Buscar

Resumo de Direito Civil I

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

• Resumo Pessoa natural e pessoa jurídica
Pessoa é o ente suscetível de direito e Obrigações.
Basta que tenha nascido com vida para que se atribua personalidade, passando a ser sujeito do direito.
Nascituro, mesmo sendo um feto, ou seja, que não tenha nascido já terá seus direitos assegurados.
A personalidade civil da pessoa começa a partir do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo desde a concepção, os direitos do nascituro.
Dá-se o nascimento com a positiva separação da criança das vísceras da mãe, pouco importando que ocorra naturalmente ou artificialmente (cesárea ou parto
normal).
A prova inequívoca que o sujeito tenha respirado pertence à medicina, mas somente com o ato de respirar ele ganhará sua personalidade.
A posição do nascituro é peculiar, pois o nascituro possui, entre nós, um regime que o protege tanto no Direito Civil, como no Direito Penal, mesmo não tendo
todos os requisitos de personalidade. Embora o nascituro não seja considerado pessoa, tem a proteção de seus direitos desde a concepção e os mesmos
resguardados por lei.
A personalidade nasce somente proveniente do nascimento com vida!
O nascituro tem direito a alimentos por parte de quem o concebeu.
A pessoa interditada legalmente, incapaz de realizar atos da vida civil, continua tendo personalidade, podendo então figurar como sujeito de direito, porém
necessita que alguém, por ele, exercite a capacidade de fato. Sendo praticados os atos da vida civil por um curador.
Pessoas tuteladas ou que possuem respectivos curadores serão assistidos em sua capacidade de gozo, mas não na sua capacidade de direito.
Não existem relações jurídicas que não seja o ser humano o Titular.
Toda pessoa é dotada de personalidade, sendo ela intransferível.
Pessoa é o ser ao qual se atribuem direitos e Obrigações.
Animais e seres inanimados não podem ser considerados sujeitos de diretos, quando muito, serão considerados objeto de direito.
A capacidade é a medida da personalidade.
Todo ser humano é sujeito de direito, portanto, podendo agir pessoalmente ou por meio de representante legal.
A capacidade de fato ou de exercício é a aptidão para pessoalmente o individuo adquirir direitos e contrair obrigações.
O conjunto de poderes conferidos ao ser humano para figurar nas relações jurídicas dá-se o nome de personalidade.
A capacidade, dá o limite da personalidade.
• Absolutamente incapazes
São absolutamente incapazes, os menores de 16 anos, os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática
desses atos, os que mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.
São portadores de incapacidade absoluta (CC, art. 3º):
a) Os menores de 16 anos;
b) Os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento;
c) Os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.
• Relativamente Incapazes
São relativamente incapazes, os maiores de 16 anos e menores de 18, os ébrios habituais, os viciados em tóxicos e os que por deficiência mental tenham
discernimento reduzido; os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; pródigos.
São portadores de incapacidade relativa (CC, art. 4º):
a) Os maiores de 16 e menores de 18 anos;
b) Os ébrios habituais, os toxicômanos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido;
c) Os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;
d) Os pródigos.
• Índios/ Silvícolas
A incapacidade dos indígenas perdurará ate a adaptação na vida civilizada. Os índios enquanto não absorvidos pelos costumes da civilização, submetem-se ao
regime tutelar da União (FUNAI).
A capacidade dos Índios, ou seja, dos silvícolas serão regulamentadas por uma legislação especial.
 
• Ausente
Os ausentes devem ser entendidos, como aquela pessoa cuja habitação se ignora ou que sua existência se duvida, e cujos bens ficam ao desamparo.
Ausente é a pessoa que deixa seu domicílio e não há mais notícias de seu paradeiro. Sendo que deve ser declarado assim por um juiz.
A ausência não acaba com o vínculo do casamento, essa somente se anulara pelo divórcio ou com a certeza de reconhecimento de morte presumida.
A ausência é declarada judicialmente.
• Curador
Curador dativo é o curador escolhido pelo juiz na falta de parentes do ausente.
• Curadoria do ausente: A curadoria dos bens do ausente pode durar 3 anos, se o ausente tiver deixado PROCURADOR.
A sentença em que é declarada a ausência deve ser levada a cartório de registro, sendo que somente começa a produzir efeitos 180 dias após sua decretação, assim
passando os 180 dias inicia-se a sucessão provisória.
Para que se consiga declarar a ausência, o ausente não pode ter deixado representante legal ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens.
O juiz a requerimento de qualquer interessado ou do ministério publico, declarará ausência, e nomear-lhe-á curador. Sendo estabelecida a preferência pelo
conjugue para o cargo de curador, desde que não esteja separado judicialmente ou de fato por mais de dois anos antes da declaração de ausência.
O ausente não é considerado incapaz em razão de seu desaparecimento. A curatela, portanto, é para os bens e não para o ausente.
A curadoria dos bens, em regra dura um ano, porque nesse prazo o juiz manda publicar de dois em dois meses um edital chamando o ausente para vir tomar
posse de seus bens.
Os herdeiros que não forem herdeiros necessários devem prestar caução, isto é garantia para ser emitido na posse dos bens do ausente.
Na sucessão definitiva os herdeiros passam a ser donos dos bens.
Se o ausente voltar dentro de 10 anos, ele terá seus bens devolvidos.
• Curadoria provisória: Visa declarar o estado de ausência, ordenar a arrecadação dos bens do ausente e nomear um curador para administrá-los;
• Sucessão provisória: O prazo para sua abertura é de pelo menos 1 ano a contar da arrecadação, e tem por objetivo declarar o estado de ausência, autorizar o
inventário e partilha dos bens e transferi-los à posse dos herdeiros;
• Sucessão definitiva: A ser aberta no prazo de 10 anos após o trânsito em julgado da sentença de sucessão provisória. Gera o reconhecimento judicial da morte
presumida e a transferência da propriedade dos bens aos herdeiros.
Casos de declaração de morte presumida que dispensam a prévia decretação de ausência (CC, art. 7º):
a) se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; ou
b) se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra.
• Comoriência
Têm-se por comorientes as pessoas que falecem na mesma ocasião, sem que se possa averiguar qual delas precedeu às demais. Consoante o art. 8º do CC, os
comorientes presumem-se simultaneamente mortos.
Dois ou mais indivíduos falecerem na mesma data, sem poder presumir-se quem morreu primeiro, serão considerados simultaneamente mortos, ou seja, um não
recebe herança do outro.
Não há necessidade de ser o mesmo evento para que ocorra a Comoriência.
• Capacidades
Capacidade de Direito, basta o nascimento com vida para adquirir.
Capacidade Plena ou capacidade de fato é a capacidade de exercer.
• Capacidade civil
A capacidade pode ser de direito, representando a aptidão de ser titular de direitos e deveres, e de fato, que se relaciona à aptidão de exercer pessoalmente os
direitos e deveres na ordem civil.
Todas as pessoas possuem capacidade de direito, mas nem todas possuem capacidade de fato.
Consideram-se representantes e assistentes dos incapazes os seus pais, tutores e curadores.
Capacidade Penal: 18 anos, sendo que os menores de 18 anos são regidos pelo ECA.
Capacidade empresarial: 18 anos.
Capacidade tributaria: 18 anos.
Capacidade política: 16 anos voluntário.
18 anos Obrigatoriamente.
Capacidade plena não se confunde com Legitimidade, eu posso ter capacidade plena e não ter legitimidade para praticar determinados atos.
Fim da personalidade civil, com o fim da existência da pessoa natural.
• Incapacidadeabsoluta e relativa.
A incapacidade significa uma restrição legal à capacidade de fato. Enquanto os absolutamente incapazes agem representados, por não poderem exprimir sua
vontade, os relativamente incapazes agem assistidos, ou seja, acompanhados da pessoa do assistente.
• Maioridade
Aos 18 anos, se adquire a capacidade de fato, é quando a pessoa se torna apto a praticar pessoalmente todos os atos da vida civil.
A maioridade somente é atingida ao completar 18 anos.
• Pródigo
Pródigo é, portanto, o individuo que gasta desmedidamente, dissipando seus bens, sua fortuna.
A prodigalidade não deixa de ser uma espécie de desvio mental, geralmente ligado à prática dos jogos e outros vícios.
A interdição do pródigo só o privará de sem curador, emprestar, transigir, dar quitações, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral
atos que não sejam de mera administração. O conceito será fornecido pela psiquiatria.
O pródigo pode praticar qualquer outro ato da vida civil, não ficando privado do pátrio poder, do exercício de sua profissão ou atividades, etc.
Sua curatela pode ser requerida pelos pais ou tutores; pelo conjugue, ou por qualquer parente; pelo ministério público.
Alcoólatras, toxicômanos, ébrios e deficientes mentais leves.
Os alcoólatras, toxicômanos, ébrios e deficientes mentais e excepcionais sem desenvolvimento mental completo, serão interrogados pelo juiz e terão uma perícia
médica para avaliar o caso, e para cessar o caso, também.
• Emancipação
Consiste na antecipação da capacidade civil plena. Verifica-se nas hipóteses previstas no art. 5º, parágrafo único, do CC:
Emancipação é irreversível.
A idade mínima para a emancipação é de 16 anos, sendo que o menor tem que ter capacidade de sobrevivência por si só (patrimônio + discernimento)
Há várias espécies de emancipação
Emancipação voluntária: Concedida pelos pais, ocorre por meio de escritura pública, independe de homologação judicial.
Tutor requer judicialmente a emancipação de seu tutelado (pupilo).
a) Pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do
juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver 16 anos completos;
b) Pelo casamento;
c) Pelo exercício de emprego público efetivo;
d) Pela colação de grau em curso de ensino superior;
e) Pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com 16 anos completos tenha
economia própria.
A emancipação se dá por meio de escritura pública e a mesma não pode ser revogada.
Qualquer ato praticado por menor de 16 anos é considerado NULO.
• Surdos e mudos
Surdos e mudos, ainda que somente comunicando através da linguagem que lhes é própria, serão considerados capazes.
OBS: Os negócios realizados com menores e demais incapazes, desde que representados ou assistidos, são plenamente válidos e eficazes.
Casamento
OBS: O casamento putativo poderá reverter a emancipação para aqueles que agirem de má-fé!
EX: João casa com Maria que tem 14 anos, mas João falsifica sua certidão de nascimento para 18 anos, para não ter que pedir autorização de seus pais e nem do
juiz.
A Maria permanece emancipada e João continua sendo relativamente incapaz.
Observações Importantes
• Direitos da personalidade
São os direitos inerentes as pessoas que visam a garantia do princípio da dignidade da pessoa humana.
Requisitos
São irrenunciáveis
São intransmissíveis
São vitalícios
São fora de comércio
Existem 3 dimensões para os direitos da personalidade
Garantia da inteireza física
Garantia da inteireza mental
Garantia da produção intelectual (direitos autorais)
Doação de Órgãos
PERMITIDO
Órgãos duplos
Tecidos, rins, sêmen, óvulo, medula, órgãos regenerativos como o sangue e o fígado.
Requisito essencial: GRATUIDADE.
Morto vai para o banco de órgãos.
PROIBIDO
 – Defeso
 – Barriga de aluguel
 – Oferta de órgãos para transplante
 – Mutilação
• Estado familiar
É a posição que a pessoa ocupa perante a família, matrimônio e parentesco; filho, neto, sobrinho, enteado, marido, esposa, sogro, genro, cunhado, companheiro,
casado, divorciado, viúvo, separado.
• Estado político
Posição frente a nação.
Ius sanguini: Direito do sangue.
Por esse critério a nacionalidade é de acordo com a nacionalidade do PAI.
Ius soli: Direito de solo
Apátrida: aquele que não tem nacionalidade.
DOMICÍLIO
Domicílio é o local onde a pessoa tem ânimo definitivo de morar. Ou seja, é o local onde a pessoa responde juridicamente pelos seus atos.
• Pessoa Jurídica
Pessoa jurídica é um ente a quem o ordenamento jurídico confere personalidade, isto é, torna esse ente um sujeito de direitos e obrigações.
São elas:
 – Pessoas jurídicas de Direito Público
 – Pessoas jurídicas de Direito Privado
 – As pessoas jurídicas do direito público se dividem em:
 – Direito Público Interno
 – Direito Público externo
Perder a personalidade é deixar de existir, desconsideração da personalidade, mas ela continua existindo.
Liquidação: cumprimento de todas as obrigações dissoluções finais ou fim da existência da pessoa jurídica após a liquidação total.
Domicilio da pessoa natural e jurídica
Domicilio voluntário: a pessoa escolhe livremente o seu domicílio.
Domicilio necessário: a lei impõe
Domicilio de eleição: é o domicílio dos contratos. (eleição = escolha)
• Particularidades
Domicilio necessário é aquele que o juiz determina, igual aos casos do Incapaz, servidor público, militar, marítimo (marinheiro) e preso.
Domicilio de eleição é também chamado de domicílio de eleição de foro.
A mulher casada e os incapazes possuem domicílio especial e podem escolher o domicílio para as ações de divórcio, alimentos, investigação e paternidade.
Os diplomatas e embaixadores podem optar pelo domicílio onde encontram desempenhando suas funções ou pelo último domicílio que tenham tido no Brasil.
Caso contrário será o distrito federal.
Os itinerantes, andarilhos, ciganos, o domicílio será o local em onde forem encontrados.
O domicílio de eleição pode ser completamente diferente do domicílio das partes, exceto se as partes possuírem domicílio legal ou necessário.
O domicílio é também chamado de sede jurídica das pessoas natural ou jurídica, por ser o local onde respondem pelas suas obrigações.
Para os incapazes o ordenamento adota o domicílio plúrimo.
Conforme o Dicionário Michaelis, pessoa jurídica é a entidade abstrata com existência e responsabilidade jurídicas como, por exemplo, uma associação,
empresa, companhia, legalmente autorizadas. Podem ser de direito público (União, Unidades Federativas, Autarquias etc.), ou de direito privado (empresas,
sociedades simples, associações etc.). Vale dizer ainda que as empresas individuais, para os efeitos do imposto de renda, são equiparadas às pessoas jurídicas.
Pessoa física é a pessoa natural, isto é, todo indivíduo (homem ou mulher), desde o nascimento até a morte. A personalidade civil da pessoa começa do
nascimento com vida. Para efeito de exercer atividade econômica, a pessoa física pode atuar como autônomo ou como sócio de empresa ou sociedade simples,
conforme o caso
Pessoa física é aquela que tem registro em território nacional por meio do CPF; pessoa jurídica é aquela que abriu uma empresa (de pequeno, médio ou
grande porte) e, portanto, tem outro princípio de recolhimento de impostos, ou seja, o registro dela para tanto ocorrerá por meio do CNPJ; daí ter a divisão
de pessoa física e jurídica. Isso vemos muito em época de declaração de imposto de renda, assim, de forma geral, quem tem CPF aparece para o governo federal
arrecadando impostos por meio de declaração de imposto de renda, seja como isento, como dependente ou como declarante... Já a pessoa jurídica paga todos os
meses taxas específicas à atividade exercida pela empresa, além do ICMS sobre cada mercadoria vendida.
• Um resumo de Personalidade e capacidade civil
1. Conceito de personalidade.É a aptidão de ser titular de direitos e deveres. Todo homem a possui.
2. Início e fim da personalidade.
O início da personalidade se dá com o nascimento com vida (teoria natalista). E seu fim, com a morte.
Entretanto, nos termos do art. 2º do CC, a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. Trata-se, na verdade, de direitos expectativos, que têm seu
aperfeiçoamento condicionado ao nascimento com vida.
OS DIREITOS DA PERSONALIDADE
MIGUEL REALE
 
O novo Código Civil começa proclamando a ideia de pessoa e os direitos da personalidade. Não define o que seja pessoa, que é o indivíduo na sua dimensão
ética, enquanto é e enquanto deve ser.
A pessoa, como costumo dizer, é o valor fonte de todos os valores, sendo o principal fundamento do ordenamento jurídico; os direitos da personalidade
correspondem às pessoas humanas em cada sistema básico de sua situação e atividades sociais, como bem soube ver Ives Gandra da Silva Martins.
Segundo os partidários do Direito Natural clássico, que vem de Aristóteles até nossos dias, passando por Tomás de Aquino e seus continuadores, os direitos da
personalidade seriam inatos, o que não é aceito pelos juristas que, com o Renascimento, secularizaram o Direito, colocando o ser humano no centro do mundo
geral das normas ético-jurídicas. Para eles trata-se de categorias históricas surgidas no espaço social, em contínuo desenvolvimento. Não cabia ao legislador da
Lei Civil tomar partido ante essas divergências teóricas, ainda que fazendo referência também ao Direito Natural Transcendental, na linha de Stammler ou de
Del Vecchio.
O importante é saber que cada direito da personalidade corresponde a um valor fundamental, a começar pelo do próprio corpo, que é a condição essencial do
que somos, do que sentimos, percebemos, pensamos e agimos.
É em razão do que representa nosso corpo que é defeso o ato de dele dispor, salvo por exigência médica, quando importar diminuição permanente da
integridade física, ou contrariar os bons costumes, salvo para fins de transplante.
Estatui o Código Civil que é válida com objetivo científico, ou altruísta, a disposição gratuita do próprio corpo, para depois da morte, ninguém podendo ser
constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.
Eis aí os mandamentos que estão liminarmente na base dos atos humanos, como garantia principal de nossa corporeidade, em princípio intocável.
Vem, em seguida, a proteção ao nome, nele compreendido o prenome e o sobrenome, não sendo admissível o emprego por outrem do nome da pessoa em
publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória. É o mesmo motivo pelo qual, sem autorização,
é proibido o uso do nome alheio em propaganda comercial.
Em complemento natural a esses imperativos éticos, são protegidos contra terceiros a divulgação de escritos de uma pessoa, a transmissão de sua palavra, bem
como a publicação e exposição de sua imagem.
São esses os que podemos denominar direitos personalíssimos da pessoa, assim como a inviolabilidade da vida privada da pessoa natural, devendo o juiz, a
requerimento do interessado, adotar as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma.
Nada mais acrescenta o Código, nem poderia enumerar os direitos da personalidade, que se espraiam por todo o ordenamento jurídico, a começar pela
Constituição Federal que, logo no artigo 1º, declara serem fundamentos do Estado Democrático do Direito a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os
valores sociais do trabalho e a livre iniciativa.
Enquanto titular desses direitos básicos, a pessoa deles tem garantia especial, o que se dá também com o direito à vida, a liberdade, a igualdade e a segurança, e
outros mais que figuram nos Arts. 5º e 6º da Carta Magna, desde que constituam faculdades sem as quais a pessoa humana seria inconcebível.
Não há, pois, como confundir direitos da personalidade, que todo ser humano possui como razão de ser de sua própria existência, com os atribuídos genérica ou
especificamente aos indivíduos, sendo possível a sua aquisição. Assim, o direito de propriedade é constitucionalmente garantido, mas não é dito que todos
tenham direito a ela, a não ser mediante as condições e processos previstos em lei.
Poderíamos dizer, em suma, que são direitos da personalidade os a ela inerentes, como um atributo essencial à sua constituição, como, por exemplo, o direito de
ser livre, de ter livre iniciativa, na forma da lei, isto é, de conformidade com o estabelecido para todos os indivíduos que compõem a comunidade.
Como já disse, cada direito da personalidade se vincula a um valor fundamental que se revela através do processo histórico, o qual não se desenvolve de maneira
linear, mas de modo diversificado e plural, compondo as várias civilizações, nas quais há valores fundantes e valores acessórios, constituindo aqueles as que
denomino invariantes axiológicas. Estas parecem inatas, mas assinalam os momentos temporais de maior duração, cujo conjunto compõe o horizonte de cada
ciclo essencial da vida humana. Emprego aqui o termo horizonte no sentido que lhe dá Jaspers, recuando à medida que o ser humano avança, adquirindo novas
ideias ou ideais, assim como novos instrumentos reclamados pelo bem dos indivíduos e das coletividades.
Ora, a cada civilização corresponde um quadro dos direitos da personalidade, enriquecida esta com novas conquistas no plano da sensibilidade e do pensamento,
graças ao progresso das ciências naturais e humanas.
O último valor adquirido pela espécie humana é o ecológico, por força do qual estabelece o Art. 225 da Lei Maior que “todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-
lo e preservá-lo para a presente e futuras gerações”. Trata-se já agora de novo direito da personalidade.
O que podemos esperar, sob a perspectiva histórico-cultural aqui exposta, é que, no futuro, novas aquisições aconteçam, transformando em direitos da
personalidade as que ainda constituem possibilidade de ser e de agir para o maior número de seres humanos.
Capacidade Civil
Capacidade é a medida da personalidade. Todas as pessoas possuem a capacidade de direito, ou seja, todos são capazes de adquirir direitos e deles gozar. Por
outro lado, nem todos são capazes de exercer seus direitos e os atos da vida civil, que consistem na capacidade de fato. Assim, a incapacidade civil é a restrição
legal imposta ao exercício dos atos da vida civil. De acordo com o artigo 3º, do Código Civil, "são absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da
vida civil: I - os menores de dezesseis anos; II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos;
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade". Há também aqueles que são relativamente incapazes de praticar certos atos da
vida civil, são eles: os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o
discernimento reduzido; os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; e os pródigos.
Os absolutamente incapazes serão representados por outra pessoa capaz, ao passo que os relativamente incapazes serão apenas assistidos em alguns atos.
Fundamentação:
Arts. 1º ao 5º do CC
Arts. 1177 a 1186 do CPC
A capacidade civil no ordenamento jurídico brasileiro
Liane Drehmer Rodrigues – OAB/SC 33.376 – Acadêmica do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Direito Civil Negocial e Imobiliário pela Universidade
Anhanguera/LFG
Conceito de capacidade civil
A capacidade civil é entendida em nosso ordenamento jurídico como a capacidade plena da pessoa reger sua vida, seus bens e sua aptidão para os atos da vida
civil, e ainda, oCódigo Civil aborda em seu primeiro capítulo sobre a personalidade e a capacidade das pessoas naturais.
No ano de 2003, várias transformações ocorreram no mundo jurídico brasileiro com a entrada em vigor do atual Código Civil, sendo uma das inovações a
inclusão em seu texto dos direitos da personalidade.
Diferencia-se a personalidade da capacidade, pois a personalidade é atributo do sujeito, inerente à sua natureza, desde o início de sua natureza, e a capacidade é a
aptidão para o exercício de atos e negócios jurídicos.
Dois grandes princípios regem a matéria da capacidade: o primeiro é o de que a capacidade se destina à prática dos negócios jurídicos, e não ao fato jurídico, e o
segundo, a capacidade é a regra e a incapacidade a exceção.
Existem duas espécies de capacidade: a capacidade de direito ou de gozo que é inserido a quem possui personalidade jurídica, já que se define como sendo a
aptidão genérica para aquisição de direitos e deveres, e a capacidade de fato ou de exercício que é a aptidão de exercer por si os atos da vida civil.
Assim, o legislador adotou basicamente quatro critérios para determinar a capacidade: a idade, a integridade psíquica, a aculturação e a localização da pessoa.
Toda pessoa natural possui o atributo da personalidade, mas nem toda pessoa ostenta o atributo da capacidade. A lei divide as pessoas físicas em capazes e
incapazes, sendo que as capazes podem praticar atos e negócios jurídicos e as incapazes necessitam do auxílio ou intervenção de mais alguém para praticar tais
atos.
A ordem jurídica reconhece ao indivíduo a capacidade para a aquisição de direitos e para exercê-los por si mesmo, diretamente, ou por intermédio, ou com a
assistência de outra pessoa, não havendo restrições à capacidade, entendendo que quem tem aptidão para adquirir direitos deve ser hábil a gozá-los e exercê-los,
por si ou por via de representação.
Espécies de incapacidade civil
Diferentemente da personalidade, as pessoas podem ou não possuir capacidade, pois todos possuem capacidade de direito (de aquisição ou gozo de direitos), mas
nem todos possuem capacidade de fato (capacidade de ação).
Se tal capacidade é limitada, o indivíduo tem capacidade de direito, como todo ser humano, mas sua capacidade de exercício (de fato) resta moderada, assim,
quem não é plenamente capaz, necessita de outra pessoa para exteriorizar sua vontade no campo jurídico, por isso são chamados de “incapazes”.
Algumas pessoas são protegidas pela legislação e Rodrigues declara que: “A lei, tendo em vista a idade, a saúde ou o desenvolvimento intelectual de determinadas
pessoas, e com o intuito de protegê-las, não lhes permite o exercício pessoal de direitos”.
Diniz (2005, p. 191) entende que: “[...] a incapacidade de fato ou de exercício é a restrição legal ao exercício dos atos da vida civil, sendo que tal incapacidade
pode ser absoluta ou relativa.”
Existem duas espécies de incapacidade de fato: a absoluta em que a pessoa fica impedida de praticar, por si mesma, qualquer ato da vida jurídica e por isso a lei
indica o seu representante; e a relativa onde à pessoa deve participar do ato devidamente assistida por alguém, por ser a inaptidão físico-psíquica menos intensa
que a primeira.
Os absolutamente incapazes são enumerados no artigo 3° do Código Civil de 2002, vejamos:
Art. 3° - São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:
I – os menores de 16 (dezesseis) anos;
II – o que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos;
III – os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.
O legislador, ao arrolar entre os incapazes referidas pessoas, procura protegê-las, partindo de que o menor de dezesseis anos é desprovido de suficiente
maturidade intelectual ou psicológica para julgar seu próprio interesse.
Assim, as crianças e os adolescentes são incapazes para praticarem os atos da vida civil em razão da idade e necessitam da assistência dos pais, ou, na falta deles e
na hipótese de perda do poder familiar estão sujeitos a tutela.
A edição do Código Civil de 2002 modificou a expressão “loucos de todo gênero” contida no Código Civil antigo por “enfermidade ou deficiência mental”,
expressa no artigo 3°, inciso II, do Código Civil atual e nesta direção esclarece Venosa (2005, p.167) que:
Tanto na expressão do texto revogado como no texto atual, a lei refere-se a qualquer distúrbio mental que possa afetar a vida civil do indivíduo. A expressão
abrange desde os vícios mentais congênitos até aqueles adquiridos no decorrer da vida, por qualquer causa. Por essa razão, era muito criticada a expressão loucos
de todo gênero. De qualquer modo, a intenção do legislador foi a de estabelecer uma incapacidade em razão do estado mental. Uma vez fixada à anomalia
mental, o que é feito com auxílio da Psiquiatria, o indivíduo pode ser considerado incapaz para os atos da vida civil. (grifo do autor)
Neste contexto, o absolutamente incapaz deve ser considerado o que tenha uma doença, uma alienação, uma restrição mental que o impossibilite de exercer
pessoalmente os atos da vida civil pela falta de discernimento para tais atos, só podendo agir e atuar através de seu representante legal.
A enfermidade ou a deficiência mental expressa no inciso III refere-se a qualquer anomalia psíquica que impossibilite a pessoa de dirigir sua vida, exercer seus
direitos ou prover seus próprios interesses por falta de discernimento para a prática dos atos da vida civil, assim necessitando de intervenção protetora.
Para proteger os incapazes o legislador coloca-os debaixo da orientação de uma pessoa capaz (seus pais, tutores ou curadores), que os representa, ou os assiste em
todos os atos da vida civil, de modo que a deficiência que apresentam é suprida por seu representante.
Na última categoria dos absolutamente incapazes, o código insere os que, mesmo por motivo transitório, não puderem exprimir sua vontade e no que diz
respeito à “causa transitória” explicam Gagliano e Pamplona Filho (2005, p. 102).
Os incapazes elencados no artigo 3º do Código Civil não podem praticar nenhum ato da vida civil sem que seja por intermédio de seu representante legal, sendo
que os menores de dezesseis anos estão sujeitos a tutela e os demais casos de incapacidade estão sujeitos a curatela. (NEGRÃO; GOUVÊA, 2007, p. 45)
A incapacidade relativa diz respeito àqueles que podem praticar por si os atos da vida civil, desde que assistidos por quem o direito encarrega deste ofício, em
razão de parentesco, relação de ordem civil ou designação judicial. (CASSETTARI, 2006, p. 31)
São incapazes, relativamente conforme prescreve o artigo 4° do Código Civil vigente:
Art. 4°. São incapazes, relativamente e certos atos, ou a maneira de os exercer:
I – os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II – os ébrios habituais, os viciados em tóxico, e os que, por deficiência mental, tenham discernimento reduzido;
III – os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;
IV – os pródigos.
No caso dos maiores de dezesseis e menores de dezoito anos, a lei admite que o indivíduo já tenha atingido certo desenvolvimento intelectual possibilitando-lhe
atuar, pessoalmente na vida jurídica, porém, assistido por seu representante.
Quanto aos ébrios habituais, a lei exige uma situação de fato específica, que é a embriaguez habitual, pois o legislador entendeu que o viciado em bebida
alcoólica, tem reduzida a sua habilidade mental.
Tal embriaguez deve reduzir, sem privar totalmente, a capacidade de discernimento das pessoas, sendo que, se a embriagues evoluir para um quadro patológico
que aniquile completamente a capacidade de autodeterminação, será equiparado à doença mental passando a figurar entre as causas de incapacidade absoluta.
O viciado em tóxico, ou seja, o vício de substâncias entorpecentes diminui a capacidade mental do indivíduo, de modo que não tem condições de administrar a
própria pessoa e seus bens.Cabe ressaltar que dependendo do grau de intoxicação e dependência, a interdição do viciado em tóxico pode ser total, caracterizando-se como incapacidade
absoluta para a prática dos atos da vida civil.
A deficiência mental que leva ao reconhecimento da incapacidade relativa da pessoa não precisa ser completa, bastando à redução de seu discernimento, ou seja,
o relativamente incapaz que não possui condições de compreensão total da situação.
Os excepcionais citados no inciso III referem-se também aos portadores de síndrome de Down e elucidam Gagliano e Pamplona Filho que: “tais indivíduos,
posto não cheguem a atingir desenvolvimento mental completo, merecem educação especial e podem, perfeitamente, ingressar ao mercado de trabalho.”
No que se refere aos pródigos, conceitua Venosa (2007, p. 141): “pródigo é, portanto, o indivíduo que gasta desmedidamente, dissipando seus bens, sua fortuna”.
Descritas as espécies de incapacidade civil, resta elucidar as formas de aquisição da capacidade civil.
Aquisição da capacidade civil
A incapacidade termina ao desaparecerem as causas que a determinaram, seja pela maioridade civil, pela emancipação ou cessando a enfermidade determinante
das mesmas.
O fim da incapacidade por idade se opera aos dezoito anos, quando a pessoa se torna apta para praticar todos os atos e negócios da vida jurídica, ou seja, a
pessoa adquire maioridade civil.
A incapacidade em razão da idade pode ser extinta antes da maioridade, com a emancipação, onde o menor de 18 anos emancipado tem a mesma capacidade do
maior de 18 anos.
Assim, acerca da cessação da incapacidade para os adolescentes entre 16 e 18 anos, dispõe o Código Civil:
Art. 5°- Cessará, para os menores, a incapacidade:
I – pela concessão dos pais, ou de um deles na falta de outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou sentença do juiz,
ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
II – pelo casamento;
III – pelo exercício de emprego público efetivo;
IV – pela colação de grau em curso de ensino superior;
V – pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha
economia própria.
Nota-se que o referido artigo dispõe três tipos de emancipação: a voluntária, a judicial e a legal, onde uma vez operada na forme da lei, a emancipação se torna
irrevogável.
A emancipação voluntária ocorre pela concessão dos pais, ou de um deles na falta de outro, mediante instrumento público, independente de homologação
judicial.
Cabe ressaltar que a emancipação pela concessão dos pais ou sentença do Juiz no caso do artigo 5°, inciso I, do atual Código Civil, extingue o poder familiar
fazendo cessar igualmente a condição de pupilo na tutela.
A segunda forma de emancipação pela lei é o casamento que conduz os cônjuges menores à maioridade sendo tal situação irreversível, mesmo ocorrendo viuvez
subsequente, separação ou o casamento seja anulado.
A emancipação pelo exercício de emprego público efetivo pressupõe que o próprio Poder Público reconhece no indivíduo maturidade para representá-lo, assim,
adquirindo, através da posse em emprego público efetivo, plena capacidade civil.
A lei também prevê a emancipação do adolescente que concluir o curso de ensino superior, contudo, injustificável tal inciso da lei, pois diante da organização
escolar brasileira e dos currículos dos cursos superiores não se obtém a conclusão em qualquer destes cursos antes da maioridade civil.
Conclui-se que o instituto da incapacidade visa proteger os que são portadores de uma deficiência jurídica apreciável, graduando a forma de proteção que para
os absolutamente incapazes dispostos no artigo 3°, do Código Civil vigente, assume a feição de representação, uma vez que são completamente privados de agir
juridicamente.
INCAPACIDADE ABSOLUTA E RELATIVA
Geralmente fazemos a maior confusão com as palavras TUTELA E CURATELA.
Agora vocês jamais esquecerão: é só lembrar das Parlamentares de TPM brigando na CPI, no final tudo acaba em pizza...quer dizer, em pastel!!!
TPM = TUTELA Para Menores
CPI = CURATELA Para Incapazes
A TUTELA destina-se à assistência ou representação de menores chamados de incapazes relativos – atos serão ANULADOS.
Já a CURATELA destina-se à representação dos maiores incapazes, chamados de incapazes absolutos – atos serão NULOS
Incapacidade Absoluta: o absolutamente incapaz é representado, e o ato que praticar sozinho será considerado nulo (nulidade absoluta).
São absolutamente incapazes:
a) Menores de 16 anos.
b) Os que por enfermidade ou doença mental não tenham discernimento.
c) Aqueles que por causa transitória não possam expressar sua vontade (coma, hipnotizado).
d) O ausente quanto aos bens deixados sob a administração do curador.
Incapacidade Relativa: o relativamente incapaz é assistido (ajudado), o ato que praticar sozinho será anulável (nulidade relativa ou anulabilidade).
São relativamente incapazes:
a) Os menores entre 16 e 18 anos.
b) O ébrio habitual.
c) O viciado em tóxicos.
d) Os deficientes mentais que tiverem o discernimento reduzido.
e) O excepcional sem desenvolvimento mental completo.
f) O pródigo (aquele que gasta imoderadamente seu patrimônio)
Domicílio
Conceito
"É a sede jurídica da pessoa onde ela se presume presente para efeitos de direito e onde exerce ou pratica, habitualmente, seus atos e negócios jurídicos"
(Washington de Barros Monteiro). Para Orlando Gomes, "domicílio é o lugar onde a pessoa estabelece a sede principal de seus negócios (constitutio rerum et
fortunarum), o ponto central das ocupações habituais". Em nosso Código Civil encontramos a indicação de qual seria, como regra geral, o domicílio da pessoa
natural (note-se que o Código não fornece um conceito de domicílio):
Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo.
Cumpre ressaltar que domicílio e residência podem ou não coincidir. A residência representa o lugar no qual alguém habita com intenção de ali permanecer,
mesmo que dele se ausente por algum tempo. A chamada moradia ou habitação nada mais é do que o local onde o indivíduo permanece acidentalmente, por
determinado lapso de tempo, sem o intuito de ficar (p. ex., quando alguém aluga uma casa para passar as férias).
No conceito de domicílio estão presentes dois elementos: um subjetivo e outro objetivo. O elemento objetivo é a caracterização externa do domicílio, isto é, a
residência. O elemento subjetivo é aquele de ordem interna, representado pelo ânimo de ali permanecer. Logo, domicílio compreende a idéia de residência
somada com a vontade de se estabelecer permanentemente num local determinado.
Importância do domicílio
É de interesse do próprio Estado que o indivíduo permaneça em determinado local no qual possa ser encontrado, para que assim seja possível se estabelecer uma
fiscalização quanto as suas obrigações fiscais, políticas, militares e policiais. No campo do Direito Internacional Privado, é o domicílio, na maioria das legislações,
que irá solucionar a questão sobre qual lei deve ser aplicada ao caso concreto. O domicílio, como salientou Roberto Grassi Neto, "tem especial importância para a
determinação da lei aplicável a cada situação, para determinação do lugar onde se devem celebrar negócios e atos da pessoa, e onde deve ela exercer direitos,
propor ação judicial e responder pelas obrigações".
Pluralidade de domicílios e domicílio incerto
É perfeitamente possível que uma pessoa possua mais de um domicílio, residindo em um local e mantendo, por exemplo, escritório ou consultório em outro
endereço. A pluralidade de domicílios é disciplinada nos arts. 71 e 72, do Código Civil:
Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas.
Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugaronde esta é exercida. 
Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem.
Há também casos de pessoas que vivem de passagem por vários locais, como os circenses, sendo que o Código Civil estabelece, para tanto, a seguinte solução:
Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde for encontrada. (grifo nosso).
Tal regra aplica-se também em relação às pessoas que têm vida errante, como ambulantes, vagabundos, pessoas desprovidas de moradia etc.
Mudança de domicílio
De acordo com Pablo Stolze Gagliano, opera-se a mudança de domicílio com a transferência da residência aliada à intenção manifesta de o alterar. A prova da
intenção resulta do que declarar a pessoa às municipalidades do lugar que deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações não fizerem, da própria mudança, com as
circunstâncias que a determinaram (art. 74, CC). A mudança de domicílio, depois de ajuizada a ação, nenhuma influência tem sobre a competência do foro (art.
87, CPC).
Fixação do foro competente
Quanto às ações sobre direitos reais de bens móveis ou sobre direitos pessoais, manda o art. 94, caput, CPC, que o réu seja acionado em seu domicílio. Quanto
aos imóveis, é competente o foro da situação da coisa. Pode o autor, entretanto, optar pelo foro do domicílio ou de eleição, não recaindo o litígio sobre direito de
propriedade, vizinhança, servidão, posse, divisão e demarcação de terras e nunciação de obra nova (art. 95, CPC). No caso do réu possuir mais de um domicílio,
pelo que se verifica do art. 94, §1º, CPC, o réu será demandado em qualquer um deles. Se o domicílio for incerto, o réu será demandado no local em que for
encontrado ou no domicílio do autor (art. 94, §2º, CPC).
Caso não possua residência no Brasil, o réu responderá perante o foro do autor ou em qualquer foro se este residir fora do país (art. 94, §3º, CPC). Existem,
porém, regras especiais para fixação do foro competente, como a seguir demonstramos:
Em se tratando de ação de reparação de danos, cabe o domicílio do autor ou local do fato (art. 100, parágrafo único, CPC).
Se estivermos diante de ação de divórcio, o foro competente é o do domicílio da mulher (art. 100, I, CPC). As ações sobre alimentos devem ser ajuizadas no foro
onde se verifica o domicílio do alimentando (art. 100, II, CPC).
Para propositura de ação de anulação de títulos, o foro será o do devedor (art. 100, III, CPC).
E, finalmente, o inventário, no qual não se sabe qual o domicílio do de cujus, terá como foro o da situação dos bens (art. 96, parágrafo único, I, CPC), e se o de
cujus não tiver domicílio certo e os bens estiverem em diferentes lugares, a lei determina que o foro será o do local do óbito (art. 96, parágrafo único, II, CPC).
Classificação do domicílio quanto à natureza
a) Voluntário: decorre do ato de livre vontade do sujeito, que fixa residência em um determinado local, com ânimo definitivo.
b) Legal ou Necessário: decorre da lei, em atenção à condição especial de determinadas pessoas. Assim, temos: (art. 76, CC) 
Domicílio do incapaz: é o do seu representante ou assistente; 
Domicílio do servidor público: é o lugar em que exerce permanentemente as suas funções; 
Domicílio do militar: é o lugar onde serve, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontra imediatamente subordinado; 
Domicílio do marítimo: é o lugar onde o navio estiver matriculado; 
Domicílio do preso: é o lugar em que cumpre a sentença. 
O agente diplomático do Brasil, que, citado no estrangeiro, alegar extraterritorialidade sem designar onde tem, no país, o seu domicílio, poderá ser demandado
no Distrito Federal ou no último ponto do território brasileiro onde o teve (art. 77, CC).
O domicílio necessário poderá ser originário ou legal. Será originário quando adquirido ao nascer, como ocorre com o recém-nascido que adquire o domicílio
dos pais. O domicílio legal é aquele que decorre, como o próprio nome já acusa, de imposição da lei. É o caso dos menores incapazes, que têm por domicílio o de
seus representantes legais (art. 76, CC). O domicílio do menor acompanha o domicílio dos pais, sempre que estes mudarem o seu. Ocorrendo impedimento ou a
falta do pai, o domicílio do menor será o da mãe. Se os pais forem divorciados, o menor terá por domicílio o daquele que detém o poder familiar. E no caso de
menores sem pais ou tutor, sob cuidados de terceiros? Levar-se-á em consideração o domicílio desses terceiros. E se não existirem tais terceiros? Deverá ser
levado em conta o domicílio real.
Quanto ao militar, se em serviço ativo, consiste o domicílio no lugar onde estiver servindo. Caso esteja prestando serviço à Marinha, terá por domicílio a sede da
estação naval ou do emprego em terra que estiver exercendo. Em se tratando da marinha mercante (encarregada do transporte de mercadorias e passageiros),
seus oficiais e tripulantes terão por domicílio o lugar onde estiver matriculado o navio.
O preso também está sujeito ao domicílio legal, no local onde cumpre a sentença. Se o preso ainda não tiver sido condenado, seu domicílio será o voluntário.
c) de Eleição: decorre do ajuste entre as partes de um contrato (art. 78, CC e art. 111, CPC). A eleição de foro só pode ser invocada nas relações jurídicas em
que prevaleça o princípio da igualdade dos contratantes e de sua correspondente autonomia de vontade (arts. 51, IV, CDC e 9º, CLT).
Domicílio da Pessoa Jurídica
As pessoas jurídicas de direito público interno possuem domicílio especificado em lei: art. 75, do CC, art. 99 do CPC, e art. 109, §§ 1º e 2º da CF/88.
O domicílio da pessoa jurídica de direito privado é o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, isto quando os seus estatutos não
constarem eleição de domicílio especial. O parágrafo 1º do mesmo artigo estabelece que se houver mais de um estabelecimento relativo a mesma pessoa jurídica,
em lugares diferentes, cada qual será considerado domicílio para os atos nele praticados. Caso a pessoa jurídica só tenha sede no estrangeiro, em se tratando de
obrigação contraída por agência sua, levar-se-á em consideração o estabelecimento, no Brasil, a que ela corresponda, como emana do parágrafo 2º do já citado
art. 75, CC. Dispõe a Súmula 363, do STF: “A pessoa jurídica de direito privado pode ser demandada no domicílio da agência, ou do estabelecimento, em que se
praticou o ato”.
O Código de Processo Civil, em seu art. 88, I e parágrafo único, também disciplina a matéria, dispondo:
"Art. 88. É competente a autoridade judiciária brasileira quando:
I – o réu, qualquer que seja sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;
Parágrafo único. Para o fim do disposto no n° I, reputa-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que aqui tiver agência, filial ou sucursal".
Direito de imagem 
I – Direito de Imagem Conceito:
O direito de imagem, consagrado e protegido pela Constituição Federal da República de 1988 e pelo Código Civil Nacional de 2002 como um direito de
personalidade autônomo, se trata da projeção da personalidade física da pessoa, incluindo os traços fisionômicos, o corpo, atitudes, gestos, sorrisos,
indumentárias, etc. 
Alguns juristas ainda distinguem, como direito de imagem, a personalidade moral do indivíduo, o que incluiria traços como a aura, fama, reputação, etc., o que,
com a devida maxima venia, pedimos licença para discordar.
Em nosso entender, essa alcunhada personalidade moral pode até constituir algum outro direito de personalidade, porém não de imagem. Difícil crer, em nosso
entendimento, que a simples aura de uma pessoa possa ser protegida através do exercício do direito de imagem. 
Talvez, para algumas pessoas mais espiritualizadas, isto até seja possível, mas nós, operadores do direito e habituados desde a época da graduação com o
brocardo quod non est in actis non est in mundo ( o que não está nos autos nãoestá no mundo), fica difícil conceder tal abrangência ao direito de imagem.
Como já exposto acima, o direito de imagem encontra previsão legal em nossa Constituição Federal no artigo 5º, X e XXVIII, a, tratado, portanto, dentre os
Direitos e Garantias Fundamentais e como um Direito de Personalidade. Da mesma forma, em 2002, o Código Civil Nacional albergou a matéria em seus artigos
11 e seguintes.
O direito de imagem, de acordo com os citados dispositivos, é irrenunciável, inalienável, intransmissível, porém disponível . Significa dizer que a imagem da
pessoa ou sua personalidade física jamais poderá ser vendida, renunciada ou cedida em definitivo, porém, poderá, sim, ser licenciada por seu titular a terceiros.
Daí, em nosso sentir, a impropriedade por parte de alguns doutrinadores ao se referirem à possibilidade de cessão de imagem. A rigor, e de acordo com a
interpretação sistemática dos citados dispositivos legais, dita expressão é contraditória, sendo o mais correto falar-se apenas em licença de uso de imagem.
A imagem do indivíduo, apesar de possuir certa relação com os demais direitos de personalidade e, por vezes, até com eles confundir-se, é um direito autônomo
ou próprio, o que repercute diretamente no momento de eventual ação indenizatória ante o uso indevido da imagem do indivíduo.
Basta lembrar que, enquanto o direito a honra, por exemplo, demanda a existência de dano para aferição de eventual indenização (artigo 20 do Código Civil de
2002), o uso indevido de imagem independe de comprovação do prejuízo, sendo este inerente à utilização não-autorizada. Tal questão, já fora, inclusive,
pacificada pelo STJ Superior Tribunal de Justiça em Súmula:
Súmula 403 – Independe de prova ou prejuízo a indenização pela publicação não autorizada da imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais..
Ademais, é preciso ter em mente que, muito embora a divulgação não-autorizada de uma imagem possa ferir mais de um direito de personalidade, estes,
efetivamente, não se confundem.
Entretanto, note que a divulgação indevida da imagem, além de violar a imagem do ex-atleta, ainda infringe seu direito a privacidade, já que a imagem fora
captada dentro de sua residência.
Observem que, se a imagem fosse uma republicação de outra anterior/prévia, até poderíamos discorrer ou discutir sobre a violação da imagem do jogador,
entretanto jamais de sua privacidade que já fora violada no passado. Em contrapartida, caso o fotógrafo apenas tivesse penetrado na casa do jogador sem
autorização, haveria nítida violação ao direito de privacidade, porém não de imagem. II Condições para violação ao direito de imagem:
A nosso ver, e de acordo com o que vem sendo decidido pela jurisprudência pátria, a ação para fazer cessar o uso indevido de imagem (clássica obrigação de não
fazer), assim como àquela para pleitear a consequente indenização (obrigação de pagar quantia), demandam duas condições alternativas; 1) exploração
econômica através da imagem e/ou; 2) lesão da pessoa retratada.
Apesar das restrições, já consagradas pela jurisprudência, ao direito de imagem, como se verá a seguir, esses requisitos ou, ao menos um deles, certamente, estará
no cerne das decisões dos magistrados nacionais, no momento de acolherem ou não as pretensões dos indivíduos que tiverem suas imagens divulgadas
desautorizadamente, sejam essas (pretensões) condenatórias, mandamentais ou executivas lato sensu, de acordo com a classificação quinária das ações.
III – Limitações ao uso não-autorizado de imagem:
Conforme brevemente divulgado, o uso não-autorizado de imagem encontra algumas limitações firmadas, tanto pela doutrina, como pela jurisprudência. As
mais relevantes de serem comentadas neste trabalho são: 1) o chamado ônus da suportabilidade"de terem suas imagens expostas nos veículos de comunicação
sem a devida autorização. 
Porém, é preciso que se enfatize, desde já, que essa limitação não comporta abusos que eventualmente possam denegrir a pessoa, como os que ocorreram com os
atores Marcos Pasquim, Danielle Winits e a apresentadora Daniella Cicarelli como comentaremos mais a frente.
A outra limitação refere-se à hipótese da imagem estar vinculada a informação com claro interesse público. O direito a informação também se encontra
consagrado pela constituição federal e, igualmente, como um Direito Fundamental (artigo 5º, XXXIII).
Desta forma, a hipótese do uso não autorizado de imagem em matéria com claro cunho jornalístico leva a um inevitável conflito entre direitos fundamentais,
onde, via de regra, deverá prevalecer o interesse público coletivo sobre o individual/privado nos moldes do princípio da proporcionalidade, tomando carona nas
conclusões chegadas por Robert Alexy em sua festejada obra Teoria de Los Derechos Fundamentales .
Contudo, além da aplicação do princípio da proporcionalidade para dirimir o conflito existente entre princípios e direitos fundamentais, é indispensável o bom-
senso nas decisões dos magistrados de acordo com o contexto do caso-prático que se apresenta. 
No caso notório da atriz Daniella Cicarelli, por exemplo, onde a modelo fora retratada em momento íntimo com o namorado em uma praia pública. Em que
pese o fato da praia ser pública e ela uma pessoa famosa, não há como negar que o vídeo divulgado na internet da modelo denigre sua imagem, além de explorá-
la indevidamente. É flagrante, ainda, o afronto a dignidade da pessoa humana, princípio fundamental de nossa constituição federal (art. 1º, III da CF). 
Desta forma, correta a posição adotada pela Quarta Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo:
O Acórdão atentou para um valor fundamental da dignidade humana [art. 1o, III, da CF], optando pela consagração de um enunciado jurídico que estabeleça
um basta contra essa atividade criminosa e que se caracteriza pela retransmissão, contra a vontade das pessoas filmadas clandestinamente, de imagens
depreciativas e que humilham os protagonistas, seus conhecidos, os parentes e suas futuras gerações. De todas as manifestações que foram emitidas em jornais e
revistas, com o sensacionalismo imprudente dos jejunos do direito, não há uma voz que aponte uma boa razão para que a intimidade do casal permaneça
devassada, como foi, até porque são cenas delituosas. A quem interessa isso, perguntei, quando relatei o Acórdão, e não foi dada resposta. Não é, que fique bem
claro, preocupação com essa ou outra pessoa, notória ou simples, mas, sim, defesa de uma estrutura da sociedade, na medida em que a invasão de predicamentos
íntimos constitui assunto que preocupa a todos, até porque a imprevisibilidade do destino poderá reservar, em algum instante, esses maus momentos para nós
mesmos ou pessoas que nos são próximas e caras. (Apelação Cível Nº. 556.090.4/4-00,Relator Desembargador Enio Zuliani, Quarta Câmara de Direito privado
do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo,Publicado em 17/07/2008).
Não obstante, cumpre ressaltar outros casos onde prevalecera o mesmo juízo de ponderação ora comentado, sendo afastada a limitação ou restrição supra
delimitada ao Direito de Imagem. 
A atriz Maitê Proença, por exemplo, obteve êxito em Recurso Especial, interposto perante a 3º. Turma do STJ Superior Tribunal de Justiça, onde ela discutia o
uso não-autorizado de sua imagem, previamente publicada e licenciada a Revista Playboy, em um jornal de grande circulação no Rio de Janeiro (Resp 270.730). 
A mesma fundamentação adotou a quarta Turma do STJ ao garantir indenização à atriz Danielle Winits em razão de publicação de sua imagem desnuda pela
Revista Isto É capturada de minissérie em que atuava na época (Resp 1.200.482).
Por fim, convém destacar o caso do ator Marcos Pasquim que teve sua imagem divulgada sem autorização, na qual ele beijava moça desconhecida, o que
culminou com o fim de seu casamento.
Desta forma, cita-se trecho do julgado de relatoria da sempre sensata e brilhante Ministra NancyAndrighi:
A situação do recorrido é especial, pois se trata de pessoa pública, por isso os critérios para caracterizar violação da privacidade são distintos daqueles desenhados
para uma pessoa cuja profissão não lhe expõe. Assim, o direito de informar sobre a vida íntima de uma pessoa pública é mais amplo, o que, contudo, não
permite tolerar abusos.
No presente julgamento, o recorrido é artista conhecido e a sua imagem foi atingida pela simples publicação, até porque a fotografia publicada retrata o
recorrido, que é casado e em público beijava uma mulher que não era seu cônjuge. (Resp 1.082878/RJ, Relatora Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma do
Superior Tribunal de Justiça, de 14/08/2008).
Chama-se a atenção para o fato de todos os julgados acima terem como pano de fundo, cumulativamente, os dois requisitos ou condições que autorizam a busca
da tutela jurisdicional ante a utilização indevida de imagem alheia, quais sejam: 1) claro intuito do violador de explorar economicamente a pessoa retratada e; a
lesão por parte desta última, o que, evidentemente, acabou por afastar a ou as regras de limitação existentes.
Todavia, antes de finalizar este trabalho, é mister apontar outros casos de indivíduos comuns que buscaram a judiciário em razão de terem suas imagens
retratadas sem autorização, porém sem êxito, justamente em razão da presença dos requisitos limitativos ora comentados. Vejamos:
DIREITO DE IMAGEM. TOPLESS PRATICADO EM CENÁRIO PÚBLICO.
Não se pode cometer o delírio de, em nome do direito de privacidade, estabelecer-se uma redoma protetora em torno de uma pessoa para torná-la imune de
qualquer veiculação atinente a sua imagem.
Se a demandante expõe sua imagem em cenário público, não é lícita ou indevida sua reprodução pela imprensa, uma vez que a proteção à privacidade encontra
limite na própria exposição realizada.
Recurso especial não-provido. (Resp 595.600, Relator Ministro Cesar Asfor Rocha, de 18/03/2004)
Apenas um esclarecimento com relação ao julgado supra. Não há de se falar em contraste com a decisão envolvendo a modelo Daniella Cicarelli. No caso desta,
o pano de fundo ou objetivo da divulgação sempre foi o de divulgar a modelo em cenas íntimas. No caso acima, é bom que se diga, o objeto da fotografia era
uma praia pública lotada, em um dia de verão, com claro cunho informativo, e não a moça fazendo uso da prática do topless.
Publicação de fotografia em revista, sem autorização prévia da autora. O fato de a revista ter publicado fotografia da requerente trazendo shorts e camiseta em
reportagem, não induz, por si só, a pretendida indenização. Fotografia que faz parte do contexto da reportagem, sem qualquer conteúdo ofensivo ou mesmo
intenção de obter proveito econômico . (Grifos Nossos) (Apelação Nº. 9177965-70.2004.8.26.0000, Relator Desembargador Octávio Helem, 10 Câmara de Direito
Privado do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, de 12/04/2011).
Chama-se, mais uma vez, a atenção para a prevalência do interesse público sobre o privado, além da total ausência prejuízo da pessoa retratada, situações essas
que, como já exaustivamente salientado, figuram como requisitos alternativos para a tutela do direito de imagem (vide grifos).
Por fim, relatamos mais um caso de prevalência do direito coletivo de informação sobre o direito privado de imagem:
Direito de personalidade versus direito de informação Prevalência do direito de informar, no caso concreto. Caráter informativo na divulgação de notícia
relacionada à pindura Fotografia cujo foco não é a imagem dos apelados Destaque para o aviso de que determinado restaurante não aceita pindura. Ausência do
dever de indenizar.(Apelação Nº. 994.06.131176-0, Relator Desembargador Paulo Roberto Grava Brazil).
IV Conclusão:
É fato inconteste que a imagem como um direito de personalidade autônomo, consagrado constitucionalmente, tem o condão de levar seus titulares a buscar a
tutela jurisdicional competente para fazer cessar seu uso indevido e desautorizado, assim como para pleitear eventual indenização, inclusive moral, em razão do
ilícito cometido.
Igualmente inquestionável é a possibilidade de limitação deste exercício do direito de imagem quando a pessoa retratada for pública ou quando houver conflito
com demais direitos ou princípios fundamentais, como é o caso do direito à informação.
Todavia, o que não se pode esquecer é que mesmo essas limitações devem ser mitigadas ou desconsideradas no momento em que o violador age com os
propósitos de: 1) explorar economicamente a vítima, titular do direito de imagem, e/ou; 2) denegrir sua imagem.
Esses, inclusive, são os requisitos que devem ser perseguidos pelo julgador no momento da análise de casos envolvendo imagens de indivíduos divulgadas sem
autorização.
Dos Fatos Jurídicos
TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL II
1. NOÇÕES GERAIS
“Enquanto José vivia sozinho na ilha, não importava o surgimento do Direito. Que importância teria uma lei que lhe garantisse a propriedade da sua cabana, se
era o único morador da ilha?” . PORTANTO, onde se encontrem duas ou mais pessoas, se faz necessário o Direito, como um conjunto de regras para a
regulamentação da vida em sociedade.
O DIREITO PODE SER PÚBLICO, quando trata daquilo que interessa à população em geral (Direito Constitucional, Penal, Eleitoral, Administrativo,
Processual, etc) E PODE SER PRIVADO, quando regula as relações que interessam apenas às pessoas diretamente ligadas entre si (compra e venda, locação,
doação, reconhecimento de paternidade, prestação de serviços, etc).
2. FATOS JURÍDICOS – NOÇÕES GERAIS
O que são, para que servem e qual a importância dos fatos jurídicos?
(A IMPORTÂNCIA) Pablo e Rodolfo1 retratam muito bem a importância dos fatos jurídicos ao afirmarem que “fora da noção de fato jurídico, pouca coisa
existe ou importa para o direito (...) Indiscutivelmente, trata-se de conceito basilar, verdadeira causa genética das relações jurídicas, e, bem assim, dos direitos e
obrigações aí compreendidas”.
O componente curricular “Teoria Geral do Direito Civil II” inclui o estudo dos artigos 104 a 232 do Código Civil. Trata-se do Livro III da parte geral (FATOS
JURÍDICOS). Já no primeiro artigo (104), o código menciona “negócio jurídico”. Mais adiante, o art. 185 trata dos “atos jurídicos lícitos”. Por sua vez, o art.
212 se refere a “negócio” e a “fato jurídico”. Mas o Código não esclarece qual a diferença entre tais termos (fatos, negócios e atos lícitos). Portanto, é
imprescindível o recurso à doutrina. Os conceitos e a classificação dos fatos jurídicos é conhecimento indispensável para a compreensão e correta interpretação
da lei.
(O QUE SÃO) Para Savigny, fatos jurídicos são os acontecimentos em virtude dos quais começam ou terminam as relações jurídicas. Caio Mário da Silva
Pereira2, ao lado de outros civilistas importantes, acrescenta ao conceito de Savigny os efeitos conservativos e os modificativos das relações jurídicas.
(PARA QUE SERVEM) Podemos dizer, então, que FATOS JURÍDICOS são os acontecimentos, naturais ou humanos, que criam, modificam, conservam ou
extinguem direitos e obrigações (são exemplos o nascimento, a morte, o decurso do tempo, a maioridade, as ações judiciais e os contratos).
As duas principais classificações dos FATOS JURÍDICOS são:
Classificação Tradicional (Teoria Unitária) e Classificação Moderna (Teoria Dualista)
A Tradicional ou Teoria Unitária foi a classificação adotada pelo Código Civil de 1916: dividia os fatos jurídicos em naturais e humanos. Os fatos humanos
eram divididos em lícitos e ilícitos. Esta teoria não fazia distinção entre atos negociais e não negociais.
A Teoria Dualista, por sua vez, TAMBÉM divide os Fatos Jurídicos em NATURAIS e HUMANOS. Os atos humanos podem ser lícitos ou ilícitos. A diferença
desta teoria dualista é que ela divide os atos lícitos em “atos negociais” e “atos não negocias” (negócios jurídicos e atos jurídicos em sentido estrito).
E os ATOS/FATOS JURÍDICOS?Alguns autores, como Pablo, Rodolfo, Pontes de Miranda e Marcos Bernardes de Mello, acrescentam uma terceira categoria de Fatos Jurídicos. Para eles, existem
alguns acontecimentos caracterizados pela participação humana, MAS SEM VONTADE, OU CUJA VONTADE É IRRELEVANTE PARA O DIREITO. São
exemplos: uma criança que, mesmo sendo absolutamente incapaz de exercer os atos da vida civil, adquire produtos no armazém da esquina. É inegável que ouve
um negócio jurídico (um contrato de compra e venda), juridicamente inválido pela incapacidade, mas amplamente aceito pela sociedade e que não pode ser
ignorado pelo ordenamento jurídico. Outro exemplo: um louco que pinta um quadro e adquire-lhe a propriedade, mesmo sem querer ou mesmo sem a
consciência jurídica.
2.2 EFEITOS DOS FATOS JURÍDICOS
Aquisição de direitos: aquisição de um direito é a sua conjunção com seu titular; no âmbito patrimonial são 2 os modos de aquisição: o ordinário, se o direito
nascer no momento em que o titular se apropria do bem de maneira direta, sem interposição ou transferência de outra pessoa; o derivado, se houver transmissão
do direito de propriedade de uma pessoa a outra, existindo uma relação jurídica entre o anterior e o atual titular. A aquisição pode ser ainda, gratuita, se não
houver qualquer contraprestação, e onerosa, quando o patrimônio do adquirente enriquece em razão de uma contraprestação; levando-se em consideração a
maneira como se processa, temos: aquisição a título universal, se o adquirente substitui o seu antecessor na totalidade de seus direitos ou numa quota ideal deles,
e aquisição a título singular, quando se adquire uma ou várias coisas determinadas, apenas no que concerne aos direitos, como sucede o legatário, que herda
coisa individuada.
Quanto ao processo formativo, pode ser: simples, se o fato gerador da relação jurídica consistir num só ato; ou complexa, se for necessário a intercorrência
simultânea ou sucessiva de mais de um fato, por exemplo, o usucapião que requer posse prolongada, lapso temporal, inércia do titular e em certas hipóteses justo
título e boa-fé.
Normas legais sobre a aquisição de direitos: adquirem-se direitos mediante ato do adquirente ou por intermédio de outrem; pode uma pessoa adquiri-los para si,
ou para terceiros; dizem-se atuais os direitos completamente adquiridos, e futuros os cuja aquisição não se acabou de operar.Expectativa de direito: é uma mera
possibilidade ou esperança de adquirir um direito (exemplo: as tratativas de celebração de um contrato. Enquanto não concluído o contrato (acordo), não há
qualquer direito).
Direito eventual: ocorre se houver interesse, ainda que incompleto, pela falta de um elemento básico protegido por norma jurídica (exemplo: o direito de o
herdeiro herdar os bens dos pais, que somente se completa pelas mortes destes).
Direito condicional: é o que se perfaz pelo advento de um acontecimento futuro e incerto, de modo que o seu titular só o adquire se sobrevier a condição
(exemplo: dar-te-ei um milhão de reais se eu acertar a mega-sena do próximo sábado - o evento futuro e incerto, neste caso, é “acertar os seis números da mega
sena”; se, chegado o dia do sorteio, eu acertar os seis números, estarei obrigado a cumprir minha promessa de dar um milhão de reais
Modificação dos direitos: tem-se modificação objetiva quando atingir a qualidade ou quantidade do objeto ou conteúdo da relação jurídica; a modificação
subjetiva é a pertinente ao titular, subsistindo a relação jurídica, hipótese em que se pode ter a substituição do sujeito de direito inter vivos ou causa mortis.
Defesa dos direitos: para resguardar seus direitos, o titular deve praticar atos conservatórios como o protesto, retenção, arresto, sequestro, caução fidejussória ou
real, interpelações judiciais para constituir devedor em mora, quando esta não resulta de cláusula expressa na convenção ou de termo estipulado com esse escopo
de notificação extrajudicial; quando sofrer ameaça ou violação, o direito subjetivo é protegido por ação judicial; o titular também está provido de instrumentos
de defesa preventiva, para impedir a violação de seu direito, que pode ser extrajudicial (arras, fiança, etc) ou judicial (interdito proibitório, ação de dano infecto,
etc.); está prevista também a autodefesa, em que a pessoa lesada, empregando força física, se defende usando meios moderados, mediante agressão atual e
iminente, sem recorrer ao Judiciário.
Extinção dos direitos: extinguem-se os direitos quando ocorre:
a) perecimento do objeto sobre o qual recaem se ele perder suas qualidades essenciais ou o valor econômico; se se confundir com outro de modo que não se
possa distinguir; se cair em lugar onde não pode mais ser retirado;
b) alienação, que é o ato de transferir o objeto de um patrimônio a outro, havendo perda do direito para o antigo titular;
c) renúncia, que é o ato jurídico pelo qual o titular de um direito dele se despoja, sem transferi-lo a quem quer que seja, sendo renunciáveis os direitos atinentes
ao interesse privado de seu titular, salvo proibição legal;
d) abandono, que é a intenção do titular de se desfazer da coisa;
e) falecimento do titular, sendo o direito personalíssimo e por isso intransmissível;
f) prescrição, que extingue o poder de exigir do outro, forçadamente, o cumprimento da obrigação;
g) decadência, que atinge o próprio direito; 
h) confusão, quando numa só pessoa se reúnem as qualidades de credor e de devedor;
i) implemento de condição resolutiva;
j) escoamento do prazo, se a relação jurídica for constituída a termo;
k) perempção da instância ou do processo, ficando ileso o direito de ação; l) aparecimento de direito incompatível com o direito atualmente existente e que o
suplanta.
3. NEGÓCIO JURÍDICO
Noções gerais – A MANIFESTAÇÃO DE VONTADE
A manifestação de vontade constitui o núcleo do negócio jurídico.
A manifestação de vontade pode ser expressa (palavra escrita ou falada, gestos ou sinais) ou tácita (resulta de um comportamento do agente). O silêncio também
pode significar manifestação de vontade, conforme determina o art. 111 do CC (Arts. 147, 659 e 539 do CC).
O emprego de meios que neutralizem a vontade, como a violência física, entorpecentes e hipnose, tornam inexistente o negócio jurídico.
Para ser válida, a manifestação de vontade deve estar livre dos defeitos que atacam a liberdade (autonomia privada) ou a boa-fé subjetiva dos negociantes (estado
psicológico do agente, a crença interna). Os vícios relacionados na parte geral do CC são: erro, dolo, coação, lesão, estado de perigo, simulação e fraude contra
credores.
Além da ausência desses defeitos, para a validade da declaração de vontade, é indispensável a observância dos princípios da autonomia privada e da boa-fé
objetiva.
(BOA-FÉ OBJETIVA: comportamento segundo um padrão ético objetivo, que se espera de cada um, e respeito a deveres implícitos dos negócios jurídicos
bilaterais: confidencialidade, respeito, lealdade recíproca, assistência, etc.).
A autonomia privada representa a liberdade que os indivíduos possuem para determinarem-se no âmbito da sua vida privada (produção, industrialização,
transporte, circulação e comércio de bens e serviços, relacionamentos familiares, etc.).
Porém, essa vontade humana tem limites, pois, a liberdade ilimitada converte-se em tirania do mais forte.
Assim é que, a autonomia privada encontra limites em leis e em princípios.
Vejamos quais são os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil (art. 3º da CF):
“construir uma sociedade livre, justa e solidária, garantir o desenvolvimento nacional, erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e
regionais, promover o bem de todos...”
Veja-se que a CF consagra o direito de propriedade, vinculando-o à sua função social (Art. 5º, XXII e XXIII, e 170, III); e, condiciona o exercício da atividade
econômica a princípios superiores (soberania nacional, defesa do consumidor, livre concorrência, defesa do meio ambiente,redução de desigualdades regionais,
etc. – Art. 170).
Essas limitações não representam o fim da autonomia privada, apenas indicam que o individualismo selvagem cedeu lugar ao solidarismo social (os negócios
devem ser bons para todos os envolvidos e, também, para a sociedade em geral); indicam que a igualdade formal entre as pessoas cedeu lugar à igualdade
material (os desiguais devem ser tratados de forma desigual, para formação do equilíbrio); indicam que quaisquer manifestações de vontade devem contribuir
para a efetivação da dignidade da pessoa humana, etc.
3.1 - O NEGÓCIO JURÍDICO
Exemplos de negócio jurídico: compra e venda, troca ou permuta, doação, locação de coisa, empréstimo, prestação de serviço, empreitada, depósito, transporte,
seguro, fiança, compromisso, etc. (ver artigos 481 à 853 do Código Civil)
CONCEITO DE NEGÓCIO JURÍDICO:
Para Pablo e Rodolfo,
“negócio jurídico é a declaração de vontade, emitida em obediência aos seus pressupostos de existência, validade e eficácia, com o propósito de produzir efeitos
admitidos pelo ordenamento jurídico pretendidos pelo agente.”
(declaração é a exteriorização da vontade. Pressupostos são os requisitos que dão vida e regulam o negócio jurídico. Agente é a pessoa que emite a declaração de
vontade. Os efeitos do negócio são aqueles resultados, aquelas consequências buscadas pelo agente, as quais não podem ser proibidas pelo ordenamento jurídico).
CLASSIFICAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS
a) Quanto ao número de declarantes: unilaterais (somente uma manifestação de vontade, como no testamento), bilaterais (duas manifestações de vontade
opostas, que se encontram, como nos contratos de compra e venda, de locação, de prestação de serviço) e plurilaterais (mais de uma vontade, mas voltadas para a
mesma finalidade, como na formação de uma sociedade);
b) Quanto ao exercício de direitos: negócios de disposição (transferem direitos de propriedade) e negócios de administração (não transferem direitos de
propriedade);
c) Quanto às vantagens patrimoniais: negócios gratuitos (somente uma das partes é beneficiada – não há contraprestação, como na doação pura) ou negócios
onerosos (ao benefício recebido vincula-se uma obrigação correspondente – contraprestação). Os negócios onerosos podem ser comutativos (tem que haver
equivalência entre as prestações, como no contrato de locação/aluguel) ou aleatórios (pode não haver equilíbrio entre as prestações, porque a prestação de uma
das partes fica condicionada a um acontecimento exterior, como na compra “da safra agrícola”, em que o comprador assume o risco de receber uma quantidade
inferior de produtos, dependendo das condições climáticas);
d) Quanto a forma: podem ser formais ou solenes (quando a lei exige determinada forma para serem válidos, como no casamento) ou não formais ou não
solenes (quando a forma de realização do negócio é livre, como na compra e venda de móveis, de locação, de doação de móveis);
e) Quanto ao momento da produção do resultado: negócio inter vivos (negócios entre pessoas vivas, como na compra e venda e na locação) ou mortis causa
(negócio feito para produzir efeitos depois da morte, como no testamento, que somente produzirá efeito depois da morte do testador);
f) Quanto à existência: negócio principal (que existe por si mesmo, independentemente da existência ou não de outro negócio, como na compra e venda e na
locação) ou negócio acessório (que somente existe se outro negócio existir, como na fiança, que somente existe porque existe um negócio principal);
g) Quanto ao conteúdo: negócios patrimoniais (os quais têm valor econômico) e negócios extrapatrimoniais ou não patrimoniais (sem valor econômico, como
no casamento);
ELEMENTOS DO NEGÓCIO JURÍDICO:
a) ELEMENTOS ESSENCIAIS/CONSTITUTIVOS DO NEGÓCIO JURÍDICO
Elementos essenciais são aqueles sem os quais o negócio jurídico não existe. São eles: Declaração de Vontade (para todo e qualquer negócio), Coisa (para todo e
qualquer negócio), Preço (para os negócios onerosos), Forma Adequada (em regra os negócios podem ser realizados de forma livre: escrito particular, escritura
pública, verbal, por sinais, pelo silêncio em alguns casos. Somente quando a lei impõe determinada forma é que o negócio deverá segui-la). COMO REGRA,
podemos afirmar que jamais existirá um negócio jurídico sem declaração de vontade (e agente, como pressuposto lógico) e sem objeto.
b) ELEMENTOS NATURAIS DO NEGÓCIO JURÍDICO
Elementos naturais são os que fazem parte da natureza do negócio, não havendo a necessidade de menção expressa a seu respeito pelos negociantes. São
elementos previstos no ordenamento jurídico, que aderem, automaticamente, ao negócio realizado. Por exemplo: a responsabilidade do vendedor pelos “vícios
redibitórios” (defeitos ocultos – CC, art. 441) ou pela “evicção” (CC, art. 447) da coisa vendida. Outro exemplo é o lugar do pagamento – se os negociantes não
estabelecerem o lugar do pagamento, o art. 327 do CC resolve;
c) ELEMENTOS ACIDENTAIS DO NEGÓCIO JURÍDICO
Elementos acidentais são estipulações/determinações acessórias que os negociantes, facultativamente, adicionam ao negócio jurídico, como a “condição”
(determinação acessória que subordina os efeitos do negócio a evento futuro e incerto), o “termo” (determinação acessória que subordina os efeitos do negócio a
evento futuro e certo) e o “modo ou encargo” (ônus a ser suportado pelo beneficiário em favor da outra parte – somente é possível nos negócios não onerosos,
porque não se trata de contraprestação).
DECLARAÇÃO DE VONTADE:
Para Roberto de Ruggiero,
“a vontade deve ser manifestada (...) somente com a sua manifestação o agente pode provocar a desejada reação jurídica e esta exteriorizada, que torna visível a
vontade e lhe dá existência (...), é o que nós chamamos declaração ou manifestação, sendo indiferente que se faça com palavras, gestos ou até mesmo com o
silêncio.”
Assim, podemos dizer que a declaração ou manifestação é a exteriorização da vontade.
A vontade interna, mero pensamento, que não chega ao conhecimento de outrem, não é reconhecida pelo Direito, por não ter sido exteriorizada.
“A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha
conhecimento”
(Código Civil – Art. 109).
Ocorre reserva mental quando um dos declarantes ocultas a sua verdadeira intenção, isto é, quando não quer um efeito jurídico que declara querer. Tem por
objetivo enganar o outro contratante. Se este, entretanto, não soube da reserva, o ato subsiste e produz os efeitos que o declarante não desejava. A reserva, isto é,
o que se passa na mente do declarante, é indiferente ao mundo jurídico e irrelevante no que se refere à validade e eficácia do negócio jurídico.
Exemplo: Paulo manifesta várias vezes que quer comprar o carro X de José. Certo dia, José declara para várias pessoas que vai fazer uma brincadeira com o
amigo Paulo. Assim, vai ao encontro de Paulo e lhe “vende” o referido carro (fazendo a reserva mental de não querer o que estava declarando – sua intenção não
era vender o carro e sim brincar com o amigo).
O exemplo acima permite duas conclusões:
1ª: José sabia da verdadeira intenção de Paulo, que era de brincar consigo (o negócio não subsiste);
2ª: José não sabia da verdadeira intenção de Paulo (o negócio subsiste, a manifestação de vontade de José é válida, apesar de ter feito a reserva mental de não
querer o que declarou, porque Paulo não sabia da sua reserva mental).
“O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa.”
(Código Civil – Art. 111).
Em regra, o silêncio nada significa. Porém, excepcionalmente, em determinadas circunstâncias o silêncio pode ter um significado relevante e produzir efeitos
jurídicos.
Exemplo: O doador fixa um prazo para que o donatário (beneficiário) declare se aceita ou não a doação. Se o donatário,

Outros materiais