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DCT40_Remedios_Constitucionais_Renato

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2007 
 
 
 
 
 
 
www.resumosconcursos.com 
Resumo: Remédios Constitucionais – por Prof. Renato Nascimento 
 
 
 
Direito Constitucional 
 
 
 
Assunto: 
 
 
 
REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS 
 
 
 
 
 
Autor: 
 
 
 
 
 2
PROF. RENATO NASCIMENTO 
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Resumo: Remédios Constitucionais – por Prof. Renato Nascimento 
 
 
 
ÍNDICE 
1.HABEAS CORPUS 
1.1. ORIGEM 
1.2. EVOLUÇÃO DO HABEAS CORPUS NO BRASIL 
1.3. CONCEITO E FINALIDADE 
1.4. BASE NORMATIVA 
1.5. ESPÉCIE E CONCESSÃO DE HABEAS CORPUS 
1.5.1.PREVENTIVO 
1.5.2. LIBERATÓRIO OU REPRESSIVO 
1.6. LEGITIMIDADES ATIVA 
1.7. SUJEIÇÃO PASSIVA 
1.8.OBJETO MEDIATO DO PEDIDO DE HABEAS CORPUS 
1.9.DA LIMINAR EM HABEAS CORPUS 
1.10.. AÇÃO PENAL CAUTELAR DE HABEAS CORPUS 
1.11.AÇÃO PENAL CONSTITUTIVA DE HABEAS CORPUS 
1.12. AÇÃO PENAL DECLARATÓRIA DE HABEAS CORPUS 
1.13.TRANCAMENTO DE INQUÉRITO E AÇÃO PENAL 
1.14.PROCESSO E JULGAMENTO DO HABEAS CORPUS 
1.15.INTERVENÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO 
1.16. TRANSGRESSÃO MILITAR 
1.17.JURISPRUDÊNCIA 
 
2.HABEAS DATA 
2.1.LEGITIMAÇÃO ATIVA 
2.2. SUJEITO PASSIVO 
2.3. OBJETO 
2.4. NATUREZA JURÍDICA 
2.5. REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO PRÉVIO 
 
3. MANDADO DE SEGURANÇA 
3.1.ORIGEM 
3.2. OBJETO 
3.3. REQUISITOS 
3.4. Direito líquido e certo 
3.5. Prazo 
3.6. LEGITIMIDADE ATIVA - IMPETRANTE 
3.7. SUJEIÇÃO PASSIVA - IMPETRADO 
3.8. COMPETÊNCIA 
3.9.TIPOS DE MANDADO DE SEGURANÇA 
3.10.MEDIDA LIMINAR 
 3
3.11. TIPOS DE SENTENÇA 
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Resumo: Remédios Constitucionais – por Prof. Renato Nascimento 
 
 
3.12. COISA JULGADA 
3.13. MANDADO CONTRA ATO JUDICIAL 
3.14. A LEI EM TESE 
3.15. ATO ADMINISTRATIVO 
3.16. ATO DISCIPLINAR 
3.16. LITISCONSÓRCIO EM MANDADO DE SEGURANÇA 
3.17. DOS RECURSOS 
 
4.MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO 
4.1.CONCEITO 
4.2.FINALIDADE 
4.3.OBJETO 
4.4.INTERESSE COLETIVO 
4.5.INTERESSES DIFUSOS 
4.6.LEGITIMAÇÃO ATIVA 
4.6.1. PARTIDO POLÍTICO 
4.6.2. ORGANIZAÇÃO SINDICAL, ENTIDADE DE CLASSE OU ASSOCIAÇÃO 
4.7.BENEFICIÁRIO 
4.8.MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO E INDIVIDUAL 
 
5.MANDADO DE INJUNÇÃO 
5.1.ORIGENS 
5.2.CONCEITO 
5.3.DEFINIÇÃO 
5.4.PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS 
5.5. AUTO-APLICABILIDADE DO DISPOSITIVO CONSTITUCIONAL 
5.6.LEGITIMIDADE ATIVA 
5.7.MANDADO DE INJUNÇÃO COLETIVO 
5.8.LEGITIMIDADE PASSIVA 
5.9. MANDADO DE INJUNÇÃO E AÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE 
5.9.1. LEGITIMAÇÃO 
5.9.2. OBJETO 
5.9.3. JULGAMENTO 
5.10.EXISTÊNCIA DE PROCESSO LEGISLATIVO INSTAURADO 
5.11.MERA EXISTÊNCIA DE PROJETO DE LEI 
5.12.CARACTERIZAÇÃO DA MORA LEGISLATIVA 
5.13.NÃO-CABIMENTO DE MANDADO DE INJUNÇÃO SE JÁ EXISTE A NORMA 
REGULAMENTADORA 
5.14.MERA FACULDADE AO LEGISLADOR 
5.15.REGULAMENTAÇÃO DOS EFEITOS DE MEDIDA PROVISÓRIA REJEITADA 
5.16.COMPETÊNCIA E PROCEDIMENTO 
5.17.EFICÁCIA DA DECISÃO NO MANDADO DE INJUNÇÃO 
5.17.1. POSIÇÕES DOUTRINÁRIAS 
 4
5.17.2. POSIÇÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 
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Resumo: Remédios Constitucionais – por Prof. Renato Nascimento 
 
 
5.17.2.1 POSIÇÃO MAJORITÁRIA 
5.17.2.2. MINORITÁRIA 
5.17.2.3. SOLUÇÃO INTERMEDIÁRIA 
5.17.2.4. POSIÇÃO CONCRETISTA 
5.17.2.5.POSIÇÃO CONCRETISTA GERAL 
5.17.2.6.POSIÇÃO CONCRETISTA INDIVIDUAL 
5.17.2.7. POSIÇÃO CONCRETISTA INDIVIDUAL DIRETA 
5.17.2.8. POSIÇÃO CONCRETISTA INDIVIDUAL INTERMEDIÁRIA 
5.17.2.9. POSIÇÃO NÃO CONCRETISTA 
5.18. EVOLUÇÃO NA ORIENTAÇÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 
5.19.QUADRO COMPARATIVO ENTRE O MANDADO DE INJUNÇÃO E 
INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO 
 
6.AÇÃO POPULAR 
6.1.CONCEITO 
6.2.ESFERA PENAL 
6.3.ESFERA CIVIL 
6.4.TIPOS 
6.5.OBJETO TUTELADO 
6.6.LEI EM TESE 
6.7.NATUREZA 
6.8.COMPETÊNCIA 
6.9.Legitimidade ativa 
6.10.Analfabetos 
6.11.LEGITIMIDADE PASSIVA 
6.12.LIMINAR EM AÇÃO POPULAR 
6.13.DO MINISTÉRIO PÚBLICO NA AÇÃO POPULAR 
6.14.DO PROCEDIMENTO DA AÇÃO POPULAR 
6.15.AÇÃO POPULAR, AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE E AÇÃO CIVIL 
PÚBLICA 
 
7.AÇÃO CIVIL PÚBLICA 
7.1. CONCEITO 
7.2. ASPECTOS PROCESSUAIS 
7.3.DIFERENÇAS ENTRE AÇÃO CIVIL PÚBLICA E AÇÃO POPULAR 
7.4.LEGITIMAÇÃO DAS PARTES E OS PODERES DO MINISTÉRIO PÚBLICO 
7.5.FORO E PROCESSO 
7.6.RESPONSABILIDADE DO RÉU E A SENTENÇA 
7.7.A AÇÃO CIVIL PÚBLICA NO MERCADO DE CAPITAIS 
7.8.DOS BENS TUTELADOS 
7.9.INTERESSE PRIVADO 
7.10.INTERESSE PÚBLICO 
7.11.INTERESSE PÚBLICO PRIMÁRIO 
 5
7.12.INTERESSE PÚBLICO SECUNDÁRIO 
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Resumo: Remédios Constitucionais – por Prof. Renato Nascimento 
 
 
7.13.CARACTERÍSTICAS DOS INTERESSES TRANSINDIVIDUAIS 
7.14.INTERESSES DIFUSOS 
7.15.INTERESSES COLETIVOS 
7.16.INTERESSES INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS 
 6
 
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1.HABEAS CORPUS 
1.1. ORIGEM 
Foi o primeiro remédio a integrar as conquistas liberais. Denota-se sua presença na 
Inglaterra antes mesmo da Magna Carta de 1215, que acabou por lhe dar a primeira 
formação escrita. No início não era vinculado à idéia de locomoção, mas ao conceito de 
due process of law, pois era o meio de levar alguém ao tribunal. O “Habeas Corpus 
Amendment Act” de 1679 é que o configurou, com mais precisão como um remédio 
destinado a assegurar a liberdade dos súditos e prevenir os encarceramentos em 
ultramar. 
1.2. EVOLUÇÃO DO HABEAS CORPUS NO BRASIL 
No Brasil, embora implícito anteriormente, surgiu expressamente no Código de Processo 
Criminal de 29/11/1832 e elevou-se a regra constitucional na Carta de 1891. Até a 
criação, em 1934, do mandado de segurança, o Habeas Corpus brasileiro era, por 
construção jurisprudencial, medida de extensão maior que o Habeas Corpus inglês, 
protetor exclusivamente da liberdade pessoal. Essa extensão era necessária, pois, do 
contrário, a quase-totalidade dos direitos fundamentais não teria proteção eficaz. Com o 
AI5, editado em (???), na fase da ditadura militar iniciada em 1964, houve restrições ao 
seu emprego, com a suspensão da garantia do Habeas Corpus nos casos de crimes 
políticos, contra a segurança nacional, a ordem econômica e social e a economia popular. 
Tais dispositivos só foram revogados em 31 de dezembro de 1978. 
1.3. CONCEITO E FINALIDADE 
 7
O termo writ pode ser utilizado para se referir ao Habeas Corpus, contudo writ é conceito 
mais amplo e significa, mandado ou ordem a ser cumprida. Em si, o Habeas Corpus é 
uma ordem judicial, ordem para que se deixe de cercear, para que não se ameace 
cercear a liberdade ir e vir de determinado indivíduo. O Habeas Corpus é uma garantia 
individual que se consubstancia em uma ordem ao coator para cessar a ameaça ou 
coação à liberdade de locomoção. A ilegalidade da prisão pode não consistir na prisão 
mesma, porém no processo do acusado que corra, por exemplo, perante juiz 
incompetente. Assim o Habeas Corpus não se restringe apenas ao direito de locomoção, 
mas compreende outros direitos suscetíveis de constrangimento ou coação legal, que, 
embora não atinjam a liberdade locomoção, podem ferir direitos individuais como a 
segurança, a liberdade ou o devido processo legal. O STF concedera, por exemplo, 
cabível o Habeas Corpus, não para que se soltar o réu, e sim para que seja processado 
por juiz competente, anulando-se eventualmente a sentença condenatória anterior. A 
tendência atual, portanto, é considerar o Habeas Corpus, como meio idôneo para garantir 
todos os direitos do acusado relacionados com sua liberdade de locomoção. Não poderá 
ser utilizado para a correção de qualquer idoneidade que não implique coação ou 
iminência direta de coação à liberdade. Não caberá, por exemplo, Habeas Corpus para 
questionar pena pecuniária. Em sua apreciação, não há vinculação à causa de pedir e ao 
pedido formulado. Assim cabe considerar ato deconstrangimento que, não tenha sido 
apontado na petição inicial. Da mesma forma, pode atuar no tocante à extensão da 
ordem, deferindo-a aquém ou além do que pleiteado. 
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Resumo: Remédios Constitucionais – por Prof. Renato Nascimento 
 
 
1.4. BASE NORMATIVA 
Conforme dispõe a CF, de 1988, em seu art. 5, inciso LXVIII, conceder-se-á Habeas 
Corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação 
em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. Trata-se de um 
remédio de Direito Processual Constitucional, destinada a tutelar a liberdade de 
locomoção, o direito de ir, vir e ficar. Desde que a restrição ou perigo de restrição ao 
direito subjetivo de ir, vir e ficar resulte de ilegalidade ou abuso de poder, o Habeas 
Corpus é o instrumento constitucional apto a remover a coação ou sua ameaça. O 
Habeas Corpus pode ser impetrado nos casos de violência, em que há agressão física, 
atentado material ou emprego de força indispensável para que a pessoa não tenha 
liberdade corpórea. Também para as situações em que haja coação, qualquer 
resistência, ou limitação à liberdade ir e vir, nas quais o paciente se sujeita sem 
necessidade do emprego de força física material. Portanto, a ação de Habeas Corpus é 
válida quer provenha de violência física, quer provenha de violência moral. Em sentido 
amplo, a coação pode ser tida como nomem iuris de toda e qualquer limitação à liberdade 
individual, abrangendo, assim a violência. O Legislador constitucional pressupõe também 
a existência da ilegalidade ou abuso de poder. A ilegalidade consiste na falta de 
observância dos preceitos legais exigidos para a validade do ato, ou de um ou alguns 
deles exigidos como necessários. 
1.5. ESPÉCIE E CONCESSÃO DE HABEAS CORPUS 
1.5.1.PREVENTIVO 
Pode ser impetrado quando houver ameaça à liberdade de locomoção, expedindo-se o 
salvo-conduto em favor do paciente. É admissível não só nos casos de ameaças de 
prisão como também na iminência de possíveis constrangimentos ilegais à liberdade 
individual. O direito à liberdade não é atingido apenas com a prisão ou com a possível 
ameaça de prisão, mas também com constrangimentos ilegais, que impedem a pessoa de 
locomover-se, agir ou viver livremente. A jurisprudência tem concedido Habeas Corpus, 
expedindo-se salvo conduto, por exemplo, quando gerente bancário é constrangido a 
liberar quantias bloqueadas através de ofício judicial; ou no caso de prostituta 
reiteradamente detida por prática de trottoir que se vê ameaçada além de outras 
hipóteses. Mesmo como medida excepcional tem sido concedida ordem para trancamento 
de inquérito policial, quando se tratar de fato atípico ou para trancar ação penal por 
prescrição ou ainda para anular pena imposto em segundo grau mediante recurso 
exclusivo do réu implicando reformatio in pejus. 
1.5.2. LIBERATÓRIO OU REPRESSIVO 
Interposto quanto já ocorreu o ato violento ou o constrangimento ilegal com o objetivo de 
fazer cessar a coação. 
1.6. LEGITIMIDADE ATIVA 
 8
É verdadeira ação popular constitucional no sentido de que qualquer pessoa física ou 
jurídica pode impetrá-lo, em favor próprio ou de terceiro, tenha ou não capacidade 
postulatória. Tanto o maior como o menor, o nacional como o estrangeiro, a pessoa física 
como a jurídica podem impetrá-lo. O analfabeto, desde que alguém assine a rogo, pois 
não se admite só com sua impressão digital, inclusive delegado de polícia, promotores e 
juizes. A pessoa jurídica pode impetrar Habeas Corpus, mas aquele que a representa 
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Resumo: Remédios Constitucionais – por Prof. Renato Nascimento 
 
 
legalmente deve, de plano ou no prazo assinado, comprovar isto. Se o signatário não 
comprova a condição invocada, de rigor o não conhecimento do writ. 
1.7. SUJEIÇÃO PASSIVA 
O Habeas Corpus é voltado contra os ato de autoridade. Quando as pessoas privadas 
constrangem outrem ou mesmo detêm em recinto fechado, estão inclusas em uma 
modalidade criminosa (cárcere privado). Não há restrição explícita contra a utilização do 
Habeas Corpus nestes casos, a verdade é que a mera denúncia do crime junto à 
delegacia policial mais próxima é a medida indicada. Todavia, há que se referir aqui casos 
ocorrentes quando da alta a pacientes internados. Às vezes, há conflito entre os seus 
parentes, que querem retirá-los, e os médicos, que não querem assumir esta 
responsabilidade porque consideram a medida contra-indicada. Nestas hipóteses parece 
que o Habeas Corpus cumpre um papel insubstituível. Se o particular exerce a coação, ou 
ameaça, na falsa qualidade de autoridade pública, é inegável a admissão do Habeas 
Corpus. Exemplo, se um fazendeiro proíbe a retirada dos lavradores, ou criadores, se não 
solvem as dívidas. A lei não exige que o constrangimento seja exercido por autoridade 
pública. Basta que haja prisão ou constrangimento ilegal, provenha de autoridade 
constituída ou de particular. Com referência à prisão administrativa também tem 
pertinência a interposição de Habeas Corpus, se imposta por autoridade administrativa, 
uma vez que o art. 5º , LXI da CF só admite a prisão por ordem escrita e fundamentada 
da autoridade judiciária. Também cabimento quando houver prática de ilegalidade 
proveniente de particulares, que venham a constranger ou mesmo deter alguém. Embora 
o particular possa ser enquadrado em algum crime (cárcere privado, constrangimento 
ilegal ou de ameaça), nada obsta que se admita a impetração da ordem, sem prejuízo do 
processo crime. Não se pode negar a impetração de Habeas Corpus contra ilegalidade 
praticada por particular, que fira o direito de locomoção de alguém devendo o coator, se 
for o caso, responder criminalmente por sua conduta. 
1.8.OBJETO MEDIATO DO PEDIDO DE HABEAS CORPUS 
Pode ser interposto contra uma decisão, quando apresenta a natureza de recurso, como 
pode ser impetrado contra possível ameaça de constrangimento ilegal, quando não passa 
de verdadeira ação tutelar. No vigente estatuto processual penal está previsto como 
recurso, no capítulo dos recursos. Mas no projeto de lei 1.655 do futuro Código de 
Processo Penal está inserido no Título X, que trata das ações. Razões para Habeas 
Corpus não ser considerado recurso, posto que o recurso é um direito de natureza 
processual, nascido do processo, enquanto o Habeas Corpus pode nascer fora do 
processo e, às vezes, antes e independente dele. Além disso, o recurso sempre 
pressupõe o duplo grau de jurisdição, isto é, o reexame da decisão pela superior 
instância, enquanto o Habeas Corpus o sujeito passivo do pretendido direito de punir 
passa a autor e pede que se declare inexistente o direito de punir, ou que se lhe 
reconheça o direito de liberdade, por incabível a perseguição penal ou a coação 
processual. Em fim, o recurso supõe a inexistência de coisa julgada e visa atacar a 
decisão recorrível, ao passo que o Habeas Corpus não sofre essa limitação e pode se 
interposto para rescindir a coisa julgada. 
1.9.DA LIMINAR EM HABEAS CORPUS 
 9
O Habeas Corpus não teria a devida eficácia e jamais cumpriria a sua finalidade se não 
comportasse a medida liminar para cessar imediatamente o constrangimento ilegal. A 
medida liminar é provimento cautelar admitido pela lei de mandado de segurança. Ora, se 
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Resumo: Remédios Constitucionais – por Prof. Renato Nascimento 
 
 
em todos os remédios constitucionais admite-se a medida liminar, por que somente ao 
Habeas Corpus, que tutela a liberdade mais valiosa, não admitiria? A liminar em pedido 
de Habeas Corpus é criação da jurisprudência brasileira. 
1.10. AÇÃO PENAL CAUTELAR DE HABEAS CORPUS 
A ação penal cautelar sempre se subordina à ação de conhecimento ou dela é 
dependente. Assim, presta-se a garantir a eficácia ou efeitos da decisão jurisdicional a ser 
proferida no processode conhecimento instaurada pela ação de mesmo nome. De modo 
geral, pode-se afirmar que o caráter cautelar do writ reside exatamente em afastar uma 
situação de perigo à liberdade física do indivíduo. O caráter cautelar que informa a ação 
penal de Habeas Corpus é bastante amplo e significativo, compreendendo a grande 
maioria dos casos em que seu emprego é permitido. Toda vez em que o Habeas Corpus 
é concedido, ou para evitar prisão injusta, ou para impedir prisão prolongada, o seu 
caráter de providência cautelar está presente, pois a prematura prisão do réu pode afetar, 
de maneira irreparável, o seu direito de ir e vir e a liberdade corporal. 
1.11.AÇÃO PENAL CONSTITUTIVA DE HABEAS CORPUS 
São aquelas que se destinam a criar, modificar ou extinguir uma situação jurídica. Assim 
sendo, quando o Habeas Corpus tiver por finalidade postulatória extinguir uma situação 
jurídica ilegal, fazendo cessar a coação ou sua ameaça contra a liberdade de locomoção 
do indivíduo, dela decorrente, terá ele natureza de ação penal constitutiva. Exemplo: Se 
uma sentença é proferida, em processo absolutamente nulo, e, após passar em julgado, é 
executada, daí advindo a prisão do réu, ou a expedição de mandado para prendê-lo, a 
concessão do Habeas Corpus implica em anulação da sentença e de todo o processo. 
Antes de anulada pelo Habeas Corpus, a sentença tinha inteira eficácia. Concedido o 
Habeas Corpus, a sentença fica sem efeito rescindida. O Habeas Corpus será ação penal 
constitutiva, quando ausente algum pressuposto processual, quando inexistir justa causa 
para a percutio criminis ou faltar qualquer condição de procedibilidade. Em todas as 
hipótese o Habeas Corpus funciona como autêntica ação rescisória, desfazendo a coisa 
julgada. 
1.12. AÇÃO PENAL DECLARATÓRIA DE HABEAS CORPUS 
Quando objetivar a declaração de inexistência de uma relação jurídica disciplinada pelo 
Direito Penal, terá ele natureza de ação penal declaratória. Exemplos: Se a lei penal nova 
não mais considerar como crime o fato imputado ao agente. 
1.13.TRANCAMENTO DE INQUÉRITO E AÇÃO PENAL 
 10
O inquérito policial é peça investigatória, inquisitória, escrita, relativamente sigilosa, 
destinada a colher indícios a respeito do fato delituoso e de seu autor. Tratando-se de 
inquérito policial, não se pode impedir a polícia judiciária de fazer investigações, que 
constituem atividades pertinentes às suas funções. Em regra, não cabe Habeas Corpus 
para trancamento do referido inquérito, cuja finalidade é averiguar fatos que podem ou 
não configurar infração penal, bem como quem seria o autor. Se a autoridade policial 
instaura inquérito por iniciativa própria, passa a ser coatora, e o juiz da comarca o 
competente para apreciar e julgar possíveis Habeas Corpus para trancamento do 
inquérito policial. Portanto, a apuração, pela polícia judiciária, das infrações penais e de 
sua autoria, não caracteriza ou ofensa à liberdade individual. Contudo, pode haver 
trancamento de inquérito policial, excepcionalmente, desde que os fatos apurados sejam 
atípicos ou haja evidente impossibilidade de o indiciado ser seu autor, ou ainda quando 
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Resumo: Remédios Constitucionais – por Prof. Renato Nascimento 
 
 
ocorrer algum motivo evidente que configure falta de justa causa para seu 
prosseguimento. Muito embora o inquérito em si não constitua ameaça à liberdade de 
locomoção de qualquer pessoa investigada, não há dúvida que sua instauração, com as 
conseqüências naturais (condução coercitiva, qualificação, interrogatório, publicação pela 
imprensa etc.), configura autêntico constrangimento ilegal passível do remédio 
constitucional. 
1.14.PROCESSO E JULGAMENTO DO HABEAS CORPUS 
Requisitos previstos no art. 654 do Código de Processo Penal. Os juízes e tribunais têm 
competência para expedir de ofício ordem de Habeas Corpus, quando no curso de 
processo verificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal. No 
entanto, se o juiz estiver funcionando em algum processo em que o réu esteja 
indevidamente ou irregularmente preso, cabe-lhe relaxar a prisão, como ato de seu 
próprio ofício, sem que seja propriamente concessão de Habeas Corpus de ofício. 
1.15.INTERVENÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO 
No Habeas Corpus, o Ministério Público pode funcionar como impetrante, como 
autoridade coatora ou ainda como fiscal. Como impetrante, pode requerer a garantia 
constitucional para qualquer pessoa que esteja sofrendo constrangimento ilegal em sua 
comarca. Salienta-se que o promotor ou qualquer outra autoridade, poderá impetrar 
Habeas Corpus em qualquer instância, agindo como popular, bastando que não decline 
sua condição de autoridade. Como fiscal da lei no Habeas Corpus, a intervenção do 
Ministério Público só é prevista nos processos de Habeas Corpus que tramitem nos 
tribunais, não junto a juízes, pois não há necessidade de ouvir o órgão do Ministério 
Público, tanto antes da concessão de liminar, como depois das informações, pois o 
Decreto-Lei n. 552, de 25 de abril de 1969, só se refere à sua ouvida nos tribunais 
federais ou estaduais, quando originários ou em grau de recurso, quando originários ou 
em grau de recurso, no prazo de dois dias. 
1.16. TRANSGRESSÃO MILITAR 
Não cabe Habeas Corpus em caso de transgressão militar, segundo o art. 142, § 2º está 
em harmonia com o art. 5º LXI. No entanto, pode-se conhecer de Habeas Corpus contra 
punição disciplinas as hipóteses de ilegalidade ou abuso de poder, quando, por exemplo, 
a autoridade não tinha competência para baixar o ato, ou a ilegalidade é chocante. 
1.17.JURISPRUDÊNCIA 
STF admite a concessão de Habeas Corpus de ofício, ainda quando o pedido originário 
não possa ser conhecido. 
 
Habeas Corpus Preventivo 
O simples ofício dirigido ao Superintendente Regional e ao Gerente da agência da Caixa 
Econômica Federal, obrigando-o a liberar o dinheiro, mesmo sem expressa referência às 
conseqüências penais da desobediência, constitui constrangimento ilegal a ser reparado 
através do Habeas Corpus. 
 
Trancamento de Inquérito 
 11
Cabe Habeas Corpus para trancar inquérito policial sem justa causa contra os recorridos, 
eis que a discricionariedade da autoridade policial é a origem da ilegalidade ou abuso de 
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Resumo: Remédios Constitucionais – por Prof. Renato Nascimento 
 
 
poder contra os direitos individuais dos pacientes, devendo, por isso, ser analisado o 
mérito da alegada falta dela. 
 
Prova 
Não se pode perder de vista que haverá sempre necessidade de exame da prova 
apresentada para concessão ou não da ordem impetrada. A jurisprudência dominante é 
no sentido de que, em Habeas Corpus não se admite o exame minucioso ou aprofundado 
da prova, bem como discussão de crime em tese. 
 
Telefone 
É admissível também por telefone, hoje inserido de forma notável nas comunicações, 
devendo a secretaria do tribunal reduzir a termo o pedido, presumindo-se sua 
autenticidade e veracidade. 
 12
 
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Resumo: Remédios Constitucionais – por Prof. Renato Nascimento 
 
 
2.HABEAS DATA 
 
É uma das inovações da CF, de 1988. A finalidade do Habeas Data está intimamente 
ligada com a privacidade ou intimidade das pessoas, já que visa obter e retificar dados e 
informações constantes de arquivo públicos. É um remédio constitucional posto à 
disposição de pessoa física ou jurídica para lhe assegurar o conhecimento de registros 
concernentes ao postulante constantes de repartições públicas ou particulares acessíveis 
ao público, para retificação de seus dados pessoais. Essa definição inclui repartições 
particulares, quando o texto constitucional se limita a falar em entidades governamentais 
ou de caráter público, o que excluiria as entidades particulares acessíveis ao público. 
Ocorre com o Habeas Data, algo semelhante ao que se verifica como mandado de 
injunção, pois ambos, derivados que são do mandado de segurança têm dificuldade em 
deixar evidenciadas suas funções específicas, em nossa ordem jurídica. O Habeas Data 
protege a incolumidade de dados pessoais, mediante o direito de conhecer de 
informações de dados pessoais, mediante o direito de conhecer de informações sobre 
eles constantes de registro e bancos de dados, não só de entidade caracteristicamente 
pública, assim como o direito de retificá-los, se necessário, o que importa num processo 
de conhecimento mais complexo do que o do mandado de segurança. Alguém sentindo-
se prejudicado por uma informação difundida por algum meio de comunicação, poderia 
interpor Habeas Data para garantir seu direito a retificar ou anular os dados que dele se 
tenha em um meio de comunicação específico ou em agência de notícias, preservando-
se, no entanto, a fonte da informação espúria. 
2.1.LEGITIMAÇÃO ATIVA 
Poderá ser ajuizado tanto por pessoa física, brasileira ou estrangeira, quanto por pessoa 
jurídica. Os tribunais reconheceram às pessoas jurídicas o respeito a vida privada e á 
intimidade como direitos inerentes a elas, afirmando que necessariamente deveriam estar 
protegidas pelo mesmo corpo normativo das pessoas físicas. 
2.2. SUJEITO PASSIVO 
 13
É todo órgão ou entidade governamental, incluindo-se aí, portanto, a Administração 
descentralizada e os próprios entes privados, desde que, pelas dimensões da sua 
atuação, ganhe uma ressonância pública. Interpretando o texto constitucional, deve-se 
entender “entidade governamental ou de caráter público” como todo organismo controlado 
pelo Poder Público, seja da administração direta ou indireta. A definição exclui, 
consequentemente, entidades da administração privadas, ainda que sob fiscalização ou 
regramento geral do Poder Público, como os bancos ou instituições financeiras. A 
restrição do instituto foi proposital no texto da Constituição. O melhor entendimento é o 
que defende o Habeas Data para obtenção de dados junto também às repartições 
privadas acessíveis ao público, como por exemplo, o Serviço de Proteção do Crédito 
(SPC). Contudo, é de se ver que a sistemática do SPC, mantida por associações 
comerciais, garante um funcionamento rápido, visto que de pronto são fornecidas 
informações a respeito de dados pessoais ao próprio devedor ou a algum associado, o 
que torna inútil o remédio do Habeas Data. No regime democrático esse remédio 
constitucional não será necessário, já que deverá haver a maior transparência possível 
nas relações entre o Estado e o povo. A Constituição Federal, traz um rol exemplificativo 
de algumas autoridades que podem ser sujeitos passivos do Habeas Data. Essas 
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autoridades terão que justificar a razão de possuírem dados íntimos sobre determinados 
indivíduos sob pena de responsabilização, política, administrativa, civil e penal. 
2.3. OBJETO 
É o pedido de informações ou retificação destas por pessoa física ou jurídica sobre sua 
pessoa, o que quer dizer que somente ela poderá solicitar informações de dados a seu 
respeito. Terceiros não o poderão fazer, por se tratar de ação personalíssima. O caráter 
personalíssimo dessa ação constitucional deriva da própria amplitude do direito 
defendido. Há, entretanto, casos em que herdeiros ou cônjuge poderão impetrar Habeas 
Data. 
2.4. NATUREZA JURÍDICA 
É uma constitucional, de caráter civil, conteúdo e rito sumário, que tem por objeto a 
proteção do direito liquido e certo do impetrante em conhecer todas as informações e 
registros relativos à sua pessoa e constantes de repartições pública ou particulares 
acessíveis, para eventual retificação de seus dados pessoais. 
2.5. REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO PRÉVIO 
O direito de ação relativamente ao Habeas Data nasce da negativa no fornecimento das 
informações, sendo indispensável a provocação de um ato gerador de conflito para atrair 
o provimento judicial. Embora os doutrinadores tenham entendido ser indispensável o 
prévio requerimento administrativo, também a jurisprudência do Superior Tribunal de 
Justiça, ainda que haja votos contrários, tem declarado extinto o processo, inexistente 
antecedente pedido administrativo, por não haver resistência e estar ausente o interesse 
de agir do impetrante. Há uma interpretação no sentido de não se exigir a prova de recusa 
do órgão competente ao acesso às informações ou da recuso em fazer-se a retificação. 
Nesta hipótese, bastaria ao impetrante a prova de que optou pelo acesso às instâncias 
administrativas, sem que houvesse necessidade de seu esgotamento. Na esteira dessa 
orientação o art. 8 da Lei 9.50, de 12/11/1997 determina que a petição inicial deverá ser 
instruída com prova, da recusa ao acesso às informações ou do decurso de mais de dez 
dias sem decisão ou da recusa em fazer-se a retificação ou do decurso de mais de quinze 
dias, sem decisão. 
PROCEDIMENTO 
Serão observadas, no que couber, as normas do mandado de segurança, enquanto não 
editada legislação específica (Lei 8.038/90). Lei 1.533/51 prevê os requisitos da petição 
inicial, bem como sua apresentação em duas vias com os documentos necessários. A Lei 
9.507/97, ao disciplinar o Habeas Data, guarda profunda semelhança com a Lei 1.533/51. 
O juiz poderá conceder liminar determinando de imediato o fornecimento dos dados 
pessoais requeridos ou mandará ainda notificar a autoridade coatora do conteúdo da 
impetração, entregando-lhe a segunda via apresentada pelo requerente, a fim de que, no 
prazo de dez dias, sejam prestadas as informações que achar necessárias. 
DADOS SIGILOSOS 
 14
Nem todo registro será fornecido a quem o desejar porque aqueles relacionados com a 
defesa nacional continuarão sigilosos e indevassáveis, como os Serviços Nacional de 
Informações (SNI), destinados unicamente ao conhecimento do Presidente da República 
e das autoridades responsáveis pela segurança da sociedade e do Estado, já ressalvados 
no inciso XXXIII do art. 5º da Constituição Federal de 1988. Por outro lado, o direito de 
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manter determinados dados sigilosos direciona-se a terceiros que estariam, em virtude da 
segurança social ou do Estado, impedidos de conhecê-los, e não ao próprio impetrante, 
que é o verdadeiro objeto dessas informações, pois se as informações forem verdadeira, 
certamente já eram de conhecimento do próprio impetrante, e se forem falsas, sua 
retificação não causará nenhum dano à segurança social ou nacional. 
COMPETÊNCIA 
 15
Compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar originalmente o Habeas Data 
contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do 
Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador da República e do 
próprio Tribunal. Além disso, julgar em recurso ordinário os Habeas Data decidido em 
única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão. Atribui ao Superior 
Tribunal de Justiça processar e julgar, originariamente, Habeas Data contra ato de 
Ministro de Estado ou do próprio Tribunal. O Art. 108 estabelece ainda que compete aos 
Tribunais Regionais Federais processar e julgar, originariamente, o Habeas Data contra 
ato do próprio Tribunal ou de juiz federal. 
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3. MANDADO DE SEGURANÇA 
3.1.ORIGEM 
Com a Constituição de 1934 surgiu o mandado de segurança. Hoje a Lei 1.533 de 31 de 
dezembro de 1951 disciplina a matéria. Trata de medida especial que visa restabelecer 
imediatamente o direito violado ou ameaçado, o que pressupõe urgência na propositura, 
como também deverá haver urgência no julgamento. A própria lei prevê rito sumário 
especial com prazosabreviados que deveriam ser cumpridos religiosamente, sob pena de 
ferir outros direitos do impetrante, a quem deveria ser assegurada prestação jurisdicional 
rápida e prioritária. 
3.2. OBJETO 
O campo de ação é definido por exclusão. Onde não cabe habeas corpus ou Habeas 
Data cabe mandado de segurança. Embora tenha seu nascimento na própria constituição, 
muitos autores a consideram como ação civil. A natureza civil não se altera, nem 
tampouco impede o ajuizamento de mandado de segurança em matéria criminal, inclusive 
contra ato de juiz criminal, praticado no processo penal. A Constituição Federal não 
delimita com precisão seu objeto e também não indica o que exatamente caberia ao 
órgão judicial fazer, o que acaba dando espaço a uma construção jurisprudencial 
significativa. 
3.3. REQUISITOS 
a) existência de direito liquido e certo; 
b) ato eivado de ilegalidade ou abuso de poder; 
c) ato praticado por autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de 
atribuições do Poder Público. 
d) caráter subsidiário: proteção ao direito líquido e certo não amparado por habeas corpus 
ou Habeas Data. 
Conforme art. 5º da Lei 1.533/51, não caberá mandado de segurança: 
a) quando houver recurso administrativo com efeito suspensivo independentemente de 
caução. 
b) Contra decisão judicial ou despacho judicial para o qual haja recurso processual eficaz, 
ou possa ser corrigido prontamente por via de correição. 
c) Contra ato disciplinar, a menos que praticado por autoridade incompetente ou com 
inobservância de formalidade essencial. 
3.4. DIREITO LÍQUIDO E CERTO 
 16
Deve ser comprovado de plano, documental e independentemente de instrução 
probatória, a qual é incompatível com seu procedimento. Numa primeira linha conceitual, 
afirmou-se ser líquido e certo o direito evidente de imediato, insuscetível de controvérsia, 
reconhecível sem demora, identificável sem necessidade de laboriosas cogitações ou de 
detido exame. É induvidosa na sua estrutura e extensão. Assim a impetração do mandado 
de segurança não pode fundamentar-se em simples conjecturas ou em alegações que 
dependam de dilação probatória incompatível com o procedimento do mandado de 
segurança. 
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3.5. PRAZO 
É também requisito legal que o mandado seja impetrado dentro de cento e vinte dias a 
partir da ciência do ato impugnado pelo interessado (art. 18 da Lei 1.533/51) sob pena de 
decadência. O prazo para requerer o mandado de segurança é de decadência e não se 
interrompe nem se suspende por nova reclamação da parte, nem pelo reexame do caso 
pela autoridade administrativa. Entretanto, presentes os requisitos constitucionais, tem 
cabimento a impetração de segurança independentemente de qualquer prazo que possa 
ser estabelecido na legislação, pois as garantias constitucionais não podem estar 
submetidas a prazo de exercício. Mas pondere-se que o legislador ordinário quis fixar um 
prazo para que o interessado tratasse com a devida urgência de restabelecer o direito 
lesado, não podendo deixar a seu critério exclusivo o exame do tempo conveniente, 
incorrendo na pena de ferir direitos de terceiros. 
3.6. LEGITIMIDADE ATIVA - Impetrante 
São titulares do mandado de segurança, além das pessoas jurídicas, brasileiros ou 
estrangeiros, menores ou maiores, residentes no País que tenham direito líquido e certo 
lesado por atos emanados do Poder Público ou de agentes que exerçam funções públicas 
delegadas, bem como órgãos despersonalizados mas com capacidade processual ou 
universalidade reconhecida por lei (espólio, massa falida, condomínio etc.) O terceiro 
atingido pelo ato judicial pode impugná-lo por mandado de segurança, mesmo sem que 
haja interposto o recurso cabível. O que se exige é que o impetrante tenha o direito 
invocado, e que este direito esteja sob a jurisdição da Justiça brasileira. Os órgãos 
públicos despersonalizados, como por exemplo, Mesas das Casas Legislativas, 
Presidências dos Tribunais, chefias do Ministério Público e do Tribunal de Contas são 
legitimados para ajuizamento de mandado de segurança em relação a sua área de 
atuação funcional e em defesa de suas atribuições. 
3.7. SUJEIÇÃO PASSIVA - Impetrado 
É a autoridade coatora. É firme e dominante a jurisprudência no sentido de que a 
indicação errônea da autoridade coatora afetará uma das condições da ação, 
acarretando, portanto, a extinção do processo, sem julgamento de mérito. O STF já firmou 
jurisprudência no sentido de que a autoridade apontada como coatora deve ser aquela 
responsável pela prática do ato atacado, não cabendo ao órgão julgador substituí-la. Em 
relação à pessoa jurídica de direito público, ela sempre será parte legítima para integrar a 
lide em qualquer fase, pois suportará o ônus da decisão proferida em sede de mandado 
de segurança. Parte da doutrina e da jurisprudência manifestam a existência do 
litisconsórcio necessário entre a autoridade coatora e a pessoa jurídica de direito público. 
Pode figurar no polo passivo, as pessoas naturais ou jurídica de direito privada com 
funções delegada do Poder Público, como ocorre em relação às concessionária de 
serviços de utilidade pública, bancos, escolas, desde que os atos se restrinjam às funções 
delegadas pelo poder pública. Assim, o mandado de segurança é, por exemplo 
perfeitamente cabível contra entidades de ensino que exercem funções públicas 
delegadas, mas não será admitido como socorro de seus credores contra eventuais 
inadimplementos, ou em base de outras relações regidas exclusivamente pelo direito 
privado. 
3.8. COMPETÊNCIA 
 17
É definida em função da hierarquia da autoridade legitimada a praticar a conduta, 
comissiva ou omissiva que possa resultar em lesão ao direito subjetivo da parte e não 
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será alterada pela posterior elevação funcional da mesma. O supremo Tribunal Federal 
carece de competência constitucional originária para processar e julgar mandado de 
segurança impetrado contra qualquer ato ou omissão de Tribunal judiciário, (Art. 21 da Lei 
Orgânica da Magistratura nacional). A jurisprudência é pacífica em reafirmar a 
competência dos próprios Tribunais para processarem e julgarem os mandados de 
segurança impetrados contra seus atos e omissões. O superior Tribunal de Justiça 
também não tem competência para processar e julgar, originariamente, mandado de 
segurança contra ato de outros Tribunais ou dos respectivos órgãos. 
3.9.TIPOS DE MANDADO DE SEGURANÇA 
O mandado de segurança poderá ser repressivo de uma ilegalidade já cometida, ou 
preventivo quando o impetrante demonstrar justo receio de sofrer uma violação de direito 
líquido e certo por parte da autoridade impetrada. Nesse caso, porém, sempre haverá a 
necessidade de comprovação de um ato ou omissão concreta que esteja pondo em risco 
o direito do impetrante. 
3.10.MEDIDA LIMINAR 
Assim como nos demais remédios constitucionais onde se encontra implícita, a medida 
liminar no mandado de segurança, é altamente eficaz, visto que assegura direitos feridos 
e repara prejuízos sofridos, permitindo ao lesado o restabelecimento de seu direito. O que 
caracteriza, de maneira marcante, o mandado de segurança é a possibilidade de 
concessão de medida liminar que pode, ou não, corresponder àquilo que se pleiteia no 
pedido (lide, pretensão) propriamente dito. De acordo com o art. 7º da Lei 1533/51, os 
pressupostos legais da medida liminar são a relevância dos motivos em que se assenta o 
pedido na inicial e a possibilidade da ocorrência de lesão irreparável ao direito do 
impetrante, se vier a ser reconhecida da decisão de mérito. Numa perspectiva mais 
doutrinária, os pressupostos específicos da medida liminar são o periculum in mora 
(perigo da demora) eo fumus boni juris (fumaça ou transparência do bom direito), que, 
presentes, garantem ao impetrante o direito subjetivo à liminar. Discute-se se a liminar é 
direito do impetrante ou faculdade do juiz. A questão é controvertida, mas uma vez que, 
preenchidos os pressupostos legais e específicos, não é mera faculdade do juiz, mas sim 
um direito do impetrante que não pode ser negado, pois a própria liminar pede uma 
satisfação antecipada do mérito da questão sub judice. Se a medida liminar for negada 
pelo juiz de primeiro grau, não existe recurso contra sua decisão, a não ser a impetração 
de outro mandado de segurança, segundo tem reconhecido a jurisprudência dos tribunais. 
Alguns autores entendem inconstitucional a norma legal ou regulamentar que proíba, 
transitória ou definitivamente, a concessão de liminar. Discute-se também a possibilidade 
de concessão de liminar em mandado de segurança de ofício. Há uma corrente de 
pensadores que entende ser vedado ao juiz concedê-la se não houver requerimento da 
parte, já que lhe é proibida a prestação jurisdicional sem ser requerida, enquanto outros 
reconhecem ser possível tal concessão, pois ao juiz impõe-se o dever de conceder liminar 
à vista dos pressupostos. 
3.11. TIPOS DE SENTENÇA 
 18
A sentença proferida no mandado de segurança poderá ser constitutiva, condenatória e, 
até mesmo, declaratória. 
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3.12. COISA JULGADA 
Quando a sentença for denegatória da segurança, pode ou não fazer coisa julgada. A 
súmula 304, do STF assim dispõe que “Decisão denegatória de mandado de segurança, 
não fazendo coisa julgada contra o impetrante, não impede o uso de ação própria.” O 
cerne do problema é realmente se a decisão apreciou ou não o mérito. Se o tiver feito, 
estaremos diante do impedimento às vias ordinárias, por que a decisão deverá fazer coisa 
julgada material, não mais suscetível de recurso. Se a sentença não percute o mérito, 
somente poderá fazer coisa julgada formal. Os tribunais firmaram jurisprudência no 
sentido de que a decisão em mandado de segurança somente faz coisa julgado quando 
resolve o mérito, impedindo, na hipótese, a propositura de nova ação. A decisão proferida 
em mandado de segurança pode adquirir autoridade de coisa julgada ou não. Na primeira 
hipótese impede que seja proposta outra ação adequada, através da via ordinária. Ocorre 
coisa julgada material quando a decisão aprecia o mérito da questão, não podendo esta 
ser discutida novamente em outra ação, ainda que pela via ordinária. O Supremo Tribunal 
Federal tem entendido que a decisão denegatória da segurança, se aprecia o mérito do 
pedido, faz coisa julgada material, impedindo a reapreciação em ação ordinária. O fato de 
se haver apreciado, ou não, o mérito, na decisão denegatória de mandado de segurança, 
não basta, por si só, para reconhecer ou repelir a coisa julgada, porque, mesmo entrando 
no exame do mérito – e, portanto, superando a questão do conhecimento da impetração -, 
a decisão denegatória pode oferecer nuanças muito diversas. Poder reconhecer, apenas, 
que o direito não é líquido e certo, mas sem repelir que possa haver tal direito, 
adequadamente demonstrável em ação ordinária. Pode repelir, tout court, que haver 
qualquer direito, e, nesta hipótese, evidentemente faz coisa julgada e impede a reiteração 
do pedido, mesmo em ação ordinária. O art. 15 da Lei 1.533/51, por sua vez, dispõe que a 
decisão do mandado de segurança não impedirá que o requerente, por ação própria, 
pleiteie os seus direitos e os respectivos efeitos patrimoniais. 
Diante da jurisprudência dominante, domina o princípio de que, se os fatos forem 
provados e a sentença denegar a segurança por concluir o julgador inexistir o direito do 
impetrante, haverá coisa julgada material e já não poderá ser reaberta a discussão em 
outro processo. 
3.13. MANDADO CONTRA ATO JUDICIAL 
 19
Os atos dos juízes sujeitam-se ao mandado de segurança, tanto quanto os atos dos 
membros dos Poderes Legislativos e Executivo, uma vez que aqueles – os magistrados- 
são tão agentes públicos, tão autoridades, quanto estes últimos. Necessário, apenas que 
o seja ilegal ou abusivo. Doutra parte, ao prever o ordenamento jurídico a possibilidade de 
duplo grau de jurisdição, com mais uma garantia constitucional dos jurisdicionados, a 
decisão, para produzir gravame deve ser insuscetível de recurso com efeito suspensivo. 
O art. 5º, da Lei 1.533/51, prevê que o mandado de segurança contra ato judicial só tem 
cabimento quando o ato não for passível de revisão por via de recurso específico ou 
quando, embora recorrível, não tenha o recurso interposto efeito suspensivo, permitindo a 
execução provisória da sentença. A súmula ___ dispõe que “Não cabe mandado de 
segurança contra ato judicial passível de recurso ou correição.” Em face da Lei 
9.139/1995, que modificou o Código de Processo Civil, mercê do art. 524, que determina 
a interposição do agravo diretamente ao tribunal, e dos arts. 527, inciso II, e 558, este 
último possibilitador da atribuição do efeito suspensivo em certas situações, as hipóteses 
de mandado de segurança contra ato judicial viram-se reduzidas. O certo é que o 
mandado contra ato judicial é atípico, porque sua finalidade é apenas suspender 
temporariamente a eficácia da decisão, provisória ou definitiva, da primeira instância ou, 
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eventualmente, de um tribunal, em que se verifica uma função nitidamente acautelatória. 
Trata-se de uma nova ação e as partes não têm de ser necessariamente as mesmas. 
3.14. A LEI EM TESE 
Em regra não cabe mandado de segurança contra a lei em tese, pois trata-se de norma 
abstrata que não lesa, por si só, direito individual. Contudo, se a lei ou o decreto, por si 
só, lesa direito individual, é perfeitamente cabível o mandado de segurança contra os 
efeitos concretos do ato normativo. Se a aprovação da lei se deu de maneira irregular, 
sem obediência às exigências legais ou regimentais, pode caber o mandado de 
segurança. 
3.15. ATO ADMINISTRATIVO 
Conforme art. 5º da Lei 1.533/51, não caberá mandado de segurança, quando houver 
recurso administrativo com efeito suspensivo independentemente de caução. 
3.16. ATO DISCIPLINAR 
O art. 5º, III, da Lei 1.533/51 dispõe que não se dará mandado de segurança quando se 
tratar de ato disciplinar, salvo quando praticado por autoridade incompetente ou com 
inobservância de formalidade essencial. Fundamenta-se no fato de que a transgressão 
disciplinar supõe hierarquia e deve preponderar o poder disciplinar de natureza 
discricionária. Por outro lando, se a Constituição Federal concede segurança para 
proteger todo direito líquido e certo, não amparado por Habeas Corpus, qualquer que seja 
a autoridade ofensora, não se legitima a exclusão dos atos disciplinares que, embora 
formalmente corretos e expedidos por autoridade competente, podem ser ilegais e 
abusivos no mérito, a exigir pronta correção mandamental. 
3.16. LITISCONSÓRCIO EM MANDADO DE SEGURANÇA 
Haverá litisconsórcio, quando duas ou mais pessoas litigam no mesmo processo, e do 
mesmo lado. Uma pessoa entra e a outra pega carona. Muitos juízes, depois de terem 
concedido a liminar e recebido as informações da autoridade coatora, mandam citar ou 
notificar possíveis lesados para integrarem o mandado de segurança. 
3.17. DOS RECURSOS 
 20
Se a liminar for concedida pelo juiz de primeiro grau, pode ser suspensa pelo presidente 
do Tribunal. 
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4.MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO 
4.1.CONCEITO 
O inciso, LXX, da Constituição Federal, dispõe que o mandado de segurança coletivo 
pode ser impetrado por partido políticocom representação no Congresso Nacional ou por 
organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em 
funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou 
associados. O conteúdo de mandado de segurança coletivo assenta-se em dois 
elementos: um, institucional, caracterizado pela atribuição da legitimação processual a 
instituições associativas para a defesa de interesses de seus membros ou associados; 
outro, objetivo, consubstanciado no uso do remédio para a defesa de interesses coletivos. 
4.2.FINALIDADE 
O legislador constituinte quis facilitar o acesso a juízo, permitindo que pessoas jurídicas 
defendam o interesse de seus membros ou associados, ou ainda da sociedade como um 
todo, no caso dos partidos políticos, sem a necessidade de um mandato especial, 
evitando-se a multiplicidade de demandas idênticas e conseqüente demora na prestação 
jurisdicional e fortalecendo as organizações classistas. 
4.3.OBJETO 
A defesa dos mesmos direitos que podem ser objeto do mandato de segurança individual, 
porém direcionado à defesa dos interesses coletivos em sentido amplo, englobando os 
direitos coletivos em sentido estrito, os interesses individuais homogêneos e os interesses 
difusos, contra ato ou omissão ilegais ou com abuso de poder de autoridade. 
4.4.INTERESSE COLETIVO 
Concerne uma realidade coletiva (profissão, categoria, família), ou seja, o exercício 
coletivo de interesses coletivos. Estão englobados os interesses individuais homogêneos, 
que são espécie dos interesses coletivos, eis que os titulares são plenamente 
determináveis. 
4.5.INTERESSES DIFUSOS 
São os interesses fragmentados ou coletivos, tais como o direito ao ambiente saudável, 
ou à proteção do consumidor. O problema básico que eles apresentam – a razão de sua 
natureza difusa – é que ninguém tem o direito a corrigir a lesão a um interesse coletivo, 
ou o prêmio para qualquer indivíduo buscar essa correção é pequeno demais para induzi-
lo a tentar uma ação. 
4.6.LEGITIMAÇÃO ATIVA 
4.6.1. Partido Político 
 21
Partido político com representação no Congresso Nacional, exigindo-se somente a 
existência de, no mínimo, um parlamentar, em qualquer das Casas Legislativas, filiado a 
determinado partido político. A legitimidade é ampla, podendo proteger quaisquer 
interesses coletivos ou difusos ligados à sociedade. Cercear essa legitimação somente 
para seus próprios interesses ou de seus filiados é retirar dos partidos políticos a 
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característica de essencialidade em um Estado Democrático de Direito e transformá-lo em 
mera associação privada. 
4.6.2. organização sindical, entidade de classe ou associação 
Desde que preencham três requisitos. Estejam legalmente constituídos, em 
funcionamento há pelo menos um ano, e pleiteiem a defesa dos interesses de seus 
membros ou associados. O objeto será, então, um direito dos associados, 
independentemente de guardar vínculo com os fins próprios da entidade impetrante. 
Exige-se estar o direito defendido compreendido na titularidade dos associados e que 
exista ele em razão das atividades exercidas pelos associados, mas não se exigindo que 
o direito seja peculiar, próprio, da classe. O STF já firmou posição de a legitimação das 
organizações sindicais, entidades de classe ou associações, para a segurança coletiva, é 
extraordinária, ocorrendo, em tal caso, substituição processual, não se exigindo, a 
autorização expressa aludida no inciso XXI do art. 5º da Constituição, que contempla 
hipótese de representação. O objeto do mandado de segurança coletivo será um direito 
dos associados, independentemente de guardar vínculo com os fins próprios da entidade 
impetrante do writ, exigindo-se, entretanto, que o direito esteja compreendido na 
titularidade dos associados e que exista ele em razão das atividades exercidas pelos 
associados, mas não se exigindo que o direito seja peculiar, próprio, da classe. 
4.7.BENEFICIÁRIO 
Não haverá necessidade de constar os nomes de todos os associados ou filiados, uma 
vez que não se trata de litisconsórcio ativo em mandado de segurança individual. A 
situação individual de cada um deverá ser analisada no momento de execução da 
sentença, devendo a autoridade impetrada, ao cumprir a decisão judicial, exigir que cada 
beneficiário comprove pertencer à entidade beneficiária. Quanto à abrangência da 
decisão judicial, serão beneficiários todos os associados que encontrarem-se na situação 
descrita na inicial, pouco importando que tenham ingressada na Associação antes ou 
depois do ajuizamento do mandado de segurança coletivo, ou mesmo durante a execução 
de sua decisão, afinal o Poder Judiciário já decidiu pela ilegalidade do ato e 
consequentemente proteção ao direito líquido e certo. 
4.8.MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO E INDIVIDUAL 
 22
O ajuizamento do mandado de segurança coletivo, por um dos legitimados 
constitucionalmente, não impedirá a utilização do mandado de segurança individual, 
desde que presentes os requisitos constitucionais. 
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5.MANDADO DE INJUNÇÃO 
5.1.ORIGENS 
Inglaterra, fins do século XIV, remédio do Juízo de Equidade. Remédio outorgado por um 
juízo discricionário ao faltar norma legal que regulasse a espécie. Não há entretanto 
qualquer semelhança com o nosso instituto. 
5.2.CONCEITO 
No diploma constitucional, no inciso LXXI, art. 5 estabelece que conceder-se-á mandado 
de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos 
direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à 
soberania e à cidadania. O problema a se resolver é o de se evitar a inocuidade das 
normas constitucionais que consagram princípios e direitos fundamentais, que deixados à 
própria sorte, sem mecanismos para coibir seu desrespeito, reduzidas a meras “normas 
programáticas”, não seriam normas efetivas, atualizáveis no ordenamento jurídico. A 
efetividade a ser conferida por meio da injunção se estenderia também, por este artifício 
legislativo, aos que se vissem prejudicados em sua condição de brasileiro 
(“nacionalidade”), de detentor originário do poder político (“soberania”) ou de eleitor e 
elegível (“cidadania”) por normas que não aquelas encerradas na Constituição, ou seja, 
norma infraconstitucional, a reclamar regulamentação. Trata-se, na verdade, de um 
remédio constitucional colocado à disposição de qualquer pessoa que se sentir 
prejudicada pela falta de norma regulamentadora que inviabilize o exercício dos direitos, 
liberdades e garantias constitucionais prescritas no transcrito inciso. A preocupação, 
portanto, é conferir efetiva aplicabilidade e eficácia ao texto constitucional, para que este 
não se torne “letra morta”, por omissão do legislador ordinário na sua regulamentação. 
5.3.DEFINIÇÃO 
Ação para tutela de situações jurídicas subjetivas decorrentes de normas consagradoras 
de direitos fundamentais, cujo exercício encontra-se inviabilizado por omissão 
inconstitucional de poderes (ou de terceiros). o Supremo Tribunal Federal firmado 
orientação no sentido de que o mandado de injunção, para ser utilizado, não depende de 
regulamentação, “inclusive quanto ao procedimento aplicável, que lhe é analogicamente o 
procedimento do mandado de segurança, no que couber” 
5.4.PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS 
 23
O pressuposto para cabimento do mandado de injunção é uma omissão juridicamente 
relevante do legislador infraconstitucional, que deixa de elaborar norma indispensável ao 
exercício de direito constitucionalmente garantido. Observa-se que a divergência na 
apreciação do mandado de injunção, mormente nos casos julgados, está precisamente no 
conceito de falta de norma regulamentadora.Havendo norma a respeito, não se tem 
concedido o writ requerido, ainda que ela esteja em desacordo com o preceito 
constitucional. Pode haver norma regulamentadora, insatisfatória ou incompleta, de 
determinada questão, o que não pode ser sanado pelo mandado de injunção. 
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5.5. AUTO-APLICABILIDADE DO DISPOSITIVO CONSTITUCIONAL 
O dispositivo constitucional é auto-aplicável, podendo incidir de imediato, sem 
necessidade de quaisquer regulamentações. Seria uma incongruência caso prevalecesse 
a tese contrária, no sentido de tal dispositivo ser de eficácia limitada, dependente de 
regulamentação para o seu exercício. O legislador constituinte teria criado um remédio 
para garantir a aplicabilidade daquelas normas de eficácia limitada do texto da 
Constituição; no entanto, tal remédio não seria auto-aplicável, por também ser norma de 
eficácia limitada. O Supremo Tribunal Federal firmado orientação no sentido de que o 
mandado de injunção, para ser utilizado, não depende de regulamentação, inclusive 
quanto ao procedimento aplicável, que lhe é analogicamente o procedimento do mandado 
de segurança, no que couber. Embora auto-aplicável, será sempre recomendável a 
elaboração de legislação específica sobre o mandado de injunção, com o fim de dirimir 
dúvidas e polêmicas acerca de seu procedimento, da competência para a sua apreciação 
e, especialmente, da eficácia da decisão, tema de infindável controvérsia. 
5.6.LEGITIMIDADE ATIVA 
Posto à disposição dos cidadãos individual e pessoalmente, para defesa do estado 
jurídico-político (status liberatis, status civitatis) e de direitos públicos subjetivos seus 
decorrentes daquelas normas. Este instituto não foi concebido para controle abstrato de 
normas em defesa da ordem jurídica objetiva. Compete ao titular do direito ou da 
prerrogativa constitucional. Pode ser nacional ou estrangeiro, pessoa física ou jurídica e 
até mesmo entidades associativas. Jurisprudência. 
5.7.MANDADO DE INJUNÇÃO COLETIVO 
Já é mansa a jurisprudência no sentido do cabimento do mandado de injunção coletivo, 
podendo as entidades sindicais ou de classe impetrá-lo, para que seus filiados possam 
exercer direitos assegurados na Constituição e que estejam inviabilizados pela ausência 
de regulamentação. São, pois, legitimadas para a impetração do mandado de injunção 
coletivo as mesmas entidades às quais a Constituição deu a possibilidade de ajuizamento 
de mandado de segurança coletivo (CF, art. 5º, LXX). 
5.8.LEGITIMIDADE PASSIVA 
Deve figurar o órgão ao qual compete emitir a norma regulamentadora, ainda que 
inexistente. O referido órgão deve ser notificado para prestar informações, pois aplica-se 
ao mandado de injunção o mesmo procedimento do mandado de segurança (Lei 
8.038/90). Somente poderá ser impetrado contra pessoa jurídica de direito público, pois 
refere-se a matérias de ordem pública, como liberdades constitucionais, nacionalidade, 
soberania e cidadania. É ilógico a proposta contra particular pleiteando direitos que não 
foram conferidos em razão de ausência de norma regulamentadora. Deve ser direcionada 
à autoridade competente para o cumprimento das providências, e não ao órgão 
subalterno que simplesmente execute determinações oriundas de nível superior. 
5.9. MANDADO DE INJUNÇÃO E AÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE 
 24
É visível o paralelismo existente entre o mandado de injunção e a ação direta de 
inconstitucionalidade por omissão, prescrita no art. 103, § 2º, da CF. Ambas as ações 
visam a suprir uma omissão do legislador, diante da necessidade de regulamentação do 
texto constitucional. O âmbito de atuação da inconstitucionalidade por omissão cinge-se à 
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manutenção da ordem jurídica; coibir a inércia do Poder Público, figurada no 
descumprimento din abstracto (pois não há lesão a direito individual ou coletivo) de regra 
constitucional de proceder. Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para 
tornar efetiva a norma constitucional, será dada ciência ao Poder competente para que 
adote as providências necessárias. Têm, por conseguinte, efeito erga omnes. Ou seja, 
não se restringe às partes que compõem a relação jurídica processual. O âmbito de 
atuação do mandado de injunção, por sua vez, circunscreve-se à proteção dos direitos 
individuais ou coletivos. Por ele, o titular de uma situação jurídica concreta tem viabilizado 
o exercício de direito, liberdade ou prerrogativa que lhe fora obstado. Já que há lesão, tem 
efeitos inter partes. Incidente somente sobre as partes. 
5.9.1. LEGITIMAÇÃO 
O mandado de injunção pode ser intentado por qualquer pessoa, física ou jurídica, que se 
veja impossibilitada de exercer um dado direito constitucional por falta de norma 
regulamentadora, possuindo legitimidade ativa no processo, portanto, o próprio titular do 
direito constitucional obstado por inércia do legislador; na ADIn por omissão, a legitimação 
é restrita aos entes enumerados no art. 103, incisos I a IX, da CF. 
5.9.2. OBJETO 
No mandado de injunção, busca-se solução para um caso concreto, individualmente 
considerado, diante de um direito subjetivo obstado pela inércia do legislador, 
pressupondo a existência de um direito efetivamente impedido pela falta da norma 
regulamentadora; na ADIn por omissão, o controle da omissão é efetivado em tese, sem a 
necessidade de configuração de violação a um direito individual. Assim, sua propositura 
não está adstrita a um caso concreto, podendo ser intentada abstrata e genericamente, 
como meio de se obter a declaração de inconstitucionalidade da omissão do órgão. 
5.9.3. JULGAMENTO 
Na Ação de Inconstitucionalidade por omissão, a competência para o julgamento, no 
âmbito federal, é exclusiva do Supremo Tribunal Federal; no mandado de injunção, a 
competência não é exclusiva do Supremo Tribunal Federal, havendo previsão de 
julgamento por outros órgãos do Poder Judiciário (CF, art. 105, I, h). 
 
5.10.EXISTÊNCIA DE PROCESSO LEGISLATIVO INSTAURADO 
Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, uma vez verificada a competente 
instauração do processo legislativo, não há mais como atribuir ao Estado a inércia 
inconstitucional. Em outras palavras, se há processo legislativo em pleno andamento, não 
será conhecido mandado de injunção a respeito da matéria seu objeto. Se no curso da 
ação de injunção for editada a norma regulamentadora que faltava, a ação perde o objeto. 
5.11.MERA EXISTÊNCIA DE PROJETO DE LEI 
 25
A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmou entendimento no sentido de que a 
simples tramitação de projeto de lei não é capaz de elidir a mora legislativa. Em outra 
ação na qual se discutia a ausência de norma regulamentadora do direito ao aviso prévio 
proporcional ao tempo de serviço, deixou assente o Ministro Marco Aurélio que o fato de 
existirem vários projetos de lei em tramitação, para a regulamentação de tal direito, não o 
sensibilizava, lembrando que a participação nos lucros da empresa, que foi inserida no 
texto da Constituição de 1946, ainda não havia sido regulamentada. 
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5.12.CARACTERIZAÇÃO DA MORA LEGISLATIVA 
Segundo o Supremo Tribunal Federal, a caracterização da mora legislativa, quando não 
há prazo limite fixado na Constituição, há que ser aferida em consonância com o princípio 
da razoabilidade. É de ser reconhecida, em cada caso, quando, dado o tempo corrido da 
promulgação da norma constitucional invocada e o relevo da matéria, se deva considerar 
superado o prazo razoável para a edição do ato legislativo necessário à efetividade da Lei 
Fundamental; vencido o tempo razoável, nem a inexistência de prazo constitucionalpara 
o adimplemento do dever de legislar, nem a pendência de projetos de lei tendentes a 
cumpri-lo podem descaracterizar a evidência da inconstitucionalidade da persistente 
omissão de legislar. 
5.13.NÃO-CABIMENTO DE MANDADO DE INJUNÇÃO SE JÁ EXISTE A NORMA 
REGULAMENTADORA 
A posição do Supremo Tribunal Federal é firme nesse sentido, isto é, se já existe norma 
regulamentadora, ainda que supostamente incompleta ou eivada de vícios, não é caso 
para impetração de mandado de injunção. Se a norma apresenta vícios, se está ferindo 
direito líquido e certo do indivíduo, poderá ser atacada por outros meios (mandado de 
segurança, p. ex.), mas não mais por mandado de injunção, que é ação para a hipótese 
de ausência de norma regulamentadora, não estando entre suas finalidades corrigir 
eventual inconstitucionalidade que infirme a validade de ato estatal já em vigor. 
5.14.MERA FACULDADE AO LEGISLADOR 
Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, não é cabível mandado de 
injunção se a Constituição simplesmente faculta ao legislador a outorga de um direito, 
sem ordená-lo. Nesse caso, entende o Tribunal que compete ao legislador, por se tratar 
de mera faculdade, decidir se e quando estabelecerá a regulamentação facultada. Com 
esse entendimento, não se conheceu de mandado de injunção, por exemplo, em face do 
art. 40, § 1º, da Constituição Federal (“Lei federal poderá estabelecer exceções...”). 
5.15.REGULAMENTAÇÃO DOS EFEITOS DE MEDIDA PROVISÓRIA REJEITADA 
O parágrafo único do art. 62 da Constituição Federal estabelece que no caso de medida 
provisória adotada pelo Presidente da República não ser convertida em lei pelo 
Congresso Nacional, deverá este órgão legislativo disciplinar as relações jurídicas dela 
decorrentes. Não agindo o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal não admite 
mandado de injunção para a obtenção da regulamentação desses efeitos. 
5.16.COMPETÊNCIA E PROCEDIMENTO 
 26
Serão observadas, no que couber, as normas do mandado de segurança. (art. 28 da Lei 
8.38/90). Ressalte-se, porém, que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal já se 
pacificou pela impossibilidade da concessão de medida liminar por ser imprópria ao 
instituto do mandado de injunção. Regimentalmente, no Superior Tribunal de Justiça, o 
mandado de injunção terá prioridade sobre os demais atos judiciais, salvo o habeas 
corpus, mandado de segurança e o Habeas Data. A competência para o julgamento do 
mandado de injunção é determinada em razão da pessoa (rationae personae) obrigada a 
elaborar a norma regulamentadora, e que permanece inerte. Ao Supremo Tribunal 
Federal compete, originariamente, o julgamento do mandado de injunção quando a 
elaboração da norma regulamentadora for atribuição do Presidente da República, do 
Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma 
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dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais 
Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal (CF, art. 102, I, q). Ademais, julga o 
Supremo Tribunal Federal, via recurso ordinário, o mandado de injunção decidido em 
única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão (CF, art. 102, II, a). 
Ao Superior Tribunal de Justiça compete, originariamente, o julgamento do mandado de 
injunção quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição de órgão ou 
entidade federal, da administração direta ou indireta, excetuados os casos de 
competência do STF e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do 
Trabalho e da Justiça Federal (CF, art. 105, I, h). Em relação aos demais órgãos judiciais 
de primeiro grau e aos demais tribunais da Justiça Federal, a Constituição não 
estabeleceu a competência, tampouco foi editada norma ordinária nesse sentido. Em face 
da inexistência dessa legislação complementar, o Supremo Tribunal Federal tem firmado 
que se o mandado de injunção é impetrado contra a União ou contra Ministro de Estado, o 
julgamento caberá ao STJ e não ao STF. Além disso, O STF e o STJ não são 
competentes para julgar mandado de injunção contra autoridades estaduais, tais como 
Governador de Estado, Presidente de Tribunal de Justiça do Estado ou Mesa de 
Assembléia Legislativa. No âmbito estadual será permitido aos Estados-membros, no 
exercício do poder constituinte derivado decorrente, estabelecerem em suas constituições 
estaduais o órgão competente para processo e julgamento de mandados de injunção 
contra a omissão do Poder Público estadual às normas constitucionais estaduais. 
 
5.17.EFICÁCIA DA DECISÃO NO MANDADO DE INJUNÇÃO 
 
5.17.1. POSIÇÕES DOUTRINÁRIAS 
Na doutrina, a questão não é pacífica, mas a orientação dominante é no sentido de que o 
Poder Judiciário, reconhecendo a existência da omissão inconstitucional, deverá supri-la, 
criando a norma regulamentar faltante, para que seja aplicada provisoriamente ao caso 
concreto, até a edição da norma regulamentadora pelo órgão competente. Em outras 
palavras, deverá o juiz, na apreciação do mandado de injunção, conferir-lhe efetividade, 
integrando o direito à ordem jurídica, para conferir eficácia aos direitos previstos na 
Constituição e satisfazer desde logo o direito do impetrante. 
 
5.17.2. POSIÇÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 
O Supremo Tribunal Federal, órgão ao qual compete a última palavra sobre a 
interpretação do texto constitucional, não aderiu a essa posição da doutrina. Em verdade, 
o Tribunal trilhou um caminho tímido, conferindo pouca efetividade e objetividade ao 
mandado de injunção, praticamente igualando a sua eficácia àquela prevista para a ADIn 
por omissão: o STF apenas reconhecerá a existência da omissão inconstitucional e dela 
dará ciência ao órgão competente, requerendo a edição da norma. Portanto, frise-se, a 
orientação dominante no Supremo Tribunal Federal é no sentido de que a decisão em 
mandado de injunção possui eficácia declaratória (reconhecendo a inconstitucionalidade 
da omissão) e eficácia mandamental (comunicando ao órgão competente omisso, para a 
adoção das providências cabíveis), não cabendo ao Poder Judiciário elaborar a regra 
faltante e aplicá-la ao caso concreto. 
 
 
 
 27
 
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5.17.2.1 Posição Majoritária 
Deve o Supremo Tribunal federal, em reconhecendo a existência da mora do Congresso 
Nacional, comunicar a existência dessa omissão para que o Poder Legislativo elabore a 
lei. 
 
5.17.2.2. Minoritária 
Reconhecendo também a mora do Congresso Nacional, decide, desde logo, o pedido do 
requerente do mandado de injunção e provê sobre o exercício do direito 
constitucionalmente previsto. 
 
5.17.2.3. Solução Intermediária 
O Congresso Nacional deve elaborar a lei, mas também a CF assegura aos cidadãos o 
exercício de direitos e liberdades, contemplados da Carta Política, mas dependentes de 
regulamentação. Se o Congresso Nacional, dentro de um certo prazo, não fizer a lei, 
depois de comunicação da omissão, o Supremo Tribunal Federal pode tomar 
conhecimento de reclamação da parte, quanto ao prosseguimento da omissão, e , a 
seguir, dispor a respeito do direito in concreto. 
 
5.17.2.4. Posição concretista 
Presentes os requisitos constitucionais exigidos para o mandado de injunção, o Poder 
Judiciário através de uma decisão constitutiva, declara a existência da omissão 
administrativa ou legislativa, e implementa o exercício do direito, da liberdade ou da 
prerrogativa constitucional até que sobrevenha regulamentação do poder competente. 
Divide-se em duas sub-espécies: concretista geral e individual. 
 
5.17.2.4.Posição concretista geral 
 A decisão do Poder Judiciário terá efeitos erga omnes, implementando o exercício da 
norma constitucional através deuma normatividade geral, até que a omissão seja suprida 
pelo poder competente. Posição pouco aceita, uma vez que o Poder Judiciária usurpa 
funções legislativas. 
 
5.17.2.4.Posição concretista individual 
A decisão do Poder Judiciário só produzirá efeitos para o autor do mandado de injunção 
que poderá exercitar plenamente o direito, liberdade ou prerrogativa, prevista na norma 
constitucional. Esta por sua vez divide-se em duas espécies: direta e intermediária. 
 
5.17.2.5. Posição concretista individual direta 
 o Poder Judiciário, imediatamente ao julgar procedente o mandado de injunção, 
implementa a eficácia da norma constitucional ao autor. 
 
5.17.2.6. Posição concretista individual intermediária 
Após julgar a procedência do mandado de injunção, o Poder Judiciário fixa ao Congresso 
Nacional um para a elaboração da norma regulamentadora. Ao término desse prazo se a 
inércia permanecer o Poder Judiciário deve fixar as condições necessárias ao exercício 
do direito por parte do autor. 
 
5.17.2.7. Posição não concretista 
 28
Jurisprudência dominante do STF que reconhece formalmente a inércia do Poder Público, 
em dar concreção à norma constitucional positivadora do direito postulado, e dará tão 
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somente ciência ao poder competente para que edite a norma faltante. Não há medidas 
jurisdicionais que viabilizem o exercício do direito. 
5.18. EVOLUÇÃO NA ORIENTAÇÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 
 29
A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, talvez em face da constatação de que a 
mera comunicação ao Poder Legislativo de nada tem adiantado, tem evoluído, na 
tentativa de conferir maior efetividade ao mandado de injunção. Continua o Tribunal a não 
admitir a edição da norma pelo Poder Judiciário, como a doutrina reclama, mas deu 
importantes passos, especialmente no quesito “fixação de prazo”. Assim, no MI 283-5, 
ajuizado em face do art. 8º, § 3º, do ADCT, o Tribunal reconheceu a mora inconstitucional 
do Congresso Nacional em editar a norma faltante, comunicou tal decisão àquele órgão 
legislativo, e fixou-lhe o prazo de 60 dias para a edição da norma requerida, 
determinando-se que, caso subsistisse a omissão, o titular do direito obstado poderia 
obter, em juízo, contra a União, sentença líquida de indenização por perdas e danos. 
Vencido o prazo, não foi editada a norma pelo Congresso Nacional, tendo sido ajuizado 
novo mandado de injunção (MI 284-3/DF), com a mesma finalidade. O STF, nessa nova 
ação, entendeu ser dispensável nova comunicação ao Congresso Nacional, e assegurou 
aos impetrantes a possibilidade de ajuizarem, imediatamente, nos termos do direito 
comum ou ordinário, a ação de reparação de natureza econômica instituída em favor dos 
requerentes pelo preceito do art. 8º, § 3º, do ADCT. Em outro mandado de injunção, 
intentado em face do art. 195, § 7º, da CF (“São isentas de contribuição para a 
seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às 
exigências estabelecidas em lei”), o STF reconheceu a omissão do Poder Legislativo e 
fixou o prazo de seis meses para que fosse providenciada a legislação pertinente, “sob 
pena de, vencido esse prazo, sem que essa obrigação se cumpra, passar o requerente a 
gozar da imunidade requerida” (MI 232-1). 
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5.19.QUADRO COMPARATIVO ENTRE O MANDADO DE INJUNÇÃO E 
INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO 
 
 
Mandado de Injunção 
Ação de Inconstitucionalidade 
por Omissão 
Competência 
Órgãos competentes do Poder 
Judiciário STF/STJ 
Privativa do STF 
Legitimidade ativa Qualquer pessoa: indivíduo, grupos, associações, partido 
político, sindicatos, etc. 
Os sujeitos enumerados no art. 103 
Legitimidade 
passiva 
Sujeito inibidor do exercício do 
direito 
Pessoa ou entidade competente para 
elaborar a norma. Poder Público 
(Legislativo e Executivo) 
Objeto 
 ou 
âmbito de atuação 
Satisfação de Direito ou Liberdade 
obstada pela falta de norma 
regulamentadora. Circunscreve-se 
à proteção dos direitos individuais 
ou coletivos. 
Garantia da Constituição, impedida 
de ser efetivada por falta de norma 
regulamentadora., cingindo-se à 
manutenção da ordem jurídica; coibir 
a inércia do Poder Público, figurada 
no descumprimento in abstracto (pois 
não lesão a direito individual ou 
coletivo) de regra constitucional de 
proceder. 
Natureza da 
sentença 
Mandamental/satisfatória 
(constitutiva ou condenatória), 
com efeitos jurídicos inter partes. 
Sempre declaratória com efeitos 
jurídicos erga omnes. 
Trâmite constituinte
Novo writ. Art. 5º (direito e 
garantias individuais e coletivas) 
Novo writ que passou da esfera dos 
direitos e garantias individuais e 
coletivas para as 
inconstitucionalidades. Art. 103. 
O que visa garantir A defesa do exercício de Direito. A defesa da eficácia constitucional. 
Resultados Práticos Esvaziamento pela tese da 
subsidiariedade à AIO 
Dar ciência da omissão não 
soluciona o silêncio legislativo. 
Efeitos da Sentença Incidenter tantum e inter partes Erga omnes. 
 
 
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6.AÇÃO POPULAR 
6.1.CONCEITO 
A ação popular é substancialmente de natureza democrática, já que permite a qualquer 
cidadão no gozo dos seus direitos de cidadania exercê-la em defesa do patrimônio 
público. Juntamente com o direito de voto em eleições, plebiscitos e referendos, a 
iniciativas das leis e o direito de organização e participação de partidos políticos, a ação 
popular constitui uma forma de exercício da soberania popular, pela qual se permite o 
exercício da função fiscalizadora do Poder Público, por isso não se coaduna assim com 
qualquer regime autoritário, que cerceia os direitos populares. Na Constituição Federal de 
1.988, a esfera de competência da ação popular foi ampliada e o seu agente ficou isento 
de custa e da sucumbência, salvo no caso de comprovação de má-fé. A incidência da 
ação popular, segundo se apura na casuística jurisprudencial, tem sido mais freqüente na 
esfera municipal, onde os atos ilegais e lesivos ao patrimônio público e à moralidade 
administrativa têm sido mais fácil de constatar, dada a proximidade do cidadão com a 
administração. 
6.2.ESFERA PENAL 
Não existe no nosso sistema jurídico, seria aquela a ser proposta por qualquer pessoa do 
povo para movimentar o Judiciário contra alguém que viesse a praticar infração penal 
para sua devida punição. O Ministério Público tem a função privativa de ser o titular da 
ação penal pública. Há apenas a ação penal subsidiária no caso de inércia do Ministério 
Público. 
6.3.ESFERA CIVIL 
É instrumento posta a serviço de qualquer cidadão para controle permanente da 
legitimidade dos atos administrativos, bem como de sua possível correção, quando 
desviados de sua finalidade. 
6.4.TIPOS 
Poderá ser utilizada de forma preventiva (ajuizamento da ação da consumação dos 
efeitos lesivos) ou repressiva (ajuizamento da ação buscando o ressarcimento do dano 
causado). 
6.5.OBJETO TUTELADO 
Em concreto é o combate ao ato lesivo do patrimônio público, em qualquer de suas 
modalidades. São diversos os bens públicos tutelados pela ação popular, embora seu 
emprego mais freqüente tenha sido em defesa do patrimônio econômico, do meio 
ambiente e do patrimônio histórico e cultural. Aumento do número de vereadores = objeto 
de ação popular. 
Art.4 São também nulos os seguintes atos ou contratos, praticados ou celebrados por 
quaisquer das pessoas ou entidades referidas no art. 1º. 
I - A admissão ao serviço público remunerado, com desobediência, quanto às condições de 
habilitação, das normas legais, regulamentares

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