque corporal é 
um forte aliado, pois com ele vínculos afetivos são estabelecidos, dando segurança 
e ajuda à criança. “O papel do psicomotricista relacional é sempre de ajuda, 
entretanto ele também interage, sugere, propõe, estimula e escuta a criança” 
(NEGRINE, 2002, p.124). Segundo o autor, a sessão de psicomotricidade relacional 
segue uma rotina que se divide em três momentos: 1º) ritual de entrada; 2º) 
 
 
 
 
 
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atividades livres de expressão, construção e comunicação e 3º) ritual de saída, pois 
todo o ato pedagógico deve ter início, meio e fim. 
 No ritual de entrada, o professor e as crianças sentam-se em círculo, se 
apresentam de forma que todos possam falar e ser escutados, estabelecendo as 
combinações (regras de convivência) referentes àquela sessão. Cabe ao 
psicomotricista neste momento provocar as crianças a realizarem diversas 
experimentações. 
 
 
A segunda parte da sessão é destinada à realização de atividades livres de 
expressão, construção e comunicação. No início se dá um estímulo às crianças e 
depois elas passam a brincar com o que quiserem. É importante que o 
psicomotricista permita a experimentação de diversas atividades e que exija o 
cumprimento das regras de convivência estabelecidas no ritual de entrada. 
 
 FONTE: arquivo pedagógico (PINTO, 2002) 
O ritual de saída é o momento em que o psicomotricista diz que o jogo 
acabou. Com isso as crianças devem interromper as brincadeiras e devem ajudar a 
 
 
 
 
 
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guardar o material que foi utilizado na sessão, pois isto havia sido combinado no 
ritual de entrada. Após terem guardado todos os materiais, se dá início ao 
encerramento da sessão. Todos devem sentar novamente em círculo e o 
psicomotricista deverá provocar a verbalização das crianças ao grande grupo, sobre 
aquilo que realizaram durante a sessão e sobre o que mais gostaram de fazer, 
sempre lembrando que todos terão a oportunidade de falar e ser escutados. 
É importante ressaltar que existem nuances dentro da psicomotricidade 
relacional, e que autores que tiveram a mesma formação inicial, no decorrer de seus 
estudos acabam seguindo linhas diferentes, como por exemplo: Aucouturier, 
Lapierre e Negrine. Aucouturier (1986) determina que, na sessão, o jogo de pulsão 
(jogo sensório-motor – classificação de Piaget) deve ser potencializado, e a prática 
da psicomotricidade tem sua função até os oito anos, por outro lado Lapierre 
entende que o jogo simbólico é que deve ser potencializado, e que a 
psicomotricidade deve se aplicar às crianças, aos adolescentes e também aos 
adultos (NEGRINE, 1995). 
Uma característica importante a respeito da psicomotricidade relacional de 
Aucouturier (1986), que é seguida por diversos psicomotricistas, é que a 
organização da sessão segue uma seqüência temporal, isto é, a criança deve seguir 
uma determinada ordem para executar os jogos: momento inicial ou ritual de 
entrada; jogos de segurança profunda, jogos de prazer sensório-motor; jogos 
simbólicos; narração de história, atividades de representação e momento final, ou 
ritual de saída. 
Outro aspecto importante a ressaltar, que é bem diferente do contexto 
escolar brasileiro, é que a sessão é realizada somente em ambientes fechados (sala 
de psicomotricidade) que possuem materiais fixos (escadas, barra de equilíbrio, 
tatames) e diversos materiais complementares (blocos de espuma, aros, bola grande 
bichos de pelúcia, cordas, fantasias). Os estudos iniciais de Negrine estiveram 
voltados à prática da psicomotricidade funcional. Sua formação na Escola de 
Expressão e Psicomotricidade da Prefeitura de Barcelona seguiam as orientações 
de Bernard Aucouturier, mas a linha pedagógica que ele segue no momento atual 
está configurada dentro de uma perspectiva relacional (NEGRINE, 2002). Um 
 
 
 
 
 
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aspecto importante a destacar é que a psicomotricidade relacional desenvolvida por 
Negrine se diferencia das demais práticas, devido a fatores que são bem 
referenciados por Falkenbach (2002, p. 76): 
a) o autor se diferencia da maioria dos psicomotricistas pela sua 
fundamentação teórica, que reconhece as diferentes vertentes da psicomotricidade e 
os seus principais autores, bem como as limitações e as vantagens das práticas que 
utilizam; 
b) oxigena o referencial teórico da psicomotricidade com elementos da 
antropologia, da psicopedagogia, que contribuem à tradicional visão psicanalista, 
que ainda é hegemônica e a enriquecem; 
c) inova com a utilização dos referencias teóricos de Vygotsky, teórico que 
contribui para uma mudança na compreensão psicopedagógica do desenvolvimento 
e aprendizagem infantil, bem como do significado dos jogos para a prática da 
psicomotricidade; 
d) estabelece um divisor de águas para a leitura do movimento que faz a 
criança. Explica que em um ambiente lúdico a criança faz uma trajetória denominada 
de trajetória lúdica e seu movimento flutua entre: ser um movimento técnico, o que 
significa fazer exercícios e brincar de faz-de-conta, isto é, jogar simbolicamente; 
e) desenvolve e estrutura a organização da prática psicomotriz educativa 
com grupos de crianças, adequadas para o ensino regular e os diversos contextos 
que promovem a movimentaçãoinfantil. 
Este eixo da psicomotricidade educativa é multifacetado, cabendo ao 
professor de Educação Física definir qual será sua proposta de trabalho, traçando 
objetivos e tendo como base concepções sobre o desenvolvimento e aprendizagem 
infantil. 
 
 
 
 
 
 
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5 EDUCAÇÃO PSICOMOTORA 
É possível, através de uma ação educativa, a partir dos movimentos 
espontâneos da criança e das atitudes corporais, favorecer a gênese da imagem do 
corpo, núcleo central da personalidade. A educação psicomotora concerne uma 
formação de base indispensável a toda criança que seja normal ou com problemas. 
Responde a uma dupla finalidade: assegurar o desenvolvimento funcional, tendo em 
conta possibilidades da criança e ajudar sua afetividade a expandir-se e a equilibrar-
se através do intercâmbio com o ambiente humano. Na educação infantil e no 
ensino fundamental a Psicocinética toma a forma de uma verdadeira educação 
psicomotora, fundada sobre o conhecimento das leis do desenvolvimento, 
qualificando a ação educativa global e integradora. 
A Psicocinética, como método pedagógico, constitui um meio educativo 
fundamental às primeiras etapas de desenvolvimento do ser humano, aos olhos de 
seu criador (Jean Le Boulch), bem como uma forma de desenvolvimento da tomada 
de consciência sobre seu próprio corpo e os ajustamentos posturais necessários 
durante a aprendizagem nas demais fases evolutivas do ser humano. Na faixa etária 
que corresponde do zero aos doze anos de idade da criança, a educação 
psicocinética compreende-se como uma legítima educação psicomotora. 
Toda ação educativa pressupõe tomada de posições quanto à sua 
finalidade, assim este método tem por objetivo favorecer o desenvolvimento integral 
do ser e formar um indivíduo capaz de situar-se e atuar em um mundo em constante 
transformação, por meio de (Foto C): 
 
 Melhor conhecimento e compreensão de si mesmo; 
 Melhor ajuste de sua conduta; 
 Verdadeira autonomia e acesso às responsabilidades ao longo da vida 
social (LE BOULCH, 1983). 
 
 
 
 
 
 
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 FOTO C 
 
Com a finalidade de vencer as dificuldades de aceitação da Educação Física 
na base da escolaridade infantil francesa, Le Boulch implantou o movimento humano 
no aprendizado das aquisições instrumentais e atividades de expressão, querendo 
assim provar a relevância da atividade corporal para o suprimento de qualquer 
dificuldade que exista na aprendizagem da leitura, escrita e das ciências 
operacionais. 
Ao longo de seus estudos, percebeu três grandes causas para os problemas 
na aquisição da leitura e escrita: os déficits da função simbólica, os atrasos e os 
defeitos de linguagem e os problemas essencialmente psicomotores. Todos esses 
problemas resultavam de debilidades na criança provenientes de “queima de 
estágios” ou desvios de etapas do desenvolvimento psicomotor, quando não havia 
no diagnóstico alguma disfunção neurológica comprometedora das funções ditas 
“normais” ou padrão para um indivíduo saudável. 
Dentro da questão das aquisições instrumentais, encontramos a escrita 
como um tipo de linguagem, sendo essencialmente um modo de expressão e 
comunicação por signos ou códigos gráficos e a leitura, que é a verbalização desses 
símbolos gráficos. Portanto, conforme Le Boulch (1983), fundamentalmente existem 
dois sistemas simbólicos concordes: um gráfico e outro sonoro. Os dois necessitam 
da dimensão afetiva e da função simbólica corporal, associado à atuação das 
funções psicomotoras. Através dessas funções, a compreensão dos signos e a 
decodificação gráfica adquirem significado. 
 
 
 
 
 
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 FONTE: arquivo pedagógico (PINTO, 2002) 
Cabe ao professor conhecer as etapas do desenvolvimento psicomotor da 
criança, características das faixas etárias, necessidades e interesses, para melhor 
planejar a ação docente. Por isso, é de fundamental importância o professor 
desenvolver atividades sabendo a que servem, e não aleatoriamente, arrolando-as 
como necessárias ao domínio do esquema corporal, como se esta expressão 
significasse apenas uma coisa. O desenvolvimento psicomotor, tanto de crianças 
normais quanto de crianças portadoras de distúrbios, requer o auxilio constante do 
professor, através da estimulação em sala de aula e do encaminhamento, quando se 
fizer necessário. O professor pode ajudar e muito, saudável em todos os níveis, na 
estimulação do desenvolvimento cognitivo e para o desenvolvimento de aptidões e 
habilidades, na formação de atitudes através de uma relação afetiva e estável (que 
crie uma atmosfera de segurança e bem-estar para a criança) e, sobretudo, 
respeitando e aceitando a criança do jeito que ela é. 
A educação psicomotora na idade escolar deve ser antes de tudo, uma 
experiência ativa de confrontação com o meio. A ajuda educativa proveniente dos 
pais e do meio escolar tem a finalidade não de ensinar à criança comportamentos 
motores, mas sim de permitir-lhe exercer sua função de ajustamento, 
individualmente ou com outras crianças. 
Propriedades psicomotoras desenvolvidas nas sessões de Psicomotricidade 
Educativa ou Psicocinética: 
 
 
 
 
 
 
 
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ESPAÇO TEMPORAL 
 
 Até os dois anos e meio, o espaço da criança é um espaço vivido, dentro 
do qual ela se ajusta desenvolvendo seus movimentos coordenados em função de 
um objetivo a ser atingido. Entre os três e os seis anos, a criança chega à 
representação dos elementos do espaço, descobrindo formas e dimensões. No final 
do período pré-escolar, a evolução da relação corpo-espaço resulta numa 
organização egocêntrica do universo. A criança descobriu sua dominância, 
verbalizou-a e chega assim a um corpo orientado, que lhe servirá de padrão para 
situar os objetos colocados no espaço circundante. A orientação dos objetos faz-se, 
então, em função da posição atual do corpo da criança. Esta estabilização possibilita 
a interiorização, que é um trampolim indispensável, sem o qual a estruturação do 
espaço não pode efetuar-se. Atividades de orientação espaço temporal: andar 
devagar até o fim da sala; andar depressa, voltando ao ponto de partida; andar 
devagar e depois correr uma mesma distância demarcada na quadra. 
Fazer os alunos perceberem o tempo despendido numa e na outra forma; 
bater bola e pular corda. Correr, subir em coisas, bater palmas, com ritmo, dentro de 
um espaço de tempo, em situações diversas em contato com o meio, com os outros, 
com os objetos, consigo mesmo. 
 
PERCEPÇÃO CORPORAL 
 
Consciência do próprio corpo, de suas partes, com movimentos corporais, 
das posturas e das atitudes. Habilidade de evocar e localizar as partes do corpo. 
Exemplo: localizar o ombro do coleguinha. Não é simplesmente uma percepção, 
uma representação mental do nosso corpo, mas uma integração de vários gestalts6, 
todos em contínua modificação. Forma o esquema corporal, além da noção do 
próprio corpo, a integração das noções de relação com o exterior em suas duas

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