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Aleitamento materno Profª Drª Camille Xavier de Mattos. São Gonçalo, 2024. UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA DISCIPLINA: A MULHER NA REDE DE ATENÇÃO A SAÚDE I Amamentação Amamentar é muito mais do que nutrir a criança. É um processo que envolve interação profunda entre mãe e filho, com repercussões no estado nutricional da criança, em sua habilidade de se defender de infecções, em sua fisiologia e no seu desenvolvimento cognitivo e emocional, e em sua saúde no longo prazo, além de ter implicações na saúde física e psíquica da mãe. (BRASIL, 2015). Amamentação É recomendado que o aleitamento materno inicie desde a primeira hora de vida do bebê e aconteça de forma exclusiva nos primeiros seis meses de vida e de forma complementada até os dois anos ou mais. Golden Hour A primeira hora de vida do bebê é tão importante para seu futuro que é conhecida como hora dourada ou hora mágica. Durante esse período, o contato pele a pele deve ser estimulado o mais cedo possível. Ele facilita a amamentação, diminui a mortalidade e traz muitos benefícios para mãe e bebê. (SBP, 2020). Golden Hour Criação de vínculo. Ajuda o bebê na transição do útero para o mundo. Bebê sente o cheiro da mãe. Bebê sente o calor e os batimentos cardíacos da mãe. Liberação de hormônios. Facilita a amamentação. Diminui as chances de hipotermia. Favorece a colonização através da microbiota materna. Diminui a mortalidade. Fonte: https://www.medicina.ufmg.br/observaped/hora-de-ouro-golden-hour/ • Na hora de ouro, o ideal é colocar o filho imediatamente na altura do abdômen ou mais próximo do peito da mulher. https://www.medicina.ufmg.br/observaped/hora-de-ouro-golden-hour/ Tipos de Aleitamento Materno • Quando a criança recebe somente leite materno, direto da mama ou ordenhado, ou leite humano de outra fonte, sem outros líquidos ou sólidos com exceção de gotas ou xaropes contendo vitaminas, sais de reidratação oral, suplemento minerais ou medicamentos. Aleitamento materno exclusivo • Quando a criança recebe, além do leite materno, água ou bebidas à base de água (água adocicada, chás, infusões), sucos de frutas e fluidos rituais. Aleitamento materno predominante • Quando a criança recebe leite materno (direto da mama ou ordenhado), independentemente de receber ou não outros alimentos. Aleitamento materno Tipos de Aleitamento Materno • Quando a criança recebe, além do leite materno, qualquer alimento sólido ou semissólido com a finalidade de complementá-lo, e não de substituí-lo. Aleitamento materno complementado • Quando a criança recebe leite materno e outros tipos de leite. Aleitamento materno misto ou parcial – Benefícios da Amamentação • O leite materno é uma fonte sustentável de alimento, pois não gera poluição e não demanda energia, água ou combustível para sua produção, armazenamento e transporte, diferentemente dos substitutos do leite materno. • Ele também ajuda a reduzir os custos do sistema de saúde, minimizando o tratamento de doenças na infância e em outras fases da vida. Adicionalmente, contribui para a melhoria da nutrição, educação e saúde da sociedade. Benefícios para a sociedade e o planeta: • O leite materno protege contra diarreias, infecções respiratórias e alergias. • Diminui o risco de hipertensão, colesterol alto e diabetes, além de reduzir a chance de desenvolver obesidade. • Crianças amamentadas no peito são mais inteligentes, há evidências de que o aleitamento materno contribui para o desenvolvimento cognitivo. Benefícios para o Bebê: • A amamentação oferece diversos benefícios à mulher. • Amamentar reduz os riscos de hemorragia no pós-parto e diminui as chances de desenvolver câncer de mama, ovários e colo do útero no futuro. • Além disso, fortalece o vínculo entre mãe e filho. Benefícios para a Mulher: (BRASIL, 2024) Duração da amamentação A OMS, endossada pelo Ministério da Saúde do Brasil, recomenda aleitamento materno por dois anos ou mais, sendo exclusivo nos primeiros seis meses. Não há vantagens em se iniciar os alimentos complementares antes dos seis meses, podendo, inclusive, haver prejuízos à saúde da criança, pois a introdução precoce de outros alimentos está associada a: • Maior número de episódios de diarreia; • Maior número de hospitalizações por doença respiratória; • Risco de desnutrição se os alimentos introduzidos forem nutricionalmente inferiores ao leite materno, como, por exemplo, quando os alimentos são muito diluídos; • Menor absorção de nutrientes importantes do leite materno, como o ferro e o zinco; • Menor eficácia da amamentação como método anticoncepcional; • Menor duração do aleitamento materno. Aleitamento materno – Principais fatos (PAHO, 2021) O aleitamento materno ajuda a prevenir sobrepeso e diabetes tipo 2 na infância O aleitamento materno protege contra a leucemia na infância O aleitamento materno protege contra síndrome da morte súbita infantil A amamentação promove apego A duração do aleitamento materno está positivamente associada à renda As políticas que apoiam o aleitamento materno nos locais de trabalho são boas para as empresas https://www.paho.org/pt/topicos/aleitamento-materno-e-alimentacao-complementar#respuesta-ops-lm https://www.paho.org/pt/topicos/aleitamento-materno-e-alimentacao-complementar#respuesta-ops-lm Aleitamento materno – Principais fatos (PAHO, 2021) O aleitamento materno aumenta a inteligência dos bebês O aleitamento materno faz bem ao meio ambiente Leite materno: mais do que nutrição O aleitamento materno: uma política imperativa de saúde pública O aleitamento materno também protege as mães https://www.paho.org/pt/topicos/aleitamento-materno-e-alimentacao-complementar#respuesta-ops-lm https://www.paho.org/pt/topicos/aleitamento-materno-e-alimentacao-complementar#respuesta-ops-lm Anatomia da mama Fisiologia da lactação Lactogênese fase I: A mama, na gravidez, é preparada para a amamentação sob a ação de diferentes hormônios. Os mais importantes são o estrogênio, responsável pela ramificação dos ductos lactíferos, e o progestogênio, pela formação dos lóbulos. Outros hormônios também estão envolvidos na aceleração do crescimento mamário, tais como lactogênio placentário, prolactina e gonadotrofina coriônica. Lactogênese fase II: Com o nascimento da criança e a expulsão da placenta, há uma queda acentuada nos níveis sanguíneos maternos de progestogênio, com consequente liberação de prolactina pela hipófise anterior, iniciando a lactogênese fase II e a secreção do leite. Há também a liberação de ocitocina durante a sucção, hormônio produzido pela hipófise posterior, que tem a capacidade de contrair as células mioepiteliais que envolvem os alvéolos, expulsando o leite neles contido. Lactogênese fase III: A produção do leite logo após o nascimento da criança é controlada principalmente por hormônios e a “descida do leite”, que costuma ocorrer até o terceiro ou quarto dia pós-parto, ocorre mesmo se a criança não sugar o seio. Após a “descida do leite”, inicia-se a fase III da lactogênese, também denominada galactopoiese. Essa fase, que se mantém por toda a lactação, depende principalmente da sucção do bebê e do esvaziamento da mama. Fisiologia da lactação Prolactina: responsável pela produção do leite, enquanto a criança mama. Ocitocina: responsável pela saída do leite da mama, liberado principalmente pelo estimulo da sucção do bebe e através de estímulos como visão, cheiro e choro da criança. (Conhecido como hormônio do amor). OBS: Apojadura (descida do leite) ocorre entre 24 a 72h. Fisiologia da lactação Grande parte do leite de uma mamada é produzida enquanto a criança mama, sob estímulo da prolactina. A ocitocina, liberada principalmente pelo estímulo provocado pela sucção da criança, também é disponibilizada em resposta a estímulos condicionados, tais como visão, cheiro e choro da criança, e a fatores de ordem emocional, como motivação, autoconfiança e tranquilidade.(BRASIL, 2015) Por outro lado, a dor, o desconforto, o estresse, a ansiedade, o medo, a insegurança e a falta de autoconfiança podem inibir a liberação da ocitocina, prejudicando a saída do leite da mama. Nos primeiros dias após o parto, a secreção de leite é pequena, e vai aumentando gradativamente: cerca de 40-50 mL no primeiro dia, 300-400 mL no terceiro dia, 500-800 mL no quinto dia, em média. (BRASIL, 2015) Fisiologia da lactação Na amamentação, o volume de leite produzido varia, dependendo do quanto a criança mama e da frequência com que mama. Quanto mais volume de leite e mais vezes a criança mamar, maior será a produção de leite. Uma nutriz que amamenta exclusivamente produz, em média, 800 mL por dia. Em geral, uma nutriz é capaz de produzir mais leite do que a quantidade necessária para o seu bebê. (BRASIL, 2015) Tipos de leite Nos primeiros dias, o leite materno é chamado colostro, que contém mais proteínas e menos gorduras do que o leite maduro, ou seja, o leite secretado a partir do sétimo ao décimo dia pós-parto. O leite de mães de recém-nascidos prematuros é diferente do de mães de bebês a termo. (BRASIL, 2015). Leite materno Colostro Rico em proteínas Maduro Rico em gorduras ❖ Colostro, um leite muito nutritivo e com muitos anticorpos, é considerado a primeira vacina do bebê. Fases da produção láctea A principal proteína do leite materno é a lactoalbumina e a do leite de vaca é a caseína, de difícil digestão para a espécie humana. (BRASIL, 2015) A concentração de gordura no leite aumenta no decorrer de uma mamada. Assim, o leite do final da mamada (chamado leite posterior) é mais rico em energia (calorias) e sacia melhor a criança, daí a importância de a criança esvaziar bem a mama. (BRASIL, 2012; 2015). (BRASIL, 2015) Leite humano O leite humano possui numerosos fatores imunológicos que protegem a criança contra infecções. A IgA secretória é o principal anticorpo, atuando contra microrganismos presentes nas superfícies mucosas. Os anticorpos IgA no leite humano são um reflexo dos antígenos entéricos e respiratórios da mãe, ou seja, ela produz anticorpos contra agentes infecciosos com os quais já teve contato, proporcionando, dessa maneira, proteção à criança contra os germens prevalentes no meio em que a mãe vive. A concentração de IgA no leite materno diminui ao longo do primeiro mês, permanecendo relativamente constante a partir de então. Além da IgA, o leite materno contém outros fatores de proteção, tais como anticorpos IgM e IgG, macrófagos, neutrófilos, linfócitos B e T, lactoferrina, lisosima e fator bífido. Esse favorece o crescimento do Lactobacilus bifidus, uma bactéria não patogênica que acidifica as fezes, dificultando a instalação de bactérias que causam diarreia, tais como Shigella, Salmonella e Escherichia coli. Posições para amamentar (SANTOS, PARTELLI, 2021) Contraindicações do Aleitamento Materno Mães infectadas pelo HIV; Mães infectadas pelo HTLV1 e HTLV2; Uso de medicamentos incompatíveis com a amamentação. Alguns fármacos são considerados contraindicados absolutos ou relativos ao aleitamento materno, como por exemplo, os antineoplásicos e radiofármacos. Criança portadora de galactosemia, doença rara em que ela não pode ingerir leite humano ou qualquer outro que contenha lactose. Recomenda-se a interrupção temporária da amamentação: Infecção herpética, quando há vesículas localizadas na pele da mama. A amamentação deve ser mantida na mama sadia; Varicela: se a mãe apresentar vesículas na pele cinco dias antes do parto ou até dois dias após o parto, recomenda-se o isolamento da mãe até que as lesões adquiram a forma de crosta. Doença de Chagas, na fase aguda da doença ou quando houver sangramento mamilar evidente; Consumo de drogas de abuso: recomenda-se interrupção temporária do aleitamento materno, com ordenha do leite, que deve ser desprezado. O tempo de interrupção varia de acordo com a droga. Recomendação quanto ao tempo de interrupção do aleitamento materno após consumo de drogas de abuso Droga Período recomendado de interrupção da amamentação Anfetamina, ecstasy 24 – 36 horas Barbitúricos 48 horas Cocaína, crack 24 horas Etanol 1 hora por dose ou até estar sóbria Heroína, morfina 24 horas LSD 48 horas Maconha 24 horas Fenciclidina 1 – 2 semanas Nas seguintes condições maternas, o aleitamento materno não deve ser contraindicado: Tuberculose: recomenda-se que as mães não tratadas ou ainda bacilíferas (duas primeiras semanas após início do tratamento) amamentem com o uso de máscaras e restrinjam o contato próximo com a criança por causa da transmissão potencial por meio das gotículas do trato respiratório. Nesse caso, o recém- nascido deve receber isoniazida na dose de 10 mg/kg/dia por três meses. Hanseníase: por se tratar de doença cuja transmissão depende de contato prolongado da criança com a mãe sem tratamento, e considerando que a primeira dose de rifampicina é suficiente para que a mãe não seja mais bacilífera, deve-se manter a amamentação e iniciar tratamento da mãe; Hepatite B: a vacina e a administração de imunoglobulina específica (HBIG) após o nascimento praticamente eliminam qualquer risco teórico de transmissão da doença via leite materno; Nas seguintes condições maternas, o aleitamento materno não deve ser contraindicado: Hepatite C: a prevenção de fissuras mamilares em lactantes HCV positivas é importante, uma vez que não se sabe se o contato da criança com sangue materno favorece a transmissão da doença; Dengue: não há contraindicação da amamentação em mães que contraem dengue, pois há no leite materno um fator antidengue que protege a criança; Consumo de cigarros: Para minimizar os efeitos do cigarro para a criança, as mulheres que não conseguirem parar de fumar devem ser orientadas a reduzirem o máximo possível o número de cigarros (se não possível a cessação do tabagismo, procurar fumar após as mamadas) e a não fumarem no ambiente em que a criança se encontra. Consumo de álcool: assim como para o fumo, deve-se desestimular as mulheres que estão amamentando a ingerirem álcool. A ingestão de doses iguais ou maiores que 0,3g/kg de peso pode reduzir a produção láctea. O álcool pode modificar o odor e o sabor do leite materno levando a recusa do mesmo pelo lactente. Principais problemas relacionados à amamentação Bebê que não suga ou tem sucção fraca Demora na “descida do leite” Mamilos planos ou invertidos Ingurgitamento mamário Trauma mamilar Candidíase mamilar Fenômeno de Raynaud Mastite Bebê que não suga ou tem sucção fraca Quando, por alguma razão, o bebê não estiver sugando ou a sucção é ineficaz, e a mãe deseja amamentá-lo, ela deve ser orientada a estimular a sua mama regularmente (no mínimo cinco vezes ao dia) por meio de ordenha manual ou por bomba de sucção. Isso garantirá a produção de leite. Alguns bebês resistem às tentativas de serem amamentados e com frequência não se descobre a causa dessa resistência inicial. Algumas vezes ela pode estar associada ao uso de bicos artificiais ou chupetas ou ainda à presença de dor quando o bebê é posicionado para mamar ou pressão na cabeça do bebê ao ser apoiado. O manejo desses casos se restringe a acalmar a mãe e o bebê, suspender o uso de bicos e chupetas quando presentes e insistir nas mamadas por alguns minutos cada vez. Bebê que não suga ou tem sucção fraca Alguns bebês não conseguem pegar a aréola adequadamente ou não conseguem manter a pega. Isso pode ocorrer porque: • O bebê não está bem posicionado. • Não abre a boca suficientemente. • Está sendo exposto à mamadeira e/ou chupeta. • Além disso, o bebê pode não abocanhar adequadamente a mama porque elas estão muito tensas, ingurgitadas, ou os mamilos são invertidos ou muito planos. Demora na “descida do leite” Em algumas mulheres a “descida do leite” ou apojadura só ocorre alguns dias após o parto. Nesses casos, o profissionalde saúde deve desenvolver confiança na mãe, além de orientar medidas de estimulação da mama, como sucção frequente do bebê e ordenha. É muito útil o uso de um sistema de nutrição suplementar (translactação), que consiste em um recipiente (pode ser um copo ou uma xícara) contendo leite (de preferência leite humano pasteurizado), colocado entre as mamas da mãe e conectado ao mamilo por meio de uma sonda. A criança, ao sugar o mamilo, recebe o suplemento. Dessa maneira o bebê continua a estimular a mama e sente-se gratificado ao sugar o seio da mãe e ser saciado. Mamilos planos ou invertidos Mamilos planos ou invertidos podem dificultar o início da amamentação, mas não necessariamente a impedem, pois o bebê faz o “bico” com a aréola. Para uma mãe com mamilos planos ou invertidos amamentar com sucesso, é fundamental que ela receba ajuda logo após o nascimento do bebê, que consiste em: ▪ Promover a confiança e empoderar a mãe – deve ser transmitido a ela que com paciência e perseverança o problema poderá ser superado e que com a sucção do bebê os mamilos vão se tornando mais propícios à amamentação; ▪ Ajudar a mãe a favorecer a pega do bebê – a mãe pode precisar de ajuda para fazer com que o bebê abocanhe o mamilo e parte da aréola se ele, inicialmente, não conseguir; é muito importante que a aréola esteja macia. ▪ Tentar diferentes posições para ver em qual delas a mãe e o bebê adaptam-se melhor; ▪ Manobras que podem ajudar a aumentar o mamilo antes das mamadas: simples estímulo (toque) do mamilo, compressas frias nos mamilos, e sucção com bomba manual ou seringa de 10 ml ou 20 ml adaptada. Ingurgitamento mamário (1) congestão/aumento da vascularização da mama; (2) retenção de leite nos alvéolos; (3) edema decorrente da congestão e obstrução da drenagem do sistema linfático. (BRASIL, 2015) ❖ No ingurgitamento mamário, há três componentes básicos: Ingurgitamento mamário Como resultado, há compressão dos ductos lactíferos, o que dificulta ou impede a saída do leite dos alvéolos. Não havendo alívio, a produção do leite pode ser interrompida, com posterior reabsorção do leite represado. O leite acumulado na mama sob pressão torna-se mais viscoso; daí a origem do termo “leite empedrado”. (BRASIL, 2015) Ingurgitamento mamário Ingurgitamento fisiológico É discreto. Representa um sinal positivo de que o leite está “descendo”. Não é necessária qualquer intervenção. Ingurgitamento patológico A mama fica excessivamente distendida, o que causa grande desconforto, às vezes acompanhado de febre e mal estar. Pode haver áreas difusas avermelhadas, edemaciadas e brilhantes. Os mamilos ficam achatados, dificultando a pega do bebê, e o leite muitas vezes não flui com facilidade. Manejo do ingurgitamento Ordenha manual da aréola, se ela estiver tensa, antes da mamada, para que ela fique macia, facilitando, assim, a pega adequada do bebê; Mamadas frequentes, sem horários pré-estabelecidos (livre demanda); Massagens delicadas das mamas, com movimentos circulares, particularmente nas regiões mais afetadas pelo ingurgitamento. Uso de analgésicos sistêmicos/anti-inflamatórios. Suporte para as mamas, com o uso ininterrupto de sutiã com alças largas e firmes, para aliviar a dor e manter os ductos em posição anatômica. Crioterapia (aplicação de gelo ou gel gelado) em intervalos regulares após ou nos intervalos das mamadas; em situações de maior gravidade, podem ser feitas de duas em duas horas. Importante: o tempo de aplicação das compressas frias não deve ultrapassar 20 minutos devido ao efeito rebote, ou seja, um aumento de fluxo sanguíneo para compensar a redução da temperatura local. Compressas frias → Vasoconstrição Se o bebê não sugar, a mama deve ser ordenhada manualmente ou com bomba de sucção. Trauma mamilar Trauma mamilar, traduzido por eritema, edema, fissuras, bolhas, “marcas” brancas, amarelas ou escuras, hematomas ou equimoses, é uma importante causa de desmame e, por isso, a sua prevenção é muito importante, o que pode ser conseguido com as seguintes medidas: ▪ Amamentação com técnica adequada (posicionamento e pega adequados); ▪ Não uso de produtos que retiram a proteção natural do mamilo, como sabões, álcool ou qualquer produto secante; ▪ Amamentação em livre demanda; ▪ Evitar ingurgitamento mamário; ▪ Ordenha manual da aréola antes da mamada se ela estiver ingurgitada, o que aumenta a sua flexibilidade, permitindo uma pega adequada; Trauma mamilar As lesões mamilares são muito dolorosas e, com frequência, são a porta de entrada para bactérias. Faz-se necessário intervir para aliviar a dor e promover a cicatrização das lesões o mais rápido possível. Em primeiro lugar, pode-se sugerir as seguintes medidas de conforto, que visam minimizar o estímulo aos receptores da dor localizados na derme do mamilo e da aréola: ▪ Início da mamada pela mama menos afetada; ▪ Ordenha de um pouco de leite antes da mamada, o suficiente para desencadear o reflexo de ejeção de leite, evitando dessa maneira que a criança tenha que sugar muito forte no início da mamada para desencadear o reflexo; ▪ Uso de diferentes posições para amamentar, reduzindo a pressão nos pontos dolorosos ou áreas machucadas; ▪ Analgésicos sistêmicos por via oral se houver dor importante (ibuprofeno). ▪ Utilização de compressa morna no mamilo para alivio da dor. ▪ Não se recomenda mais tratamento seco (banho de luz, sol ou secador). ▪ Manter mamilos arejados e expostos inclusive a luz solar. Candidíase mamilar A infecção da mama no puerpério por Candida sp é bastante comum. A infecção pode atingir só a pele do mamilo e da aréola ou comprometer os ductos lactíferos. Mãe e bebê devem ser tratados simultaneamente, mesmo que a criança não apresente sinais evidentes de candidíase. O tratamento inicialmente é local, com nistatina, clotrimazol, miconazol ou cetoconazol tópicos por duas semanas. As mulheres podem aplicar o creme após cada mamada e ele não precisa ser removido antes da próxima mamada. Um grande número de espécies de cândida é resistente à nistatina. Violeta de genciana a 0,5% a 1,0% pode ser usada nos mamilos/aréolas e na boca da criança uma vez por dia por três a cinco dias. Se o tratamento tópico não for eficaz, recomenda-se cetoconazol 200 mg/dia, por 10 a 20 dias. Fenômeno de Raynaud O fenômeno de Raynaud, uma isquemia intermitente causada por vasoespasmo, que usualmente ocorre nos dedos das mãos e dos pés, também pode acometer os mamilos. Em geral ocorre em resposta à exposição ao frio, compressão anormal do mamilo na boca da criança ou trauma mamilar importante. Manejo: Deve-se buscar identificar e tratar a causa básica que está contribuindo para a isquemia do mamilo e melhorar a técnica de amamentação (pega), quando esta for inadequada. Compressas mornas ajudam a aliviar a dor na maioria das vezes. Analgésico e anti- inflamatório, tipo ibuprofeno, podem ser prescritos, se necessário. Quando a dor é importante e não houver melhora com as medidas já citadas, deve- se utilizar a nifedipina 5 mg, três vezes ao dia, por uma ou duas semanas ou 30–60 mg, uma vez ao dia, para a formulação de liberação lenta. Evitar uso de drogas vasoconstritoras, tais como cafeína e nicotina. Mastite Mastite é um processo inflamatório de um ou mais segmentos da mama (o mais comumente afetado é o quadrante superior esquerdo), geralmente unilateral, que pode progredir ou não para uma infecção bacteriana. Ela ocorre mais comumente na segunda e terceira semanas após o parto, mas pode ocorrer em qualquer período da amamentação. O leite acumulado, a resposta inflamatória e o dano tecidual resultante favorecem a instalação da infecção, comumente pelo Staphylococcus (aureus e albus) e ocasionalmente pela Escherichia coli e Streptococcus (α-,β- e não hemolítico), sendo as lesões mamilares, na maioria das vezes, a porta de entrada da bactéria. Qualquer fator que favoreça a estagnação do leitematerno predispõe ao aparecimento de mastite, incluindo mamadas com horários regulares, redução súbita no número de mamadas, longo período de sono do bebê à noite, uso de chupetas ou mamadeiras, não esvaziamento completo das mamas, freio de língua curto, criança com sucção fraca, produção excessiva de leite, separação entre mãe e bebê e desmame abrupto. Mastite Sinais e sintomas: a parte afetada da mama encontra-se dolorosa, vermelha, edemaciada e quente. Quando há infecção, costuma haver mal-estar importante, febre alta (acima de 38ºC) e calafrios. O tratamento inclui os seguintes componentes: ▪ Identificação e tratamento da causa que provocou a estagnação do leite; ▪ Manter amamentação; ▪ Esvaziamento adequado da mama. ▪ Antibioticoterapia por 10 dias: Cefalexina 500 mg, VO 6/6h; ou Amoxicilina 500 mg ou amoxicilina associada ao ácido clavulanico (500 mg/125 mg), VO 8/8h. ▪ Em caso de MRSA: Vancomicina. ▪ Em Alérgicas: Eritromicina 500mg 6/6h. ▪ Suspeitar de abscesso mamário se não houver melhora após 48h de ATB, nestes casos realizar drenagem cirúrgica e interrupção da AM na mama afetada. ▪ Suporte emocional. Posicionamento adequado Pega adequada Técnica inadequada: Rosto do bebê de frente para a mama, com nariz na altura do mamilo; Mais aréola visível acima da boca do bebê; Bochechas do bebê encovadas a cada sucção; Corpo do bebê próximo ao da mãe; Boca bem aberta; Ruídos da língua; Bebê com cabeça e tronco alinhados (pescoço não torcido); Lábio inferior virado para fora; Mama aparentando estar esticada ou deformada durante a mamada; Bebê bem apoiado. Queixo tocando a mama. Mamilos com estrias vermelhas ou áreas esbranquiçadas ou achatadas quando o bebê solta a mama; Dor na amamentação. Importante: Má pega A má pega dificulta o esvaziamento da mama, podendo levar a uma diminuição da produção do leite. Muitas vezes, o bebê com pega inadequada não ganha o peso esperado apesar de permanecer longo tempo no peito. (BRASIL, 2015) Além de dificultar a retirada do leite, a má pega machuca os mamilos. Quando o bebê tem uma boa pega, o mamilo fica em uma posição dentro da boca da criança que o protege da fricção e compressão, prevenindo, assim, lesões mamilares. (BRASIL, 2015) Vídeo: Incentivando o aleitamento materno junto aos familiares Fonte: Trabalho de Conclusão de Curso de graduação em Enfermagem pela Universidade Federal Fluminense (campus de Rio das Ostras) da aluna Daniella Canejo Dantas sob orientação da Prof.ª Dr.ª Fernanda Garcia Bezerra Góes. Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=_a8FHspBES4 https://www.youtube.com/watch?v=_a8FHspBES4 Direitos das mulheres que ajudam a manter o aleitamento materno ➢ Licença-maternidade (120 dias, sem prejuízo na remuneração); ➢ Garantia de se manter no emprego (desde a confirmação da gravidez até 5 meses após o parto, sem justa causa); ➢ Direito à creche; ➢ Pausas para amamentar durante o trabalho ou estudo; ➢ Alojamento conjunto (hospital e maternidade devem manter a mãe e o filho no mesmo ambiente 24h por dia). Curiosidades sobre aleitamento materno! A mamadeira, além de ser uma importante fonte de contaminação, pode influenciar negativamente a amamentação. (BRASIL, 2015). Observa-se que algumas crianças, depois de experimentarem a mamadeira, passam a apresentar dificuldade quando vão mamar no peito. Alguns autores denominam essa dificuldade de “confusão de bicos”, gerada pela diferença marcante entre a maneira de sugar na mama e na mamadeira. (BRASIL, 2015). Que o uso de mamadeiras pode prejudicar a amamentação? Confusão de bicos ❖ Nesses casos, é comum o bebê começar a mamar no peito, porém, após alguns segundos, largar a mama e chorar. Como o leite na mamadeira flui abundantemente desde a primeira sucção, a criança pode estranhar a demora de um fluxo maior de leite no peito no início da mamada, pois o reflexo de ejeção do leite leva aproximadamente um minuto para ser desencadeado e algumas crianças podem não tolerar essa espera. (BRASIL, 2015). Confusão de bicos A confusão de bico é causada quando o bebê se acostuma com o bico artificial pois esse é ofertado a ele várias vezes. (SANTOS, PARTELLI, 2021) Mamadeira Veículo de contaminação, Risco de infecções e diarreias. Desmame precoce Problemas orofaciais Problemas de fala e dentição. (BRASIL, 2015) Mamadeira ❖ Na impossibilidade de evitar seu uso, o profissional de saúde deve orientar a higienização adequada, pois o acúmulo de alimentos, na mamadeira ou bico, aumenta os riscos de contaminação. (BRASIL, 2015) ❖ É necessário lavar com água e sabão para retirar toda a sujeira e ferver em água limpa e panela tampada por pelo menos 15 minutos após cada uso. Sempre que possível, seu uso deve ser desestimulado. (BRASIL, 2015) ❖ Os copos e xícaras são mais baratos e fáceis de higienizar. (BRASIL, 2015) Mamadeira Você sabia? ❖ Que mamar no peito é essencial para os bebês pois, trabalha toda a musculatura facial. Pelo contrário, na mamadeira, a sucção realizada não usa de maneira correta os músculos faciais, podendo gerar no bebê problemas dentários e na fala. (SANTOS, PARTELLI, 2021) (SANTOS, PARTELLI, 2021) Uso de chupeta Atualmente, a chupeta tem sido desaconselhada pela possibilidade de interferir negativamente na duração do aleitamento materno, entre outros motivos. Crianças que chupam chupetas, em geral, são amamentadas com menos frequência, o que pode comprometer a produção de leite. (BRASIL, 2015). Interfere no aleitamento materno Maior ocorrência de candidíase oral (sapinho) Otite média Alterações do palato Uso de chupeta: Você sabia que existe uma forma de oferecer o leite materno ao bebê prematuro sem precisar utilizar bicos artificiais?! ❖ As crianças devem receber as refeições lácteas preferencialmente em copos ou copinhos. (BRASIL, 2015) ❖ Essa ferramenta simples e prática ajuda a estimular a ingestão do leite materno e evita a confusão de bico! (SANTOS, PARTELLI, 2021) Fonte: Google Imagens Referências 1. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança : aleitamento materno e alimentação complementar / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2015. 184 p. 2. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Atenção à saúde do recém-nascido: guia para os profissionais de saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – 2. ed. atual. – Brasília : Ministério da Saúde, 2014. 3. MONTENEGRO, C.A.B; REZENDE FILHO, J. Rezende obstetrícia. Carlos Antonio Barbosa Montenegro, Jorge de Rezende Filho. 13. ed. - Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 2017. 4. BRASIL. Colostro, leite produzido pela mulher logo após o parto, fortalece o sistema imunológico e protege a saúde do bebê. 2022. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2022/novembro/colostro-leite-produzido- pela-mulher-logo-apos-o-parto-fortalece-o-sistema-imunologico-e-protege-a-saude-do-bebe. Acesso em 16 jun 2023. 5. DANTAS, D.C.; GOES, F.G.B. Trabalho de Conclusão de Curso de graduação em Enfermagem pela Universidade Federal Fluminense (campus de Rio das Ostras) da aluna Daniella Canejo Dantas sob orientação da Prof.ª Dr.ª Fernanda Garcia Bezerra Góes. 2021. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=_a8FHspBES4. Acesso em 14 fev 2023. 6. SANTOS, I.L; PARTELLI, A.N.M. Cartilha de cuidados com o recém-nascido prematuro: desmistificando o cuidar no domicílio. SANTOS, I.L.; PARTELLI, A.N.M. (Organizadores). Ilustrações, TXDDY. São Mateus: ES, Universidade Federal do Espírito Santo, Centro Universitário Norte do Espírito Santo, 2021. 43p. https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2022/novembro/colostro-leite-produzido-pela-mulher-logo-apos-o-parto-fortalece-o-sistema-imunologico-e-protege-a-saude-do-bebehttps://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2022/novembro/colostro-leite-produzido-pela-mulher-logo-apos-o-parto-fortalece-o-sistema-imunologico-e-protege-a-saude-do-bebe https://www.youtube.com/watch?v=_a8FHspBES4 Obrigada! Slide 1: Aleitamento materno Slide 2: Amamentação Slide 3: Amamentação Slide 4: Golden Hour Slide 5: Golden Hour Slide 6: Tipos de Aleitamento Materno Slide 7: Tipos de Aleitamento Materno Slide 8: Benefícios da Amamentação Slide 9: Duração da amamentação Slide 10: Aleitamento materno – Principais fatos (PAHO, 2021) Slide 11: Aleitamento materno – Principais fatos (PAHO, 2021) Slide 12: Anatomia da mama Slide 13: Fisiologia da lactação Slide 14: Fisiologia da lactação Slide 15: Fisiologia da lactação Slide 16: Fisiologia da lactação Slide 17: Tipos de leite Slide 18: Fases da produção láctea Slide 19: Leite humano Slide 20: Posições para amamentar Slide 21: Contraindicações do Aleitamento Materno Slide 22: Recomenda-se a interrupção temporária da amamentação: Slide 23: Recomendação quanto ao tempo de interrupção do aleitamento materno após consumo de drogas de abuso Slide 24: Nas seguintes condições maternas, o aleitamento materno não deve ser contraindicado: Slide 25: Nas seguintes condições maternas, o aleitamento materno não deve ser contraindicado: Slide 26: Principais problemas relacionados à amamentação Slide 27: Bebê que não suga ou tem sucção fraca Slide 28: Bebê que não suga ou tem sucção fraca Slide 29: Demora na “descida do leite” Slide 30: Mamilos planos ou invertidos Slide 31: Ingurgitamento mamário Slide 32: Ingurgitamento mamário Slide 33: Ingurgitamento mamário Slide 34: Manejo do ingurgitamento Slide 35: Trauma mamilar Slide 36: Trauma mamilar Slide 37: Candidíase mamilar Slide 38: Fenômeno de Raynaud Slide 39: Mastite Slide 40: Mastite Slide 41 Slide 42 Slide 43: Má pega Slide 44: Vídeo: Incentivando o aleitamento materno junto aos familiares Slide 45: Direitos das mulheres que ajudam a manter o aleitamento materno Slide 46: Curiosidades sobre aleitamento materno! Slide 47 Slide 48: Confusão de bicos Slide 49: Confusão de bicos Slide 50: Mamadeira Slide 51: Mamadeira Slide 52: Mamadeira Slide 53: Uso de chupeta Slide 54 Slide 55: Referências Slide 56: Obrigada!