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Resolução CFC n.º 1.111/2007: Princípios de 
Contabilidade no Setor Público
Este documento apresenta um estudo detalhado sobre a Resolução CFC n.º 1.111/2007, que estabelece os 
Princípios de Contabilidade sob a perspectiva do Setor Público brasileiro. Ao longo de 25 seções, exploraremos o 
contexto normativo, a aplicação prática dos princípios fundamentais e seu impacto na gestão pública transparente 
e eficiente.
por Professor Meira
Introdução à Resolução CFC n.º 1.111/2007
A Resolução CFC n.º 1.111/2007, publicada em 13 de dezembro de 2007 pelo Conselho Federal de Contabilidade 
(CFC), representa um marco fundamental na evolução da contabilidade pública brasileira. Este documento 
normativo surgiu em um momento crucial de transição e modernização das práticas contábeis no setor público 
nacional, estabelecendo interpretações específicas dos Princípios de Contabilidade sob a ótica do setor 
governamental.
O contexto de sua publicação está diretamente relacionado ao processo de convergência das normas brasileiras 
aos padrões internacionais de contabilidade pública, particularmente as IPSAS (International Public Sector 
Accounting Standards). A Resolução buscou harmonizar as práticas contábeis adotadas pelas entidades 
governamentais, promovendo maior transparência, comparabilidade e qualidade da informação contábil produzida 
pelos entes públicos.
Com sua implementação, o CFC reafirmou a importância da observância dos princípios fundamentais da 
contabilidade no ambiente público, reconhecendo as particularidades deste setor sem comprometer os conceitos 
basilares da ciência contábil. Esta norma influenciou profundamente a forma como os registros patrimoniais, 
orçamentários e fiscais são realizados na administração pública brasileira, contribuindo para uma gestão mais 
transparente e responsável dos recursos públicos.
Data de Publicação
Oficialmente publicada em 13 
de dezembro de 2007, sendo 
posteriormente incorporada 
ao arcabouço normativo da 
contabilidade pública
Órgão Emissor
Conselho Federal de 
Contabilidade (CFC), 
responsável pela 
regulamentação e 
fiscalização da profissão 
contábil no Brasil
Fundamento Legal
Baseada nas atribuições 
conferidas ao CFC pela Lei n.º 
9.295/1946 e no processo de 
convergência às normas 
internacionais
Objetivos da Resolução
A Resolução CFC n.º 1.111/2007 foi concebida com objetivos claros e específicos para aprimorar a contabilidade do 
setor público brasileiro. Seu propósito central é interpretar os Princípios de Contabilidade sob a perspectiva do 
Setor Público, contribuindo para a padronização e uniformização das práticas contábeis governamentais em todo 
o território nacional. Esta uniformização visa eliminar divergências de interpretação e aplicação dos princípios 
fundamentais, garantindo coerência nas demonstrações contábeis públicas.
Um dos objetivos essenciais desta norma é fornecer diretrizes consistentes para o registro, mensuração e 
divulgação dos atos e fatos administrativos no âmbito do setor público. Estas diretrizes buscam assegurar que as 
informações contábeis sejam fidedignas, confiáveis e representem adequadamente a realidade patrimonial, 
orçamentária e financeira das entidades governamentais. Ao estabelecer uma linguagem comum, a Resolução 
facilita a compreensão e comparação das demonstrações contábeis entre diferentes entes públicos.
Ademais, a norma visa fortalecer a transparência da gestão pública e a accountability, permitindo que os cidadãos, 
órgãos de controle e demais usuários das informações contábeis possam avaliar com maior clareza a alocação e 
utilização dos recursos públicos. Esta maior transparência contribui significativamente para o controle social e 
para a tomada de decisões mais fundamentadas pelos gestores públicos, promovendo uma administração mais 
eficiente e responsável do patrimônio público.
Outro objetivo determinante é promover a integração entre os sistemas de contabilidade pública e os processos de 
planejamento e orçamento governamental, facilitando a avaliação de desempenho das políticas públicas e a 
mensuração dos resultados alcançados. Ao interpretar os princípios contábeis para o contexto público, a 
Resolução estabelece as bases para uma contabilidade que vai além do controle orçamentário, enfatizando a 
dimensão patrimonial e contribuindo para uma visão mais abrangente e realista das finanças públicas brasileiras.
Abrangência da Norma
A Resolução CFC n.º 1.111/2007 possui uma abrangência ampla e claramente definida, contemplando todas as 
entidades que compõem a estrutura da administração pública brasileira. Esta norma se aplica de maneira 
obrigatória a todos os órgãos, entidades e fundos que integram a administração direta e indireta nos três níveis de 
governo - federal, estadual e municipal - estabelecendo um padrão uniforme para a aplicação dos princípios 
contábeis em todo o setor público nacional.
No escopo da norma estão incluídos os órgãos da administração direta, como ministérios, secretarias e 
departamentos governamentais, que exercem diretamente as atividades de governo. Também se enquadram as 
autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista dependentes, que compõem a 
administração indireta e possuem personalidade jurídica própria. Os fundos especiais, consórcios públicos e 
demais entidades controladas pelo poder público igualmente devem observar as disposições desta Resolução.
Administração Direta
Órgãos da Presidência e 
Vice-Presidência da 
República
Ministérios e Secretarias 
Federais
Governos Estaduais e suas 
Secretarias
Prefeituras Municipais e 
suas Secretarias
Poder Legislativo (Senado, 
Câmara, Assembleias e 
Câmaras Municipais)
Poder Judiciário (Tribunais 
Federais, Estaduais e 
Especializados)
Administração Indireta
Autarquias (INSS, IBAMA, 
Universidades Federais)
Fundações Públicas (FUNAI, 
FIOCRUZ)
Empresas Públicas (EBSERH, 
ECT, BNDES)
Sociedades de Economia 
Mista dependentes
Fundos Especiais (FUNDEB, 
FAT)
Consórcios Públicos de 
direito público
Entidades Específicas
Serviços Sociais Autônomos 
quando gerenciam recursos 
públicos
Organizações Sociais e 
OSCIPs com contratos de 
gestão
Entidades do Sistema S que 
administram recursos 
públicos
Conselhos profissionais de 
fiscalização
Outras entidades que 
gerenciam ou aplicam 
recursos públicos
É importante ressaltar que a aplicação da norma não se restringe apenas às entidades que seguem a Lei nº 
4.320/64, mas estende-se também àquelas que, mesmo adotando a contabilidade empresarial (Lei nº 6.404/76), 
possuem natureza pública ou administram recursos públicos. Desta forma, a abrangência da Resolução CFC n.º 
1.111/2007 garante que todas as entidades do setor público brasileiro, independentemente de sua natureza jurídica 
ou estrutura organizacional, sigam os mesmos princípios contábeis, proporcionando uniformidade, 
comparabilidade e transparência às informações contábeis governamentais.
Princípios de Contabilidade: Conceito e 
Importância
Os Princípios de Contabilidade constituem o núcleo fundamental da ciência contábil, representando o alicerce 
sobre o qual se ergue toda a estrutura teórica e prática da contabilidade. No contexto da Resolução CFC n.º 
1.111/2007, estes princípios são interpretados e adaptados às peculiaridades do setor público, sem perder sua 
essência conceitual. Tratam-se de postulados, axiomas e diretrizes que orientam o registro, a mensuração e a 
evidenciação dos atos e fatos que afetam o patrimônio público, fornecendo uma base consistente para a 
elaboração e interpretação das demonstrações contábeis.
A importância destes princípios para a contabilidade pública é inestimável, pois eles conferem credibilidade, 
confiabilidade e comparabilidade às informações geradas pelos sistemas contábeis governamentais. Ao seguir 
rigorosamente estes princípios, os profissionais da contabilidade pública garantem que as demonstrações 
financeiras representem fielmente a realidade patrimonial, financeira e orçamentária das entidadesdos projetos de modernização contábil, que frequentemente exigem 
horizontes de implementação mais longos que os mandatos eletivos.
Apesar destes desafios, avanços significativos têm sido observados na aplicação dos princípios contábeis no setor 
público brasileiro. A atuação coordenada do Conselho Federal de Contabilidade, da Secretaria do Tesouro 
Nacional, dos Tribunais de Contas e das associações de profissionais de contabilidade tem promovido a 
disseminação de conhecimentos, o desenvolvimento de metodologias adaptadas à realidade brasileira e o apoio 
técnico aos entes públicos. Programas de capacitação, publicações técnicas, sistemas informatizados 
padronizados e prazos escalonados para implementação das novas práticas são exemplos de iniciativas que têm 
contribuído para superar gradualmente os obstáculos identificados. Este processo contínuo de aprimoramento é 
essencial para que os princípios contábeis interpretados pela Resolução CFC n.º 1.111/2007 sejam efetivamente 
aplicados em todos os níveis da administração pública brasileira, proporcionando informações contábeis de alta 
qualidade para a sociedade e para os gestores públicos.
Tendências e Evoluções Normativas Recentes
Desde a publicação da Resolução CFC n.º 1.111/2007, o arcabouço normativo contábil brasileiro aplicável ao setor 
público tem passado por significativas transformações e atualizações, refletindo os avanços na teoria contábil, as 
tendências internacionais e as necessidades informacionais dos usuários das demonstrações contábeis 
governamentais. Estas evoluções não comprometeram os princípios fundamentais interpretados pela Resolução, 
mas aprofundaram e detalharam sua aplicação prática, proporcionando orientações mais específicas para 
situações complexas do ambiente público. O conhecimento destas tendências e atualizações é essencial para os 
profissionais que atuam na contabilidade governamental.
Uma das tendências mais relevantes é a convergência às Normas Internacionais de Contabilidade Aplicadas ao 
Setor Público (IPSAS), emitidas pela International Federation of Accountants (IFAC). O Brasil iniciou formalmente 
este processo em 2008, com a publicação das primeiras Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor 
Público (NBC TSP), e tem avançado gradualmente na incorporação dos padrões internacionais ao contexto 
normativo nacional. Esta convergência não representa uma ruptura com os princípios interpretados pela 
Resolução CFC n.º 1.111/2007, mas sim sua ampliação e detalhamento, uma vez que as IPSAS também são 
fundamentadas em princípios similares, com ênfase na primazia da essência sobre a forma e na visão patrimonial 
da contabilidade.
1 2007-2008
Publicação da Resolução CFC n.º 1.111/2007 e das primeiras Normas Brasileiras de Contabilidade 
Aplicadas ao Setor Público (NBCTs 16.1 a 16.10)
2 2009-2011
Desenvolvimento e publicação das primeiras edições do Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor 
Público (MCASP) pela Secretaria do Tesouro Nacional
3 2012-2016
Implementação gradual dos procedimentos contábeis patrimoniais pelos entes públicos, com 
cronograma diferenciado por esfera de governo
4 2016-2021
Publicação das NBC TSP convergidas com as IPSAS, substituindo gradualmente as NBCTs originais e 
aprofundando a abordagem patrimonial
5 2022-presente
Consolidação do processo de convergência e desenvolvimento de normas para temas específicos do 
contexto brasileiro, como consórcios públicos e parcerias público-privadas
Uma evolução normativa significativa foi a substituição gradual das Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas 
ao Setor Público (NBCTs 16.1 a 16.11) pelas NBC TSP convergidas com as IPSAS. Este processo, iniciado em 2016, 
resultou na publicação de um conjunto mais abrangente e detalhado de normas contábeis específicas para o setor 
público, abordando temas como reconhecimento de receitas, mensuração de ativos de infraestrutura, 
contabilização de benefícios a empregados, instrumentos financeiros, arrendamentos e combinações no setor 
público. Estas normas aprofundam a aplicação dos princípios interpretados pela Resolução CFC n.º 1.111/2007, 
proporcionando orientações específicas para situações complexas e contribuindo para maior uniformidade nas 
práticas contábeis entre os diferentes entes governamentais.
Paralelamente à evolução das normas contábeis, observa-se uma tendência de aprimoramento contínuo do Manual 
de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP), elaborado pela Secretaria do Tesouro Nacional. Este manual, 
que atualmente encontra-se em sua 9ª edição, traduz as normas técnicas em orientações práticas e 
procedimentais para os profissionais que atuam na contabilidade governamental, facilitando a implementação dos 
princípios e normas nos diferentes contextos da administração pública brasileira. O MCASP tem incorporado 
gradualmente os avanços normativos e as melhores práticas internacionais, sempre mantendo consistência com 
os princípios fundamentais interpretados pela Resolução CFC n.º 1.111/2007.
Outra tendência relevante é a crescente integração entre a contabilidade pública e os sistemas de informação 
gerencial, com ênfase na mensuração de custos e na avaliação de desempenho dos serviços públicos. Esta 
abordagem, fundamentada no Princípio da Competência e na visão patrimonial da contabilidade, busca 
proporcionar informações mais úteis para a tomada de decisões pelos gestores públicos e para a avaliação da 
eficiência e eficácia das políticas públicas pela sociedade. Iniciativas como o Sistema de Informação de Custos do 
Governo Federal (SIC) e os sistemas de custos desenvolvidos por diversos estados e municípios exemplificam esta 
tendência de utilização da contabilidade como instrumento de gestão estratégica, e não apenas como ferramenta 
de controle orçamentário e conformidade legal. Esta evolução representa a materialização dos princípios 
contábeis em benefícios concretos para a qualidade da gestão pública e para a transparência na utilização dos 
recursos coletivos, alinhando-se plenamente aos objetivos fundamentais da Resolução CFC n.º 1.111/2007.
Papel do CFC e dos CRCs na Fiscalização
O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e os Conselhos Regionais de Contabilidade (CRCs) desempenham papel 
fundamental na fiscalização e promoção da correta aplicação dos Princípios de Contabilidade interpretados pela 
Resolução CFC n.º 1.111/2007 no setor público brasileiro. Estas entidades, criadas pelo Decreto-Lei nº 9.295/1946, 
têm como missão registrar, fiscalizar e desenvolver a profissão contábil no Brasil, garantindo que os serviços 
contábeis sejam prestados com ética, qualidade técnica e observância às normas profissionais. No contexto 
específico da contabilidade pública, o sistema CFC/CRCs atua em múltiplas dimensões para assegurar que os 
princípios contábeis sejam adequadamente aplicados pelos profissionais de contabilidade que atuam nas 
entidades governamentais.
A atuação fiscalizadora do sistema CFC/CRCs sobre os profissionais de contabilidade do setor público abrange 
tanto aspectos formais, como registro profissional e cumprimento de obrigações junto ao Conselho, quanto 
aspectos técnicos, como a observância das normas profissionais e dos princípios contábeis no exercício da 
profissão. Os fiscais dos Conselhos Regionais realizam verificações periódicas nas entidades públicas, examinando 
a regularidade da escrituração contábil, a adequação das demonstrações elaboradas e a consistência dos 
procedimentos adotados em relação às normas vigentes. Quando identificadas irregularidades ou deficiências 
técnicas, os Conselhos podem aplicar sanções disciplinares aos profissionais responsáveis, que variam desde 
advertências reservadas até suspensão do exercício profissional, dependendo da gravidade da infração.
Atribuições do CFC
Elaborar e atualizar as Normas Brasileiras de 
Contabilidade
Editar interpretações dos princípios contábeis, 
como a Resolução CFC n.º 1.111/2007
Definir diretrizes nacionais para a fiscalização 
profissionalFuncionar como tribunal superior de ética 
profissional
Coordenar o Programa de Educação Profissional 
Continuada
Representar a profissão contábil brasileira 
internacionalmente
Atribuições dos CRCs
Registrar e fiscalizar os profissionais de 
contabilidade em sua jurisdição
Verificar o cumprimento das normas profissionais 
nas entidades públicas e privadas
Apurar denúncias sobre irregularidades técnicas ou 
éticas
Julgar processos disciplinares em primeira 
instância
Promover atividades de capacitação e atualização 
profissional
Orientar os profissionais sobre a correta aplicação 
das normas
Além da fiscalização direta, o sistema CFC/CRCs desenvolve programas de orientação e apoio técnico aos 
profissionais de contabilidade do setor público, buscando prevenir irregularidades e elevar a qualidade dos 
serviços contábeis governamentais. Estas iniciativas incluem a publicação de materiais técnicos, como manuais, 
cartilhas e artigos interpretativos da Resolução CFC n.º 1.111/2007 e das demais normas aplicáveis; a realização de 
cursos, seminários, congressos e outros eventos de capacitação; a promoção de grupos de estudos e comissões 
técnicas específicas para a contabilidade pública; e o desenvolvimento de canais de comunicação para 
esclarecimento de dúvidas e orientação preventiva aos profissionais. Estas ações educativas e preventivas são tão 
importantes quanto a fiscalização corretiva, pois contribuem para a disseminação do conhecimento e para a 
formação de uma cultura profissional comprometida com a qualidade técnica e com a observância dos princípios 
contábeis.
Um aspecto importante da atuação do sistema CFC/CRCs é a colaboração com outros órgãos e entidades 
envolvidos na regulação, normatização e fiscalização da contabilidade pública brasileira. O CFC mantém parcerias 
estratégicas com a Secretaria do Tesouro Nacional, os Tribunais de Contas, as associações de profissionais de 
contabilidade pública e as instituições acadêmicas, buscando alinhar diretrizes, compartilhar conhecimentos e 
coordenar esforços para a modernização e qualificação da contabilidade governamental. Esta atuação em rede 
potencializa o alcance e a efetividade das iniciativas de fiscalização e orientação, contribuindo para a 
implementação consistente dos princípios contábeis interpretados pela Resolução CFC n.º 1.111/2007 em todos os 
níveis da administração pública brasileira.
O Programa de Educação Profissional Continuada, instituído pelo CFC, também contribui significativamente para a 
qualificação dos profissionais que atuam na contabilidade pública. Este programa exige que contadores em 
determinadas funções cumpram uma carga mínima anual de atividades de atualização profissional, como cursos, 
eventos e publicações técnicas. A inclusão dos auditores governamentais e dos responsáveis técnicos por 
demonstrações contábeis de entidades públicas de grande porte entre os profissionais obrigados ao cumprimento 
do programa reflete a preocupação do CFC com a qualidade técnica da contabilidade pública e com a correta 
aplicação dos princípios contábeis no ambiente governamental. Esta exigência de atualização contínua é 
fundamental para que os profissionais possam acompanhar as evoluções normativas e tecnológicas da 
contabilidade pública, mantendo-se capacitados para aplicar adequadamente os princípios e normas em um 
contexto de crescente complexidade e convergência internacional.
Considerações Finais
A Resolução CFC n.º 1.111/2007, ao interpretar os Princípios de Contabilidade sob a perspectiva do Setor Público, 
estabeleceu um marco conceitual fundamental para a modernização e qualificação da contabilidade 
governamental brasileira. Ao longo deste documento, exploramos as múltiplas dimensões e implicações destes 
princípios, desde suas interpretações específicas para o contexto público até sua aplicação prática nos 
procedimentos contábeis, passando por seu impacto nas demonstrações financeiras, sua relação com a 
transparência e responsabilidade fiscal, e os desafios enfrentados para sua plena implementação. Esta análise 
abrangente permite compreender a importância crucial da observância dos princípios contábeis para a qualidade 
da informação produzida pelos sistemas de contabilidade pública e para a gestão eficiente, transparente e 
responsável dos recursos coletivos.
Os princípios interpretados pela Resolução CFC n.º 1.111/2007 - Entidade, Continuidade, Oportunidade, Registro 
pelo Valor Original, Competência, Prudência e Atualização Monetária - não são meras formalidades técnicas ou 
exigências burocráticas, mas representam a essência conceitual da ciência contábil aplicada ao ambiente público. 
Eles proporcionam o fundamento teórico para procedimentos contábeis que visam representar fielmente a 
realidade patrimonial, financeira e orçamentária dos entes governamentais, permitindo que as demonstrações 
contábeis cumpram seu papel de instrumento de prestação de contas à sociedade e de apoio à tomada de decisões 
pelos gestores públicos. Em última análise, a observância destes princípios contribui para a qualidade da gestão 
pública e para o fortalecimento da democracia, ao proporcionar aos cidadãos informações confiáveis e 
compreensíveis sobre a utilização dos recursos coletivos.
Credibilidade da Informação
A aplicação consistente dos princípios contábeis confere 
confiabilidade e fidedignidade às demonstrações 
financeiras governamentais, permitindo que cidadãos, 
legisladores, investidores e outros usuários tomem 
decisões baseadas em informações de qualidade.
Transparência Pública
Princípios como Oportunidade e Competência garantem o 
registro tempestivo e adequado dos fenômenos 
patrimoniais, proporcionando maior transparência sobre a 
gestão dos recursos públicos e fortalecendo o controle 
social.
Gestão Eficiente
Informações contábeis de qualidade, fundamentadas em 
princípios sólidos, permitem aos gestores públicos avaliar 
custos, resultados e impactos das políticas públicas, 
contribuindo para decisões mais eficientes e eficazes.
O aprimoramento contínuo da contabilidade pública brasileira, iniciado formalmente com a publicação da 
Resolução CFC n.º 1.111/2007 e das primeiras Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público, 
representa um processo de transformação cultural e técnica que transcende aspectos meramente procedimentais. 
Trata-se da transição de uma contabilidade predominantemente orçamentária, focada no controle da execução do 
orçamento e na verificação de conformidade legal, para uma abordagem patrimonial abrangente, que reconhece o 
patrimônio como objeto fundamental da contabilidade e enfatiza sua função social no contexto público. Esta 
evolução alinha-se às melhores práticas internacionais e às necessidades informacionais da sociedade 
contemporânea, que demanda maior transparência, responsabilidade e eficiência na gestão pública.
Para que os benefícios plenos da aplicação dos princípios contábeis no setor público sejam alcançados, é essencial 
que todos os atores envolvidos - profissionais de contabilidade, gestores públicos, órgãos de controle, instituições 
acadêmicas e entidades profissionais - mantenham-se comprometidos com o aprimoramento contínuo da 
contabilidade governamental. Este compromisso deve se manifestar em investimentos em capacitação, 
atualização normativa, desenvolvimento tecnológico e fortalecimento institucional, criando condições favoráveis 
para a implementação consistente dos princípios em todos os níveis da administração pública brasileira. Somente 
assim a contabilidade poderá cumprir plenamente sua missão de proporcionar informações de qualidade que 
contribuam para a construção de uma gestão pública mais eficiente, transparente e voltada para os interesses da 
sociedade, conforme preconizado pela Resolução CFC n.º 1.111/2007.
Referências e Contatos
A elaboração deste documento sobre os Princípios de Contabilidade sob a Perspectiva do Setor Público, conforme 
a Resolução CFC n.º 1.111/2007, baseou-se em um conjunto abrangentede fontes normativas, técnicas e 
acadêmicas. Estas referências são essenciais para profissionais, pesquisadores e estudantes que desejam 
aprofundar seus conhecimentos sobre o tema. Além disso, apresentamos contatos dos principais órgãos 
reguladores e entidades profissionais que podem oferecer orientações adicionais e suporte técnico para a 
aplicação dos princípios contábeis no ambiente público.
Fontes Normativas Principais
Resolução CFC n.º 1.111/2007 - Aprova o Apêndice II da Resolução CFC n.º 750/93 sobre os Princípios de 
Contabilidade sob a perspectiva do Setor Público.
Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBC TSP) - Conjunto de normas emitidas pelo 
Conselho Federal de Contabilidade convergentes com as Normas Internacionais de Contabilidade Aplicadas ao 
Setor Público (IPSAS).
Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP) - Publicação da Secretaria do Tesouro Nacional que 
orienta a aplicação prática das normas contábeis no ambiente público brasileiro.
Lei n.º 4.320/1964 - Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e 
balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.
Lei Complementar n.º 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal) - Estabelece normas de finanças públicas 
voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal.
Referências Bibliográficas Recomendadas
FEIJÓ, Paulo Henrique. Entendendo as Mudanças na Contabilidade Aplicada ao Setor Público. Brasília: Gestão 
Pública Editora, 2018.
LIMA, Diana Vaz de; CASTRO, Róbison Gonçalves de. Contabilidade Pública: Integrando União, Estados e 
Municípios (SIAFI/SIAFEM). São Paulo: Atlas, 2019.
SILVA, Lino Martins da. Contabilidade Governamental: Um Enfoque Administrativo da Nova Contabilidade 
Pública. São Paulo: Atlas, 2017.
SLOMSKI, Valmor. Manual de Contabilidade Pública: Teoria e Prática. São Paulo: Atlas, 2016.
KOHAMA, Heilio. Contabilidade Pública: Teoria e Prática. São Paulo: Atlas, 2020.
Contatos Úteis
Entidade Website Contato
Conselho Federal de 
Contabilidade (CFC)
www.cfc.org.br cfc@cfc.org.br / (61) 3314-9600
Secretaria do Tesouro Nacional 
(STN)
www.tesouro.gov.br cotep.df.stn@tesouro.gov.br / 
(61) 3412-2000
Tribunal de Contas da União 
(TCU)
www.tcu.gov.br ouvidoria@tcu.gov.br / 0800-644-
1500
Instituto Rui Barbosa (IRB) www.irbcontas.org.br irb@irbcontas.org.br / (61) 3042-
3422
Academia Brasileira de Ciências 
Contábeis (ABRACICON)
www.abracicon.org abracicon@abracicon.org.br / (61) 
3314-9600
É importante ressaltar que este documento apresenta uma visão geral sobre os Princípios de Contabilidade sob a 
Perspectiva do Setor Público conforme a Resolução CFC n.º 1.111/2007. Para aplicações específicas e atualizações 
normativas mais recentes, recomenda-se a consulta direta às fontes oficiais mencionadas e o contato com os 
órgãos reguladores. A contabilidade pública brasileira encontra-se em constante evolução, com atualizações 
frequentes nas normas e procedimentos, refletindo o processo contínuo de convergência aos padrões 
internacionais e de aprimoramento das práticas contábeis governamentais.governamentais, permitindo uma avaliação precisa da gestão dos recursos públicos pelos órgãos de controle, 
sociedade e demais usuários da informação contábil.
Um aspecto fundamental destacado pela Resolução é o alinhamento dos princípios contábeis brasileiros às 
Normas Internacionais de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (IPSAS), emitidas pela International Federation 
of Accountants (IFAC). Este alinhamento representa um passo significativo no processo de harmonização 
internacional das práticas contábeis governamentais, facilitando a compreensão e comparação das 
demonstrações financeiras do setor público brasileiro com as de outros países. Tal convergência aumenta a 
transparência e contribui para uma melhor avaliação da situação fiscal e patrimonial do país por organismos 
internacionais e investidores estrangeiros.
Os princípios contábeis também desempenham papel crucial na padronização das práticas contábeis entre as 
diferentes esferas e entidades do governo brasileiro. Esta uniformização é essencial para a consolidação das 
contas públicas, exigida pela Lei de Responsabilidade Fiscal, e para a elaboração de estatísticas fiscais abrangentes 
e confiáveis. Sem a observância destes princípios, haveria significativa heterogeneidade nos critérios de 
reconhecimento, mensuração e divulgação utilizados pelos diversos entes públicos, comprometendo a 
transparência, a comparabilidade e a utilidade das informações contábeis para a tomada de decisões e para o 
controle social da gestão pública.
Princípio da Entidade
O Princípio da Entidade é um dos pilares fundamentais da contabilidade que, quando aplicado ao setor público 
conforme a Resolução CFC n.º 1.111/2007, adquire contornos específicos e essenciais para a gestão transparente 
dos recursos públicos. Este princípio estabelece a autonomia patrimonial da entidade pública, enfatizando a 
necessidade de distinção clara entre o patrimônio público e o patrimônio privado, seja dos gestores ou de 
quaisquer outras pessoas físicas ou jurídicas. Tal separação é crucial para garantir que os recursos públicos sejam 
utilizados exclusivamente em benefício da coletividade, cumprindo a função social do Estado.
Na interpretação específica para o setor público, o Princípio da Entidade reconhece o patrimônio como objeto da 
contabilidade e afirma que a soma, agregação ou divisão de patrimônios de entidades distintas não resulta em 
nova entidade. Isto significa que cada órgão, fundo, autarquia ou fundação deve manter registros contábeis 
próprios e adequados, mesmo quando pertencente a um único ente federativo. Esta individualização patrimonial 
permite maior controle e transparência na gestão dos recursos públicos, facilitando a identificação de 
responsabilidades e a prestação de contas à sociedade.
Individualização das entidades
Cada órgão ou entidade mantém registros contábeis próprios
2
Proteção do patrimônio público
Preservação dos recursos coletivos contra apropriação individual
Transparência e controle
Facilita a fiscalização e prestação de contas à 
sociedade
Um aspecto importante do Princípio da Entidade no contexto público é a ênfase na função social do patrimônio, 
que pertence à sociedade e não a indivíduos específicos. O patrimônio público deve ser gerido em benefício da 
coletividade, diferenciando-se fundamentalmente do patrimônio privado, que pode ser utilizado de acordo com a 
vontade do proprietário. Esta distinção reforça o caráter fiduciário da administração pública, onde os gestores 
atuam como administradores de recursos que não lhes pertencem, devendo prestar contas de sua utilização.
Na prática, o Princípio da Entidade se manifesta em diversas situações da administração pública brasileira. Um 
exemplo clássico é o controle rigoroso dos bens municipais, que devem ser inventariados, registrados e 
monitorados separadamente dos bens de outros entes públicos ou privados. Cada prefeitura deve manter um 
sistema de controle patrimonial que permita identificar, localizar e valorar todos os bens móveis e imóveis de 
propriedade do município, garantindo que estes sejam utilizados apenas para fins públicos e preservados 
adequadamente para as gerações futuras. Este controle é essencial para evitar desvios, fraudes e apropriação 
indevida do patrimônio público, além de fornecer informações precisas para a elaboração das demonstrações 
contábeis municipais.
Princípio da Continuidade
O Princípio da Continuidade, quando interpretado sob a perspectiva do setor público conforme a Resolução CFC 
n.º 1.111/2007, adquire dimensões peculiares e fundamentais para a compreensão da contabilidade governamental. 
Este princípio parte da premissa de que as entidades públicas, por sua natureza, possuem vida indefinida, 
diferentemente das entidades privadas que podem encerrar suas atividades por decisão dos proprietários ou por 
insolvência. No contexto público, a continuidade está intrinsecamente ligada à permanência do Estado e à 
manutenção de suas funções essenciais, independentemente de mudanças de governo ou alterações 
administrativas.
Um aspecto crucial deste princípio no setor público é o impacto na mensuração e evidenciação dos ativos 
governamentais. Considerando a perspectiva de continuidade indefinida, a avaliação dos bens públicos deve levar 
em conta seu potencial de serviço e sua capacidade de gerar benefícios econômicos futuros ou potenciais para a 
sociedade. Esta abordagem difere significativamente da visão tradicional empresarial, onde os ativos são 
frequentemente avaliados pela capacidade de gerar lucros ou por seu valor de liquidação. No setor público, o valor 
de um bem está mais relacionado à sua utilidade social e à sua contribuição para a prestação de serviços públicos 
do que ao seu valor comercial.
A continuidade das entidades públicas também influencia diretamente as políticas de depreciação, amortização e 
exaustão dos ativos. Como os bens públicos tendem a ser utilizados por períodos mais longos e são geralmente 
mantidos até o fim de sua vida útil, as estimativas de depreciação devem ser cuidadosamente elaboradas para 
refletir o desgaste efetivo dos bens ao longo do tempo. Isto é particularmente relevante para infraestruturas 
públicas como estradas, pontes e barragens, que podem ter vida útil de décadas ou mesmo séculos, exigindo 
avaliações periódicas e manutenções preventivas para preservar seu valor e funcionalidade.
1
Instituição
Criação da entidade pública por lei 
específica
2
Operação
Funcionamento contínuo independente 
de mudanças administrativas
3
Manutenção
Preservação do valor dos ativos e sua 
capacidade de serviço
4
Transformação
Possíveis reestruturações 
organizacionais mantendo a função 
pública
Outro desdobramento importante do Princípio da Continuidade no setor público é seu reflexo nas provisões para 
riscos futuros e passivos de longo prazo. Como as entidades governamentais não "fecham" como empresas 
privadas, elas devem considerar adequadamente os compromissos de longo prazo, como benefícios 
previdenciários, dívidas públicas e passivos ambientais. Estes compromissos precisam ser reconhecidos, 
mensurados e evidenciados nas demonstrações contábeis, mesmo que seus efeitos se estendam por gerações 
futuras, garantindo assim a transparência fiscal e a sustentabilidade das finanças públicas ao longo do tempo.
Princípio da Oportunidade
O Princípio da Oportunidade, conforme interpretado pela Resolução CFC n.º 1.111/2007 para o setor público, 
refere-se à necessidade do registro contábil ser realizado no momento em que o fato ocorre, garantindo a 
integridade e tempestividade da informação contábil. Este princípio estabelece que os fenômenos patrimoniais 
devem ser registrados no momento de sua ocorrência, independentemente de formalidades legais ou burocráticas 
que possam retardar seu reconhecimento. A aplicação rigorosa deste princípio no contexto público é fundamental 
para assegurar a transparência, confiabilidade e utilidade das informações contábeis governamentais.No ambiente do setor público, o Princípio da Oportunidade adquire dimensão especial, pois está diretamente 
relacionado à transparência e à prestação de contas dos gestores públicos à sociedade. O registro tempestivo das 
operações públicas permite que os cidadãos, órgãos de controle e demais interessados tenham acesso a 
informações atualizadas sobre a situação patrimonial, financeira e orçamentária dos entes governamentais. Esta 
transparência é essencial para o exercício do controle social e para a responsabilização dos gestores por suas 
decisões e ações, fortalecendo assim os mecanismos democráticos de supervisão da administração pública.
Tempestividade
Registro imediato dos fatos 
contábeis no momento de sua 
ocorrência, sem atrasos ou 
postergações injustificadas que 
possam comprometer a qualidade 
da informação.
Integridade
Reconhecimento completo de todos 
os elementos patrimoniais, 
incluindo ativos, passivos, receitas e 
despesas, sem omissões ou 
duplicidades que distorçam a 
realidade.
Fidedignidade
Representação fiel dos fenômenos 
que afetam o patrimônio público, 
garantindo que as demonstrações 
contábeis reflitam a realidade 
econômica e não apenas aspectos 
formais.
Um aspecto crucial do Princípio da Oportunidade no setor público é sua aplicação aos sistemas de informação 
contábil, que devem ser estruturados para capturar e processar os fatos contábeis em tempo real ou com o 
mínimo de defasagem possível. Isto exige infraestrutura tecnológica adequada, processos bem definidos e 
profissionais capacitados para identificar, classificar e registrar corretamente os eventos que afetam o patrimônio 
público. Sistemas integrados de administração financeira, como o SIAFI no governo federal brasileiro, 
exemplificam a implementação prática deste princípio, permitindo o registro e a consulta imediata das operações 
governamentais.
Outro desdobramento importante deste princípio é seu impacto na evidenciação de riscos fiscais e passivos 
contingentes. O Princípio da Oportunidade exige que potenciais obrigações, mesmo que ainda não totalmente 
definidas ou quantificadas, sejam reconhecidas e divulgadas assim que identificadas. Este reconhecimento 
tempestivo de riscos futuros é fundamental para a gestão fiscal responsável e para a sustentabilidade das finanças 
públicas, permitindo que medidas preventivas sejam adotadas antes que problemas potenciais se transformem em 
crises reais. A Lei de Responsabilidade Fiscal reforça esta necessidade ao exigir a elaboração do Anexo de Riscos 
Fiscais como parte da Lei de Diretrizes Orçamentárias, demonstrando a importância da oportunidade na gestão 
fiscal brasileira.
Princípio do Registro pelo Valor Original
O Princípio do Registro pelo Valor Original, conforme interpretado pela Resolução CFC n.º 1.111/2007 para o setor 
público, estabelece que os componentes do patrimônio devem ser inicialmente registrados pelos valores originais 
das transações, expressos em moeda nacional. Este princípio determina que os registros contábeis devem ser 
baseados nos valores efetivamente pagos ou a pagar na aquisição de bens e serviços, ou nos valores pelos quais os 
itens foram produzidos ou obtidos pela entidade pública. Tal abordagem proporciona maior objetividade e 
verificabilidade aos registros contábeis, reduzindo a subjetividade nas avaliações patrimoniais.
No contexto do setor público, este princípio adquire particularidades importantes relacionadas à responsabilidade 
na gestão dos recursos públicos. O registro pelo valor original permite rastrear com precisão quanto foi 
efetivamente gasto na aquisição ou produção de bens e serviços públicos, facilitando a prestação de contas e o 
controle dos gastos governamentais. Esta informação é fundamental para avaliar a economicidade e a eficiência 
na aplicação dos recursos públicos, bem como para verificar a conformidade com orçamentos aprovados e limites 
legais de despesas.
Valor de Entrada
O valor original corresponde ao 
montante efetivamente pago ou a 
ser pago na aquisição de um bem 
ou serviço, incluindo todos os 
gastos necessários para colocá-lo 
em condições de uso. Por 
exemplo, na aquisição de um 
veículo oficial, o valor original 
inclui não apenas o preço de 
compra, mas também os impostos 
não recuperáveis, taxas de 
registro e adaptações necessárias 
para o serviço público.
Manutenção do Valor
Após o registro inicial, o valor 
original pode ser ajustado apenas 
em situações específicas previstas 
nas normas contábeis, como 
depreciação, amortização, 
exaustão, redução ao valor 
recuperável ou atualização 
monetária em economias 
hiperinflacionárias. Estes ajustes 
visam manter a representação 
fidedigna do patrimônio público 
ao longo do tempo, sem 
descaracterizar o valor histórico 
das transações.
Evidenciação Complementar
Mesmo quando o valor de mercado 
de um bem público diverge 
significativamente de seu valor 
original ajustado, o princípio é 
mantido no registro principal, mas 
informações complementares 
sobre o valor justo ou de reposição 
podem ser divulgadas em notas 
explicativas, proporcionando uma 
visão mais abrangente do 
patrimônio público para os 
usuários das demonstrações 
contábeis.
Um exemplo prático da aplicação deste princípio no setor público refere-se à contabilização da aquisição de bens 
patrimoniais e sua subsequente depreciação. Quando um município adquire equipamentos para um hospital 
público, estes são inicialmente registrados pelo valor efetivamente pago, incluindo impostos não recuperáveis e 
outros custos diretamente atribuíveis. Posteriormente, este valor original será ajustado pela depreciação 
acumulada, refletindo o desgaste físico e a obsolescência tecnológica dos equipamentos ao longo de sua vida útil. 
Este processo garante que o patrimônio público seja representado de forma fidedigna nas demonstrações 
contábeis, mostrando tanto o investimento inicial quanto seu consumo gradual pela prestação de serviços à 
população.
É importante ressaltar que a interpretação do Princípio do Registro pelo Valor Original para o setor público 
brasileiro considera a possibilidade de atualizações e ajustes no valor inicialmente registrado, desde que realizados 
de acordo com critérios técnicos estabelecidos nas normas contábeis. Estas atualizações não descaracterizam o 
princípio, mas o complementam, permitindo que a informação contábil mantenha sua relevância e representação 
fidedigna ao longo do tempo, especialmente em contextos de variação significativa no poder aquisitivo da moeda 
ou de alterações substanciais no valor econômico dos ativos e passivos públicos.
Princípio da Competência
O Princípio da Competência, conforme interpretado pela Resolução CFC n.º 1.111/2007 para o setor público, 
determina que os efeitos das transações e outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que se referem, 
independentemente do recebimento ou pagamento. Este princípio é fundamental para a compreensão do real 
desempenho econômico das entidades públicas, pois estabelece uma correlação adequada entre receitas e 
despesas dentro do período em que efetivamente ocorreram, proporcionando uma visão mais precisa da situação 
patrimonial e dos resultados da gestão pública.
No contexto do setor público brasileiro, a aplicação do Princípio da Competência representa uma evolução 
significativa em relação à tradicional contabilidade orçamentária, que historicamente se baseava 
predominantemente no regime de caixa. Enquanto no regime de caixa as transações são registradas apenas 
quando há entrada ou saída efetiva de recursos financeiros, o regime de competência reconhece as receitas 
quando são efetivamente geradas e as despesas quando são incorridas, independentemente do momento do fluxo 
financeiro correspondente. Esta mudança de paradigma é essencial para evidenciar adequadamente fenômenos 
como passivos não reconhecidos, depreciação de ativos e apropriações por competência, que impactam 
significativamente o patrimônio público, mas não seriam capturados em uma contabilidadepuramente de caixa.
Transparência
Evidenciação patrimonial
Comparabilidade
Informação gerencial
Simplicidade operacional
0 40 80 120
Regime de Competência Regime de Caixa
A implementação do Princípio da Competência no setor público brasileiro tem enfrentado desafios significativos, 
pois exige uma transformação profunda nos sistemas contábeis e na cultura organizacional das entidades 
governamentais. É necessário desenvolver metodologias adequadas para reconhecer receitas tributárias por 
competência, mensurar adequadamente a depreciação de ativos de infraestrutura, estimar provisões para passivos 
contingentes e contabilizar benefícios a empregados de longo prazo, como aposentadorias e pensões. Estas 
mudanças demandam não apenas investimentos em sistemas de informação e capacitação de pessoal, mas 
também uma revisão dos processos administrativos e dos fluxos de informação dentro das organizações públicas.
Um exemplo concreto da aplicação do Princípio da Competência no setor público é o reconhecimento de despesas 
com férias e décimo terceiro salário dos servidores. No regime de competência, estas despesas são apropriadas 
mensalmente, à medida que o direito do servidor vai sendo constituído, e não apenas no momento do pagamento. 
Isto permite uma visão mais precisa do custo real dos serviços públicos em cada período e evita distorções nos 
resultados quando ocorrem os desembolsos concentrados. Da mesma forma, receitas tributárias devem ser 
reconhecidas quando ocorre o fato gerador do tributo, e não apenas quando o pagamento é recebido, 
proporcionando uma melhor avaliação da capacidade arrecadatória do governo e do cumprimento de metas 
fiscais. Estas práticas contribuem para uma gestão pública mais transparente, responsável e orientada por 
resultados.
Princípio da Prudência
O Princípio da Prudência, conforme interpretado pela Resolução CFC n.º 1.111/2007 para o setor público, determina 
a adoção do menor valor para os componentes do ativo e do maior valor para os componentes do passivo, sempre 
que se apresentem alternativas igualmente válidas para a quantificação das mutações patrimoniais que alterem o 
patrimônio líquido. Este princípio estabelece um parâmetro de precaução na avaliação de incertezas que possam 
afetar o patrimônio público, evitando a superavaliação de ativos e a subavaliação de passivos, o que poderia 
resultar em decisões equivocadas pelos gestores e em prejuízos futuros para a sociedade.
No contexto específico do setor público, o Princípio da Prudência adquire relevância especial no tratamento de 
riscos fiscais e passivos contingentes. Os governos frequentemente enfrentam situações de incerteza relacionadas 
a litígios judiciais, garantias concedidas, desastres naturais, crises econômicas e outras contingências que podem 
gerar obrigações futuras significativas. O reconhecimento prudente destas potenciais obrigações, através da 
constituição de provisões adequadas e da divulgação detalhada em notas explicativas, é essencial para a 
transparência fiscal e para a sustentabilidade das finanças públicas no longo prazo.
Passivos Contingentes
Reconhecimento de provisões para processos 
judiciais com probabilidade de perda, mesmo 
quando o valor exato não pode ser determinado 
com precisão
Receitas Tributárias
Estimativa conservadora da arrecadação, 
considerando riscos de inadimplência e 
contestações judiciais dos contribuintes
Garantias Concedidas
Avaliação cuidadosa das garantias oferecidas 
pelo governo a empréstimos de terceiros ou a 
operações público-privadas
Calamidades Públicas
Constituição de reservas para enfrentar 
possíveis desastres naturais ou emergências de 
saúde pública
É importante ressaltar que a aplicação do Princípio da Prudência no setor público não deve ser confundida com a 
criação deliberada de reservas ocultas ou provisões excessivas, práticas que comprometeriam a representação 
fidedigna da situação patrimonial e financeira da entidade. A prudência deve ser exercida dentro dos limites da 
neutralidade informacional, buscando um equilíbrio entre a precaução necessária frente a riscos e incertezas e a 
apresentação justa e equilibrada das demonstrações contábeis. Este equilíbrio é particularmente relevante no 
setor público, onde a informação contábil serve de base para decisões que afetam toda a sociedade e para a 
prestação de contas dos gestores aos cidadãos.
Um exemplo concreto da aplicação do Princípio da Prudência no setor público brasileiro é o tratamento contábil 
dos precatórios judiciais. Quando um ente público é condenado judicialmente, mas ainda existem recursos 
pendentes ou incertezas quanto ao valor final da indenização, o princípio da prudência orienta o reconhecimento 
da melhor estimativa do passivo, mesmo que o desembolso efetivo possa ocorrer apenas em exercícios futuros. 
Esta abordagem evita que obrigações significativas permaneçam "invisíveis" nas demonstrações contábeis, 
proporcionando uma visão mais realista do endividamento público e contribuindo para um planejamento 
financeiro mais responsável. Da mesma forma, ao avaliar ativos de difícil mensuração, como participações em 
empresas sem cotação no mercado ou bens culturais históricos, a prudência recomenda a adoção de critérios 
conservadores que não superestimem o patrimônio público, preservando assim a credibilidade da informação 
contábil governamental.
Princípio da Atualização Monetária
O Princípio da Atualização Monetária, interpretado pela Resolução CFC n.º 1.111/2007 para o setor público, 
estabelece que os efeitos da alteração do poder aquisitivo da moeda devem ser reconhecidos nos registros 
contábeis mediante ajustamento da expressão formal dos valores dos componentes patrimoniais. Este princípio 
visa assegurar que as demonstrações contábeis reflitam adequadamente o valor econômico real dos ativos e 
passivos, considerando os efeitos da inflação ou deflação ao longo do tempo, mantendo assim a comparabilidade e 
a relevância das informações financeiras em diferentes períodos.
No contexto do setor público brasileiro, este princípio adquire especial relevância devido às experiências históricas 
de inflação elevada que o país enfrentou em décadas passadas e à natureza de longo prazo de muitos ativos e 
passivos governamentais. A infraestrutura pública, como estradas, pontes, escolas e hospitais, possui vida útil 
extensa, frequentemente superior a décadas. Sem atualização monetária, o valor histórico destes ativos perde 
significado ao longo do tempo, dificultando a avaliação adequada do patrimônio público e comprometendo 
decisões sobre manutenção, reposição e depreciação destes bens.
0
80
160
240
2010 2012 2014 2016 2018 2020 2022
Valor Histórico Valor Atualizado
A implementação prática do Princípio da Atualização Monetária no setor público enfrenta desafios significativos, 
tanto de natureza técnica quanto normativa. A legislação brasileira tem apresentado restrições à correção 
monetária plena das demonstrações contábeis desde a Lei nº 9.249/1995, que proibiu a utilização de qualquer 
sistema de correção monetária de balanços para fins fiscais. No entanto, a contabilidade aplicada ao setor público 
tem buscado alternativas para reconhecer os efeitos inflacionários, especialmente em itens não monetários de 
longo prazo, através de reavaliações periódicas, ajustes a valor recuperável e notas explicativas que 
complementam a informação expressa nos demonstrativos principais.
Um exemplo relevante da aplicação deste princípio no setor público é a atualização dos valores de imóveis 
governamentais. Um edifício público adquirido ou construído há décadas, se mantido ao custo histórico sem 
nenhum ajuste, apresentaria nas demonstrações contábeis um valor irrisório comparado à sua realidade 
econômica atual. Esta subavaliação distorceria significativamente a representação do patrimônio público e 
prejudicaria decisões sobre investimentos em manutenção ou renovação do imóvel. Com a aplicação do Princípio 
da Atualização Monetária, seja atravésde reavaliações periódicas ou de índices de correção apropriados, o valor 
contábil do imóvel se aproximaria mais de sua realidade econômica, proporcionando informações mais relevantes 
e úteis para a gestão patrimonial e para a prestação de contas à sociedade.
É importante destacar que, em economias com inflação controlada como a brasileira atual, os efeitos da não 
aplicação plena deste princípio são menos dramáticos do que em períodos de hiperinflação. No entanto, mesmo 
com taxas moderadas, o efeito cumulativo da inflação ao longo de vários anos pode distorcer significativamente a 
informação contábil, especialmente em relação a ativos de infraestrutura e passivos de longo prazo, como a dívida 
pública e os passivos previdenciários. Por isso, a Resolução CFC n.º 1.111/2007 reafirma a importância conceitual 
deste princípio, mesmo que sua aplicação prática seja adaptada às circunstâncias econômicas e legais vigentes.
Princípios Complementares da Resolução
A Resolução CFC n.º 1.111/2007, ao interpretar os princípios fundamentais de contabilidade sob a perspectiva do 
setor público, estabelece diretrizes complementares que aprofundam e contextualizam a aplicação desses 
princípios no ambiente governamental. Um aspecto crucial abordado pela resolução é a observância simultânea 
dos princípios, destacando que estes não devem ser vistos isoladamente, mas como um conjunto coeso e 
interdependente que fundamenta a ciência contábil aplicada ao setor público. Esta visão sistêmica é essencial para 
garantir a integridade, coerência e fidedignidade das informações contábeis produzidas pelos entes públicos.
A resolução enfatiza que, embora cada princípio possua características e ênfases específicas, todos convergem 
para o objetivo comum de proporcionar informações relevantes, confiáveis e comparáveis sobre a situação 
patrimonial, financeira e orçamentária das entidades públicas. Por exemplo, o Princípio da Entidade estabelece a 
autonomia patrimonial como ponto de partida para os registros contábeis, enquanto o Princípio da Continuidade 
influencia a perspectiva de longo prazo na avaliação dos ativos e passivos. Já o Princípio da Oportunidade assegura 
o registro tempestivo dos fatos, e o Princípio do Registro pelo Valor Original proporciona a base objetiva para as 
mensurações iniciais. O Princípio da Competência garante a correlação adequada entre receitas e despesas, 
enquanto o Princípio da Prudência orienta o tratamento das incertezas, e o Princípio da Atualização Monetária 
busca preservar o poder informativo dos valores ao longo do tempo.
4
Um aspecto fundamental abordado pela resolução é a hierarquização e o tratamento de possíveis conflitos entre 
princípios. Embora todos os princípios sejam igualmente importantes do ponto de vista conceitual, em situações 
práticas específicas pode ser necessário estabelecer uma precedência relativa entre eles para orientar a tomada de 
decisões contábeis. Nestes casos, a resolução sugere que a hierarquização deve ser guiada pelo objetivo maior de 
proporcionar informações úteis para a tomada de decisões e para a prestação de contas, considerando as 
particularidades do ambiente público e o interesse coletivo. Por exemplo, em situações de incerteza significativa, 
o Princípio da Prudência pode receber maior ênfase para evitar riscos de superavaliação de ativos ou subavaliação 
de passivos que poderiam comprometer a sustentabilidade fiscal.
A resolução também aborda princípios complementares implícitos que, embora não estejam formalmente listados 
entre os sete princípios fundamentais, são essenciais para a adequada aplicação destes no contexto público. Entre 
estes princípios complementares destacam-se a transparência, que exige a divulgação clara e acessível das 
informações contábeis à sociedade; a materialidade, que orienta a relevância relativa das informações para os 
usuários; a essência sobre a forma, que prioriza a realidade econômica dos fenômenos em detrimento de aspectos 
meramente formais; e a relação custo-benefício, que considera a proporcionalidade entre o esforço para produzir a 
informação e sua utilidade para os usuários. Estes princípios complementares enriquecem a estrutura conceitual 
da contabilidade pública e contribuem para sua efetiva aplicação na gestão transparente e responsável dos 
recursos públicos.
Entidade
Autonomia patrimonial e 
reconhecimento da função social
Continuidade
Permanência das entidades 
públicas e seus serviços
Oportunidade
Registro tempestivo e integral 
dos fenômenos
Valor Original
Base objetiva para as 
mensurações patrimoniais
Competência
Reconhecimento no período a 
que se referem
Influência dos Princípios nas Demonstrações 
Contábeis
Os Princípios de Contabilidade interpretados pela Resolução CFC n.º 1.111/2007 exercem influência determinante 
na elaboração e apresentação das Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público (DCASP), estabelecendo as 
bases conceituais para o reconhecimento, mensuração e evidenciação dos elementos patrimoniais. Estas 
demonstrações constituem o principal meio de comunicação entre as entidades públicas e os diversos usuários da 
informação contábil, incluindo cidadãos, legisladores, órgãos de controle, credores, investidores e analistas. A 
adequada observância dos princípios garante que estas demonstrações proporcionem uma visão verdadeira e 
apropriada da situação patrimonial, financeira e orçamentária dos entes públicos.
O conjunto completo das Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público, conforme estabelecido pelo 
Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP), inclui o Balanço Patrimonial, a Demonstração das 
Variações Patrimoniais, a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, a Demonstração dos Fluxos de 
Caixa, o Balanço Orçamentário e o Balanço Financeiro, além das Notas Explicativas. Cada uma destas 
demonstrações é influenciada de maneira específica pelos princípios contábeis, refletindo diferentes aspectos da 
gestão pública e atendendo a necessidades informacionais diversas dos usuários.
Demonstração Princípios Predominantes Impacto na Qualidade da 
Informação
Balanço Patrimonial Entidade, Continuidade, Registro 
pelo Valor Original
Evidenciação clara do patrimônio 
público, com separação adequada 
entre bens, direitos e obrigações 
das entidades governamentais
Demonstração das Variações 
Patrimoniais
Competência, Oportunidade, 
Prudência
Reconhecimento tempestivo de 
todas as variações que afetam o 
patrimônio público, 
independentemente de execução 
orçamentária
Demonstração dos Fluxos de 
Caixa
Oportunidade, Entidade Transparência sobre a origem e 
aplicação dos recursos 
financeiros, facilitando a análise 
da liquidez governamental
Balanço Orçamentário Oportunidade, Competência Confrontação apropriada entre 
receitas e despesas previstas e 
realizadas, permitindo avaliar o 
desempenho orçamentário
Balanço Financeiro Entidade, Oportunidade Clareza sobre os ingressos e 
dispêndios de recursos 
financeiros, relacionando a 
execução orçamentária com as 
alterações de caixa
Um aspecto crucial da influência dos princípios contábeis nas demonstrações do setor público é seu impacto na 
qualidade da informação apresentada. A observância rigorosa destes princípios confere às demonstrações 
atributos fundamentais como relevância, representação fidedigna, comparabilidade, verificabilidade, 
tempestividade e compreensibilidade. Estes atributos são essenciais para que a informação contábil cumpra seu 
papel de subsidiar decisões gerenciais, permitir o controle social e promover a accountability dos gestores 
públicos. Por exemplo, o Princípio da Competência assegura que os fenômenos econômicos sejam reconhecidos no 
período correto, enquanto o Princípio da Prudência evita superavaliações que poderiam induzir a decisões 
equivocadas sobre a capacidade financeira dos entes governamentais.
A convergência às normas internacionais de contabilidade pública tem ampliado a influência dos princípios 
contábeis nas demonstraçõesdo setor público brasileiro. As International Public Sector Accounting Standards 
(IPSAS), que servem de referência para o processo de convergência, são fundamentadas em princípios similares aos 
interpretados pela Resolução CFC n.º 1.111/2007, com ênfase na primazia da essência sobre a forma e na visão 
patrimonial da contabilidade. Esta convergência tem promovido transformações significativas nas demonstrações 
contábeis governamentais, como a adoção integral do regime de competência, o reconhecimento de ativos de 
infraestrutura e seus respectivos valores de depreciação, a constituição de provisões para passivos contingentes e 
o registro de passivos atuariais relacionados a benefícios previdenciários. Estas mudanças proporcionam uma 
visão mais abrangente e realista da situação fiscal e patrimonial dos entes públicos, contribuindo para decisões 
mais informadas e para uma gestão pública mais responsável e transparente.
Adaptação à Nova Contabilidade Pública 
Brasileira (NBCT 16)
A Resolução CFC n.º 1.111/2007 desempenhou papel fundamental no processo de adaptação e transição para a 
Nova Contabilidade Pública Brasileira, estabelecida pelas Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor 
Público (NBC TSP), anteriormente denominadas NBCT 16. Esta resolução serviu como ponte conceitual, 
interpretando os princípios fundamentais de contabilidade sob a ótica do setor público e estabelecendo as bases 
para as profundas transformações que se seguiriam na contabilidade governamental brasileira. Ao alinhar os 
princípios contábeis às particularidades do ambiente público, a resolução facilitou a compreensão e aplicação das 
novas normas técnicas, contribuindo significativamente para o sucesso do processo de convergência.
O movimento de modernização da contabilidade pública brasileira, iniciado formalmente em 2007 com a 
publicação das primeiras NBCTs específicas para o setor público, teve como principal objetivo a convergência às 
normas internacionais, particularmente as International Public Sector Accounting Standards (IPSAS) emitidas pela 
International Federation of Accountants (IFAC). Esta convergência representou uma mudança de paradigma, 
transitando de uma contabilidade predominantemente orçamentária para uma abordagem patrimonial ampla, que 
reconhece e mensura adequadamente todos os ativos e passivos governamentais, incluindo aqueles que não 
transitam pelo orçamento. Neste contexto, a Resolução CFC n.º 1.111/2007 proporcionou o embasamento 
principiológico necessário para sustentar esta transição, estabelecendo diretrizes claras para a aplicação dos 
conceitos fundamentais da ciência contábil no ambiente público.
Fase Conceitual (2007-2009)
Publicação da Resolução CFC n.º 1.111/2007 e das primeiras NBCTs, estabelecendo as bases 
conceituais para a nova contabilidade pública
Fase Normativa (2010-2014)
Consolidação do arcabouço normativo com a publicação do Manual de Contabilidade Aplicada ao 
Setor Público (MCASP) e de normas complementares
Fase de Implantação (2015-2019)
Adoção gradual das novas práticas contábeis pelos entes públicos, com cronograma diferenciado por 
esfera de governo e porte da entidade
Fase de Consolidação (2020-presente)
Aperfeiçoamento das práticas adotadas, integração completa dos sistemas e convergência plena às 
IPSAS
Entre as principais inovações trazidas pela Nova Contabilidade Pública Brasileira, fortemente amparadas nos 
princípios interpretados pela Resolução CFC n.º 1.111/2007, destacam-se: a adoção integral do regime de 
competência para o reconhecimento de receitas e despesas; a contabilização, mensuração e depreciação de bens 
de infraestrutura e de uso comum do povo; o reconhecimento de passivos relacionados a benefícios 
previdenciários e assistenciais; a constituição de provisões para passivos contingentes; a realização de ajustes 
para perdas em créditos tributários e não tributários; e a implementação de sistemáticas de custos para avaliação 
da eficiência dos serviços públicos. Estas mudanças representam avanços significativos na qualidade e 
abrangência da informação contábil governamental, permitindo uma visão mais completa e fidedigna da situação 
patrimonial, financeira e fiscal dos entes públicos.
É importante ressaltar que a adaptação à Nova Contabilidade Pública Brasileira não se limita a aspectos técnicos e 
procedimentais, mas implica também uma transformação cultural profunda na gestão pública. A abordagem 
patrimonial preconizada pelas novas normas, fundamentada nos princípios interpretados pela Resolução CFC n.º 
1.111/2007, exige que os gestores públicos e os profissionais de contabilidade desenvolvam uma visão mais 
abrangente e estratégica do patrimônio público, considerando não apenas fluxos de caixa e execução 
orçamentária, mas também aspectos como sustentabilidade fiscal de longo prazo, custo dos serviços públicos, 
preservação patrimonial e responsabilidade intergeracional. Esta nova perspectiva contribui para decisões mais 
informadas e responsáveis, promovendo a eficiência, eficácia e efetividade da administração pública brasileira em 
benefício de toda a sociedade.
Exemplos Práticos: Caso de Bens Patrimoniais
A aplicação prática dos Princípios de Contabilidade interpretados pela Resolução CFC n.º 1.111/2007 pode ser 
claramente observada no tratamento contábil dos bens patrimoniais do setor público. Este caso exemplifica como 
os princípios fundamentam procedimentos concretos de registro, mensuração, depreciação e controle dos ativos 
governamentais, contribuindo para uma representação fidedigna do patrimônio público e para a gestão eficiente 
dos recursos coletivos. A adequada gestão patrimonial é essencial para a prestação de serviços públicos de 
qualidade e para a transparência na utilização dos bens que pertencem à sociedade.
O Princípio da Entidade, que estabelece a autonomia patrimonial, manifesta-se na clara separação entre os bens 
públicos e privados, assegurando que recursos governamentais não sejam confundidos com o patrimônio pessoal 
dos gestores ou de terceiros. Na prática, isto implica em sistemas rigorosos de inventário, registro e controle 
patrimonial, onde cada bem público recebe identificação única (plaquetas, QR codes ou chips RFID) e é vinculado à 
entidade específica que detém sua propriedade ou custódia. Estes sistemas permitem rastrear a localização, o 
estado de conservação e a utilização dos bens públicos, facilitando a prestação de contas e a responsabilização por 
eventuais danos ou desvios.
Aplicação do Princípio da 
Entidade
Cada órgão ou entidade 
mantém inventário próprio de 
seus bens móveis e imóveis
Sistemas informatizados com 
identificação única para cada 
item patrimonial
Segregação clara entre bens de 
uso especial, comum e 
dominical
Responsabilização de 
servidores pela guarda e 
conservação dos bens
Procedimentos específicos 
para transferência de bens 
entre entidades
Aplicação do Princípio do 
Valor Original
Registro inicial pelo custo de 
aquisição ou produção do bem
Inclusão de todos os gastos 
necessários para colocar o bem 
em condições de uso
Documentação comprobatória 
dos valores registrados (notas 
fiscais, contratos)
Ajustes posteriores por 
depreciação, reavaliação ou 
redução ao valor recuperável
Controle das benfeitorias e 
adições que aumentam o valor 
do bem
Aplicação do Princípio da 
Competência
Reconhecimento da 
depreciação mensal conforme 
a vida útil estimada
Registro de perdas por 
obsolescência ou danos no 
período em que ocorrem
Reconhecimento dos ganhos 
ou perdas na alienação dos 
bens
Apropriação dos custos de 
manutenção no período de 
competência
Contabilização de seguros e 
garantias pelo período de 
cobertura
O controle patrimonial informatizado representa uma evolução significativa na aplicação dos princípios contábeis 
aos bens públicos. Sistemas digitais integrados permitem o acompanhamento em tempo real do ciclo de vida 
completo dos ativos, desde sua aquisição até seu desfazimento, passando por movimentações, depreciações,avaliações e manutenções. Estes sistemas facilitam a observância do Princípio da Oportunidade, garantindo o 
registro tempestivo de todas as alterações patrimoniais, e do Princípio da Competência, permitindo o 
reconhecimento automático da depreciação mensal de acordo com as taxas e métodos definidos para cada 
categoria de bem. Além disso, a informatização possibilita integrações com os sistemas de compras, almoxarifado, 
orçamento e finanças, proporcionando uma visão abrangente e consistente da gestão patrimonial.
Um exemplo concreto de aplicação dos princípios é o processo de incorporação e depreciação de veículos oficiais 
em um município brasileiro. Quando a prefeitura adquire um novo veículo para a frota municipal, este é registrado 
inicialmente pelo seu valor de aquisição, incluindo impostos não recuperáveis e gastos com emplacamento e 
adaptações necessárias para o serviço público (Princípio do Registro pelo Valor Original). O veículo recebe 
identificação patrimonial única e é vinculado ao órgão específico que o utilizará, como a Secretaria de Saúde ou a 
Guarda Municipal (Princípio da Entidade). A partir do mês seguinte à entrada em operação, inicia-se o registro 
mensal da depreciação, calculada com base na vida útil estimada e no valor residual projetado (Princípio da 
Competência). Periodicamente, verifica-se se o veículo sofreu redução em seu valor recuperável devido a acidentes 
ou mau uso, registrando-se imediatamente eventuais perdas identificadas (Princípio da Prudência). Todo este 
processo é documentado no sistema de controle patrimonial integrado, garantindo a transparência e a prestação 
de contas sobre a utilização deste bem público.
Exemplos Práticos: Lançamentos de Receitas e 
Despesas
A aplicação dos Princípios de Contabilidade interpretados pela Resolução CFC n.º 1.111/2007 é claramente 
observada nos procedimentos de reconhecimento contábil de receitas e despesas no setor público. Este caso 
prático ilustra como os princípios orientam os registros financeiros e patrimoniais dos entes governamentais, 
influenciando diretamente a qualidade da informação contábil e a transparência na gestão dos recursos públicos. 
O tratamento adequado das receitas e despesas é fundamental para a avaliação do desempenho fiscal e para o 
planejamento orçamentário dos entes públicos.
O Princípio da Competência tem sido gradualmente implementado no reconhecimento das receitas públicas, 
representando uma evolução significativa em relação à tradicional contabilização exclusivamente pelo regime de 
caixa. De acordo com este princípio, as receitas devem ser reconhecidas contabilmente no momento da ocorrência 
do fato gerador, independentemente do recebimento efetivo dos recursos financeiros. No caso dos tributos, por 
exemplo, isso significa registrar a receita quando ocorre o fato gerador do imposto (como a prestação de um 
serviço para o ISS ou a circulação de mercadorias para o ICMS), mesmo que o pagamento pelo contribuinte ocorra 
apenas em período posterior.
Tipo de Evento Regime de Caixa (Tradicional) Regime de Competência 
(NBCASP)
Lançamento de IPTU anual Reconhece a receita apenas 
quando o contribuinte paga o 
tributo
Reconhece a receita no início do 
exercício, quando o tributo é 
lançado, e constitui um crédito a 
receber
Folha de pagamento do mês Registra a despesa apenas na 
data do pagamento aos 
servidores
Registra a despesa no mês de 
competência, 
independentemente da data de 
pagamento
Férias e 13º salário Reconhece apenas quando ocorre 
o desembolso
Apropria mensalmente a 
proporção devida, constituindo 
uma provisão
Depreciação de bens Não reconhece, pois não há 
desembolso
Reconhece mensalmente como 
variação patrimonial diminutiva
Serviços prestados em dezembro 
com fatura em janeiro
Registra como despesa de janeiro Registra como despesa de 
dezembro e reconhece um 
passivo
A implementação do Princípio da Competência nas despesas públicas tem permitido uma visão mais realista dos 
custos dos serviços governamentais e da situação patrimonial dos entes públicos. Um exemplo significativo é o 
reconhecimento das despesas com pessoal, como férias e décimo terceiro salário. Segundo este princípio, estes 
valores devem ser apropriados mensalmente, à medida que o direito do servidor vai sendo constituído, e não 
apenas no momento do pagamento. Assim, se um servidor tem direito a receber R$ 5.000,00 de décimo terceiro 
salário em dezembro, a entidade deve reconhecer aproximadamente R$ 416,67 de despesa a cada mês, 
constituindo uma provisão no passivo. Este procedimento evita distorções nos resultados de dezembro e permite 
uma visualização mais precisa do custo mensal efetivo da mão de obra.
O impacto da adoção do regime de competência no planejamento orçamentário é significativo, pois proporciona 
informações mais precisas sobre os custos reais dos serviços públicos e sobre a capacidade de geração de receitas. 
Ao reconhecer tempestivamente receitas e despesas, o regime de competência permite identificar tendências, 
sazonalidades e riscos fiscais que poderiam passar despercebidos numa contabilidade puramente de caixa. Por 
exemplo, a apropriação mensal da depreciação dos ativos permite visualizar a necessidade futura de recursos para 
reposição de bens, enquanto o reconhecimento de provisões para passivos contingentes alerta para possíveis 
impactos de processos judiciais em curso. Estas informações são valiosas para a elaboração de orçamentos mais 
realistas e para a adoção de estratégias fiscais sustentáveis no longo prazo.
R$ 10.5M
Receita Tributária
Valor reconhecido pelo fato gerador, independente do 
recebimento
R$ 2.8M
Ajuste para Perdas
Estimativa de inadimplência baseada em série histórica
R$ 8.3M
Despesas de Pessoal
Incluindo provisões para férias e 13º salário apropriados 
mensalmente
R$ 1.7M
Depreciação
Reconhecimento mensal do desgaste dos ativos 
imobilizados
É importante ressaltar que a transição para o regime de competência no setor público brasileiro está ocorrendo de 
forma gradual e enfrenta desafios significativos. Muitos entes, especialmente municípios de menor porte, ainda 
estão em processo de adaptação e capacitação para implementar plenamente os procedimentos exigidos pelas 
Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público. No entanto, os avanços já alcançados têm 
contribuído significativamente para a melhoria da qualidade da informação contábil governamental, permitindo 
uma visão mais abrangente e realista da situação patrimonial e financeira dos entes públicos brasileiros, conforme 
preconizado pelos princípios interpretados na Resolução CFC n.º 1.111/2007.
Auditoria e Controle Externo
Os Princípios de Contabilidade interpretados pela Resolução CFC n.º 1.111/2007 desempenham papel fundamental 
nos processos de auditoria e controle externo do setor público brasileiro. Os Tribunais de Contas, tanto da União 
quanto dos Estados e Municípios, utilizam estes princípios como referencial teórico e normativo para avaliar a 
conformidade e a qualidade das demonstrações contábeis apresentadas pelos entes governamentais. Estes órgãos 
de controle têm a missão constitucional de fiscalizar a aplicação dos recursos públicos e emitir parecer sobre as 
contas dos governantes, contribuindo para a transparência e para a responsabilização na gestão pública.
A observância dos princípios contábeis é critério essencial nas auditorias realizadas pelos órgãos de controle 
externo, que verificam se os registros e demonstrações contábeis representam adequadamente a situação 
patrimonial, financeira e orçamentária das entidades governamentais. O descumprimento destes princípios pode 
resultar em ressalvas, determinações ou mesmo rejeição das contas públicas, com consequências significativas 
para os gestores responsáveis. Os auditores governamentais avaliam, por exemplo, se o Princípio da Entidade foi 
respeitado através da adequada separação entre os recursos públicos e privados, se o Princípio da Competência foi 
aplicado no reconhecimentode receitas e despesas, e se o Princípio da Prudência foi observado na avaliação de 
riscos fiscais e contingências.
Decisão
Julgamento das contas e responsabilização dos gestores
Investigação
Análise aprofundada de inconsistências identificadas
Verificação
Confronto entre registros contábeis e princípios aplicáveis
Planejamento
Definição do escopo e critérios da auditoria
Os princípios contábeis também servem como fundamento para os procedimentos e técnicas de auditoria 
utilizados pelos órgãos de controle. O Princípio da Oportunidade, por exemplo, orienta a verificação da 
tempestividade dos registros contábeis, enquanto o Princípio do Registro pelo Valor Original fundamenta a análise 
da adequação dos critérios de mensuração utilizados para ativos e passivos. O Princípio da Prudência é 
particularmente relevante na avaliação da adequação das provisões para riscos fiscais e passivos contingentes, 
bem como na análise da sustentabilidade fiscal de longo prazo. Estes princípios fornecem parâmetros objetivos 
para que os auditores possam emitir opinião fundamentada sobre a regularidade e a fidedignidade das 
demonstrações contábeis governamentais.
Um aspecto importante da relação entre os princípios contábeis e o controle externo é seu papel na evolução da 
fiscalização do gasto público no Brasil. Historicamente, os Tribunais de Contas concentravam-se 
predominantemente em aspectos formais e legais da execução orçamentária, com limitada atenção aos aspectos 
patrimoniais e aos resultados efetivos da gestão. Com a modernização da contabilidade pública e a interpretação 
dos princípios contábeis para o setor público, tem-se observado uma transformação gradual no enfoque da 
fiscalização, que passou a considerar também aspectos como eficiência, eficácia, economicidade e 
sustentabilidade fiscal. Esta abordagem mais abrangente e orientada por resultados é consistente com a visão 
patrimonial da contabilidade pública preconizada pela Resolução CFC n.º 1.111/2007, que reconhece o patrimônio 
como objeto fundamental da contabilidade e enfatiza sua função social no contexto público.
Os Tribunais de Contas têm desempenhado papel ativo na promoção e disseminação dos princípios contábeis e 
das novas normas de contabilidade aplicadas ao setor público. Através de programas de orientação, capacitação e 
apoio técnico, estes órgãos têm auxiliado os entes governamentais, especialmente os de menor porte e 
capacidade institucional, a compreender e implementar adequadamente os procedimentos contábeis patrimoniais 
exigidos pelas novas normas. Esta atuação pedagógica, além da tradicional função fiscalizadora, tem contribuído 
significativamente para a elevação da qualidade da informação contábil no setor público brasileiro e para o 
fortalecimento da cultura de transparência e responsabilidade fiscal, alinhando-se aos objetivos fundamentais da 
Resolução CFC n.º 1.111/2007.
Transparência e Responsabilidade Fiscal
Os Princípios de Contabilidade interpretados pela Resolução CFC n.º 1.111/2007 estão intrinsecamente alinhados 
aos pilares da transparência e da responsabilidade fiscal no setor público brasileiro. A correta aplicação destes 
princípios garante que as informações contábeis e financeiras dos entes governamentais sejam fidedignas, 
tempestivas e compreensíveis, permitindo que os cidadãos e demais interessados possam acompanhar e avaliar a 
gestão dos recursos públicos. Este alinhamento é particularmente relevante no contexto da Lei de 
Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº 101/2000), que estabelece normas de finanças públicas voltadas 
para a responsabilidade na gestão fiscal e enfatiza a transparência como requisito fundamental para o controle 
social.
A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) instituiu diversos mecanismos para assegurar a transparência na gestão 
fiscal, como a ampla divulgação de planos, orçamentos, prestações de contas, relatórios fiscais e pareceres de 
auditoria. Estes instrumentos de transparência são diretamente impactados pela qualidade da informação contábil 
produzida pelos entes públicos, que por sua vez depende da adequada observância dos princípios contábeis. Por 
exemplo, o Princípio da Competência assegura que receitas e despesas sejam reconhecidas no período correto, 
proporcionando uma visão mais precisa da situação fiscal. Já o Princípio da Prudência orienta o reconhecimento 
apropriado de riscos fiscais e passivos contingentes, contribuindo para a sustentabilidade das finanças públicas no 
longo prazo.
Relatórios de Gestão Fiscal
Documentos quadrimestrais ou semestrais 
contendo informações sobre despesas com 
pessoal, dívida consolidada, garantias e 
operações de crédito, elaborados conforme os 
princípios contábeis
Relatórios de Execução Orçamentária
Publicações bimestrais que demonstram a 
realização de receitas e despesas em 
comparação com as previsões, seguindo critérios 
contábeis consistentes
Prestação de Contas Anual
Conjunto de demonstrações financeiras e 
relatórios que evidenciam os resultados da 
gestão, elaborados com base nos princípios de 
contabilidade
Anexo de Riscos Fiscais
Documento que avalia os passivos contingentes 
e outros riscos capazes de afetar as contas 
públicas, fundamentado no Princípio da 
Prudência
Um aspecto fundamental da transparência nas finanças públicas é a disponibilização de informações à sociedade 
em formatos acessíveis e compreensíveis. Os portais de transparência e as audiências públicas de prestação de 
contas são exemplos importantes de iniciativas que visam aproximar a contabilidade pública dos cidadãos. Para 
que estas iniciativas sejam efetivas, é essencial que as informações divulgadas sejam confiáveis e representem 
adequadamente a realidade patrimonial, financeira e orçamentária dos entes governamentais, o que só é possível 
mediante a observância rigorosa dos princípios contábeis. A Resolução CFC n.º 1.111/2007, ao interpretar estes 
princípios para o contexto público, contribui significativamente para a padronização e qualificação das 
informações disponibilizadas à sociedade, fortalecendo os mecanismos de controle social e de responsabilização 
dos gestores públicos.
A relação entre os princípios contábeis e a responsabilidade fiscal também se manifesta na gestão prudente e 
equilibrada das finanças públicas. O Princípio da Prudência, por exemplo, orienta os gestores a reconhecerem 
prontamente os passivos potenciais e a adotarem postura conservadora na estimativa de receitas, contribuindo 
para decisões fiscais mais responsáveis. O Princípio da Competência, por sua vez, evita que compromissos 
assumidos no presente sejam transferidos para administrações futuras sem o devido reconhecimento contábil, 
promovendo a equidade intergeracional no uso dos recursos públicos. O Princípio da Entidade reforça a separação 
entre o patrimônio público e privado, prevenindo a utilização inadequada de recursos coletivos para interesses 
particulares. Estes princípios, quando adequadamente aplicados, constituem barreiras importantes contra práticas 
fiscais irresponsáveis ou insustentáveis, alinhando-se plenamente aos objetivos da Lei de Responsabilidade Fiscal e 
contribuindo para a estabilidade e o equilíbrio das contas públicas brasileiras.
Consequências do Descumprimento dos 
Princípios
O descumprimento dos Princípios de Contabilidade interpretados pela Resolução CFC n.º 1.111/2007 pode 
acarretar consequências significativas para os entes públicos e para os profissionais responsáveis pela elaboração 
e apresentação das demonstrações contábeis governamentais. Estas consequências abrangem aspectos legais, 
técnicos, reputacionais e gerenciais, podendo comprometer a transparência, a credibilidade e a qualidade da 
gestão pública. A observância rigorosa destes princípios não é apenas uma exigência técnica ou normativa, mas 
uma condição essencial para a legitimidade social da administração dos recursos públicos.
Do ponto de vista legal e regulatório, o descumprimento dos princípios contábeis pode resultarem diversas 
sanções e penalidades. Os Tribunais de Contas, no exercício de suas atribuições constitucionais, podem rejeitar as 
contas dos gestores públicos, impor multas, determinar a devolução de recursos aplicados irregularmente e, em 
casos graves, recomendar a inelegibilidade dos responsáveis. Da mesma forma, o Ministério Público pode propor 
ações civis públicas por improbidade administrativa quando detectar violações significativas aos princípios 
contábeis que resultem em prejuízo ao erário ou em violação aos princípios da administração pública. Além disso, 
os Conselhos Regionais de Contabilidade podem aplicar sanções disciplinares aos contadores que descumprirem 
as normas profissionais, incluindo a suspensão do exercício profissional em casos graves.
Princípio Descumprido Situação Irregular Possíveis Consequências
Entidade Confusão entre patrimônio 
público e privado; utilização de 
recursos públicos para fins 
particulares
Responsabilização por 
improbidade administrativa; 
ressarcimento ao erário; rejeição 
de contas; sanções penais por 
peculato
Oportunidade Omissão ou atraso no registro de 
passivos; não reconhecimento de 
perdas ou contingências
Distorção nas demonstrações 
contábeis; decisões gerenciais 
equivocadas; responsabilização 
por ocultação de passivos
Competência Reconhecimento de receitas 
ainda não realizadas; postergação 
do registro de despesas para 
exercícios futuros
Desequilíbrio fiscal; "heranças" 
para administrações seguintes; 
infração às normas de 
responsabilidade fiscal
Prudência Superavaliação de ativos; 
subavaliação de passivos; não 
constituição de provisões 
adequadas
Riscos fiscais não evidenciados; 
comprometimento da 
sustentabilidade financeira; 
responsabilização por gestão 
temerária
Valor Original Registro de bens por valores 
divergentes dos documentos 
comprobatórios; alterações 
injustificadas nos valores 
históricos
Impossibilidade de verificação e 
auditoria; suspeitas de fraude; 
responsabilização por 
adulteração de registros públicos
Além das consequências legais, o descumprimento dos princípios contábeis resulta em significativa perda de 
credibilidade e confiança por parte da sociedade, dos investidores, dos credores e dos organismos internacionais. 
Demonstrações contábeis que não refletem adequadamente a realidade patrimonial e financeira dos entes 
públicos comprometem a transparência e dificultam o controle social da gestão pública. Esta perda de 
credibilidade pode se manifestar em diversos aspectos, como a redução da confiança dos cidadãos nas instituições 
públicas, dificuldades na obtenção de financiamentos e empréstimos em condições favoráveis, rebaixamento de 
ratings de crédito soberano e questionamentos por parte de organismos internacionais como o FMI e a OCDE.
Do ponto de vista gerencial, o descumprimento dos princípios contábeis compromete a qualidade da informação 
disponível para tomada de decisões pelos gestores públicos. Informações contábeis distorcidas ou incompletas 
podem induzir a escolhas equivocadas sobre alocação de recursos, priorização de investimentos, concessão de 
benefícios fiscais ou contratação de operações de crédito. Como exemplo, a não observância do Princípio da 
Prudência pode levar à subestimação de riscos fiscais e à adoção de compromissos incompatíveis com a 
capacidade financeira do ente público, resultando em crises fiscais graves. Da mesma forma, o desrespeito ao 
Princípio da Competência pode ocultar o custo real dos serviços públicos, prejudicando a avaliação de eficiência e 
a comparação entre diferentes modalidades de prestação de serviços. Estas distorções informacionais prejudicam 
a eficiência, a eficácia e a efetividade da gestão pública, resultando em desperdício de recursos escassos e em 
serviços de menor qualidade para a população.
Desafios na Aplicação no Setor Público
A implementação efetiva dos Princípios de Contabilidade interpretados pela Resolução CFC n.º 1.111/2007 no setor 
público brasileiro enfrenta diversos desafios significativos. Estes obstáculos são de natureza técnica, cultural, 
estrutural e política, exigindo esforços coordenados e contínuos de diferentes atores institucionais para serem 
superados. A compreensão destes desafios é fundamental para o desenvolvimento de estratégias adequadas que 
permitam a plena adoção dos princípios contábeis e a consequente melhoria da qualidade da informação contábil 
governamental.
Um dos desafios mais relevantes refere-se à capacitação dos profissionais de contabilidade que atuam no setor 
público. A transição de uma contabilidade predominantemente orçamentária para uma abordagem patrimonial 
abrangente, baseada em princípios e alinhada às normas internacionais, exige conhecimentos e habilidades 
específicos que nem sempre estão disponíveis nas entidades governamentais, especialmente nos municípios de 
menor porte. Muitos contadores públicos foram formados em uma tradição contábil focada no controle da 
execução orçamentária e na verificação de conformidade legal, com limitada atenção aos aspectos patrimoniais e 
gerenciais da contabilidade. A aplicação adequada dos princípios contábeis requer profissionais que compreendam 
conceitualmente estes princípios e sejam capazes de interpretá-los nas situações específicas e complexas do 
ambiente público.
Formação e 
Capacitação
Necessidade de 
atualização 
constante dos 
profissionais de 
contabilidade para 
compreender e 
aplicar 
adequadamente os 
princípios em um 
contexto de 
convergência às 
normas 
internacionais.
Infraestrutura 
Tecnológica
Exigência de 
sistemas 
informatizados 
integrados e 
robustos que 
suportem a 
complexidade dos 
registros 
patrimoniais e 
permitam o 
controle efetivo 
dos ativos e 
passivos públicos.
Integração de 
Sistemas
Necessidade de 
comunicação 
eficiente entre os 
sistemas de 
contabilidade, 
patrimônio, 
almoxarifado, 
folha de 
pagamento, 
arrecadação e 
outros módulos 
administrativos.
Cultura 
Organizacional
Superação da visão 
tradicional focada 
apenas no 
orçamento para 
uma perspectiva 
patrimonial mais 
abrangente, que 
considere o 
impacto completo 
das decisões 
governamentais.
A infraestrutura tecnológica e a integração de sistemas representam outro desafio significativo para a aplicação 
dos princípios contábeis no setor público. A implementação de uma contabilidade patrimonial abrangente, que 
registre tempestivamente todos os eventos que afetam o patrimônio público conforme o Princípio da 
Oportunidade, exige sistemas informatizados robustos e integrados. Muitos entes públicos ainda utilizam 
sistemas legados, desenvolvidos sob a lógica orçamentária tradicional, que não suportam adequadamente 
procedimentos como depreciação de ativos, reconhecimento de provisões, ajustes para perdas em créditos 
tributários e outras operações típicas da contabilidade patrimonial. A adaptação ou substituição destes sistemas 
demanda investimentos significativos e processo cuidadoso de migração de dados, além de integração com 
diversos módulos administrativos como patrimônio, almoxarifado, recursos humanos e arrecadação.
Além dos aspectos técnicos e estruturais, existem desafios culturais e políticos relevantes. A cultura 
organizacional predominante em muitas entidades públicas brasileiras ainda valoriza prioritariamente o controle 
orçamentário e a conformidade legal, com limitada atenção aos aspectos patrimoniais e gerenciais da 
contabilidade. Muitos gestores públicos não compreendem plenamente o valor da informação contábil patrimonial 
para a tomada de decisões e para a avaliação de desempenho, focando-se principalmente nos limites de gastos e 
na execução das dotações orçamentárias. Esta visão restrita dificulta o apoio político e institucional necessário 
para a plena implementação dos princípios contábeis e para os investimentos requeridos em sistemas, capacitação 
e reestruturação de processos. Adicionalmente, a rotatividade de gestores e equipes técnicas devido a mudanças 
políticas compromete a continuidade

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