Buscar

MORTE uma reflexão sobre a vida corrigido

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

MORTE: UMA REFLEXÃO SOBRE A VIDA.
Joice Cléa Santos Gomes*
Daianny Coelho Alencar
Saymon Silva Santos
Magda Maria de Castro Dias
Hugo Yasser Santos Freitas
Natália Pereira de Sousa 
INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR DO SUL DO MARANHÃO-IESMA
Artur Alexandre Barros da Costa **
INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR DO SUL DO MARANHÃO-IESMA
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo abordar a eutanásia e seus questionamentos acerca da “boa morte” e o que dá sentido à vida, apresentando seu conceito, sua história e classificações, como também instigar debates pertinentes à sua legalização no ordenamento jurídico brasileiro. O ponto de vista da sociedade também é abordado destacando argumentos sobre a prática da eutanásia, não deixando de lado a visão cultural religiosa que tanto influencia quando tratamos do assunto. A eutanásia é um tema bastante polêmico, sendo tolerada em algumas cultura e totalmente condenada em outras. É realizada para livrar um paciente da dor da qual é acometido devido a uma doença incurável. Esse tema envolve aspectos do ponto de vista jurídico, filosófico, social e ético(bioética), cultural, religioso e antropológico.
Palavras chave: morte, eutanásia, vida, ordenamento jurídico e bioética. 
ABSTRACT
Thisarticleaimstoaddresseuthanasiaandtheirquestionsaboutthe "gooddeath", presenting its concept, its historyand ratings, as well as instigating debates relevantto its legalization in theBrazilian legal system. The viewofsocietyisalsodiscussedhighlightingargumentsonthepracticeofeuthanasia, leavingasidethereligious cultural visionthatbothinfluenceswhendealingwiththesubject. Euthanasiais a verycontroversialissueandistolerated in some cultureandtotallycondemned in others. It isperformedtodeliver a painpatientwhichisaffectedduetoanincurabledisease. Thisthemeinvolvesaspectsfromthe legal point ofview, philosophical, social andethical (bioethics), cultural, religiousandanthropological.
Key words: death, euthanasia, life, lawandbioethics.
*Acadêmicos do terceiro período de Direito...
** Especialista em História e Geografia econômica do Brasil, pela FIA(Faculdades Integradas de Amparo – SP), Licenciado em Filosofia pela USF(Universidade São Francisco – SP), Professor na Unisulma (IESMA) nas disciplinas de Introdução à Filosofia e Filosofia do Direito.
1.Introdução 
A eutanásia,em sua acepção traz uma nova perspectiva à vida de pacientes que sofrem de doenças incuráveis ou está em um estado terminal, ou seja, “boa morte”. Chamada morte por compaixão.  
A eutanásia se destacou no conhecimento do homem do século XX, por trazer à frente questionamentos de ética e moral diante das novas descobertas da ciência e de uma sociedade mais humanizada.
Podemos perceber muitos debates sobre a eutanásia, sendo um deles a morte digna, para quem almeja acabar com o sofrimento e o homicídio por compaixão, para quem deseja matar o outro pelo sentimento piedoso de compaixão.
A eutanásia nem de longe é um assunto pacificado, nem do ponto de vista do direito e nem do ponto de vista da saúde. Alegam aqueles que são contrários a essa prática, princípios religiosos e sucessão de bens. Para quem defende, apontam a vontade do enfermo e o direito a uma morte mais digna, podendo assim dá amplitude ao assunto ao que tange à liberdade quando o paciente se faz capaz de suas faculdades mentais de escolher por si, revelando outro grande questionamento “vida é um direito ou uma obrigação?”.
Essa discussão envolve motivos de ordem ética(bioética), religiosa, social filosófica e cultural, é uma gama de valores que mexem com a formação de opinião de cada pessoa.
Em todo o mundo, a eutanásia é um assunto bastante discutido, a fim de ser ou não admitida como prática legal e ainda impor limites para a sua prática.
Percebe-se que nos tempos atuais a eutanásia deixou de ser vista apenas como homicídio ou a possibilidade de causar a morte a um enfermo, ela passa a ir muito além disso, nos questionando sobre o poder do homem de tirar a vida de outro sem sofrer as devidas sanções.Vale destacar que são poucos os países que tem por vias totalmente legais tal prática, somente Holanda e Bélgica.
Diante disso, abre-se uma nova esfera para saber qual postura deve ser adotada na legislação brasileira, já que no nosso ordenamento ela não está elencada de forma objetiva, aplicando-se a tipificação prevista no art. 121 do Código Penal, ou seja, o homicídio simples ou privilegiado. 
Por fim, o que ocorre na verdade é um medo coletivo da sociedade de como é morrer, e embora em condições não dignas para determinado enfermo, o que mais vale é estar suspirando, pois as crenças de que somente um ser supremo pode dar ou retirar a vida muitas vezes prevalece além dos direitos e garantias positivados.
2. Conceitos
Eutanásia: a palavra eutanásia deriva do grego EU=bom THANATOS=morte que significa, boa morte, morte doce, morte calmaindolor e tranquila. O termo eutanásia foi empregado por Francis Bacon em sua obra História da vida e da morte. Influenciado pela corrente de pensamento da filosofia experimental dominante na época, Bacon sustentou a tese de que nas enfermidades incuráveis era absolutamente humano e necessário dá uma boa morte e abolir o sofrimento dos enfermos.
Quanto ao ato em si: a eutanásia ativa  conduta deliberada de provocar a morte sem sofrimento do paciente, por fins humanitários (p. ex., utilização de uma injeção letal) , a eutanásia passiva  quando a morte ocorre por omissão em se iniciar uma ação médica (p. ex., deixar de se acoplar um paciente em insuficiência respiratória ao ventilador artificial)
Quanto ao consentimento do paciente: a eutanásia voluntária  a qual atende uma vontade expressa do doente, sendo, portanto, um sinônimo do suicídio assistido , eutanásia involuntária  quando o ato é realizado contra a vontade do enfermo (o que é sinônimo de homicídio) e eutanásia não voluntária  quando a morte é levada a cabo sem que se conheça a vontade do paciente.
Distanásia: ocorre por meios de exercícios técnicos levados a efeitos para adiar a morte, empregando todos os meios necessários para adiar a morte, ainda que cominado em situação irreversível ou estado meramente artificial. Na distanásia pode existir conflito de dois princípios gerais de bioética: o da autonomia e beneficência.
Ortotanásia: Auxilio dado pelo médico ao processo natural da morte. Consiste em suspender os medicamentos ou medidas que aliviem a dor ou de usar meios artificiais para prolongar a vida de um paciente em coma irreversível por ser intolerável o prolongamento de uma vida vegetativa sob o prisma físico, emocional e econômico, acatando solicitação do próprio enfermo ou de seus familiares.
3.Contexto histórico
Partindo da assertiva de que a eutanásia é um fenômeno bastante antigo (embora a nomenclatura seja mais atual), podemos brevemente ressaltar que nas sociedades antigas já era comum sua prática. O que regia os povos eram suas crenças e seus costumes e não um código, com normas tipificadas. Fazia parte de seus costumes a prática de os filhos matarem os pais quando estes estivessem velhos, e, também, de que crianças com anomalias fossem sacrificadas. Em Atenas, o Senado tinha o poder de definir sobre a morte dos velhos e incuráveis, através do envenenamento. O motivo de tal ato era que essas pessoas não contribuíam para a economia, apenas davam despesas ao governo. Em Esparta, recém-nascidos eram jogados de um precipício se nascessem deformados.
A discussão à cerca dos valores sociais, culturais e religiosos envolvidos na questão da eutanásia, apareceu em primeiro plano, na Grécia Antiga, de modo que foi Platão uns dos primeiros filósofos a abordar o tema, afirmando em seu livro A república que: “A medicina deve ser ocupar dos cidadãos que são bem constituídos de corpo e alma(..), deixando morrer aquele cujo corpo é mal constituído”1. No antigo Direito Romano, o suicídio era visto como uma violação do dever para com o Estado e para com os demais cidadãos
Durante a Idade Média, guerreiros feridosem batalhas recebiam um punhal para que tirassem a própria vida, e assim se livrassem da dor e do sofrimento.
Assim como Platão Thomas Morus postulavam o mesmo tratamento, inclusive em relação aos doentes mentais e à crianças doentes. Cleópatra e Marco Antônio instituíram a chamada “Academia” na qual se estudava meios mais brandos de administrar a morte aos que dela necessitasse.
Na idade moderna com o advento do movimento humanista e da teoria Iluminista do Séc.XVIII a partir de Montesquieu e Beccaria foi notório definir o absurdo lógico do suicídio como crime. Conforme doutrinava Beccaria em uma famosa de suas obras mais famosas “Dos delitos e das penas”:
O suicídio é um delito que parece não poder admitir uma pena propriamente dita já que ela só pode recair sobre os inocentes ou sobre um corpo frio e insensível. Se esta não causa nenhuma impressão nos vivos, como não causaria o açoitar uma estátua; aquela injusta e tirânica porque a liberdade dos homens supões necessariamente que as penas sejam puramente pessoais.2
Nesse primeiro momento podemos perceber que a eutanásia se fez presente na história sempre levantando questionamentos e discussões políticas nas sociedadesacerca de sua aplicação e a valoração da pessoa humana diante de sua evolução histórica.
4. Filosófico(Sócrates e Platão) “Boa morte”
A morte também era um mistério para Sócrates, ele se detinha a dizer que não havia como saber se o fim da vida seria bom ou ruim, visto que não se tinha como saber, pois ninguém a conhece, ele considerava fazer após a morte o que sua razão ditava como correto, mesmo que depois da vida houvesse aniquilação ou outra vida. Sócrates ainda aponta que não há motivo para temer a morte e sim uma má vida, que para ele se caracteriza como uma vida que não é regida segundo o que a razão diz ser melhor.
Para Sócrates a morte só será boa se assim como “será boa a vida na medida em que a alma se harmonize através do processo de eliminação gradual das falsas opiniões de modo a torná-la uma imagem do cosmo” (Denucci, 2008)3. Sócrates também diz que não se deve desejar viver a qualquer custo, ou dessa mesma forma escapar da morte para viver, mas deve-se sim, viver bem. Nesse ponto ele considera a dor física, se for por um bem viver, um mal necessário, tratamentos para uma cura posterior.
Há casos também em que a derradeira morte se apresenta como inevitável-mas aí não cabe amargurar os últimos dias com tristezas, mas sim aproveitar  ao máximo o que resta e aceitar o inevitável. Esta morte não é a negação da vida, mas a conclusão dela, tempo de fazer o balanço de uma existência e contemplá-la, tempo de despedir-se dos seus. Bocayuva (2007 como citado em Denucci, 2008, p. 158)
A morte de Sócrates foi, de certa forma a uma escolha, onde ele poderia escolher entre uma vida degradante e a morte, e para ele que amava o bem viver e não apenas a vida por si só,[...] não quis destruir sua obra e a bela harmonia de sua alma em nome de um patético e torpe prolongamento de seus anos. Se Sócrates optasse por viver a todo custo, na verdade teria uma vida sem sentido algum e desprovida de dignidade. Sócrates percebeu que a morte naquele momento seria um fim adequado e belo para a sua vida, fim que completaria sua obra e manteria até o fim a harmonia de sua alma. Bocayuva (2007 como citado em Denucci, 2008, p. 158)
Visto isso, Denucci diz que Sócrates primou em sua vida e em sua morte não viver a todo custo e sim a harmonia de sua alma.
Sócrates, citado por Dastur (2002), sugere que o medo da morte é algo antinatural, pois se baseia na noção de que se conhece algo que se desconhece. A relação do ser humano com a morte vem se transformando através dos séculos, e já foi considerada como um acontecimento natural, inevitável e perfeitamente aceito. Essa relação anterior de familiaridade com a morte possui hoje outra conotação na cultura ocidental, visto que as pessoas se sentem desconfortáveis perante ela.
Podemos citar a celebre obra de Platão A República onde fala sobre o prolongamento da vida em caso de doença incurável, Platão demonstra-se a favor do que hoje chamamos de eutanásia, ele ainda diz que o prolongamento de uma vida dessa forma, vai de encontro com a condição de finitude da vida. Seu argumento se mantém lembrado, de certa forma, até hoje. (Siqueira-Batista &Schramm, 2004)4
Siqueira-Batista &Scharamm (2004) afirma que Platão também diz que o uso de fármacos deve ser levado em conta apenas em enfermidades mais sérias, que causariam danos à vida – salvo em casos que a doença for incurável, ratificando o que já foi dito – deixando, assim, as mais leves seguirem seu curso.
O prolongamento da vida é abominado por Platão não só em relação aos remédios, mas também a ginásticas e dietas, ele fala que essas posturas acabam por dificultar as atividades políticas dos homens. (Siqueira-Batista &Schramm, 2004)
Segundo Siqueira-Batista e Schramm (2004), Platão ainda diz que não vale apena viver uma vida onde é necessário se esquivar da morte. A partir do pensamento de Platão é claro a preocupação com a política coletiva, para ele não se faz diferença entre os homens no que diz respeito a deixar de existir quando não há o mínimo de sentido ou qualidade de vida na condição da vida de homens e cidadãos.
Sob a ótica de Siqueira-Batista e Schramm (2004), Platão coloca que esse prolongamento da vida também suscita discussões sobre o valor econômico desse prolongamento. O coletivo necessitaria levantar fundos para manter uma vida desenganada.
Em suma, há uma gama de impossibilidades para manter uma vida que não vale à pena ser vivida, que vai desde o bem-estar do indivíduo, até os gastos para mantê-lo vivo. (Siqueira-Batista &Schramm, 2004).
5. Ética e Bioética
No amplo horizonte representado pela bioética, uma das frentes de debate é precisamente o fim da vida, ganhando força as discussões sobre eutanásia, distanásia, até onde intervir sem agredir, o que, em um primeiro momento, parece apontar para uma preeminência dos aspectos individuais foco naquele que morre , em detrimento das perspectivas que levam em consideração a sociedade. 
O que está ligado à morte é a questão do processo de morrer, o qual evoca indagações relativas ao sofrimento e à qualidade de vida. Falecer ganha contornos de "partida", implica o deixar de fazer parte deste único mundo conhecido, afastando-se do convívio de pessoas queridas. Morrer causa temor, é o desconhecido que está por vir, situando o homem diante de seu próprio ocaso, relação esta chamada por M. Heidegger, ser-para-a-morte. Nesta situação, a perspectiva de extinção da vida de forma insidiosa, possibilita a adoção de uma postura reflexiva, com revisão de conceitos e paradigmas por parte daqueles que experimentam a proximidade da morte quer enfermos, familiares, ou profissionais. Não podemos esquecer que para aqueles que exercem a medicina, a morte/vida ou até mesmo o processo de morrer ancora suas convicções profissionais e também pessoais.
A aplicação de novas tecnologias à medicina trouxe em seu âmago todo um repertório de manutenção das funções biológicas, com amplas possibilidades para salvar inúmeras vidas. Neste âmbito, um dos elementos de destaque é a biotecnociência, capaz de ir ao encontro do "velho" desejo humano de vencer a morte. Porém é de se questionar que diante de tal ciência situa-se a postura adotada por alguns médicos de manter artificialmente o enfermo com os sistemas orgânicos em funcionamento, por meio do emprego de toda a ciência e tecnologia disponíveis, com a obtenção de uma nova "vitória" sobre a morte a cada momento, a despeito de todo o sofrimento causado. Aí vale lançar a pergunta “Até que ponto não questionamos a boa morte como reflexão para a vida?” “A eutanásia não seria a porta para o valor da morte?”
6. Contexto Jurídico
Podemos dizer que a dignidade da pessoa humana é um elo das atividades civis de toda pessoa, independentemente de sua procedência, raça, sexo, idade, estado civil ou condição social e econômica, merece ser respeitadapor sua condição de ser humana.
O conceito de dignidade humana, que segue o indivíduo no decorrer de toda vida, igualmente deve ser decisivo na hora da sua morte? De tal modo que exista direito a uma vida digna, haveria também direito a uma morte digna? Estas questões devem ser enfrentadas com sobriedade pela sociedade brasileira.
O direito à vida não pode ser entendido como absoluto; assim como nenhum direito o é. Tal entendimento, aliado às mais diversas razões de direito, torna possível a fortificação de princípios eminentes, tais como o da dignidade da pessoa humana, com a valorização da ideia de dignidade kantiana, sendo o sujeito o fim em si mesmo.
Nota-se portanto que a dignidade, na qualidade de valor inerente do ser humano, determina para o indivíduo o direito de deliberar de forma independente sobre suas concepções existenciais e, ainda que esta independência lhe falsear ou não puder ser presente, ainda sim ser considerado e respeitado pela sua condição humana.
Destarte o Direito à Vida é avaliado como o mais essencial de todos os direitos; é o principal dentre eles, pondera-se como um o marco inicial para o surgimento dos demais. O direito à vida precisa ser conceituado como o elemento inicial da moral médica.
Como vimos então no decorrer da história a presença do tema que reflete a “vida” e a “morte” com o tema “eutanásia” é pertinente perceber no âmbito jurídico os efeitos transcorrido em face desses questionamentos. Vários países, no decorrer do tempo, aventaram a possibilidade de prever a eutanásia em seus ordenamentos jurídicos, na Inglaterra, no ano de 1931, foi proposta uma lei para a aplicação de previsão legal da Eutanásia Voluntária, porém a Câmara inglesa não acatou. Atualmente, alguns países já preveem a eutanásia em sua legislação como, por exemplo, a Holanda e a Bélgica. Já a Suíça, preferiu admitir prática semelhada, o suicídio assistido.
Na Legislação Brasileira tanto a eutanásia como a ortotanásia são consideradas como atitudes criminosas. Em que pese a Resolução[20] n°. 1.805/2006 do Conselho Federal de Medicina (CFM), não tratar a ortotanásia como ilícito penal, não se pode esquecer que tal procedimento está insculpido no Decreto-Lei n°2.848, de 7 de dezembro de 1940, mais precisamente no seu art.121 sendo tratado como homicídio privilegiado, com base no relevante valor moral, conforme aduz o que segue:
“Homicídio simplesArt 121. Matar alguém:Pena - reclusão, de seis a vinte anos.Caso de diminuição de pena. § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.”
Salienta-se, no entanto, que na ótica médica, conforme dispõe o art. 41 do Código de Ética Médica (aprovado pela Resolução 1.931/2009, do Conselho Federal de Medicina) caracteriza-se a ortotanásia como procedimento ético.
É vedado ao médico:“Art. 41. Abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido deste ou de seu representante legal.”Marcos Aurélio, ex-ministro do STF, referia que viver é um direito e não uma obrigação, e que não há dignidade em uma vida vegetativa. Os pacientes terminais, nas palavras de Leo Pessini (especialista em bioética) não passam de “cadáveres humanos”.não se vê sentido na proibição da eutanásia e eventual permissão da ortotanásia – a diferença se encontra no agir. O sujeito ativo, em um ato comissivo, na eutanásia, ceifa a vida do paciente, por piedade, enquanto que, na ortotanásia, se faz exatamente o mesmo, mas por omissão.
O argumento favorável à punição nada mais é do que um direito repressor egoístico, que em nada se equipara com um direito penal mínimo, atrelado às noções de dignidade da pessoa humana. O sentimento de manter a vida, a qualquer custo, mesmo com o suplício da vítima e a impossibilidade atestada de melhoria, parece atender a interesses individualistas de proteção absoluta à vida, sem se considerar, para tanto, a vontade particular e o anseio do paciente.
Prolongar a vida é, em alguns casos, justamente desrespeitá-la; isso porque a vida não é completa sem sua dignidade, que abarca, entre outros fatores, o do viver saudável. Desta forma, resta claro que, mormente em um paralelo com o direito comparado, nossa legislação ainda deve evoluir, no sentido de permitir – com as devidas cautelas legais – o cometimento da eutanásia e da ortotanásia.
Hodiernamente, não há regulação no diploma repressivo para os casos em que efetivada a eutanásia. Aliás, eutanásia nada mais é que homicídio. Para os casos em que o réu é denunciado como incurso nas sanções do artigo 121 do Código Penal, todavia, é comum que se aplique a excludente da ilicitude do estado de necessidade de terceiro.
Remeter ao estado de necessidade de terceiro, por ilicitude (tendo em vista que esta excludente é fator de exclusão deste elemento do tipo) entende-se a relação de contrariedade entre o fato típico e o ordenamento jurídico como um todo, inexistindo qualquer norma permitindo, fomentando ou determinando a conduta típica. Não se lista aqui o consentimento do ofendido como uma das causas aptas a justificar a eutanásia, vez que, apesar de causa supralegal justificante, trata dos bens jurídicos disponíveis.
O Estado de Necessidade vem legislado no artigo 24 do Código Penal brasileiro de 1940:
“Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.”
O Projeto de lei número 236 de 2012, anteprojeto do novo Código Penal do Senado Federal, que trata da eutanásia e da ortotanásia, em seu §2º:
“Eutanásia Art. 122. Matar, por piedade ou compaixão, paciente em estado terminal, imputável e maior, a seu pedido, para abreviar-lhe sofrimento físico insuportável em razão de doença grave:Pena – prisão, de dois a quatro anos.§ 1º O juiz deixará de aplicar a pena avaliando as circunstâncias do caso, bem como a relação de parentesco ou estreitos laços de afeição do agente com a vítima.Exclusão de ilicitude§ 2º Não há crime quando o agente deixa de fazer uso de meios artificiais para manter a vida do paciente em caso de doença grave irreversível, e desde que essa circunstância esteja previamente atestada por dois médicos e haja consentimento do paciente, ou, na sua impossibilidade, de ascendente, descendente, cônjuge, companheiro ou irmão.”
Sendo assim, as diversas interpretações, tanto das normas já vigentes, quanto do projeto de lei, tornam o debate confuso. A Constituição fala de um direito de viver, e não um dever de morrer. A questão é saber se existe um direito constitucional à morte. O direito a vida já existe, só resta agora, o direito a morte digna. 
7. CONCLUSÃO
Estamos diante de uma discussão que não somos a favor da prática da eutanásia, tema de discussão do presente artigo. Destarte a eutanásia traz uma nova visão que dá fim a vida de pacientes que sofrem de doenças incuráveis e dolorosas de forma piedosa, sem sofrimento.
Diante dessa nova discussão, buscamos analisar sobre a vida nos pontos de vista da bioética, da filosofia, ética e jurídica, que traz em seu arcabouço diversos questionamentos.
A vida é um direito irrenunciável, posto que a legislação brasileira resguarda a vida e que ninguém será submetido a tratamento desumano e degradante.
A nossa vulnerabilidade perante a doença, nos coloca de situação de pessoa em necessidade que reclama a solidariedade e a equidade dos prestadores de cuidados. Naturalmente, estes princípios não apresentam uma relação simples e hierárquica, sendo que frequentemente, existem tensões na sua aplicação, mas, a de repensar nos termos e condições da qualidade de vida, posto que uma vida que tira a liberdade a autonomia dos movimentos por completo não pode e nem deve ser considerado um direito, mas, uma obrigação que influi no sofrimento maior para a família, afirmando o enfermo a favor daprática ilícita onde ela não é aprovada. 
A abreviação da vida no caso de um paciente sem perspectiva de cura, deixando de investir em seu tratamento recursos, ocasionariam uma morte involuntária, ou seja, a decisão de dar fim aquela vida não seria de paciente, mas de terceiros. O direito de pôr fim a própria vida seria igualmente negado, assim como o direito ao suicídio. Ao suicida nenhuma pena é imposta já que perdeu seu bem mais precioso, aquele que é condição para todos os outros: o bem da vida. Por isso, esse bem deve ser protegido contra todos até mesmo contra o próprio indivíduo. Observa se assim que o dever do estado em proteger a dignidade da pessoa humana, envolve inclusive, atos da pessoa contra si própria que autoriza a sua intervenção sempre que haja algum atentado realizado pela pessoa contra sua própria dignidade. 
A experiência pessoal leva-nos a refletir sobre assertiva “morrer com dignidade” eis que, no momento de fazer um balanço do que foi o nosso caminho, começando com a inquietação pessoal que se vinha manifestando sobre a morte e o morrer, resulta na reflexão da pratica de eutanásia em pacientes terminais. É notório a repreensão no seio religioso, pois nessa perspectiva somente aquele que deu a vida tem o poder e a liberdade para tirá-la. Porém, está no momento de pensarmos na MORTE como uma reflexão sobre a vida.
REFERÊNCIAS
MENEZES. Evandro Correa de. Direito de matar. Rio de Janeiro: Freitas Bastos,1977 p.70
BECCARIA, Cesare. Dos Delitos e das penas. Rio de Janeiro: editora. Hemus, 1996 p.79
DINUCCI, A.A bela morte é o fim da bela vida de Sócrates.(2008).  Aisthe, 1(2), 155-159.
SIQUEIRA-BATISTA, R., Schram, F. R.(2004). A filosofia de Platão e o debate bioético sobre o fim da vida: interseções no campo da Saúde Pública. Cad. Saúde Pública, 20(3), 855-865. Recuperado em 13 fevereiro de, 2012,
ROHE, Anderson. O paciente terminal e o direito de morrer. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2001.
NORONHA, Magalhães, Direito Penal, vol. 2º/32, São Paulo: Saraiva, 1991.

Outros materiais