Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
2007 www.resumosconcursos.com Resumo: Remédios Constitucionais – por Prof. Renato Nascimento Direito Constitucional Assunto: REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS Autor: 2 PROF. RENATO NASCIMENTO www.resumosconcursos.com Resumo: Remédios Constitucionais – por Prof. Renato Nascimento ÍNDICE 1.HABEAS CORPUS 1.1. ORIGEM 1.2. EVOLUÇÃO DO HABEAS CORPUS NO BRASIL 1.3. CONCEITO E FINALIDADE 1.4. BASE NORMATIVA 1.5. ESPÉCIE E CONCESSÃO DE HABEAS CORPUS 1.5.1.PREVENTIVO 1.5.2. LIBERATÓRIO OU REPRESSIVO 1.6. LEGITIMIDADES ATIVA 1.7. SUJEIÇÃO PASSIVA 1.8.OBJETO MEDIATO DO PEDIDO DE HABEAS CORPUS 1.9.DA LIMINAR EM HABEAS CORPUS 1.10.. AÇÃO PENAL CAUTELAR DE HABEAS CORPUS 1.11.AÇÃO PENAL CONSTITUTIVA DE HABEAS CORPUS 1.12. AÇÃO PENAL DECLARATÓRIA DE HABEAS CORPUS 1.13.TRANCAMENTO DE INQUÉRITO E AÇÃO PENAL 1.14.PROCESSO E JULGAMENTO DO HABEAS CORPUS 1.15.INTERVENÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO 1.16. TRANSGRESSÃO MILITAR 1.17.JURISPRUDÊNCIA 2.HABEAS DATA 2.1.LEGITIMAÇÃO ATIVA 2.2. SUJEITO PASSIVO 2.3. OBJETO 2.4. NATUREZA JURÍDICA 2.5. REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO PRÉVIO 3. MANDADO DE SEGURANÇA 3.1.ORIGEM 3.2. OBJETO 3.3. REQUISITOS 3.4. Direito líquido e certo 3.5. Prazo 3.6. LEGITIMIDADE ATIVA - IMPETRANTE 3.7. SUJEIÇÃO PASSIVA - IMPETRADO 3.8. COMPETÊNCIA 3.9.TIPOS DE MANDADO DE SEGURANÇA 3.10.MEDIDA LIMINAR 3 3.11. TIPOS DE SENTENÇA www.resumosconcursos.com Resumo: Remédios Constitucionais – por Prof. Renato Nascimento 3.12. COISA JULGADA 3.13. MANDADO CONTRA ATO JUDICIAL 3.14. A LEI EM TESE 3.15. ATO ADMINISTRATIVO 3.16. ATO DISCIPLINAR 3.16. LITISCONSÓRCIO EM MANDADO DE SEGURANÇA 3.17. DOS RECURSOS 4.MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO 4.1.CONCEITO 4.2.FINALIDADE 4.3.OBJETO 4.4.INTERESSE COLETIVO 4.5.INTERESSES DIFUSOS 4.6.LEGITIMAÇÃO ATIVA 4.6.1. PARTIDO POLÍTICO 4.6.2. ORGANIZAÇÃO SINDICAL, ENTIDADE DE CLASSE OU ASSOCIAÇÃO 4.7.BENEFICIÁRIO 4.8.MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO E INDIVIDUAL 5.MANDADO DE INJUNÇÃO 5.1.ORIGENS 5.2.CONCEITO 5.3.DEFINIÇÃO 5.4.PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS 5.5. AUTO-APLICABILIDADE DO DISPOSITIVO CONSTITUCIONAL 5.6.LEGITIMIDADE ATIVA 5.7.MANDADO DE INJUNÇÃO COLETIVO 5.8.LEGITIMIDADE PASSIVA 5.9. MANDADO DE INJUNÇÃO E AÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE 5.9.1. LEGITIMAÇÃO 5.9.2. OBJETO 5.9.3. JULGAMENTO 5.10.EXISTÊNCIA DE PROCESSO LEGISLATIVO INSTAURADO 5.11.MERA EXISTÊNCIA DE PROJETO DE LEI 5.12.CARACTERIZAÇÃO DA MORA LEGISLATIVA 5.13.NÃO-CABIMENTO DE MANDADO DE INJUNÇÃO SE JÁ EXISTE A NORMA REGULAMENTADORA 5.14.MERA FACULDADE AO LEGISLADOR 5.15.REGULAMENTAÇÃO DOS EFEITOS DE MEDIDA PROVISÓRIA REJEITADA 5.16.COMPETÊNCIA E PROCEDIMENTO 5.17.EFICÁCIA DA DECISÃO NO MANDADO DE INJUNÇÃO 5.17.1. POSIÇÕES DOUTRINÁRIAS 4 5.17.2. POSIÇÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL www.resumosconcursos.com Resumo: Remédios Constitucionais – por Prof. Renato Nascimento 5.17.2.1 POSIÇÃO MAJORITÁRIA 5.17.2.2. MINORITÁRIA 5.17.2.3. SOLUÇÃO INTERMEDIÁRIA 5.17.2.4. POSIÇÃO CONCRETISTA 5.17.2.5.POSIÇÃO CONCRETISTA GERAL 5.17.2.6.POSIÇÃO CONCRETISTA INDIVIDUAL 5.17.2.7. POSIÇÃO CONCRETISTA INDIVIDUAL DIRETA 5.17.2.8. POSIÇÃO CONCRETISTA INDIVIDUAL INTERMEDIÁRIA 5.17.2.9. POSIÇÃO NÃO CONCRETISTA 5.18. EVOLUÇÃO NA ORIENTAÇÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 5.19.QUADRO COMPARATIVO ENTRE O MANDADO DE INJUNÇÃO E INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO 6.AÇÃO POPULAR 6.1.CONCEITO 6.2.ESFERA PENAL 6.3.ESFERA CIVIL 6.4.TIPOS 6.5.OBJETO TUTELADO 6.6.LEI EM TESE 6.7.NATUREZA 6.8.COMPETÊNCIA 6.9.Legitimidade ativa 6.10.Analfabetos 6.11.LEGITIMIDADE PASSIVA 6.12.LIMINAR EM AÇÃO POPULAR 6.13.DO MINISTÉRIO PÚBLICO NA AÇÃO POPULAR 6.14.DO PROCEDIMENTO DA AÇÃO POPULAR 6.15.AÇÃO POPULAR, AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE E AÇÃO CIVIL PÚBLICA 7.AÇÃO CIVIL PÚBLICA 7.1. CONCEITO 7.2. ASPECTOS PROCESSUAIS 7.3.DIFERENÇAS ENTRE AÇÃO CIVIL PÚBLICA E AÇÃO POPULAR 7.4.LEGITIMAÇÃO DAS PARTES E OS PODERES DO MINISTÉRIO PÚBLICO 7.5.FORO E PROCESSO 7.6.RESPONSABILIDADE DO RÉU E A SENTENÇA 7.7.A AÇÃO CIVIL PÚBLICA NO MERCADO DE CAPITAIS 7.8.DOS BENS TUTELADOS 7.9.INTERESSE PRIVADO 7.10.INTERESSE PÚBLICO 7.11.INTERESSE PÚBLICO PRIMÁRIO 5 7.12.INTERESSE PÚBLICO SECUNDÁRIO www.resumosconcursos.com Resumo: Remédios Constitucionais – por Prof. Renato Nascimento 7.13.CARACTERÍSTICAS DOS INTERESSES TRANSINDIVIDUAIS 7.14.INTERESSES DIFUSOS 7.15.INTERESSES COLETIVOS 7.16.INTERESSES INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS 6 www.resumosconcursos.com Resumo: Remédios Constitucionais – por Prof. Renato Nascimento 1.HABEAS CORPUS 1.1. ORIGEM Foi o primeiro remédio a integrar as conquistas liberais. Denota-se sua presença na Inglaterra antes mesmo da Magna Carta de 1215, que acabou por lhe dar a primeira formação escrita. No início não era vinculado à idéia de locomoção, mas ao conceito de due process of law, pois era o meio de levar alguém ao tribunal. O “Habeas Corpus Amendment Act” de 1679 é que o configurou, com mais precisão como um remédio destinado a assegurar a liberdade dos súditos e prevenir os encarceramentos em ultramar. 1.2. EVOLUÇÃO DO HABEAS CORPUS NO BRASIL No Brasil, embora implícito anteriormente, surgiu expressamente no Código de Processo Criminal de 29/11/1832 e elevou-se a regra constitucional na Carta de 1891. Até a criação, em 1934, do mandado de segurança, o Habeas Corpus brasileiro era, por construção jurisprudencial, medida de extensão maior que o Habeas Corpus inglês, protetor exclusivamente da liberdade pessoal. Essa extensão era necessária, pois, do contrário, a quase-totalidade dos direitos fundamentais não teria proteção eficaz. Com o AI5, editado em (???), na fase da ditadura militar iniciada em 1964, houve restrições ao seu emprego, com a suspensão da garantia do Habeas Corpus nos casos de crimes políticos, contra a segurança nacional, a ordem econômica e social e a economia popular. Tais dispositivos só foram revogados em 31 de dezembro de 1978. 1.3. CONCEITO E FINALIDADE 7 O termo writ pode ser utilizado para se referir ao Habeas Corpus, contudo writ é conceito mais amplo e significa, mandado ou ordem a ser cumprida. Em si, o Habeas Corpus é uma ordem judicial, ordem para que se deixe de cercear, para que não se ameace cercear a liberdade ir e vir de determinado indivíduo. O Habeas Corpus é uma garantia individual que se consubstancia em uma ordem ao coator para cessar a ameaça ou coação à liberdade de locomoção. A ilegalidade da prisão pode não consistir na prisão mesma, porém no processo do acusado que corra, por exemplo, perante juiz incompetente. Assim o Habeas Corpus não se restringe apenas ao direito de locomoção, mas compreende outros direitos suscetíveis de constrangimento ou coação legal, que, embora não atinjam a liberdade locomoção, podem ferir direitos individuais como a segurança, a liberdade ou o devido processo legal. O STF concedera, por exemplo, cabível o Habeas Corpus, não para que se soltar o réu, e sim para que seja processado por juiz competente, anulando-se eventualmente a sentença condenatória anterior. A tendência atual, portanto, é considerar o Habeas Corpus, como meio idôneo para garantir todos os direitos do acusado relacionados com sua liberdade de locomoção. Não poderá ser utilizado para a correção de qualquer idoneidade que não implique coação ou iminência direta de coação à liberdade. Não caberá, por exemplo, Habeas Corpus para questionar pena pecuniária. Em sua apreciação, não há vinculação à causa de pedir e ao pedido formulado. Assim cabe considerar ato deconstrangimento que, não tenha sido apontado na petição inicial. Da mesma forma, pode atuar no tocante à extensão da ordem, deferindo-a aquém ou além do que pleiteado. www.resumosconcursos.com Resumo: Remédios Constitucionais – por Prof. Renato Nascimento 1.4. BASE NORMATIVA Conforme dispõe a CF, de 1988, em seu art. 5, inciso LXVIII, conceder-se-á Habeas Corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. Trata-se de um remédio de Direito Processual Constitucional, destinada a tutelar a liberdade de locomoção, o direito de ir, vir e ficar. Desde que a restrição ou perigo de restrição ao direito subjetivo de ir, vir e ficar resulte de ilegalidade ou abuso de poder, o Habeas Corpus é o instrumento constitucional apto a remover a coação ou sua ameaça. O Habeas Corpus pode ser impetrado nos casos de violência, em que há agressão física, atentado material ou emprego de força indispensável para que a pessoa não tenha liberdade corpórea. Também para as situações em que haja coação, qualquer resistência, ou limitação à liberdade ir e vir, nas quais o paciente se sujeita sem necessidade do emprego de força física material. Portanto, a ação de Habeas Corpus é válida quer provenha de violência física, quer provenha de violência moral. Em sentido amplo, a coação pode ser tida como nomem iuris de toda e qualquer limitação à liberdade individual, abrangendo, assim a violência. O Legislador constitucional pressupõe também a existência da ilegalidade ou abuso de poder. A ilegalidade consiste na falta de observância dos preceitos legais exigidos para a validade do ato, ou de um ou alguns deles exigidos como necessários. 1.5. ESPÉCIE E CONCESSÃO DE HABEAS CORPUS 1.5.1.PREVENTIVO Pode ser impetrado quando houver ameaça à liberdade de locomoção, expedindo-se o salvo-conduto em favor do paciente. É admissível não só nos casos de ameaças de prisão como também na iminência de possíveis constrangimentos ilegais à liberdade individual. O direito à liberdade não é atingido apenas com a prisão ou com a possível ameaça de prisão, mas também com constrangimentos ilegais, que impedem a pessoa de locomover-se, agir ou viver livremente. A jurisprudência tem concedido Habeas Corpus, expedindo-se salvo conduto, por exemplo, quando gerente bancário é constrangido a liberar quantias bloqueadas através de ofício judicial; ou no caso de prostituta reiteradamente detida por prática de trottoir que se vê ameaçada além de outras hipóteses. Mesmo como medida excepcional tem sido concedida ordem para trancamento de inquérito policial, quando se tratar de fato atípico ou para trancar ação penal por prescrição ou ainda para anular pena imposto em segundo grau mediante recurso exclusivo do réu implicando reformatio in pejus. 1.5.2. LIBERATÓRIO OU REPRESSIVO Interposto quanto já ocorreu o ato violento ou o constrangimento ilegal com o objetivo de fazer cessar a coação. 1.6. LEGITIMIDADE ATIVA 8 É verdadeira ação popular constitucional no sentido de que qualquer pessoa física ou jurídica pode impetrá-lo, em favor próprio ou de terceiro, tenha ou não capacidade postulatória. Tanto o maior como o menor, o nacional como o estrangeiro, a pessoa física como a jurídica podem impetrá-lo. O analfabeto, desde que alguém assine a rogo, pois não se admite só com sua impressão digital, inclusive delegado de polícia, promotores e juizes. A pessoa jurídica pode impetrar Habeas Corpus, mas aquele que a representa www.resumosconcursos.com Resumo: Remédios Constitucionais – por Prof. Renato Nascimento legalmente deve, de plano ou no prazo assinado, comprovar isto. Se o signatário não comprova a condição invocada, de rigor o não conhecimento do writ. 1.7. SUJEIÇÃO PASSIVA O Habeas Corpus é voltado contra os ato de autoridade. Quando as pessoas privadas constrangem outrem ou mesmo detêm em recinto fechado, estão inclusas em uma modalidade criminosa (cárcere privado). Não há restrição explícita contra a utilização do Habeas Corpus nestes casos, a verdade é que a mera denúncia do crime junto à delegacia policial mais próxima é a medida indicada. Todavia, há que se referir aqui casos ocorrentes quando da alta a pacientes internados. Às vezes, há conflito entre os seus parentes, que querem retirá-los, e os médicos, que não querem assumir esta responsabilidade porque consideram a medida contra-indicada. Nestas hipóteses parece que o Habeas Corpus cumpre um papel insubstituível. Se o particular exerce a coação, ou ameaça, na falsa qualidade de autoridade pública, é inegável a admissão do Habeas Corpus. Exemplo, se um fazendeiro proíbe a retirada dos lavradores, ou criadores, se não solvem as dívidas. A lei não exige que o constrangimento seja exercido por autoridade pública. Basta que haja prisão ou constrangimento ilegal, provenha de autoridade constituída ou de particular. Com referência à prisão administrativa também tem pertinência a interposição de Habeas Corpus, se imposta por autoridade administrativa, uma vez que o art. 5º , LXI da CF só admite a prisão por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária. Também cabimento quando houver prática de ilegalidade proveniente de particulares, que venham a constranger ou mesmo deter alguém. Embora o particular possa ser enquadrado em algum crime (cárcere privado, constrangimento ilegal ou de ameaça), nada obsta que se admita a impetração da ordem, sem prejuízo do processo crime. Não se pode negar a impetração de Habeas Corpus contra ilegalidade praticada por particular, que fira o direito de locomoção de alguém devendo o coator, se for o caso, responder criminalmente por sua conduta. 1.8.OBJETO MEDIATO DO PEDIDO DE HABEAS CORPUS Pode ser interposto contra uma decisão, quando apresenta a natureza de recurso, como pode ser impetrado contra possível ameaça de constrangimento ilegal, quando não passa de verdadeira ação tutelar. No vigente estatuto processual penal está previsto como recurso, no capítulo dos recursos. Mas no projeto de lei 1.655 do futuro Código de Processo Penal está inserido no Título X, que trata das ações. Razões para Habeas Corpus não ser considerado recurso, posto que o recurso é um direito de natureza processual, nascido do processo, enquanto o Habeas Corpus pode nascer fora do processo e, às vezes, antes e independente dele. Além disso, o recurso sempre pressupõe o duplo grau de jurisdição, isto é, o reexame da decisão pela superior instância, enquanto o Habeas Corpus o sujeito passivo do pretendido direito de punir passa a autor e pede que se declare inexistente o direito de punir, ou que se lhe reconheça o direito de liberdade, por incabível a perseguição penal ou a coação processual. Em fim, o recurso supõe a inexistência de coisa julgada e visa atacar a decisão recorrível, ao passo que o Habeas Corpus não sofre essa limitação e pode se interposto para rescindir a coisa julgada. 1.9.DA LIMINAR EM HABEAS CORPUS 9 O Habeas Corpus não teria a devida eficácia e jamais cumpriria a sua finalidade se não comportasse a medida liminar para cessar imediatamente o constrangimento ilegal. A medida liminar é provimento cautelar admitido pela lei de mandado de segurança. Ora, se www.resumosconcursos.com Resumo: Remédios Constitucionais – por Prof. Renato Nascimento em todos os remédios constitucionais admite-se a medida liminar, por que somente ao Habeas Corpus, que tutela a liberdade mais valiosa, não admitiria? A liminar em pedido de Habeas Corpus é criação da jurisprudência brasileira. 1.10. AÇÃO PENAL CAUTELAR DE HABEAS CORPUS A ação penal cautelar sempre se subordina à ação de conhecimento ou dela é dependente. Assim, presta-se a garantir a eficácia ou efeitos da decisão jurisdicional a ser proferida no processode conhecimento instaurada pela ação de mesmo nome. De modo geral, pode-se afirmar que o caráter cautelar do writ reside exatamente em afastar uma situação de perigo à liberdade física do indivíduo. O caráter cautelar que informa a ação penal de Habeas Corpus é bastante amplo e significativo, compreendendo a grande maioria dos casos em que seu emprego é permitido. Toda vez em que o Habeas Corpus é concedido, ou para evitar prisão injusta, ou para impedir prisão prolongada, o seu caráter de providência cautelar está presente, pois a prematura prisão do réu pode afetar, de maneira irreparável, o seu direito de ir e vir e a liberdade corporal. 1.11.AÇÃO PENAL CONSTITUTIVA DE HABEAS CORPUS São aquelas que se destinam a criar, modificar ou extinguir uma situação jurídica. Assim sendo, quando o Habeas Corpus tiver por finalidade postulatória extinguir uma situação jurídica ilegal, fazendo cessar a coação ou sua ameaça contra a liberdade de locomoção do indivíduo, dela decorrente, terá ele natureza de ação penal constitutiva. Exemplo: Se uma sentença é proferida, em processo absolutamente nulo, e, após passar em julgado, é executada, daí advindo a prisão do réu, ou a expedição de mandado para prendê-lo, a concessão do Habeas Corpus implica em anulação da sentença e de todo o processo. Antes de anulada pelo Habeas Corpus, a sentença tinha inteira eficácia. Concedido o Habeas Corpus, a sentença fica sem efeito rescindida. O Habeas Corpus será ação penal constitutiva, quando ausente algum pressuposto processual, quando inexistir justa causa para a percutio criminis ou faltar qualquer condição de procedibilidade. Em todas as hipótese o Habeas Corpus funciona como autêntica ação rescisória, desfazendo a coisa julgada. 1.12. AÇÃO PENAL DECLARATÓRIA DE HABEAS CORPUS Quando objetivar a declaração de inexistência de uma relação jurídica disciplinada pelo Direito Penal, terá ele natureza de ação penal declaratória. Exemplos: Se a lei penal nova não mais considerar como crime o fato imputado ao agente. 1.13.TRANCAMENTO DE INQUÉRITO E AÇÃO PENAL 10 O inquérito policial é peça investigatória, inquisitória, escrita, relativamente sigilosa, destinada a colher indícios a respeito do fato delituoso e de seu autor. Tratando-se de inquérito policial, não se pode impedir a polícia judiciária de fazer investigações, que constituem atividades pertinentes às suas funções. Em regra, não cabe Habeas Corpus para trancamento do referido inquérito, cuja finalidade é averiguar fatos que podem ou não configurar infração penal, bem como quem seria o autor. Se a autoridade policial instaura inquérito por iniciativa própria, passa a ser coatora, e o juiz da comarca o competente para apreciar e julgar possíveis Habeas Corpus para trancamento do inquérito policial. Portanto, a apuração, pela polícia judiciária, das infrações penais e de sua autoria, não caracteriza ou ofensa à liberdade individual. Contudo, pode haver trancamento de inquérito policial, excepcionalmente, desde que os fatos apurados sejam atípicos ou haja evidente impossibilidade de o indiciado ser seu autor, ou ainda quando www.resumosconcursos.com Resumo: Remédios Constitucionais – por Prof. Renato Nascimento ocorrer algum motivo evidente que configure falta de justa causa para seu prosseguimento. Muito embora o inquérito em si não constitua ameaça à liberdade de locomoção de qualquer pessoa investigada, não há dúvida que sua instauração, com as conseqüências naturais (condução coercitiva, qualificação, interrogatório, publicação pela imprensa etc.), configura autêntico constrangimento ilegal passível do remédio constitucional. 1.14.PROCESSO E JULGAMENTO DO HABEAS CORPUS Requisitos previstos no art. 654 do Código de Processo Penal. Os juízes e tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de Habeas Corpus, quando no curso de processo verificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal. No entanto, se o juiz estiver funcionando em algum processo em que o réu esteja indevidamente ou irregularmente preso, cabe-lhe relaxar a prisão, como ato de seu próprio ofício, sem que seja propriamente concessão de Habeas Corpus de ofício. 1.15.INTERVENÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO No Habeas Corpus, o Ministério Público pode funcionar como impetrante, como autoridade coatora ou ainda como fiscal. Como impetrante, pode requerer a garantia constitucional para qualquer pessoa que esteja sofrendo constrangimento ilegal em sua comarca. Salienta-se que o promotor ou qualquer outra autoridade, poderá impetrar Habeas Corpus em qualquer instância, agindo como popular, bastando que não decline sua condição de autoridade. Como fiscal da lei no Habeas Corpus, a intervenção do Ministério Público só é prevista nos processos de Habeas Corpus que tramitem nos tribunais, não junto a juízes, pois não há necessidade de ouvir o órgão do Ministério Público, tanto antes da concessão de liminar, como depois das informações, pois o Decreto-Lei n. 552, de 25 de abril de 1969, só se refere à sua ouvida nos tribunais federais ou estaduais, quando originários ou em grau de recurso, quando originários ou em grau de recurso, no prazo de dois dias. 1.16. TRANSGRESSÃO MILITAR Não cabe Habeas Corpus em caso de transgressão militar, segundo o art. 142, § 2º está em harmonia com o art. 5º LXI. No entanto, pode-se conhecer de Habeas Corpus contra punição disciplinas as hipóteses de ilegalidade ou abuso de poder, quando, por exemplo, a autoridade não tinha competência para baixar o ato, ou a ilegalidade é chocante. 1.17.JURISPRUDÊNCIA STF admite a concessão de Habeas Corpus de ofício, ainda quando o pedido originário não possa ser conhecido. Habeas Corpus Preventivo O simples ofício dirigido ao Superintendente Regional e ao Gerente da agência da Caixa Econômica Federal, obrigando-o a liberar o dinheiro, mesmo sem expressa referência às conseqüências penais da desobediência, constitui constrangimento ilegal a ser reparado através do Habeas Corpus. Trancamento de Inquérito 11 Cabe Habeas Corpus para trancar inquérito policial sem justa causa contra os recorridos, eis que a discricionariedade da autoridade policial é a origem da ilegalidade ou abuso de www.resumosconcursos.com Resumo: Remédios Constitucionais – por Prof. Renato Nascimento poder contra os direitos individuais dos pacientes, devendo, por isso, ser analisado o mérito da alegada falta dela. Prova Não se pode perder de vista que haverá sempre necessidade de exame da prova apresentada para concessão ou não da ordem impetrada. A jurisprudência dominante é no sentido de que, em Habeas Corpus não se admite o exame minucioso ou aprofundado da prova, bem como discussão de crime em tese. Telefone É admissível também por telefone, hoje inserido de forma notável nas comunicações, devendo a secretaria do tribunal reduzir a termo o pedido, presumindo-se sua autenticidade e veracidade. 12 www.resumosconcursos.com Resumo: Remédios Constitucionais – por Prof. Renato Nascimento 2.HABEAS DATA É uma das inovações da CF, de 1988. A finalidade do Habeas Data está intimamente ligada com a privacidade ou intimidade das pessoas, já que visa obter e retificar dados e informações constantes de arquivo públicos. É um remédio constitucional posto à disposição de pessoa física ou jurídica para lhe assegurar o conhecimento de registros concernentes ao postulante constantes de repartições públicas ou particulares acessíveis ao público, para retificação de seus dados pessoais. Essa definição inclui repartições particulares, quando o texto constitucional se limita a falar em entidades governamentais ou de caráter público, o que excluiria as entidades particulares acessíveis ao público. Ocorre com o Habeas Data, algo semelhante ao que se verifica como mandado de injunção, pois ambos, derivados que são do mandado de segurança têm dificuldade em deixar evidenciadas suas funções específicas, em nossa ordem jurídica. O Habeas Data protege a incolumidade de dados pessoais, mediante o direito de conhecer de informações de dados pessoais, mediante o direito de conhecer de informações sobre eles constantes de registro e bancos de dados, não só de entidade caracteristicamente pública, assim como o direito de retificá-los, se necessário, o que importa num processo de conhecimento mais complexo do que o do mandado de segurança. Alguém sentindo- se prejudicado por uma informação difundida por algum meio de comunicação, poderia interpor Habeas Data para garantir seu direito a retificar ou anular os dados que dele se tenha em um meio de comunicação específico ou em agência de notícias, preservando- se, no entanto, a fonte da informação espúria. 2.1.LEGITIMAÇÃO ATIVA Poderá ser ajuizado tanto por pessoa física, brasileira ou estrangeira, quanto por pessoa jurídica. Os tribunais reconheceram às pessoas jurídicas o respeito a vida privada e á intimidade como direitos inerentes a elas, afirmando que necessariamente deveriam estar protegidas pelo mesmo corpo normativo das pessoas físicas. 2.2. SUJEITO PASSIVO 13 É todo órgão ou entidade governamental, incluindo-se aí, portanto, a Administração descentralizada e os próprios entes privados, desde que, pelas dimensões da sua atuação, ganhe uma ressonância pública. Interpretando o texto constitucional, deve-se entender “entidade governamental ou de caráter público” como todo organismo controlado pelo Poder Público, seja da administração direta ou indireta. A definição exclui, consequentemente, entidades da administração privadas, ainda que sob fiscalização ou regramento geral do Poder Público, como os bancos ou instituições financeiras. A restrição do instituto foi proposital no texto da Constituição. O melhor entendimento é o que defende o Habeas Data para obtenção de dados junto também às repartições privadas acessíveis ao público, como por exemplo, o Serviço de Proteção do Crédito (SPC). Contudo, é de se ver que a sistemática do SPC, mantida por associações comerciais, garante um funcionamento rápido, visto que de pronto são fornecidas informações a respeito de dados pessoais ao próprio devedor ou a algum associado, o que torna inútil o remédio do Habeas Data. No regime democrático esse remédio constitucional não será necessário, já que deverá haver a maior transparência possível nas relações entre o Estado e o povo. A Constituição Federal, traz um rol exemplificativo de algumas autoridades que podem ser sujeitos passivos do Habeas Data. Essas www.resumosconcursos.com Resumo: Remédios Constitucionais – por Prof. Renato Nascimento autoridades terão que justificar a razão de possuírem dados íntimos sobre determinados indivíduos sob pena de responsabilização, política, administrativa, civil e penal. 2.3. OBJETO É o pedido de informações ou retificação destas por pessoa física ou jurídica sobre sua pessoa, o que quer dizer que somente ela poderá solicitar informações de dados a seu respeito. Terceiros não o poderão fazer, por se tratar de ação personalíssima. O caráter personalíssimo dessa ação constitucional deriva da própria amplitude do direito defendido. Há, entretanto, casos em que herdeiros ou cônjuge poderão impetrar Habeas Data. 2.4. NATUREZA JURÍDICA É uma constitucional, de caráter civil, conteúdo e rito sumário, que tem por objeto a proteção do direito liquido e certo do impetrante em conhecer todas as informações e registros relativos à sua pessoa e constantes de repartições pública ou particulares acessíveis, para eventual retificação de seus dados pessoais. 2.5. REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO PRÉVIO O direito de ação relativamente ao Habeas Data nasce da negativa no fornecimento das informações, sendo indispensável a provocação de um ato gerador de conflito para atrair o provimento judicial. Embora os doutrinadores tenham entendido ser indispensável o prévio requerimento administrativo, também a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, ainda que haja votos contrários, tem declarado extinto o processo, inexistente antecedente pedido administrativo, por não haver resistência e estar ausente o interesse de agir do impetrante. Há uma interpretação no sentido de não se exigir a prova de recusa do órgão competente ao acesso às informações ou da recuso em fazer-se a retificação. Nesta hipótese, bastaria ao impetrante a prova de que optou pelo acesso às instâncias administrativas, sem que houvesse necessidade de seu esgotamento. Na esteira dessa orientação o art. 8 da Lei 9.50, de 12/11/1997 determina que a petição inicial deverá ser instruída com prova, da recusa ao acesso às informações ou do decurso de mais de dez dias sem decisão ou da recusa em fazer-se a retificação ou do decurso de mais de quinze dias, sem decisão. PROCEDIMENTO Serão observadas, no que couber, as normas do mandado de segurança, enquanto não editada legislação específica (Lei 8.038/90). Lei 1.533/51 prevê os requisitos da petição inicial, bem como sua apresentação em duas vias com os documentos necessários. A Lei 9.507/97, ao disciplinar o Habeas Data, guarda profunda semelhança com a Lei 1.533/51. O juiz poderá conceder liminar determinando de imediato o fornecimento dos dados pessoais requeridos ou mandará ainda notificar a autoridade coatora do conteúdo da impetração, entregando-lhe a segunda via apresentada pelo requerente, a fim de que, no prazo de dez dias, sejam prestadas as informações que achar necessárias. DADOS SIGILOSOS 14 Nem todo registro será fornecido a quem o desejar porque aqueles relacionados com a defesa nacional continuarão sigilosos e indevassáveis, como os Serviços Nacional de Informações (SNI), destinados unicamente ao conhecimento do Presidente da República e das autoridades responsáveis pela segurança da sociedade e do Estado, já ressalvados no inciso XXXIII do art. 5º da Constituição Federal de 1988. Por outro lado, o direito de www.resumosconcursos.com Resumo: Remédios Constitucionais – por Prof. Renato Nascimento manter determinados dados sigilosos direciona-se a terceiros que estariam, em virtude da segurança social ou do Estado, impedidos de conhecê-los, e não ao próprio impetrante, que é o verdadeiro objeto dessas informações, pois se as informações forem verdadeira, certamente já eram de conhecimento do próprio impetrante, e se forem falsas, sua retificação não causará nenhum dano à segurança social ou nacional. COMPETÊNCIA 15 Compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar originalmente o Habeas Data contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador da República e do próprio Tribunal. Além disso, julgar em recurso ordinário os Habeas Data decidido em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão. Atribui ao Superior Tribunal de Justiça processar e julgar, originariamente, Habeas Data contra ato de Ministro de Estado ou do próprio Tribunal. O Art. 108 estabelece ainda que compete aos Tribunais Regionais Federais processar e julgar, originariamente, o Habeas Data contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal. www.resumosconcursos.com Resumo: Remédios Constitucionais – por Prof. Renato Nascimento 3. MANDADO DE SEGURANÇA 3.1.ORIGEM Com a Constituição de 1934 surgiu o mandado de segurança. Hoje a Lei 1.533 de 31 de dezembro de 1951 disciplina a matéria. Trata de medida especial que visa restabelecer imediatamente o direito violado ou ameaçado, o que pressupõe urgência na propositura, como também deverá haver urgência no julgamento. A própria lei prevê rito sumário especial com prazosabreviados que deveriam ser cumpridos religiosamente, sob pena de ferir outros direitos do impetrante, a quem deveria ser assegurada prestação jurisdicional rápida e prioritária. 3.2. OBJETO O campo de ação é definido por exclusão. Onde não cabe habeas corpus ou Habeas Data cabe mandado de segurança. Embora tenha seu nascimento na própria constituição, muitos autores a consideram como ação civil. A natureza civil não se altera, nem tampouco impede o ajuizamento de mandado de segurança em matéria criminal, inclusive contra ato de juiz criminal, praticado no processo penal. A Constituição Federal não delimita com precisão seu objeto e também não indica o que exatamente caberia ao órgão judicial fazer, o que acaba dando espaço a uma construção jurisprudencial significativa. 3.3. REQUISITOS a) existência de direito liquido e certo; b) ato eivado de ilegalidade ou abuso de poder; c) ato praticado por autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. d) caráter subsidiário: proteção ao direito líquido e certo não amparado por habeas corpus ou Habeas Data. Conforme art. 5º da Lei 1.533/51, não caberá mandado de segurança: a) quando houver recurso administrativo com efeito suspensivo independentemente de caução. b) Contra decisão judicial ou despacho judicial para o qual haja recurso processual eficaz, ou possa ser corrigido prontamente por via de correição. c) Contra ato disciplinar, a menos que praticado por autoridade incompetente ou com inobservância de formalidade essencial. 3.4. DIREITO LÍQUIDO E CERTO 16 Deve ser comprovado de plano, documental e independentemente de instrução probatória, a qual é incompatível com seu procedimento. Numa primeira linha conceitual, afirmou-se ser líquido e certo o direito evidente de imediato, insuscetível de controvérsia, reconhecível sem demora, identificável sem necessidade de laboriosas cogitações ou de detido exame. É induvidosa na sua estrutura e extensão. Assim a impetração do mandado de segurança não pode fundamentar-se em simples conjecturas ou em alegações que dependam de dilação probatória incompatível com o procedimento do mandado de segurança. www.resumosconcursos.com Resumo: Remédios Constitucionais – por Prof. Renato Nascimento 3.5. PRAZO É também requisito legal que o mandado seja impetrado dentro de cento e vinte dias a partir da ciência do ato impugnado pelo interessado (art. 18 da Lei 1.533/51) sob pena de decadência. O prazo para requerer o mandado de segurança é de decadência e não se interrompe nem se suspende por nova reclamação da parte, nem pelo reexame do caso pela autoridade administrativa. Entretanto, presentes os requisitos constitucionais, tem cabimento a impetração de segurança independentemente de qualquer prazo que possa ser estabelecido na legislação, pois as garantias constitucionais não podem estar submetidas a prazo de exercício. Mas pondere-se que o legislador ordinário quis fixar um prazo para que o interessado tratasse com a devida urgência de restabelecer o direito lesado, não podendo deixar a seu critério exclusivo o exame do tempo conveniente, incorrendo na pena de ferir direitos de terceiros. 3.6. LEGITIMIDADE ATIVA - Impetrante São titulares do mandado de segurança, além das pessoas jurídicas, brasileiros ou estrangeiros, menores ou maiores, residentes no País que tenham direito líquido e certo lesado por atos emanados do Poder Público ou de agentes que exerçam funções públicas delegadas, bem como órgãos despersonalizados mas com capacidade processual ou universalidade reconhecida por lei (espólio, massa falida, condomínio etc.) O terceiro atingido pelo ato judicial pode impugná-lo por mandado de segurança, mesmo sem que haja interposto o recurso cabível. O que se exige é que o impetrante tenha o direito invocado, e que este direito esteja sob a jurisdição da Justiça brasileira. Os órgãos públicos despersonalizados, como por exemplo, Mesas das Casas Legislativas, Presidências dos Tribunais, chefias do Ministério Público e do Tribunal de Contas são legitimados para ajuizamento de mandado de segurança em relação a sua área de atuação funcional e em defesa de suas atribuições. 3.7. SUJEIÇÃO PASSIVA - Impetrado É a autoridade coatora. É firme e dominante a jurisprudência no sentido de que a indicação errônea da autoridade coatora afetará uma das condições da ação, acarretando, portanto, a extinção do processo, sem julgamento de mérito. O STF já firmou jurisprudência no sentido de que a autoridade apontada como coatora deve ser aquela responsável pela prática do ato atacado, não cabendo ao órgão julgador substituí-la. Em relação à pessoa jurídica de direito público, ela sempre será parte legítima para integrar a lide em qualquer fase, pois suportará o ônus da decisão proferida em sede de mandado de segurança. Parte da doutrina e da jurisprudência manifestam a existência do litisconsórcio necessário entre a autoridade coatora e a pessoa jurídica de direito público. Pode figurar no polo passivo, as pessoas naturais ou jurídica de direito privada com funções delegada do Poder Público, como ocorre em relação às concessionária de serviços de utilidade pública, bancos, escolas, desde que os atos se restrinjam às funções delegadas pelo poder pública. Assim, o mandado de segurança é, por exemplo perfeitamente cabível contra entidades de ensino que exercem funções públicas delegadas, mas não será admitido como socorro de seus credores contra eventuais inadimplementos, ou em base de outras relações regidas exclusivamente pelo direito privado. 3.8. COMPETÊNCIA 17 É definida em função da hierarquia da autoridade legitimada a praticar a conduta, comissiva ou omissiva que possa resultar em lesão ao direito subjetivo da parte e não www.resumosconcursos.com Resumo: Remédios Constitucionais – por Prof. Renato Nascimento será alterada pela posterior elevação funcional da mesma. O supremo Tribunal Federal carece de competência constitucional originária para processar e julgar mandado de segurança impetrado contra qualquer ato ou omissão de Tribunal judiciário, (Art. 21 da Lei Orgânica da Magistratura nacional). A jurisprudência é pacífica em reafirmar a competência dos próprios Tribunais para processarem e julgarem os mandados de segurança impetrados contra seus atos e omissões. O superior Tribunal de Justiça também não tem competência para processar e julgar, originariamente, mandado de segurança contra ato de outros Tribunais ou dos respectivos órgãos. 3.9.TIPOS DE MANDADO DE SEGURANÇA O mandado de segurança poderá ser repressivo de uma ilegalidade já cometida, ou preventivo quando o impetrante demonstrar justo receio de sofrer uma violação de direito líquido e certo por parte da autoridade impetrada. Nesse caso, porém, sempre haverá a necessidade de comprovação de um ato ou omissão concreta que esteja pondo em risco o direito do impetrante. 3.10.MEDIDA LIMINAR Assim como nos demais remédios constitucionais onde se encontra implícita, a medida liminar no mandado de segurança, é altamente eficaz, visto que assegura direitos feridos e repara prejuízos sofridos, permitindo ao lesado o restabelecimento de seu direito. O que caracteriza, de maneira marcante, o mandado de segurança é a possibilidade de concessão de medida liminar que pode, ou não, corresponder àquilo que se pleiteia no pedido (lide, pretensão) propriamente dito. De acordo com o art. 7º da Lei 1533/51, os pressupostos legais da medida liminar são a relevância dos motivos em que se assenta o pedido na inicial e a possibilidade da ocorrência de lesão irreparável ao direito do impetrante, se vier a ser reconhecida da decisão de mérito. Numa perspectiva mais doutrinária, os pressupostos específicos da medida liminar são o periculum in mora (perigo da demora) eo fumus boni juris (fumaça ou transparência do bom direito), que, presentes, garantem ao impetrante o direito subjetivo à liminar. Discute-se se a liminar é direito do impetrante ou faculdade do juiz. A questão é controvertida, mas uma vez que, preenchidos os pressupostos legais e específicos, não é mera faculdade do juiz, mas sim um direito do impetrante que não pode ser negado, pois a própria liminar pede uma satisfação antecipada do mérito da questão sub judice. Se a medida liminar for negada pelo juiz de primeiro grau, não existe recurso contra sua decisão, a não ser a impetração de outro mandado de segurança, segundo tem reconhecido a jurisprudência dos tribunais. Alguns autores entendem inconstitucional a norma legal ou regulamentar que proíba, transitória ou definitivamente, a concessão de liminar. Discute-se também a possibilidade de concessão de liminar em mandado de segurança de ofício. Há uma corrente de pensadores que entende ser vedado ao juiz concedê-la se não houver requerimento da parte, já que lhe é proibida a prestação jurisdicional sem ser requerida, enquanto outros reconhecem ser possível tal concessão, pois ao juiz impõe-se o dever de conceder liminar à vista dos pressupostos. 3.11. TIPOS DE SENTENÇA 18 A sentença proferida no mandado de segurança poderá ser constitutiva, condenatória e, até mesmo, declaratória. www.resumosconcursos.com Resumo: Remédios Constitucionais – por Prof. Renato Nascimento 3.12. COISA JULGADA Quando a sentença for denegatória da segurança, pode ou não fazer coisa julgada. A súmula 304, do STF assim dispõe que “Decisão denegatória de mandado de segurança, não fazendo coisa julgada contra o impetrante, não impede o uso de ação própria.” O cerne do problema é realmente se a decisão apreciou ou não o mérito. Se o tiver feito, estaremos diante do impedimento às vias ordinárias, por que a decisão deverá fazer coisa julgada material, não mais suscetível de recurso. Se a sentença não percute o mérito, somente poderá fazer coisa julgada formal. Os tribunais firmaram jurisprudência no sentido de que a decisão em mandado de segurança somente faz coisa julgado quando resolve o mérito, impedindo, na hipótese, a propositura de nova ação. A decisão proferida em mandado de segurança pode adquirir autoridade de coisa julgada ou não. Na primeira hipótese impede que seja proposta outra ação adequada, através da via ordinária. Ocorre coisa julgada material quando a decisão aprecia o mérito da questão, não podendo esta ser discutida novamente em outra ação, ainda que pela via ordinária. O Supremo Tribunal Federal tem entendido que a decisão denegatória da segurança, se aprecia o mérito do pedido, faz coisa julgada material, impedindo a reapreciação em ação ordinária. O fato de se haver apreciado, ou não, o mérito, na decisão denegatória de mandado de segurança, não basta, por si só, para reconhecer ou repelir a coisa julgada, porque, mesmo entrando no exame do mérito – e, portanto, superando a questão do conhecimento da impetração -, a decisão denegatória pode oferecer nuanças muito diversas. Poder reconhecer, apenas, que o direito não é líquido e certo, mas sem repelir que possa haver tal direito, adequadamente demonstrável em ação ordinária. Pode repelir, tout court, que haver qualquer direito, e, nesta hipótese, evidentemente faz coisa julgada e impede a reiteração do pedido, mesmo em ação ordinária. O art. 15 da Lei 1.533/51, por sua vez, dispõe que a decisão do mandado de segurança não impedirá que o requerente, por ação própria, pleiteie os seus direitos e os respectivos efeitos patrimoniais. Diante da jurisprudência dominante, domina o princípio de que, se os fatos forem provados e a sentença denegar a segurança por concluir o julgador inexistir o direito do impetrante, haverá coisa julgada material e já não poderá ser reaberta a discussão em outro processo. 3.13. MANDADO CONTRA ATO JUDICIAL 19 Os atos dos juízes sujeitam-se ao mandado de segurança, tanto quanto os atos dos membros dos Poderes Legislativos e Executivo, uma vez que aqueles – os magistrados- são tão agentes públicos, tão autoridades, quanto estes últimos. Necessário, apenas que o seja ilegal ou abusivo. Doutra parte, ao prever o ordenamento jurídico a possibilidade de duplo grau de jurisdição, com mais uma garantia constitucional dos jurisdicionados, a decisão, para produzir gravame deve ser insuscetível de recurso com efeito suspensivo. O art. 5º, da Lei 1.533/51, prevê que o mandado de segurança contra ato judicial só tem cabimento quando o ato não for passível de revisão por via de recurso específico ou quando, embora recorrível, não tenha o recurso interposto efeito suspensivo, permitindo a execução provisória da sentença. A súmula ___ dispõe que “Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou correição.” Em face da Lei 9.139/1995, que modificou o Código de Processo Civil, mercê do art. 524, que determina a interposição do agravo diretamente ao tribunal, e dos arts. 527, inciso II, e 558, este último possibilitador da atribuição do efeito suspensivo em certas situações, as hipóteses de mandado de segurança contra ato judicial viram-se reduzidas. O certo é que o mandado contra ato judicial é atípico, porque sua finalidade é apenas suspender temporariamente a eficácia da decisão, provisória ou definitiva, da primeira instância ou, www.resumosconcursos.com Resumo: Remédios Constitucionais – por Prof. Renato Nascimento eventualmente, de um tribunal, em que se verifica uma função nitidamente acautelatória. Trata-se de uma nova ação e as partes não têm de ser necessariamente as mesmas. 3.14. A LEI EM TESE Em regra não cabe mandado de segurança contra a lei em tese, pois trata-se de norma abstrata que não lesa, por si só, direito individual. Contudo, se a lei ou o decreto, por si só, lesa direito individual, é perfeitamente cabível o mandado de segurança contra os efeitos concretos do ato normativo. Se a aprovação da lei se deu de maneira irregular, sem obediência às exigências legais ou regimentais, pode caber o mandado de segurança. 3.15. ATO ADMINISTRATIVO Conforme art. 5º da Lei 1.533/51, não caberá mandado de segurança, quando houver recurso administrativo com efeito suspensivo independentemente de caução. 3.16. ATO DISCIPLINAR O art. 5º, III, da Lei 1.533/51 dispõe que não se dará mandado de segurança quando se tratar de ato disciplinar, salvo quando praticado por autoridade incompetente ou com inobservância de formalidade essencial. Fundamenta-se no fato de que a transgressão disciplinar supõe hierarquia e deve preponderar o poder disciplinar de natureza discricionária. Por outro lando, se a Constituição Federal concede segurança para proteger todo direito líquido e certo, não amparado por Habeas Corpus, qualquer que seja a autoridade ofensora, não se legitima a exclusão dos atos disciplinares que, embora formalmente corretos e expedidos por autoridade competente, podem ser ilegais e abusivos no mérito, a exigir pronta correção mandamental. 3.16. LITISCONSÓRCIO EM MANDADO DE SEGURANÇA Haverá litisconsórcio, quando duas ou mais pessoas litigam no mesmo processo, e do mesmo lado. Uma pessoa entra e a outra pega carona. Muitos juízes, depois de terem concedido a liminar e recebido as informações da autoridade coatora, mandam citar ou notificar possíveis lesados para integrarem o mandado de segurança. 3.17. DOS RECURSOS 20 Se a liminar for concedida pelo juiz de primeiro grau, pode ser suspensa pelo presidente do Tribunal. www.resumosconcursos.com Resumo: Remédios Constitucionais – por Prof. Renato Nascimento 4.MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO 4.1.CONCEITO O inciso, LXX, da Constituição Federal, dispõe que o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido políticocom representação no Congresso Nacional ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados. O conteúdo de mandado de segurança coletivo assenta-se em dois elementos: um, institucional, caracterizado pela atribuição da legitimação processual a instituições associativas para a defesa de interesses de seus membros ou associados; outro, objetivo, consubstanciado no uso do remédio para a defesa de interesses coletivos. 4.2.FINALIDADE O legislador constituinte quis facilitar o acesso a juízo, permitindo que pessoas jurídicas defendam o interesse de seus membros ou associados, ou ainda da sociedade como um todo, no caso dos partidos políticos, sem a necessidade de um mandato especial, evitando-se a multiplicidade de demandas idênticas e conseqüente demora na prestação jurisdicional e fortalecendo as organizações classistas. 4.3.OBJETO A defesa dos mesmos direitos que podem ser objeto do mandato de segurança individual, porém direcionado à defesa dos interesses coletivos em sentido amplo, englobando os direitos coletivos em sentido estrito, os interesses individuais homogêneos e os interesses difusos, contra ato ou omissão ilegais ou com abuso de poder de autoridade. 4.4.INTERESSE COLETIVO Concerne uma realidade coletiva (profissão, categoria, família), ou seja, o exercício coletivo de interesses coletivos. Estão englobados os interesses individuais homogêneos, que são espécie dos interesses coletivos, eis que os titulares são plenamente determináveis. 4.5.INTERESSES DIFUSOS São os interesses fragmentados ou coletivos, tais como o direito ao ambiente saudável, ou à proteção do consumidor. O problema básico que eles apresentam – a razão de sua natureza difusa – é que ninguém tem o direito a corrigir a lesão a um interesse coletivo, ou o prêmio para qualquer indivíduo buscar essa correção é pequeno demais para induzi- lo a tentar uma ação. 4.6.LEGITIMAÇÃO ATIVA 4.6.1. Partido Político 21 Partido político com representação no Congresso Nacional, exigindo-se somente a existência de, no mínimo, um parlamentar, em qualquer das Casas Legislativas, filiado a determinado partido político. A legitimidade é ampla, podendo proteger quaisquer interesses coletivos ou difusos ligados à sociedade. Cercear essa legitimação somente para seus próprios interesses ou de seus filiados é retirar dos partidos políticos a www.resumosconcursos.com Resumo: Remédios Constitucionais – por Prof. Renato Nascimento característica de essencialidade em um Estado Democrático de Direito e transformá-lo em mera associação privada. 4.6.2. organização sindical, entidade de classe ou associação Desde que preencham três requisitos. Estejam legalmente constituídos, em funcionamento há pelo menos um ano, e pleiteiem a defesa dos interesses de seus membros ou associados. O objeto será, então, um direito dos associados, independentemente de guardar vínculo com os fins próprios da entidade impetrante. Exige-se estar o direito defendido compreendido na titularidade dos associados e que exista ele em razão das atividades exercidas pelos associados, mas não se exigindo que o direito seja peculiar, próprio, da classe. O STF já firmou posição de a legitimação das organizações sindicais, entidades de classe ou associações, para a segurança coletiva, é extraordinária, ocorrendo, em tal caso, substituição processual, não se exigindo, a autorização expressa aludida no inciso XXI do art. 5º da Constituição, que contempla hipótese de representação. O objeto do mandado de segurança coletivo será um direito dos associados, independentemente de guardar vínculo com os fins próprios da entidade impetrante do writ, exigindo-se, entretanto, que o direito esteja compreendido na titularidade dos associados e que exista ele em razão das atividades exercidas pelos associados, mas não se exigindo que o direito seja peculiar, próprio, da classe. 4.7.BENEFICIÁRIO Não haverá necessidade de constar os nomes de todos os associados ou filiados, uma vez que não se trata de litisconsórcio ativo em mandado de segurança individual. A situação individual de cada um deverá ser analisada no momento de execução da sentença, devendo a autoridade impetrada, ao cumprir a decisão judicial, exigir que cada beneficiário comprove pertencer à entidade beneficiária. Quanto à abrangência da decisão judicial, serão beneficiários todos os associados que encontrarem-se na situação descrita na inicial, pouco importando que tenham ingressada na Associação antes ou depois do ajuizamento do mandado de segurança coletivo, ou mesmo durante a execução de sua decisão, afinal o Poder Judiciário já decidiu pela ilegalidade do ato e consequentemente proteção ao direito líquido e certo. 4.8.MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO E INDIVIDUAL 22 O ajuizamento do mandado de segurança coletivo, por um dos legitimados constitucionalmente, não impedirá a utilização do mandado de segurança individual, desde que presentes os requisitos constitucionais. www.resumosconcursos.com Resumo: Remédios Constitucionais – por Prof. Renato Nascimento 5.MANDADO DE INJUNÇÃO 5.1.ORIGENS Inglaterra, fins do século XIV, remédio do Juízo de Equidade. Remédio outorgado por um juízo discricionário ao faltar norma legal que regulasse a espécie. Não há entretanto qualquer semelhança com o nosso instituto. 5.2.CONCEITO No diploma constitucional, no inciso LXXI, art. 5 estabelece que conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. O problema a se resolver é o de se evitar a inocuidade das normas constitucionais que consagram princípios e direitos fundamentais, que deixados à própria sorte, sem mecanismos para coibir seu desrespeito, reduzidas a meras “normas programáticas”, não seriam normas efetivas, atualizáveis no ordenamento jurídico. A efetividade a ser conferida por meio da injunção se estenderia também, por este artifício legislativo, aos que se vissem prejudicados em sua condição de brasileiro (“nacionalidade”), de detentor originário do poder político (“soberania”) ou de eleitor e elegível (“cidadania”) por normas que não aquelas encerradas na Constituição, ou seja, norma infraconstitucional, a reclamar regulamentação. Trata-se, na verdade, de um remédio constitucional colocado à disposição de qualquer pessoa que se sentir prejudicada pela falta de norma regulamentadora que inviabilize o exercício dos direitos, liberdades e garantias constitucionais prescritas no transcrito inciso. A preocupação, portanto, é conferir efetiva aplicabilidade e eficácia ao texto constitucional, para que este não se torne “letra morta”, por omissão do legislador ordinário na sua regulamentação. 5.3.DEFINIÇÃO Ação para tutela de situações jurídicas subjetivas decorrentes de normas consagradoras de direitos fundamentais, cujo exercício encontra-se inviabilizado por omissão inconstitucional de poderes (ou de terceiros). o Supremo Tribunal Federal firmado orientação no sentido de que o mandado de injunção, para ser utilizado, não depende de regulamentação, “inclusive quanto ao procedimento aplicável, que lhe é analogicamente o procedimento do mandado de segurança, no que couber” 5.4.PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS 23 O pressuposto para cabimento do mandado de injunção é uma omissão juridicamente relevante do legislador infraconstitucional, que deixa de elaborar norma indispensável ao exercício de direito constitucionalmente garantido. Observa-se que a divergência na apreciação do mandado de injunção, mormente nos casos julgados, está precisamente no conceito de falta de norma regulamentadora.Havendo norma a respeito, não se tem concedido o writ requerido, ainda que ela esteja em desacordo com o preceito constitucional. Pode haver norma regulamentadora, insatisfatória ou incompleta, de determinada questão, o que não pode ser sanado pelo mandado de injunção. www.resumosconcursos.com Resumo: Remédios Constitucionais – por Prof. Renato Nascimento 5.5. AUTO-APLICABILIDADE DO DISPOSITIVO CONSTITUCIONAL O dispositivo constitucional é auto-aplicável, podendo incidir de imediato, sem necessidade de quaisquer regulamentações. Seria uma incongruência caso prevalecesse a tese contrária, no sentido de tal dispositivo ser de eficácia limitada, dependente de regulamentação para o seu exercício. O legislador constituinte teria criado um remédio para garantir a aplicabilidade daquelas normas de eficácia limitada do texto da Constituição; no entanto, tal remédio não seria auto-aplicável, por também ser norma de eficácia limitada. O Supremo Tribunal Federal firmado orientação no sentido de que o mandado de injunção, para ser utilizado, não depende de regulamentação, inclusive quanto ao procedimento aplicável, que lhe é analogicamente o procedimento do mandado de segurança, no que couber. Embora auto-aplicável, será sempre recomendável a elaboração de legislação específica sobre o mandado de injunção, com o fim de dirimir dúvidas e polêmicas acerca de seu procedimento, da competência para a sua apreciação e, especialmente, da eficácia da decisão, tema de infindável controvérsia. 5.6.LEGITIMIDADE ATIVA Posto à disposição dos cidadãos individual e pessoalmente, para defesa do estado jurídico-político (status liberatis, status civitatis) e de direitos públicos subjetivos seus decorrentes daquelas normas. Este instituto não foi concebido para controle abstrato de normas em defesa da ordem jurídica objetiva. Compete ao titular do direito ou da prerrogativa constitucional. Pode ser nacional ou estrangeiro, pessoa física ou jurídica e até mesmo entidades associativas. Jurisprudência. 5.7.MANDADO DE INJUNÇÃO COLETIVO Já é mansa a jurisprudência no sentido do cabimento do mandado de injunção coletivo, podendo as entidades sindicais ou de classe impetrá-lo, para que seus filiados possam exercer direitos assegurados na Constituição e que estejam inviabilizados pela ausência de regulamentação. São, pois, legitimadas para a impetração do mandado de injunção coletivo as mesmas entidades às quais a Constituição deu a possibilidade de ajuizamento de mandado de segurança coletivo (CF, art. 5º, LXX). 5.8.LEGITIMIDADE PASSIVA Deve figurar o órgão ao qual compete emitir a norma regulamentadora, ainda que inexistente. O referido órgão deve ser notificado para prestar informações, pois aplica-se ao mandado de injunção o mesmo procedimento do mandado de segurança (Lei 8.038/90). Somente poderá ser impetrado contra pessoa jurídica de direito público, pois refere-se a matérias de ordem pública, como liberdades constitucionais, nacionalidade, soberania e cidadania. É ilógico a proposta contra particular pleiteando direitos que não foram conferidos em razão de ausência de norma regulamentadora. Deve ser direcionada à autoridade competente para o cumprimento das providências, e não ao órgão subalterno que simplesmente execute determinações oriundas de nível superior. 5.9. MANDADO DE INJUNÇÃO E AÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE 24 É visível o paralelismo existente entre o mandado de injunção e a ação direta de inconstitucionalidade por omissão, prescrita no art. 103, § 2º, da CF. Ambas as ações visam a suprir uma omissão do legislador, diante da necessidade de regulamentação do texto constitucional. O âmbito de atuação da inconstitucionalidade por omissão cinge-se à www.resumosconcursos.com Resumo: Remédios Constitucionais – por Prof. Renato Nascimento manutenção da ordem jurídica; coibir a inércia do Poder Público, figurada no descumprimento din abstracto (pois não há lesão a direito individual ou coletivo) de regra constitucional de proceder. Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva a norma constitucional, será dada ciência ao Poder competente para que adote as providências necessárias. Têm, por conseguinte, efeito erga omnes. Ou seja, não se restringe às partes que compõem a relação jurídica processual. O âmbito de atuação do mandado de injunção, por sua vez, circunscreve-se à proteção dos direitos individuais ou coletivos. Por ele, o titular de uma situação jurídica concreta tem viabilizado o exercício de direito, liberdade ou prerrogativa que lhe fora obstado. Já que há lesão, tem efeitos inter partes. Incidente somente sobre as partes. 5.9.1. LEGITIMAÇÃO O mandado de injunção pode ser intentado por qualquer pessoa, física ou jurídica, que se veja impossibilitada de exercer um dado direito constitucional por falta de norma regulamentadora, possuindo legitimidade ativa no processo, portanto, o próprio titular do direito constitucional obstado por inércia do legislador; na ADIn por omissão, a legitimação é restrita aos entes enumerados no art. 103, incisos I a IX, da CF. 5.9.2. OBJETO No mandado de injunção, busca-se solução para um caso concreto, individualmente considerado, diante de um direito subjetivo obstado pela inércia do legislador, pressupondo a existência de um direito efetivamente impedido pela falta da norma regulamentadora; na ADIn por omissão, o controle da omissão é efetivado em tese, sem a necessidade de configuração de violação a um direito individual. Assim, sua propositura não está adstrita a um caso concreto, podendo ser intentada abstrata e genericamente, como meio de se obter a declaração de inconstitucionalidade da omissão do órgão. 5.9.3. JULGAMENTO Na Ação de Inconstitucionalidade por omissão, a competência para o julgamento, no âmbito federal, é exclusiva do Supremo Tribunal Federal; no mandado de injunção, a competência não é exclusiva do Supremo Tribunal Federal, havendo previsão de julgamento por outros órgãos do Poder Judiciário (CF, art. 105, I, h). 5.10.EXISTÊNCIA DE PROCESSO LEGISLATIVO INSTAURADO Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, uma vez verificada a competente instauração do processo legislativo, não há mais como atribuir ao Estado a inércia inconstitucional. Em outras palavras, se há processo legislativo em pleno andamento, não será conhecido mandado de injunção a respeito da matéria seu objeto. Se no curso da ação de injunção for editada a norma regulamentadora que faltava, a ação perde o objeto. 5.11.MERA EXISTÊNCIA DE PROJETO DE LEI 25 A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmou entendimento no sentido de que a simples tramitação de projeto de lei não é capaz de elidir a mora legislativa. Em outra ação na qual se discutia a ausência de norma regulamentadora do direito ao aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, deixou assente o Ministro Marco Aurélio que o fato de existirem vários projetos de lei em tramitação, para a regulamentação de tal direito, não o sensibilizava, lembrando que a participação nos lucros da empresa, que foi inserida no texto da Constituição de 1946, ainda não havia sido regulamentada. www.resumosconcursos.com Resumo: Remédios Constitucionais – por Prof. Renato Nascimento 5.12.CARACTERIZAÇÃO DA MORA LEGISLATIVA Segundo o Supremo Tribunal Federal, a caracterização da mora legislativa, quando não há prazo limite fixado na Constituição, há que ser aferida em consonância com o princípio da razoabilidade. É de ser reconhecida, em cada caso, quando, dado o tempo corrido da promulgação da norma constitucional invocada e o relevo da matéria, se deva considerar superado o prazo razoável para a edição do ato legislativo necessário à efetividade da Lei Fundamental; vencido o tempo razoável, nem a inexistência de prazo constitucionalpara o adimplemento do dever de legislar, nem a pendência de projetos de lei tendentes a cumpri-lo podem descaracterizar a evidência da inconstitucionalidade da persistente omissão de legislar. 5.13.NÃO-CABIMENTO DE MANDADO DE INJUNÇÃO SE JÁ EXISTE A NORMA REGULAMENTADORA A posição do Supremo Tribunal Federal é firme nesse sentido, isto é, se já existe norma regulamentadora, ainda que supostamente incompleta ou eivada de vícios, não é caso para impetração de mandado de injunção. Se a norma apresenta vícios, se está ferindo direito líquido e certo do indivíduo, poderá ser atacada por outros meios (mandado de segurança, p. ex.), mas não mais por mandado de injunção, que é ação para a hipótese de ausência de norma regulamentadora, não estando entre suas finalidades corrigir eventual inconstitucionalidade que infirme a validade de ato estatal já em vigor. 5.14.MERA FACULDADE AO LEGISLADOR Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, não é cabível mandado de injunção se a Constituição simplesmente faculta ao legislador a outorga de um direito, sem ordená-lo. Nesse caso, entende o Tribunal que compete ao legislador, por se tratar de mera faculdade, decidir se e quando estabelecerá a regulamentação facultada. Com esse entendimento, não se conheceu de mandado de injunção, por exemplo, em face do art. 40, § 1º, da Constituição Federal (“Lei federal poderá estabelecer exceções...”). 5.15.REGULAMENTAÇÃO DOS EFEITOS DE MEDIDA PROVISÓRIA REJEITADA O parágrafo único do art. 62 da Constituição Federal estabelece que no caso de medida provisória adotada pelo Presidente da República não ser convertida em lei pelo Congresso Nacional, deverá este órgão legislativo disciplinar as relações jurídicas dela decorrentes. Não agindo o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal não admite mandado de injunção para a obtenção da regulamentação desses efeitos. 5.16.COMPETÊNCIA E PROCEDIMENTO 26 Serão observadas, no que couber, as normas do mandado de segurança. (art. 28 da Lei 8.38/90). Ressalte-se, porém, que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal já se pacificou pela impossibilidade da concessão de medida liminar por ser imprópria ao instituto do mandado de injunção. Regimentalmente, no Superior Tribunal de Justiça, o mandado de injunção terá prioridade sobre os demais atos judiciais, salvo o habeas corpus, mandado de segurança e o Habeas Data. A competência para o julgamento do mandado de injunção é determinada em razão da pessoa (rationae personae) obrigada a elaborar a norma regulamentadora, e que permanece inerte. Ao Supremo Tribunal Federal compete, originariamente, o julgamento do mandado de injunção quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma www.resumosconcursos.com Resumo: Remédios Constitucionais – por Prof. Renato Nascimento dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal (CF, art. 102, I, q). Ademais, julga o Supremo Tribunal Federal, via recurso ordinário, o mandado de injunção decidido em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão (CF, art. 102, II, a). Ao Superior Tribunal de Justiça compete, originariamente, o julgamento do mandado de injunção quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição de órgão ou entidade federal, da administração direta ou indireta, excetuados os casos de competência do STF e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal (CF, art. 105, I, h). Em relação aos demais órgãos judiciais de primeiro grau e aos demais tribunais da Justiça Federal, a Constituição não estabeleceu a competência, tampouco foi editada norma ordinária nesse sentido. Em face da inexistência dessa legislação complementar, o Supremo Tribunal Federal tem firmado que se o mandado de injunção é impetrado contra a União ou contra Ministro de Estado, o julgamento caberá ao STJ e não ao STF. Além disso, O STF e o STJ não são competentes para julgar mandado de injunção contra autoridades estaduais, tais como Governador de Estado, Presidente de Tribunal de Justiça do Estado ou Mesa de Assembléia Legislativa. No âmbito estadual será permitido aos Estados-membros, no exercício do poder constituinte derivado decorrente, estabelecerem em suas constituições estaduais o órgão competente para processo e julgamento de mandados de injunção contra a omissão do Poder Público estadual às normas constitucionais estaduais. 5.17.EFICÁCIA DA DECISÃO NO MANDADO DE INJUNÇÃO 5.17.1. POSIÇÕES DOUTRINÁRIAS Na doutrina, a questão não é pacífica, mas a orientação dominante é no sentido de que o Poder Judiciário, reconhecendo a existência da omissão inconstitucional, deverá supri-la, criando a norma regulamentar faltante, para que seja aplicada provisoriamente ao caso concreto, até a edição da norma regulamentadora pelo órgão competente. Em outras palavras, deverá o juiz, na apreciação do mandado de injunção, conferir-lhe efetividade, integrando o direito à ordem jurídica, para conferir eficácia aos direitos previstos na Constituição e satisfazer desde logo o direito do impetrante. 5.17.2. POSIÇÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL O Supremo Tribunal Federal, órgão ao qual compete a última palavra sobre a interpretação do texto constitucional, não aderiu a essa posição da doutrina. Em verdade, o Tribunal trilhou um caminho tímido, conferindo pouca efetividade e objetividade ao mandado de injunção, praticamente igualando a sua eficácia àquela prevista para a ADIn por omissão: o STF apenas reconhecerá a existência da omissão inconstitucional e dela dará ciência ao órgão competente, requerendo a edição da norma. Portanto, frise-se, a orientação dominante no Supremo Tribunal Federal é no sentido de que a decisão em mandado de injunção possui eficácia declaratória (reconhecendo a inconstitucionalidade da omissão) e eficácia mandamental (comunicando ao órgão competente omisso, para a adoção das providências cabíveis), não cabendo ao Poder Judiciário elaborar a regra faltante e aplicá-la ao caso concreto. 27 www.resumosconcursos.com Resumo: Remédios Constitucionais – por Prof. Renato Nascimento 5.17.2.1 Posição Majoritária Deve o Supremo Tribunal federal, em reconhecendo a existência da mora do Congresso Nacional, comunicar a existência dessa omissão para que o Poder Legislativo elabore a lei. 5.17.2.2. Minoritária Reconhecendo também a mora do Congresso Nacional, decide, desde logo, o pedido do requerente do mandado de injunção e provê sobre o exercício do direito constitucionalmente previsto. 5.17.2.3. Solução Intermediária O Congresso Nacional deve elaborar a lei, mas também a CF assegura aos cidadãos o exercício de direitos e liberdades, contemplados da Carta Política, mas dependentes de regulamentação. Se o Congresso Nacional, dentro de um certo prazo, não fizer a lei, depois de comunicação da omissão, o Supremo Tribunal Federal pode tomar conhecimento de reclamação da parte, quanto ao prosseguimento da omissão, e , a seguir, dispor a respeito do direito in concreto. 5.17.2.4. Posição concretista Presentes os requisitos constitucionais exigidos para o mandado de injunção, o Poder Judiciário através de uma decisão constitutiva, declara a existência da omissão administrativa ou legislativa, e implementa o exercício do direito, da liberdade ou da prerrogativa constitucional até que sobrevenha regulamentação do poder competente. Divide-se em duas sub-espécies: concretista geral e individual. 5.17.2.4.Posição concretista geral A decisão do Poder Judiciário terá efeitos erga omnes, implementando o exercício da norma constitucional através deuma normatividade geral, até que a omissão seja suprida pelo poder competente. Posição pouco aceita, uma vez que o Poder Judiciária usurpa funções legislativas. 5.17.2.4.Posição concretista individual A decisão do Poder Judiciário só produzirá efeitos para o autor do mandado de injunção que poderá exercitar plenamente o direito, liberdade ou prerrogativa, prevista na norma constitucional. Esta por sua vez divide-se em duas espécies: direta e intermediária. 5.17.2.5. Posição concretista individual direta o Poder Judiciário, imediatamente ao julgar procedente o mandado de injunção, implementa a eficácia da norma constitucional ao autor. 5.17.2.6. Posição concretista individual intermediária Após julgar a procedência do mandado de injunção, o Poder Judiciário fixa ao Congresso Nacional um para a elaboração da norma regulamentadora. Ao término desse prazo se a inércia permanecer o Poder Judiciário deve fixar as condições necessárias ao exercício do direito por parte do autor. 5.17.2.7. Posição não concretista 28 Jurisprudência dominante do STF que reconhece formalmente a inércia do Poder Público, em dar concreção à norma constitucional positivadora do direito postulado, e dará tão www.resumosconcursos.com Resumo: Remédios Constitucionais – por Prof. Renato Nascimento somente ciência ao poder competente para que edite a norma faltante. Não há medidas jurisdicionais que viabilizem o exercício do direito. 5.18. EVOLUÇÃO NA ORIENTAÇÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 29 A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, talvez em face da constatação de que a mera comunicação ao Poder Legislativo de nada tem adiantado, tem evoluído, na tentativa de conferir maior efetividade ao mandado de injunção. Continua o Tribunal a não admitir a edição da norma pelo Poder Judiciário, como a doutrina reclama, mas deu importantes passos, especialmente no quesito “fixação de prazo”. Assim, no MI 283-5, ajuizado em face do art. 8º, § 3º, do ADCT, o Tribunal reconheceu a mora inconstitucional do Congresso Nacional em editar a norma faltante, comunicou tal decisão àquele órgão legislativo, e fixou-lhe o prazo de 60 dias para a edição da norma requerida, determinando-se que, caso subsistisse a omissão, o titular do direito obstado poderia obter, em juízo, contra a União, sentença líquida de indenização por perdas e danos. Vencido o prazo, não foi editada a norma pelo Congresso Nacional, tendo sido ajuizado novo mandado de injunção (MI 284-3/DF), com a mesma finalidade. O STF, nessa nova ação, entendeu ser dispensável nova comunicação ao Congresso Nacional, e assegurou aos impetrantes a possibilidade de ajuizarem, imediatamente, nos termos do direito comum ou ordinário, a ação de reparação de natureza econômica instituída em favor dos requerentes pelo preceito do art. 8º, § 3º, do ADCT. Em outro mandado de injunção, intentado em face do art. 195, § 7º, da CF (“São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei”), o STF reconheceu a omissão do Poder Legislativo e fixou o prazo de seis meses para que fosse providenciada a legislação pertinente, “sob pena de, vencido esse prazo, sem que essa obrigação se cumpra, passar o requerente a gozar da imunidade requerida” (MI 232-1). www.resumosconcursos.com Resumo: Remédios Constitucionais – por Prof. Renato Nascimento 5.19.QUADRO COMPARATIVO ENTRE O MANDADO DE INJUNÇÃO E INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO Mandado de Injunção Ação de Inconstitucionalidade por Omissão Competência Órgãos competentes do Poder Judiciário STF/STJ Privativa do STF Legitimidade ativa Qualquer pessoa: indivíduo, grupos, associações, partido político, sindicatos, etc. Os sujeitos enumerados no art. 103 Legitimidade passiva Sujeito inibidor do exercício do direito Pessoa ou entidade competente para elaborar a norma. Poder Público (Legislativo e Executivo) Objeto ou âmbito de atuação Satisfação de Direito ou Liberdade obstada pela falta de norma regulamentadora. Circunscreve-se à proteção dos direitos individuais ou coletivos. Garantia da Constituição, impedida de ser efetivada por falta de norma regulamentadora., cingindo-se à manutenção da ordem jurídica; coibir a inércia do Poder Público, figurada no descumprimento in abstracto (pois não lesão a direito individual ou coletivo) de regra constitucional de proceder. Natureza da sentença Mandamental/satisfatória (constitutiva ou condenatória), com efeitos jurídicos inter partes. Sempre declaratória com efeitos jurídicos erga omnes. Trâmite constituinte Novo writ. Art. 5º (direito e garantias individuais e coletivas) Novo writ que passou da esfera dos direitos e garantias individuais e coletivas para as inconstitucionalidades. Art. 103. O que visa garantir A defesa do exercício de Direito. A defesa da eficácia constitucional. Resultados Práticos Esvaziamento pela tese da subsidiariedade à AIO Dar ciência da omissão não soluciona o silêncio legislativo. Efeitos da Sentença Incidenter tantum e inter partes Erga omnes. 30 www.resumosconcursos.com Resumo: Remédios Constitucionais – por Prof. Renato Nascimento 6.AÇÃO POPULAR 6.1.CONCEITO A ação popular é substancialmente de natureza democrática, já que permite a qualquer cidadão no gozo dos seus direitos de cidadania exercê-la em defesa do patrimônio público. Juntamente com o direito de voto em eleições, plebiscitos e referendos, a iniciativas das leis e o direito de organização e participação de partidos políticos, a ação popular constitui uma forma de exercício da soberania popular, pela qual se permite o exercício da função fiscalizadora do Poder Público, por isso não se coaduna assim com qualquer regime autoritário, que cerceia os direitos populares. Na Constituição Federal de 1.988, a esfera de competência da ação popular foi ampliada e o seu agente ficou isento de custa e da sucumbência, salvo no caso de comprovação de má-fé. A incidência da ação popular, segundo se apura na casuística jurisprudencial, tem sido mais freqüente na esfera municipal, onde os atos ilegais e lesivos ao patrimônio público e à moralidade administrativa têm sido mais fácil de constatar, dada a proximidade do cidadão com a administração. 6.2.ESFERA PENAL Não existe no nosso sistema jurídico, seria aquela a ser proposta por qualquer pessoa do povo para movimentar o Judiciário contra alguém que viesse a praticar infração penal para sua devida punição. O Ministério Público tem a função privativa de ser o titular da ação penal pública. Há apenas a ação penal subsidiária no caso de inércia do Ministério Público. 6.3.ESFERA CIVIL É instrumento posta a serviço de qualquer cidadão para controle permanente da legitimidade dos atos administrativos, bem como de sua possível correção, quando desviados de sua finalidade. 6.4.TIPOS Poderá ser utilizada de forma preventiva (ajuizamento da ação da consumação dos efeitos lesivos) ou repressiva (ajuizamento da ação buscando o ressarcimento do dano causado). 6.5.OBJETO TUTELADO Em concreto é o combate ao ato lesivo do patrimônio público, em qualquer de suas modalidades. São diversos os bens públicos tutelados pela ação popular, embora seu emprego mais freqüente tenha sido em defesa do patrimônio econômico, do meio ambiente e do patrimônio histórico e cultural. Aumento do número de vereadores = objeto de ação popular. Art.4 São também nulos os seguintes atos ou contratos, praticados ou celebrados por quaisquer das pessoas ou entidades referidas no art. 1º. I - A admissão ao serviço público remunerado, com desobediência, quanto às condições de habilitação, das normas legais, regulamentares
Compartilhar