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CRUZ, Luciana. Pesquisa de tendências

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UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA 
 
 
 
Luciana Miranda Cruz 
 
 
PESQUISA DE TENDENCIA: O uso da Netnografia no trabalho de 
Coolhunting 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BELÉM 
2012 
 
Luciana Miranda Cruz 
 
 
PESQUISA DE TENDENCIA: O uso da Netnografia no trabalho de 
Coolhunting 
 
 
 
 
 
Projeto Experimental apresentado à 
Universidade da Amazônia como requisito 
parcial para obtenção do grau em 
Bacharel em Moda. Orientadoras: Profa. 
Msc. Rosyane Rodrigues e Profa. Esp. 
Yorrana Maia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BELÉM 
2012 
Luciana Miranda Cruz 
 
 
PESQUISA DE TENDENCIA: O uso da Netnografia no trabalho de 
Coolhunting 
 
 
Projeto Experimental apresentado à 
Universidade da Amazônia como requisito 
parcial para obtenção do grau em 
Bacharel em Moda. Orientadoras: Profa. 
Msc. Rosyane Rodrigues e Profa. Esp. 
Yorrana Maia. 
 
 
 
Banca Examinadora 
______________________________________ 
Profª. Msc. Rosyane Rodrigues – Orientadora 
______________________________________ 
Profª. Esp. Yorrana Maia – Orientadora 
______________________________________ 
Examinador 
 
Apresentado em: __/__/___ 
Conceito:_______________________ 
 
BELÉM 
2012 
AGRADECIMENTOS 
 
Gostaria de agradecer a Deus e a minha família, meus pais e irmãs pelo apoio 
e ajuda. 
As minhas orientadoras Rosyane Rodrigues e Yorrana Maia pela força, 
incentivo, paciência, aprendizado e motivação que me impediram de desistir. 
As minhas amigas que sempre me ajudaram, incentivaram e estiveram 
presentes nas horas mais difíceis e estressantes desses três anos. A Cynthia 
Cazassa por ser minha dupla mais querida nos trabalhos mais loucos, a Lívia 
Barros pelas longas conversas, trabalhos intermináveis e suas horas como 
modelo. 
E a minha queria Avó Nazareth Miranda que com o seu bom gosto me fez 
apaixonar pela moda. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Para observar com novos olhos é preciso 
variar os trajetos e as áreas o máximo possível” 
 Marta Domínguez Riezu 
RESUMO 
 
Este trabalho tem como objetivo mostrar de que forma o coolhunting pode 
utilizar os ciberespaços como local de pesquisa, através do uso da netnografia 
em blogs de moda. Antecipar tendências se tornou o ponto principal para a 
criação de novos produtos de moda que cada vez mais tem seu ciclo de vida 
encurtados. Para as empresas se manterem sempre competitivas e à frente de 
seus concorrentes, elas necessitam satisfazer os desejos de seus 
consumidores. E é através das pesquisas de tendências culturais e sociais, que 
elas podem captar de forma mais precisa os desejos de seus consumidores, 
para então lançar novos produtos. Com consumidores mais exigentes e com 
anseio a novos produtos, surge uma nova abordagem de pesquisa de 
tendências chamada coolhunting focado em identificar os sinais nas culturas 
jovens, que podem vir a se torna futuras tendências. Para fazer suas 
pesquisas, os coolhunters utilizam técnicas e metodologias da antropologia, 
mas precisamente da etnografia, que também é utilizada para as pesquisas no 
ciberespaço. 
 
Palavras-chave: Moda, tendências, coolhunting, netnografia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRATC 
This work has the purpose of showing how coolhunting can use cyberspaces as 
research place, through using on fashion blogs. Anticipating trends became the 
main point in creating new fashion products, which have their life cycle 
diminished more and more. For companies to keep always competitive and 
ahead of the competition they need to satisfy their consumers' desires. 
And it is through the research of social and cultural trends, they can capture 
more accurately the wishes of their consumers, and then launch new products. 
With more demanding consumers and longing for new products, a new 
approach trend research called coolhunting focused on identifying the signs in 
young cultures, that may become future trends. To do their research 
Coolhunters use the techniques and methodologies of anthropology, but 
precisely of ethnography, which is also used for research in cyberspace. 
 
Keywords: Fashion, trends, coolhunting, netnography 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO...............................................................................................9 
2. TENDÊNCIAS................................................................................................11 
2.1 PESQUISA DE TENDÊNCIAS....................................................................13 
2.2 COOLHUNTING..........................................................................................15 
2.3 GLOBALIZAÇÃO.........................................................................................18 
2.4 NOVAS MÍDIAS E MODA............................................................................20 
3. NETNOGRAFIA APLICADA AO COOLHUNTING.......................................26 
3.1 ANTROPOLOGIA........................................................................................27 
3.2 ETNOGRAFIA.............................................................................................28 
3.3 NETNOGRAFIA...........................................................................................30 
3.4 BLOGS COMO FONTE DE PESQUISA......................................................36 
4. COLEÇÃO.....................................................................................................44 
4.1 HISTORIA....................................................................................................45 
4.2 PÚBLICO-ALVO..........................................................................................46 
4.3 CONCEITO..................................................................................................46 
4.4 LIFESTYLE.................................................................................................48 
4.5 RELEASE....................................................................................................49 
4.6 AMBIÊNCIA.................................................................................................50 
4.7 CARTELA DE CORES.................................................................................51 
4.8 PAINEL DE MATERIAIS.............................................................................52 
4.9 COLEÇÃO...................................................................................................53 
4.10 PEÇA CONCEITUAL.................................................................................54 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................55 
5.1 Conclusão....................................................................................................55 
REFERÊNCIAS.................................................................................................56 
APÊNDICE........................................................................................................62 
Apêndice 1 Fichas Técnicas .............................................................................62 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Atualmente o auge da moda se encontra na efemeridade da sociedade e 
seu desejo por consumir novos produtos, influenciando o movimentoem 
direção ao mais atual e oposto ao antigo. Na moda contemporânea, os 
modelos e ciclos de valores, tanto na moda como da sociedade, modificam-se 
de forma cada vez mais rápida. O que alimenta a moda é o aparecimento 
continuo de novas tendências. 
Um novo método para fazer as chamadas pesquisas de tendências esta 
sendo cada vez mais utilizado, o chamado Coolhunting, que é um método que 
traz uma perspectiva inovadora às pesquisas. Consiste também em observar 
pessoas na web, blogs, jornais e revistas, fazendo contato e observação direta 
dos grupos mais inovadores, que são os responsáveis pela criação e difusão 
de novas tendências. 
O trabalho do coolhunter que é de observação pode tanto ser feito, com 
ele estando no local a ser observado, no espaço físico, mas também pela 
internet, mais precisamente nas redes sociais, local que também serve para 
observar o comportamento dos consumidores, onde se pode obter de forma 
rápida dados para a pesquisa. 
Esses profissionais utilizam técnicas da Antropologia, que facilita na 
identificação dos futuros padrões, para fazer suas pesquisas. E devido ao uso 
da internet para coleta de dados pelos coolhunting se fez necessário uma 
metodologia apropriada para a pesquisa e leitura de tendências nas mídias 
sociais a chamada netnografia, que usa de métodos etnográficos no 
ciberespaço. 
Este projeto visa compreender melhor o uso das mídias sociais para as 
pesquisas de tendências e como o coolhunting pode apropriar-se de blogs de 
streetstyle para fazer suas pesquisas utilizando das técnicas da netnografia. 
O primeiro capítulo explica o que é pesquisa de tendência e a sua nova 
abordagem que é chamada de coolhunting, e o cenário globalizado que 
10 
 
influenciam esse método e as mídias sociais que podem servir para observar 
as futuras tendências. 
O segundo capitulo mostra como os coolhunters utilizam as mídias 
sociais para fazer as pesquisas, a metodologia que eles utilizam chamada 
netnografia, que é a etnografia no ciberespaço e como os blogs de streetstyle 
se tornaram um grande influenciador e uma ferramenta para esse método. 
 No terceiro capitulo será apresenta a coleção (Ciber) flâneur inspirada 
na figura do ciberflaneur, que assim com o coolhunter utilizam a internet como 
seu meio de observação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
2. TENDÊNCIAS 
Prever tendências é um método utilizado pelas empresas na hora de 
desenvolverem seus produtos, como forma de usufruir de uma base de dados 
e informações mais confiáveis para auxiliar neste desenvolvimento. (Perdigão, 
2006). Antecipar e monitorar tendências é essencial para o sucesso tanto de 
produtos como de empresas. 
Para Erner (2005, p. 104), “usualmente, designa-se sob o nome de 
tendência qualquer fenômeno de polarização pelo qual um mesmo objeto - no 
sentido mais amplo da palavra - seduz simultaneamente um grande número de 
pessoas”. 
Segundo Picoli (2009, p.18 apud Morace, 2007) o conceito de tendência 
é muito complexo, porém pode-se afirmar que tendência é um fenômeno de 
evolução, às vezes mais lentas, outras mais rápidas. Indicando a emergência 
dos novos elementos no sistema sócio-cultural. 
Na cultura contemporânea, a noção de tendência se faz presente em 
toda a parte. A palavra tendência vem do termo em latim tendentia, particípio 
presente e nome plural substantivado do verbo tendere, que significa “tender 
para”, “inclinar-se para” ou “atraído por”. A palavra traz consigo um movimento 
e uma atração exercida por outro objeto. (CALDAS, 2004) 
Segundo Caldas (2004, p.25), foi a partir do século XIX que a palavra 
tendência obteve o sentido de “propensão”, “predisposição” ou “aquilo que leva 
a agir de uma determinada maneira”. Na psicologia, a ideia é relacionada ao 
desejo e ao direcionamento à sua satisfação. O conceito que conhecemos 
atualmente foi estabelecido com o passar dos anos, e se consagrou junto com 
o culto ao novo, à mudança e ao futuro, que o pós-moderno consagrou. 
Segundo Picoli (2009), a pesquisa de tendências surgiu nas décadas de 
50 e 60, com o intuito de fazer uma abordagem diferente de produtos iguais 
para chamar a atenção do cliente. 
 De acordo com Fontenelle (2004, p.163) as chamadas "pesquisas de 
mercado de tendências culturais" surgiram nos anos 1970, mas só a partir dos 
12 
 
anos 1990 se destacam e ganham um novo formato, sobressaindo como um 
meio essencial para as novas estratégias comunicacionais. Logo os 
pesquisadores têm que entender o que mudou na "cultura de consumo" para 
que essas pesquisas sejam tão essenciais para as grandes empresas 
multinacionais, pois são elas que indicam as mudanças na forma de 
comunicação de um produto. 
 Com o passar dos anos, o termo tendência passou por diversos usos e 
se adaptou para como é conhecido hoje, pelo sistema de moda, como uma 
evolução necessária e imprevisível. As tendências surgem “das idéias de 
progresso e evolução que Darwin desenvolveu” (RECH; MORATO, 2009, p. 02) 
 Back (2008) descreve que pesquisar tendências é compreender as 
influencias exercidas em um contexto e distinguir sua evolução, visando 
entender suas futuras consequências. Atualmente, a moda se encontra em 
uma sociedade dominada pela efemeridade, e com consumidores com ânsia a 
novos produtos. 
 E consequentemente as empresas necessitam estar sempre à frente dos 
desejos dos seus consumidores. Ao longo dos anos, essas pesquisas 
tornaram-se fundamentais para as empresas, para a criação de novos 
produtos, com algo que o consumidor deseja. 
Para as empresas, o estudo de comportamento do consumidor procura 
identificar ideias ou experiências para satisfazer seus desejos e necessidades. 
Compreender seu comportamento é fundamental para a criação de novos 
produtos. Nas análises, os pesquisadores usam ferramentas das áreas de 
psicologia e antropologia. (PICOLI, 2009, p. 14) 
Para Fontenelle (2004), a pesquisa de tendência é essencial para as 
empresas criarem produtos inovadores. Porém, antecipar tendências que serão 
importantes para os consumidores no futuro, de forma a garantir o sucesso de 
um negócio de moda, ainda é um grande desafio. 
Para Rech e Perito (2009, apud ERNER, 2005, p.05), na moda, a 
tendência surge quando uma pessoa capacitada a cria. Estilistas, atores, 
cantores e pessoas que de alguma forma estão em evidência são o exemplo 
13 
 
disso. Pois essas pessoas conseguem influenciar um maior número de 
pessoas que querem ter o que a celebridade usa. 
As pessoas famosas, por serem pessoas que estão na mídia, e tem 
seus fãs como seguidores, acabam sendo pessoas aptas a lançarem 
tendências. E são a essas pessoas que as empresas recorrem quando querem 
divulgar um novo produto ao mercado. Pois elas têm um grande poder de 
persuasão com o seu público. 
2.1 Pesquisa de Tendências 
As tendências de moda também são chamadas de tendência de curto 
prazo, ou seja, tem um período inferior a dois anos, e são fenômenos 
passageiros, que simplificam as incertezas da cadeia produtiva de moda. São 
sinais que antecedem as manifestações do tempo, influenciando no consumo e 
no comportamento direcionado a desejos e gostos. Essas tendências ocorrem 
em ciclos, pois surgem se popularizam e sofrem declínio. Elas identificam 
cores, temáticas, formas, tecidos, aviamentos, princípios e elementos do 
design de moda para cada estação, apontando possíveis direcionamentos 
estilísticos. (RECH, 2009) 
A pesquisa de tendência voltada para a moda torna-se 
um imperativo para as empresas, pois as tendências, conjuntos 
e hábitos, preferências e desejos de uma sociedade em 
determinado momento, condicionaas preferências dos 
consumidores e a sua aceitação ou rejeição das propostas das 
marcas. Há tendências para cores, formas e texturas 
(características funcionais); e mesmo para valores sociais 
(características simbólicas). (Cristo, 2006, p.8) 
 
Ao compreender a complexidade do comportamento de compra, 
podemos compreender a forma no qual o mundo social e cultural atua sobre a 
sociedade. Esses conhecimentos, junto ao marketing, a sociologia ou a 
antropologia, possibilitam novos entendimentos dos consumidores. O 
comportamento do consumidor é um processo que parte de influências internas 
e externas, e que difere por pessoas. “Pode ser explicado pela necessidade de 
expressar significados mediante a posse de produtos que comunicam à 
14 
 
sociedade como individuo se percebe enquanto interagem com grupos sociais” 
(MIRANDA, 1999, P.3) 
 “Desde os anos 1970, a ‘forma moda’ foi identificada por outros autores 
como um fato social, o que significa que o seu modo de funcionamento 
alastrou-se para todas as esferas da sociedade e da cultura” (CALDAS, 2006, 
P. 43). Para Lipovestsky (1991), a moda funciona como um espelho da 
sociedade, portanto se tornou algo que pode ser pesquisado em qualquer 
lugar, nas ruas, na internet e nos costumes e hábitos de uma cultura. Os sinais 
que a sociedade manifesta necessitam ser compreendidos, analisados e 
interpretados por profissionais preparados. As influências se tornam um reflexo 
da modernidade, depois de observadas e analisadas pelos pesquisadores. 
(RECH, 2009, p.2) 
Segundo Neves e Branco (2000, p.41), a moda funciona como um dos 
segmentos mais avançados junto às novas exigências de consumo. Isto 
porque ela funciona em antecipação, sendo uma importante parte da 
investigação, que dará origem a novos produtos, no estudo e análise dos 
estilos de vida dos consumidores. 
 
Para Lipovetsky, o surgimento de uma multiplicidade de 
oferta possibilitou uma multiplicidade de escolhas. As pessoas 
são estimuladas a pesquisar seus gostos, costumes e 
personalidade e investir e si a partir das suas próprias 
características e não segundo a dos outros. Hoje os indivíduos 
buscam legitimar-se e não legitimar o grupo ao qual pertencem. 
(TOALDO, 1997, p. 89) 
 
Portanto, a previsão de tendências tornou-se um produto com alto valor 
acrescentado no mercado. Antecipar e monitorar as tendências é, atualmente, 
um serviço crítico para o sucesso dos produtos e das empresas. Para Picolli 
(2003 apud. GENTILLE, 2006, p. 45) a sociedade contemporânea passou a 
participar ativamente da moda, não só através da demonstração de seus 
gostos, desejos e necessidades, mas também consumindo a própria moda, 
enquanto informação. O entendimento das atitudes dos consumidores é o que 
os profissionais necessitam para captarem essas novas tendências. 
15 
 
 
2.2 Coolhunting 
 
“Esta necessidade de antecipação de tendências no 
mercado da moda impulsionou a emergência de uma nova 
abordagem na investigação nas pesquisas, o coolhunting, que 
utiliza um dos métodos mais atuais de pesquisa de tendências, 
capturando-as onde acreditam que elas surgem na cultura 
jovem urbana que integra os grupos de consumidores 
inovadores, particularmente receptivos ao novo, às propostas 
de moda de vanguarda. As pessoas mais jovens já adaptadas 
a culturas de consumo atual possuem um alto grau de 
curiosidade, de gosto pelo novo e estão predispostas a 
experimentar o diferente, em nome da experiência” (PICOLI, 
2009, p.3) 
 
Uma peça chave nesse processo, sem duvida, é o pesquisador dessas 
tendências, pois é ele que vai detectar os sinais e interpretá-los, para saber se 
essas informações serviram ao não. 
Picoli (2009 apud Campos, 2007. P.35) também afirma “[...] cumpre ao 
pesquisador captá-los e compreender as suas mensagens no timing certo, 
podendo assim construir cenários estrategicamente eficientes para o 
lançamento de produtos.” 
 Neves e Branco (2000) complementam essa afirmação ao dizer que 
umas das principais competências do pesquisador de tendências são: a 
capacidade de percepção e a leitura dos sinais da sociedade. 
 Porém, na pesquisa podem-se ter várias abordagens, umas delas é o 
Coolhunting que surgiu para estudar e analisar as tendências de 
comportamento jovem, seus interesses e suas atitudes inovadoras. (Rech, 
Morato, 2009) 
Substituindo ou complementando as tradicionais pesquisas de 
mercado, especialmente as quantitativas, a caçada ao cool, visa 
descobrir o que está acontecendo na cultura jovem e que será 
mais importante no futuro no sentido de constituírem tendências 
com alta probabilidade de se transformar em consumo. Os 
coolhunters estão aparecendo para poder aventurar-se na vida 
do consumidor, entendê-lo e poder criar uma conexão emocional 
que as marcas necessitam. (PICOLI, 2009, p.31) 
16 
 
 
Os coolhunters são os profissionais que utilizam esse método para 
pesquisar tendências. Com as ferramentas necessárias, esses profissionais 
podem antecipar o que será desejado pelo mercado de moda. Não existe uma 
formação específica para ser um coolhunter, cada pesquisador utiliza sua 
própria forma de pesquisa, para a compreensão do que virá a ser tendência. 
(CORDEIRO. PINTO, 2010, p.1) 
 Riezu (2011, p.7) afirma que “o bom coolhunter encontra uma ideia 
disfarçada sob uma camuflagem de simplicidade cotidiana.” Picoli (2009) o 
denomina como um profissional que se dedica a identificar possíveis padrões 
futuros de comportamento e atitudes. 
 
 A pesquisa de tendências apresenta-se como um espaço 
necessário para o processo de antecipação permanente, para 
que as empresas possam enfrentar, com sucesso, a crescente 
pressão concorrencial no mercado. O papel do estudo do 
consumidor é crucial na moda, pois são eles e não as marcas a 
moldar as mudanças na sociedade e suas exigências. (PICOLI, 
2009.p.04) 
 
Cada vez mais os consumidores anseiam por algo novo, algo que 
satisfaça seus desejos. Quando esses consumidores procuram algum produto 
novo para consumirem, as empresas já devem estar preparadas para atender 
esses desejos e oferecer exclusividade para esses clientes, e ficando à frente 
dos seus concorrentes. 
A interpretação de vários fatores, como os culturais, sociais, entre 
outros, e a sua análise, permitem que as empresas tenham conhecimento 
sobre o que o seu público-alvo anseia, e assim conseguem a informação 
necessária para desenvolver produtos de preferência dos mesmos. (PICOLI. 
2009) 
Picoli (2009 apud ROHDE, 2006, GLADWELL, 2005, p. 28) denomina o 
termo cool como algo recente e que é entendido como aquilo que as pessoas 
fazem ou adotam e que realmente lhe agrada, aquilo que eles estão 
predispostos a aceitar ou fazer. O termo também aparece como forma de 
17 
 
expressão, a diferenciação e a individualidade do que os jovens querem. O 
cool denomina um indivíduo que estabelece suas preferências, que difere da 
maioria da sociedade. 
Para Riezu (2011, p.15), “a chave do coolhunting é primeiro procurar 
pessoas cool, para depois encontrar o cool. Nunca o inverso.” A autora também 
relata que eles devem ser contemporâneos, mas não modernos, ter interesse 
não só pelas coisas achadas na sua época, mas também pelo o que está por 
vir. 
 [...] os coolhunters atuam em campo, em busca de novidades, 
de pessoas, de estilos e atitudes diferentes. Com câmera 
fotográfica, ou filmadora, e bloco de anotações, eles registram 
composições inusitadas e harmoniosas, que chamam a 
atenção, de maneira positiva. O objetivo é captar o que 
determinadas pessoas cool fazem que influenciam outras, para 
então se transformar em produtos de consumo.[...] (Rech; 
Morato, 2009, p.05) 
 
Os coolhunters provavelmenteforam os primeiros a perceber que a 
influência social, consequente de características ligadas a personalidade, tais 
como admiração, o grau de autenticidade, atitudes, gostos, expressão, nada 
tem a ver com o estatuto social. Os coolhunters são profissionais que dominam 
as áreas de marketing e comunicação e sempre estão atualizados as últimas 
tendências sócio-culturais. Estando sempre atento as realidades das tribos a 
que pertencem os indivíduos pós-modernos, para obter as ferramentas para as 
suas pesquisas. (PICOLI, 2009) 
[...] E as informações culturais obtidas são transmitidas 
aos clientes corporativos que, por sua vez, usam essas 
informações para transformar a “tendências” não apenas em 
produto, mas, especialmente, em uma forma de 
comercialização que incorpore símbolos, imagens e temas em 
sua comunicação mercadológica, “para mostrar ao público-alvo 
que a empresa fala a língua deles. (FONTENELLE, 2004, p. 
172) 
 
Para Cordeiro e Pinto (2011, p.01) a internet permite que as tendências 
de moda e comportamento fiquem mais acessíveis ao coolhunter, entretanto 
18 
 
pela internet ser um local de efemeridades, permite o aparecimento de novos 
comportamentos em um espaço muito extenso. 
Avelar (2009, p. 87) afirma que a busca incansável por novidades, 
visando a conquista de novos mercados, ocorre devido à atual dinâmica da 
globalização. Hoje um pesquisador consegue colher informações de maneira 
rápida e eficiente, devido à facilidade que podem gerar e trocar informações ao 
redor do mundo mediante as tecnologias digitais. 
 
2.3 Globalização 
 
Podemos afirmar que a globalização é uma ordem econômica e social 
que gera uma integração entre países e pessoas em diversos locais do mundo, 
e é através desse processo que as pessoas, os governos e as empresas 
trocam informações - gerando assim transações financeiras e comerciais que 
também difundem aspectos culturais. 
Para Mendonça, o capitalismo juntou o mundo em uma única economia, 
com as grandes navegações. Porém o conceito de globalização é utilizado para 
indicar o processo um tanto recente que é a internacionalização das relações 
econômicas junto às novas tecnologias de transporte e das telecomunicações. 
Entretanto não se pode afirmar que a globalização uniformiza todo o 
mundo, porque, segundo Canclini (2007, p.41), “ela nem se quer conseguiu um 
consenso do que significa ‘globalizar-se’, nem quanto ao momento histórico em 
que seu processo começou, nem quanto a sua capacidade de reorganizar ou 
decompor a ordem social”. 
Lastres e Albagli (1999) afirmam que a globalização quando descrita 
como um mundo sem fronteiras com mercados de capitais, informações, 
tecnologias, serviços e entre outros, e com um sistema econômico mundial, 
não passa de um mito. Os autores questionam também se de fato existe um 
comércio global e até mesmo a real extensão e significado da globalização. 
19 
 
Para Mazo, Teixeira e Hernandes (2004), nos tempos atuais, a 
globalização se faz presente nos avanços tecnológicos, que desde a evolução 
dos transportes, a chegada da informática nos anos 60, sua popularização nos 
anos 80 e da explosão das redes de comunicação nos anos 90, fez com que as 
trocas de informação e comercialização de produtos tivessem uma velocidade 
sem procedentes. 
Desse modo pode-se ver que historicamente a globalização é 
um processo cíclico que reflete a predominância social de cada 
época. Assim, em cada período histórico ela possui 
características próprias. A globalização moderna difere das 
anteriores por estar baseada no elevado avanço tecnológico e 
na expansão capitalista levada a cabo principalmente por 
pressões dos países industrializados. Assim a globalização é 
um processo ao mesmo tempo em que é resultante de outros 
processos. (MAZO; TEIXEIRA; HERNANDES, 2004, p.03) 
 
 Portanto, podemos dizer que a junção das nações e dos povos que 
ocorre nos tempos atuais se deve aos avanços tecnológicos, pois foi por causa 
desses avanços que aproximou e conseguiu promover a interação entre povos 
distantes. A globalização vai além das relações comerciais e financeiras. 
A internet se tornou o meio mais rápido e eficaz para se comunicar com 
pessoas de outros países e até conhecer aspectos culturais e sociais. As 
pessoas estão conectadas e difundido ideias, criando assim uma Aldeia Global. 
Albagli e Lastres concluem que: 
 [...] a ampla difusão das tecnologias de informação e 
comunicação, as quais proveram os meios técnicos que 
possibilitaram a ruptura radical na extensão e velocidade dos 
contatos e de trocas de informações possíveis entre diferentes 
atores individuais e coletivos. (ALBAGLI; LASTRES, 1999, 
p.12) 
 
Mendonça afirma que a internet facilitou a formação não só de redes de 
comunicação instantânea, como também de redes de produção, de serviços 
(comércio e entretenimento) e de investimentos com a capacidade realização 
de atividades simultâneas entre os pontos mais distantes. 
20 
 
 Para Avelar (2009, p.84) “o processo de globalização coloca diversas 
culturas numa vitrina mundial, na qual os exemplos exóticos distantes sejam 
trazidos diretamente para o lar.” 
Segundo Canclini (2007, p.43), devido ao aumento do cruzamento de 
diversas culturas locais, é criada uma cultura mundial, que resulta em culturas 
híbridas de escala internacional, vistas principalmente em centros urbanos e 
através de vias digitais. E, em função dos desenvolvimentos tecnológicos na 
área de comunicação, as culturas se juntam umas às outras de forma intensa, 
não dependendo mais apenas dos Estados-nação. 
A propagação de informações através de aparelhos digitais levam a 
ideia de tendência a se difundir e se diversificar instantaneamente. Os 
pesquisadores de tendências que estão espalhados pelo mundo munidos por 
câmeras digitais enviam suas informações para serem analisadas diretamente 
para as suas empresas contratadas através de sites, ou até mesmo sites e 
blogs de informações sobre tendências, sendo esse envio de informações 
facilitado pelo uso das novas mídias. (AVELAR, 2009) 
 
2.4 Novas Mídias e Moda 
Para Manovich (2005 p.25) o campo das novas mídias começa a tomar 
forma no fim da década de 1980. Foi quando surgiram novas instituições 
dedicadas à produção e apoio a arte das novas mídias na Europa. Para o 
autor, as novas mídias são compreendidas como atividades artísticas 
baseadas no computador. 
As novas mídias se fazem presentes em diversos setores, como na 
música, cinema e nas artes. Pois todos esses objetos culturais podem hoje em 
dia ser executados através de um computador. Contudo para ser uma nova 
mídia não basta ser produzido através dessas tecnologias, se não forem para 
ser executadas em um computador. Fazendo assim do computador um 
importante meio para a cultura, já que muitas delas vão depender das novas 
mídias para sua distribuição. 
21 
 
Manovich (2005) também afirma que a comunicação está sofrendo uma 
grande influência pelos computadores e que o mesmo é importante não só pela 
distribuição dessas mídias, mas também pela produção e armazenamento 
desses conteúdos. 
 De acordo com Thompson (1998, p.90), para entender as 
transformações culturais agregadas ao surgimento das sociedades modernas, 
deve-se uma grande importância ao desenvolvimento da mídia e ao seu 
impacto. 
Todas as formas de mídias como as imagens tanto em movimentos 
como as estáticas, texto e sons já estão sendo produzidas, e também 
transferidas para o meio digital para serem acessadas através de um 
computador, por quaisquer pessoas. 
Uma grande vantagem da nova mídia é que ela é totalmente interativa, 
podendo ser manipulada pelo usuário. Nesse processo, elepode escolher os 
elementos que serão expostos ou quais padrões seguir, transformando em um 
trabalho único e tornando-se co- autor do mesmo. (FIGUEIREDO, 2009) 
Por ser de acesso fácil, torna mais fácil sua massificação, sendo a 
internet um fator primordial para que isso aconteça, pois a distribuição é feita 
através de computadores. 
Sendo assim, um artista não depende mais como antes da televisão 
para se tornar famoso e um músico da gravadora para lançar sua música no 
mercado. Pois qualquer um que tenha uma rede social pode fazer sua 
autopromoção, divulgando seus trabalhos através desse meio, que acabou se 
tornando uma via direta com seu público, com quem pode interagir e saber 
como esta a aceitação do seu trabalho. 
Sucessos da web comprovam esta realidade, onde o poder da 
comunicação está descentralizado; não está mais nas mãos de poucos e cada 
vez mais o indivíduo ganha força através de suas redes sociais. 
Para Figueiredo (2009), as redes sociais se tornaram ao longo desses 
últimos anos o principal meio de comunicação mundial, diminuindo a distância, 
22 
 
territorial e linguística, entre os indivíduos. Pois com a internet, e mais 
precisamente com as redes sociais, as pessoas se encontram ligadas e perto 
umas das outras não importando em qual lugar do mundo possam estar. 
Neste novo momento, as pessoas podem ter ao alcance 
da "ponta dos dedos" acesso a um mundo de informações 
vindas de lugares onde jamais poderiam imaginar ter contato. 
Aqui se estabelece uma rede de conversação onde se trocam 
reclamações e compromissos, ofertas e promessas, aceitações 
e recusas, consultas e resoluções. É o mundo conectado em 
rede, onde os indivíduos participantes dessa nova realidade 
comunicativa levam o mundo interior de cada um para o 
espaço público. (FIGUEIREDO, 2009, p.14) 
 
De acordo com Benini (2011, p.12), “a comunicação online permite uma 
interação com o público inexistente em outras mídias.” De imediato é possível 
analisar os resultados de uma ação, identificar e modificar estratégias que não 
funcionam, responder em tempo real e também expor e compartilhar facilmente 
materiais. Segundo a autora, sites, comunidades, blogs e redes sociais em 
geral são canais de comunicação do público em geral, sendo que esses canais 
não são canais exclusivos. E que uma informação compartilhada está sujeita a 
ser vista e replicada por qualquer outra pessoa também presente na web, não 
importando se de forma negativa ou positiva. 
Para Madalosso (2010, p.07), a comunicação sofreu grandes 
modificações com a chegada da web 2.0. Agora todos podem produzir e 
compartilhar conteúdos online. Pelo computador, a todo momento ocorrem 
processos de interação social. Através de blogs e sites de redes sociais, o 
público passa a dar atenção ao que está sendo comentado por seus contatos. 
De acordo com Moura (2010), a internet é uma grande rede de 
comunicação, informação e divulgação, e houve um crescimento significativo 
na sua utilização pela área de moda, podendo ser observado no comparativo 
de dados dos últimos dos anos. 
 
Segundo dados do Google, no mês de junho de 2009, 
existiam no Brasil 1.230.000 sites de moda, 1.190.000 blogs de 
moda e 579.000 comunidades de moda na internet. Em maio 
de 2010 esses números apontam os seguintes números: 
23 
 
3.750.000 sites de moda; 8.310.000 blogs de moda; 2.540.000 
comunidades de moda. Os índices de crescimento apontam, no 
mínimo, mais de 300% ao ano para todos esses segmentos de 
mídia digital focados no tema moda. (MOURA, 2010, p.05) 
 
Com o surgimento e expansão das mídias, os profissionais e empresas 
da área de moda também passam a se interessar por esse segmento, vendo ali 
uma grande oportunidade de divulgação, avaliação dos seus negócios e 
também por estar mais perto do seu público alvo. 
Para Ramos (2011), em busca de consumidores, as empresas de moda 
e beleza invadiram as redes sociais para trocar ideias e convencer os usuários 
do valor de suas marcas. É crescente o número de páginas no Facebook, 
perfis no Twitter, e comentários em blogs, que tentam chamar atenção pelas 
redes com informações exclusivas ou notícias. 
 
Entrar no mundo da moda através das comunicações e da 
internet, hoje, classificada como era Web 2.0, é uma questão 
fundamental na sociedade, não só pelo fato da moda e sua 
indústria estarem tomando cada vez mais poder e espaço no 
mercado e na mídia, mas também pelo fato que todas as 
pessoas são “tocadas pela moda”. O interesse e aproximação 
com a temática é no intuito de trazer algumas contribuições e 
esclarecimentos básicos sobre o universo que comporta a 
informação de moda, as redes sociais em específico, e os 
blogs de moda. (Bortoluzzi; Hinerasky, p.02 ) 
 
Para Madalosso (2010), com a chegada da web 2.0, houve uma 
transformação no cenário de comunicação. Os modos de interação e a forma 
como as pessoas se relacionam com as informações mudou. Agora todos 
podem produzir e compartilhar produtos online. Processos de interação social 
ocorrem a todo o momento através de um computador, o público passa a dar 
atenção ao que esta sendo dito na rede, e os depoimentos ganham uma força. 
E é justamente neste ambiente interativo que surgem os blogs e redes 
sociais específicos de moda, causando uma grande revolução no cenário da 
24 
 
moda. Hoje, eles servem como uma nova fonte de inspiração tanto para os 
criadores, e pesquisadores como também para os consumidores. 
De acordo com Madalosso (2010 apud MCCRACKEN, 2003, p. 18), 
“com o auxílio da mídia, o sistema de moda é responsável por impulsionar 
conceitos e idéias pelo mundo, contribuindo na construção de identidades e 
atuando como um agente essencial para a comunicação entre indivíduos.” 
Atualmente as pessoas usam as redes sociais e os blogs para obterem 
informação de moda, não precisando mais de revistas e programa 
especializados para poder saber o que as pessoas e estilistas estão desfilando 
nas ruas ou passarelas. 
Riezu (2011, p. 42) complementa que “na internet, um fato pode 
encontrar eco universal e imediato, mas muito frequentemente são as ideias 
extravagantes – mais do que as boas - que costumam chamar a atenção.” 
Também, para a autora, na rede todos podem dizer algo, e que isso a princípio 
soa bem. Mas que acaba gerando informações confusas. 
Indica-se a internet como um meio que auxilia com eficácia as pesquisas 
de tendências, tanto em sites específicos com em blogs e páginas pessoais. 
Na rede, as informações têm mais rapidez, o que torna a pesquisa de 
tendências ainda mais veloz, democrática e globalizada. No entanto, como a 
internet é um instrumento de pesquisa acelerado e de livre acesso, é preciso 
ter bastante cautela, pois nem toda informação presente na rede é segura. 
Cabe ao pesquisador julgar se os dados coletados têm relevância e 
confiabilidade. (RECH e CAMPOS, 2009, p.04) 
Para Riezu (2011, p.65), “a rede não é só um lugar para obter 
informação e se expressar. Ela se transformou em uma fonte de ideias 
inovadoras, a disposição de quem souber encontrá-las e coloca-lás em 
prática”. 
A utilização da internet pelos coolhunters como uma fonte de pesquisas 
ocorre através de sites e blogs, onde eles podem acompanhar a vida das 
pessoas que eles acham que são as responsáveis pelo lançamento e 
propagação de tendências. - acompanhando sites e blogs pessoais que são 
25 
 
atualizados diariamente, com fotos, histórias e músicas. Criando uma espécie 
de diário virtual, onde os usuários relatam suas vidas, preferências e atitudes. 
Os coolhunters podem obter de forma rápida as informações que necessitam. 
(PICOLI, 2009) 
Picoli (2009, p. 56), cita que “existem também sites e blogs ondecada 
um pode expor uma foto sua, ou de alguém que ache cool, e outros darão 
notas e opiniões. Estes sites são ótimos para se entender o que os jovens 
acham cool hoje”. 
Com a característica de divulgadora e lançadora de tendências, as 
mídias sociais se transformam em grandes aliadas aos caçadores de 
tendências. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
 
3. NETNOGRAFIA APLICADA AO COOLHUNTING 
Graças à velocidade cada vez mais rápida das mudanças e inovações, 
que se encontra no mundo atualmente, as empresas necessitam mais do 
trabalho do coolhunter, que tem como principal objetivo fornecer informação 
válida e relevante sobre inovações e tendências, que podem ter um impacto 
positivo ou negativo nos negócios. 
Todas essas tendências e inovações são cada vez mais velozes e as 
redes sociais contribuindo com isso. Estas redes sociais têm um papel 
importante quanto à criação e difusão das novas tendências, já que essas 
tendências sempre vão juntas com a tecnologia de informação para poder 
proporcionar novidades aos consumidores. 
O trabalho de coolhunting pode ser realizado em diferentes espaços, ao 
redor do mundo, a partir da observação direta. Entretanto não é uma atividade 
que se limita só a ambientes físicos. Com o auxílio de profissionais 
especializados, é possível buscar tendências também na internet, onde os sites 
de redes sociais são um ambiente bastante apropriado para exercer essa 
atividade. Neles os usuários podem expressar suas opiniões, desejos, hábitos 
e preferências, fornecendo algumas informações necessárias para o prenúncio 
de tendências. (CERQUERIA, 2009) 
 
Embora os dados coletados na internet devam, para uma 
análise mais completa, ser cruzados com aqueles oriundos de 
outras fontes, as informações aqui obtidas trazem algumas 
facilidades, a saber: a visibilidade do meio, já que boa parte 
dos perfis em redes sociais online são públicos; a permanência 
da informação seus emissores, em alusão a memória da 
internet; e a espontaneidade existente hoje, uma vez que aqui 
os usuários ainda se expressam com naturalidade. 
(CERQUEIRA, 2009, p.35) 
 
Porém o uso da internet para as pesquisas ao mesmo tempo em que 
agrega pontos favoráveis aos coolhunters, também impõem desafios. O fato de 
as informações que ali se encontram também estarem disponíveis para os 
27 
 
concorrentes. Além disso, as mídias sociais constituem ambientes 
extremamente dinâmicos, os dados que foram coletados ontem já podem estar 
desatualizados hoje, o que demanda um ritmo acelerado e cauteloso durante o 
levantamento de dados. (PICOLLI, 2009) 
Com base nessas considerações e nas especialidades dos ambientes 
online, torna-se evidente a necessidade de uma metodologia apropriada para a 
pesquisa e leitura de tendências nas mídias sociais. 
Segundo Cerqueira (2009, p.36), participação e observação cultural são a 
base do trabalho de um coolhunter, que busca reconstruir com profundidade 
cenários culturais. Nesse sentido, esses profissionais utilizam de algumas 
técnicas da Antropologia, que auxiliam na identificação dos futuros padrões 
buscados. 
 
3.1 Antropologia 
 
 A Antropologia constituiu-se, historicamente, como o 
estudo do outro, entendido como outra sociedade, outra 
cultura, outro grupo social, enfim, aquele que se comporta de 
forma diferente. A antropologia é usada para conhecer e 
entender a nível mais profundo os comportamentos, dinâmicas, 
motivações e práticas dos diferentes grupos sociais. 
(FIORAVANTI, 2002) 
 
Para Brandão (1987, p.5), a Antropologia é uma ciência dedicada entender 
melhor a sociedade humana a partir das suas representações sociais, aquilo 
que fazem quando vivem e pensam. Para alguns antropólogos, a Antropologia 
estuda a sociedade como um sistema de símbolos e significados. 
 
 Proveniente da investigação de sociedades “simples”, 
onde o sentido do todo domina a razão de ser de cada um de 
suas partes de vida social e simbólica, a Antropologia aspira 
ainda a lidar com estruturas, relações e símbolos sociais como 
fatos sociais totais, feliz expressão de Marcel Mauss, um dos 
fundadores da Antropologia Social. (BRANDÃO, 1987, p.49) 
28 
 
 
A Antropologia social e cultural chamada também de etnologia é apenas 
um campo da Antropologia, e abrange a tudo que compõe uma sociedade, 
sua organização política e jurídica, suas crenças religiosas, sua psicologia, 
sua língua, sua economia, entre outros aspectos que regem uma sociedade. 
(LAPLANTINE, 2007, p.19) 
No coolhunting, a chave correta é a observação das pessoas responsáveis 
pelo lançamento de tendências e todo o seu universo. Por isso, o coolhunter 
está sempre ligado ao mundo da subcultura, pois é ali que vai encontrar os 
sinais que procura para fazer suas análises das futuras tendências. (PICOLI, 
2008) 
“As subculturas, antes chamada de cultura de rua, são 
geralmente definidas como subgrupos com estruturas sociais 
identificáveis, formas características de expressão simbólica, 
rituais próprios e conjuntos específicos de valores e crenças 
compartilhados” (CRANE, 2006, p. 370) 
 
3.2 Etnografia 
A Etnografia, que constitui uma área da Antropologia, é um método de 
investigação especialmente indicado na identificação de tendências. Além de 
propor diferentes técnicas para a coleta de dados (entrevistas, observação e 
documentos, resultando em descrições narrativas com eventuais fotos, 
gráficos etc.), ela compreende a realidade a partir de um viés cultural, em que 
o pesquisador mergulha no campo de trabalho, a fim se melhor compreendê-
lo. (CERQUEIRA, 2009) 
Para André (1995, p.27), a etnografia é um esquema de pesquisa 
desenvolvido pelos antropólogos para estudar a cultura e a sociedade. 
Etimologicamente etnografia significa “descrição cultural”. Esse termo, para os 
antropólogos, apresentam dois sentidos, sendo eles, técnicas que eles usam 
para coletar dados sobre os valores, hábitos, as crenças, as práticas e os 
comportamentos de um determinado grupo social; e um relato escrito 
resultante do emprego dessas técnicas. 
29 
 
 
 a etnografia tornou-se um meio de falar sobre teoria, 
filosofia e epistemologia simultaneamente no cumprimento de 
sua tarefa tradicional de interpretar diferentes modos de vida. 
(OLIVEIRA, 2000 apud. MARCUS; CUSHMAN, ANO, p. 37) 
 
Para Picoli (2008 apud. Barile, 2004, p.118), o coolhunter é um jovem 
“etnógrafo”. Se um etnógrafo tradicional estuda outra cultura o coolhunter 
estuda sobre o contexto da cultura jovem, que se tornou nos últimos anos a 
chave da criatividade das empresas, em busca da autenticidade que se 
encontra naturalmente dentro da cultura jovem. Ao oposto do etnógrafo 
tradicional, o coolhunter vai direto ao encontro do grupo que vai analisar, 
sabendo previamente o que irá observar e onde. 
Amaral, Natal e Viana (2008 apud. Hine, 2000, p.35) a etnografia consiste 
em sua forma básica que o pesquisador submerja no mundo que irá estudar 
por determinado tempo e leve em consideração as relações que se formam 
entre os participantes dos processos sociais, com o objetivo de dar sentido às 
pessoas, sendo esse sentido só por suposição ou pela maneira implícita em 
que as próprias pessoas dão sentido a vida. 
O etnógrafo é um pesquisador que vai ao encontro do objeto pesquisado. A 
interação constantemente entre o pesquisador e o objeto pesquisado é uma 
característica forte desse tipo de pesquisa, além da ênfase no processo, no 
que esta ocorrendo e não no produto ou no resultado final. O que caracteriza 
esse fenômeno? O que está acontecendo nesse momento? são perguntas que 
são feitas nesse tipo de pesquisas. (ANDRÉ, 1995) 
Assim, o pesquisadoracaba sendo o principal instrumento nos processos 
de coleta e análises de informações. Isso permite que as técnicas de coleta 
possam ser modificadas, se necessário, e a metodologia durante o 
desdobramento do trabalho se necessário. 
O etnógrafo não é um simples voyeur ou um observador 
desengajado, mas é, em certo sentido, um participante 
compartilhando algumas das preocupações, emoções e 
compromissos dos sujeitos pesquisados. Essa forma estendida 
depende também da interação, em um constante 
questionamento do que é possuir uma compreensão 
30 
 
etnográfica do fenômeno. (AMARAL; NATAL; VIANA, 2008 
apud. HINE, 2000, p.47) 
 
3.3 Netnografia 
Para Montardo e Rocha (2005, p.01), a metodologia para o estudo de 
práticas comunicacionais intercedidas por um computador recebe o nome de 
Netnografia, ou etnografia virtual e sua adoção é validada no campo da 
comunicação pelo fato de que “muitos objetos de estudo localizam-se no 
ciberespaço” e necessitam de instrumentos apropriados para as suas 
pesquisas. Portanto, a Netnografia é um dos métodos qualitativos que amplia 
os estudos em comunicação e cibercultura. 
Segundo Pereira (2007, p. 359), a netnografia é uma adequação dos 
métodos qualitativos que são utilizados nas pesquisas de consumo, 
antropologia e estudos culturais, com o objetivo de estudar o comportamento 
do consumidor dentro das comunidades virtuais e de produtos da cibercultura. 
A partir da necessidade de estabelecer pesquisas em ambientes online, 
Robert Kozinets cunhou a expressão “Netnografia” também conhecida como 
“Etnografia Digital” que constitui “uma descrição escrita resultante do trabalho 
de campo que estuda as culturas e comunidades on-line” emergentes, 
mediadas por computador, ou comunicações baseadas na internet, onde tanto 
o trabalho de campo como a descrição textual são metodologicamente 
conduzidas pelas tradições e técnicas da Antropologia cultural. (Cerqueira, 
2009, apud KOZINETS, 1998, p.36) 
Esse tipo de metodologia começou a ser explorada a partir do surgimento 
das comunidades virtuais, no final dos anos 80. No Brasil, porém, são poucos 
os estudos voltados para esta questão, no que diz respeito à metodologia em si 
ou aos objetos analisados. (AMARAL; NATAL; VIANA, 2008) 
 
 [...] o uso persistente do termo etnografia na pesquisa 
online é determinada em parte por causa da idéia – ou a 
construção – do ciberespaço. Toda cultura está inserida em um 
espaço, e a etnografia tradicionalmente surgiu a partir da 
investigação de outras culturas em outras terras. Uma 
31 
 
abordagem fenomenológica não depende de um espaço, nem 
um estudo de caso, ou uma análise de discurso. Seria a idéia 
de ciberespaço essencial á etnografia online?[...] (NOVELI, 
2010 apud. MITSUISHI, 2006, p.7) 
 
Há uma grande disponibilidade de informações na internet, mas não é só 
essa disponibilidade de informações a respeito de objetos de pesquisa na 
internet que é fator decisivo para o emergir de uma metodologia de pesquisas 
online, mas ainda a localização dos objetos no ciberespaço, além do 
posicionamento da internet como próprio objeto de estudo em sua intrínseca 
relação com diversas culturas. (AMARAL; NATAL; VIANA, 2008) 
A Netnografia como mudança virtual das formas de pesquisa face a face, 
proporciona vantagens, como o fato de consumir menos tempo, ser menos 
custosa e menos subjetiva, além de menos invasiva já que se pode comportar 
como uma janela ao olhar do pesquisador sobre comportamentos naturais de 
uma comunidade, fora de um espaço fabricado para a pesquisa, sem que esta 
interfira diretamente no processo como participante fisicamente presente. 
(AMARAL; NATAL; VIANA, 2008 apud KOZINETS, 2002, p.36) 
Os autores também afirmam que, por outro lado, perde-se em termos de 
gestuais e de contato presencial off-line que podem revelar nuances 
obnubiladas1 pelo texto escrito, emoticons, etc. 
Cerqueira (2009, p.36) afirma que “a etnografia digital exige procedimentos 
específicos, a depender dos objetivos e dos campos que estejam diante do 
pesquisador. Nesse sentido, ela também solicita por vezes uma aproximação 
com outras metodologias.” 
A netnografia exige combinação imersiva entre participação e observação 
cultural com relação às comunidades pesquisadas, sendo que o pesquisador 
deve ser reconhecido como um membro da cultura, um elemento importante do 
trabalho de campo. (Montardo; Passerino, 2006 apud Kozinets, 1997, p. 5) 
 
1 Para Michaelis (2002) obnubilar é “Obscurecer, esconder”. Verbete obnubilar. 
 
32 
 
Por ser uma transposição de metodologia do espaço físico ao espaço on-
line faz-se necessários procedimentos específicos da tipologia dos objetos 
estudados. 
Amaral, Natal e Viana (2008, p.33) destacam os critérios utilizados por 
Kozinets (1997) para a escolha de seus informantes e grupos estudados: 
“(1) indivíduos familiarizados entre eles, (2) comunicações que sejam 
especificamente identificadas e não-anônimas, (3) grupos com linguagens, 
símbolos, e normas específicas e, (4) comportamentos de manutenção do 
enquadramento dentro das fronteiras de dentro e fora do grupo (KOZINETS, 
1997, p. 9).” 
Ainda segundo os autores, “a intenção da utilização desses quatro critérios 
garante que se está de fato estudando uma cultura ou uma comunidade, (...) e 
não simplesmente examinando uma reunião temporária (KOZINETS,1997, 
p.38).” 
Kozinets (1997) especifica ainda quatro procedimentos básicos de 
metodologia para a netnografia são elas: 
 
1. Entrée cultural: É a preparação para o trabalho de campo, sendo uma 
etapa delimitada pelo pesquisador. Onde são definidos os objetivos, 
tópicos, grupos e espaços onde a pesquisa será realizada e também as 
ferramentas que serão utilizadas para a coleta e armazenamento de 
dados. 
 É a preparação da pesquisa onde o pesquisador escolhe 
previamente quais tópicos e questões pretende analisar e em quais tipos de 
comunidades, fóruns e grupos ele pode obter respostas satisfatórias para a 
sua pesquisa. 
 
2. Coleta e análise de dados: É quando o pesquisador consegue os 
dados e os interpreta, transformando-os em informação; 
Para a coleta e análise, há três tipos de captura de dados: a primeira consiste 
que nos dados coletados e copiados dos membros das comunidades se faz 
necessário utilizar filtros para que somente fiquem informações relevantes a 
33 
 
pesquisa; a segunda refere-se às informações observadas das práticas 
comunicacionais dos membros das comunidades, das interações e 
simbologias; a terceira vem dos dados que são das entrevistas feitas através 
da troca de e-mails ou em conversas em chats, mensagens instantâneas ou 
outras ferramentas. 
 
 
3. Ética de pesquisa: É quando o pesquisador identifica-se como tal, e 
identifica o interesse de sua pesquisa para solicitar a permissão para o 
uso das informações obtidas, entre os participantes das comunidades e 
fóruns. Dando garantias de confidencialidade e anonimato, tratando os 
envolvidos por pseudônimos e não por seus nomes de usuário. 
 
4. Feedback: É quando ocorre a checagem de informações com os 
membros do grupo pesquisado, e a apresentação do relatório final a 
alguns participantes, de forma que haja uma avaliação do material, bem 
como ideias adicionais. 
A checagem de dados com os membros do grupo pesquisado valida e dá 
credibilidade à pesquisa, podendo-se chegar, através das opiniões do grupo, 
em insights e conclusões além das observadas em campo. 
 
Cerqueira (2009) destaca os possíveis benefícios, fundamentados a partir de 
uma perspectiva Netnografica 
com aplicação direta para as diferentes organizações:descrever e analisar dinâmicas, apropriações, práticas, 
desejos, expectativas, crenças e conhecimentos comuns a um 
determinado grupo social presente em um ou mais espaços 
online pré-definidos. 
Sendo essas informações essenciais para o coolhunting, podem trazer 
confiabilidade aos trabalhos realizados por esses profissionais. 
A presente sistematização do trabalho de coolhunting nasce 
com um objetivo: refletir e organizar as práticas que identificam 
tendências em mídias sociais. Por se tratar de um processo 
dinâmico e contínuo, não é possível estabelecer uma proposta 
de atuação singular, que seja aplicável a diferentes clientes e 
34 
 
objetos de estudo. Além disso, as etapas que se seguem não 
constituem o único caminho existente até as possíveis 
tendências, constituindo apenas uma opção, entre tantas 
outras, de trabalho. (CERQUEIRA, 2009, p.37) 
 
A autora com base nos métodos da Netnografia estabelece etapas no 
trabalho de coolhunting em mídias sociais. A mesma destaca três etapas que 
auxiliam a identificar caminhos futuros a partir dessas mídias. São elas: 
 
1) Preparação – Momento onde serão escolhidos os procedimentos para o 
trabalho de coolhunting. Fazem parte dessa etapa a escolha dos objetivos, 
público e espaços. 
• Objetivos – O que se deseja buscar nas mídias sociais? 
As tendências podem abranger varias áreas de atuação, para ter um 
direcionamento em seu trabalho, o pesquisador deve ter claro quais os tipos de 
tendências, em quais áreas que está à procura e que tipo de conteúdo deseja 
encontrar, como por exemplo, texto, fotos, vídeo, entre outros conteúdos 
disponíveis online. 
 
• Público – De quem coletarei as informações? 
Nessa etapa são definidos sexo, idade, profissão, localização, hábitos, gostos. 
Que são definidos a partir dos interesses do pesquisador. Podemos observar 
que quanto mais particular um grupo social for, ele tende a ter um menor 
número (quantitativo) de informações, e um maior aprofundamento (qualitativo) 
nos dados coletados. 
 
Tendo em vista que as tendências um dia nascem de 
gestos isolados, o pesquisador deve identificar, a partir da 
segmentação acima, quais são os grupos com o perfil de 
inovação, quem são os formadores de opinião e os adoptantes 
adiantados. São essas as pessoas que vão importar, criar, 
adaptar e difundir práticas e/ou pensamentos que podem 
evoluir e alcançar outras pessoas. (CERQUEIRA, 2009, p.38) 
 
A prática de mensuração online é usada nessa etapa, para identificar os 
usuários mais influentes, qual a importância de determinados conteúdos. 
 
35 
 
• Espaços – Onde se encontra o meu público desejado? 
São os ambientes online em que se encontram objetivo e público, que vão 
desde as mídias sociais mais acessadas, aos sites de redes sociais de 
segmentos específicos que são uma fonte boa de pesquisa. “Nesses locais, é 
possível encontrar usuários interagindo intensamente, além de informações 
mais aprofundadas e precisas” (CERQUEIRA, 2009, p.38) 
 
 
2) Coleta de Dados – Como vou coletar os dados? 
É recomendável para essa etapa que o pesquisador utilize principalmente 
dois recursos. São eles: os softwares de monitoramento online e o diário de 
pesquisa. Com o monitoramento, é possível acompanhar: o volume de 
citações, os assuntos abordados, os emissores (com destaque para os 
influenciadores), as palavras relacionadas. 
“Esse relatório fornece indicadores que auxiliam o coolhunter na 
observação dos materiais, colaborando no armazenamento e na comparação 
dos dados ao longo do tempo.” (CERQUEIRA, 2009, p.38) 
O diário de pesquisa será utilizado para as impressões do pesquisador 
acerca das menções coletadas, e para o armazenamento de outros conteúdos, 
como imagens relevantes e pontos que se destacam. 
 
3) Análise – O que tudo isso quer dizer? 
 
A análise, que não possui uma estrutura linear ou padrão, 
deve identificar padrões e/ou potencialidades de padrões nos 
dados coletados. Trata-se de ter a sensibilidade de captar 
mudanças sutis, indicando quais as suas eventuais extensões, 
características e como elas poderão ser assimiladas por outras 
pessoas (além de, claro, ser rentabilizadas por determinadas 
organizações). (CERQUEIRA, 2009, p.38) 
 
A análise dos dados coletados nas mídias sociais necessitará ser 
comparada com a análise de outros meios, para que possa ser identificado o 
que há de convergente entre os materiais. Nesta etapa, deve-se ter uma 
equipe multidisciplinar, acrescentando uma interpretação abrangente ao objeto 
pesquisado e identificando oportunidades. 
36 
 
Com os relatórios feitos as organizações devem acrescentar as 
informações obtidas ao seu planejamento estratégico, aperfeiçoando as suas 
práticas, posicionamentos, processos. 
 
3.4 Blogs como fonte de pesquisa 
 
 Para Amaral, Natal e Viana (2008, p.35), “os blogs, em seus mais 
variados formatos e gêneros, têm sido uma ferramenta rica para os estudos 
empíricos ao serem analisados a partir de perspectivas netnográfica nos 
últimos anos”. 
Os blogs, por serem um meio que disponibiliza arquivos em vários 
formatos, em grandes quantidades e com mais rapidez, acabam se tornando 
uma fonte de coleta e análise de dados para que as pesquisas netnográficas 
sejam feitas. 
 Oliveira (2000), em seu livro O trabalho antropólogo, descreve as fases 
que um pesquisador passa ao fazer sua pesquisa de campo, que também 
descreve as etapas que um pesquisador passa para fazer um trabalho 
netnográfico. São elas: o olhar onde pode ser o primeiro contato do 
pesquisador, o ouvir que complementa o olhar, e serve para obter explicações 
fornecidas pelos próprios membros da comunidade investigada, através de 
entrevistas, e a última fase, que seria o escrever, que é a parte final do 
trabalho, onde ele descreve, analisa e interpreta a comunidade investigada. 
Um dos muitos lugares que essas análises podem ser feitas são nos 
blogs pessoais, pois, como já foi dito anteriormente, neles as pessoas dão as 
suas opiniões e gostos, sendo uma informação de livre acesso, para quem 
quiser obtê-las, e isso acaba sendo uma facilidade para os coolhunter. 
Acompanhando os blogs de pessoas ditas como inovadoras, os 
coolhunters obtém informações de forma rápida para as suas pesquisas, pois 
os mesmo são atualizados diariamente. 
 Segundo Picoli (2008 apud FERREIRA; VIEIRA, 2007, p.1), o blog 
surgiu como uma mudança do diário pessoal para o computador, sendo 
possível saber nome, características do autor do blog, por ele funcionar como 
um diário pessoal. 
37 
 
A autora também ressalta que, apesar dos blogs pessoais serem 
maioria, os blogs ganham status de um canal de comunicação, e passaram a 
ser utilizados por diversas áreas como a moda, o jornalismo e até a estratégia 
de marketing para empresas. 
Jorn Barger foi o primeiro a usar o termo “weblog” no ano de 1997, 
referindo-se a um conjunto de sites que “colecionavam” e divulgavam links 
interessantes na web. Nesta época, os weblogs ainda eram muito 
semelhantes e quase nada diferenciados de um site comum na web. 
(AMARAL; RECUERO; MONTARDO, 2009) 
 
Até 1999, o número de blogs não era significativo. Sua 
explosão aconteceu a partir desse ano quando surgiu Pitas, a 
primeira ferramenta de criação de blogs. Nesse mesmo período 
foram lançados Pyra, e mais tarde, o Blogger, e Groksoup8 
ferramentas de fácil criação e atualização de blogs. Os blogs 
podem ter seu acesso restrito apenas aos seus criadores, 
como também, serem compartilhados com um grupo de amigos 
para permitir as trocas de vivências e opiniões, ou para o 
público em geral (Shittine, 2004). (MONTARDO; PASSERINO, 
2006) 
 
Para as autoras, os blogs são versões maisdinâmicas dos websites pessoais e 
recebem as suas mesmas críticas, em termos de experiências de publicações 
amadoras, que na maioria das vezes se convertem em produtos narcisísticos e 
exibicionistas. 
 
Do ponto de vista teórico, os blogs reconvertem o 
sentido de produção e recepção, a medida que curto-circuitam 
ambos. A produção de mensagens (posts) é baseada numa 
constante conversação entre eles, em um consumo recíproco 
de idéias e informações, algo que funda a criação de um novo 
espaço de comunicação: o espaço das conexões (dos links, 
das remissões, das citações, dos comentários etc). No entanto, 
os blogs são um “especo protegido”, pois resguarda a figura do 
autor como um sujeito de uma produção singular de opinião. 
(BRAVIN; MALINI, 2010, p. 1) 
 
 
Orlandi (2010 apud GILLMOR, 2007, p. 3) define os blogs como sendo 
uma página que contém informações organizadas de maneira 
cronologicamente invertidas, sendo as informações mais atuais que ficam no 
topo da página, além disso apontam links de páginas na internet e possuem um 
38 
 
local para comentários em cada post, favorecendo a comunicação e a 
discussão entre leitores. 
Os blogs surgem em um cenário onde o público exigente cria sua própria 
forma de se expressar sobre seus gostos e opiniões, trocando essas 
experiências com outros blogueiros e leitores. 
Para Montardo e Passerino (2006) os blogs, assim com a web, podem 
ser entendidos como contexto cultural tanto quanto artefato. Enquanto artefato 
surge como ferramenta de fácil utilização em websites, que são baseados no 
sistema de micro-conteúdos e na atualização quase diária dos mesmos, 
podendo ter vários autores e permitindo comentários dos leitores. 
Já em termos de contexto cultural, os blogs são espaços de 
comunicação mediada através de um computador, podem ser entendidos a 
partir dos webrings2 e analisados sob o ponto de vista da socialização que 
deles recorre. 
 Segundo as autoras, a técnica de netnográfia não é aplicada aos blogs 
especialmente nos aspectos de socialização, porém observa-se que a 
socialização decorrente dos blogs pode ser sistematizada na ideia de webrings, 
o que torna os blogs privilegiados para a análise da socialização na internet, 
pois nos mesmos a socialização entre os autores e leitores, através das 
postagens e dos comentários, acontecem de forma espontânea. 
A netnográfia aplicada ao estudo dos blogs proporciona como 
possibilidades a exploração da comunicação multimídia, permitindo, a coleta de 
dados em vários tipos de mídias, como texto, fotos e áudios, recursos que 
podem enriquecer a observação dos estudos etnográficos tradicionais. 
As autoras também ressaltam que há outras possibilidades para o uso 
da netnografia para pesquisa em blogs, como: 1)facilidade de busca e coleta 
de dados; 2) amplitude da coleta e do armazenamento (no tempo e no espaço); 
3) desdobramento da pesquisa com rapidez. 
Para que as pesquisas possam ser feitas em blogs, é importante para o 
pesquisador entrar em contato com os blogueiros, para se manifestarem de 
 
2
 Recuerdo (2003) – Segundo a autora webrings é um termo utilizado “para definir círculos de 
bloggeiros que lêem seus blogs mutuamente e interagem nestes blogs através de ferramentas 
de comentários. Os blogs são linkados uns nos outros e formam um anel de interação diária, 
através da leitura e do comentário dos posts entre os vários indivíduos, que chegam a 
comentar os comentários uns dos outros ou mesmo deixar recados para terceiros nos blogs.” 
39 
 
forma mais precisa sobre as intenções da pesquisa, e estabelecer acordos 
quanto à coleta de dados a partir dos blogs a serem analisados, sendo também 
importante que o pesquisador delimite a sua pesquisa. 
Nesse tipo de pesquisa, há várias limitações quanto à aplicação da 
técnica netnográfica em estudos sobre blogs, entre elas o fato de que se 
podem desdobrar os rumos da pesquisa, o que pode abrir inúmeros caminhos, 
fazendo com que seja fácil perder o foco de pesquisa inicialmente proposto. 
Nesse sentido, é importante fazer uma seleção do tópico que se 
pretende analisar, restringindo o tipo de blog e período de análise. 
 Apesar das limitações, as autoras consideram que o uso desta 
metodologia em pesquisas que visam o estudo de espaços de socialização na 
web (como os blogs) é fundamental para oferecer um estudo mais aprofundado 
e completo, considerando o universo pesquisado a partir dos seus atores 
principais. 
Para Madalosso (2010), os blogs de grande acesso têm capacidade de 
mobilizar as atenções para si e grande influência de opiniões, e trouxerem 
atenção para o segmento e exaltaram sua relevância. Seus autores logo 
alcançaram reconhecimento público, e a interação que os mesmos têm com os 
seus leitores permitiu o estabelecimento de um relacionamento bastante 
próximo entre os seus autores e leitores. 
A relação entre blogueiros surge como uma troca de informações, e são 
muito importantes para o estudo da rede. Essa interação cria vínculos que são 
essenciais para conseguir destaques na rede. As principais blogueiras também 
servem como conectoras, sendo sempre citadas e seus assuntos repercutidos 
por outras blogueiras. (ORLANDI, 2010) 
Há vários tipos de blogs além dos diários virtuais, e em vários 
segmentos. Na moda, os mais populares são os chamados streetstyle, que são 
os blogs que mostram a moda usada nas ruas do mundo todo. Onde as 
pessoas que são selecionadas e fotografadas acabam sendo influenciadoras 
tanto para os leitores desse tipo de blog, quanto para a moda em geral. 
Os blogs de maior referência no estilo streetstyle são o The Sartorialist3, 
o Face Hunter4. Nestes blogs, os autores selecionam pessoas com estilos 
 
3
 The Sartorialist, disponível em <http://www.thesartorialist.com/> 
40 
 
diferenciados e característicos, que tenham perfis inovadores e que possam 
ser referência para os demais. Geralmente estes tipos de blog são simples, 
somente a foto e uma legenda fazem parte de seus posts. 
 
O culpado da proliferação destes últimos é Scott 
Schuman, um nativo da indiana [EUA], antigo trabalhador da 
Bergdorf Goodman. Seu blog, The Sartorialist dogmatizou-se, e 
a sua influência é onipresente. Luz impecável, detalhismo, e 
uma breve explicação da eleição são sua marca. Não tem 
preconceitos de idade, bairro ou classe social, porque sabe que 
o estilo aparece logo ali onde menos se espera. (RIEZU, 2011, 
p.63) 
 
 
Segundo Madalosso (2010, p.8) ,The Sartorialist vem do sartori, que 
significa alfaiate. Surgiu em 2005, onde registrava as ruas de Nova York. 
Atualmente o blog tem cerca de 125 mil acessos por mês e seu criador, Scott 
Schuman adquiriu grande reconhecimento que o permite percorrer o mundo 
registrando o que se tem feito no âmbito da moda “de rua”. 
O blogueiro afirma que sua intenção ao capturar as imagens dos 
transeuntes não é permeada por um senso de moda, mas sim pela mensagem 
que a criatividade de escolher e sobrepor roupas e acessórios transmite. 
Com fotos tiradas nas ruas de diversas cidades, e que servem de plano 
de fundo, o blog e atualizado diariamente. Registra anônimos e famosos, que 
por sua maneira de vestir chamam a atenção do blogueiro. 
Com layout simples, que é uma característica do blog, seus arquivos são 
divididos em categorias, como por gênero, eventos de moda, lugares, pessoas 
e por datas, tornando as fotos o ponto principal do blog. 
Em 2009 foi lançado o livro, que além de imagens, traz dicas do que é 
preciso para ser fotografado por Scott Schuman, o livro inclui fotografias de 
figuras bem conhecidas da moda ao lado de pessoas encontradasna rua, cujo 
estilo pessoal e gosto exige um olhar mais atento. 
O blog Face Hunter criado pelo suíço radicado em Londres Yvan Rodic, 
em janeiro de 2006 começou a fotografar pessoas em eventos de arte, quando 
vivia em Paris. Suas primeiras fotografias tinham um corte fechado, surgindo 
 
4
 Face Hunter, disponível em <http://facehunter.blogspot.com.br/> 
41 
 
daí o nome do blog, que em português quer dizer “caçador de rostos”, Yvan se 
autodenomina um “observador contemporâneo”. 
 Com poucas semanas no ar o blog se transformou em um dos blogs de 
streetstyle mais conhecidos na web, com cerca de 20 mil acessos diários 
segundo o blogueiro. 
 
“Meu trabalho é relacionado com a moda, mas não estou 
exatamente no coração da indústria. Para mim a chave é uma 
espécie de química entre a pessoa, a atitude e o estilo. Isso vai 
além da moda. Estilo é uma expressão de si. Moda é indústria, 
marca, tendência, é o que sai nas revistas, e estilo ultrapassa 
isso.”5 
 
O blog também apresenta suas imagens de maneira simples, sendo o 
visual o ponto primordial de ambos, que não apresentam texto nas suas 
postagens, somente a fotografias e um título, que geralmente indica onde a 
fotografia foi tirada. 
Assim como Scott Schuman, Yvan também lançou um livro com o 
registro das suas fotografias, e ministra cursos e palestras ao redor do mundo 
sobre streetstyle. 
Esse processo de registrar por fotografias como as pessoas se vestem 
no seu dia a dia é uma pratica surgida na década de 80, quando os movimento 
e tribos das ruas passaram a influências o comportamento e 
consequentemente o consumo jovem. “O processo faz parte do trabalho do 
coolhunter que através da imersão em ambientes culturais específicos, 
identifica e registra novidades e potenciais tendências no vestir das pessoas” 
(MADALOSSO, 2010, p.48). 
E é justamente nesses blogs que as pesquisas podem ser feitas, pois 
neles podemos encontrar os influenciadores de toda uma geração. Ao procurar 
uma pessoa para fazer parte de um post, os autores de blogs de streetstyle 
procuram pessoas inovadoras, ousadas e que tenham algo a mais para 
mostrar. Seu público vai desde leitores comuns a grandes editores de moda e 
estilistas já consagrados. 
 
5 Yvan Rodic Entrevista com Yvan Rodic, o autor do blog Face Hunter, que autografa seu 
primeiro livro em SP. Marie Claire, Por Letícia González. 
http://revistamarieclaire.globo.com/Revista/Common/0,,EMI140345-17631,00.html 
 
42 
 
O conteúdo desse tipo de blog passou a ser uma fonte de referência, 
online para os pesquisadores de moda e fonte de inspiração para os 
consumidores. Ao acompanhar as atualizações diárias destes blogs os 
coolhunters podem identificar possíveis sinais que possam desencadear 
futuras tendências. 
Ao observar as fotografias presentes nesses blogs, onde se encontrão 
diferentes estilos de pessoas e atitudes, cada uma com suas características e 
diferentes interpretações, o coolhunter pode identificar sinais de personalidade 
e gostos dos fotografados. 
Através desses blogs obtém-se um grande banco de dados de imagens, 
podendo detectar em alguns detalhes sinais que poderão tornar-se tendências. 
Portanto pode-se dizer que os próprios criadores destes blogs fazem uma 
forma de coolhunting espontânea. (PICOLI, 2008) 
A internet não é só utilizada como fonte de pesquisa, os coolhunters 
utilizam sites e blogs também como forma de apresentar os resultados das 
suas pesquisas expondo suas ideias. Estes sites acabando sendo fonte de 
informações até mesmo para outros coolhunters. 
Há sites específicos de coolhunting que disponibilizam fotografias de 
pessoas e objetos onde apresentam conceitos e formas inovadoras. Novas 
propostas de design, moda, arquitetura, arte, tecnologia entre outros são 
apresentadas. 
Famosos sites desses estilos são www.thecoolhunter.net e o 
www.coolhunting.com. Nestes sites são apresentados lançamentos de novos 
produtos, inovadores, vanguardistas e originais. ”(Ver ilustração 1). 
 
 
Figura 1: Sites de coolhunting <www.thecoolhunter.net>,<www.coolhunting.com> 
 
43 
 
Divididos em categorias de diversos setores, esses sites postam 
fotografias e vídeos e um pequeno texto explicando as novas propostas 
apresentadas, são atualizados diariamente, sendo uma ótima ferramenta para 
atualizar-se do que acontece no mundo de vanguarda. 
Bill Tikos criador do thecoolhunter.net diz que se guia pela relevância, 
não pela novidade, e pretendem encontrar os futuros clássicos, os ícones de 
amanhã. (RIEZU, 2011) 
Existem também os sites das agências especializadas, onde elas 
disponibilizam para os seus clientes que geralmente são grandes empresas, de 
diversos setores, as análises detalhadas de futuras tendências. Porém também 
deixam disponíveis algumas análises gratuitas para seus visitantes. 
Essas agências contam com diversos colaboradores e escritórios 
espalhados ao redor do mundo. Os sites de agências mais conhecidos são o 
www.wgsn.com da agência WGSN que é uma agência líder no setor, e o site 
www.trendwatching.com. 
A agência WGSN, foi fundada em 1998, pelos irmãos Julian e Marc 
Worth, contam com uma equipe de duzentos profissionais de criação, e têm 
sedes em Nova York, Hong Kong, Seul, Melborne entre outros. (RIEZU, 2011) 
Já a agência www.trendwatching.com foi fundada pelo holandês Reinier 
Evers no ano de 2002, tem 8 mil membros em mais de 70 países e elaboram 
relatórios anuais e mensais para mais de 160 mil assinantes. (RIEZU, 2011) 
Mesmo com tantos canais disponibilizando informações, um coolhunter 
deve estar sempre atento ao que acontece no mundo social e cultural, estar 
atento sobre os lançamentos de novas tecnologias e acompanhar todos os 
meios de informações, como jornais e revistas, para assim poder entender o 
consumidor e conseguir captar as tendências e interpretá-las. 
 
 
 
 
 
44 
 
4. A COLEÇÃO: Ciber (Flâneur) 
O coolhunter e a sua busca constante por novidades, pessoas e atitudes 
diferentes, munidos por câmeras fotográficas e blocos de anotações que são 
suas ferramentas de trabalho, se assemelha ao termo Flâneur de Baudelaire 
que também passa seu tempo nas ruas com o intento de observar o que 
acontece no cenário urbano. 
 
 O termo flâneur vem do francês e tem o significado 
de "vagabundo", "vadio”, ”preguiçoso", que por sua vez 
vem do verbo francês flâner, que significa "para passear". 
Charles Baudelaire desenvolveu um significado para 
flâneur de "uma pessoa que anda pela cidade a fim de 
experimentá-la". (VILELA, 2009, p. 03) 
 
Para Vilela (2009), a utilização e a teorização do termo por Baudelaire e 
por diversos pensadores tantos em termos econômicos, culturais literários e 
históricos, fez com que a figura do Flâneur tenha adquirido importante 
significado como referência para compreender fenômenos urbanos e a 
modernidade. 
A figura do Flâneur surge no século XIX, quando a industrialização 
trouxe consigo a urbanização das cidades europeias, a formação dos grandes 
conglomerados humanos e a mudança de ritmo na vida dos habitantes da 
cidade havia mudado. E foi nesse cenário durante as décadas de 1830 e 1840, 
que ocorreu o seu aparecimento, de uma figura que parecia alheia a tudo isso. 
(PASSOS; GOUVÊA; TOSTI E POLITO, 2010) 
Na contemporaneidade, vive-se um tempo mediado pelas tecnologias, 
em que foi preciso introduzir um novo termo para descrever a atividade do 
flâneur. O ciber-flâneur é um observador que olha sem julgar, que busca

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