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RESENHA DO TEXTO “A METRÓPOLE E A VIDA MENTAL”
André Leopoldo da Silva Filho, 2º ano de História/Noturno
Para Simmel, a vida em sociedades urbanizadas é capaz de gerar consequências psicológicas nos indivíduos que dividem os espaços das cidades. A maioria dessas consequências é nefasta, e para defender-se, os habitantes metropolitanos são levados a adotar uma série de comportamentos, como o distanciamento das relações afetivas. Juntamente com maior liberdade, o século XVIII exigiu a especialização funcional do homem e seu trabalho; essa especialização torna o indivíduo incomparável a outro e cada um deles indispensável na medida mais alta possível. A cidade sempre foi a sede da economia monetária, pois dá importância aos meios de troca em decorrência da sua multiplicidade e concentração. O intelecto e o econômico se associam, qualificando como prosaico tratar diferenciadamente os homens e as coisas e opondose, por sua racionalidade, à genuína individualidade. Nesse sentido é que Londres foi chamada a cabeça da Inglaterra, mas não seu coração. A metrópole extrai do homem, enquanto criatura que procede a discriminações, uma quantidade desconsciência diferente da que a vida rural extrai. Nesta, o ritmo da vida e do conjunto sensorial de imagens mentais flui mais lentamente, de modo mais habitual e mais uniforme.
O que para o homem primitivo foi à luta com a natureza visando à autopreservação, para o homem moderno é uma luta entre o interior e o exterior, entre o individual e o supra individual. O autor coloca: “Os problemas mais graves da vida moderna derivam da reivindicação que faz o indivíduo de preservar a autonomia e individualidade de sua existência em face das esmagadoras forças sociais, da herança histórica, da cultura externa e da técnica da vida”. Simmel afirma: “A metrópole altera os fundamentos sensoriais da vida psíquica”. O tipo metropolitano está exposto a uma quantidade muito maior de estímulos nervosos do que o homem do campo, para o autor a oposição da cidade grande com o campo é a oposição entre o mais rápido e o mais lento, entre o habitual e o nunca habitual, devido a mudanças constantes de imagens, sons, entre outros. Desta forma, poderia haver uma espécie de “overdose” de estímulos nervosos, isto implicaria em uma desestabilização emocional. Sendo assim, postula-se que os sujeitos adotem certa vida mental para que consigam continuar vivendo nesta sociedade. Uma consequência é o distanciamento das relações afetivas. Dentro deste contexto, o autor cita o processo de intelectualização, a reserva e a atitude blasé
A intelectualização consistiria em um calculismo da vida moderna, que permite o funcionamento da máquina metropolitana integrando todas as atividades e relações. Nesse contexto, caracteres de impulsos irracionais são conflitantes à vida típica da cidade. Ela é uma estrutura da mais alta impessoalidade. Para o autor o homem metropolitano desenvolve um órgão que é capaz de protegê-lo das discrepâncias ameaçadoras da ambientação externa. Este órgão é o “intelecto”, e se situa nas camadas superiores do psiquismo, sendo a mais adaptável de nossas forças interiores; daí ouvimos tanto a frase de que as pessoas na metrópole reagem mais com a razão de que com o coração. ”. Outra atitude do tipo metropolitano é a blasé, que consiste no embotamento do poder de discriminar. Tem sua essência mais profunda na cidade grande, pois é onde a economia monetária encontra-se completamente instalada.
O calculismo da vida moderna permite o funcionamento da máquina metropolitana integrando todas as atividades e relações. Nesse contexto, caracteres de impulsos irracionais são conflitantes à vida típica da cidade. Ela é uma estrutura da mais alta impessoalidade, o que promove uma grande subjetividade blasé (tédio). O hedonismo torna uma pessoa entediada porque agita os nervos até que percam a reação e a energia apropriada às novas sensações. A economia do dinheiro contribui para a atitude blasé ao neutralizar o poder de discriminar, pois o dinheiro é a rasoura pela que se nivela todas as diferenças qualitativas em termos quantitativos. O indivíduo, para se preservar face à cidade, comportase reservadamente com os demais, o que, para Simmel, pode ser mesmo «uma leve aversão, uma estranheza e repulsão mútuas, que redundarão em ódio e luta no momento de um contato mais próximo». Ao contrário do homem do campo que internaliza mais os acontecimentos, devido ao ritmo de vida que leva, acaba por interiorizar no psíquico, nas camadas mais profundas, todos os acontecimentos que ocorrem em seu dia-dia. A reserva diz respeito à tentativa de autopreservação dos indivíduos metropolitanos. Na multidão da cidade grande, o indivíduo reserva para si áreas inteiras de sua personalidade, somente um pequeno fragmento dela é nivelado, é como se os sujeitos guardassem uma parte essencial de sua personalidade como “propriedade privada”.
Assim, acontece o distanciamento cada vez maior dos concidadãos, muitas vezes através de uma espécie de desconfiança excessiva de uma atitude de reserva em face às superficialidades da vida metropolitana; Essa reserva seria o fator que, aos olhos de pessoas de cidades pequenas, faz com que as pessoas das metrópoles pareçam frios e até antipáticos; Esse cenário de frieza e distância, quando comparamos com o modo de vida no campo, vem junto com a presença massificante do dinheiro, como medida de todas as coisas; Tudo perde o encanto, a cor, o caráter único, para se tornar um preço; até mesmo os relacionamentos pessoais são afetados por esta lógica monetária; Simmel apresenta a ideia de metrópole como ilustração do princípio da união em grupos sociais (partidos políticos, governos etc.); Esses grupos, inicialmente pequenos e coesos, por natureza, necessitam de regras para se manterem, diminuindo assim as liberdades individuais.
Juntos, a vida metropolitana e o uso do dinheiro propiciaram uma maior mobilidade aos indivíduos modernos. Permitiram a diminuição das distâncias e o aumento do número de laços sociais. Para Simmel, está associada à emancipação relativamente às tradicionais formas de domínio social. Ao soltar o sujeito das apertadas amarras da comunidade, a metrópole e o dinheiro trouxeram consigo maior liberdade individual, tornando tudo mais intenso, mais veloz. Porém, tornaram também mais rápido o contato humano e as relações sociais ficaram mais objetivas e impessoais, logo, mais superficiais. Foi captado por Simmel uma ambiguidade da individualização na modernidade: uma maior liberdade individual caminha lado-a-lado com uma maior impessoalidade, objetivação e instrumentalização das relações sociais.
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RESENHA DO TEXTO “A METRÓPOLE E A VIDA MENTAL”
André Leopoldo da Silva Filho, 2º ano de História/Noturno

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