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Autor: Prof. Antonio Fernando Pires Título: Idéias sobre Direito Constitucional, Espécies Normativas, Estado e Poderes Matéria: CIÊNCIAS POLÍTICAS A PO ST IL A S Apostilas Série Assunto: Idéias sobre Direito Constitucional, Espécies Normativas, ... Matéria: Autor: Ciências Políticas Prof. Antonio Fernando Pires 2 CONTEÚDO 1. DIREITO CONSTITUCIONAL – RAMO DO DIREITO PÚBLICO 2. CONCEITO DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DE CONSTITUIÇÃO 3. ESPÉCIES NORMATIVAS 4. CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES 5. ELEMENTOS DA CONSTITUIÇÃO 6. HISTÓRICO DAS CONSTITUIÇÕES 7. PODER CONSTITUINTE 8. RECEPÇÃO 9. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS (artigos 1º ao 4º, CF) 10. NACIONALIDADE (artigo 12, CF) 11. DIREITOS POLÍTICOS (artigos 14 e 15, CF) 12. PARTIDOS POLÍTICOS (artigo 17, CF) 13. SISTEMAS ELEITORAIS 14. FEDERALISMO E REPARTIÇÃO CONSTITUCIONAL DE COMPETÊNCIAS (artigos 20 ao 24, CF) 15. UNIÃO (artigos 20 ao 24, CF) 16. ESTADOS (artigos 25 ao 28, CF) 17. MUNICÍPIOS (artigos 29 ao 31, CF) 18. DISTRITO FEDERAL (artigo 32, CF) 19. INTERVENÇÃO (artigos 34 ao 36, CF) 20. PODER LEGISLATIVO (artigos 44 a0 58, CF) 21. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO (artigos 70 a0 75, CF) 22. TRIBUNAL DE CONTAS DOS ESTADOS, DISTRITO FEDERAL E MUNICÍPIOS 23. PODER EXECUTIVO (artigos 76 ao 91, CF) 24. PODER JUDICIÁRIO (artigos 92 ao 126, CF) 25. FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA (artigos 127 ao 135, CF) 26. ESTADO DE DEFESA E ESTADO DE SÍTIO (artigos 136 ao 139, CF) Assunto: Idéias sobre Direito Constitucional, Espécies Normativas, ... Matéria: Autor: Ciências Políticas Prof. Antonio Fernando Pires 3 IDÉIAS SOBRE DIREITO CONSTITUCIONAL, ESPÉCIES NORMATIVAS, ESTADO E PODERES 1. DIREITO CONSTITUCIONAL – RAMO DO DIREITO PÚBLICO O Direito Constitucional é ramo do Direito Público. O Direito tem uma dicotomia: Direito Público e Direito Privado. No Direito Privado encontram-se os ramos do Direito Civil e Direito Comercial. Leva-se em consideração, no Direito Privado, a vontade das partes, ou seja, o contrato. Mas isto não significa dizer que não há lei regendo o Direito Privado. Temos, por exemplo, o Código Civil. Qual, então, o papel da lei no Direito Privado? A resposta é simples: dar apenas um balizamento mínimo para que os contratos possam ser firmados. A lei, no Direito Privado, não interfere na vontade das partes, mas diz que o negócio não pode ter objeto ilícito, agente incapaz, etc. Sendo lícito o objeto, as partes podem livremente determinar o modo de pagamento (se à vista ou em prestações), dentre outras estipulações. Já no Direito Público encontram-se os demais ramos do Direito: Direito Constitucional, Direito Penal, Direito Processual Penal, Direito Processual Civil, Direito do Trabalho, dentre outros. No Direito Público, a vontade que prevalece é a da lei. Não se indaga da vontade das partes, mas sim, e somente, da vontade da lei (interesse da coletividade). 2. CONCEITO DE DIREITO CONSTITUCIONAL E DE CONSTITUIÇÃO O Direito Constitucional pode ser conceituado como o ramo do Direito Público que tem por objeto o estudo da Constituição. Já Constituição pode ser conceituada como complexo de regras que dispõem sobre a organização do Estado, origem e organização dos Poderes, organização das liberdades públicas e competências estatais. Para José Afonso da Silva, Constituição é “um sistema de normas jurídicas, escritas ou costumeiras, que regula a forma do Estado, a forma de seu governo, o modo de aquisição e o exercício do poder, o estabelecimento de seus órgãos e os limites de sua ação1 1 Curso de Direito Constitucional Positivo. 22ª Ed., Editora Malheiros, 2003, p. 37-38. ”. Assunto: Idéias sobre Direito Constitucional, Espécies Normativas, ... Matéria: Autor: Ciências Políticas Prof. Antonio Fernando Pires 4 3. ESPÉCIES NORMATIVAS A Constituição ocupa o ápice da pirâmide normativa. Todas as normas infraconstitucionais são subordinadas hierarquicamente a ela. O ordenamento jurídico brasileiro tem diversas espécies normativas. Todas obedecem à Constituição. Normatizar significa regulamentar algo. Significa regrar algo. Então temos várias espécies normativas no Brasil (regras, normas), que normatizam, ou seja, que regulam a vida em sociedade. Assim, temos as seguintes espécies normativas em nosso ordenamento jurídico: Constituição, Emendas, Leis Complementares, Leis Ordinárias, Leis Delegadas, Medidas Provisórias, Decretos Legislativos, Resoluções, Tratados, Decretos e atos administrativos inferiores. É o que nos dizem o artigo 5º, parágrafos 2º e 3º, artigo 49, inciso I, artigo 59 (previsão genérica) e artigo 84, incisos IV e VIII. Quanto aos atos administrativos inferiores, decorrem do artigo 37 e de outros artigos que criam órgãos e Poderes, espalhados pelo texto constitucional. → HIERARQUIA ENTRE AS LEIS Antes do estudo detalhado das espécies normativas, interessante notar que não existe hierarquia entre as leis. O que existe é apenas hierarquia destas em relação à Constituição, como aliás acontece em relação a qualquer espécie normativa e a Constituição. O que ocorre é que as leis têm campos de atuação diversos, baseados na competência dada a cada uma delas pela própria Constituição. A Constituição disse, no art. 30, I, por exemplo, que é competência do Município legislar sobre assuntos de interesse local. Com base nesse dispositivo, o Município editou a Lei do Cinto de Segurança. De nada adianta surgir uma Lei Ordinária Federal, de iniciativa do Presidente da República, sobre cinto de segurança em determinado Município. Este assunto cabe somente a cada Município e a mais ninguém. Há Municípios que não têm a citada lei. Cada um decide. O governo federal não pode intervir, com uma Lei Ordinária Federal, sob pena do Judiciário afastar a Lei Ordinária Federal por invasão de competência, ou seja, invasão de campo de atuação. A doutrina majoritária e a jurisprudência (inclusive do STF) adotam o posicionamento supra. Manoel Gonçalves Ferreira Filho, todavia, sustenta que lei complementar estaria acima da lei ordinária, vinculando-a hierarquicamente2 2 Curso de Direito Constitucional. 29ª Ed., Editora Saraiva, 2002, p. 208. . Assunto: Idéias sobre Direito Constitucional, Espécies Normativas, ... Matéria: Autor: Ciências Políticas Prof. Antonio Fernando Pires 5 – EMENDAS (60, CF) A Emenda (art. 60), uma vez aprovada, torna-se norma constitucional. As Emendas podem ser propostas por 1/3 dos membros Câmara dos Deputados ou 1/3 dos membros do Senado, pelo Presidente da República ou mais da metade das Assembléias Legislativas do país, manifestando-se, cada uma delas, por maioria simples. Para se aprovar uma Emenda é necessária a maioria qualificada. Isto significa: 3/5 dos Deputados + 3/5 dos Senadores + 3/5 dos Deputados novamente e + 3/5 dos Senadores novamente. Ou seja, maioria de 3/5 nas duas Casas Legislativas em dois turnos em cada uma. As Emendas possuem vedações (limitações), que são situações em que não podem ser propostas. A primeiravedação é a circunstancial. Na circunstância de estado de sítio, estado de defesa ou intervenção federal não poderá ser proposta Emenda à Constituição (60, § 1º). A segunda vedação refere-se às cláusulas pétreas (art. 60, § 4º). Não poderá haver Emenda sequer tendente a abolir a forma federativa de Estado, o voto direto, secreto, universal e periódico, a separação dos Poderes e os direitos e garantias individuais (art. 5º). A terceira vedação é procedimental (60, § 5º): uma Emenda rejeitada numa sessão legislativa (a sessão legislativa – art. 57 – praticamente coincide com o ano do calendário comum) só poderá ser reproposta na próxima sessão legislativa. – LEIS COMPLEMENTARES (69, CF) As lei complementares podem ser federais, estaduais e municipais. São aprovadas por maioria absoluta (art. 69). Portanto, é necessária a metade dos membros da Casa + 1 para se aprovar uma lei complementar. Quando a Constituição requer uma lei complementar para tratar de determinado assunto, ela assim dispõe expressamente. Ou seja, a Constituição pede expressamente uma lei complementar. Se a Constituição mencionar apenas a palavra “lei”, ou nada mencionar, requererá, no plano infraconstitucional, uma lei ordinária. – LEIS ORDINÁRIAS (47, CF) As leis ordinárias constituem a maioria das espécies normativas feitas pelo Poder Legislativo. Podem ser federais, estaduais e municipais também. São aprovadas por maioria simples ou relativa (art. 47), ou seja, metade dos presentes + 1. Assim como as leis complementares, são submetidas à sanção ou veto do Presidente da República. → PROCESSO LEGISLATIVO (LEIS COMPLEMENTARES E LEIS ORDINÁRIAS) As Emendas seguem processo legislativo próprio, como visto acima. As leis complementares e ordinárias seguem o seguinte processo legislativo: 1) FASE DA INICIATIVA – art. 61. Qualquer um dos legitimados do art. 61 é apto a propor um Projeto de Lei. Inclusive o povo (art. 61, § 2º - Iniciativa Popular); Assunto: Idéias sobre Direito Constitucional, Espécies Normativas, ... Matéria: Autor: Ciências Políticas Prof. Antonio Fernando Pires 6 2) FASE DA DISCUSSÃO. As Comissões, em seguida (art. 58), discutem o Projeto de Lei e, se não o aprovarem, ele será arquivado. A Constituição expressamente no art. 58 deu poderes às Comissões, a serem definidos no Regimento Interno do Congresso Nacional, Câmara dos Deputados e Senado Federal, para deliberar sobre o andamento do Projeto de Lei. Temos as Comissões Permanentes (como a Comissão de Constituição e Justiça – CCJ, por onde passam todos os Projetos de Lei) e Temporárias (criadas para apreciação de um determinado Projeto de Lei; ao término da apreciação, são desfeitas); 3) FASE DA VOTAÇÃO. Esta fase ocorre em Plenário, quando os Deputados e Senadores votam pela aprovação ou rejeição do Projeto de Lei; 4) FASE DA SANÇÃO OU VETO. Está no artigo 66 e parágrafos. É uma participação do Poder Executivo no Processo Legislativo. O Presidente da República pode sancionar o Projeto de Lei, seguindo-se, após, a publicação. Pode ocorrer a sanção tácita, no silêncio do Presidente da República por mais de 15 dias. Mas o Presidente também pode vetar o Projeto de Lei. São dois os motivos do veto: inconstitucionalidade ou falta de interesse público. O Legislativo, a seu turno, por maioria absoluta, pode derrubar o veto, seguindo-se a publicação. A publicação, e somente ela, transforma o Projeto de Lei em Lei, e é feita no Diário Oficial. Antes da publicação não há Lei. O Projeto de Lei não obriga nem vincula nenhum cidadão. Simplificadamente, temos: INICIATIVA → DISCUSSÃO → VOTAÇÃO → SANÇÃO OU VETO → PUBLICAÇÃO → EXISTÊNCIA, VIGÊNCIA, VALIDADE E EFICÁCIA DAS LEIS A existência de uma lei ocorre com a publicação em Diário Oficial. Mesmo que ainda não vigente, será existente. A vigência equivale ao período de vida da lei. Refere-se à sua obrigatoriedade perante todos. Segundo o art. 2º, da Lei de Introdução ao Código Civil – LICC, a lei vige até ser revogada por outra (a revogação total denomina-se “ab-rogação”, e a revogação parcial denomina-se “derrogação”). Se for lei temporária, vigora pelo prazo que ela própria estipular. Eis o teor do referido art. 2º: Art. 2º - Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. § 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. § 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. § 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. Assunto: Idéias sobre Direito Constitucional, Espécies Normativas, ... Matéria: Autor: Ciências Políticas Prof. Antonio Fernando Pires 7 De notar-se que o parágrafo 3º acima traz a regra da não repristinação. Repristinar significa ressuscitar, reavivar uma lei revogada. Tal não é permitido no Brasil, a não ser que a lei revogadora contenha disposição em contrário. A vigência, portanto, é a potencialidade para a lei incidir. O art. 1º da LICC nos diz que a lei, salvo disposição em contrário, começa a vigorar (ter vigência) após 45 dias de sua publicação (vacatio legis). A validade diz respeito com o Órgão que fez a lei. Se a lei não foi feita pelo Órgão competente, ou por procedimento errôneo, será inválida. A eficácia, a seu turno, é a efetividade da norma, ou seja, sua efetiva observância e aplicação (é o poder de produzir os resultados desejados). As lei podem ter eficácia jurídica (ex: uma lei revoga outra) e eficácia social (aceita e cumprida por todos; ex: todos cumprem a lei do cinto de segurança). Mas as leis podem ter eficácia jurídica e não ter eficácia social. – LEIS DELEGADAS (68, CF) Encontram-se no art. 68 da Constituição. As leis delegadas são elaboradas pelo Poder Executivo (Presidente da República), que solicita a delegação ao Congresso Nacional. Há vedações, como, por exemplo, a impossibilidade de se elaborar uma lei delegada sobre matéria reservada à lei complementar. O ato de delegação ao Presidente da República será uma Resolução. – MEDIDAS PROVISÓRIAS (62, CF) São atos normativos elaborados pelo Presidente da República em casos de relevância e urgência e têm força de lei ordinária federal, devendo ser imediatamente submetidas ao Congresso Nacional para aprovação ou rejeição. As medidas provisórias, uma vez publicadas, já adquirem eficácia. Há vedações, como, por exemplo, a impossibilidade de se elaborar medida provisória sobre direito penal, direito processual penal e direito processual civil. As medidas provisórias sobre tributos só produzem efeito no ano seguinte, e isto se forem convertidas em lei no mesmo ano em que forem editadas. As medidas provisórias têm o prazo de validade de 60 dias, podendo este prazo ser prorrogado uma única vez por mais 60 dias. Todavia, se não apreciada pelo Congresso Nacional em 45 dias, tranca a pauta, ficando o Congresso impedido de votar qualquer outro ato. Assunto: Idéias sobre Direito Constitucional, Espécies Normativas, ... Matéria: Autor: Ciências Políticas Prof. Antonio Fernando Pires 8 As medidas provisórias estão sujeitas a um parecer prévio dos Deputados e Senadores e terão sua votação sempre iniciada na Câmara dos Deputados. As medidas provisórias, rejeitadas expressa ou tacitamente, terão as relações jurídicas delas decorrentesdisciplinadas por decreto legislativo. – DECRETOS LEGISLATIVOS (49, CF) São de competência exclusiva do Congresso Nacional, para veicular as matérias previstas no art. 49 e 62, § 3º e § 11 da Constituição. Têm efeitos externos e são votados em sistema bicameral por maioria relativa. Os decretos legislativos não estão submetidos a sanção ou veto do Presidente da República. – RESOLUÇÕES (52/53, CF) São, em regra, atos normativos que veiculam matérias privativas da Câmara ou do Senado (artigos 51 e 52). Têm, em regra, efeitos internos (exceção: art. 68 – efeitos externos – delegação ao Presidente da República pelo Congresso Nacional; art. 155, § 1º, IV, e § 2º, IV e V). Não estão sujeitas a sanção ou veto. – TRATADOS (5º, § 3º, CF) Os Tratados são acordos internacionais firmados pelo Brasil com um ou mais países. Objetivam vantagens econômicas, políticas, sociais, etc. Após a assinatura do Tratado pelo Presidente da República, este só produzirá efeitos internos se devidamente ratificado pelo Congresso Nacional através de Decreto Legislativo (art. 49, I). Os Tratados especificamente sobre Direitos Humanos têm status de Emenda (art. 5º, § 3º). Se anteriores ao art. 5º, § 3º (introduzido pela Emenda nº 45/04), têm natureza “supralegal”, ou seja, estão entre a Constituição e a legislação infraconstitucional. Vide, abaixo, comentários sobre o inciso LXV, do art. 5º. Os Tratados sobre matéria tributária prevalecem sobre legislação interna anterior e posterior à sua ratificação (art. 98, Código Tributário Nacional). – DECRETOS (84, IV, CF) Os Decretos estão previstos no art. 84, IV. São expedidos pelos Chefes do Executivo Federal (Presidente), Estadual (Governador), Distrital (Governador do Distrito Federal) e Municipal (Prefeito) para fiel execução das leis. Os Decretos dão operacionalidade à lei. Regulamentam a lei. O Chefe do Executivo decreta uma desapropriação, por exemplo, com base na lei das desapropriações. O Decreto calca-se sempre numa lei. Assunto: Idéias sobre Direito Constitucional, Espécies Normativas, ... Matéria: Autor: Ciências Políticas Prof. Antonio Fernando Pires 9 Os Decretos são, portanto, atos administrativos, não podendo transbordar do conteúdo das leis às quais se vincularem. A questão do Decreto será sempre de legalidade ou não, e não de inconstitucionalidade, embora possa existir controle de constitucionalidade dos chamados Decretos autônomos (que não se vinculam a uma lei; é o caso dos Decretos previstos no art. 84, VI). – ATOS ADMINISTRATIVOS INFERIORES Constituem-se em atos administrativos dos órgãos públicos, como, por exemplo, Instruções Normativas, Portarias, Regimentos Internos, Provimentos, Ordens de Serviço, dentre outros. 4. CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES Quanto à origem, as Constituições podem ser promulgadas ou votadas, que é o caso da nossa atual (1988), ou outorgadas (impostas arbitrariamente, como foi o caso da Constituição 1967, no período da ditadura militar). Quanto à mutabilidade, as Constituições podem ser: a) rígidas; b) semi-rígidas; c) flexíveis. As Constituições rígidas são aquelas que exigem para sua alteração processo mais solene e dificultoso do que o processo para elaboração de lei ordinária. A Constituição rígida só é alterável por Emenda, que prevê maioria qualificada. Já a Constituição semi-rígida apresenta uma parte alterável por quorum de lei ordinária e outra parte alterável por processo mais solene e difícil do que o da lei ordinária (esta outra parte só seria alterável por Emenda). Por fim, a Constituição flexível é aquela que pode ter suas normas alteradas pelo mesmo processo de elaboração de lei ordinária (maioria simples ou relativa). Nossa Constituição é rígida. Quanto à forma, as Constituições podem ser escritas (ou dogmáticas) ou costumeiras (ou históricas). Nossa Carta é escrita. Já a Constituição da Inglaterra é costumeira, ou seja, não é escrita, é apenas fundada nos costumes do povo. Quanto ao conteúdo, as Constituições podem ser materiais ou formais. Materiais são aquelas que encerram normas de conteúdo constitucional (criação dos Poderes, forma de governo, liberdades públicas, etc). Formais são Constituições que encerram normas que não têm conteúdo constitucional, mas que são consideradas constitucionais porque estão na Constituição (ex: art. 242, § 2º e art. 231). Nossa Constituição tem normas materiais e meramente formais. Quanto à ideologia, as Constituições podem ser ortodoxas, como a Constituição russa, que prega apenas o comunismo, ou ecléticas, como a nossa, que é informada por diversas ideologias (socialismo, capitalismo, etc). Assunto: Idéias sobre Direito Constitucional, Espécies Normativas, ... Matéria: Autor: Ciências Políticas Prof. Antonio Fernando Pires 10 5. ELEMENTOS DA CONSTITUIÇÃO A Constituição representa um todo orgânico e sistemático mas, como documento estruturante, tem elementos que a compõem. São 5 os tipos de elementos que formam a Constituição: a) elementos orgânicos – regulam os Poderes do Estado e Órgãos (exemplos: Títulos III e IV da Constituição); b) elementos limitativos – restringem a atividade do Estado, consagrando as liberdades públicas (exemplo: art. 5º); c) elementos sócio-ideológicos – revelam um compromisso do Estado em relação ao indivíduo. O Estado social consiste em um Estado voltado para os anseios da população (exemplos: Direitos Sociais – artigos 6º, 7º e 8º e Ordem Econômica – art. 170); d) elementos de estabilização – em casos de desequilíbrio do Estado, com ruptura da paz social, a Constituição prevê mecanismos de recomposição da normalidade (exemplo: art. 34 – intervenção federal e art. 137 – estado de sítio em casos de guerra); e) elementos formais de aplicabilidade – explicam o modo de aplicação da Constituição (exemplos: preâmbulo, ato das disposições constitucionais transitórias e § 1º do art. 5º). 6. HISTÓRICO DAS CONSTITUIÇÕES Tivemos, até hoje, 7 Constituições: 1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e 1988. Alguns autores consideram que tivemos 8, pois a Emenda 1/69 à Constituição de 1967 foi tão completa e abrangente que poderia ser considerada como nova Constituição, em substituição à Constituição de 1967. - 1824. Predominavam no país movimentos de libertação. Esta Constituição veio apenas 2 anos depois da proclamação da independência do Brasil. As ideias que reinavam eram ideias liberais, advindas do clima liberal da Revolução Francesa de 1789. O homem era o centro das preocupações. Declarava-se que o homem nascia livre, o que iniciava o caminho para a abolição da escravatura. Entendia-se que o homem celebrava um contrato social com o Estado (influência de Rousseau – “O Contrato Social – 1762), com intervenção mínima do Estado na vida dos indivíduos. Surgiu a ideia de que o poder emana do povo. Esta Constituição previa 4 Poderes: Executivo, Legislativo, Judiciário e Moderador. O Poder Moderador era exercido pelo rei, e diminuía a força do Judiciário e Executivo com a modificação de decisões destes Poderes. Aliás, o Poder Moderador podia até mesmo dissolver a Câmara dos Deputados. Nesta Constituição de 1824 surgiram, ainda tímidos, os direitos e garantias individuais. A Igreja, nesta época, envolvia-se muito com o Estado. Não tínhamos, ainda, o Federalismo. As eleições eram indiretas. As antigas Capitanias foram transformadas em Províncias. Esta Constituição foi um exemplo de Constituição semi-rígida. - 1891. Extingue-se o Poder Moderador e extingue-se a Monarquia, passando o Brasil para o Presidencialismo. Pela primeira vez tivemos o voto direto para Presidente da República.Passamos, também, para o Federalismo (itens 9 e 12 abaixo). Abandonamos, portanto, o modelo Unitário, para consagrarmos o Federalismo (divisão em Estados- Membros). Cada Estado é autônomo, com sua própria Constituição, apenas vinculado aos Assunto: Idéias sobre Direito Constitucional, Espécies Normativas, ... Matéria: Autor: Ciências Políticas Prof. Antonio Fernando Pires 11 princípios da Constituição Federal. Predominam, nesta época, as ideias positivistas (verdade científica). A Igreja é afastada do Estado (proíbe-se o ensino religioso nas escolas pública e os cemitérios passam para o controle dos Municípios). Surgem as cláusulas pétreas. O Judiciário é fortalecido. O habeas corpus surge pela primeira vez numa Constituição. - 1934. Foi uma Constituição de curta duração. Pela primeira vez no Brasil tivemos o voto feminino e a criação da Justiça Eleitoral. Foram inseridos no texto constitucional o Mandado de Segurança e a Ação Popular. Foi uma Constituição fortemente voltada para o aspecto social (além de capítulos especiais sobre família, educação e cultura). Surge o Ministério Público, a sindicalização, a Previdência Social e o Ministério do Trabalho. Há forte proteção ao trabalhador. Pela primeira vez, também, regulamentou-se os Partidos Políticos. - 1937. Getúlio Vargas, então Presidente, deu um Golpe de Estado e outorgou esta Constituição. Era a primeira Ditadura que o Brasil enfrentava. A Constituição era muito autoritária e o Senado, nesta época, foi dissolvido. O Poder Executivo, do Presidente, anulava decisões do Judiciário e Legislativo, esvaziando-os. Foram retirados do texto constitucional o Mandado de Segurança e a Ação Popular. Esta Constituição previa a pena de morte para crimes políticos e homicídios cometidos de forma perversa ou por motivo fútil. Havia o instituto da censura, afetando rádios, televisões, cinemas, teatros, etc. Esta Constituição foi inspirada no modelo fascista da Itália. A eleição era indireta. - 1946. Houve a retomada da democracia (retorno ao Estado Democrático de Direito). Reabre-se o Senado. Retornam ao texto constitucional o Mandado de Segurança e a Ação Popular. Voltamos a ter eleições diretas. Surgiu o controle de constitucionalidade pela via concentrada das leis e atos normativos, fortalecendo-se o Judiciário e, em especial, o Supremo Tribunal Federal. Surge pela primeira vez no texto constitucional o princípio da inafastabilidade da jurisdição (atual art. 5º, inc. XXXV). Esta Constituição tinha um forte traço social, equilibrado com a livre iniciativa (capitalismo). O direito de greve foi agregado ao texto constitucional. O final da Segunda Guerra Mundial influiu para fixarmos traços democráticos (liberdades). Exclui-se a pena de morte. Surgem regras sobre Direito Econômico, com penas para abusos econômicos. - 1967. Tivemos, aqui, novo golpe, desta vez dado pelos Militares, e nova Ditadura. As eleições eram indiretas. Os direitos e garantias individuais foram amesquinhados, permitindo-se prisões injustas e desrespeito ao Judiciário. Reduziram-se as competências estaduais e municipais. O Poder Executivo, exercido pelos Militares, legislava por Decreto-lei a Atos Institucionais, em desrespeito ao Legislativo. O mais duro Ato Institucional foi o de nº 5, que previa suspensão de direitos políticos, possibilidade de fechamento do Congresso Nacional, cassação de mandatos dos parlamentares, suspensão das garantias da magistratura e de funcionários públicos. Proibiu-se o habeas corpus em matéria de crimes políticos. A Emenda 1/69, considerada por muitos como nova Constituição, manteve o golpe militar. Criou os Tribunais de Contas Municipais em Municípios com mais de 2 milhões de habitantes, a possibilidade de perda do mandato parlamentar em casos de atentado a ordem vigente e a exigência do prévio esgotamento das vias administrativas para ingresso em juízo (em diminuição à inafastabilidade da Assunto: Idéias sobre Direito Constitucional, Espécies Normativas, ... Matéria: Autor: Ciências Políticas Prof. Antonio Fernando Pires 12 jurisdição). Mas o período da Ditadura Militar terminou em 1985, com a eleição de um civil – Tancredo Neves. José Sarney, que sucedeu Tancredo (por motivo de falecimento deste), convocou uma Assembléia Nacional Constituinte e em 1988 tivemos a promulgação da atual Constituição. 7. PODER CONSTITUINTE É o Poder de formar uma nova Constituição. Pode ser Originário (que faz a nova Constituição) e Derivado (que faz as reformas na Constituição). O Poder Constituinte Originário tem sua titularidade no povo, que escolhe representantes para fazer uma nova Constituição. Tem as seguintes características: a) inicial – inaugura uma nova ordem jurídica, revogando a Constituição anterior; b) autônomo – só aos representantes do povo cabe determinar como será a nova Constituição; c) ilimitado – não há limites na ordem anterior ou externa para a criação da Constituição (se tivéssemos optado pela pena de morte em 1988 esta se encontraria vigente no país); d) incondicionado – não há processo prévio de elaboração ou votação. Já o Poder Constituinte Derivado (Congresso Nacional), reforma a Constituição por meio das Emendas, vistas acima. Portanto, as limitações são as mesmas estudadas acima, quando do estudo das vedações/limitações das Emendas. Temos, também, o Poder Constituinte Decorrente, que é o Poder dos Estados de fazerem suas próprias Constituições. Encontra limites na própria Constituição Federal (art. 25). 8. RECEPÇÃO Recepção é o fenômeno pelo qual normas infraconstitucionais de uma ordem jurídica anterior são acolhidas pela nova Constituição, por serem compatíveis com o novo texto constitucional. Não há necessidade de se revogar as normas infraconstitucionais anteriores se estas forem compatíveis com a nova Constituição. Continuam vigendo. O Código Penal, por exemplo, que é uma lei ordinária federal, vem sendo recepcionado, por compatível, desde a Constituição de 1946. Interessante notar que não se usa o vocábulo revogar para normas anteriores incompatíveis com a nova Constituição. Diz-se que elas simplesmente não foram recepcionadas. A palavra revogação é usada para designar que a nova Constituição revoga (ou seja, ab-roga) a anterior. Ab-rogar é revogar totalmente. Assim, não existe a possibilidade de uma nova Constituição apenas derrogar (revogar parcialmente) Constituição anterior. A derrogação é fenômeno que se observa no plano infraconstitucional. A nova Constituição sempre revoga (ab-roga) a anterior. Igualmente, não existe a repristinação (ressuscitamento) de norma constitucional revogada por Constituição anterior à nova Constituição. A repristinação não existe no nosso ordenamento no plano constitucional. Se uma norma da Constituição de 1946 foi Assunto: Idéias sobre Direito Constitucional, Espécies Normativas, ... Matéria: Autor: Ciências Políticas Prof. Antonio Fernando Pires 13 revogada pela Constituição de 1967, ela não volta a viger por ser compatível com a Constituição de 1988. Uma vez revogada, não volta a viger. A Lei de Introdução ao Código Civil (art. 2º, § 3º) traz o conceito de repristinação. Interessante notar que também não existe o fenômeno da desconstitucionalização de normas da Constituição revogada. A Constituição revogada de 1967 continha normas que não podem ser acolhidas como leis infraconstitucionais. Foram inteiramente revogadas, não existindo mais no plano constitucional ou infraconstitucional. Por fim, cabe mencionar que lei ordinária pode ser recepcionada com statusde leis complementar. Foi o que ocorreu com o Código Tributário Nacional. Era uma lei ordinária. Todavia, a Constituição de 1988, em seu art. 146, III, exigia que normas gerais em matéria tributária fossem veiculadas por lei complementar. O STF entendeu que o Código Tributário Nacional, face à nova exigência, por tratar de normas gerais, podia ser acolhido como lei complementar. 9. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS (ARTIGOS 1º AO 4º, CF) Os princípios fundamentais encontram-se logo no início da Constituição, nos artigos 1º ao 4º, para que o intérprete tenha noção de como se estrutura o Estado Brasileiro e como deverá proceder na interpretação dos artigos seguintes da própria Constituição. O melhor conceito de princípio da doutrina nacional é o de Celso Antônio Bandeira de Mello. Ei-lo: “Princípio é o mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas, compondo-lhes o espírito e servindo de critério para sua exata compreensão e inteligência, exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônico3 3 Curso de Direito Administrativo, 13ª Ed., Editora Malheiros, 2001, p. 771-772. ”. Princípios não são regras. Não têm carga normativa, mas carga valorativa. Servem de vetor, orientando a aplicação da norma e orientando a elaboração das leis por parte do legislador. Princípios possuem dimensão que não se encontra nas regras (pesos). São mandados de otimização cumpridos em vários graus, enquanto regras ou são cumpridas ou descumpridas. Quando há conflito entre regras exclui-se uma do sistema – entre princípios (colisão), impõe-se a avaliação para aplicação de um sem exclusão de outro do sistema. Um princípio jamais pode excluir outro do sistema. Assim, princípios, como as regras, não têm caráter absoluto – estão num sistema de interação Diz o artigo 1º, no caput, que somos uma República Federativa. A República (res publica, do latim – res: coisa) é forma de governo. Temos apenas 2 formas de governo: república ou monarquia. Adotamos a primeira. A República denota organização do Estado e, também, forma de relação do Estado com os cidadãos. Assunto: Idéias sobre Direito Constitucional, Espécies Normativas, ... Matéria: Autor: Ciências Políticas Prof. Antonio Fernando Pires 14 São características da República: tripartição dos Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário), periodicidade dos mandatos políticos, eletividade (voto) e alternância no poder, responsabilidade dos agentes públicos, inclusive com o próprio impeachment do Presidente da República, prestação de contas, publicidade dos atos e transparência administrativa, mecanismos fiscalizatórios (como ação civil pública e ação popular), proteção dos Direitos Fundamentais, observância estrita do princípio da legalidade e despesas objetivando o bem comum. Mas, somos, também, uma Federação (Federalismo). Federalismo é forma de Estado, divisão eminentemente territorial de um Estado. Um Estado pode ser Unitário ou Federal. Adotamos este último, em que os Estados-membros cedem parcela de sua soberania para formar a União, entidade primordialmente concebida para proteger fronteiras. O Estado Unitário não tem, em seu território, divisão em Estados-membros. “Foeder”, em latim, significa pacto. Os Estados-membros firmam um pacto para criação da União. É o pacto federativo. Sua característica essencial é ser indissolúvel após formado. O Estado Federal (encontramos muito as expressões “Federação”, “Federativa”, “Pacto Federativo”, todas a significar que optamos pelo Federalismo) abarca, portanto, a União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios, cada qual com suas competências materiais (de tarefas) e legislativas. Uma entidade da Federação não pode invadir a esfera de competência da outra. Há mecanismos na própria Constituição para corrigir a invasão, como estudaremos mais adiante (item 17). O Federalismo surgiu em 1787 nos Estados Unidos da América, criando-se a figura da União (governo federal) para proteger fronteiras e os Estados-membros de invasões estrangeiras. Com o tempo, a União foi ganhando mais e mais competências, como, por exemplo, emitir moeda, legislar sobre telecomunicações, etc. O caput do artigo 1º traz, ainda, a determinação de sermos um Estado Democrático de Direito. O Brasil é, pois, um Estado Democrático (participação do povo nos afazeres do Estado) e, também, em Estado de Direito (em que prevalecem a ordem e as leis). Costumam os doutrinadores dizer que, hodiernamente, o Brasil evoluiu para um Estado Democrático e Social de Direito. O termo “Social” indica que o Estado Brasileiro deve desenvolver prestações positivas a favor dos cidadãos, e não ser mero agente passivo e observador da sociedade. Prestações positivas na área da saúde e educação, por exemplo, com medidas efetivas e protetivas dos cidadãos (benefícios). A democracia necessita de organização (leis). Somos, sem dúvida, um Estado de Direito. Mas com preocupação social. Temos mecanismos de controle do poder político, o que denota um traço bem amplo da democracia, para além do voto. Liberdade política e igualdade política (participação real do povo). O Estado Democrático e Social de Direito objetiva o bem comum. Rege-se pelo princípio da Justiça - jurisdição com escopo social (dar a cada um o que é seu – pacificação com justiça e educação), escopo político (não lesar a ninguém – afirmação do Estado e seu ordenamento) e escopo jurídico (viver honestamente – atuação da vontade concreta da lei). Rege-se, também, pelo princípio da segurança jurídica (devido processo legal, respeito à coisa julgada, ato jurídico perfeito e direito adquirido), dentre outros princípios estudados mais adiante. Assunto: Idéias sobre Direito Constitucional, Espécies Normativas, ... Matéria: Autor: Ciências Políticas Prof. Antonio Fernando Pires 15 O artigo 1º traz os fundamentos da República Federativa do Brasil. Não confundir com os objetivos da República Federativa do Brasil, que estão no art. 3º. Os fundamentos são: soberania (nenhum outro Estado internacional pode interferir nas nossas questões internas, somos soberanos p/ decidir nossos próprios rumos, p/ ditar nossas próprias regras), cidadania (o vocábulo cidadania indica o direito de ter direitos, é muito mais do que simplesmente o direito de votar e ser votado), dignidade da pessoa humana (todos têm direito a experimentar um conforto mínimo/são valores morais e espirituais que a pessoa cultiva e que devem ser protegidos/autodeterminação da própria vida e respeito à vida alheia), valores sociais do trabalho e livre iniciativa (trabalho voltado para o desenvolvimento coletivo e, quando a Constituição menciona o vocábulo “livre iniciativa” ela quer dizer “capitalismo; nosso modelo de economia, de Estado, é capitalista, ou seja, não se admite, salvo raras exceções constitucionais, a intervenção do Estado na economia) e pluralismo político (temos, no Brasil, vários partidos políticos/liberdade de convicção). São essas as bases de nosso Estado. O parágrafo único do artigo 1º em questão determina que todo poder emana do povo e em seu nome será exercido, direta ou indiretamente. É o fundamento da democracia (“demo”: povo/”cracia”: poder). A vontade do povo deve prevalecer. As leis são formadas pela vontade popular. Nossa democracia é semi-direta, pois tem traços da democracia direta (quando o povo “faz a lei” diretamente – art. 61, § 2º: participação popular), mas é eminentemente indireta, ou seja, as leis são feitas por representantespor nós escolhidos, por meio do voto. O artigo 2º consagra a tripartição dos Poderes proclamada por Montesquieu, em 1748, pouco antes da Revolução Francesa. Temos os seguintes Poderes no Brasil: Legislativo, Executivo e Judiciário. Tivemos, por ocasião da Constituição de 1824, 4 Poderes, a saber: Legislativo, Executivo, Judiciário e Moderador. O Poder Moderador era exercido pelo Rei e anulava certas decisões do Judiciário ou interferia no Legislativo e Executivo. Os 3 Poderes hoje consagrados são independentes e harmônicos entre si. Significa dizer que não há interferência de um Poder em outro, salvo casos previstos na Constituição. Os Poderes têm funções típicas (Legislativo: legislar; Judiciário: julgar; Executivo: executar as leis e administrar) e atípicas (Legislativo – julgar o Presidente da República em crimes de responsabilidade; Judiciário – conceder aposentadoria a um de seus servidores; Executivo – elaborar um ato normativo). Os Poderes seguem o princípio da correção funcional, pelo qual um não interfere na atuação típica de outro. Mas o Presidente deve, por exemplo, acatar decisões do Supremo Tribunal Federal. É o que a doutrina costuma chamar de sistema de freios e contrapesos. O artigo 3º, a seu turno, enumera os objetivos da República Federativa do Brasil. São eles: a) construir uma sociedade livre, justa e solidária; b) garantir o desenvolvimento nacional; c) erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; d) promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Assunto: Idéias sobre Direito Constitucional, Espécies Normativas, ... Matéria: Autor: Ciências Políticas Prof. Antonio Fernando Pires 16 Por fim, o artigo 4º encerra o Título I da Constituição (Princípios Fundamentais), dando diretrizes de como o Brasil deve se relacionar com as comunidades internacionais. São estes os seguintes princípios que regem as relações internacionais: I - independência nacional; II - prevalência dos direitos humanos; III - autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção; V - igualdade entre os Estados; VI - defesa da paz; VII - solução pacífica dos conflitos; VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X - concessão de asilo político. Segundo o parágrafo único do artigo supra, a República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações. 10 NACIONALIDADE (ARTIGO 12, CF) A nacionalidade é o vínculo que se cria entre o Estado e um indivíduo. Pode ser originária (ou primária – indivíduos natos) ou secundária (adquirida – naturalização). A nacionalidade originária é de exclusiva vontade estatal, dela não participando o indivíduo. É o Estado que diz quais serão os indivíduos natos, sem manifestação de vontade por parte do indivíduo. Já a nacionalidade secundária depende exclusivamente da vontade do indivíduo de se naturalizar. A nacionalidade é, portanto, um vínculo jurídico-político. Seguem alguns conceitos ligados à ideia de nacionalidade: a) população – conjunto de habitantes de um país (território), englobando os nacionais (natos ou naturalizados) e estrangeiros; b) povo – conjunto de pessoas que fazem parte de um Estado, unidos pelo elemento da nacionalidade (originária ou secundária). Aqui excluem-se os estrangeiros; c) cidadão – é o indivíduo no gozo dos direitos políticos, que pode votar e ser votado, além da aptidão genérica para aquisição dos demais direitos previstos na Constituição; d) nação ou país – agrupamento humano (nacionais – natos ou naturalizados e estrangeiros) cujos membros estão ligados por laços históricos, culturais, econômicos e lingüísticos. Os critérios para aferição da nacionalidade originária são dois: JUS SOLI (critério da territorialidade) e JUS SANGUINIS (critério da descendência pelo sangue). Pelo critério do JUS SOLI é considerado nato o indivíduo que nascer em determinado território. É predominantemente o critério adotado pelo Brasil. Mesmo filha de estrangeiros, a criança será considerada brasileira se nascer em solo brasileiro. Assunto: Idéias sobre Direito Constitucional, Espécies Normativas, ... Matéria: Autor: Ciências Políticas Prof. Antonio Fernando Pires 17 O artigo 12, inciso I, dispõe sobre a aquisição da nacionalidade originária, preconizando que são brasileiros natos: a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país. - é puramente o critério do JUS SOLI. Todos os nascidos no território brasileiro são considerados brasileiros natos, ainda que de pais estrangeiros (a única vedação é quanto ao exercício de função pública – e não privada – do país de origem por parte dos pais). O território é a porção de terra, ar e água em que o Estado exerce sua soberania. Inclui a superfície, o subsolo, as ilhas fluviais ou marítimas, o mar territorial, o espaço aéreo e, inclusive, os navios e aeronaves brasileiros (ainda que privados) que estejam em águas ou espaço aéreo estrangeiros. O filho de estrangeiros que aqui nascer pode ter a nacionalidade do país de origem, caso o critério lá seja o do JUS SANGUINIS, e a nacionalidade brasileira ao mesmo tempo. Teria, portanto, dupla nacionalidade. b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil. - aqui a Constituição adotou o critério do JUS SANGUINIS somado a um critério funcional. A criança deve nascer no estrangeiro, filha de pai ou mãe brasileiros, e um deles, pelo menos, deve estar a serviço do país no estrangeiro, vale dizer, prestando serviço público. O serviço público em questão não é apenas o serviço diplomático, mas qualquer serviço público para a República Federativa do Brasil, como serviço consular, militar, serviço público para a União, Estados, Distrito Federal ou Municípios, prestado a órgãos da administração direta ou indireta (autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas) destes entes. A criança pode ter dupla nacionalidade se o país estrangeiro adotar o critério do JUS SOLI. c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira (redação dada pela Emenda Constitucional nº 54, de 2007). - registro em repartição brasileira competente: nesta primeira parte da alínea, a Constituição adotou o critério do JUS SANGUINIS mais o critério do registro. O registro pode ser feito num consulado, por exemplo. Esta alínea aplica-se aos filhos de pai ou mãe brasileiros (basta um) que não exercem serviço público no exterior. É o caso de brasileiros que trabalhem para empresas privadas no estrangeiro e lá tenham um filho. Ou o caso de criança que venha a nascer no estrangeiro enquanto o casal encontra-se viajando, de férias, apenas de passagem pelo país estrangeiro. - vir a residir no Brasil e optar, após a maioridade, pela nacionalidade originária brasileira. É o critério do JUS SANGUINIS mais o critério da residência e opção. É chamada pela doutrina de nacionalidade potestativa. Esta parte da alínea também se aplica aos filhos de pai ou mãe brasileiros (basta um) que não exercem serviço público no exterior e, porAssunto: Idéias sobre Direito Constitucional, Espécies Normativas, ... Matéria: Autor: Ciências Políticas Prof. Antonio Fernando Pires 18 qualquer motivo, nunca registraram a criança em repartição brasileira. Basta a criança vir a residir no Brasil e optar, após a maioridade, pela condição de brasileira nata (terá de comprovar que um dos pais, pelo menos, no exterior, era brasileiro). Em ambos os casos retratados pela alínea o filho de brasileiros poderá ter dupla nacionalidade caso o país onde tenha nascido adote o critério do JUS SOLI. A naturalização (nacionalidade secundária) é ato discricionário do Poder Executivo. Cabe apenas ao Poder Executivo decidir se concede ou não a naturalização. O artigo 12, inciso II, dispõe sobre a aquisição da nacionalidade secundária, preconizando que são brasileiros naturalizados: a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral. - quando a alínea utiliza a expressão “na forma da lei”, significa que pede lei ordinária federal para complementá-la. É a lei que vai determinar as condições para naturalização. A lei complementa o preceito constitucional, estabelecendo regras para a naturalização. Esta lei já existe e é denominada Estatuto do Estrangeiro (Lei nº 6.815/80). Uma das condições (regra geral – naturalização ordinária) para naturalização é a residência no país por pelo menos 4 anos ininterruptos (art. 112 do Estatuto), além de boa conduta, registro permanente, capacidade civil, ler e escrever a língua portuguesa, exercício de profissão ou posse de bens suficientes para manutenção própria e da família, boa saúde e inexistência de condenação criminal. Outra possibilidade de naturalização é a do estrangeiro que venha a residir no Brasil antes da maioridade e requeira a naturalização até um ano da formatura em curso superior (inc. II, § 2º, art. 115 do Estatuto). A alínea também facilita, como se vê, a naturalização aos originários de países de língua portuguesa (menos requisitos – apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral). b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. Esta é a hipótese da naturalização extraordinária. O estrangeiro que se encaixar nestas condições e que por algum motivo não tenha, durante os quinze anos em que esteve no Brasil, a naturalização ordinária, pode pleitear a naturalização extraordinária sem a comprovação dos requisitos da naturalização ordinária. Quanto ao § 1º do art. 12, nota-se a equiparação dos portugueses aos brasileiros naturalizados se houver reciprocidade de favores em relação aos brasileiros. Não se trata de hipótese de naturalização, pois o português continua como estrangeiro, mas goza das prerrogativas dos brasileiros naturalizados (sem necessidade de naturalização). Assunto: Idéias sobre Direito Constitucional, Espécies Normativas, ... Matéria: Autor: Ciências Políticas Prof. Antonio Fernando Pires 19 → DISTINÇÕES ENTRE BRASILEIROS NATOS E NATURALIZADOS A teor do parágrafo 2º da Constituição, somente esta pode estabelecer distinções entre brasileiros natos e naturalizados. A lei não pode fazê-lo. Assim, o parágrafo 3º estabelece que são cargos privativos de brasileiros natos os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, o cargo de Presidente da Câmara dos Deputados, o cargo de Presidente do Senado Federal, o cargo de Ministro do Supremo Tribunal Federal, o cargo de carreira diplomática e o cargo de oficial das Forças Armadas. Nada impede, portanto, que um brasileiro naturalizado seja eleito parlamentar, ou seja aprovado num concurso público. Outra distinção estabelecida pela Constituição é o art. 89, inc. VII. Somente brasileiros natos podem ocupar assento no Conselho da República, órgão de consulta do Presidente da República. Quanto à extradição, conforme art. 5º, inc. LI acima (“Nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei”), vê-se que o brasileiro nato jamais pode ser extraditado, mas o naturalizado pode. Por fim, temos o art. 222, que reserva a propriedade de empresas de TV, rádio ou jornais a brasileiros natos ou naturalizados se a naturalização ocorrer pelo menos 10 anos antes do ato de propriedade. → EXTRADIÇÃO (art. 76 e seguintes do Estatuto). A extradição é modo de entrega de estrangeiro ao país requerente por delito nele praticado. A extradição funda-se em Tratado celebrado entre o Brasil e o país requerente e tem diversas condições (uma delas é que, no país requerente, não haja pena de morte para o delito lá praticado). É o STF quem concede extradições, em processo iniciado e julgado na própria Corte Constitucional. → EXPULSÃO (art. 65 e seguintes do Estatuto). “É passível de expulsão o estrangeiro que, de qualquer forma, atentar contra a segurança nacional, a ordem política ou social, a tranqüilidade ou moralidade pública e a economia popular, ou cujo procedimento o torne nocivo à conveniência e aos interesses nacionais”. A expulsão é a retirada forçada do estrangeiro que atenta contra a ordem nacional. A expulsão não passa pelo STF, bastando um Decreto do Poder Executivo. → DEPORTAÇÃO (art. 57 e seguintes do Estatuto). A deportação ocorre nos casos de entrada e permanência irregular do estrangeiro no país. Todo estrangeiro deve apresentar seu passaporte, permanecer no país apenas durante o período de férias ou negócios (art. 4º do Estatuto – visto de turista; art. 13 – visto de 90 dias para negócios) ou, caso deseje por aqui permanecer, requerer o visto e o registro permanentes (artigos 16 e 30 do Estatuto). Como último tópico a ser analisado, temos a perda da nacionalidade, tanto originária quanto secundária (art. 14). Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: Assunto: Idéias sobre Direito Constitucional, Espécies Normativas, ... Matéria: Autor: Ciências Políticas Prof. Antonio Fernando Pires 20 I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional. O cancelamento da naturalização só pode ocorrer por provocação do Ministério Público Federal e é julgado pela Justiça Federal, com possibilidade recursal até o STF (art. 109, inc. X, CF). II - adquirir outra nacionalidade, salvo no casos: a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira. A regra geral é a perda da nacionalidade originária ou secundária caso o país que o brasileiro escolheu para viver e se naturalizar não reconheça a nacionalidade brasileira. Nestes casos, o brasileiro, nato ou naturalizado, perde a nacionalidade brasileira. No caso da Itália, por exemplo, que reconhece a nacionalidade brasileira, o brasileiro que lá se naturalizar acaba adquirindo dupla nacionalidade. b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis. Aqui, como a naturalização é imposição estatal de cada país (atribuição unilateral do Estado), o indivíduo não faz a opção, mas se vê apanhado por regras do país para lá permanecer, e não seria justo que perdesse a nacionalidade brasileira, não podendo ser prejudicado por fato alheio à suavontade. 11. DIREITOS POLÍTICOS (ARTIGOS 14 E 15, CF) Os direitos políticos consagram a possibilidade de o indivíduo intervir no governo do país. São normas que dão efetividade ao parágrafo único do art. 1º da Constituição. “Polis”, do grego, significa cidade, tendo a palavra evoluído para “politiké”, ainda em grego, e, depois, para “política”, em Português, ou seja, interferência dos indivíduos nos negócios da cidade, na vida estatal. A política pode ser conceituada como “afazeres do Estado”. O indivíduo participa das decisões estatais. E a interferência e participação na política cria os direitos políticos. São direitos subjetivos, isto é, dos sujeitos. Dispõe a art. 14: A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: I - plebiscito; II - referendo; III - iniciativa popular O sufrágio é o direito de manifestação, não se confundindo com o voto, que é instrumento. Sufrágio compreende o direito de eleger e ser eleito. O plebiscito e o referendo (regulados pela Lei nº 9.709/98) são consultas à população para que delibere sobre matéria legislativa. O plebiscito ocorre antes do projeto de lei ser publicado e transformar-se em lei, e o referendo ocorre quando a lei já está vigente. Quanto à iniciativa popular, seus requisitos vêm traçados no art. 61, § 2º, permitindo ao povo a apresentação de projeto de lei. Assunto: Idéias sobre Direito Constitucional, Espécies Normativas, ... Matéria: Autor: Ciências Políticas Prof. Antonio Fernando Pires 21 Quanto ao voto, apresenta este as seguintes características: a) personalidade (é pessoal, não admitindo procuração); b) obrigatoriedade (para os maiores de 18 anos e menores de 70, desde que alfabetizados); c) liberdade (o cidadão tem a liberdade de anular o voto, escolher um ou mais candidatos ou votar em branco); d) sigilosidade (o voto é indevassável); e) direto (o voto é dado diretamente no representante escolhido, e não para que este escolha um outro representante); f) periodicidade (o voto é periódico no Brasil); g) igualdade (todos os votos têm o mesmo valor – é a regra do “one man one vote”). A capacidade eleitoral ativa é a possibilidade de votar, enquanto a capacidade eleitoral passiva é a possibilidade de ser eleito. No Brasil, a capacidade eleitoral ativa está nos parágrafos 1º e 2º do art. 14. O voto é obrigatório para os maiores de 18 e menores de 70, desde que alfabetizados, e facultativo para os analfabetos, maiores de 70 e jovens entre 16 e de 18 anos de idade. Os estrangeiros não podem votar. Não têm, portanto, capacidade eleitoral ativa. Ainda, é restringido o direito de voto aos militares durante o período de serviço militar obrigatório – conscritos (restringe-se temporariamente a capacidade eleitoral ativa). Já a capacidade eleitoral passiva diz com a elegibilidade. Assim determina o § 3º do art. 14: “São condições de elegibilidade, na forma da lei: I - a nacionalidade brasileira; II - o pleno exercício dos direitos políticos; III - o alistamento eleitoral; IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; V - a filiação partidária; VI - a idade mínima de: a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador; b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal; c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice- Prefeito e juiz de paz; d) dezoito anos para Vereador”. Estas são as regras gerais da capacidade eleitoral passiva (elegibilidade). Mas esta capacidade sofre várias restrições. São as inelegibilidades. A primeira delas encontra-se no § 4º, do art. 14. São inelegíveis (não têm, portanto, capacidade eleitoral passiva) os inalistáveis e os analfabetos. Os inalistáveis são os estrangeiros e indivíduos em serviço militar obrigatório (conscritos). Estas pessoas não podem ser eleitas para nenhum cargo no Brasil. Também não podem ser eleitos para nenhum cargo no Brasil os analfabetos. Assunto: Idéias sobre Direito Constitucional, Espécies Normativas, ... Matéria: Autor: Ciências Políticas Prof. Antonio Fernando Pires 22 Os analfabetos podem votar mas não podem ser eleitos. Estas são as inelegibilidades absolutas. Temos, também, as inelegibilidades relativas. Estas podem ser: a) por motivo funcional (§ 5º - reeleição por um único período subseqüente). Veda-se, por óbvio, que o Presidente, por exemplo, concorra a um terceiro mandato como Vice-Presidente. E isto porque, em caso de morte do Presidente eleito, ele assumiria o posto, em verdadeira burla ao texto constitucional. Também não é permitida a renúncia para concorrer ao terceiro mandato. O § 6º também traz critério funcional (inelegibilidade relativa). É a chamada desincompatibilização. Os titulares dos cargos mencionados devem renunciar aos respectivos mandatos até 6 meses antes das eleições para concorrer a outros cargos ; b) por parentesco ou reflexa (§ 7º - “São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição”); c) militares (§ 8º - “O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições: I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade; II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade”); d) hipóteses complementares – em decorrência de lei complementar. O § 9º prevê hipóteses legais de inelegibilidades relativas. São hipóteses previstas em lei, no caso, requerida pela própria Constituição. A Constituição requereu lei complementar para completar o preceito constitucional (Lei Complementar nº 64/90 e Lei Complementar nº 81/94). Por fim, temos a perda ou suspensão dos direitos políticos (art. 15). O primeiro caso é o cancelamento de naturalização por sentença transitada em julgado. A ação é proposta pelo Ministério Público Federal junto à Justiça Federal (art. 109, inc. X). Esta hipótese é de perda. O indivíduo retorna à condição de estrangeiro. O segundo caso é a incapacidade civil absoluta, superveniente, ou seja, o indivíduo vê-se privado de sua capacidade civil, como, por exemplo, em caso de interdição. Esta hipótese é de suspensão. O terceiro caso decorre de condenação criminal transitada em julgado. É, também, hipótese de suspensão, retornando os direitos políticos após extinta a punibilidade. O quarto caso decorre da recusa de cumprimento a todos imposta ou cumprimento prestação alternativa nos casos de escusa de consciência (vide item 10, art. 5º, inc. VIII acima). É hipótese de perda. O último caso decorre de improbidade administrativa, conforme art. 37, § 4º. O agente público tem seus direitos políticos suspensos caso seja condenado por causar danos ao erário. O art. 16 traz o princípio da anualidade, a fim de preservar as eleições de regras modificadoras repentinas. Até 1 anos antes das eleições, a lei que alterar o processo não poderá ser aplicada. Assunto: Idéias sobre Direito Constitucional, Espécies Normativas, ... Matéria: Autor: Ciências Políticas Prof. Antonio Fernando Pires 2312. PARTIDOS POLÍTICOS (ARTIGO 17, CF) Os partidos políticos gozam de ampla liberdade no Brasil. Temos, como visto no art. 1º, o pluralismo político. Os partidos políticos devem ser registrados perante o Tribunal Superior Eleitoral. Há uma limitação quantitativa: o partido deve ter caráter nacional. Quanto às limitações qualitativas, devem obedecer ao princípio democrático e não utilização de organizações paramilitares. São pessoas jurídicas de Direito Privado, com estatuto próprio, como as associações. Estão livres de qualquer sorte de interferência estatal (autonomia). 13. SISTEMAS ELEITORAIS Os sistemas eleitorais refletem o modo pelo qual escolhemos nossos representantes. Os sistemas eleitorais podem ser três: a) majoritário simples; b) majoritário absoluto; c) proporcional. O sistema majoritário simples é utilizado para escolha dos Senadores e Prefeitos em cidades com menos de 200 mil habitantes. Por esse sistema, é considerado eleito aquele que alcançar a maioria dos votos válidos em um só turno (artigos 29, II e 46). O sistema majoritário absoluto é utilizado para escolha do Presidente da República, Governadores (inclusive o Distrital) e Prefeitos em cidades com mais de 200 mil eleitores (artigos 28, 29, II, 32, § 2º e 77). Por esse sistema, poderemos ter 2 turnos de votação. Para ser eleito em primeiro turno, o candidato deve alcançar metade mais 1 dos votos válidos (maioria absoluta). Caso isto não ocorra, teremos o 2º turno, e aí sim, basta ao candidato, no 2º turno, alcançar a maioria simples (maioria dos votos válidos). O sistema proporcional é utilizado para eleição de Vereadores, Deputados Estaduais, Deputados Distritais e Deputados Federais (artigo 27, § 1º, artigo 29, caput e incisos I e II, e artigo 45). Além da previsão constitucional, as regras mais detalhadas encontram-se no Código Eleitoral, que é a lei federal nº 4737/65. O sistema proporcional é o mais complexo de todos. Busca-se, em primeiro lugar, o quociente eleitoral (soma de todos os votos válidos, dados a uma legenda ou candidato, dividido pelo número de vagas/cadeiras disponíveis na Casa Legislativa – computam-se, segundo o Código Eleitoral, os votos em branco). Em segundo lugar, busca-se o quociente partidário (divisão dos votos na legenda ou candidatos pelo quociente eleitoral), atribuindo-se a cada partido o número de cadeiras a serem ocupadas pelos candidatos mais votados. Assunto: Idéias sobre Direito Constitucional, Espécies Normativas, ... Matéria: Autor: Ciências Políticas Prof. Antonio Fernando Pires 24 Exemplificando: tivemos, em determinada eleição, 500.000 votos e 50 cadeiras disponíveis. O partido A recebeu 350.000 votos, o partido B recebeu 90.000 votos, o partido C recebeu 55.000 votos e o partido D recebeu 5.000 votos. O quociente eleitoral será 10.000 (soma dos votos dividida pelo nº de cadeiras). O Código Eleitoral assenta que não participa da distribuição de cadeiras o partido que não tenha atingido o quociente eleitoral. Assim, o partido D está fora da disputa, uma vez que o quociente eleitoral será 10.000. O partido A recebe 35 cadeiras (350.000 votos divididos por 10.000 = 35), o partido B recebe 9 cadeiras e o partido C recebe 5 cadeiras (do resultado 5,5 despreza-se a fração). É necessária, agora, uma terceira etapa, para distribuição das sobras (restos), pois só forma preenchidas, até agora 49 cadeiras, (art. 109 do Código Eleitoral). Adotou-se o sistema da maior média. Divide-se o nº de votos válidos a cada partido pelo nº de cadeiras mais 1, cabendo àquele que apresentar a maior média as cadeiras remanescentes. Vejamos o cálculo das sobras segundo o esquema da eleição acima: - partido A – 350.000 votos e 35 cadeiras (35 + 1 = 36). Então, 350.000/36 = 9722,22 - partido B – 90.000 votos e 9 cadeiras (9 + 1 = 10). Então, 90.000/10 = 9000 - partido C – 55.000 votos e 5 cadeiras (5 + 1 = 6). Então, 55.000/6 = 8333,33 O partido D, por não ter atingido o quociente eleitoral, também não participa do cálculo das sobras (restos). Assim, a cadeira que faltava fica com o partidos A. 14 . FEDERALISMO E REPARTIÇÃO CONSTITUCIONAL DE COMPETÊNCIAS (ARTIGOS 20 AO 24, CF) Como visto acima (item 9), o Federalismo é forma de Estado (divisão espacial – União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios). Sua característica essencial é ser indissolúvel. Cria o modelo de entidade federal (União), entidade estadual (Estados- membros), entidade distrital (Distrito Federal) e entidade municipal (Municípios). A forma de governo poderá ser República ou Monarquia, e o sistema de governo poderá ser o presidencialista ou parlamentarista. A República foi vista acima, no item 9, e a Monarquia caracteriza-se pela centralização do poder, com hereditariedade. O Presidencialismo, a seu turno, é sistema de governo em que escolhemos um Chefe de Estado (aquele que representa o país internacionalmente) e um Chefe de Governo (aquele que gerencia o país internamente) numa só pessoa, o Presidente da República. O parlamentarismo caracteriza-se por delegar a Chefia de Governo ao Primeiro Ministro, ficando o Presidente apenas com a Chefia de Estado, ou seja, a missão de representar o país no cenário internacional. Assunto: Idéias sobre Direito Constitucional, Espécies Normativas, ... Matéria: Autor: Ciências Políticas Prof. Antonio Fernando Pires 25 O sustentáculo do Federalismo é a repartição de competências. A repartição de competências, isto é, o que cada entidade pode fazer, é a base do Federalismo. Logo depois de criado, o Federalismo deve discriminar/repartir as competências da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, para que não haja choque entre estas entidades. As competências vêm discriminadas nos artigos 21 a 24, além das competências tributárias estudadas mais adiante. O art. 21 traz as competências materiais exclusivas da União. Competências materiais são competências de tarefas. São tarefas que só a União pode realizar, com exclusividade, isto é, não admitem delegação. Interessante chamar a atenção para as seguintes competências materiais exclusivas da União: I – manter relações com Estados estrangeiros (só a União pode celebrar Tratados); II – declarar guerra e celebrar a paz; III – assegurar a defesa nacional (este um dos motivos primordiais da existência da União, criada com o nascimento do Federalismo); VII – emitir moeda; X – manter o serviço postal (que pode ser explorado por particulares ou entidades públicas mediante concessão); XI – telecomunicações (que podem ser exploradas por particulares ou entidades públicas mediante concessão); XII – serviços de rádio, televisão, energia elétrica e navegação aérea (que podem ser exploradas por particulares ou entidades públicas mediante concessão); XVI – exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões públicas e de programas de rádio e televisão; XXIII – explorar os serviços e instalações nucleares; etc. O art. 22, a seu turno, traz as competências legislativas privativas da União. Não se trata de competências de tarefas, mas de competências para legislar. O parágrafo único do artigo indica que podem ser delegadas aos Estados mediante lei complementar. Eis algumas competências legislativas privativas da União: I – direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; II – desapropriação; IV – águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão; V – serviço postal; VI – sistema monetário; XIII – nacionalidade, cidadania e naturalização; XIV – populações indígenas; XV – emigração e imigração, entrada,extradição e expulsão de estrangeiros; XXII – competência da polícia federal e das polícias rodoviária e ferroviária federais; XXIII – seguridade social; XXV – registros públicos; XXVI – atividades nucleares; XXVIII – defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima, defesa civil e mobilização nacional. De se notar que a maioria das competências legislativas está diretamente ligada às competências materiais. O art. 23 firma as competências comuns, que são as competências que todas as entidades da federação podem realizar simultaneamente. União, Estados, Distrito Federal e Municípios podem desempenhar estas competências comuns juntos ou isoladamente. Veja-se: I – zelar pela guarda da Constituição (todos os entes podem desempenhar esta função); II – cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência (todos os entes podem desempenhar esta função); III – proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; IV – impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor Assunto: Idéias sobre Direito Constitucional, Espécies Normativas, ... Matéria: Autor: Ciências Políticas Prof. Antonio Fernando Pires 26 histórico, artístico ou cultural; V – proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e à ciência; VI – proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; VII – preservar as florestas, a fauna e a flora; VIII – fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar; IX – promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico; X – combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração social dos setores desfavorecidos; XII – estabelecer e implantar política de educação para a segurança do trânsito. O art. 24 trata das competências legislativas concorrentes. São, portanto, competências legislativas, e não materiais. União, Estados e Distrito Federal podem legislar concorrentemente sobre as seguintes matérias: I – direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; II – orçamento; III – juntas comerciais; IV – custas dos serviços forenses; V – produção e consumo; VI – florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; VII – proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico; VIII – responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; IX – educação, cultura, ensino e desporto; X – criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas; XI – procedimentos em matéria processual; XII – previdência social, proteção e defesa da saúde; XIII – assistência jurídica e Defensoria pública; XIV – proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência; XV – proteção à infância e à juventude; XVI – organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis. As regras para a competência legislativa concorrente, todavia, encontram-se nos parágrafos do art. 24. São as seguintes: § 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais; § 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados; § 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades; § 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. A regra é que a União só possa editar normas gerais (normas genéricas e abstratas) sobre Direito Tributário (inc. I). Os Estados têm competência supletiva para estas normas gerais de Direito Tributário. Se faltar a lei federal sobre normas gerais, os Estados exercem a competência legislativa plena. O parágrafo 4º, por sua vez, traz regra interessante: o Estado exerce a competência supletiva ou total dos parágrafos anteriores, sobre normas gerais, mas, se a União editar normas gerais sobre o mesmo assunto, a eficácia da norma estadual fica suspensa. Os Municípios não foram contemplados no caput do artigo 24, mas têm competência supletiva prevista no art. 30, II, e para assuntos de interesse local, conforme previsão do art. 30, I. Assunto: Idéias sobre Direito Constitucional, Espécies Normativas, ... Matéria: Autor: Ciências Políticas Prof. Antonio Fernando Pires 27 15 . UNIÃO (ARTIGOS 20 AO 24, CF) Com o surgimento do pacto federativo, criou-se a figura da União, como ordem central. É o chamado nível federal. A União possui, segundo o art. 20, os seguintes bens: - terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e indispensáveis, também, à preservação ambiental. Não são todas as terras devolutas, portanto, que pertencem à União. Terra devoluta é aquela que, desde a época da Coroa, foi abandonada pelos colonizadores (a pena era o “comisso”, isto é, reversão à Coroa), não tendo ingressado no domínio privado por algum motivo (sem registro no Cartório de Imóveis) ou não tendo recebido destinação pública. - os lagos, rios e correntes de água que banhem mais de um Estado, sirvam de limite com outros países ou se estendam ou provenham de território estrangeiro - as ilhas fluviais ou lacustres nas zonas limítrofes com outros países - as praias marítimas - ilhas oceânicas e costeiras - recursos naturais da plataforma continental e zona econômica exclusiva. A plataforma continental é constituída pelo leito e subsolo das áreas submarinas que vão além do mar territorial até a distância de 200 milhas marítimas. A zona econômica exclusiva compreende a superfície das águas até a distância de 200 milhas marítimas do mar territorial. - mar territorial. Compreende a faixa de 12 milhas marítimas contadas da costa brasileira, incluindo-se o subsolo e o espaço aéreo. É zona de soberania nacional. - terrenos de marinha. São as terras que vão até uma distância de 33 metros do mar territorial ou rios federais. - potenciais de energia hidráulica - recursos minerais do solo e subsolo - cavidades naturais subterrâneas e sítios arqueológicos e pré-históricos - as terras indígenas Aos Estados, Distrito Federal e Municípios é assegurada a participação no produto da extração de petróleo, gás, recursos hídricos e demais recursos minerais dos territórios federais (incluídos o mar territorial, zona econômica exclusiva e plataforma continental). É a norma do § 1º. Já o § 2º do art. 20 assenta que a faixa de até 150 quilômetros de largura ao longo da fronteira com outros países, para dentro do território nacional, pertence à União porque é fundamental para a defesa nacional. 16. ESTADOS (ARTIGOS 25 AO 28, CF) Os Estados-membros têm autonomia para criar sua própria Constituição e regras, mas os princípios da Constituição Federal têm de ser obedecidos. É a regra do art. 25. Assim, os Estados podem definir o valor de seus impostos, criar seus órgãos estaduais e o valor do Assunto: Idéias sobre Direito Constitucional, Espécies Normativas, ... Matéria: Autor: Ciências Políticas Prof. Antonio Fernando Pires 28 salário de seus servidores públicos, mas não pode, por exemplo, adotar 4 Poderes,
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