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Apostila Resumo Exercícios Simulado Prova 
 
 
 
 
DIREITO 
CONSTITUCIONAL 
 
 
 
 
Cibele Rocha 
 
 
Título: 
 
Direitos e Garantias Fundamentais
www.resumosconcursos.com 
 Assunto: Direitos e Garantias Fundamentais 
 Matéria: Direito Constitucional Autor: Cibele Rocha 
 
 
2 
 
Direito Constitucional 
 
 
 
 
Título: 
DIREITOS E GARANTIAS 
FUNDAMENTAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
Autor: 
CIBELE ROCHA 
www.resumosconcursos.com 
 Assunto: Direitos e Garantias Fundamentais 
 
 Matéria: Direito Constitucional Autor: Cibele Rocha 
 
3 
 
 
 
DIREITO E GARANTIAS FUNDAMENTAIS – ARTS. 5º AO 17 
 
 
O Estado nada mais é do que uma superestrutura administrativo-organizacional destinada 
a cumprir a decisão do titular do poder político ( o povo ) , conforme esta estiver descrita 
na Constituição. Para tanto é natural 
 
A Constituição, em seu título II , classifica o gênero “direitos e garantias fundamentais” em 
cinco espécies : 
- Direitos individuais 
- Direitos coletivos 
- Direitos sociais 
- Direitos à nacionalidade 
- Direitos políticos 
 
É importante lembrar que, como já se manifestou o STF, os direitos e garantias individuais 
e coletivos não se restringem ao art. 5º, podendo ser encontrados ao longo do texto 
constitucional, como no art. 150 , III , b ( princípio da anterioridade tributária ) e no art. 
228 ( maioridade penal ) . 
 
 
 DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS ( art. 5º )
 
Art. 5º , caput : Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade 
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos 
seguintes: 
 
 A frase “ todos são iguais perante a lei “ , consagra o Principio da Igualdade ou 
da Isonomia que consiste em tratar de forma igual aqueles que são iguais e de forma 
desigual aqueles que são desiguais , na medida de suas desigualdades. Esclarecendo, 
este princípio não dá a todos os mesmos direitos . Ao contrário , autoriza o legislador a 
atribuir direitos a um certo grupo em detrimento de outro se entender que entre ambos 
existe uma desigualdade. Por exemplo , o inciso LXXIV do art. 5º estabelece : o Estado 
prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de 
recursos; Pode-se depreender daí que direito a defensoria pública é de todos ? Não , mas 
apenas daqueles que provarem insuficiência de recursos. 
 
 Outro exemplo prático da aplicação deste princípio é a reserva de vagas para 
negros na universidades públicas , assegurada pela Lei de Cotas. 
 
 A CF\88 adotou o princípio da igualdade de direitos, prevendo a igualdade de 
aptidão, uma igualdade de possibilidades virtuais, ou seja, todos os cidadãos possuem o 
direito de tratamento idêntico pela lei, em consonância com os critérios albergados pelo 
ordenamento jurídico. Dessa forma, o que se veda são as discriminações arbitrárias, 
absurdas, pois o tratamento desigual entre desiguais, na medida em que se desigualam, é 
critério de justiça. 
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 Assunto: Direitos e Garantias Fundamentais 
 
 Matéria: Direito Constitucional Autor: Cibele Rocha 
 
4 
 
Este princípio possui tríplice finalidade: 
a) limitação ao legislador; 
b) limitação ao intérprete\autoridade pública que não poderá aplicar as leis e atos 
normativos aos casos concretos de forma a criar ou aumentar desigualdades. 
c) limitação do particular sob pena de responsabilidade civil e criminal. 
 
As limitações constitucionais aos estrangeiros são: 
a) arts.12, §3º e 89,VII – cargos e funções privativos de brasileiros natos; 
b) art.14, §§ 2º e 3º , I, e 4º - não são elegíveis 
c) art.5º ,LII – passíveis de extradição 
d) art.222 – propriedade de empresa de radiodifusão sonora e de sons e imagens 
e) art.5º ,LXXIII – não podem propor ação popular 
 
 
Princípio da Igualdade e Limitação de Idade em Concurso Público : 
O princípio da igualdade não admite a proibição genérica de acesso a determinadas 
carreiras públicas, tão-somente em razão da idade do candidato, ressalvadas as 
hipóteses em que a limitação de idade se possa justificar como imposição de natureza e 
das atribuições do cargo a preencher, como por exemplo no caso das carreiras policiais ou 
militares 
 
 
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta 
Constituição; 
Este inciso é decorrência da aplicação do princípio da igualdade ou da isonomia. 
Tratamento Isonômico entre Homens e Mulheres : 
 
A correta interpretação do art.5º ,I, torna inaceitável a utilização do sexo como meio 
discriminatório, sempre que o mesmo seja eleito com o propósito de desnivelar 
materialmente o homem da mulher, aceitando-se porém, quando a finalidade pretendida 
for atenuar os desníveis, ou seja , eliminar as desigualdades.. Conseqüentemente, além 
dos tratamentos constitucionais diferenciados ( arts. 7º , XVIII e XIX, 40, §1º, 143, §§1º e 2º 
e 201, §7º ), poderá a legislação infraconstitucional pretender atenuar os desníveis de 
tratamento em relação ao sexo. 
 
Situações em que a Constituição trata homens e mulheres desigualmente : serviço 
militar,obrigatório apenas para os homens (art. 143) ; aposentadoria com 30 anos de 
contribuição para mulheres e 35 para homens ( art. 40 , §1º ) e licença por prazo maior - 
120 dias - para mulheres em razão do nascimento do filho ( art. 7º , XVIII ) 
 
 
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude 
de lei; 
Este dispositivo consagra o princípio da legalidade que , por sua vez preceitua que 
ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei, 
visando combater o arbítrio do Estado. 
 
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 Assunto: Direitos e Garantias Fundamentais 
 
 Matéria: Direito Constitucional Autor: Cibele Rocha 
 
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Somente através de espécies normativas devidamente elaboradas conforme as regras do 
processo legislativo constitucional, podem-se criar obrigações para o indivíduo.Neste 
contexto é fundamental que a palavra “ lei “ deva ser entendida no sentido amplo , lato , 
ou seja , qualquer das espécies normativas relacionadas no art. 59 ,C.F.. Assim . ninguém 
será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei , decreto , 
resolução , emenda constitucional ou medida provisória . 
 
Cotidianamente fazemos referência a esse princípio quando utilizamos a expressão : “ 
Pode-se fazer tudo o que a lei não proíbe “ 
 
 No fundo, o princípio da legalidade mais se aproxima de uma garantia constitucional do 
que de um direito individual, já que não tutela especificamente um bem da vida, mas 
assegura ao particular a prerrogativa de não aceitar as obrigações que lhes sejam 
impostas por uma outra via que não seja a da lei. 
 
Segundo o STF , a violação a este princípio consiste, por exemplo , em reconhecer que a 
lei dispõe um assunto de uma certa forma e a ordem judicial de forma diversa , ou , 
quando o juiz condena alguém a fazer aquilo que a lei não prevê. 
 
Atenção para não confundir o princípio consagrado neste inciso com : 
1) Princípio da Reserva Legal ( art. 5º,XXXIX , CF.), também denominado,pelos autores 
de Dir. Penal , como Princípio da Legalidade em matéria penal 
2) Princípio da Legalidade Administrativa (art.37,caput, C.F.) 
3) Princípio Legalidade tributária (art.150,I ,C.F.). 
 
 
 
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; 
Lei n. 9.455/97 define os crimes de tortura. 
 
Súmula Vinculante nº 11 do STF 
 
Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga oude perigo à 
integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a 
excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou 
da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da 
responsabilidade civil do Estado. 
 
 
 
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; 
A identificação é exigida para assegurar eventual indenização pelo abuso do direito de 
manifestação do pensamento . Quer dizer , da mesma forma que o agente do Estado 
pode , eventualmente , praticar abuso de poder , o indivíduo também pode praticar abuso 
de direitos e este pode gerar a responsabilização civil – mediante pagamento de 
indenização - e criminal ,por exemplo , em casos de calúnia , injúria e difamação. 
 
 
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 Assunto: Direitos e Garantias Fundamentais 
 
 Matéria: Direito Constitucional Autor: Cibele Rocha 
 
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 Segundo o STF : ”Em conclusão de julgamento, a Turma, em votação 
majoritária, deferiu habeas corpus para trancar, por falta de justa causa, notícia-crime, 
instaurada no STJ com base unicamente em denúncia anônima, por requisição do 
Ministério Público Federal, contra juiz estadual e dois desembargadores do Tribunal de 
Justiça do Estado de Tocantins, pela suposta prática do delito de tráfico de influência . 
 
 Entendeu-se que a instauração de procedimento criminal originada apenas 
em documento apócrifo ( sem autoria determinada ) seria contrária à ordem jurídica 
constitucional, que veda expressamente o anonimato. Salientando-se a necessidade de 
se preservar a dignidade da pessoa humana, afirmou-se que o acolhimento da delação 
anônima permitiria a prática do denuncismo inescrupuloso, voltado a prejudicar desafetos, 
impossibilitando eventual indenização por danos morais ou materiais, o que ofenderia os 
princípios consagrados nos incisos V e X do art. 5º da CF. (HC 84.827, Rel. Min. Marco 
Aurélio, julgamento em 7-8-07, Informativo 475). 
 
 Da mesma forma , a maior parte da doutrina não admite a instauração de 
inquérito policial com base em denúncia anônima. Nesse caso a autoridade policial deve 
instaurar um procedimento administrativo preliminar para apurá-la e , mediante provas 
encontradas , aí então instaurar o inquérito. 
 
 
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização 
por dano material, moral ou à imagem; 
É norma limitadora do inciso anterior. Aquele estabelece o direito , este estabelece as 
sanções para o abuso do direito. 
 
 
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre 
exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de 
culto e a suas liturgias; 
Repare que a liberdade de opção quanto à crença religiosa é absoluto o que se limita é a 
garantia da proteção aos locais de culto. Por exemplo, você opta por adotar qualquer 
religião , mas nos cultos o volume do som há que respeitar o limite de decibéis impostos 
pela Lei do Silêncio. 
A l iberdade de culto não é tão ampla que permita determinadas cerimônias, 
como aquelas em que se sacrif icam crianças, por afrontar o direito à vida, 
que é, proporcionalmente, preferível à l iberdade de crença. 
O art.150, VI, b confere imunidade tributária aos templos de qualquer culto. 
 
 
 
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas 
entidades civis e militares de internação coletiva; 
Visa assegurar ao detento , paciente , militar ou interno o direito de exercer ou ser 
assistido por sua crença . 
 
 
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 Assunto: Direitos e Garantias Fundamentais 
 
 Matéria: Direito Constitucional Autor: Cibele Rocha 
 
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VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de 
convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação 
legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; 
Trata-se da escusa ou imperativo de consciência. 
 
Quando o inciso se refere à privação de direitos ,está se referindo aos direitos políticos ( 
ex. : votar e ser votado ) . Uma das obrigações legais a todos imposta aqui referida é o 
serviço militar obrigatório e a prestação alternativa é o serviço militar alternativo , fixado 
pela Lei 8239/91. Quer dizer, se o homem se recusar a prestar o serviço militar obrigatório 
e o serviço militar alternativo , sofrerá privação dos direitos políticos , na forma do inciso IV 
do art. 15. 
 
A partir da entrada em vigor da Lei 11.689 , de 2008 , que modificou o Código de Processo 
Penal ,agora também aplica-se esta regra ao serviço do júri ,que sempre foi obrigatório 
mas somente a partir da edição da referida norma é que teve estabelecido o serviço 
alternativo . Assim, a contar de então, à negativa ao serviço do júri aplicar-se-á a 
prestação alternativa prevista no § 1º do art. 438 do CPP e se houver recusa também 
quanto a esta , então o indivíduo terá seus direitos políticos suspensos enquanto não 
prestar o referido serviço. 
 
Art. 436 , Código de Processo Penal . O serviço do júri é obrigatório. O alistamento 
compreenderá os cidadãos maiores de 18 (dezoito) anos de notória idoneidade. 
 Art. 438 . Código de Processo Penal . A recusa ao serviço do júri fundada em 
convicção religiosa, filosófica ou política importará no dever de prestar serviço alternativo, 
sob pena de suspensão dos direitos políticos, enquanto não prestar o serviço imposto. 
 § 1o Entende-se por serviço alternativo o exercício de atividades de caráter 
administrativo, assistencial, filantrópico ou mesmo produtivo, no Poder Judiciário, na 
Defensoria Pública, no Ministério Público ou em entidade conveniada para esses fins. 
 § 2o O juiz fixará o serviço alternativo atendendo aos princípios da 
proporcionalidade e da razoabilidade. 
 
 
Princípio da proporcionalidade ou princípio da proibição do excesso: A 
proporcionalidade diz respeito ao equilíbrio que deve existir os fins que o Estado quer 
atingir e os meios que para isso ele se utiliza . Quanto o Estado pode avançar sobre os 
direitos fundamentais dos indivíduos para que assim possa atingir os propósitos legítimos 
a que se destina ? Qual o limite da intervenção estatal que justifica a obtenção de um 
fim legítimo ( previsto em lei ) deste mesmo Estado ? Até que ponto o meio justifica o fim 
? Ex. : Quando a administração impõe , através de edital de um concurso público , um 
limite máximo de idade como condição para a ocupação de um certo cargo efetivo está 
aplicando este princípio , pois , em geral , a Constituição não admite este limite. Contudo , 
na carreira policial , por exemplo , é fundamental um certo vigor físico que pessoas de 
maior idade já não possuem . Assim , para que o Estado possa atingir um de seus fins – 
garantir a segurança pública – é possível que alguns indivíduos sejam cerceados de 
exercer um determinado direito ( prestar concurso público ). Este princípio também se 
aplica em outras situações como é o caso do inciso LVI deste mesmo artigo. Embora não 
esteja expressamente previsto no texto constitucional , este é um princípio amplamente 
adotado pela doutrina e pelos tribunais. 
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 Assunto: Direitos e Garantias Fundamentais 
 
 Matéria: Direito Constitucional Autor: Cibele Rocha 
 
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Princípio da razoabilidade: Este princípio estabelece que a validade dos atos 
praticados pelo poder público é medida por 3 fatores : adequação , necessidade e 
proporcionalidade. 
 
1) A adequação visa um equilíbrio entre motivos , meios e fins . Quer dizer , em razão 
de certos motivos devem ser providos os meios para que um determinado fimseja 
atingido. Por exemplo : Tendo em vista a quantidade excessiva de acidentes de trânsito 
por consumo abusivo de álcool , é razoável que a lei proíba os estabelecimentos que 
ficam às margens das rodovias federais de comercializarem bebidas alcoólicas para 
consumo imediato, para que , assim , haja um redução na quantidade de mortos e feridos 
em acidentes de trânsito. Neste exemplo temos : 
 
O motivo: Quantidade excessiva de acidentes de trânsito por consumo abusivo de 
álcool. 
 
O meio : Proibição de os estabelecimentos que ficam às margens das rodovias 
federais de comercializarem bebidas alcoólicas para consumo imediato. 
 
O fim : Redução na quantidade de mortos e feridos em acidentes de trânsito. 
 
2) A necessidade indica que não há meio menos custoso de obtenção do fim que o 
Estado pretende. No caso do exemplo acima citado , já que as campanhas de educação 
no trânsito e a existência de multas por dirigir alcoolizado não são suficientes para conter 
o aumento de acidentes de trânsito por embriaguez, constata-se a necessidade de o 
Estado intervir na atividade econômica proibindo os estabelecimentos que ficam às 
margens das rodovias federais de comercializarem bebidas alcoólicas para consumo 
imediato. 
 
3) A proporcionalidade , como já visto acima , estabelece a necessidade de 
equilíbrio entre os fins e os meios. 
Assim , uma medida é razoável quando atinge o fim desejado , causando o menor 
prejuízo possível aos direitos fundamentais dos indivíduos e desde que as vantagens que 
ela trará venham a ser maiores do que as desvantagens. 
 
 
 
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de 
comunicação, independentemente de censura ou licença; 
Não se pode confundir a liberdade com o abuso, sendo certo que um controle mínimo, 
moral, democrático, tanto administrativo quanto social, das atividades em tela não é 
apenas lícito, mas também necessário. 
 
Esse dispositivo não dá a entender que a liberdade de imprensa é absoluta, não 
encontrando restrições nos demais direitos fundamentais, pois a responsabilização 
posterior do autor e/ou responsável pelas notícias injuriosas, difamantes, mentirosas 
sempre será cabível, em relação a eventuais danos materiais e morais 
 
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 Assunto: Direitos e Garantias Fundamentais 
 
 Matéria: Direito Constitucional Autor: Cibele Rocha 
 
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X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, 
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua 
violação; 
O constituinte buscou consagrar o direito à privacidade neste dispositivo. Estabelece de 
forma inequívoca um limite à liberdade de expressão, de modo que, sob nenhuma 
circunstância, se pode invadir a privacidade pessoal em nome de uma pretensiosa e 
pseudo-ilimitada liberdade de imprensa. Insta observar ainda que o presente inciso é uma 
norma limitativa em relação ao inciso precedente. 
 
É verdade que a garantia constitucional da intimidade não tem caráter absoluto. Na 
realidade, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal já consagrou esse princípio de 
relatividade do alcance de tais garantias quando o Ministro Celso de Mello asseverou que 
“não há, no sistema constitucional brasileiro, direitos ou garantias que se revistam de 
caráter absoluto, mesmo porque razões de relevante interesse público ou exigências 
derivadas do princípio da convivência das liberdades legitimam, ainda que 
excepcionalmente, a adoção, por parte dos órgãos estatais, de medidas restritivas das 
prerrogativas individuais e coletivas, desde que respeitados os termos estabelecidos pela 
própria Constituição (MS nº 23.454-RJ, Rel. Min. Celso de Mello)”. 
 
Não é lícito aos meios de comunicação de tornar pública doença de quem quer que seja, 
ainda mais se a notícia baseia-se em boatos, pois esta informação está na esfera ética da 
pessoa, dizendo respeito a sua intimidade. Só o próprio paciente pode autorizar a 
divulgação de notícia sobre a sua doença. 
 
 
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem 
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para 
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; 
Este inciso consagra o princípio da inviolabilidade do domicílio. Cuidado , contudo , para 
não entender casa apenas como “ local onde alguém habita com ânimo definitivo”,pois 
esta é a definição própria para o Direito Civil. No contexto da aplicação deste princípio 
constitucional não é necessário o ânimo definitivo. Quer dizer, se moro na cidade do Rio 
de Janeiro , tenho casa de praia em Cabo Frio e casa de campo em Itaipava, para fins de 
aplicação deste princípio ,os três são considerados casa. 
Definição de casa : Qualquer compartimento habitado , não importando o aspecto 
estrutural , a localização geográfica e a relação jurídica do morador com o local. Também 
entende-se como “casa” , o local de acesso restrito onde um profissional exerce com 
exclusividade seu ofício . Por exemplo , o consultório de um médico , o escritório de um 
advogado etc. 
 
Em termos de concurso público , é muito comum a banca utilizar-se do termo “ 
perseguição “ para indicar que alguém está em flagrante delito. Considera-se em flagrante 
delito quem: 
a) está cometendo a infração penal; 
b) acaba de comete-la; 
c) é perseguido, logo após , em situação que faça presumir ser o autor da infração; 
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 Assunto: Direitos e Garantias Fundamentais 
 
 Matéria: Direito Constitucional Autor: Cibele Rocha 
 
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d) é encontrado logo após , com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam 
presumir ser ele o autor da infração. 
 
 
Quanto a “ dia “ , existem as seguintes definições : 
 
1) Segundo o Código de Processo Penal , dia é o intervalo de tempo entre o nascer e o por 
do sol. 
 
2) Segundo alguns autores de Direito Constitucional . dia é o intervalo de tempo entre 6 e 
18 h , podendo estender-se além deste último enquanto houver incidência de luz solar , por 
exemplo , no horário de verão. 
 
Assim, repare que o princípio da inviolabilidade tem 4 exceções , ou seja , a “ casa “ pode 
ser violada sem consentimento do morador em casos de flagrante delito , desastre ou 
socorro a qualquer hora do dia ou da noite , mas em caso de violação por ordem judicial, 
apenas durante o dia. 
 
 
Decisões do STF acerca do tema : 
a) Apreensão de livros contábeis e documentos fiscais realizada, em escritório de 
contabilidade, por agentes fazendários e policiais federais, sem mandado judicial. 
Inadmissibilidade. Espaço privado, Não aberto ao público, Sujeito à proteção 
constitucional da Inviolabilidade domiciliar (CF, art. 5º, XI). Subsunção ao conceito 
normativo de ‘casa’. Necessidade de ordem judicial. 
 
 
 
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de 
dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, 
nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou 
instrução processual penal; 
Em um primeiro momento,pode-se concluir que ,nos termos exclusivamente do que diz 
este dispositivo, o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas tem caráter 
absoluto , ou seja , não admitem violação . Este procedimento apenas seria possível no 
caso da interceptação de comunicação telefônica . Contudo ,na decretação de estado de 
defesa ( art. 136 , C.F.) e de sítio ( art. 139 ,C.F.) poderão ser tomadas medidas restritivas 
ao sigilo de correspondência , comunicação telegráfica e também telefônica , o que 
demonstra que estes o direito a inviolabilidade dos dois primeiros são se constituem em 
garantias absolutas, ainda que sua violação não esteja prevista neste inciso. 
 
Apesar da exceção constitucional expressareferir-se apenas a interceptação telefônica, 
entende-se que nenhuma liberdade individual é absoluta, sendo possível, respeitados 
determinados parâmetros, a interceptação da correspondência, de comunicações 
telegráficas e de dados sempre que as liberdades publicas estiverem sendo utilizadas 
como instrumentos de práticas ilícitas. 
 
 
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 Assunto: Direitos e Garantias Fundamentais 
 
 Matéria: Direito Constitucional Autor: Cibele Rocha 
 
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A Lei n.9.296\96 regulamentou o inciso XII, parte final, determinando que as interceptações 
telefônicas, de qualquer natureza, para prova em investigação criminal, dependerá de 
ordem do juiz competente da ação principal, sob segredo de justiça, aplicando-se, ainda, a 
interceptação do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática. A citada 
lei apenas admite a interceptação para crimes que prevêem pena de reclusão e somente 
quando houver indícios razoáveis de autoria ou a prova não puder ser feita por outro meio. 
Sua duração será de no máximo 15 dias, prorrogável por uma vez. Não haverá a 
possibilidade de interceptação da comunicação entre o réu e o seu advogado, pois o sigilo 
profissional do advogado é garantia do próprio devido processo legal, contudo poderá ser 
feita caso o defensor estiver envolvido na atividade criminosa. 
 
 
Conceitos : 
 
Interceptação telefônica : Quando um terceiro grava conversa telefônica alheia 
sem conhecimento dos interlocutores; 
 
Escuta telefônica : Quando um terceiro grava conversa telefônica alheia , mas com 
o conhecimento de um dos interlocutores . Por exemplo, nos 
casos de seqüestro. 
 
Gravação clandestina : Quando um dos interlocutores grava a conversa da qual 
participa, mas sem o conhecimento do outro participante. 
 
Quebra do sigilo telefônico : Divulgação da relação de números para os quais um 
certo telefone realizou chamadas e dos quais as recebeu. 
 
Repare que nos 3 primeiros casos registra-se o que se falou e no último ,apenas com que 
outro número se falou ,mas não o teor da conversa. Por regra , o inciso XII admite a 
interceptação telefônica mediante autorização judicial ,ainda assim apenas durante a 
investigação criminal feita pelo órgão de polícia competente ou durante a fase probatória 
ou de instrução do processo penal 
 
Decisões do STF acerca do tema : 
 
"Sigilo de dados – Quebra – Indícios. Embora a regra seja a privacidade, mostra-se 
possível o acesso a dados sigilosos, para o efeito de inquérito ou persecução criminais e 
por ordem judicial, ante indícios de prática criminosa.” (HC 89.083, Rel. Min. Marco Aurélio, 
julgamento em 19-8-08, DJE de 6-2-09) 
 
 
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as 
qualificações profissionais que a lei estabelecer; 
É assegurado a todos o exercício de qualquer atividade econômica, independente de 
autorização, salvo exceções legais. As profissões regulamentadas dependerão do respeito 
à legislação própria. 
 
 
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 Assunto: Direitos e Garantias Fundamentais 
 
 Matéria: Direito Constitucional Autor: Cibele Rocha 
 
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XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, 
quando necessário ao exercício profissional; 
Esse dispositivo defende abertamente o acesso à informação de forma ampla e auto-
aplicável. O resguardo do sigilo da fonte tem por finalidade garantir uma espécie de 
segredo profissional, necessário em alguns casos para proteger a informante. Note-se 
que não se confunde com o anonimato, pois o jornalista ou a autoridade policial serão 
direta e legalmente responsáveis pelas notícias que divulgarem e/ou diligências que 
fizerem. 
 
 
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer 
pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; 
Este dispositivo assegura o direito de ir e vir , ou de locomoção. Neste contexto , “tempo 
de paz “ deve ser entendido não só como o contrário de guerra , mas também como o 
tempo em que não haja qualquer grave perturbação da ordem pública ou da paz social . 
 
 
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao 
público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião 
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à 
autoridade competente; 
Segundo o STF :“o direito de reunião, permitindo o protesto, a crítica e a manifestação de 
idéias e pensamento, constitui instrumento de liberdade dentro do estado moderno”. 
Conclui-se ,´portanto,que a reunião de que trata a Constituição deve ter fins políticos , ou 
seja , é o povo manifestando-se acerca de um fato de relevância política ou reclamando 
um direito. Reuniões em locais públicos com fins festivos ( festa junina , carnaval , copa 
do mundo etc ) ,somente com autorização do poder público. 
 
A tutela jurídica do direito de reunião se efetiva pelo mandado de segurança, e não pelo 
habeas corpus, pois nesses casos, a liberdade de locomoção, eventualmente atingida, é 
simples direito-meio para o pleno exercício de outro direito individual, o de reunião. 
 
 
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter 
paramilitar; 
Conceito de associação – Organização estável e permanente, com fins lícitos, nítida 
divisão de tarefas estabelecida entre seus membros ou associados, dotada de 
personalidade jurídica de direito privado e responsabilidade civil objetiva. 
 
A associação de caráter paramilitar ou facção é uma sociedade armada, dotada de 
hierarquia e com ideologia própria . 
 
Todos os direitos e deveres estatuídos nestes dispositivos também se aplicam à 
organização sindical (art. 8º) e aos partidos políticos (art. 17) , pois ambos são 
classificados como associações. 
 
 
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XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de 
autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento; 
Aqui, o texto constitucional parece não fazer distinção entre associações e cooperativas, 
exceto no que diz respeito à reserva legal existente no texto. Isto traz evidentes reflexos 
na ordem econômica e financeira (art. 174, § 2º, 3º e 4º). Observe-se que a Constituição 
estimula a criação de cooperativas como forma de desenvolvimento econômico dentro de 
um modelo capitalista neoliberal. 
 
 
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas 
atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito 
em julgado; 
A suspensão das atividades da associação pode ocorrer no início do processo , por 
exemplo, em uma decisão preliminar ou antecipada do juiz . Já a dissolução ou extinção 
da associação dar-se-a apenas no final do processo quando a decisão judicial transitar em 
julgado , ou seja , for definitiva , impossível de ser modificada. 
 
 
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado; 
Ninguém será privado de exercício de um direito por não pertencer a qualquer espécie de 
associação. 
 
 
XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm 
legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente; 
No Código de Processo Civil, o art.6º (substituição processual) estabelece que ninguém 
poderá pleitear em nome próprio direito alheio, salvo quando autorizado em lei. 
 
 
XXII - é garantido o direito de propriedade; 
 
 
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; 
 
 
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou 
utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenizaçãoem 
dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição; 
Estes três últimos incisos devem ser entendidos em conjunto. 
 
O primeiro garante um direito , a propriedade. 
 
O Segundo informa que este direito não é absoluto , ao contrário , é relativo . Quer dizer , 
você não dispõe de sua propriedade para fazer dela o que bem entender . Este seu direito 
é limitado pela função social que o bem que você possui tem que cumprir. Por exemplo, 
veja no art. 186 qual é a função social da propriedade rural e no art. 182 , § 2º a função 
social da propriedade urbana. 
 
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O terceiro e último inciso estabelece a sanção que incidirá sobre a propriedade que não 
cumprir sua função social . O art. 184 trata da prop. rural e o art. 182 , § 4º , III trata da 
prop. urbana. Note que em ambos o casos a punição se dará da mesma forma , ou seja , a 
desapropriação , que quando motivada pela necessidade ou utilidade pública é paga em 
dinheiro , em caso de descumprimento da função social da propriedade , é paga com 
títulos da dívida pública com vencimentos de longo prazo . Numa linguagem bem simples 
entenda títulos da dívida pública como uma espécie de “ cheque pré-datado “ passado pelo 
poder público. 
 
Conceitos : 
 
“Utilidade Pública” ocorre quando o Poder Público manifesta vontade no sentido 
de utilizar um bem; 
 
“Necessidade pública” decorre de um motivo que obriga a modificação ou a 
transferência de um bem ; 
 
“interesse social” surge quando o objetivo é um benefício para a coletividade . 
 
 
 
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de 
propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver 
dano; 
Temos aqui a chamada requisição administrativa, que é outra forma de o Estado intervir 
na propriedade privada. Ocorrendo o “iminente perigo público”, fica no âmbito do poder 
discricionário da “autoridade competente” utilizar a propriedade para proteger bens 
jurídicos mais relevantes e que se encontrem, no momento, ameaçados. Ao contrário da 
desapropriação, a requisição administrativa não é indenizável, salvo no caso de perdas e 
danos , inclusive quanto aos lucros cessantes, ou seja , aquilo que alguém deixou de 
ganhar/lucrar por ter cedido temporariamente sua propriedade ao Estado. 
 
 
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela 
família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua 
atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu 
desenvolvimento; 
O constituinte procurou proteger a pequena propriedade rural, estabelecendo a sua 
impenhorabilidade enquanto bem de família. Para isso, é necessária a observância de 
três requisitos: seja a propriedade pequena, exclusivamente trabalhada pela família e o 
crédito advenha da atividade produtiva. Nítida a intenção de evitar o êxodo rural e a 
conseqüente favelização dos grandes centros urbanos. A Lei nº 9.393/96 define o bem de 
família rural. 
 
 
 
 
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XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou 
reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; 
A Lei n.5.988/73 regula os direitos autorais. O art.42 dá aos herdeiros a seguinte disciplina: 
os filhos, os pais ou o cônjuge gozarão vitaliciamente dos direitos patrimoniais do autor. Os 
demais sucessores do autor gozarão desses direitos por 70 anos, a contar de 1º de 
janeiro do ano seguinte ao seu falecimento 
 
 
 
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: 
 
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da 
imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas; 
O dispositivo busca assegurar uma decorrência dos direitos autorais individuais. 
Entendem-se a imagem e a voz como patrimônio pessoal e, portanto, suscetível de 
aferição monetária. Uma peça teatral com vários autores, um clipe com vários cantores, 
uma obra de arte concebida por vários artistas etc., onde cada um detém uma 
participação pessoal, na medida de sua contribuição para o engrandecimento do todo. A 
preocupação do constituinte atinge a fiscalização e o aproveitamento econômico das 
obras como decorrência lógica e efetiva dos direitos autorais. Seria exemplo a exibição de 
uma telenovela várias vezes, quer aqui ou no exterior, e, a cada exibição, os seus 
integrantes terão direito a receber uma participação a ser paga pela produtora. 
 
 
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou 
de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações 
sindicais e associativas; 
Direito de Arena: a transmissão de evento desportivo, salvo convenção ao contrário, 20% 
do preço da autorização serão distribuídos, em partes iguais, aos atletas participantes do 
espetáculo (Lei n.8.672/93). 
 
 
 
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para 
sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das 
marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o 
interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País; 
A Lei 9.279/96 disciplina os direitos e obrigações relativos à propriedade industrial. 
 
 
 
XXX - é garantido o direito de herança; 
A regulamentação do direito de herança está no Código Civil, nos arts. 1784 e seguintes. 
 
 
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei 
brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes 
seja mais favorável a lei pessoal do "de cujus"; 
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Quanto à sucessão ( direito de herança ) dos bens pertencentes a brasileiros ou a 
estrangeiros localizados no Brasil aplica-se , por regra , a lei brasileira ( o Código Civil ). 
Excepcionalmente , este dispositivo admite a aplicação da lei estrangeira na sucessão de 
bens aqui localizados e pertencentes a estrangeiros , desde que esta lei traga ao cônjuge 
e aos filhos brasileiro do falecido ( de cujus ) mais vantagens do que a lei brasileira. 
 
 
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor; 
O Código de Defesa do Consumidor foi instituído pela Lei 8.078/90. 
 
 
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu 
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo 
da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja 
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; 
Proteção da liberdade de informação pessoal que, se negada, enseja a impetração de 
Hábeas Data. Todavia, fica resguardado o sigilo da informação necessária à segurança 
da sociedade e do Estado. A idéia é de que a pretexto nenhum podem existir arquivos 
com informações pessoais que não admitam o seu acesso pelo titular daqueles dados. 
Como exemplo, podemos citar o acesso de qualquer cidadão a tudo que dele conste em 
órgãos públicos ou, ainda, o direito de um candidato saber o motivo de sua reprovação 
em um exame psicotécnico para acesso a determinado cargo. 
 
 
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: 
 
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra 
ilegalidade ou abuso de poder; 
O direito de petição é um dos remédios constitucionais e será tratado adiante. 
 
b) a obtenção de certidões em repartições públicas,para defesa de direitos e 
esclarecimento de situações de interesse pessoal; 
Lei n. 9.051 dispõe sobre a expedição de petições pelo Poder Público, especificando o 
prazo de 15 dias para sua concessão. Por exemplo , certidão do registro da distribuição 
criminal , certidão do registro da distribuição de protesto de títulos etc. Contudo , quando 
o inciso diz que o direito de obter estas certidões são assegurados ,” independentemente 
do pagamento de taxas “ , estaria a constituição assegurando a gratuidade na obtenção 
destes documentos ? A resposta é NÃO ,pois quando a Constituição quer que algo seja 
gratuito , ele diz expressamente : 
 
Art. 5º , LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei: 
a) o registro civil de nascimento; 
b) a certidão de óbito; 
 
Art. 5º , LXXVII - são gratuitas as ações de "habeas-corpus" e "habeas-data", e, na forma da 
lei, os atos necessários ao exercício da cidadania. 
 
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Logo , no caso da alínea b do inciso XXXIV , a Constituição não esta garantindo 
gratuidade, mas apenas garantindo a não incidência de taxas como condição para a 
emissão destes documentos . Em alguns casos teremos a cobrança de emolumentos ou 
custas extrajudiciais. 
 
Conceitos : 
 
Taxa : Espécie de tributo a ser pago em razão de serviços públicos prestados . Ex. : 
Taxa de iluminação pública , taxa de lixo , taxa de incêndio etc. 
 
Emolumento : Contribuição paga pelo que se favorece de um serviço prestado por 
uma repartição pública. 
 
Custas extrajudiciais : São valores devidos por atos praticados pelos serviços 
extrajudiciais. Por exemplo, os serviços dos cartórios de notas , 
registro de documentos, distribuidores etc 
 
 
 
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a 
direito; 
O inciso consagra o princípio da jurisdição universal , da jurisdição única , da proteção 
judiciária ou da inafastabilidade do controle jurisdicional . Quer dizer, ninguém pode ser 
impedido de submeter seu litígio ou conflito à apreciação do poder judiciário. 
 
Este dispositivo também consagra que NÃO há necessidade de utilização ou esgotamento 
da via administrativa para solução de conflitos ( quando houver ) como condição para 
utilização da via judicial , salvo no caso expresso do § 1º do art. 217 da Constituição 
Federal que estabelece o esgotamento da via administrativa ( tribunais de justiça 
desportiva e superior tribunal de justiça desportiva ) para solução de conflitos referentes à 
competições e disciplina desportiva como condição para que então se procure o poder 
judiciário. 
 
Decisões do STF acerca deste tema : 
 
1) Não é válida a reprovação de candidato em concurso público em exame de investigação 
de conduta pública e privada, de caráter subjetivo e sigiloso. A ausência de motivação e a 
não revelação dos critérios impediriam o Judiciário de apreciar a existência de lesão a 
direito. 
 
2) A proibição de concessão de medida liminar ou de antecipação de tutela em 
determinados casos não fere o princípio aqui consagrado. 
 
3) Para a impetração do habeas data também se exige o esgotamento da via 
administrativa ,pois a ação só deve ser aceita com provas da negativa administrativa do 
direito à informação. 
 
 
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XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa 
julgada; 
Este inciso consagra o princípio da irretroatividade da lei civil ou da segurança das 
relações jurídicas. Quer dizer , por regra , a lei nova não pode retroagir ( voltar no tempo ) 
para atingir fato que ocorreu antes que ela própria entrasse em vigor. 
 
Por “ lei “ entenda-se qualquer espécie normativa primária relacionada no art. 59 da 
Constituição. Conclui-se , portanto , que as normas constitucionais originárias não se 
submetem a este princípio ,podendo,assim, violar qualquer direito adquirido, ato jurídico 
perfeito ou coisa julgada preexistentes à sua promulgação , ressalvadas as eventuais 
exceções proclamadas no próprio texto constitucional. 
 
Repare que a Constituição veda a retroação da lei que prejudica. Contudo , a retroação da 
lei que traga benefícios ou vantagens é amplamente admitida. 
 
Direito Adquirido , é um direito assegurado por lei , exercitável pelo seu titular . É aquele 
de que o titular já goza ou poderia estar gozando. 
 
Cuidado para não confundir direito adquirido com expectativa de direito. O primeiro , como 
dito acima , é exercitável pelo titular . O segundo ,embora previsto em lei , ainda não pode 
ser exercido por falta de algum requisito,daí configurar-se em mera expectativa de direito , 
e esta a Constituição não protege. 
 
Não há direito adquirido contra texto constitucional, seja texto original ou derivado de 
emenda constitucional (STF, RTJ 114\237). 
 
O Ato Jurídico Perfeito é o ato produzido de acordo com a lei em vigor no momento em 
que se consumou . Quer dizer , é um negócio fundado na lei. Por exemplo: um contrato 
 
 Coisa julgada é a eficácia que torna imutável e indiscutível a sentença, não mais sujeita a 
recurso ordinário ou extraordinário. ( art. 467 , CPC ) . Traduzindo , é a sentença judicial 
contra a qual não há mais possibilidade de interposição de recursos,portanto, aquela que é 
definitiva. 
 
 
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; 
O princípio do Juiz natural decorre da junção deste inciso com o inciso LIII e tem a 
seguinte definição : Juiz natural é o órgão do Poder Judiciário com competência atribuída 
pela lei para exercer jurisdição sobre um caso concreto. 
Este princípio se estende ao poder de julgar previsto para o Senado nos casos de crimes 
de responsabilidade praticado pelo Presidente da República ( art. 52 , I , C.F. ) 
 
O referido princípio deve ser interpretado em sua plenitude, de forma a proibir-se, não só a 
criação de tribunais ou juízos de exceção, mas também de respeito absoluto as regras 
objetivas de determinação de competência. Por exemplo, o art. 109 da C.F. estabelece a 
competência dos Juízes Federais .Portanto , estes magistrados só podem julgar ( exercer 
jurisdição ) aquelas matérias. 
 
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Os Tribunais de Ética instituídos em determinadas ordens profissionais, como a OAB, não 
são tribunais de exceção, pois constituem-se organismos disciplinares cujas decisões 
estão sujeitas no país a um revisão judicial. 
 
O STF também entende como tribunais de exceção: 
a) os que são criados após o fato que vai ser julgado; 
b) os que são instituídos para o julgamento de determinadas pessoas ou certas infrações 
penais; 
c) tribunais regulares, quando desrespeitam o devido processo legal. 
 
 
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, 
assegurados: 
 
a) a plenitude de defesa; 
Garante ao réu o direito de utilizar todos os meios de prova em direito admitidos. 
 
b) o sigilo das votações; 
Formado o Conselho de Sentença , os sete jurados ficarão incomunicáveis , sendo vedado 
qualquer comentário sobre o processo e a divulgação ,por parte do próprio jurado,do seu 
voto. 
 
c) a soberania dos veredictos; 
As decisões de mérito do Tribunal do Júri não podem ser reformadas por nenhum outro 
tribunal . Contudo, a soberania dos veredictos não obsta a recorribilidade de suas decisões 
quando se mostram manifestamente contrarias as provas dos autos. 
 
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; 
O texto constitucional não proíbeque uma alteração da legislação ordinária transfira 
outros delitos para o Tribunal Popular. O que o dispositivo proíbe é retirar do júri o 
julgamento dos crimes dolosos contra a vida. 
 
São crimes dolosos contra a vida: o homicídio, o induzimento, instigação ou auxilio ao 
suicídio, o infanticídio e o aborto. 
 
Latrocínio ( roubo seguido de morte ) e estupro seguido de morte são de competência do 
juiz singular e não do Tribunal do Júri. 
 
 
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação 
legal; 
A expressão “ não há crime sem lei “ consagra , segundo a doutrina do Direito 
Constitucional , o princípio da reserva legal que estabelece que a regulamentação de 
certas matérias , neste caso os crimes , há de se fazer por lei , e nenhuma outra espécie 
normativa daquelas relacionadas no art. 59 da Constituição.Aqui , portanto , a palavra “lei “ 
deve ser entendida no sentido estrito do termo. Quer dizer , apenas esta espécie normativa 
, a lei , pode descrever uma conduta como sendo um crime. Contudo , os autores de 
Direito Penal fazem referência a este mesmo assunto como princípio da legalidade . 
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O princípio da reserva legal consiste em estatuir que a regulamentação de determinadas 
matérias há de fazer-se necessariamente por lei formal. Encontramos o principio da 
reserva legal quando a constituição reserva conteúdo especifico, caso a caso, para a lei. 
 
Distinção entre o Princípio da Legalidade ( art. 5º , II ) e o Princípio da Reserva Legal 
( art. 5º , XXXIX ) : O princípio da legalidade é de abrangência mais ampla do que o 
princípio da reserva legal. Para o 1º fica certo que os comandos jurídicos impondo 
comportamentos hão de provir de qualquer uma das espécie normativas devidamente 
elaboradas segundo as regras de processo legislativo constitucional ( art. 59 ). Para o 
princípio da reserva legal, mais restrito e concreto, a incidência se dá apenas sobre a 
definição do que venha ser crime e para isso não serve qualquer espécie normativa do art. 
59 , mas apenas uma delas , a lei. Se todos os comportamentos humanos estão sujeitos 
ao princípio da legalidade, somente alguns estão submetidos ao da reserva legal. 
 
José Afonso da Silva ensina que o princípio da legalidade significa a submissão e o 
respeito às normas , ou a atuação dentro da esfera estabelecida pelo legislador,não 
importando por qual espécie normativa isto vai se dar. Já o Princípio da Reserva Legal 
consiste em estatuir que a regulamentação de determinadas matérias há de fazer-se 
necessariamente por lei formal. Assim, tem-se reserva legal quando a Constituição atribui 
determinada matéria exclusivamente a lei formal , subtraindo , com isso, a disciplina das 
demais espécies normativas . 
 
O Termo “anterior “ consagra o princípio da anterioridade , ou seja , para que uma conduta 
seja classificada como crime e ,portanto , punida , ela deve estar prevista na lei antes da 
sua ocorrência . 
 
 
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; 
Princípio da irretroatividade da lei penal ou Princípio da irretroatividade da lei penal mais 
gravosa. 
 
O dispositivo não deve ser entendido em seu sentido literal. Quer dizer, a lei penal não 
retroage para beneficiar apenas o réu ou acusado , mas também o suspeito , o indiciado , 
o denunciado e inclusive aquele já condenado. Portanto, a lei penal nova pode retroagir e 
ter seus efeitos aplicados a fato anterior à sua entrada em vigor não importando se crime 
em questão ainda está na fase de inquérito , denúncia , processo ou mesmo se já houver 
sentença transitada em julgado. 
 
Repare que o dispositivo fala em “ lei penal “. Quer dizer ,a lei penal a ser aplicada em um 
determinado processo é a lei penal em vigor quando da prática da conduta criminosa. 
Qualquer modificação futura somente se aplicará àquele caso se for para trazer benefício 
ao agente, ou seja , àquele que praticou o crime. Sobre a “ lei processual penal “ a 
Constituição não fala. Conclui-se , assim , que qualquer alteração nesta última norma , 
aplicar-se-á em todos os processos , mesmo naqueles em andamento , sobre crimes há 
muito praticados. 
 
 
 
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XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades 
fundamentais; 
É próprio do legislador constituinte estabelecer uma série de princípios básicos, aqueles 
que norteiam um Estado Democrático e Social de Direito, firmando – como se fossem 
estacas – os padrões a serem respeitados e seguidos. 
 
 
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à 
pena de reclusão, nos termos da lei; 
Fiança é a prestação de uma garantia ao Juízo, normalmente em dinheiro, para assegurar 
que o réu não fugirá ao responder o processo criminal em liberdade. 
 
Prescrição , no direito penal , significa a perda do direito de punir por parte do Estado 
em razão da passagem de um certo período de tempo. Ex. : homicídio prescreve em 20 
anos. Quer dizer , resumidamente , que o Estado tem o prazo de 20 anos após a prática 
do crime para descobrir seu autor e julgá-lo. Passado este prazo , o crime prescreveu e o 
autor , ainda que confesse o crime , por ele não poderá ser processado. 
 
 
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a 
prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os 
definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os 
executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; 
Atenção para não confundir : 
 
Graça – Perdão individual concedido pelo Presidente da República que, como efeito, leva 
à extinção da punibilidade do agraciado. Todavia, não restitui a primariedade do agente. 
 
Anistia – Perdão concedido aos culpados por delitos coletivos, especialmente os de 
caráter político, para que cessem as sanções penais e se ponha em perpétuo silêncio o 
acontecimento apontado como criminoso. A concessão de anistia depende de lei, art. 48, 
VIII, e seus efeitos são mais amplos do que a graça, já que não somente elimina a 
punibilidade mas igualmente apaga o próprio delito, portanto, todas as suas 
conseqüências de ordem penal. 
 
Indulto – Perdão individual concedido pelo Pres. da República ao condenado que 
demonstra bom comportamento e condições pessoais favoráveis à sua permanência na 
comunidade desde que seja paraplégico , tetraplégico ou portador de cegueira total 
contanto que tais condições sejam posteriores à prática do crime , ou seja acometido por 
doença grave , permanente , que provoque incapacidade severa exigindo cuidados 
contínuos. 
 
Segundo a Lei 8.072/90 ,os crimes hediondos são : homicídio, quando praticado como 
grupo de extermínio, e homicídio qualificado; latrocínio; extorsão qualificada pela morte; 
extorsão mediante seqüestro; estupro; atentado violento ao pudor; epidemia com 
resultado morte e genocídio. 
 
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 Matéria: Direito Constitucional Autor: Cibele Rocha 
 
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XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis 
ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático; 
A Lei nº 7.170/83 define os crimes contra a segurança nacional 
 
 
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de 
reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, 
estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do 
patrimônio transferido; 
Princípio da personificação ou personalização da pena :A pena somente será imposta à 
pessoa que , de alguma maneira , concorreu para o crime. Quer dizer , pena não se 
transfere. Se um menor comete um crime ,porque este menor não pode cumprir pena , 
esta não se transferirá para seus pais ou responsáveis. 
 
Já o perdimento de bens pode atingir um terceiro ( herdeiro ou adquirente de boa-fé ) que 
esteja na sua posse ou propriedade , caso esses mesmos bens tenham sido adquiridos 
por outrem com o fruto de crimes. Por exemplo , Mévio rouba um banco e com o dinheiro 
auferido compra uma casa que , com sua morte passará para seus herdeiros. Em virtude 
de decisão judicial , a casa pode ser “ perdida “ pelos sucessores, em favor da União. 
 
 
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: 
 
a) privação ou restrição da liberdade; 
 
b) perda de bens; 
O perdimento de bens não é previsto no Código Penal como sanção criminal, figura, 
antes, como “efeitos da condenação” (art. 91, II, do CP), 
 
c) multa; 
 
d) prestação social alternativa; 
 
e) suspensão ou interdição de direitos; 
Este inciso consagra o Princípio da individualização da pena ,que por sua vez é explicado 
pelo art. 59 do Código Penal : O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à 
conduta social, à personalidade do autor, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências 
do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja 
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: 
 I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; 
 II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; 
 III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; 
 IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de 
pena, se cabível. 
 
Quer dizer , ainda que duas pessoas pratiquem juntas , no mesmo dia , hora e local , o 
mesmo crime , não necessariamente a pena de ambas será a mesma , pois o juiz , ao fixá-
la, deverá respeitar os quesitos descritos no art. 59 do C. P. individualmente. 
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 Matéria: Direito Constitucional Autor: Cibele Rocha 
 
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Aplicando este princípio , o STF entendeu que o art. 2º da Lei 8072/90 ( Lei dos crimes 
hediondos) ao vedar a progressão de regime ( do regime fechado para o semi-aberto ) 
para os condenados por tais crimes , contrariou o princípio da individualização da pena 
ao não permitir que se considerem as particularidades de cada pessoa , sua capacidade 
de reintegração e os esforços aplicados com vistas à sua ressocialização com vistas a 
concessão do benefício. 
 
As penas de interdição temporária de direitos são: a) proibição de exercício de cargo, 
função ou atividade pública e de mandato eletivo; b) proibição do exercício de profissão ; c) 
suspensão da autorização ou de habilitação para dirigir veiculo. 
 
 
XLVII - não haverá penas: 
 
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; 
b) de caráter perpétuo; 
c) de trabalhos forçados; 
d) de banimento; Expulsão de brasileiro do território nacional 
e) cruéis; Que cause dor física. Ex. : chibatada. 
 
 
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a 
natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; 
Existirão estabelecimentos correcionais de segurança mínima, máxima e média, a fim de 
servirem para o cumprimento progressivo da pena. 
 
 
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral; 
O preso só perderá a sua liberdade de locomoção, mantendo todos os demais direitos 
que dela não derivam. 
 
 
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com 
seus filhos durante o período de amamentação; 
Objetiva assegurar a maternidade e o direito de a criança ser amamentada, já que a pena 
não pode passar da pessoa da condenada. 
 
 
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime 
comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em 
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei; 
A natureza jurídica do ato de extradição , quando instaurada a fase judicial de seu 
procedimento, é ação de índole especial, de caráter constitutivo, que objetiva a formação 
de titulo jurídico apto a legitimar o Poder Executivo da União a efetivar, com fundamento 
em tratado internacional ou em compromisso de reciprocidade, a entrega do cidadão 
reclamado. 
 
 
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Hipóteses constitucionais para a extradição : 
 
a) O brasileiro nato nunca será extraditado; 
 
b) O brasileiro naturalizado somente será extraditado em dois casos: 
b.1) por crime comum, praticado antes da naturalização; 
b.2) quando da participação comprovada em trafico ilicito de entorpecentes e 
drogas afins, na forma da lei, independentemente do momento do fato, ou 
seja, não importa se foi antes ou depois da naturalização. 
 
c) O português equiparado, nos termos do art.12,§1º da CF\88, tem todos os direitos 
do brasileiro naturalizado; assim, poderá ser extraditado nas hipóteses descritas 
anteriormente. Porém em virtude de tratado bilateral assinado com Portugal, 
convertido do decreto legislativo n.70.391/72 pelo Congresso Nacional, somente 
poderá ser extraditado para Portugal; 
 
d) O estrangeiro poderá ser extraditado por qualquer crime , salvo os crimes políticos 
ou de opinião, na forma do inciso LII do art. 5º. 
 
Procedimento e Decisão: o pedido de extradição deverá ser feito pelo governo do Estado 
estrangeiro , por via diplomática, endereçado ao Presidente. Feito o pedido, ele será 
encaminhado ao STF, pois não se concederá extradição sem seu prévio pronunciamento 
sobre a legalidade e a procedência do pedido, que somente dará prosseguimento ao 
pedido se o extraditando estiver preso e a disposição do Tribunal. Findo o procedimento, 
se a decisão do STF, após a analise das hipóteses materiais e requisitos formais, for 
contraria a extradição, vinculará o Presidente, ficando vedada a extradição. Se, no entanto, 
a decisão for favorável, o chefe do Executivo, discricionariamente, determinará ou não a 
extradição, pois não pode ser obrigado a concordar com o pedido de extradição, mesmo 
que, legalmente, correto e deferido pelo STF, uma vez que o deferimento ou recusa do 
pedido de extradição é direito inerente a soberania. 
 
Súmula 421 do STF : não impede a extradição o fato de o extraditado ser casado com 
cônjuge brasileiro ou possuir filho brasileiro. 
 
Conceitos : 
 
Extradição : Saída compulsória de pessoa que está em território brasileiro para 
outro país, a pedido deste , para que lá seja processado ou, se já o foi 
, para que lá cumpra pena em razão de crime lá praticado. 
Deportação : ‘Saída compulsória do território brasileiro de estrangeiro que aqui se 
encontra em situação irregular ( Ex. : visto vencido ; aquele 
que,portador de visto de turista,é flagrado trabalhando etc ). 
Expulsão : Saída compulsória do País de estrangeiro tido , pela sua conduta , 
como nocivo ou perigoso à segurança nacional ( ex.: aquele que aqui 
tenha cometido crime, ainda que já tenha cumprido a pena a ele 
referente ) 
Banimento : Saída compulsória de brasileiro do território nacional em razão da 
prática de crime político. 
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LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião; 
 
 
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente; 
Princípio do Juiz Natural – Vide art. 5º , XXXVIILIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo 
legal; 
Processo, como se sabe, é tudo aquilo que possui vários atos, espaçados no tempo, 
tendendo a um resultado que se queira alcançar. O processo que nos interessa aqui é a 
série de atos concatenados que visam alcançar a decisão judicial sobre um caso ou 
problema de natureza jurídica. Além de ser instrumento do Estado para conseguir resolver 
o litígio entre as partes, o processo é uma garantia e instrumento dos cidadãos para 
verem respeitados os seus direitos. 
 
O princípio do devido processo legal ( due process of law ) deve ser entendido em duas 
vertentes. No sentido formal impõe o respeito aos procedimentos , ritos e prazos previstos 
nas leis processuais ( Cód. de Processo Civil e Cód. de Proc. Penal ) . O juiz não pode, 
pela sua exclusiva vontade, alterar o previsto nestas leis processuais. 
 No sentido material devemos atentar para a justiça , a solução honesta , razoável e justa 
do conflito. 
 
 
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral 
são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela 
inerentes; 
o contraditório é a própria exteriorização da ampla defesa, pois a todo ato produzido pela 
acusação, caberá igual direito de defesa de opor-se-lhe ou de dar-lhe a versão que melhor 
lhe apresente, ou, ainda, de fornecer uma interpretação distinta daquela dada pelo autor. 
A investigação policial – que tem no inquérito o instrumento de sua concretização – não se 
processa, em função de sua natureza meramente administrativa , sob o crivo do 
contraditório, visto que é somente em juízo que se torna plenamente exigível o dever de 
observância deste princípio. 
 
A ampla defesa consiste em : 
1º) Direito a defesa técnica provida por advogado ; 
2º) Direito de presença ,ou seja , a parte tem o direito de estar presente durante a 
realização dos atos relativos ao seu processo ; 
3º) Direito de audiência , ou seja , a parte tem o direito de ser ouvida pelo julgador. 
 
 
Súmula Vinculante nº 5 do STF
A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende 
a Constituição. 
 
 
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Súmula Vinculante nº 14 do STF 
É direito do defensor ( advogado ) , no interesse do representado ( suspeito ), ter acesso 
amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório ( 
inquérito policial ) realizado por órgão com competência de polícia judiciária ( polícia 
federal , polícia civil etc ), digam respeito ao exercício do direito de defesa. 
 
 
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; 
Este inciso consagra o Princípio da Licitude da Prova. Quer dizer, a prova para ser 
admitida no processo deve ser lícita 
 
Prova ilícita é aquela prova que a princípio é legal ( admitida pela lei ) mas que foi obtida 
com infração a alguma norma , ou seja , a ilicitude não está na prova em si mesmo 
considerada , mas no meio utilizado para sua obtenção. Respeitados os princípios da 
razoabilidade e da proporcionalidade ( vide comentários no inciso VIII deste artigo ) , os 
tribunais admitem a utilização da prova ilícita quando esta for o único meio possível de se 
determinar a inocência do acusado. 
 
São aquelas colhidas em infringência às normas de direito material : inviolabilidade 
domiciliar, telefônica, direito a intimidade, ao sigilo, mediante tortura etc. 
 
Atenção para não confundir prova ilícita com prova ilegal . Prova ilegal é aquela que viola a 
lei . Por exemplo , um documento falso. Assim , temos que toda prova ilícita é ilegal ,mas 
nem toda prova ilegal é ilícita, já que , também como exemplo, podemos ter um documento 
conseguido via violação de domicílio com ordem judicial , portanto lícito , mas se este 
documento for falso , a prova será ilegal pois não é aceito por lei. 
 
Segundo Sylvio Motta,as atividades processuais concernentes à prova desdobram-se em 
cinco momentos : 
 
• As provas são propostas (indicadas ou requeridas). 
 
• As provas são captadas (quando são efetivadas as diligências e perícias para 
individualização da prova). 
 
• As provas são produzidas (introduzidas no processo pelas partes litigantes). 
 
• As provas são admitidas (quando o juiz se manifesta admitindo-as ou não). 
 
• As provas são apreciadas (valoradas pelo juiz). 
 
 A ilicitude da prova é reconhecida quando de sua não admissão pelo juiz. 
 
A prova ou o ato ilícito contamina todas as provas ( aparentemente lícitas ) conseguidas 
através dela . É a teoria dos frutos da árvore envenenada ( fruits of poisonous tree ) . 
 
 
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 Matéria: Direito Constitucional Autor: Cibele Rocha 
 
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Exemplos : 
1) Se, a partir de um interceptação telefônica clandestina , for descoberto o local onde se 
encontra a arma do crime , esta prova ( a arma ) também será prova ilícita. 
 
2) Se o suspeito é preso ilegalmente e durante esta mesma prisão é interrogado e em 
razão deste interrogatório novas provas são levantadas , todas estas provas também serão 
ilícitas . 
 
 
Decisões do STF acerca deste tema : 
a) É lícita a prova obtida por meio de gravação de conversa própria , feita por um dos 
interlocutores , se vítima de proposta criminosa do outro interlocutor. 
b) É lícita a gravação de conversa realizada por terceiro , com a autorização de um dos 
interlocutores , sem o consentimento do outro , desde que para ser utilizada em 
legítima defesa. 
c) A confissão sob prisão ilegal é prova ilícita. 
d) É ilícita a prova obtida por meio de conversa informal do indiciado com policiais , por 
constituir “ interrogatório “ sub-reptício ( falso , enganoso ) , sem as formalidades legais 
do interrogatório no inquérito policial e sem que o indiciado seja advertido do seu direito 
ao silêncio. 
e) Não se admite, sob nenhum pretexto ou fundamento, a juntada, em autos de inquérito 
policial ou de ação penal, de cópias ou originais de documentos confidenciais de 
empresa, obtidos, sem autorização nem conhecimento desta, por ex-empregado. 
 
 
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença 
penal condenatória; 
Princípio da Presunção de Inocência 
A CF\88 estabelece que ninguém será considerado culpado até o transito em julgado da 
sentença penal condenatória, como garantia processual penal, visando a tutela da 
liberdade pessoal. Dessa forma, há a necessidade do Estado promover a culpabilidade do 
indivíduo, que é constitucionalmente presumido inocente, sob pena de voltarmos ao total 
arbítrio estatal. 
 
Na lição de Afrânio Silva Jardim : "O que a Constituição proíbe é que o legislador 
ordinário inverta o ônus da prova, exigindo que o réu tenha que provar a sua inocência, 
sob pena de condenação em razão de dúvida. Vale dizer, a presunção de não culpado faz 
com que o Ministério Público ou querelante tenha que alegar e provar cabalmente que o 
réu praticou uma infração penal, ou seja, uma conduta objetiva e subjetivamente típica, 
ilícita e reprovável". 
 
A consagração do princípio da inocência não afasta a constitucionalidade das espécies de 
prisões provisórias, que continua sendo reconhecida pela jurisprudência, por considerar a 
legitimidade jurídico-constitucional da prisão cautelar que, não obstante a presunção juris 
tantum ( o que se presume até prova em contrário ) de não-culpabilidade dos réus, pode 
validamente incidir sobre sua liberdade. Dessa forma, continuam validas as prisões em 
flagrante, preventivas, por pronuncia e por sentenças condenatóriassem trânsito em 
julgado. 
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A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem publica, da ordem 
econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei 
penal, quando houver prova de existência do crime e de indícios suficientes de autoria , na 
forma do art. 312 do Código de Processo Penal. 
 
Art. 312 , Código de Processo Penal : A prisão preventiva poderá ser decretada como 
garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou 
para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e 
indício suficiente de autoria. 
 
 
Decisões do STF acerca do tema : 
a) “A prisão preventiva em situações que vigorosamente não a justifiquem equivale a 
antecipação da pena, sanção a ser no futuro eventualmente imposta, a quem a 
mereça, mediante sentença transitada em julgado. A afronta ao princípio da presunção 
de não culpabilidade, contemplado no plano constitucional (artigo 5º, LVII da 
Constituição do Brasil), é, desde essa perspectiva, evidente. Antes do trânsito em 
julgado da sentença condenatória a regra é a liberdade; a prisão, a exceção. Aquela 
cede a esta em casos excepcionais. É necessária a demonstração de situações 
efetivas que justifiquem o sacrifício da liberdade individual em prol da viabilidade do 
processo.” (HC 95.009, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 6-11-08, DJE de 19-12-
08) 
 
b) “ Aplicação do art. 5º, inc. LVII, da CF. (...). Não se justifica prisão preventiva a título de 
garantia de aplicação da lei penal, à só vista do fato de o réu pertencer à classe 
média.” (HC 94.122, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 19-8-08, DJE de 7-11-08) 
 
c) “(...) Viola o princípio constitucional da presunção da inocência, previsto no art. 5º, 
LVII, da Constituição Federal, a exclusão de candidato de concurso público que 
responde a inquérito ou ação penal sem trânsito em julgado da sentença condenatória. 
(...)(RE 559.135-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 20-5-08, DJE de 
13-6-08) 
 
 
 
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo 
nas hipóteses previstas em lei; 
A Lei nº 10.054, de 07 de dezembro de 2000 regulamenta os casos em que a 
identificação criminal ( processo datiloscópico e fotográfico ) será obrigatória. 
 
 
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for 
intentada no prazo legal; 
A constituição permite que excepcionalmente, a vítima ou seu representante legal assuma 
a titularidade ativa em ações penais que, a princípio, seriam públicas, ou seja, deveriam 
ser promovidas pelo Ministério Público. Surge assim a ação penal privada subsidiária da 
pública (art. 100, § 3º, do Código Penal). 
 
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LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa 
da intimidade ou o interesse social o exigirem; 
O Princípio da Publicidade dos Atos Processuais ainda encontra respaldo no art. 93,IX da 
C.F. ; e ambos os dispositivos, admite como exceção a possibilidade do segredo de 
justiça que torna, excepcionalmente, os atos de processo sigilosos, limitando a presença, 
em determinados atos, às próprias partes e seus advogados, ou somente a estes, tudo 
com o intuito de evitar evidente prejuízo que poderia advir da publicidade de certos 
processos. Há casos em que a própria lei ordinária processual determina o segredo de 
justiça , como, por exemplo, o art. 155 do Código de Processo Civil : 
 
Art. 155 , CPC – Os atos processuais são públicos. Correm, todavia, em segredo de justiça 
os processos: 
I – em que o exigir o interesse público; 
II – que dizem respeito a casamento, filiação, separação dos cônjuges, conversão desta 
em divórcio, alimentos e guarda de menores. 
 
 
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e 
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão 
militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; 
Este dispositivo torna inconstitucional a prisão determinada por ordem escrita de 
autoridade policial e a prisão administrativa ( determinada por autoridade do Poder 
Executivo ). 
 
Considera-se em flagrante delito quem: 
a) está cometendo a infração penal; 
b) acaba de comete-la; 
c) é perseguido, logo após , em situação que faça presumir ser o autor da infração; 
d) é encontrado logo após , com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam 
presumir ser ele o autor da infração. 
 
Pela regra, alguém somente pode ser preso em duas hipóteses : 
1) Em flagrante delito ; 
2) Por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária. 
 
Para o servidor público Militar, além das duas acima ,existe mais uma possibilidade 
de ser preso : Por ordem verbal ou escrita de superior hierárquico ou de igual patente. 
 
 
 
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados 
imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada; 
O mandamento constitucional exige que, além da comunicação imediata, seja 
estabelecido o local onde o preso se encontre, a fim de evitar-se a incomunicabilidade do 
mesmo, o que, por conseqüência, facilitaria sobremaneira eventual abuso de autoridade. 
 
 
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LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer 
calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado; 
Princípio da não-auto-incriminação ou direito ao silêncio : Ninguém é obrigado a 
produzir provas contra si mesmo. 
 
Este princípio ou direito aplica-se em qualquer tempo , seja no depoimento perante o 
delegado de polícia durante o inquérito policial , seja no depoimento ao juiz já no curso do 
processo penal . É praxe o STF reconhecer este direito àquele convocado a depor em 
comissão parlamentar de inquérito ( CPI ) do Congresso Nacional. 
 
 
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por 
seu interrogatório policial; 
Este inciso procura garantir ao preso a possibilidade de identificar aqueles que tenham 
violado seus direitos individuais no momento do interrogatório ou de sua prisão. 
 
 
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária; 
Esta prisão durante o processo ainda não é prisão-pena, mas a chamada prisão cautelar 
de natureza processual. Há inúmeras formas de se colocar o acusado preso durante o 
processo e outras tantas para colocá-lo em liberdade durante este período. 
Formas para a prisão do acusado (prisão cautelar de natureza processual/ prisão 
preventiva lato sensu): 
 
Prisão em flagrante – arts. 301/310 do CPP : A prisão em flagrante possui uma 
peculiaridade pouco conhecida pelos cidadãos, que é a possibilidade de poder ser 
decretada por “qualquer do povo” que presenciar o cometimento de um ato criminoso. As 
autoridades policiais têm o dever de prender quem esteja em “flagrante delito”. 
 
Prisão preventiva – arts. 311/316 do CPP : A prisão preventiva atualmente é a 
modalidade de prisão mais conhecida e debatida do ordenamento jurídico. Ela pode ser 
decretada tanto durante as investigações, quanto no decorrer da ação penal, devendo, 
em ambos os casos, estarem preenchidos os requisitos legais para sua decretação. O 
artigo 312 do Código de Processo Penal aponta os requisitos que podem fundamentar a 
prisão preventiva, sendo eles: a) garantia da ordem pública e da ordem econômica 
(impedir que

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