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Desenvolvimento Humano 02

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Programa de Educação 
Continuada a Distância 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso de 
PSICOMOTRICIDADE E 
DESENVOLVIMENTO HUMANO
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
 
 
 
EAD - Educação a Distância 
 Parceria entre Portal Educação e Sites Associados 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
79 
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Curso de 
PSICOMOTRICIDADE E 
DESENVOLVIMENTO HUMANO
 
 
 
 
MÓDULO II 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para 
este Programa de Educação Continuada, é proibida qualquer forma de comercialização do 
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores 
descritos na bibliografia consultada.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
80 
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MÓDULO II 
 
SUMÁRIO 
 
 Pg.
II. Introdução ao Desenvolvimento Humano 4
7 Etapas do Desenvolvimento Humano 6
7.1 Perspectivas Teóricas do Desenvolvimento Humano: 
psicanalítica, aprendizagem, cognitiva, etiológica, contextual 
7
7.2 Concepção e Influência da Hereditariedade e do Ambiente no 
Desenvolvimento Humano 
8
8 Desenvolvimento Físico Inicial e da Primeira Infância 14
8.1 Nascimento e Desenvolvimento Inicial 15
8.2 Desenvolvimento Motor 20
8.3 Testes de Avaliação do Desenvolvimento 30
9 Desenvolvimento Cognitivo Inicial e da Primeira Infância 31
9.1 Teoria Behaviorista: aprendizagem do bebê 32
9.2 Teoria Piagetiana: Etapas cognitivas 33
9.3 Abordagem Psicométrica: Testagem da inteligência 35
9.4 Abordagem Filosófica: percepção e simbolismo 37
10 Desenvolvimento da Linguagem nos Primeiros Anos de Vida 39
10.1 Linguagem Falada 42
10.2 Linguagem Não-verbal 44
10.3 Linguagem Escrita, alfabetização e Leitura 46
11 Desenvolvimento Psicossocial nos Primeiros Anos de Vida 48
11.1 Introdução 48
11.2 Neuropsicologia das Emoções 49
11.3 Independência e Interdependência nas Relações Humanas 51
12 O Brincar na Construção do Desenvolvimento da Criança 53
REFERÊNCIAS 56
GLOSSÁRIO 59
 
 
 
 
 
 
81 
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 II INTRODUÇÃO AO DESENVOLVIMENTO HUMANO 
Quando se inicia a vida humana? Na concepção, pois ao zero dia de vida, a 
célula-ovo constrói a placa neural, uma camada externa à célula que protege o meio 
interno e que formará o sistema nervoso central, ou seja, nas primeiras 24 horas de vida, 
o ser que já é humano percebe as reações do meio e começa a memorizar toda a sua 
evolução. 
 Por que somos uma espécie tão frágil? Uma vez que sem os cuidados 
necessários de uma mãe ou sua substituta não sobrevivemos à fome, sede e falta de 
calor, afeto e apego? O ser humano é incrivelmente dependente de seus iguais; enquanto 
outras espécies animais sentem falta de seus progenitores, contudo, possuem 
capacidades naturais que lhes possibilitam sobreviver sozinho no ambiente aberto, 
buscando seu próprio alimento e abrigo contra predadores naturais; no qual o homem-
bebê morreria ao relento, com fome, frio e abandono. 
Lembrando a história do Tarzan (personagem criado por Edgar Rice Burroughs), 
que necessitou do acolhimento de um gorila fêmea para sua sobrevivência, não somente 
para suprir suas necessidades físicas e fisiológicas, mas também para lhe dar conforto 
afetivo, percebemos que o conteúdo narrado na vida do Tarzan não é tão absurdo. René 
Spitz, um grande cientista da psicanálise, contemporâneo de Piaget, que contribuiu para a 
compreensão dos fenômenos da vida humana, organizando suas teorias psicanalíticas 
com base na observação de bebês abandonados nos hospitais europeus após a segunda 
guerra mundial. Este cientista descobriu que os recém-nascidos que não recebiam o calor 
humano acabavam morrendo, apesar de alimentados, pois precisavam do amor de sua 
mãe ou substituta. Spitz foi o primeiro a criar a técnica da mamãe-canguru, amarrando o 
bebê ao corpo de uma voluntária para que este se sentisse aconchegado, acolhido. 
Porque somos semelhantes, mas tão diferentes uns dos outros? Nossas histórias 
se confundem e se misturam, nossos momentos perpassam a própria subjetividade, 
construindo uma identidade com base em muitas outras identidades que admiramos ou 
odiamos e nessa teia de laços parentais ou não, nos fazemos diferentes sendo tão 
semelhantes a tantos que conhecemos. Essas perguntas foram escolhidas entre muitas 
outras indagações que fazemos desde crianças para introduzir este capítulo sobre o 
desenvolvimento humano. 
 
 
 
 
 
82 
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O estudo do desenvolvimento humano é fascinante, uma vez que é baseado em 
vidas reais. Toda pesquisa construída ao longo de séculos sobre a evolução e 
desenvolvimento da pessoa contou com a presença de outros seres humanos que 
possibilitaram à ciência a compreensão de tantas situações fenomenológicas pelas quais 
passamos ou iremos vivenciar. Contudo trata-se de um estudo complexo, pois o ser 
humano está sujeito a muitas influências: do ambiente, de outras pessoas, da cultura, dos 
objetos, das situações inevitáveis e inesperadas pelas quais nos submetemos ao longo da 
vida. 
O campo do desenvolvimento humano focaliza o estudo científico de como as 
pessoas sofrem transformações físicas, psicológicas, sociológicas, entre outras e como 
igualmente permanecem iguais desde a concepção até a morte, nos lembra Papalia e 
Olds (2000). As mudanças são mais rápidas e contínuas durante a infância, porém 
acontecem ao longo de toda a vida. Os estudiosos desenvolvimentistas concentram suas 
pesquisas nas mudanças de desenvolvimento: a sistemática, enquanto coerente e 
organizada; a adaptativa, pelo objetivo de lidar com as condições internas e externas das 
constantes transformações ao longo da existência. Podem ser ainda quantitativas, como 
os fatores que determinam mudança de peso ou altura do indivíduo; qualitativas, em 
relação à mudança de estrutura ou tipo de desenvolvimento, marcando o aparecimento de 
novos fenômenos que não poderiam ser estudados quantitativamente. 
Veremos a seguir o desenvolvimento dos principais aspectos do ciclo da vida 
humana em sua concepção e fecundação, primeiros anos de vida, primeira infância, 
segunda infância, terceira infância, adolescência, adultez jovem, velhice. 
Uma das complexidades encontradas no estudo do desenvolvimento humano se 
encontra nas mudanças que nos ocorrem em diferentes aspectos do EU. Por esse motivo 
discutiremos separadamente sobre o desenvolvimento físico, cognitivo e psicossocial em 
cada período da vida, no entanto estes aspectos estão entrelaçados e serão analisados 
um por um para melhor entendimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
83 
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 7. Etapas do Desenvolvimento Humano 
Cada período da vida é influenciado pelo que ocorreu anteriormente e irá afetar o 
que virá depois. Este conceito é conhecido como desenvolvimento do ciclo da vida, tarefa 
científica da psicologia do desenvolvimento do ciclo da vida humana. 
Todas as etapas da vida humana sofrem influênciasambientais de cinco níveis 
diferentes, segundo Bronfenbrenner (1996), em sua teoria de abordagem ecológica: 
 O microssistema – ambiente cotidiano de casa, escola, de trabalho ou bairro, 
incluindo relacionamentos diretos com pais, irmãos, avós, babás, colegas e professores. 
As influências aqui são bidirecionais, uma vez que as atitudes na relação vão afetar 
ambos os participantes da relação; 
 O mesossistema – entrecruzamento de vários microssistemas que envolvem 
a pessoa em desenvolvimento. Quando pais e professores trabalham em colaboração no 
planejamento educacional, existindo, assim um vínculo entre lar e escola, ou lar e 
trabalho; 
 O exossistema – explica os vínculos entre dois ou mais sistemas, sendo que 
pelo menos um deles não envolve a pessoa em desenvolvimento, mas a afeta 
indiretamente. Ambientes como trabalho dos pais, redes sociais e comunidades podem 
influenciar indiretamente os filhos. Ex: um pai frustrado no trabalho pode maltratar os 
filhos; 
 O macrossistema – envolve padrões culturais abrangentes como as 
crenças, ideologias, sistemas políticos e econômicos. Influências religiosas, da sociedade 
capitalista ou socialista, etc. 
 O cronossistema – refere-se à dimensão de tempo, influência de mudanças 
normativas ou não-normativas. Inclue-se aqui mudanças de estrutura familiar, residência 
ou emprego, mudanças culturais amplas, como guerras e ciclos econômicos. 
Cada pessoa se desenvolve dentro de um conjunto específico de condições e 
circunstância definida pelo tempo e lugar, influenciadas diretamente por eles, ou seja, 
pelo contexto histórico e social, pois não apenas respondem a seu ambiente, como 
também interagem e modificam o meio. 
 
 
 
 
 
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7.1 Perspectivas Teóricas do Desenvolvimento Humano: psicanalítica, 
aprendizagem, cognitiva, etiológica, contextual. 
Uma teoria é um conjunto coerente de conceitos inter-relacionados em que 
procura organizar e explicar fatos ou dados obtidos mediante pesquisa. As teorias 
pretendem explicar, interpretar e prever o comportamento ou fenômeno, orientando a 
investigação futura. Muitas teorias influentes do desenvolvimento humano provêm de 
cinco perspectivas teóricas, segundo Papalia e Olds (2000): psicanalítica, da 
aprendizagem, cognitiva, etológica e contextual. 
Na psicanalítica, as teorias concentram-se nas forças subjacentes que motivam o 
comportamento, no qual Freud descreve uma série de estágios psicosexuais, baseado na 
maturação, nos quais a gratificação muda de uma zona corporal para outra. Já Erikson 
propôs oito estágios de desenvolvimento psicossocial, cada um envolvendo a resolução 
de uma crise. Jean Miller e sua teoria relacional afirmam que o desenvolvimento da 
personalidade ocorre por intermédio de vínculos emocionais. 
A perspectiva da aprendizagem observa o desenvolvimento humano em sua 
base, com resposta a eventos externos. Focaliza os comportamentos observáveis e 
mudanças quantitativas, no qual os behavioristas como Watson e Skinner demonstraram 
que o comportamento pode ser alterado pelo condicionamento clássico ou operante. Mas 
a teoria da aprendizagem social como a de Bandura, reconhece a importância da 
cognição, na qual sustenta que a resposta cognitiva das crianças a suas percepções é 
fundamental para seu desenvolvimento, mais do que uma resposta reflexa ao reforço ou 
castigo. 
A perspectiva cognitivista reforça e enfatiza as mudanças qualitativas, observando 
o indivíduo como contribuinte ativo no seu próprio desenvolvimento. A teoria dos quatro 
estágios cognitivos de Piaget descreve um período sensório-motor, um pré-operacional, 
um de operações concretas e o último de operações formais. A abordagem de 
processamento de informações analisa os processos que subjazem ao comportamento 
inteligente, concentrando-se na percepção, atenção, memória e resolução de problemas. 
Estes para Vygotski em sua teoria sociocultural são os processos psicológicos superiores. 
A perspectiva etológica de zoólogos como Lorenz, Bowlby e Ainsworth na década 
de 30, aborda e focaliza-se nas bases biológicas e evolutivas do comportamento humano, 
 
 
 
 
 
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em particular e principalmente a períodos críticos de desenvolvimento do apego. Os 
etologistas defendem a observação naturalista, acreditando que para cada espécie, uma 
variedade de comportamentos inatos e específicos se desenvolve para aumentar as 
chances de sobrevivência. 
Para a perspectiva contextual, o indivíduo se desenvolve somente no contexto 
social. O ser humano interage com o meio e é parte inseparável do mesmo, pois atua e 
modifica o ambiente enquanto se transforma a partir dessa interação. Esta ênfase no 
contexto do desenvolvimento, repercute na abordagem ecológica de Bronfenbrenner. 
Vygotski igualmente se insere neste pensamento, com sua teoria sociocultural, focalizam 
as atividades mentais superiores e promove importantes implicações para a educação e 
testes cognitivos. Seu conceito mais conhecido é o da zona de desenvolvimento proximal 
(ZDP), no qual uma criança pode mostrar-se quase pronta para compreender e interpretar 
uma dada tarefa, mas ainda não totalmente, mas que com instrumentos adequados ela 
poderá chegar a realizar a tarefa com sucesso. Testes baseados em teorias de Vygotski 
trouxeram mudanças bem-vindas no padrão de testes de inteligência que avalia apenas o 
que a criança aprendeu e não sua potencialidade para a aprendizagem. 
7.2 Concepção e Influência da Hereditariedade e do Ambiente no 
Desenvolvimento Humano 
A complexidade da vida humana desperta em nós muita curiosidade e admiração. 
O início biológico de todo o ser humano se tem no momento em que um espermatozóide, 
uma dos milhões de células fecundativas do homem (pai), liga-se ao óvulo (célula-ovo), 
uma dos milhares de células fecundativas produzidas pela mulher (mãe). E é desde muito 
cedo que se constrói o alicerce da vida neuropsicológica de uma pessoa, desde a 
fecundação. 
 O desenvolvimento pré-natal acontece em três estágios: germinativo, embrionário 
e fetal. Após a fecundação, o ovo-zigoto se forma com três camadas: a interna 
(endoderma), que dará origem aos órgãos do sistema digestivo, glândulas salivares e 
aparelho respiratório; a do meio (mesoderma) dará origem aos músculos, esqueleto, 
sistema excretor e circulatório. E a camada externa, denominada exoderma ou 
ectoderma, camada que formará a pele e o sistema nervoso dessa nova vida (figura 8). 
 
 
 
 
 
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Inicia-se, neste momento, o estágio germinativo do desenvolvimento pré-natal, este 
acontece da fecundação até aproximadamente duas semanas de gestação. 
FIGURA 8 FIGURA 9 
 
A partir da fecundação, no zero dia de vida intra-uterina, a placa neural já está 
formada externamente ao ovo-zigoto, em 48 horas depois o ovo se divide em duas células 
e entra na fase de mórula (figura 9). Após oito dias a mórula se torna complexa a cada 
dia, e aos dez dias aproximadamente é formado o embrião de fato. Esse embrião é 
denominado por blastocisto e se fixa na parede do útero (figura 10). Durante essa fase, 
outras partesdo blastocisto dão origem aos órgãos de nutrição e proteção: a placenta, o 
cordão umbilical e o saco amniótico. 
 FIGURA 10 FIGURA 11 
 
 
 Pelo 8º dia de gestação, forma-se um sulco neural, no 12º dia já existe uma 
goteira neural e, após o 18º dia, o sistema nervoso primitivo encaminha-se para o centro 
da célula-ovo e passa a ser protegido – formando o tubo neural dará origem à medula 
espinhal e ao encéfalo. Nesta etapa, já se iniciou o estágio embrionário da vida intra-
uterina, a partir dos 15 dias de gestação até aproximadamente 18 semanas da gravidez. 
Este se caracteriza por período crítico da gravidez, no qual o embrião está muito 
vulnerável às influências do ambiente pré-natal; quase todas as anomalias de 
 
 
 
 
 
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desenvolvimento (fenda palatina, membros incompletos, cegueira e surdez) ocorrem 
neste período do primeiro trimestre gestacional, após este período os defeitos têm maior 
probabilidade de serem menos graves. 
No 19º dia se forma a crista neural, precursor do sistema nervoso periférico, 
comunicando-se com o meio externo; no 20º dia de vida intra-uterina o bulbo cardíaco 
começa a bater no embrião (figura 11) e, no 40º dia de gestação o sistema vascular 
chega ao cérebro e se expande pelo feto de 12 mm. A evolução do feto é contínua e aos 
45 dias observa a cabeça e os olhos, o abdômen com o fígado (área escura). Estamos 
então, falando do estágio fetal (entre 8-12 semanas até o nascimento), etapa final da 
gestação. Tem início à transformação de embrião para feto (figura 12) e aos seis meses o 
feto está completo, com suas estruturas bem definidas (figura 13). Durante este período, o 
feto cresce rapidamente até cerca de 20 vezes seu comprimento anterior e seus órgãos 
tornam-se mais complexos. Até o nascimento, desenvolvem-se os detalhes externos de 
nosso corpo como unhas de pés e mãos, pálpebras dos olhos, cílios e cabelos. 
Os fetos movimentam-se, chupam o dedo, flexionam o corpo, ouvem os sons 
uterinos, abrem os olhos, sonham, reagem ao meio externo em todo o seu contexto, 
interagindo o tempo todo com sua mãe e reagindo às sensações, mostrando que podem 
ouvir e sentir. O cérebro continua se desenvolvendo, aumentando cada vez mais suas 
capacidades de aprendizagem e memória; suas atividades variam em quantidade e 
espécie, e a freqüência cardíaca em regularidade e ritmo, padrões que persistem até a 
idade adulta, o que sustenta a tese de que o temperamento é inato. 
Os fetos masculinos são mais lentos em seu desenvolvimento que os femininos, 
desde o início de sua vida intra-uterina até a fase adulta de sua vida extra-uterina. 
Ao nascer, após 30 e poucas semanas de gestação (266 dias), o recém-nascido é 
vermelho devido a um tipo de hemoglobina (Hb) conhecida por Hb Fetal. Essa Hb será 
substituída em dois meses pela hemoglobina definitiva, a Hb A (figura 14). 
 
 
 
 FIGURA 12 FIGURA 13 
 
 
 
 
 
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 FIGURA 14 
 
FONTE: Arquivo pedagógico (PINTO,2002) 
A hereditariedade, sozinha, não define o ser humano, evidentemente existem os 
fatores ambientais também são importantes. Nascemos com pré-disposições genéticas, 
devido aos fatores de hereditariedade, contudo, normalmente, apenas com o fator 
genético marcado no DNA (substância química que forma os genes). As doenças se 
manifestam, (repito) normalmente, a partir da relação do indivíduo com o meio, com as 
pessoas, devido à forma de conduta e hábitos diários de alimentação, higiene e 
higienização dos objetos, alimentos, vícios, entre outros fatores ambientais e de 
relacionamento social prejudiciais à saúde do indivíduo. Porque referimos aqui a palavra 
normalmente? Por que existem inúmeras doenças, disfunções e distúrbios congênitos, ou 
seja, que o bebê nasce com a enfermidade devido aos maus hábitos ou como 
conseqüência de patologias que a mãe ou o pai é portador. Outra causa de patologias 
congênitas é a falta de informação dos pais a cerca de fatos e elementos que podem ser 
responsáveis por má formação fetal como: a mãe ingerir medicamentos sem o 
acompanhamento médico, se expor a raios-X, possuir carência de nutrientes e vitaminas 
essenciais para a formação do feto, ingerir álcool, muita cafeína, drogas e nicotina; 
 
 
 
 
 
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contrair doenças como a rubéola durante a gravidez, contrair AIDS, possuir 
incompatibilidade sanguínea entre a mãe e o bebê, causando doenças cardíacas, anemia, 
retardamento mental, até mesmo o aborto espontâneo, por conseqüência, a morte do 
feto. Existem ainda riscos para a mãe diabética, com tuberculose, sífilis, gonorréia e 
herpes genital, causando problemas no desenvolvimento fetal, podendo sofrer cegueira, 
entre outras anomalias, até mesmo a morte. 
 Os defeitos e disfunções congênitas são causados por anomalias cromossômicas 
resultantes de transmissão genética dominante, recessiva ou vinculada ao sexo. Os 
cromossomos contêm os genes que determinam as características herdadas, dessa 
forma, na concepção, cada indivíduo normal recebe 23 cromossomas da mãe e 23 do pai, 
estes se alinham em 23 pares cromossômicos – 22 pares de autossomos e um par de 
cromossomos sexuais. Nascerá então uma menina, se esta criança receber um 
cromossoma X da mãe e outro X do pai; no caso do menino, receberá um cromossoma X 
da mãe e um cromossomo Y do pai, pois o homem determina o sexo do bebê, uma vez 
que possui milhões de espermatozóides que carregam cromossomas X ou Y. Essas 
informações determinam que a maioria das características humanas normais seja 
transmitida por herança poligênicas ou multifatoriais, ou seja, pela interação de vários 
genes. 
Existem algumas anomalias cromossômicas herdadas e outras resultantes de 
acidentes ocasionados durante o desenvolvimento pré-natal, que não possuem 
probabilidades de novas ocorrências na mesma família. A síndrome de Klinefelter, 
causada por um cromossomo sexual extra (XXY), ocorre no sexo masculino, causando 
esterilidade, testículos pequenos, caracteres sexuais secundários subdesenvolvidos e 
distúrbios de aprendizagem, determinando ao indivíduo um tratamento hormonal e no que 
diz respeito à aprendizagem, terá uma educação especial. A síndrome de Down, 
chamada também de trissomia 21 (figura 15), é mais conhecida e com maior incidência no 
sexo feminino; responsável por retardamento mental que pode ter nível moderado a 
severo. Entre as características da trissomia 21 estão: a cabeça pequena, nariz achatado, 
língua protuberante, retardamento motor, coração, sistema digestivo, olhos e ouvidos 
defeituosos. Atualmente, crianças com síndrome de Down têm alcançado uma ótima 
qualidade de vida quando possuem um atendimento adequado, educação especial, 
 
 
 
 
 
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levando-os a uma média de vida em torno dos 60 anos de idade, podendo ter 
independência profissional, dentro de uma atividade estruturada.FIGURA 15 (SÍNDROME DE DOWN) 
 FONTE: Arquivo Jornal Zero Hora 
 
Entre outras síndromes ainda encontramos a do X frágil, causando retardamento 
mental de leve a moderado (retardo mental mais comum na forma herdada), sendo mais 
severo no sexo masculino, incluindo também atraso no desenvolvimento motor e na 
linguagem, problemas de fala e hiperatividade. O indivíduo portador dessa síndrome 
possui macrocefalia (cabeça desproporcional ao corpo) e baixo tônus muscular 
necessitando de terapias educacionais e comportamentais específicas. 
Dentro dos padrões de normalidade do desenvolvimento humano, o nascimento 
de um único bebê em cada gestação é o mais comum, entretanto os nascimentos de 
gêmeos ou concepção múltipla vêm se tornando rotina comum nos hospitais. Os gêmeos 
fraternos, bivitelinos ou dizigóticos são bebês diferentes inclusive no sexo, por que foram 
fecundados dois óvulos da mãe liberados para fecundação com pouco tempo de diferença 
(figura 16). Mas se um único óvulo fertilizado divide-se em dois, dará origem a gêmeos 
idênticos, univitelinos ou monozigóticos (figura 17). Os trigêmeos quadrigêmeos e outros 
nascimentos múltiplos podem ser resultantes de um desses processos ou da combinação 
de ambos. 
 
 
 
 FIGURA 16 FIGURA 17 
 
 
 
 
 
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 GÊMEOS UNIVITELINOS GÊMEOS FRATERNOS OU BIVITELINOS 
 FONTE: Arquivo pedagógico (PINTO, 2002) FONTE: Jornal Estadão 
Vimos até este momento que a hereditariedade e a influência do ambiente sobre 
a pessoa acarretam sobre ela transformações, repercutindo sobre seu desenvolvimento 
intra-uterino e extra-uterino, bem como poderá influenciar na formação de sua 
personalidade, no desenvolvimento de sua inteligência e comportamento social. 
Descreveremos então as fases do desenvolvimento humano conforme os aspectos físico, 
cognitivo e psicossocial. 
 8 Desenvolvimento Físico Inicial e da Primeira Infância 
A ontogênese do ser humano representa uma evolução altamente representativa 
da espécie que, filogeneticamente, levou mais de um milhão de anos para evoluir. Os 
primeiros anos de vida, até aproximadamente os três anos de idade, é comparável ao 
desenvolvimento motor do homem primitivo, cujos desenhos e pinturas rupestres 
encontrados nas cavernas pré-históricas demonstram grande semelhança com os 
desenhos de crianças da fase citada. 
O que iremos observar a seguir é que existe um padrão considerado normal nas 
fases do desenvolvimento humano a partir de padrões de anormalidade, assim como 
todas as tabelas e testes de desenvolvimento e desempenho no crescimento físico, 
fisiológico, cognitivo, psicológico e motor da criança, foram desenvolvidos mediante o 
estudo científico das disfunções, anomalias, deficiências de indivíduos considerados pela 
ciência como anormais. Coloco neste material, a critério de conhecimento, alguns testes e 
tabelas de referência-padrão do desenvolvimento infantil que, não necessariamente, 
 
 
 
 
 
92 
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devam ser considerados durante uma avaliação psicomotora, psicopedagógica e 
psicológica. 
 8.1 Nascimento e Desenvolvimento Inicial 
Depois de passar pelas fases complexas da vida intra-uterina, a nova vida 
humana precisa superar a fase talvez mais traumática de todo o desenvolvimento e 
formação da pessoa: o parto. O parto representa o rompimento e o término de uma fase 
totalmente protegida e quase solitária, para uma vida dependente, insegura e mais 
vulnerável aos fenômenos que podem ameaçar a sobrevivência do bebê (figura 18). 
FIGURA 18 ( PARTO) FIGURA 19 (PARTO NORMAL) 
 
 
 FIGURA 20 (PARTO CESARIANA) 
 
 FONTE: Arquivo pedagógico (PINTO,2002) 
 O parto significa o início do período que chamamos de nascimento. A mãe inicia 
o trabalho de parto geralmente 12 horas antes do mesmo para o primeiro filho, pois 
durante os partos posteriores, o tempo de trabalho tende a ser mais curto. Durante esta 
etapa as contrações uterinas que ocorrem aproximadamente de 8 a 10 minutos durante 
 
 
 
 
 
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30 segundos, fazendo com que a cérvix (colo do útero) se dilate. Próximo ao final do parto 
as contrações aumentam, podendo vir de dois em dois minutos e durar de 60 a 90 
segundos. 
No parto normal ou natural, a segunda etapa acontece quando a cabeça do bebê 
se desloca através do cérvix até o canal vaginal (figura 19) e termina quando o bebê já 
está totalmente fora do corpo da mãe. Na terceira etapa do parto, com duração de cinco a 
trinta minutos, a placenta e o restante do cordão umbilical são expelidos do corpo da mãe 
então, vem o momento de repouso da mãe enquanto é monitorada durante sua 
recuperação, constituindo a quarta e última etapa do parto normal. 
 No parto cesariana, a gestante é submetida a um procedimento cirúrgico para 
retirar o bebê do útero por meio de uma incisão no abdômen da mãe (figura 20). Segundo 
Papalia e Olds (2000), os partos cesarianos são comumente realizados quando o trabalho 
de parto não está evoluindo com rapidez, quando há sangramento vaginal ou a espera 
representará perigo para a criança, bem como quando o bebê está em posição invertida. 
Cerca de 4% dos partos cesariana resultam em complicações como hemorragias 
e infecções, conforme Papalia e Olds (2000), contudo existe um prejuízo que todos os 
bebês nascidos de cesariana se submetem: privar-se de uma experiência de parto 
natural, que poderia ajudá-lo na adaptação à vida fora do útero. Ou seja, o esforço do 
nascimento, aparentemente, estimula o corpo do recém-nascido a produzir grande 
quantidade de dois hormônios de estresse, a adrenalina e a noradrenalina. Estes 
hormônios facilitam a expulsão de líquidos excessivos nos pulmões do bebê permitindo a 
respiração, mobilizando fontes energéticas armazenadas para a nutrição celular, enviando 
sangue para o coração e o cérebro. Estas atividades são importantes para a 
sobrevivência nas primeiras horas de vida. 
Após o nascimento, o recém-nascido é submetido a uma bateria de exames que 
medem comportamentos reflexos, também chamados de reflexos primitivos do neonato. 
As primeiras semanas de desenvolvimento do bebê são cruciais para o seu bem estar 
futuro, por isso é necessário saber desde os primeiros momentos de nascimento se está 
tudo bem com a nova vida que acaba de surgir no mundo. O recém-nascido é submetido 
a uma avaliação médica executada por um pediatra neonatal, em alguns casos, por um 
neurologista pediatra, que no primeiro minuto de vida extra-uterina aplica a escala de 
 
 
 
 
 
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Apgar. Este exame, criado pela Dra. Virgínia Apgar (1953 apud PAPALIA; OLDS, 2000) 
divide-se em cinco subtestes, conforme tabela 1, aplicados no primeiro minuto e repetidos 
aos cinco minutos de vida do bebê. 
Cada indicador presente na tabela 1, é avaliadomediante presença ou ausência 
de 0 a 2, o escore total e mais alto é 10 e normalmente os bebês considerados normais 
recebem o índice entre 9 a 9,5 devido às condições da sala de neonatal que geralmente é 
muito fria. Por isso a criança recebe cuidados de limpeza e aquecimento em uma espécie 
de estufa até o momento de voltar para o contato materno. 
TABELA 1 
 ESCALA DE APGAR 
INDICADO
R 
 0 1 2 
APARÊNCI
A 
(cor) 
azulado pálido 
 Rosado, 
extr.azulada 
Totalmente 
rosado 
PULSO 
(FC) 
Ausente lento (inf. a 
100bpm) 
Rápido 
(sup.a 100bpm) 
CARETA 
(irritabilidade reflexa) 
s/ resposta Careta tosse, 
espirro, choro 
ATIVIDADE 
(tônus muscular) 
Inerte fraco, 
inativo 
forte, ativo 
RESPIRAÇ
ÃO 
Ausente Irregular boa, choro 
FONTE: adaptada de Virginia Apgar (1953) 
Os bebês possuem respostas automáticas aos estímulos externos que são 
chamados de comportamentos reflexos ou primitivos. Essas reações involuntárias 
desaparecem em torno do primeiro ano de vida extra-uterina. Abaixo listamos os reflexos: 
REFLEXOS PRIMITIVOS DO RECÉM-NASCIDO 
 SUCÇÃO – Reage ao estímulo na bochecha e busca o mamilo ou dedo para 
sucção (desaparece em torno dos nove meses); 
 
 
 
 
 
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 DARWINIANO (PREENSÃO) – Ao estímulo, fecha o punho e mão com força, pode 
ser suspenso com um bastão. 
 SUCÇÃO PREENSÃO 
 
 
 NATAÇÃO – Realiza movimentos natatórios com boa coordenação (até seis 
meses). 
 TÔNICO-CERVICAL – (assimetria) vira a cabeça p/ o lado, posição de esgrimista. 
 MOVIMENTOS NATATÓRIOS TÔNICO- CERVICAL 
 
 
 MORO(SOBRESSALTO) – joga a cabeça p/ trás, estende braços, pernas e dedos 
(desaparece aos 2/3 meses) 
 
 
 
 
 
 
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FONTE: Arquivo pedagógico (PINTO, 2002) 
 BABINSKI – Ao estímulo na planta do pé, os artelhos abrem-se em leque, pé se 
retorce. 
 
 FONTE: Instituto de Análises Clínicas de Santos 
 MARCHA – Segurando o bebê e tocando seus pés em superfície plana, faz 
movimentos semelhantes ao caminhar bem coordenado. 
 APOIO PLANTAR – Friccionando os pés contra uma superfície plana, o 
 
 
Alguns reflexos que persistem até a vida adulta são: 
 Piscar (reflexo córneo) (piscar antes que os olhos sejam tocados ou na 
presença repentina de luz brilhante); 
 Reflexo do espirro (espirrar quando as vias nasais estão irritadas); 
bebê retira o pé. 
 
FONTE: Arquivo pedagógico (PINTO,2002) 
 
 
 
 
 
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 Reflexo do vômito (náuseas quando a garganta ou parte posterior da boca 
são estimuladas); 
 Reflexo do bocejo (bocejar quando necessita de oxigênio adicional); 
 Reflexo da tosse (tossir quando a via respiratória é estimulada). 
O crescimento e desenvolvimento motor da criança, desde a vida intra-uterina 
ocorrem de acordo com dois princípios essenciais: o princípio cefalocaudal e o princípio 
próximo-distal. 
O princípio cefalocaudal (do latim – da cabeça ao rabo) define que o 
desenvolvimento ocorra da cabeça às partes inferiores do corpo; por isso tanto a cabeça, 
o encéfalo (cérebro) e os olhos do embrião desenvolvem-se mais cedo, sendo 
desproporcionalmente maiores até que as outras partes os alcancem. Quando o bebê 
nasce, ainda tem a cabeça desproporcionalmente maior que o corpo e mede um quarto 
do comprimento do corpo. Com um ano de idade a criança tem o peso da cabeça 
aproximado aos três quilos, peso muito grande comparável ao restante de seu corpo e 
considerando que o peso médio da cabeça de um adulto é de quatro quilos, somente este 
fato já justifica as dificuldades que a criança sofre para dar seus primeiros passos. Da 
mesma forma, isto justifica o desenvolvimento mais rápido das partes mais próximas ao 
centro do corpo, como os membros superiores, o tronco e no decorrer do 
desenvolvimento contínuo dos membros inferiores, a criança inicia o engatinhar, ajoelhar, 
andar, correr, agachar, etc. 
O princípio próximo-distal (do latim – de perto para longe) determina que o 
desenvolvimento ocorra das partes próximas ao centro do corpo para as externas. Ou 
seja, a cabeça e o tronco do embrião se desenvolvem antes dos membros e os braços e 
pernas, antes dos dedos e artelhos (pois estão mais próximas ao centro do corpo). 
8.2 Desenvolvimento Motor 
O desenvolvimento motor se inicia durante a vida intra-uterina desde a 
concepção. Na concepção ocorre a organização genética dos pares cromossômicos, do 
DNA da futura criança, desenvolvendo-se posteriormente a organização pré-neural ou o 
 
 
 
 
 
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cérebro primitivo e o sistema nervoso do bebê, como já foi visto anteriormente, assim, em 
cada etapa da gestação, importantes acontecimentos vão se dando no intuito de formar o 
complexo organismo humano. Ao nascer, o desenvolvimento continua e se intensifica, 
uma vez que o contato com o meio e com outros seres humanos estimulam a criança e 
suas percepções. Henri Wallon, segundo Fonseca (1998), ao observar as etapas do 
desenvolvimento da criança, escreveu sobre os períodos de maturação cognitiva que se 
seguem abaixo: 
MATURAÇÃO COGNITIVA CONFORME WALLON 
DESENVOLVIMENTO INTRA-UTERINO: 
Concepção – organização genética 
1 semana – período embrionário: organização pré-neural 
8 semanas – período fetal: sensibilidade oral 
10 semanas – extensão do tronco 
14 semanas – deglutição (reflexo de Babinski) 
4 meses – movimentos pré-respiratórios 
5 meses – reflexo tônico do pescoço 
6 meses – controle físico-químico 
9 meses – viabilidade do nascimento 
DESENVOLVIMENTO EXTRA-UTERINO: 
4 semanas – motricidade global (funções vegetativas e interoceptivas)- lobo frontal, 
centro vegetativo; 
4 meses – motricidade fina (balanço de cabeça, controle binocular)- lobo frontal, centro 
psicomotor; 
7 meses – comportamento adaptativo (preensão e manipulação)- lobo frontal, centro 
psicomotor; 
10 meses – comportamento adaptativo (maturação cefalocaudal, postura de sentado)-
lobo frontal, centro psicomotor; 
16 meses – comportamento adaptativo (controle postural, linguagem não-verbal)-lobo 
frontal, hemisfério direito; 
18 meses – linguagem (maturação da laringe, primeiras palavras)-lobo frontal, hemisfério 
esquerdo; 
2 anos – linguagem (controle dos esfíncteres)- lobo frontal; 
 
 
 
 
 
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3 anos – linguagem (primeiras frases, jogos, linguagem falada)- lobo frontal, hemisfério 
esquerdo; 
4 anos – psicomotricidade (primeiros conceitos, forma, cor, etc.)- lobo frontal, centro 
psicomotor; 
5 anos – socialização (linguagem escrita, psicomotricidade, socialização pré-primária)-lobo frontal, centro psicomotor; lobo parietal; sistema límbico; 
FONTE: FONSECA (1998) 
 
Se faz necessário, neste momento, lembrar o conteúdo de neuroanatomia 
estudado no primeiro módulo (módulo 1), pois o entendimento sobre o funcionamento do 
sistema psicomotor depende da compreensão neuroanatômica de como ele é comandado 
e onde se localiza dentro do cérebro. 
No lobo frontal do córtex cerebral encontram-se as funções motora, vegetativas e 
psíquicas. O centro motor é responsável pelas funções de movimento voluntário, 
sensações superficiais ou exteroceptivas (pele, mucosa), profundas ou proprioceptivas 
(músculos) e viscerais ou interoceptivas (órgãos internos). O centro psíquico comanda as 
funções do humor, iniciativa, caráter e atenção localizados no sistema límbico também já 
estudado. 
O centro psicomotor é responsável pela dominância hemisférica, pela 
coordenação ampla, motricidade fina, domínio da fala, associando-se aos componentes 
expressivo e compreensivo no lobo temporal. Já no centro vegetativo localiza-se a função 
de controle vital do organismo, como batimentos cardíacos, controle de pressão arterial, 
controle da bexiga (sistema urinário) e respiração. 
No lobo parietal ocorre o funcionamento das sensibilidades (gnosias) classificadas 
de acordo com o local do estímulo. As sensibilidades podem ser inconscientes (da vigília, 
do sono) e conscientes, sendo estas especiais (visão, audição, olfato e gosto) e gerais: 
superficiais (exteroceptivas), profundas (proprioceptivas) e viscerais (interoceptivas). 
O lobo temporal é responsável pelas gnosias de visão, audição e psíquicas, 
sendo este encarregado de passar as impressões visuais, pois a função visual é do lobo 
occipital. 
Assim, com base na compreensão do funcionamento de cada parte do córtex 
cerebral, podemos prosseguir estudando as etapas do desenvolvimento psicomotor. 
 
 
 
 
 
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O desenvolvimento motor é dependente da biologia, do comportamento e do 
ambiente e não apenas da maturação do sistema nervoso. Quando a criança nasce, o 
seu SNC ainda não está completamente desenvolvido. Ela percebe o mundo pelos 
sentidos e age sobre ele, criando uma interação que se modifica no decorrer do seu 
desenvolvimento. Deste modo, por meio de sua relação com o meio, o SNC se mantém 
em constante evolução, em um processo de aprendizagem que permite sua melhor 
adaptação ao meio, às pessoas, aos objetos e a própria compreensão de si mesmo. 
Assim, cada criança apresenta seu padrão característico de desenvolvimento, visto que 
suas características inerentes sofrem a influência constante de uma cadeia de transações 
que se passam entre a criança e seu ambiente. 
Henri Wallon (médico, psicólogo e pedagogo francês) apoiou suas idéias em 
quatro elementos básicos que estão todo o tempo em comunicação: afetividade, 
emoções, movimento e formação do eu. 
AFETIVIDADE - possui papel fundamental no desenvolvimento da pessoa, pois é 
por meio delas que o ser humano demonstra seus desejos e vontades. As transformações 
fisiológicas de uma criança (nas palavras de Wallon, em seu sistema neurovegetativo) 
revelam importantes traços de caráter e personalidade. Para que a humanidade possa 
sobreviver, é necessário que a imperícia do recém-nascido afete o outro e provoque nele 
sentimentos de solidariedade; é a garantia de sobrevivência da espécie. Este, para 
Wallon, é o maior indicador de que o meio social é privilegiado para a criança em 
desenvolvimento, e para o homem adulto, em relação ao meio físico. 
A criança, que está primeiramente ligada à mãe, aos poucos diferencia outras 
pessoas que desempenham papéis significativos em relação a ela, como, por exemplo, 
pai, avós, tios e padrinhos. Sua sociabilidade se amplia rapidamente quando começa a 
andar e a falar. Andando, a criança pode interagir mais com o ambiente que o cerca. A 
aquisição da linguagem a possibilita ao nomear objetos e pessoas, diferenciá-los. Nesta 
etapa, denominada por Wallon (1975) de Estágio Sensório-Motor, a criança aprende a 
conhecer como pessoas em oposição à sua própria existência. 
EMOÇÕES - é altamente orgânica, ajuda o ser humano a se conhecer. A raiva, o 
medo, a tristeza, a alegria e os sentimentos mais profundos possuem uma função de 
grande relevância no relacionamento da criança com o meio. Para Wallon, a emoção 
 
 
 
 
 
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precede nitidamente o aparecimento das condutas do tipo cognitivo e é um processo 
corporal que, quando intenso, pode impulsionar a consciência a se voltar para as 
alterações proprioceptivas, prejudicando a percepção do exterior. Em virtude de seu 
poder de sobrepor-se à preponderância da razão, é necessário, segundo Wallon, manter-
se uma “baixa temperatura emocional” para que se possam trabalhar as funções 
cognitivas. 
MOVIMENTO - as emoções da organização dos espaços para se movimentarem. 
Deste modo, a motricidade tem um caráter pedagógico tanto pela qualidade do gesto e do 
movimento, quanto pela maneira com que ele é representado. O desenvolvimento tem 
seu início na relação do organismo do bebê recém-nascido, essencialmente reflexos e 
movimentos impulsivos, também chamados descargas motoras, com o meio humano que 
as interpreta. Nesta fase distingue-se apenas estados de bem-estar ou desconforto. São 
as reações do ambiente humano, representado pela mãe, motivadas pela interpretação 
da mímica do bebê que permitem distinguir as emoções básicas. Essa mímica não é 
casual, mas um recurso biológico da espécie, essencialmente social, que faz do bebê um 
ser capaz de produzir, no ambiente humano, ainda representado pela mãe, um efeito 
mobilizador para sobreviver. Dessa forma, é a dimensão motora que dá a condição inicial 
ao organismo para o desenvolvimento da dimensão afetiva. 
 FORMAÇÃO DO EU - a construção do eu depende essencialmente do outro. 
Com maior ênfase a partir de quando a criança começa a vivenciar a "crise de oposição", 
na qual a negação do outro funciona como uma espécie de instrumento de descoberta de 
si própria. Isso acontece mais ou menos em torno dos três anos, quando é à hora de 
saber que "eu" sou. Imitação, manipulação e sedução em relação ao outro são 
características comuns nesta fase. 
 
ORGANIZAÇÃO HIERÁRQUICA DE DESLOCAMENTOS CORPORAIS 
DE HENRI WALLON 
Para Wallon (1995) a ação (ou a práxis - o movimento voluntário) mostra como se 
opera a promoção qualitativa (desenvolvimento) que se processa do fisiológico (corpo) 
para o psíquico (mente) fornecendo as pistas para se conhecer a identidade do homem 
 
 
 
 
 
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sob os seus diferentes aspectos. Mas então, como se dá, efetivamente, o 
desenvolvimento? O desenvolvimento é regulado por dois princípios fundamentais: 
1- Alternância: a maturação das funções depende do aprimoramento de: 
- Sensibilidade interoceptiva: ligada ao funcionamento de vida vegetativa visceral 
e da sensibilidade proprioceptiva ligada à estimulação dos músculos e de seus anexos. 
Isso ocorre no primeiro estágio de desenvolvimento que é o estágio emocional. 
- Sensibilidade exteroceptiva: estimulada pelos agentes exteriores do organismo 
(visão, audição, olfato, etc.) e do córtex cerebral. Ocorre no estágio sensório-motor ou da 
inteligência espacial. 
Estas circunstâncias neurofisiológicasvão se tornando "imperceptíveis" à medida 
que o desenvolvimento avança, porém, revelam-se bem configuradas em situações 
patológicas. 
2- Integração Funcional: a mudança de fase, assimilando o que já foi adquirido, 
não exclui o estágio precedente. Dá uma continuidade a tudo o que já foi adquirido. A 
alternância e a integração funcional ocorrem em um jogo dialético onde a maturação do 
sistema nervoso e as vivências sócio-culturais são de fundamental importância. 
Para explicar como se dá o desenvolvimento, Henri Wallon resgata os conceitos 
de genótipo e de fenótipo. Entende-se que o Genótipo é o conjunto de caracteres 
hereditariamente transmitidos; já o Fenótipo é o conjunto de caracteres exteriores ao 
organismo, resultantes da interação com o meio cultural. Desta forma, a psicogenética 
Walloniana é um fenômeno biológico e social: cada etapa do desenvolvimento psíquico 
representa o resultado original daquilo que as estruturas possibilitam e das experiências 
propostas pelo meio (WALLON, 1995). A criança, desde seu nascimento, é um ser 
simultaneamente biológico e social. O desenvolvimento biológico e social são condições 
complementares. As capacidades biológicas são os condicionantes da vida em 
sociedade, mas o meio social é o condicionante do desenvolvimento destas capacidades. 
DESLOCAMENTOS EXÓGENOS -O social é biológico – experiências interativas 
intencionais mediadas por outrem (mãe, pai). Importância das vinculações afetivas 
 
 
 
 
 
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precoces na sua MATURAÇÃO NEUROPSICOMOTORA INICIAL. Díade mãe-filho 
(sobrevivência da espécie humana) mãe= motricidade afetiva e securizante. 
Estágios impulsivo (recém-nascido) e tônico-emocional (6 a 12 meses). 
MATURAÇÃO INTEROCEPTIVA (substratos neurológicos - tronco cerebral - 
respiração, nutrição, eliminação, sono, reflexos intra e extra-segmentares - integração 
tônico-visceral). 
Diálogo Tônico – comunicação não- verbal e sensório entre mãe-bebê 
(necessidade-satisfação, choro-sorriso, hipertonia-hipotonia). 
DESLOCAMENTOS AUTÓGENOS - Melhores regulações tônico-postural e 
tônico-motor, conforto postural (segurança gravitacional), mesoenvolvimento mais lato do 
que o espaço familiar com alguma dependência psicomotora ainda (postura bípede e 
praxia fina). 
Estágios sensório-motor (1 a 2 anos) e projetivo (2 a 3 anos). MATURAÇÃO 
PROPRIOCEPTIVA duplicando a interoceptiva (reúne cerebelo e sistema límbico). 
Padrões locomotores e preensores macro e micro motores coordenados e 
complexos. 
 
A motricidade surge como arquiteta do psiquismo. 
 
DESLOCAMENTOS CORPORAIS COORDENADOS E CONSTRUTIVOS 
 
A relação com objetos e brinquedos dá lugar a relação consigo mesmo (conforto 
intrapsíquico espalha uma motricidade mais planificada, organizada e intencional). 
Investigação e exploração do exoenvolvimento extra familiar (creche, jardim da infância, 
etc.) independência psicomotora e psicolingüística. MATURAÇÃO EXTEROCEPTIVA 
(evolução do córtex, operando a espacialização de cada lado do corpo e do cérebro - 
hemisférios direito e esquerdo). 
É importante, para a compreensão do processo de desenvolvimento psicomotor, 
que se entenda o conceito de imagem de corpo. Conforme Le Boulch (1987), a imagem 
de corpo não é função e sim um conceito de utilidade teórica que nos orienta na 
compreensão das diversas etapas do desenvolvimento psicomotor, no qual o corpo 
 
 
 
 
 
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humano é centro da relação universo-objeto e que evolui sucessivamente em estados de 
equilíbrio, passando por estágios de organização e reorganização. 
 DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR SEGUNDO LE BOULCH - Jean Le Boulch 
construiu sua teoria mediante estudos sobre o ser humano em relação à descoberta de 
seu próprio EU através do corpo exploratório. Assim, ele dividiu as etapas ou estágios do 
desenvolvimento psicomotor humano a partir de seu processo de interação corpo-
universo objetal. O autor classifica as etapas em três momentos de percepção da imagem 
de corpo: o corpo vivido, o corpo percebido e o corpo representado (LE BOULCH, 2001). 
 a) O corpo vivido - nesta etapa, que vai do zero aos três anos de idade, o 
bebê compreende a expressão do corpo em sua totalidade, as sensações exteriores ao 
seu corpo são recebidas através do contato afetivo-corporal-cinestésico com sua mãe, 
constituindo o primeiro núcleo de organização do EU. É o período que corresponde ao 
esquema corporal inconsciente que regula o ajuste global. Suas reações são todas 
voltadas para as necessidades básicas de sobrevivência e prazer, nos atos de mamar, 
ser acariciado, receber o banho, no contato de calor e aconchego com sua mãe ou 
substituta. “A experiência emocional do corpo e do espaço termina com a aquisição de 
numerosas praxias, que permitem à criança sentir seu corpo como objeto total do 
mecanismo da relação” (LE BOULCH, 1982, p.71). Neste estágio de experiências 
sensório-motoras, o processo de identificação se inicia através de atividades práxicas, 
permitindo sentir no seu corpo a atitude de outra pessoa ou objeto. 
b) O corpo percebido - é o estágio da estruturação perceptiva do corpo que 
compreende o processo de organização do esquema corporal a partir das funções de 
ajustamento, de interiorização, funções gnósicas e da percepção espacial, temporal e 
rítmica. Esta fase pressupõe-se contemporânea ao estágio pré-operatório de Jean Piaget 
e acontece entre os três e sete anos. A função de ajustamento ainda é global, contudo é 
um estágio preparatório para os ajustamentos controlados que virão posteriormente. A 
criança é capaz de dissociações de automatismos com a evolução progressiva do 
esquema corporal, tornando possível transformar determinado elemento do movimento 
em automatismo progressivo e estabilizado. 
c) O corpo representado – é a fase que compreende dos oito aos doze anos, 
quando a criança está ingressando no processo de escolarização formal. Ela dispõe de 
 
 
 
 
 
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uma “imagem de corpo operatório” pela qual exerce suas ações tanto sobre o meio 
externo como sobre seu corpo como instrumento de interação entre seu mundo interno e 
o exterior. 
Suas funções cognitivas, contemporâneas da etapa de operações concretas, 
evoluirão de imagem corporal reprodutora para antecipadora, pois sua disponibilidade já 
lhe permite ajustamentos motrizes à programação de modelos de pensamentos a partir da 
representação mental de ações. 
Na etapa do corpo representado, a criança possui uma noção consciente de seu 
corpo em relação aos objetos circundantes e a outrem, no entanto as funções de 
interiorização e de ajustamento não cessam, uma vez que as gnosias1 corporais e 
espaciais estão sempre se gerando a cada nova vivência. 
A evolução da disponibilidade corporal necessita, além da inteligência corporal, de 
um nível elevado de inteligência operatória e esta se desenvolve durante o período de 
escolarização formal. Le Boulch (1987, p.24) constatou que essa afirmação procede 
quando observou que muitas pessoas “estacionam no seu desenvolvimento e porque ele 
não é apenas psicomotor, mas também intelectual”, devemos estimular o indivíduo a uma 
atividade global, que trabalhe todos os aspectos do ser. 
O quadro que segue é comparativo entre o desenvolvimento motor, psicomotor e 
do esquema corporal no decorrerdas faixas etárias desde o nascimento. 
 
 FASES DO DESENVOLVIMENTO MOTOR 
FAIXA 
ETÁRIA 
MÉDIA 
Desenvolvimento 
 Motor 
Desenvolvimento 
Psicomotor 
(Geral) 
Desenvolvimento 
do Esquema 
Corporal 
(Ajuriaguerra, 1959) 
ZERO FASE DOS 
MOVIMENTOS 
REFLEXOS 
FASE NEUROMOTORA FASE DO CORPO 
SUBMISSO 
A - Respostas globais do 
corpo 
- Desenvolvimento do sistema 
de respostas inatas 
- Movimentos estritamente 
automáticos, dependentes da 
bagagem inata. 
 
1 Funções de corticalidade perceptiva resultante das vias aferentes sensitivo-sensoriais de áreas bem delimitadas do 
córtex cerebral, amplamente ligadas ao restante do SNC (ROTTA; GUARDIOLA, 1996). 
 
 
 
 
 
106 
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1 -movimentos 
programados 
geneticamente 
 (reflexos e automatismos de 
alimentação, de defesa e de 
equilíbrio). 
ANO - movimentos controlados 
inconscientemente. 
 
 (descargas motoras) 
De 
 
1 a 2 ANOS 
FASE DOS 
MOVIMENTOS 
RUDIMENTARES 
- Primeiras formas de 
movimentos voluntários. 
- controle tônico-postural. 
-Manipulação (pegar, 
receber e arremessar) 
- Movimentação de 
locomoção (rolar, rastejar, 
quadrupediar e andar) 
FASE SENSÓRIO-MOTORA 
 
- Desenvolvimento do sistema 
motor global (locomoção) 
FASE DO CORPO VIVIDO (1 
a 4 anos) 
- Experiência vivida do 
movimento global. 
- Primeiro esboço do 
esquema-imagem corporal. 
De 2 a 7 
ANOS 
 
FASE DOS 
MOVIMENTOS 
FUNDAMENTAIS 
- Movimentos mais 
eficientes e complexos. 
-Movimentos locomotores 
(andar, correr, saltar e 
saltitar) 
-Movimentos não-
locomotores (flexionar, 
estender, torcer, girar, 
levantar) 
-Movimentos 
manipulativos (lançar, 
pegar, bater, rebater, 
chutar, quicar) 
FASE PERCEPTIVO-
MOTORA 
- Desenvolvimento 
dos sistemas de locomoção, 
preensão e viso-motor. 
FASE DO CORPO 
DESCOBERTO (4 a 5 anos) 
 – Consciência das 
características corporais. 
- Descoberta dos segmentos 
corporais. 
-Verbalização das partes do 
corpo pelo jogo da função 
simbólica. 
De 7 a 12 
ANOS 
FASE DE COMBINAÇÃO 
DOS MOVIMENTOS 
FUNDAMENTAIS 
- Melhoria da execução e 
aumento da capacidade 
de combinação de 
movimentos 
fundamentais 
FASE PSICOMOTORA 
- Desenvolvimento dos 
sistemas de locomoção, 
preensão, viso-motor e áudio-
motor. 
FASE DO CORPO 
REPRESENTADO (6 a 10 
anos) 
- Controle voluntário de 
atitudes corporais. 
- aquisição do esquema 
postural. (imagem postural 
estática) 
 
 
 
 
 
107 
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- Início do domínio de 
habilidades específicas 
FASE DO CORPO 
OPERATÓRIO (10 a 12 anos) 
- Imagem antecipatória dos 
movimentos em seqüência. 
(esquema imagem corporal 
dinâmica) 
- Estruturação espaço 
temporal dentro do domínio 
corporal 
De 12 
ANOS 
em diante 
FASE DOS 
MOVIMENTOS 
CULTURALMENTE 
DETERMINADOS 
- Melhoria da execução 
de habilidades 
específicas 
- Diversificação e 
aprimoramento de 
movimento culturalmente 
determinados. 
FASE SÓCIO-MOTORA 
- Aprimoramento dos sistemas 
da fase anterior. 
- Desenvolvimento dos 
sistemas cinestésico-simbólico 
e áudio-simbólico. 
ESQUEMA CORPORAL 
BASICAMENTE FORMADO 
 
 
8.3 Teste de Avaliação do Desenvolvimento 
O desenvolvimento motor independentemente das teorias que aqui foram 
estudadas caracteriza-se por uma série definida de “marcos”, ou seja, realizações ou 
conquistas da criança antes de partir para outras conquistas. O teste de desenvolvimento 
de Denver foi criado para identificar as crianças que não estão se desenvolvendo 
normalmente, dessa forma, usado igualmente como referencial padrão para o 
desenvolvimento normal da criança entre um mês e seis anos. O teste avalia habilidades 
motoras gerais, as mais refinadas, o desenvolvimento da linguagem, pessoal e social. 
A tabela abaixo mostra as idades aproximadas em que 25, 50, 90% das crianças 
conseguem realizar cada habilidade, segundo o manual de treinamento de Denver II. 
 
 AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DE DENVER 
HABILIDADE 25% 50% 90% 
 Rolar 2,1 meses 3,2 meses 5,4 meses 
 
 
 
 
 
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 Agarrar chocalho 2,6 meses 3,3 meses 3,9 meses 
 Sentar s/apoio 5,4 meses 5.9 meses 6,8 meses 
 Ficar de pé c/apoio 6,5 meses 7,2 meses 8,5 meses 
 Agarrar c/polegar e 7,2 meses 8,2 meses 10,2meses 
 Indicador 
 Ficar de pé (seguro) 10,4 meses 11,5 meses 13,7 meses 
 Caminhar bem 11,1 meses 12,3 meses 14,9 meses 
 Construir torre 13,5 meses 13,7 meses 20,6 meses 
 Subir degraus 14,1 meses 16,6 meses 21,6 meses 
 Pular no lugar 21,4 meses 23,8 meses 2,4 anos 
 Copiar um círculo 3,1 anos 3,4 anos 4,0 anos 
 
FONTE: Papalia e Olds, 2000. 
 
9 Desenvolvimento Cognitivo Inicial e da Primeira Infância 
 
 No século XIX, enquanto os psicólogos começavam a propor teorias a cerca do 
desenvolvimento humano, os médicos estabeleciam uma rotina de atendimento ao recém-
nascido que envolvia exposição a drogas sedativas e afastamento do bebê de sua mãe. 
Os primeiros testes realizados em recém-nascidos baseavam-se em testes para adultos 
ou animais. 
Nas últimas décadas, as pesquisas sobre o desenvolvimento humano se 
intensificaram e muitas teorias em áreas diferentes mas convergentes em seus 
pensamentos surgiram para explicar as complexidades do organismo humano e sua 
psique. Veremos a seguir quatro abordagens distintas mas que, de certa forma, se 
relacionam: a abordagem behaviorista, que estuda basicamente a mecânica da 
aprendizagem infantil; a abordagem piagetiana, que observa a evolução das estruturas 
mentais e a forma com que a criança se adapta ao ambiente, defendendo que a cognição 
se desenvolve em etapas; a abordagem psicométrica, determina e mede 
quantitativamente os fatores que constituem a inteligência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 9.1 Teoria Behaviorista: aprendizagem do bebê 
 
O ser humano possui a capacidade de aprender pela experiência e seu 
desenvolvimento é maturacional, pois a maturação é essencial para que a aprendizagem 
se torne cada vez mais complexa. 
Os behavioristas2 possuem como conceitos centrais da teoria de aprendizagem 
social, o condicionamento clássico e o operante como processos de aprendizagem, ainda 
referem a imitação como importante fenômeno no estudo da aprendizagem. O 
condicionamento clássico (também chamado de pavloviano) acontece quando uma 
pessoa ou animal aprende a responder automaticamente a um estímulo que originalmente 
não provocava a resposta3, ou seja, a pessoa aprende a anteciparos acontecimentos. Em 
uma pesquisa de Blass, Ganchrow e Steiner, 1984 (apud PAPALIA; OLD, 2000), bebês 
com duas horas de vida extra-uterina foram condicionados a virar a cabeça e mamar toda 
vez que eram acariciados na testa ao mesmo tempo em que recebiam uma mamadeira 
com água adocicada. 
O condicionamento operante (chamado skinneriano) é aquele no qual a pessoa 
aprende a dar uma determinada resposta para produzir um efeito particular, influenciando 
o ambiente. Os pesquisadores estudaram bebês com dois dias de nascimento sugando 
bicos conectados a uma fonte de música. Os bebês mantinham-se sugando quando sua 
atividade acionava a música, mas paravam de fazê-lo quando isso a desligava, estes 
estudos mostram que os neonatos são capazes de aprender pelo condicionamento 
operante e que podem produzir comportamentos mais complexos a partir da união dos 
comportamentos clássico e operante. Além dos dois tipos de condicionamento, as 
crianças, aprendem observando e imitando os outros. Segundo Azzi e Polydoro (2006), 
Albert Bandura (psicólogo canadense behaviorista) desenvolveu uma série de 
experiências sobre a importância da aprendizagem por observação, aquela que resulta da 
interação e imitação social. Muitos dos nossos comportamentos são então aprendidos 
através da observação e imitação de um modelo – modelagem; o processo de 
 
2 Os behavioristas afirmam que os processos mentais internos não são mensuráveis ou analisáveis, sendo, portanto, de 
pouca utilidade para a Psicologia Empírica. Behaviorismo em inglês, de behaviour (RU) ou behavior (EUA): 
comportamento, conduta; entre os principais estão Watson, Pavlov, Skinner. 
3 Chama-se resposta qualquer comportamento emitido por um organismo. 
 
 
 
 
 
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socialização passar, necessariamente, pela observação, imitação e identificação com os 
modelos sociais. 
Contudo para que haja aprendizagem, esta depende diretamente da memória. 
Dessa forma, usando do condicionamento operante, cientistas descobriram que os bebês 
de dois meses são capazes de lembrar de realizar uma ação que lhes proporcionou 
prazer, desde que a situação de teste mostre-se idêntica àquela pela qual aprendeu a 
ação inicialmente. 
É a aprendizagem que determina o nosso pensamento, a nossa linguagem, as 
motivações, as atitudes, a personalidade. Existem aprendizagens simples e 
aprendizagens complexas que implicam uma atividade mental diversificada. Inerente aos 
processos de aprendizagem está a memória. Só a memória nos possibilita reter o que 
aprendemos para responder adequadamente à situação presente e proporcionar a 
possibilidade de projetar o futuro. 
 
9.2 Abordagem Piagetiana: etapas cognitivas. 
 
Piaget, quando descreve a aprendizagem, tem um enfoque diferente do que 
normalmente se atribui a esta palavra. Piaget separa o processo cognitivo inteligente em 
duas palavras: aprendizagem e desenvolvimento. Para Piaget, segundo MACEDO (1994), 
a aprendizagem refere-se à aquisição de uma resposta particular, aprendida em função 
da experiência, obtida de forma sistemática ou não. Enquanto que o desenvolvimento 
seria uma aprendizagem de fato, sendo este o responsável pela formação dos 
conhecimentos. 
Piaget, quando postula sua teoria sobre o desenvolvimento da criança, descreve-
a, basicamente, em quatro estados que ele próprio chama de fases de transição 
(PIAGET, 1975). Essas quatro fases são: sensório-motor (0 – 2 anos), pré-operatório (2 – 
7,8 anos), operatório-concreto (8 – 11 anos), operatório-formal (8 – 14 anos); 
Estágio Sensório-motor 
Neste estágio, a partir de reflexos neurológicos básicos, o bebê começa a 
construir esquemas de ação para assimilar mentalmente o meio. Também é marcado pela 
construção prática das noções de objeto, espaço, causalidade e tempo (MACEDO, 1994). 
 
 
 
 
 
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Segundo o autor, as noções de espaço e tempo são construídas pela ação, configurando 
assim, uma inteligência essencialmente prática. 
Conforme Macedo (1994) é assim que os esquemas vão pouco a pouco, se 
integrando e diferenciando, ao mesmo tempo em que a pessoa vai se separando dos 
objetos podendo interagir com eles de maneira mais complexa, referindo ainda que, o 
contato com o meio é direto e imediato, sem representação ou pensamento. 
Exemplo: O bebê pega o que está em sua mão; "mama" o que é posto em sua 
boca; "vê" o que está diante de si. Aprimorando esses esquemas, é capaz de ver um 
objeto, pegá-lo e levá-lo a boca. 
 
 FONTE: Arquivo pedagógico (PINTO, 2002) 
Grande parte do crescimento cognitivo do bebê se dá por um fenômeno que 
Piaget chamou de reações circulares, nas quais a criança aprende a reproduzir 
acontecimentos agradáveis ou interessantes originalmente descobertos por acaso. Esse 
processo é baseado no condicionamento operante, assim, uma atividade produz uma 
sensação tão agradável que o bebê deseja repeti-la. A repetição sofre uma 
retroalimentação, estabelecendo um ciclo contínuo. 
Outro fenômeno deste estágio é o caráter simbólico peculiar ao pensamento 
infantil, à capacidade de manipular símbolos liberta a criança da experiência imediata, 
sendo capazes da imitação diferida (imitar ações que não estão vendo). São capazes de 
fingir e de “fazer -de –conta”, ato precursor das brincadeiras dramáticas. 
Nesta fase as crianças são capazes também de desenvolver a permanência do 
objeto, ou seja, compreender que o objeto ou pessoa continuam a existir mesmo que não 
esteja a sua vista, a qual inicialmente não possuía. A permanência do objeto proporciona 
a base para a conscientização das crianças de que elas existem à parte dos objetos e de 
 
 
 
 
 
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outrem. Essa consciência é base para a segurança da criança, por exemplo, quando seus 
pais saíram temporariamente do ambiente em que se encontra, pois sente que irão voltar. 
A capacidade de raciocinar sobre esses fenômenos físicos e cognitivos descritos 
pode estar relacionada diretamente ao desenvolvimento motor da criança. Todas as 
pesquisas demonstram que o desenvolvimento da criança acontece progressivamente e 
simultaneamente nas áreas motoras, cognitivas, sensórias, psicológicas e sociais por que 
estão interligadas e interdependentes. 
 
9.3 Abordagem Psicométrica: testagem da inteligência 
 
Os testes de inteligência surgiram na China, no século V, e começaram a ser 
usados cientificamente na França, no século XX. Em 1912, Willian Stern propôs o termo 
“QI” (quociente de inteligência) para representar o nível mental, e introduziu os termos 
“idade mental” e “idade cronológia”. Stern propôs que o QI fosse determinado pela divisão 
da idade mental pela idade cronológica. Assim uma criança com idade cronológica de 10 
anos e nível mental de 8 anos teria QI 0,8, porque 8 / 10 = 0,8. 
Em 1916, Lewis Madison Terman propôs multiplicar o QI por 100, a fim de 
eliminar a parte decimal: QI = 100 x IM / IC, em que IM = idade mental e IC = idade 
cronológica. Com esta fórmula, a criança do exemplo acima teria QI 80. 
A classificação proposta por Lewis Terman era a seguinte: 
 QI acima de 141: Genialidade 
 121 - 140: Inteligência muito acima da média 
 110 - 120: Inteligência acima da média 
 90 - 109: Inteligêncianormal (ou média) 
 80 - 89: Embotamento 
 70 - 79: Limítrofe 
 50 - 69: Cretino 
FONTE: Papalia e Olds, 2000 
 
 
 
 
 
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Em 2005, o teste de QI mais usado no mundo foi o Raven Standard Progressive 
Matrices. O teste individual mais usado é o WAIS-III. O teste de Q.I. individual mais 
administrado em pessoas de 6 a 17 anos é o WISC-III (Escala de Inteligência Wechler 
para Crianças), originalmente desenvolvido em1949, revisado em 1974 (WISC-R), 1991 
(WISC-III) e 2003 (WISC-IV). Tanto o WAIS quanto o WISC foram criados por David 
Wechsler. A última versão do WAIS consiste em 14 subtestes destinados a avaliar 
diferentes faculdades cognitivas. O WISC é constituído por 13 subtestes. Os subtestes 
são subjetivamente estratificados em dois grupos: escala verbal e escala de execução 
(também chamada escala performática), contudo os estudos objetivos, baseados em 
Análise Fatorial, não oferecem respaldo à classificação subjetiva em vigor. 
A classificação, originalmente proposta por Davis Wechsler era a seguinte: 
 QI acima de 127: Superdotação 
 121 - 127: Inteligência superior 
 111 - 120: Inteligência acima da média 
 91 - 110: Inteligência média 
 81 - 90: Embotamento ligeiro 
 66 - 80: Limítrofe 
 51 - 65: Debilidade ligeira 
 36 - 50: Debilidade moderada 
 20 - 35: Debilidade severa 
 QI abaixo de 20: Debilidade profunda 
Outro teste de Q.I. comumente utilizado em crianças é a Escala de Bailey de 
desenvolvimento infantil. 
 TABELA DE BAILEY 
Idade (em meses) Tarefas que as crianças na idade referida podem realizar 
 5,8 Pegar na borda de um pedaço de papel oferecido pelo observador 
 5,9 Expressar oralmente prazer ou desagrado 
 6,0 Buscar um persistentemente um objeto fora de seu alcance 
 6,1 Virar a cabeça para ver um objeto que caiu no chão próximo à criança 
 
 
 
 
 
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 6,3 Falar diversas sílabas 
 11,5 Parar com sua ação (como colocar objetos na boca) quando o adulto 
lhe diz: não, não 
 11,7 Tentar imitar palavras como MAMA, PAPA, NENÊ 
 12,1 Imitar o tilintar do telefone, ou o barulho de um objeto 
 12,6 Encaixar um bloco redondo em um orifício arredondado em um 
tabuleiro com figuras variadas 
 
Fonte: Adaptada de Papalia e Olds, 2000. 
 
9.4 Abordagem Filosófica: percepção e simbolismo 
 
Para a criança recém-nascida, comenta Osgood (1973, p.229-230), “talvez o 
mundo seja um aglomerado resplandecente e rumorejante de sensações puras sem 
organização”, mas, na medida em que vai desenvolvendo sua capacidade de se 
comunicar e expressar suas experiências, “a sua organização perceptiva” se terá tornado 
“uma integração de muitas aptidões inconscientes”. É no corpo, na motricidade que 
muitos pesquisadores encontraram as respostas para a compreensão dos fenômenos que 
envolvem as sensações, as percepções, a evolução e o desenvolvimento da plasticidade 
humana, entre eles encontramos Wallon, Piaget, Vygotsky, Leontiev, Luria, Le Boulch. 
Golse (1998) explica que o bebê recém-nascido se percebe como algo inteiro, 
como um ventre, uma boca, uma mão e experimenta sensações de auto-sensualidade 
que não são libidinais, são sensações corporais isoladas que experimenta e das quais, no 
futuro, emergirão “organizações mentais construídas sobre o modelo de comunicações 
que se elaborarão entre os órgãos” (p.108). 
Para Spitz (1979), no início da vida extra-uterina, o bebê parte de uma fase de 
apercepção para uma fase que o autor prefere chamar de recepção (a faculdade de 
captar, no sentido visceral do termo). O bebê evoluirá, durante suas vivências corporais e 
afetivas, da recepção cinestésica para a percepção diacrítica (percepção localizada, 
circunscrita, desenvolvendo-se, posteriormente, pela integração de órgãos sensoriais 
periféricos – córtex, que conduzem aos processos cognitivos – pensamento consciente). 
Desse modo, a percepção da criança, nesta fase, está relacionada ao prazer e desprazer, 
à dor e ao alívio conseqüentes de suas necessidades orgânicas, ou seja, o bebê percebe 
 
 
 
 
 
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por meio dos mecanismos proprioceptivos (de sensações táteis orais e corporais), dos 
quais progressivamente, evoluirá da orientação tátil para a percepção à distância (após o 
desenvolvimento da percepção visual). 
A criança revela simbolismo já na tenra idade, sendo esta antecessora da 
linguagem compreensiva e expressiva afirma Negrine (2002, p.71). O pesquisador 
defende que “o surgimento do simbolismo no comportamento humano é contemporâneo à 
capacidade compreensiva da linguagem (linguagem receptiva), e não da linguagem 
falada” 4 (linguagem expressiva). O diálogo tônico ou comunicação não-verbal entre a 
mãe e seu bebê é uma comprovação desse fenômeno. 
 
 
 Diálogo Tônico – comunicação não-verbal e simbólica mãe-bebê 
 FONTE: Arquivo pedagógico (PINTO, 2002) 
 
Três tipos de condutas caracterizam, segundo Le Boulch (1987), a função 
simbólica, também chamada de função Semiótica. São elas: a linguagem, o desenho ou 
linguagem gráfica e o jogo simbólico, pelo qual a criança brinca e fantasia desenvolvendo 
sua imagem e representação mental. No advento da função simbólica, são ressaltados 
três aspectos da linguagem: o desenvolvimento psicomotor, o desenvolvimento perceptivo 
e a função de ajustamento. 
No desenvolvimento psicomotor, a evolução psicomotora tem influência na 
linguagem. No desenvolvimento perceptivo da linguagem, a criança recebe informações 
sobre as diversas propriedades que possui um objeto, seu próprio corpo ou o meio 
através da exploração. O contato exploratório leva o indivíduo a situações imaginárias, 
 
4Detalhes sobre a obra: NEGRINE, A. “O corpo na educação infantil”, Caxias do Sul: EDUCS, 2002. 
 
 
 
 
 
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que multiplicam suas possibilidades e acarretam transferências de dados sensoriais para 
a utilização da linguagem. A evolução desse processo desenvolve percepções 
necessárias para que a criança seja capaz de categorizar e dar sentido a cada nova 
palavra que é associada aos dados sensoriais imediatos. 
A função de ajustamento encontra-se interligada e dependente do 
desenvolvimento da percepção, contribuindo de forma muito importante na função 
simbólica da linguagem. No final do segundo ano de vida da criança, os jogos de 
imitação são extremamente relevantes para o desenvolvimento da função de ajustamento, 
o que significa a passagem do “ensaio-erro” ao mecanismo de consciência por insight, 
que Piaget (1970) chama de “interiorização de esquemas”, pelo qual ele não diferencia 
representação mental de uma praxia (ato motor com fim determinado). Assim, todo 
movimento exploratório leva a criança ao exercício da tomada de consciência e 
ajustamento ao meio, a si próprio e aos objetos, levando o indivíduo em desenvolvimento 
a comunicar-se e a expressar-se por um tipo de linguagem que não precisa ser 
necessariamente falada. 
 
10 Desenvolvimento da Linguagem nos Primeiros Anos de Vida 
 
Antes mesmo de

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